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Cartografia Temática

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Prévia do material em texto

Cartografia
Temática
São Cristóvão/SE
2009
Paulo José de Oliveira
José Antônio Pacheco de Almeida
Projeto Gráfico e Capa
Hermeson Alves de Menezes
Diagramação
Nycolas Menezes Melo
Elaboração de Conteúdo
Paulo José de Oliveira
José Antônio Pacheco de Almeida
Oliveira, Paulo José de.
 CDU 528.94
Copyright © 2009, Universidade Federal de Sergipe / CESAD.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e grava-
da por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a
prévia autorização por escrito da UFS.
FICHA CATALOGRÁFICA PRODUZIDA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Cartografia Temática
Reimpressão
O48c Cartografia Temática/ Paulo José de Oliveira - José Antônio
 Sergipe, CESAD, 2009.
1. Cartografia Temática. 2. Mapas I. Almeida, José Antônio
Pacheco de Almeida -- São Cristóvão: Universidade Federal de
Pacheco de. II. Título
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Cidade Universitária Prof. “José Aloísio de Campos”
Av. Marechal Rondon, s/n - Jardim Rosa Elze
CEP 49100-000 - São Cristóvão - SE
Fone(79) 2105 - 6600 - Fax(79) 2105- 6474 
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância
Carlos Eduardo Bielschowsky
Reitor
Josué Modesto dos Passos Subrinho 
Vice-Reitor
Angelo Roberto Antoniolli
Chefe de Gabinete
Ednalva Freire Caetano
Coordenador Geral da UAB/UFS
Diretor do CESAD
Antônio Ponciano Bezerra
Vice-coordenador da UAB/UFS
Vice-diretor do CESAD
Fábio Alves dos Santos
NÚCLEO DE MATERIAL DIDÁTICO
Hermeson Menezes (Coordenador)
Edvar Freire Caetano
Lucas Barros Oliveira
Diretoria Pedagógica
Clotildes Farias (Diretora)
Hérica dos Santos Mota
Iara Macedo Reis
Daniela Souza Santos
Janaina de Oliveira Freitas
Diretoria Administrativa e Financeira 
Edélzio Alves Costa Júnior (Diretor)
Sylvia Helena de Almeida Soares
Valter Siqueira Alves
Coordenação de Cursos
Djalma Andrade (Coordenadora)
Núcleo de Formação Continuada
Rosemeire Marcedo Costa (Coordenadora)
Núcleo de Avaliação
Guilhermina Ramos (Coordenadora)
Carlos Alberto Vasconcelos
Elizabete Santos
Marialves Silva de Souza
Núcleo de Serviços Gráfi cos e Audiovisuais 
Giselda Barros
Núcleo de Tecnologia da Informação
João Eduardo Batista de Deus Anselmo
Marcel da Conceição Souza
Assessoria de Comunicação
Guilherme Borba Gouy
Neverton Correia da Silva
Nycolas Menezes Melo
Coordenadores de Curso
Denis Menezes (Letras Português)
Eduardo Farias (Administração)
Haroldo Dorea (Química)
Hassan Sherafat (Matemática)
Hélio Mario Araújo (Geografi a)
Lourival Santana (História)
Marcelo Macedo (Física)
Silmara Pantaleão (Ciências Biológicas)
Coordenadores de Tutoria
Edvan dos Santos Sousa (Física)
Geraldo Ferreira Souza Júnior (Matemática)
Janaína Couvo T. M. de Aguiar (Administração)
Priscilla da Silva Góes (História)
Rafael de Jesus Santana (Química)
Ronilse Pereira de Aquino Torres (Geografi a)
Trícia C. P. de Sant’ana (Ciências Biológicas)
Vanessa Santos Góes (Letras Português)
Isabela Pinheiro Ewerton
AULA 1
Fundamentos e evolução dos conceitos de Cartografia Temática........07
AULA 2
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais.....19
AULA 3
A variável visual cor.......................................................................35
AULA 4
Elementos de representação dos mapas temáticos..........................55
AULA 5
Coleta, tratamento e análise da informação geográfica.....................69
AULA 6
Os gráficos utilizados na Geografia.................................................................83
AULA 7
 Classificação das cartas temáticas..............................................................102
AULA 8
Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas –
Manifestação Pontual.........................................................................................119
AULA 9
Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas –
Manifestação Linear............................................................................................127
AULA 10
Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas –
Manifestação Zonal..............................................................................................135
AULA 11
Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas
ordenadas......................................................................................................................143
AULA 12
Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas
...........................................................................................................151
AULA 13
Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas
dinâmicas e Cartografia de síntese.............................................................163
Sumário
FUNDAMENTOS E EVOLUÇÃO DOS
CONCEITOS DE CARTOGRAFIA
TEMÁTICA
META
Apresentar os fundamentos e evolução e aplicações daCartografia Temática
OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
entender os fundamentos da Cartografia Temática;
diferenciar a Cartografia Temática da Cartografia Topográfica;
compreender como a Cartografia Temática evoluiu para a Cartografia Temática Digital;
PRÉ-REQUISITO
Para desenvolver as atividades da primeira aula desta disciplina, você deverá dominar o
conteúdo da disciplina Cartografia Sistemática. Também, para um melhor aprendizado ao longo
de toda a disciplina, será necessário que você tenha acesso a todas as figuras coloridas,
disponibilizados na “plataforma”, além de ter em mãos os materiais básicos que utilizou em
Cartografia Sistemática:
01 régua de 30 cm
01 escalímetro (opcional), preferencialmente nº 4
01 transferidor de 360º
01 compasso
05 folhas de papel milimetrado no formato A-4
05 folhas de papel manteiga no formato A-4
01 calculadora comum (opcional: científica)
01 lapiseira (grafite 0,5mm – HB)
01 caixa de lápis de cor de 24 ou 36 unidades
01 CD/DVD regravável ou Pen Drive
Aula
1
8
Cartografia Temática
INTRODUÇÃO
Seja bem vindo a esta disciplina. Durante o nosso percurso de 13 aulas,
você irá aprender, além de outros conteúdos, que na construção de um
mapa, a comunicação só ocorre quando a informação representada é devi-
damente apropriada e entendida pelo usuário. Essa informação, representa-
da pelo conjunto de símbolos cartográficos é transformada em conheci-
mento quando a comunicação cartográfica atinge plenamente os leitores.
Sendo os produtos da cartografia temática as cartas, mapas ou plantas em
qualquer escala, associadas a um tema específico, a representação temática nos
possibilita formular algumas questões: O que você percebe quando você olha
para um mapa? Você sabe como são elaborados os mapas? Que linguagem é
utilizada para que o usuário possa entender o que está representado num mapa?
Onde se localiza o fenômeno geográfico representado? Com qual finalidade os
mapas são elaborados? Para quem eles são elaborados?
Pois bem, a partir desse momento, iremos responder a essas e a outras
questões. Para tanto, vamos nos aprofundar no conhecimento da Cartografia
Temática, disciplina responsável pelo planejamento, elaboração e impressão de
mapas de um tema específico (geologia, geomorfologia, solo, vegetação, etc.).
Durante o caminho, conheceremos como as novas técnicas
computacionais, com programas específicos para a elaboração de mapas
temáticos vêm promovendo grandes avanços na representação geográfica,
constituindo-se na Cartografia Temática Digital.
9
Fundamentos e evolução dos conceitos de Cartografia Temática. Aula
1CARTOGRAFIA TEMÁTICA
Na disciplina Cartografia Sistemática você teve os primeiros contatos
com a Cartografia Temática, quando comparou a Cartografia de Base (Topo-
gráfica) com a Cartografia Temática (Geográfica). Agora detalharemos um
pouco mais as diferenças entre ambas e até mesmo algumas semelhanças.
O conceito da Cartografia mais aceito atualmente foi estabelecidoem 1966 pela Associação Cartográfica Internacional (ACI), e posterior-
mente, ratificado pela UNESCO, no mesmo ano:
A Cartografia apresenta-se como o conjunto de estudos e operações cien-
tíficas, técnicas e artísticas que, tendo por base os resultados de observações
diretas ou da análise de documentação, se voltam para a elaboração de mapas,
cartas e outras formas de expressão ou representação de objetos, elementos,
fenômenos e ambientes físicos e sócio-econômicos, bem como a sua utilização.
A partir do conceito acima percebemos que a Cartografia é muito
ampla, abrangendo uma diversidade de conceitos e aplicações, dificul-
tando uma simples classificação em Topográfica e Temática.
Acredita-se que a cartografia temática tenha surgido com o florescimento
dos diferentes ramos de estudos operados com a divisão do trabalho científico
no fim do século XVIII e início do século XIX. Essa nova demanda norteou a
passagem da representação das propriedades apenas “vistas” para a representa-
ção das propriedades “conhecidas” dos objetos, onde o código analógico é
substituído por um código mais abstrato, representando-se categorias mental-
mente e não visualmente organizadas (Palsky, 1984 citado em Martinelli, 1998).
No entanto, de maneira concreta, o primeiro mapa temático que se
tem conhecimento não surgiu de uma pré-definição, mas sim de maneira
intuitiva, quando foi incorporada a categoria espaço às análises realiza-
das no século XIX por John Snow. No ano de 1854 ocorreu em Londres
uma epidemia de cólera, uma das várias epidemias trazidas das Índias.
Uma corrente científica tentava explicá-la relacionando-a aos miasmas,
concentrados nas regiões baixas e pantanosas da cidade e outra à ingestão
de água insalubre. Foi então elaborado um mapa (Figura 1.1), identifican-
do os locais das mortes por cólera através de pontos e as bombas de água
que abasteciam a cidade através de cruzes, permitindo visualizar clara-
mente o centro da epidemia, a Broad Street. Esta hipótese foi confirma-
da, reforçada por outras informações como a localização do ponto de
captação de água da bomba à jusante (rio abaixo) da cidade, em local de
máxima concentração de dejetos e de pacientes coléricos.
10
Cartografia Temática
O século XIX foi caracterizado como a época da produção de ma-
pas, sendo considerado o período áureo da Cartografia, devido ao
surgimento de muitas técnicas inovadoras. Entretanto o grande passo dos
mapeamentos como apoio aos conhecimentos se dá com o avanço impe-
rialista no fim do século XIX. Cada potência necessitava de um inventá-
rio cartográfico preciso para as novas incursões exploratórias, incorpo-
rando, assim, também esta ciência às suas investidas espoliadoras nas
áreas de dominação (Palsky, 1984 citado em Martinelli, 2003b).
No século XX, o avanço do refinamento das técnicas cartográficas
associado ao surgimento de teorias que enfatizavam a responsabilidade
sobre o meio ambiente, deu grande impulso a projetos de mapeamentos
temáticos, conseqüentemente, à produção de mapas temáticos.
O início da utilização do computador em Cartografia ocorreu por
volta de 1960, nos Estados Unidos. Nesta época a ênfase estava na cria-
ção de algoritmos que reproduzissem tarefas muito dispendiosas manu-
almente, como o traçado de curvas de nível e de reticulados representan-
do os paralelos e meridianos segundo uma projeção cartográfica. Durante
a década de 1960, fez-se muito esforço para a implementação de algoritmos
Figura 1.1 - Mapa da Epidemia de cólera na cidade de londres em 1854. (Fonte: http://www.dpi.inpe.br).
11
Fundamentos e evolução dos conceitos de Cartografia Temática. Aula
1
Algoritmo 
Sequência de passos
ou regras para execu-
tar uma determinada
tarefa ou para resolver
um determinado pro-
blema.
Softwares
Referem-se a todos os
programas de um siste-
ma computacional.
SIG
Sistema baseado em
computador, que permi-
te coletar, manusear e
analisar dados geográfi-
cos (georreferenciados).
Mapa-base
Mapa contendo os ele-
mentos planimé-tricos
e/ou altimétri-cos fun-
damentais necessários
à representação de um
determinado espaço
geográfico.
que reproduzissem as tarefas manuais que reproduziam as tarefas antes
executadas. Dessa forma, com o desenvolvimento dos dispositivos para
visualização (monitores e impressoras), o aumento da capacidade de
processamento dos computadores e a diversidade de métodos de captura
de dados, houve um grande avanço também no desenvolvimento dos
softwares para tratar a informação cartográfica. Paralelamente ao de-
senvolvimento dos métodos e técnicas para produção, armazenamento e
tratamento da informação geográfica, percebeu-se que a informação po-
deria ser utilizada para outras atividades além da reprodução de mapas. A
sobreposição das informações armazenadas permitia que fossem feitas
análises sobre os dados, gerando nova informação. Com isso, surgiram os
Sistemas de Informação Geográfica (SIG), ampliando as possibilida-
des de elaboração dos mapas temáticos por processos automatizados, ou
digitais, como são mais conhecidos atualmente.
Ressalte-se que utilização da Cartografia Temática digital não garante
que o produto final representará corretamente os fenômenos geográficos, se-
jam eles físicos ou abstratos. Se não houver um controle na qualidade do
mapa-base e do banco de dados representativo do fenômeno geográfico, ou
seja, se esses dados forem imprecisos, contendo erros, o resultado final será
um mapa temático capaz de impressionar, mas sem valor técnico-científico.
Considerando-se que os dados espaciais (mapa-base) e alfanuméricos
(atributos) tenham as qualidades exigidas para a elaboração correta do
mapa temático, devemos utilizar as técnicas adequadas da Cartografia
Temática de forma que o mapa gerado represente adequadamente o tema
e atinja o objetivo a que se propõe.
Então, de acordo com Oliveira (2008), se considerarmos apenas o conteúdo
da representação cartográfica, a Cartografia pode ser classificada em três tipos:
- Cartografia Topográfica: representação fiel e precisa, de conformidade
com as normas e convenções específicas às diversas escalas, dos diversos
aspectos naturais e artificiais da superfície terrestre.
- Cartografia Temática: representação espacial de um tema específico.
Enquadram-se neste tipo as cartas geológicas, geomorfológicas,
pedológicas, de vegetação e utilização da terra, de uso do solo, rodoviári-
as, de população e outras.
- Cartografia Especial: representação espacial de um determinado assunto
que possua objetivo imediato e específico. Enquadram-se neste tipo as car-
tas aeronáuticas e as cartas náuticas. Alguns autores enquadram também
como especiais as cartas batimétricas, meteorológicas e geofísicas como
especiais.
No entanto, analisando as duas últimas classificações e, partindo do princí-
pio que toda representação especial trata de um tema, as cartas especiais podem
ser também consideradas temáticas. Ainda, a Cartografia Topográfica também é
denominada de Cartografia Geral ou Cartografia Básica por alguns autores.
12
Cartografia Temática
Figura 1.1 – Quadro diferenciando Cartografia Topográfica e Cartografia Temática.
(Fonte: OLIVEIRA (2008) adaptado de DUARTE (1991)).
Considerando apenas os dois tipos principais (topográfica e temática),
a Figura 1.1 abaixo, auxilia na compreensão da diferença entre ambas.
Podemos concluir que a Cartografia Temática é a parte da Cartografia que
diz respeito ao planejamento, execução, impressão [ou visualização] de mapas
sobre um Mapa Básico, ao qual serão anexadas informações através de simbologia
adequada, visando atender as necessidades de um público específico.
Daqui para diante con-
sideraremos a Cartografia
Temática como a linguagem
de representação de fatos e
fenômenos geográficos com
especificidades que resul-
tam no processo de tradu-
ção visual de uma informa-
ção geográfica compatível
com o significado intrínse-
co da informação a ser
traduzida. Além de repre-
sentar diferentes fenômenos
geográficos de , a exemplo
dos tipos de solos e rochas,
por exemplo,a Cartografia
Temática expressa também
idéias abstratas como áreas
de influência de uma cida-
de, IDH e densidade
populacional.
Figura 1.2 – Exemplo de um mapa representando um fenômeno geográfico físico
(Geologia)
(Fonte: http://www.portalbrasil.net).
13
Fundamentos e evolução dos conceitos de Cartografia Temática. Aula
1
Índice de Desenvolvi-
mento Humano. A
metodologia de cálcu-
lo do IDH envolve a
transformação das va-
riáveis longevidade,
educação e renda, em
índices que variam de
0 (pior) a 1 (melhor)
que, combinados irão
compor o indicador-
síntese IDH. Quanto
mais próximo de 1 (um)
o valor deste indicador,
maior será o nível de
desenvolvimento hu-
mano do país ou re-
gião.
DNPM
Departamento Nacio-
nal de Produção Mi-
neral
Embrapa
Empresa Brasileira de
Pesquisas Agrope-
cuárias
NORMAS DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA
Segundo o Decreto Lei Nº 243 de 1967 que fixa as Diretrizes e Bases
da Cartografia Brasileira, no seu Capítulo IV, Art.6º, §1º, “A Cartografia
Temática é o ramo da Cartografia que trata da representação gráfica, para
um fim específico, de um tema ou uma correlação de temas, sobre um
mapa-base (SANTOS, p.30, 1989)”. A princípio, a Cartografia Temática
deverá seguir as normas e padrões da Cartografia brasileira estabelecidas
pelo órgão cartográfico nacional, o IBGE. No entanto, não existe uma
total sistematização dos procedimentos a serem adotados que atenda aos
objetivos do executante e ao mesmo tempo do usuário.
Alguns temas têm suas convenções cartográficas padronizadas internacio-
nalmente. No Brasil, a representação da Geologia é padronizada pelo DNPM;
a Pedologia (ou Solos) tem suas convenções determinadas pela Embrapa.
Como exemplo de mapa temático representando um fenômeno geográfico
físico, podemos citar o Mapa Geológico do Brasil (Figura 1.2) e de um fenôme-
no geográfico abstrato o Mapa do IDH dos Estados do Brasil (Figura 1.3).
Figura 1.3 – Exemplo de mapa representando um fenômeno geográfico abstrato (IDH).
IDH
14
Cartografia Temática
É importante ressaltar que na Cartografia Temática a percepção das
informações temáticas tem supremacia sobre as informações da base
cartográfica utilizada. Contudo, não se pode suprimir ou negligenciar in-
formações importantes como a escala, legenda e projeção cartográfica e
que na elaboração de mapas temáticos a comunicação das informações
deve ser compreensível para o usuário, fornecendo uma resposta visual
clara, coerente, lógica e livre de ambigüidades.
O objetivo principal da Cartografia Temática é, portanto, comunicar
um tema através dos mapas e para ajudar o leitor a entender o que o mapa
apresenta, alguns padrões cartográficos têm sido estabelecidos ao longo
do tempo. A leitura dos mapas é uma habilidade básica da comunicação e
é utilizada por pessoas de muitas áreas distintas. Por isso, é importante
que o Cartógrafo, o Geógrafo ou o profissional que utilizará o mapa como
meio de comunicação de suas informações, esteja capacitado a gerar o
mapa temático segundo todas as normas da Cartografia.
Durante muito tempo os cartógrafos dedicaram seus estudos no senti-
do ao desenvolvimento de técnicas que permitissem gerar as representa-
ções cartográficas de um modo mais rápido e com menores custos. O ad-
vento do computador permitiu mudanças tanto qualitativas como quanti-
tativas na produção de mapas e cartas. Qualitativamente é possível interagir
com a representação em tempo real enquanto que quantitativamente é pos-
sível gerar um maior número de mapas em menor tempo (TAYLOR, 1994).
Assim, de um modo geral, podemos afirmar que a Cartografia
Temática é responsável pelo planejamento, elaboração e impressão de
mapas temáticos e que o sucesso da representação do fenômeno geográ-
fico está intimamente associado a um bom conhecimento dos dados ori-
ginais e a uma escolha acertada do método de representação gráfica.
CONCLUSÃO
Os mapas temáticos têm como objetivo a representação espacial de
um tema, podendo este tema ser abrangente ou até mesmo imediato e
específico. Para tanto, utilizamos símbolos quantitativos e/ou qualitati-
vos lançados sobre um mapa-base para representar graficamente os fenô-
menos geográficos e suas correlações.
A compreensão da representação gráfica utilizada na Cartografia Temática
é fundamental para que possamos aplicar adequadamente as técnicas para a
representação do fenômeno geográfico. Elaborar mapas temáticos que obe-
deçam ao rigor técnico-científico e que atenda ao objetivo desta ciência que
é a representação do fenômeno geográfico através da linguagem, gráfica tor-
na-se o principal objetivo do cartógrafo, geógrafo e todos os profissionais que
utilizam a categoria “espaço” como fonte para suas análises.
15
Fundamentos e evolução dos conceitos de Cartografia Temática. Aula
1RESUMO
Nesta aula aprendemos que a Cartografia Temática utiliza a lingua-
gem gráfica para a representação do fenômeno geográfico. Comunicando-
se através de mapas temáticos, a Geografia consegue alcançar o desafio
de representar as informações geográficas espaciais e alfanuméricas de
forma objetiva, capaz de ser entendida pela sociedade, tanto através de
mapas temáticos direcionados a especialistas, como de mapas turísticos,
que têm como público alvo os denominados leigos cartográficos. Atual-
mente, com a evolução de técnicas computacionais aplicadas à represen-
tação espacial, a Cartografia Temática toma um novo impulso, tanto qua-
litativo como quantitativo, possibilitando o manuseio de grandes volu-
mes de dados geográficos, impossíveis de serem trabalhados manualmen-
te em outros tempos.
ATIVIDADES
1. Em nossa primeira atividade, o aluno deverá comparecer à Biblioteca
da UFS em sua cidade e, baseando-se no Quadro 1 deste capítulo:
- separar 2 cartas topográficas e 2 cartas temáticas;
- descrever para cada uma as características que foram preponderantes
para a classificação (título, escala, nomenclatura CIM, enquadramento
geográfico, tema, etc.).
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
Naturalmente, você utilizou muitas cartas topográficas na disciplina
de Cartografia Sistemática e não terá dificuldades em encontrá-las.
Para as cartas temáticas utilize os exemplares disponíveis na UFS.
Você poderá também consultar o site do IBGE (www.ibge.gov.br) e
fazer o download de cartas.
Lembre-se também que a disciplina Cartografia Sistemática tem a
denominação que consta na grade curricular do Curso de Geografia
da UFS, mas a rigor deveria chamar-se Cartografia Básica, cujo
conteúdo programático inclui além dos conceitos básicos de
cartografia, também a caracterização das cartas topográficas que são
representadas segundo uma sistematização a partir das cartas ao
milionésimo, por isto denominada Cartografia Sistemática.
16
Cartografia Temática
PRÓXIMA AULA
Na próxima aula você irá conhecer os métodos da linguagem gráfica
utilizada na representação cartográfica, conteúdo fundamental para que
você possa dar continuidade ao curso. Como material didático comple-
mentar, você deverá ler a Introdução dos livros de Martinelli (2003a e
2003b), indicados nas referências bibliográficas a seguir.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São
Cristóvão: UFS, 2007.
CÂMARA, et al. Análise espacial e geoprocessamento. Disponível
em <http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/analise.> Consultado em 04
nov. 2008.
CASTRO, Frederico do Valle Ferreira et al. Apostila de Cartografia
Temática. Belo Horizonte: Instituto de Geociências. UFMG, 2004.
DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. 2 ed.
Florianópolis: UFSC, 2002, 2005.
FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. Canoas: La Salle, 2000.
JOLY, Fernand. A Cartografia. 4 ed. Campinas: Papirus, 2001.
MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas. São
Paulo: Edusp, 2003a.
______. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo: Con-
texto, 2003b.
______. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Mo-
derna, 1998.
______.Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.
OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática.Apostila. Aracaju:
UFS, 2008.
______ Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007.
SANTOS, M.C.S.R. Manual de fundamentos cartográficos e diretri-
zes gerais para elaboração de mapas geomorfológicos e geotécnicos.
São Paulo: IPT, 1989.
TAYLOR, F. Modern Cartography: visualization in modern cartography.
2. Oxford: Pergamon Press, 1994.
TEIXEIRA, Amândio Luís de Almeida; CHRISTOFOLETTI, Antonio.
Sistemas de Informação Geográfica: Dicionário Ilustrado. São Paulo:
Hucitec, 1997.
META
Conhecer os símbolos cartográficos e métodos da linguagem gráfica utilizados na representação
cartográfica.
OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
diferenciar o sistema semiológico monossêmico da linguagem polissêmica;
entender as relações fundamentais: diversidade, ordem e proporcionalidade;
utilizar adequadamente os símbolos cartográficos;
ser capaz de identificar e utilizar as variáveis visuais: forma, orientação, tamanho, granulação,
valor e cor.
PRÉ-REQUISITO
Rever o conteúdo da Aula 1 e adquirir uma caixa de lápis de cor com no mínimo 24 unidades. (A
caixa com apenas 12 unidades, por não possuir variações de tonalidades das cores,
impossibilitará um aprendizado completo, dificultando realização das atividades propostas).
Você poderá também estudar e resolver os exercícios, utilizando as ferramentas de desenho do
software Microsoft Word (A citação da marca não implica em propaganda comercial, sendo
indicada apenas pela facilidade de uso) ou similar. Não se esqueça de copiar as figuras coloridas
deste capítulo e dos demais, disponibilizadas na “plataforma”.
Aula
2
SEMIOLOGIA GRÁFICA:
A LINGUAGEM DOS MAPAS E AS VARIÁVEIS VISUAIS
18
Cartografia Temática
INTRODUÇÃO
Olá! Que bom nos encontrarmos mais uma vez. Esperamos que tenha
aproveitado bastante a primeira aula de nossa disciplina e esteja motivado
para avançar nos estudos.
Nesta aula, você aprenderá que o universo da semiologia gráfica apli-
cada à linguagem dos mapas possibilita a construção de mapas geográficos.
Tal afirmativa apóia-se nos métodos e técnicas desenvolvidos especifica-
mente para a representação dos fenômenos geográficos. Dessa forma, a
representação gráfica através das relações fundamentais de diversidade,
ordem e proporcionalidade aplicadas às seis variáveis visuais: forma, tama-
nho, orientação, granulação, valor e cor, fornece as ferramentas necessárias
para a confecção dos mapas temáticos, iniciando o aluno no domínio das
representações gráficas através dos símbolos gráficos. Devido à sua com-
plexidade e importância para a Cartografia, a variável visual Cor será estu-
dada separadamente na Aula 3.
Os símbolos cartográficos figurativos têm sido utilizados de forma a facili-
tar o seu reconhecimento pelo leitor. Assim, os objetos cartográficos são transcri-
tos através de símbolos, resultando em uma convenção proposta ao leitor pelo
redator sendo representada em um quadro de sinais ou legenda do mapa.
19
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula
2SEMIOLOGIA GRÁFICA: A LINGUAGEM DOS
MAPAS
Conhecer as propriedades da linguagem visual para utilizá-la adequa-
damente é o objeto da semiologia gráfica.
SISTEMA SEMIOLÓGICO POLISSÊMICO E
MONOSSÊMICO
A Cartografia pode ser considerada como uma linguagem universal, no
sentido que utiliza uma série de símbolos conhecidos, sendo, portanto, uma
linguagem exclusivamente visual e, por isso mesmo, submetida às leis fisioló-
gicas da percepção das imagens. Compõe uma linguagem gráfica bidimensional,
atemporal, monossêmica, ou seja, de significado único, que tem supremacia
sobre as demais linguagens, pois demanda apenas um instante de percepção.
Distingue-se da linguagem figurativa, como a fotografia e a pintura que têm
característica polissêmica, com significados múltiplos.
A comunicação polissêmica representada na Figura 2.1 ocorre quan-
do o signo emitido tem por objeto definir um conjunto ou um conceito
diante de infinitas possibilidades a um receptor qualquer.
Semiologia
É a ciência geral dos
signos, que estuda
todos os fenômenos
culturais como se fos-
sem sistemas de sig-
nos, isto é, sistemas
de significação. Em
oposição à linguística,
que se restringe ao
estudo dos signos
linguísticos, ou seja,
da linguagem, a
semiologia tem por
objeto qualquer siste-
ma de signos (ima-
gens, gestos, vestuá-
rios, ritos, etc.).
Figura 2.1 - Exemplo de representação gráfica polissêmica. Fonte:
MARTINELLI (1998).
O receptor diante da imagem figurativa, polissêmica, pergunta: O
que a imagem procura dizer? Para cada receptor, ela representa algo com
sentido diferente, existindo, portanto, ambigüidade.
A representação monossêmica exclui qualquer ambiguidade possível.
Como pode ser observado na Figura 2.2, a indústria “A” emprega quatro
vezes mais de trabalhadores do que a indústria “B”, havendo somente uma
20
Cartografia Temática
solução para mostrar visualmente a diferença entre o número de trabalha-
dores empregados pelas duas indústrias. Não há, portanto, ambiguidade,
não é mais uma arte, pois não exige mais a escolha. Em contrapartida a
representação é universal e não exige nenhuma convenção.
Figura 2.2 - Exemplo de representação gráfica monossêmica.
Fonte: Martinelli (1998).
AS RELAÇÕES FUNDAMENTAIS
A representação gráfica tem por objeto transcrever as três relações
fundamentais: de diversidade ou seletividade ( ), de ordem (O) e de
proporcionalidade (Q) estabelecidas entre objetos, por relações visuais
da mesma natureza. A transcrição é, portanto, universal, sem ambigüida-
de (Figura 2.3).
Figura 2.3 – Quadro comparativo das relações fundamentais da representação gráfica.
Assim, a diversidade será transcrita por uma diversidade (seletividade)
visual, a ordem por uma ordem visual e a proporcionalidade por uma
proporcionalidade visual. Saber coordenar tais orientações significa do-
minar a síntese dessa linguagem (MARTINELLI, 2003a).
Na Figura 2.4, as relações fundamentais são demonstradas através
das relações entre os objetos por transcrições gráficas de diversidade, or-
dem e proporcionalidade visual.
21
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula
2
AS VARIÁVEIS ESPACIAIS
As variáveis espaciais são as formas de representar a informação
cartográfica, geralmente associada com a escala dos mapas. As variáveis
espaciais são:
- Ponto: é adimensional, representando a posição ou localização. Exem-
plos: ponto indicando a localização de uma cidade, de uma mina de ouro,
etc.
- Linha: é unidimensional, indicando comprimento. Uma linha é formada
por uma sucessão de pontos. Exemplos: rodovia pavimentada, rio, limite
estadual, etc.
- Área, Zona ou Polígono: é bidimensional, representando comprimento e
largura. Uma área é formada por um polígono fechado, gerado por uma
sucessão de linhas. Exemplo: municípios, estados, regiões, etc.
- Volume: é tridimensional, indicando comprimento, largura e altura. Em
Cartografia, a terceira dimensão geométrica (altura) não quer dizer neces-
sariamente o relevo, mas uma terceira variável como temperatura, por
exemplo. Exemplos: Maquete Hipsométrica, Modelo Digital do Terreno,
Modelo Digital de Precipitação Pluviométrica, etc.
AS VARIÁVEIS VISUAIS
A teoria das Variáveis Visuais ou de Retina foi introduzida por Bertin
em 1967, baseada nas variações percebidas pela retina que é o órgão sen-
sível do olho humano, formando a linguagem gráfica ou “cartográfica”,
que será detalhada nesta aula.
A elaboração de mapas através da representação gráfica pode ser ex-
pressa mediante a variação das duas dimensões no plano (X,Y), que são
as dimensões horizontal e vertical da folha de papel ou mesmo a tela do
Figura 2.4 – Quadro com as relações fundamentais entre os objetos. Fonte: Martinelli (2003a).
22
Cartografia Temática
monitor de computador em que será desenhado o mapa. Um ponto dese-
nhado tela do monitor ou no papel, encontra-se posicionado em um deter-
minado lugar representado pelas dimensões (X,Y). Esta marca visível, além
de ter uma posição conhecida no espaço, pode ser associada a um atributo,isto é, assumir uma terceira dimensão (Z), representada através das modu-
lações visuais sensíveis (Figura 2.5). Assim, as dimensões do plano (X,Y)
mais as seis modulações visuais sensíveis constituem as variáveis visuais
ou variáveis de retina: forma, orientação, tamanho, valor, granulação e cor.
Figura 2.5 – As duas dimensões do plano (x,y) e a variável visível ou atributo (z). Fonte: Almeida
(2008) adaptado de Martinelli (2003a).
Figura 2.6 – Quadro demonstrativo das seis modulações visuais sensíveis. Fonte: Martinelli (2003a).
As duas dimensões (X,Y) do plano identificam a posição do lugar.
Responde ao “ONDE?” Entretanto, os mapas mostram não só mostram
a posição dos lugares, mas também podem dizer muito sobre eles, carac-
terizando-os através da variável (Z), utilizando as relações fundamentais.
O esquema apresentado na Figura 2.7 a seguir demonstra como o aspecto
qualitativo ( ) responde a questão “O QUE?”, caracterizando relações
23
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula
2de diversidade entre os lugares; o aspecto ordenado (O) responde à ques-
tão “EM QUE ORDEM?”, caracterizando relações de ordem e o aspecto
quantitativo (Q) responde à questão “QUANTO?” caracterizando rela-
ções de proporcionalidade entre os lugares.
Figura 2.7 – Variáveis visuais sensíveis e as propriedades perceptivas compatíveis. Fonte: Almeida
(2008) adaptado de Martinelli (2003b).
AS PROPRIEDADES PERCEPTIVAS DAS
VARIÁVEIS VISUAIS
Segundo Martinelli (1998), as variáveis visuais apresentam proprie-
dades perceptivas características diante do nosso olhar. São elas:
- Percepção dissociativa: a visibilidade é variável, onde afastando-se da
vista tamanhos e valores visuais diferentes, somem sucessivamente (ta-
manho e valor);
- Percepção associativa: a visibilidade é constante e as categorias se con-
fundem com a distância; no entanto, afastando-se da vista, não somem
(forma, orientação, granulação e cores de mesmo valor visual
(contrastantes);
- Percepção seletiva: o olho consegue isolar os elementos distintos (for-
ma, orientação, tamanho, granulação, valor e cor de mesmo valor visual
(contrastante);
- Percepção ordenada: as categorias se ordenam naturalmente (tamanho,
granulação, valor e cores com valores visuais diferentes);
- Percepção quantitativa: a relação de proporção é imediata (somente tamanho).
A aplicação prática da utilização desses conceitos é apresentada na
Figura 2.8, ou seja, como representar nos mapas temáticos, pontos, li-
nhas e áreas, diferenciadas, ordenadas e proporcionais entre si.
24
Cartografia Temática
CONCEITUAÇÃO DAS VARIÁVEIS VISUAIS
Como já vimos, as variáveis visuais ou de retina são todas as varia-
ções percebidas pela retina e formam a linguagem gráfica, que se mani-
festam nas representações cartográficas de seis maneiras distintas:
- Forma: representa dados qualitativos associativos, podendo assumir
formas geométricas ou não. Exemplos: quadrado, círculo, triângulo,
losango, guarda-sol, farol, etc.
- Orientação: representa dados qualitativos seletivos. Exemplo: linhas
horizontais, verticais, inclinadas à direita, inclinadas à esquerda.
Figura 2.8 – Quadro demonstrativo da aplicação da percepção. Fonte: Martinelli (1998).
25
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula
2- Tamanho: utilizada para representação de dados quantitativos, preferen-
cialmente demonstrando a proporção correta entre as classes. Exemplo:
círculos representados pelos seus diâmetros, proporcionais ao elemento
estudado (círculo com 5 mm, círculo com 3 mm, círculo com 2 mm).
- Granulação: representa dados quantitativos ou qualitativos também in-
dicando ordenamento. É semelhante à intensidade, porém a variação ocor-
re na repartição de preto e de branco, mantendo-se a proporção de preto
e branco. Exemplo: linha tracejada com traços e espaçamentos iguais de
1 mm, 2 mm e 3 mm e assim por diante.
- Intensidade ou Valor: usada para representar dados quantitativos ou
qualitativos indicando ordenamento. O preenchimento da figura pode ser
com tons de cinza ou tons de uma única cor (representação
monocromática). Neste caso a variação não vai estar na cor, mas sim na
sua intensidade. Exemplo: círculo verde escuro, círculo verde médio, cir-
culo verde claro.
- Cor ou Tom de Cor: representa tanto dados quantitativos como qualita-
tivos. Para os qualitativos (sem ordenamento) são utilizadas cores
contrastantes e para os quantitativos ou qualitativos (com ordenamento)
utilizam-se cores análogas, também denominadas sequenciais ou seme-
lhantes. Exemplos: cores contrastantes (amarelo, vermelho, azul); cores
harmônicas (amarelo, laranja, vermelho).
 É importante observar que, ao ser utilizada uma única cor variando-
se sua “tonalidade”, ou seja, de claro a escuro, a variável utilizada é a
Intensidade e não a Cor, embora com aparente variação de cor. Exemplo:
azul escuro, azul médio, azul claro.
Devido às suas propriedades e importância na Cartografia, dedicare-
mos a próxima aula inteira ao estudo da variável Cor.
O quadro seguinte, indicado na Figura 2.9, resume a teoria das Variáveis
Visuais propostas por Bertin, apresentando alguns exemplos de utilização
das variáveis visuais: forma, orientação, tamanho, granulação, valor e cor e os
modos de implantação pontual, linear e zonal, que você deverá compreender
bem para utilizá-lo na representação dos fenômenos geográficos.
OS SÍMBOLOS CARTOGRÁFICOS
Como já visto, as variáveis espaciais são as formas de representar a
informação cartográfica. Ao longo do tempo, estas formas foram se adap-
tando à tecnologia e ao fácil reconhecimento pelo leitor. Por exemplo, por
vários séculos as montanhas foram representadas em elevação ou em pers-
pectiva. Nos mapas mais recentes, o azul dos mares e rios ou o verde das
florestas agregam um valor de sugestão universal, representando a água e
as matas respectivamente.
26
Cartografia Temática
Figura 2.9 – Esquema das variáveis visuais e os modos de implantação em Cartografia.
(Fonte: Oliveira (2008) adaptado de Martinelli (2003b e 1993).
27
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula
2Os objetos cartográficos são transcritos através de grafismos, os sím-
bolos, resultando em uma convenção proposta ao leitor pelo redator, e
que é representada num quadro de sinais ou legenda do mapa.
O símbolo é, portanto, a representação gráfica de um objeto ou de
um fato sob forma sugestiva, simplificada. De acordo com as caracterís-
ticas específicas, os símbolos cartográficos podem ser classificados atra-
vés da sua dimensão espacial em três categorias: ponto, linha, área e volu-
me (Figura 2.10).
A forma utilizada como característica específica dos símbolos cartográficos
divide-se em várias categorias: pictograma, ideograma, símbolo regular geomé-
trico, símbolo não geométrico e símbolo alfanumérico (Figura 2.11).
Figura 2.11 – Classificação dos símbolos cartográficos de acordo com sua categoria.
Fonte: Adaptado de Almeida (2008).
Figura 2.10 – Classificação dos símbolos cartográficos de acordo com sua dimensão espacial.
Fontes: Adaptado de Ramos (2005) e Almeida (2008).
28
Cartografia Temática
CONCLUSÃO
A utilização da semiologia gráfica na linguagem dos mapas é de fun-
damental importância para que o geógrafo atinja a meta de comunicar-se
com o público alvo que, nem sempre é composto por especialistas, a exem-
plo dos mapas turísticos. Portanto, a compreensão e o uso adequado das
relações fundamentais de diversidade, ordem e proporcionalidade visual,
bem como das seis variáveis visuais, permitirão não somente responder
onde o fenômeno geográfico ocorre, mas também a diversidade do fenô-
meno e/ou a ordem e/ou a proporcionalidade. Assim, é imprescindível
que a aplicação dos métodos e técnicas para confecção de mapas geográ-
ficos seja norteada pela semiologia gráfica.
RESUMO
A semiologia gráfica apresentada nesta aula mostra a importância do uso
adequado dos métodos e técnicas na elaboração de mapas geográficos. No
primeiro tópico discutimosas diferenças entre a representação polissêmica e
monossêmica, que são de fundamental importância para entendermos as re-
lações fundamentais (diversidade, ordem e proporcionalidade). A partir des-
se entendimento, apresentamos as seis relações visuais sensíveis e os símbo-
los cartográficos, evidenciando a importância da utilização adequada desses
últimos na elaboração dos mapas para facilitar a identificação.
ATIVIDADES
1. Apresentar duas figuras esquemáticas demonstrando os conceitos de
representação polissêmica e monossêmica.
2. Preencha os quadros a seguir com as variáveis visuais seletiva, ordena-
da e quantitativa em ponto, linha e área.
PONTO
Represente nos campos, símbolos pontuais diferenciados ( )
29
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula
2Atribua aos círculos idéia de ordem (O)
Represente nos campos, quadrados de tamanhos proporcionais
LINHA
Represente linhas diferenciadas ( )
Atribua aos traços a idéia de Ordem (O)
Represente linhas com espessuras proporcionais (Q)
ÁREA
Aplique nos campos texturas diferentes ( )
30
Cartografia Temática
Aplique nos campos texturas de linhas que dêem idéias de ordem (O)
3. Elabore slides no software PowerPoint da Microsoft representando as
variáveis visuais e os modos de implantação. Você poderá usar a bibliote-
ca de símbolos existentes no software. Seja criativo!
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
Através das atividades propostas pretendemos aplicar os conceitos
que devem ser apreendidos pelo aluno para a elaboração de mapas
temáticos. Ao realizar a primeira atividade você será capaz de distinguir
adequadamente a representação polissêmica da monossêmica. As
demais atividades possibilitarão a você, segurança para melhor escolher
a variável visual e o modo de representação adequado para cada
fenômeno geográfico. Observe que, em geral, existem várias
possibilidades de escolha. Seja versátil! Se desejar, poderá usar a variável
visual da cor em alguns casos, mas tome cuidado, pois a Cor, por ser
mais complexa, será estudada separadamente na próxima aula.
PRÓXIMA AULA
Devido à importância e à complexidade do uso das cores na elabora-
ção de mapas temáticos, na próxima aula dedicaremos nossos estudos
exclusivamente à variável visual cor. Não se esqueça de copiar as figuras
coloridas disponibilizadas no “portal”.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São
Cristóvão: UFS, 2008.
CASTRO, Frederico do Valle Ferreira et al. Apostila de Cartografia
Temática. Belo Horizonte: Instituto de Geociências. UFMG, 2004.
DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. 2 ed.
Florianópolis: UFSC, 2002.
Microsoft
A citação da marca
não implica em propa-
ganda comercial, sen-
do indicada apenas
pela facilidade de uso.
31
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula
2FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. Canoas: La Salle, 2000.
JOLY, Fernand. A Cartografia. 4 ed. Campinas: Papirus, 2001.
MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas. São
Paulo: Edusp, 2003a.
______. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo: Con-
texto, 2003b.
______. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Mo-
derna, 1998.
______. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.
OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São Cris-
tóvão: UFS, 2008.
______. Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007.
RAMOS, Christiane da Silva. Visualização cartográfica e Cartografia
multimídia: conceitos e tecnologias. São Paulo: UNESP, 2005.
SANTOS, M.C.S.R. Manual de Fundamentos cartográficos e diretri-
zes gerais para elaboração de mapas geomorfológicos e Geotécnicos.
São Paulo: IPT, 1989.
TAYLOR, F. Modern Cartography: visualization in modern cartography.
v.2. Oxford: Pergamon Press, 1994.
TEIXEIRA, Amândio Luís de Almeida; CHRISTOFOLETTI, Antonio.
Sistemas de Informação Geográfica: Dicionário Ilustrado. São Paulo:
Hucitec, 1997.
A VARIÁVEL VISUAL COR
META
Demonstrar a importância do uso da cor nos mapas temáticos.
OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
interpretar as radiações visíveis no espectro eletromagnético;
utilizar corretamente as três dimensões da cor: tom, luminosidade e saturação;
utilizar adequadamente o círculo das cores na elaboração de mapas temáticos os símbolos;
cartográficos.
PRÉ-REQUISITO
Rever o conteúdo da Aula 2 e adquirir uma caixa de lápis de cor com no mínimo 24
unidades(Lembre-se que a caixa de lápis colorido com apenas 12 unidades, por não possuir
variações de tonalidades das cores, não possibilitará um aprendizado completo), caso você ainda
não o tenha feito. Assim como na aula anterior, você poderá também estudar e resolver os exercícios,
utilizando as ferramentas de desenho do software Microsoft Word (A citação da marca não implica
em propaganda comercial, sendo indicada apenas pela facilidade de uso) ou similar.
Aula
3
34
Cartografia Temática
INTRODUÇÃO
Olá! Este é o nosso terceiro encontro e esperamos que você esteja
aproveitando bastante os conteúdos já apresentados.
Na aula passada, conhecemos os símbolos cartográficos e métodos
da linguagem gráfica utilizados na representação cartográfica. Além dis-
so, aprendemos a diferenciar o sistema semiológico da linguagem
polissêmica, a utilizar adequadamente os símbolos cartográficos e iden-
tificar e utilizar as variáveis visuais, além de compreender as relações de
diversidade, ordem e proporcionalidade.
Nesta aula, vamos conhecer uma variável visual que está sempre
presente na composição dos mapas e tem grande poder de comunicação.
Estamos nos referindo às cores. Dentro desta temática, vamos aprender
a interpretar as radiações visíveis no espectro eletromagnético, a utilizar
adequadamente as três dimensões da cor (tom, luminosidade e satura-
ção), bem como o círculo das cores na elaboração de mapas temáticos.
Será que deu para despertar um pouquinho a sua curiosidade? En-
tão, siga em frente com a leitura e boa aula!
35
A variável visual Cor Aula
3PORQUE O ESTUDO DAS CORES MERECE UMA
ATENÇÃO ESPECIAL?
A cor, além de afetar a emotividade humana, é uma variável visual
sempre presente e que tem um grande poder de comunicação. Na elabo-
ração de mapas temáticos, as cores, juntamente com os símbolos e letras,
devem ser utilizadas em composições harmoniosas, não podendo apare-
cer aleatoriamente, sem respeitar o bom senso e algumas regras básicas.
O produto resultante deve ter um significativo poder de comunicação, as
informações cartográficas devem estar corretamente representadas, e o
conhecimento adquirido pelos usuários, através do uso desse mapa preci-
sa ser correto e não deixar margens a dúvidas.
Para alcançar este objetivo, o conhecimento sobre as cores deve ser
mais preciso do que seu uso no cotidiano. Devemos assim, utilizar os
conceitos de cor, a qual é definida segundo três dimensões: tom ou matiz,
luminosidade ou valor e saturação.
As cores que maravilham nosso cotidiano são obtidas pela combi-
nação de cores denominadas primárias: vermelho, amarelo e azul, que
misturadas dão origem às cores secundárias: laranja, verde e violeta. Des-
sa forma, em um trabalho cartográfico, devemos levar em consideração
que as cores têm um significado, e para o geógrafo, não é suficiente que a
vegetação seja representada em verde e os rios em azul. Mas qual verde e
qual azul utilizar? Como deve ser o verde claro? Como deve ser o verde
escuro? Para por em prática o uso corretos das cores na elaboração dos
mapas temáticos, devemos estar atentos para que a cor, além de apresen-
tar um efeito estático, tenha significado e que o resultado seja claro, con-
seguindo transmitir a informação temática pretendida.
ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO
RADIAÇÃO VISÍVEL
A Cor não existe, a cor é uma sensação!
O fenômeno de o ser humano enxergar as diferentes cores está
associado aos estímulos do cérebro, que tem a capacidade de
diferenciar uma onda eletromagnética da outra. Vejamos, o
vermelho tem uma freqüência diferente do azul, por esta razão,
podemos afirmarque as cores não existem e sim objetos que
refletem ondas de freqüências diferentes, provocando no cérebro
a sensação de cores.
36
Cartografia Temática
RADIAÇÃO VISÍVEL – LUZ
O conjunto de radiações eletromagnéticas compreendidas entre os
comprimentos de ondas de 0,39Mm a 0,70Mm (micrômetros) é denomi-
nado de espectro visível, conhecido como luz. Assim, as radiações com-
preendidas nesta faixa de comprimento de onda ao interagirem com o
 Figura 3.1 – Relação de cores e suas respectivas faixas espectrais no visível.
Figura 3.2 – Espectro eletromagnético
Figura 3.3 – Faixa visível do espectro eletromagnético (matizes).
37
A variável visual Cor Aula
3sistema ocular humano são capazes de provocar uma sensação de cor
(Figuras 3.1, 3.2 e 3.3).
AS TRÊS DIMENSÕES DAS CORES
De acordo com as três dimensões das cores elas são definidas em: tom
ou matiz, luminosidade ou valor e saturação da cor. O tom da cor ou matiz
corresponde ao seu comprimento de onda no espectro visível. Portanto
está associada à denominação propriamente dita da cor, é a cor pura (azul,
verde, vermelho, etc.). Os tons de cores são representados por um diagra-
ma denominado de círculo de cores (Figura 3.4).
Figura 3.4 – Círculo das cores. (Fonte: http://www.lsc.ufsc.br).
A luminosidade da cor ou valor corresponde à quantidade de energia
refletida. É o que denominamos de claro ou escuro em relação às cores,
como verde claro e verde escuro, por exemplo. O verde é o tom da cor, e o
claro ou escuro é a variação em luminosidade ou valor da cor (Figura 3.5).
Figura 3.5 – Variação em luminosidade de cor em tons de cinza e azul, respectivamente. Fonte:
Adaptado de Vieira (2004).
A saturação é a variação que assume um mesmo matiz e diz respeito à
pureza da cor, iniciando com o neutro absoluto, passando pelo cinza até che-
38
Cartografia Temática
gar à cor pura. Assim quando o nível de saturação é máximo, a cor transfor-
ma-se em cinza, ou seja, não há percepção do tom da cor (Figura 3.6).
Figura 3.6 – Variação em saturação de um tom de cor. Fonte: Vieira (2004).
Para facilitar a compreensão do círculo das cores, apresentamos a se-
guir (Figura 2.8) o círculo de cores já com as pastilhas preenchidas. Observe
que temos duas ordens visuais crescentes a partir do amarelo, do lado esquer-
do as cores frias e do lado direito as cores quentes.
As cores frias criam uma sensação de quietude, frescor, tranquilidade,
profundidade, dando a impressão que se situam atrás do plano que as
CÍRCULO DAS CORES
A utilização do círculo das cores na elaboração de mapas temáticos
possibilita a escolha adequada das cores. Para construí-lo, devemos dis-
por uma série de pastilhas coloridas segunda a sucessão espectral e de
acordo com os comprimentos de ondas (Figura 2.7). As cores primárias
ou básicas são o amarelo, o ciano (azul claro a esverdeado) e o magenta
(vermelhão ou vermelho róseo).
39
A variável visual Cor Aula
3contém. Nos mapas de vegetação, a cor fria verde-escuro mostra as vege-
tações mais densas, enquanto em mapa altimétricos, o verde representa
as regiões mais baixas. O azul lembra o ar e a água. Cria a sensação de
pureza, simplicidade e calma. É utilizado nos mapas para representar os
elementos hidrográficos: rios, lagos, chuva, etc.
Em razão dos efeitos de vivacidade, calor e alegria, as cores quen-
tes são atraentes, transmitindo a idéia de dinamismo. Elas também cau-
sam a sensação de aproximação aos nossos olhos. O laranja (ou alaranjado)
indica dinamismo, prosperidade, luz do sol, etc. Pode-se verificar que
muitos remédios, especialmente os infantis, apresentam-se em cor rosa,
proporcionando uma sensação agradável.
Figura 2.8 – Círculo das cores evidenciando cores frias e quentes, claras e escuras. (Fonte:
Oliveira (2008) adaptado de Martinelli (2003b).
HARMONIA DAS CORES
Podemos considerar que ocorre harmonia das cores quando estas
são utilizadas de acordo com uma disposição ordenada ou simétrica no
círculo de cores.
A harmonia das cores pode ser compreendida de três formas: har-
monia monocromática; harmonia pelas cores vizinhas ou analogia e har-
monia pelas cores opostas ou contraste. Embora alguns autores conside-
rem que a harmonia ocorre somente quando há composição monocromática
ou pelas cores vizinhas, classificando a composição por contraste como
um caso à parte, nesta disciplina, adotaremos que haverá sempre harmo-
Harmonia
É a disposição bem
equilibrada entre as
partes de um todo;
proporção, ordem, si-
metria.
40
Cartografia Temática
nia, desde que utilizando um das três formas citadas e que serão discrimi-
nadas a seguir.
A harmonia monocromática ocorre quando usamos apenas uma cor,
variando a saturação ou o valor (luminosidade, brilho). Esta representa-
ção serve para demonstrar a intensidade de um fenômeno geográfico, em
que as cores fracas indicam valores menores e cores mais escuras indicam
valores maiores, a exemplo dos mapas de temperatura, precipitação
pluviométrica, tipos climáticos, etc., onde se evidencia o aspecto ordena-
do e/ou quantitativo. Este tipo de harmonia é bastante utilizado nos mapas
temáticos, devendo-se ter muito cuidado, principalmente na variação de
saturação, de forma a não tornar a combinação monótona.
A harmonia pelas cores vizinhas é uma forma de utilizar harmonicamente
as cores vizinhas do círculo de cores. Havendo necessidade de representar muitos
fenômenos, deve-se optar pela utilização da harmonia pelas cores vizinhas,
pois tanto a harmonia monocromática como a harmonia pelas cores vizinhas
servem para representar fenômenos que indicam hierarquia ou freqüência. Como
exemplo, podemos citar o mapa hipsométrico que evidencia o aspecto ordena-
do e quantitativo do relevo (classes de altitude).
A harmonia pelas cores opostas é empregada quando queremos de-
monstrar a distinção entre os fenômenos geográficos. Como por exemplo, um
fenômeno natural e um fenômeno urbano. As cores opostas são aquelas que
ficam diametralmente opostas no Círculo das Cores, a exemplo do verde que
está diametralmente oposto ao laranja-avermelhado. Um mapa característico
da aplicação de cores opostas é o político-administrativo, onde o objetivo é a
distinção entre os territórios, evidenciando o caráter qualitativo.
Portanto, a representação monossêmica dos fenômenos geográfi-
cos deve ser aplicada convenientemente pelo cartógrafo ou geógrafo, ca-
bendo ao mesmo, observar cuidadosamente as propriedades perceptivas
das variáveis visuais.
Na Figura 2.9 a seguir, apresentamos um exemplo de mapa temático
digital onde as variáveis visuais foram aplicadas corretamente de acordo
com o tema representado. O mapa aborda o Fluxo Aéreo no Brasil, sendo
fornecidos dados sobre o fluxo das linhas aéreas, se é grande, médio ou
pequeno, além de dados sobre o porte dos aeroportos, se é internacional
ou doméstico e se o movimento é grande, médio ou pequeno. Para a in-
tensidade do fluxo foi utilizada a variável visual “tamanho” com implan-
tação “linear”, pois as aeronaves deslocam-se em linhas, sendo que a li-
nha aérea com maior fluxo foi representada com a maior espessura, evi-
denciando-se assim o caráter ordenado e de proporcionalidade. Já para a
diferenciação entre aeroporto doméstico e internacional, foi utilizada a
implantação “pontual” para a variável visual “cor contrastante”, fixando-
se a forma geométrica “círculo”; as cores azul e vermelho são
diametralmente opostas no círculo de cores e por isto, contrastantes,
41
A variável visual Cor Aula
3evidenciando a relação fundamental da diversidade visual. Para o movimen-
to dos aeroportos, com o objetivo de destacar a relação de ordem e também
de proporcionalidade, os círculos tiveram seus tamanhos proporcionais aos
movimentos, sendo que os círculos de maior diâmetro correspondem aos
maiores movimentos e os de menor diâmetro, menores movimentos.
Figura 2.9 – Exemplo de mapa temático com a correta aplicação das variáveis visuais.
(Fonte: http://www.uol.com.br).
SISTEMAS DE COR
Como complemento de seu aprendizado sobre a composição decores que são utilizadas nos mapas, tanto básicos quanto temáticos, apre-
sentaremos a seguir um resumo dos principais Sistemas de Cor.
Os sistemas de cor são utilizados para a composição de cores a
partir das cores básicas, a depender de sua aplicação. Os principais siste-
mas são:
- RGB: utilizado em eletrônica, computação e monitores
- CMYK: utilizado na área gráfica e impressoras
- HSV: utilizado na área gráfica e computação
- CieLab e CieLCh: utilizado em indústrias têxtil, cerâmica, tinta e outros.
Na Cartografia, principalmente a Digital, os sistemas RGB, CMYK e
HSV são os mais utilizados e serão discriminados a seguir. Você poderá obter
informações complementares, acessando outras publicações pela Internet.
1. Sistema RGB
Red (Vermelho)
Green (Verde)
Blue (Azul)
42
Cartografia Temática
- Inspirado no sistema visual humano
- Cores obtidas através do processo aditivo envolvendo as cores: verme-
lha, verde e azul (cores primárias em fontes de luz)
A cor “branca” é a reflexão total das cores, ou a “união de todas as
cores”.
2. Sistema CMYK
Cyan (Ciano)
Magenta (Magenta)
Yellow (Amarelo)
blacK (Preto)
- sistema complementar ao RGB
C R
M G
Y B
Adição de cores primárias
(Fonte: FURB (Universidade de Blumenau – Sistemas Multimídia, 2008).
Subtração de Cores Primárias
(Fonte: FURB (Universidade de Blumenau – Sistemas Multimídia, 2008).
43
A variável visual Cor Aula
3- cores obtidas pelo processo subtrativo envolvendo as cores: amarela,
ciano e magenta (cores secundárias em fontes de luz).
A “cor preta” é a absorção total das cores, ou “ausência de cor”.
3. Sistema HSV
Hue (Matiz, Nuança ou Cor)
Saturation (Saturação)
Value (Valor, Luminosidade, Luminância ou Brilho)
SÓLIDOS OU ESQUEMA DE CORES
A seguir, estão representados diversos sólidos ou esquema de cores, onde
é possível obter as variações de cor pelos diferentes sistemas.
a) Sólido de Ostwald
(Fonte: FURB (Universidade de Blumenau – Sistemas Multimídia, 2008).
b) Corte de sólido de cores de Ostwald para o matiz amarelo (Losano,
1978).
44
Cartografia Temática
c) Sólido de cor de Munsell (Adobe Systems Incorporated, 2001)
d) Esquema de cores do software “Microsoft Office for Windows”.
CUIDADOS ESPECIAIS COM AS CORES AZUL,
CINZA, PRETO E BRANCO
Cuidado especial deve ser tomado também com a cor azul, pois
normalmente aparece na hidrografia dos mapas-base. Então, numa repre-
sentação temática em que a hidrografia (rios, riachos, oceano, lagos) seja
representada no mapa-base, deve-se optar por outra cor no lugar do azul,
de forma a não encobrir os as representações planimétricas hidrográficas,
assim como a sua toponímia.
O cinza é uma cor neutra, ou seja, não produz harmonia nem por
contraste nem por analogia com cores vizinhas. Na prática, o cinza não é
Fonte: Microsoft Office (2007).
45
A variável visual Cor Aula
3uma cor do espectro, sendo obtido indiretamente pela saturação máxima
de qualquer cor ou então pelas diferentes misturas de preto e branco.
Quando optar por cores, evite o “cinza”, pois esta cor geralmente é
utilizada não para representar parte de um tema, mas sim para as áreas
limítrofes, ou então, ausência (falta) de dados. Por exemplo: no Mapa
Político do Brasil, as cores são aplicadas nos Estados e o cinza unicamen-
te nos países vizinhos, ou em áreas de litígio, desde que os países vizi-
nhos fiquem em branco ou outro tom neutro.
No entanto, para representações monocromáticas em tons de cin-
za, estes poderão ser aplicados no tema, desde que não haja nenhuma
nomenclatura em preto dentro das áreas, pois aí o cinza encobriria o pre-
to. Da mesma forma, o cinza poderá ser utilizado em casos especiais,
variando-se a saturação de uma cor, embora não resulte em uma
visualização muito agradável. O cinza também é utilizado em um mapa
temático colorido, para representar áreas onde não há dados, para que
estas fiquem neutras em ralação às áreas com dados. Obviamente neste
caso, as áreas vizinhas não poderão ser representadas em cinza, mas sim
em branco ou outro tom neutro ou suavizado.
Conforme já foi visto, o preto constitui-se na prática como absor-
ção total das cores ou “ausência de cor”. Na escala de tons de cinza, o
preto seria o valor máximo, ou seja, 100% de preto e 0% de branco). A
cor preta geralmente é utilizada em Cartografia para indicar a toponímia
dos acidentes geográficos, exceto para a hidrografia que é identificada na
cor azul. Também é utilizada na composição do título, escala, reticulado,
legenda, quadro de convenções cartográficas e notas.
Recomenda-se utilizar a cor preta somente nos casos de aplicação
da variável visual “granulação”, onde sempre haverá alternância entre
preto e branco ou “valor em tons de cinza”, quando o preto aparecerá
somente nas áreas onde o tema ocorrer em maior intensidade. Obvia-
mente, em nenhum dos casos, poderá haver toponímia na parte interna
das áreas onde serão aplicadas as variáveis visuais.
De forma semelhante ao preto, o “branco” também não se consti-
tui em uma cor propriamente dita, mas sim na reflexão total das cores ou
“junção de todas as cores”. Assim, deve ser utilizado para identificar áre-
as vizinhas à área em estudo ou então para indicar áreas com “inexistência”
do fenômeno no espaço considerado.
Ressalte-se que há uma diferencia entre “falta” e “inexistência”.
Falta significa que o dado existe, mas não foi mensurado ou coletado,
como por exemplo, num mapa temático de quantidade de casos de
esquistossomose nos municípios, onde poderá haver problemas na coleta
de dados ou amostras de sangue em alguma área. Já inexistência significa
que o dado realmente não existe, ou seja, não há amostragem na área,
como ocorre nos mapas temáticos de produção agrícola, por exemplo,
Litígio
Questão judicial;
pendência; disputa.
Fonte: Novo Dicio-
nário Aurélio Ele-
trônico (2004).
46
Cartografia Temática
onde alguns municípios possuem áreas plantadas de uma determinada
cultura e outros não.
Então, muito cuidado ao utilizar as cores azul, cinza, preto e branco!
CONCLUSÃO
A variável visual Cor é a mais utilizada nos mapas temáticos. Por
isso, conhecer suas propriedades é de suma importância para a Cartografia.
Como fisicamente a cor não existe, pois o que percebemos é apenas uma
sensação de cor, é importante entendê-la a partir da interpretação das radi-
ações visíveis no espectro eletromagnético e aplicá-las corretamente nos
mapas topográficos e principalmente nos temáticos. Utilizar adequadamen-
te as três dimensões da cor como tom, luminosidade e saturação, ampliará
suas possibilidades de melhor representar um tema no mapa. Também im-
portante é utilizar corretamente o círculo das cores na elaboração de mapas
temáticos de forma que haja sempre harmonia, a depender do fenômeno
representado. Quando for necessário destacar a diversidade, ou seja, dife-
renciar bem as feições geográficas, os melhores resultados são obtidos com
cores contrastantes (opostas no círculo de cores). Porém, se o tema reque-
rer o ordenamento e, em alguns casos, a proporcionalidade, utiliza-se prefe-
rencialmente a harmonia monocromática ou então por cores vizinhas (aná-
logas ou semelhantes). Na Cartografia Temática Digital é muito importante
conhecer os Sistemas de Cor, pois através deles, as cores podem ser mani-
puladas digitalmente, alterando-se sua composição e transformando-as em
outras cores, seja pelos sistemas RGB, CMYK ou HSV. Aprendendo e pra-
ticando todas estas técnicas você estará apto a elaborar qualquer tipo de
mapa temático e de excelente qualidade cartográfica.
47
A variável visual Cor Aula
3RESUMO
Nesta aula, conhecemos a importância do estudo das cores para
seu uso adequado na elaboração de mapas temáticos. Como elas têm um
grande poder de comunicação visual, devem ser utilizadas de forma
criteriosa, associadas a símbolos e letras, buscando sempre preservar a
harmonia do produto elaborado. Todo esse cuidado tem como finalidade
a elaboração de um mapa que atenda às necessidades do usuário. O Es-
pectro Eletromagnético visível nos permiteidentificar as variações de
cores entre violeta e vermelho. As cores estão divididas em três dimen-
sões: tom ou matiz, luminosidade ou valor e saturação. Além disso, há o
Círculo das Cores que nos permite distinguir as cores frias das cores quen-
tes, as cores claras das cores escuras e a funcionalidade de cada uma
dessas variantes, bem como nos conduz às três formas de compreensão
da harmonia das cores: harmonia monocromática, harmonia pelas cores
vizinhas e pelas cores opostas. Para a obtenção das cores em monitores
de computador, impressoras e métodos gráficos, utilizam-se os Sistemas
de Cores os quais permitem diferentes composições a partir das cores
primárias e secundárias. Um cuidado especial deverá ser tomado ao se-
rem utilizadas as cores: preto, branco, cinza e azul.
ATIVIDADES
1. Proponha uma legenda, segundo a variável visual da Cor, para um Mapa
de Densidade Demográfica de uma determinada região, conforme abai-
xo. Indique a variável visual e o modo de implantação utilizados.
 hab/km2
 < 500 Variável utilizada: _______________________
 501 a 1.000 Modo de implantação: ________________
> 1.000
2. Proponha uma legenda, utilizando a variável visual da Cor, para o Mapa
Político do Brasil, segundo as regiões administrativas, abaixo. Indique a
variável visual e o modo de implantação utilizados.
NORTE
NORDESTE Variável utilizada: ___________________
48
Cartografia Temática
 CENTRO-OESTE Modo de implantação: ________________
 SUDESTE
 SUL
3. Aplique nos mapas hipotéticos a seguir, variáveis visuais de moda a
representar adequadamente os temas indicados. Indique também a variá-
vel visual e o modo de implantação utilizados.
a) MAPA DE SOLOS
Objetivo: separar (diversidade) três solos diferentes A, B, C.
Variável: ___________________________
Modo de Implantação: ________________
b) MAPA DE APTIDÃO AGRÍCOLA DE SOLOS
Objetivo: classificar (ordem) três solos diferentes quanto à sua apti-
dão para agricultura. Indique a variável visual e o modo de implantação
utilizados.
A - Alta B - Média C - Baixa
Variável: ___________________________
Modo de Implantação: ________________
c) MAPA DE DENSIDADE DEMOGRÁFICA
Objetivo: classificar (ordem) três municípios quanto à sua densidade
demográfica (hab/km2). Indique a variável visual e o modo de implanta-
ção utilizados.
A - < 100
B - 100 a 200
C - > 200
Variável: ___________________________
Modo de Implantação: __________________
d) MAPA RODOVIÁRIO
Objetivo: diferenciar rodovia de ferrovia, classificando as rodovias quan-
to à pavimentação (utilizar o mapa da direita para aplicar as variáveis
visuais). Indique a variável visual e o modo de implantação utilizados.
49
A variável visual Cor Aula
3
A - rodovia pavimentada
B - rodovia em pavimentação
C - rodovia sem pavimentação
D - ferrovia
Variáveis utilizadas para separar rodovia de ferrovias: _________________
Variável utilizada para ordenar as rodovias: _______________________
Modo de implantação: _____________________
4. Dê um tratamento cartográfico (aplicação de variáveis visuais) aos
mapas temáticos abaixo:
Mapa Político Índice de Mortalidade Infantil (por mil)
A - 120
 B - 80
C - 200
Mapa Geológico Acidentes de Trânsito Mensais
A – até 10
B – 10 a 40
C – acima de 40
5. Reproduzar as legendas-padrão para o mapa hipsométrico (altitude) e
para o mapa batimétrico (profundidade), conforme abaixo. Indique em
cada caso, a variável visual utilizada.
 Altitude (m) Profundidade (m)
50
Cartografia Temática
variável visual: ______________ variável visual: ____________
6. Utilizando o Sistema de Cores do software Microsoft Office (ver Sólidos e
esquema de cores, item d), “clique” com o mouse nas diversas cores e
observe o que ocorre com os valores de RGB (Vermelho, Verde e Azul) e
de HSV (Matiz, Saturação e Luminosidade/Valor). Faça também o inver-
so, ou seja, altere os valores de RGB e HSV e observe qual cor será for-
mada. Apresente dois exemplos de cada caso e qual a cor resultante.
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
A primeira questão possibilitará que você desenvolva a sensibilidade
de trabalhar com a variável cor de maneira harmônica,
preferencialmente pelo critério monocromático. Para a segunda
questão sugere-se a utilização de cinco cores bem diferenciadas, ou
seja, contrastantes. Na terceira e quarta questões, não utilize apenas
a variável visual da cor; retorne aos conceitos da Aula 2 para aplicar
outras variáveis possíveis. Na quinta questão, utilize as cores-padrão
para hipsometria e batimetria normatizadas pelo IBGE e, para
respondê-la, consulte a aula sobre Altimetria da disciplina de
Cartografia Sistemática ou a apostila “Noções básicas de Cartografia”
disponível no site www.ibge.gov.br (item Geociências / Cartografia
/ Publicações). Na sexta e última questão, se encontrar dificuldade,
peça ajuda ao seu tutor.
51
A variável visual Cor Aula
3PRÓXIMA AULA
Na próxima aula, você aprenderá as normas básicas para apresentação de
mapas temáticos e, ao final dela, será capaz de elaborar um mapa obede-
cendo às exigências técnicas necessárias.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São
Cristóvão: UFS, 2008.
CASTRO, Frederico do Valle Ferreira et al. Cartografia Temática. Apos-
tila. Belo Horizonte: Instituto de Geociências. UFMG, 2004.
DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. 2ed.
Florianópolis: UFSC, 2002.
FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. Canoas: La Salle, 2000.
BRASIL. Atlas Geográfico Escolar. 2 ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2004.
JOLY, Fernand. A Cartografia. 4 ed. Campinas: Papirus, 2001.
MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas. São
Paulo: Edusp, 2003a.
______. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo: Con-
texto, 2003b.
______. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Mo-
derna, 1998.
______. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.
OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São Cris-
tóvão: UFS, 2008.
______. Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007.
VIEIRA, Antonio José Berruti et al. Curso de georreferenciamento
de imóveis rurais. Apostila. Curitiba: UFPR, 2004.
ELEMENTOS DE REPRESENTAÇÃO
DOS MAPAS TEMÁTICOS
META
Apresentar os principais elementos cartográficos utilizados na elaboração de mapas temáticos.
OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
identificar fontes de dados alfanuméricos
coletar e utilizar dados alfanuméricos
identificar e elaborar mapa-base
utilizar corretamente os elementos cartográficos na composição dos mapas temáticos
criar layout contendo as convenções cartográficas dos mapas temáticos
PRÉ-REQUISITO
Rever o conteúdo das Aulas 2 e 3. Adquirir a cópia do Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de
Sergipe, disponibilizada em mídia CD.
Aula
4
54
Cartografia Temática
INTRODUÇÃO
Olá! Este é o nosso quarto encontro e esperamos que o conteúdo desta
disciplina esteja de acordo com as suas expectativas.
Na aula anterior conhecemos detalhadamente a variável visual Cor que
é a mais utilizada nos mapas temáticos, possuindo um grande poder de
comunicação. Conhecemos suas propriedades, iniciando com o espectro
eletromagnético. A partir daí verificamos que a cor é na realidade uma sen-
sação, sendo os tons formados a partir da luz branca em diversas faixas
(espectro visível). Aprendemos também que nos mapas temáticos as cores
são usadas sempre em harmonia e, para tanto, é necessário utilizar adequa-
damente o Círculo das Cores. Por fim, complementando o aprendizado,
discorremos um pouco sobre os sistemas de cor que nos auxiliam na elabo-
ração dos mapas no monitor do computador ou em sua impressão.
Nesta aula, vamos conhecer os principais elementos cartográficos
utilizados na elaboração de mapas temáticos. Aprenderemos a identificar
as fontes de dados alfanuméricas, coletar e utilizar adequadamente os
mesmos, identificar um mapa-base e os elementos cartográficos necessá-
rios para a elaboração de mapas temáticos, além de criar layout contendo
as convenções cartográficas indispensáveis.55
Elementos de representação dos mapas temáticos Aula
4A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA
Na elaboração de um mapa temático, de forma manual ou automáti-
ca (digital), devem ser observadas as normas propostas pela representa-
ção cartográfica a fim de torná-lo compreensível e útil aos usuários. As-
sim, a comunicação ocorre quando a informação temática representada é
devidamente entendida pelo usuário.
O esquema a seguir representa as realidades do cartógrafo e do usu-
ário. O termo “realidade” refere-se ao “mundo real”, representado pelo
fenômeno geográfico, que pretendemos representar no mapa temático atra-
vés da linguagem cartográfica. Inserido nesta “realidade”, como parte
integrante, encontra-se a realidade do cartógrafo e do usuário, represen-
tando o conhecimento dos mesmos. A compreensão dessas realidades
ocorre quando existe um conhecimento comum ao cartógrafo e ao usuá-
rio. Esta sobreposição é essencial para que a comunicação aconteça e,
consequentemente, para alcançar o propósito final da representação
cartográfica, que é o entendimento do mapa temático pelo usuário.
A pergunta que devemos fazer é a seguinte: como proceder para que
essas realidades se sobreponham? Dessa forma, gerar a sobreposição, ou
seja, a compreensão do mapa pelo usuário é tarefa do cartógrafo.
Consequentemente são importantes a forma de representar o mapa e a
escolha do mapa-base sobre o qual serão lançadas as informações temáticas.
Para obtermos um bom resultado, devemos seguir as normas propos-
tas pela semiologia gráfica, já estudada nas aulas anteriores. Como esses
mapas são elaborados em bases pré-existentes, devemos ter um conheci-
mento preciso, quando da aquisição do mapa-base ou “mapa de origem”,
o qual servirá de base para a elaboração do mapa temático.
Cartógrafo
Como o profissional
que está utilizando a
ciência da Cartografia
para a elaboração do
mapa temático, seja o
próprio cartógrafo,
geógrafo ou outro
profissional habilita-
do para tal.
Figura 4.1 – Esquema da comunicação cartográfica. (Fonte: Peterson (1995) adaptado
por Vieira et al (2006).
56
Cartografia Temática
A representação do mapa temático também exige uma diagramação
que promova uma boa apresentação do documento final. Assim, a comu-
nicação por meios dos símbolos deve ser clara, evitando que o usuário
tenha interpretações dúbias ou equivocadas. O layout final do mapa deve
formar um conjunto agradável e eficiente mantendo uma harmonia entre
seus componentes tais como cores, símbolos, toponímia, mapa-base e o
tema. No exemplo a seguir (Figura 4.2), apresentamos um representação
esquemática das populações das cidades sobre a base da divisa dos muni-
cípios. A representação da esquerda produz um ruído perceptivo, poden-
do confundir o usuário do mapa, em que a figura de fundo (mapa-base),
composta pelas linhas retas e curvas, está se sobrepondo ao fenômeno
geográfico temático, representado pelos círculos.
 Observa-se que, à esquerda, a representação é de má qualidade e
confusa, onde a base se sobressai ao tema. Já na representação da direita,
o tema é bem representado, sobressaindo-se de forma clara.
Diagramação
Conjunto de opera-
ções visando dispor
os elementos de um
documento de manei-
ra estética e funcio-
nal.
Layout
Esboço da distribui-
ção das informações
em um mapa
(posicionamento, tex-
to, legenda, escala,
etc.).
Topônimo
Nome próprio de lu-
gar. Exemplos:
Sergipe, Rio São
Francisco, Pico da
Neblina.
Iconografia
Arte de representar
por meio da imagem;
conhecimento e des-
crição de imagens
(gravuras, fotografi-
as, etc).
Figura 4.2 – Exemplo de mapa hipotético representando um tema de forma
inadequada (à esquerda) e adequada (à direita).
ELEMENTOS DE REPRESENTAÇÃO DOS MAPAS
TEMÁTICOS
A correta utilização dos dados e da base cartográfica para a
elaboração de mapas temáticos
A elaboração do mapa temático busca representar um determinado tema
da realidade, seja no âmbito da sociedade, dados sociais, econômicos, edu-
cacionais e culturais ou da natureza. A aquisição dos dados considera tanto
os aspectos diretos como os indiretos. Com a evolução da informática, dis-
pomos atualmente de uma grande quantidade de dados alfanuméricos (ta-
belas) e espaciais (mapas) armazenados em forma digital.
O aspecto direto caracteriza-se pelo contato do pesquisador com a
própria realidade, realizado com observação de campo, com ou sem ins-
trumento. Já o aspecto indireto, distingue-se pela aquisição de dados atra-
vés de documentos como informações alfanuméricas e iconográficas,
57
Elementos de representação dos mapas temáticos Aula
4através de mapas, gráficos e imagens, impressos em papel ou digitalizados.
Atualmente, grande parte dessas informações está armazenada em ambi-
ente SIG (Sistema de Informações Geográficas), que possibilita a recupe-
ração, análise e apresentação dos dados de maneira automatizada.
De posse dos dados, necessitamos estabelecer o mapa-base, ou seja,
a base cartográfica georreferenciada ou a ser georreferenciada, que servi-
rá de suporte para a localização dos componentes temáticos. O mapa-
base deverá conter as informações básicas que atendem de maneira
satisfatória a representação do tema. Esta base não deve ser encarada como
informação isolada do tema a ser representado, mas como parte dele, deven-
do fornecer informações precisas sobre os elementos cartográficos. De acor-
do com o tema, ela pode ser planimétrica (Figura 4.3) representando aciden-
tes naturais e artificiais como rios, rodovias, limites, etc., ou planialtimétrica
com informações planimétricas acrescidas da representação do relevo, atra-
vés das curvas de nível, conforme mostrado na Figura 4.4.
Figura 4.3 – Base cartográfica planimétrica representando os municípios do
Estado de Sergipe.
(Fonte: SEPLANTEC-SRH (2004).
58
Cartografia Temática
Com o intuito de ressaltar o tema representado, o mapa-base deve
conter apenas as informações mínimas necessárias para facilitar sua aná-
lise espacial. Por exemplo: para elaborarmos o mapa temático das densi-
dades demográficas1 municipais do Estado de Sergipe, o mapa-base
deverá conter apenas os limites municipais, não sendo necessários quais-
quer outros elementos como rios ou estradas, por exemplo, que em nada
irão interferir na análise da distribuição espacial do tema, assim como
poderiam ofuscá-lo.
De forma similar, para realizarmos a distribuição espacial das bacias
hidrográficas do Estado de Sergipe, necessitamos traçar os divisores de
água e, para tanto, faz-se necessário um mapa-base contendo a rede
hidrográfica e as curvas de nível. Já para representarmos as regiões admi-
nistrativas do Estado, é necessário dispormos apenas de uma base con-
tendo os limites municipais.
DIAGRAMAÇÃO DE UM MAPA – LAYOUT
A diagramação envolve um conjunto de operações visando dispor
os elementos cartográficos de maneira estética e funcional. Na elabora-
ção de um mapa temático, sua diagramação deve ser feita de tal forma
Figura 4.4 – Base cartográfica planialtimétrica de parte do Estado de Sergipe.
Fonte: SEPLANTEC-SRH (2004).
Densidade
 demográfica
É a relação entre o nú-
mero de habitantes e a
área, expressa em hab/
km2.
59
Elementos de representação dos mapas temáticos Aula
4que resulte apresentação clara e objetiva, sem ambiguidade, levando sempre em
consideração a semiologia gráfica. Atualmente, com o uso efetivo da Cartografia
Digital, usa-se rotineiramente o termo layout em substituição à diagramação.
FORMATOS DE DESENHO
Para a apresentação de desenhos, a Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT (1970) estabelece formatos-padrão de papéis, que de-
verão ser utilizados sempre que possível. O formato básico é o A0, do
qual derivam os demais formatos (Figuras 4.5 e 4.6).
Figura 4.5 – Formatos-padrão de papel para desenho (ABNT).
(Figura 4.6 – Reprodução visual dos formatos-padrão da ABNT).
60
Cartografia Temática
ELABORAÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS
Regras Básicas para Elaboração de um Mapa Temático
A elaboração dos mapas temáticos obedece algumas regras básicas
orientadoras,

Outros materiais