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Cartografia Temática São Cristóvão/SE 2009 Paulo José de Oliveira José Antônio Pacheco de Almeida Projeto Gráfico e Capa Hermeson Alves de Menezes Diagramação Nycolas Menezes Melo Elaboração de Conteúdo Paulo José de Oliveira José Antônio Pacheco de Almeida Oliveira, Paulo José de. CDU 528.94 Copyright © 2009, Universidade Federal de Sergipe / CESAD. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e grava- da por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização por escrito da UFS. FICHA CATALOGRÁFICA PRODUZIDA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Cartografia Temática Reimpressão O48c Cartografia Temática/ Paulo José de Oliveira - José Antônio Sergipe, CESAD, 2009. 1. Cartografia Temática. 2. Mapas I. Almeida, José Antônio Pacheco de Almeida -- São Cristóvão: Universidade Federal de Pacheco de. II. Título UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Cidade Universitária Prof. “José Aloísio de Campos” Av. Marechal Rondon, s/n - Jardim Rosa Elze CEP 49100-000 - São Cristóvão - SE Fone(79) 2105 - 6600 - Fax(79) 2105- 6474 Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância Carlos Eduardo Bielschowsky Reitor Josué Modesto dos Passos Subrinho Vice-Reitor Angelo Roberto Antoniolli Chefe de Gabinete Ednalva Freire Caetano Coordenador Geral da UAB/UFS Diretor do CESAD Antônio Ponciano Bezerra Vice-coordenador da UAB/UFS Vice-diretor do CESAD Fábio Alves dos Santos NÚCLEO DE MATERIAL DIDÁTICO Hermeson Menezes (Coordenador) Edvar Freire Caetano Lucas Barros Oliveira Diretoria Pedagógica Clotildes Farias (Diretora) Hérica dos Santos Mota Iara Macedo Reis Daniela Souza Santos Janaina de Oliveira Freitas Diretoria Administrativa e Financeira Edélzio Alves Costa Júnior (Diretor) Sylvia Helena de Almeida Soares Valter Siqueira Alves Coordenação de Cursos Djalma Andrade (Coordenadora) Núcleo de Formação Continuada Rosemeire Marcedo Costa (Coordenadora) Núcleo de Avaliação Guilhermina Ramos (Coordenadora) Carlos Alberto Vasconcelos Elizabete Santos Marialves Silva de Souza Núcleo de Serviços Gráfi cos e Audiovisuais Giselda Barros Núcleo de Tecnologia da Informação João Eduardo Batista de Deus Anselmo Marcel da Conceição Souza Assessoria de Comunicação Guilherme Borba Gouy Neverton Correia da Silva Nycolas Menezes Melo Coordenadores de Curso Denis Menezes (Letras Português) Eduardo Farias (Administração) Haroldo Dorea (Química) Hassan Sherafat (Matemática) Hélio Mario Araújo (Geografi a) Lourival Santana (História) Marcelo Macedo (Física) Silmara Pantaleão (Ciências Biológicas) Coordenadores de Tutoria Edvan dos Santos Sousa (Física) Geraldo Ferreira Souza Júnior (Matemática) Janaína Couvo T. M. de Aguiar (Administração) Priscilla da Silva Góes (História) Rafael de Jesus Santana (Química) Ronilse Pereira de Aquino Torres (Geografi a) Trícia C. P. de Sant’ana (Ciências Biológicas) Vanessa Santos Góes (Letras Português) Isabela Pinheiro Ewerton AULA 1 Fundamentos e evolução dos conceitos de Cartografia Temática........07 AULA 2 Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais.....19 AULA 3 A variável visual cor.......................................................................35 AULA 4 Elementos de representação dos mapas temáticos..........................55 AULA 5 Coleta, tratamento e análise da informação geográfica.....................69 AULA 6 Os gráficos utilizados na Geografia.................................................................83 AULA 7 Classificação das cartas temáticas..............................................................102 AULA 8 Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas – Manifestação Pontual.........................................................................................119 AULA 9 Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas – Manifestação Linear............................................................................................127 AULA 10 Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas – Manifestação Zonal..............................................................................................135 AULA 11 Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas ordenadas......................................................................................................................143 AULA 12 Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas ...........................................................................................................151 AULA 13 Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas dinâmicas e Cartografia de síntese.............................................................163 Sumário FUNDAMENTOS E EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS DE CARTOGRAFIA TEMÁTICA META Apresentar os fundamentos e evolução e aplicações daCartografia Temática OBJETIVOS Ao final desta aula o aluno deverá: entender os fundamentos da Cartografia Temática; diferenciar a Cartografia Temática da Cartografia Topográfica; compreender como a Cartografia Temática evoluiu para a Cartografia Temática Digital; PRÉ-REQUISITO Para desenvolver as atividades da primeira aula desta disciplina, você deverá dominar o conteúdo da disciplina Cartografia Sistemática. Também, para um melhor aprendizado ao longo de toda a disciplina, será necessário que você tenha acesso a todas as figuras coloridas, disponibilizados na “plataforma”, além de ter em mãos os materiais básicos que utilizou em Cartografia Sistemática: 01 régua de 30 cm 01 escalímetro (opcional), preferencialmente nº 4 01 transferidor de 360º 01 compasso 05 folhas de papel milimetrado no formato A-4 05 folhas de papel manteiga no formato A-4 01 calculadora comum (opcional: científica) 01 lapiseira (grafite 0,5mm – HB) 01 caixa de lápis de cor de 24 ou 36 unidades 01 CD/DVD regravável ou Pen Drive Aula 1 8 Cartografia Temática INTRODUÇÃO Seja bem vindo a esta disciplina. Durante o nosso percurso de 13 aulas, você irá aprender, além de outros conteúdos, que na construção de um mapa, a comunicação só ocorre quando a informação representada é devi- damente apropriada e entendida pelo usuário. Essa informação, representa- da pelo conjunto de símbolos cartográficos é transformada em conheci- mento quando a comunicação cartográfica atinge plenamente os leitores. Sendo os produtos da cartografia temática as cartas, mapas ou plantas em qualquer escala, associadas a um tema específico, a representação temática nos possibilita formular algumas questões: O que você percebe quando você olha para um mapa? Você sabe como são elaborados os mapas? Que linguagem é utilizada para que o usuário possa entender o que está representado num mapa? Onde se localiza o fenômeno geográfico representado? Com qual finalidade os mapas são elaborados? Para quem eles são elaborados? Pois bem, a partir desse momento, iremos responder a essas e a outras questões. Para tanto, vamos nos aprofundar no conhecimento da Cartografia Temática, disciplina responsável pelo planejamento, elaboração e impressão de mapas de um tema específico (geologia, geomorfologia, solo, vegetação, etc.). Durante o caminho, conheceremos como as novas técnicas computacionais, com programas específicos para a elaboração de mapas temáticos vêm promovendo grandes avanços na representação geográfica, constituindo-se na Cartografia Temática Digital. 9 Fundamentos e evolução dos conceitos de Cartografia Temática. Aula 1CARTOGRAFIA TEMÁTICA Na disciplina Cartografia Sistemática você teve os primeiros contatos com a Cartografia Temática, quando comparou a Cartografia de Base (Topo- gráfica) com a Cartografia Temática (Geográfica). Agora detalharemos um pouco mais as diferenças entre ambas e até mesmo algumas semelhanças. O conceito da Cartografia mais aceito atualmente foi estabelecidoem 1966 pela Associação Cartográfica Internacional (ACI), e posterior- mente, ratificado pela UNESCO, no mesmo ano: A Cartografia apresenta-se como o conjunto de estudos e operações cien- tíficas, técnicas e artísticas que, tendo por base os resultados de observações diretas ou da análise de documentação, se voltam para a elaboração de mapas, cartas e outras formas de expressão ou representação de objetos, elementos, fenômenos e ambientes físicos e sócio-econômicos, bem como a sua utilização. A partir do conceito acima percebemos que a Cartografia é muito ampla, abrangendo uma diversidade de conceitos e aplicações, dificul- tando uma simples classificação em Topográfica e Temática. Acredita-se que a cartografia temática tenha surgido com o florescimento dos diferentes ramos de estudos operados com a divisão do trabalho científico no fim do século XVIII e início do século XIX. Essa nova demanda norteou a passagem da representação das propriedades apenas “vistas” para a representa- ção das propriedades “conhecidas” dos objetos, onde o código analógico é substituído por um código mais abstrato, representando-se categorias mental- mente e não visualmente organizadas (Palsky, 1984 citado em Martinelli, 1998). No entanto, de maneira concreta, o primeiro mapa temático que se tem conhecimento não surgiu de uma pré-definição, mas sim de maneira intuitiva, quando foi incorporada a categoria espaço às análises realiza- das no século XIX por John Snow. No ano de 1854 ocorreu em Londres uma epidemia de cólera, uma das várias epidemias trazidas das Índias. Uma corrente científica tentava explicá-la relacionando-a aos miasmas, concentrados nas regiões baixas e pantanosas da cidade e outra à ingestão de água insalubre. Foi então elaborado um mapa (Figura 1.1), identifican- do os locais das mortes por cólera através de pontos e as bombas de água que abasteciam a cidade através de cruzes, permitindo visualizar clara- mente o centro da epidemia, a Broad Street. Esta hipótese foi confirma- da, reforçada por outras informações como a localização do ponto de captação de água da bomba à jusante (rio abaixo) da cidade, em local de máxima concentração de dejetos e de pacientes coléricos. 10 Cartografia Temática O século XIX foi caracterizado como a época da produção de ma- pas, sendo considerado o período áureo da Cartografia, devido ao surgimento de muitas técnicas inovadoras. Entretanto o grande passo dos mapeamentos como apoio aos conhecimentos se dá com o avanço impe- rialista no fim do século XIX. Cada potência necessitava de um inventá- rio cartográfico preciso para as novas incursões exploratórias, incorpo- rando, assim, também esta ciência às suas investidas espoliadoras nas áreas de dominação (Palsky, 1984 citado em Martinelli, 2003b). No século XX, o avanço do refinamento das técnicas cartográficas associado ao surgimento de teorias que enfatizavam a responsabilidade sobre o meio ambiente, deu grande impulso a projetos de mapeamentos temáticos, conseqüentemente, à produção de mapas temáticos. O início da utilização do computador em Cartografia ocorreu por volta de 1960, nos Estados Unidos. Nesta época a ênfase estava na cria- ção de algoritmos que reproduzissem tarefas muito dispendiosas manu- almente, como o traçado de curvas de nível e de reticulados representan- do os paralelos e meridianos segundo uma projeção cartográfica. Durante a década de 1960, fez-se muito esforço para a implementação de algoritmos Figura 1.1 - Mapa da Epidemia de cólera na cidade de londres em 1854. (Fonte: http://www.dpi.inpe.br). 11 Fundamentos e evolução dos conceitos de Cartografia Temática. Aula 1 Algoritmo Sequência de passos ou regras para execu- tar uma determinada tarefa ou para resolver um determinado pro- blema. Softwares Referem-se a todos os programas de um siste- ma computacional. SIG Sistema baseado em computador, que permi- te coletar, manusear e analisar dados geográfi- cos (georreferenciados). Mapa-base Mapa contendo os ele- mentos planimé-tricos e/ou altimétri-cos fun- damentais necessários à representação de um determinado espaço geográfico. que reproduzissem as tarefas manuais que reproduziam as tarefas antes executadas. Dessa forma, com o desenvolvimento dos dispositivos para visualização (monitores e impressoras), o aumento da capacidade de processamento dos computadores e a diversidade de métodos de captura de dados, houve um grande avanço também no desenvolvimento dos softwares para tratar a informação cartográfica. Paralelamente ao de- senvolvimento dos métodos e técnicas para produção, armazenamento e tratamento da informação geográfica, percebeu-se que a informação po- deria ser utilizada para outras atividades além da reprodução de mapas. A sobreposição das informações armazenadas permitia que fossem feitas análises sobre os dados, gerando nova informação. Com isso, surgiram os Sistemas de Informação Geográfica (SIG), ampliando as possibilida- des de elaboração dos mapas temáticos por processos automatizados, ou digitais, como são mais conhecidos atualmente. Ressalte-se que utilização da Cartografia Temática digital não garante que o produto final representará corretamente os fenômenos geográficos, se- jam eles físicos ou abstratos. Se não houver um controle na qualidade do mapa-base e do banco de dados representativo do fenômeno geográfico, ou seja, se esses dados forem imprecisos, contendo erros, o resultado final será um mapa temático capaz de impressionar, mas sem valor técnico-científico. Considerando-se que os dados espaciais (mapa-base) e alfanuméricos (atributos) tenham as qualidades exigidas para a elaboração correta do mapa temático, devemos utilizar as técnicas adequadas da Cartografia Temática de forma que o mapa gerado represente adequadamente o tema e atinja o objetivo a que se propõe. Então, de acordo com Oliveira (2008), se considerarmos apenas o conteúdo da representação cartográfica, a Cartografia pode ser classificada em três tipos: - Cartografia Topográfica: representação fiel e precisa, de conformidade com as normas e convenções específicas às diversas escalas, dos diversos aspectos naturais e artificiais da superfície terrestre. - Cartografia Temática: representação espacial de um tema específico. Enquadram-se neste tipo as cartas geológicas, geomorfológicas, pedológicas, de vegetação e utilização da terra, de uso do solo, rodoviári- as, de população e outras. - Cartografia Especial: representação espacial de um determinado assunto que possua objetivo imediato e específico. Enquadram-se neste tipo as car- tas aeronáuticas e as cartas náuticas. Alguns autores enquadram também como especiais as cartas batimétricas, meteorológicas e geofísicas como especiais. No entanto, analisando as duas últimas classificações e, partindo do princí- pio que toda representação especial trata de um tema, as cartas especiais podem ser também consideradas temáticas. Ainda, a Cartografia Topográfica também é denominada de Cartografia Geral ou Cartografia Básica por alguns autores. 12 Cartografia Temática Figura 1.1 – Quadro diferenciando Cartografia Topográfica e Cartografia Temática. (Fonte: OLIVEIRA (2008) adaptado de DUARTE (1991)). Considerando apenas os dois tipos principais (topográfica e temática), a Figura 1.1 abaixo, auxilia na compreensão da diferença entre ambas. Podemos concluir que a Cartografia Temática é a parte da Cartografia que diz respeito ao planejamento, execução, impressão [ou visualização] de mapas sobre um Mapa Básico, ao qual serão anexadas informações através de simbologia adequada, visando atender as necessidades de um público específico. Daqui para diante con- sideraremos a Cartografia Temática como a linguagem de representação de fatos e fenômenos geográficos com especificidades que resul- tam no processo de tradu- ção visual de uma informa- ção geográfica compatível com o significado intrínse- co da informação a ser traduzida. Além de repre- sentar diferentes fenômenos geográficos de , a exemplo dos tipos de solos e rochas, por exemplo,a Cartografia Temática expressa também idéias abstratas como áreas de influência de uma cida- de, IDH e densidade populacional. Figura 1.2 – Exemplo de um mapa representando um fenômeno geográfico físico (Geologia) (Fonte: http://www.portalbrasil.net). 13 Fundamentos e evolução dos conceitos de Cartografia Temática. Aula 1 Índice de Desenvolvi- mento Humano. A metodologia de cálcu- lo do IDH envolve a transformação das va- riáveis longevidade, educação e renda, em índices que variam de 0 (pior) a 1 (melhor) que, combinados irão compor o indicador- síntese IDH. Quanto mais próximo de 1 (um) o valor deste indicador, maior será o nível de desenvolvimento hu- mano do país ou re- gião. DNPM Departamento Nacio- nal de Produção Mi- neral Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisas Agrope- cuárias NORMAS DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA Segundo o Decreto Lei Nº 243 de 1967 que fixa as Diretrizes e Bases da Cartografia Brasileira, no seu Capítulo IV, Art.6º, §1º, “A Cartografia Temática é o ramo da Cartografia que trata da representação gráfica, para um fim específico, de um tema ou uma correlação de temas, sobre um mapa-base (SANTOS, p.30, 1989)”. A princípio, a Cartografia Temática deverá seguir as normas e padrões da Cartografia brasileira estabelecidas pelo órgão cartográfico nacional, o IBGE. No entanto, não existe uma total sistematização dos procedimentos a serem adotados que atenda aos objetivos do executante e ao mesmo tempo do usuário. Alguns temas têm suas convenções cartográficas padronizadas internacio- nalmente. No Brasil, a representação da Geologia é padronizada pelo DNPM; a Pedologia (ou Solos) tem suas convenções determinadas pela Embrapa. Como exemplo de mapa temático representando um fenômeno geográfico físico, podemos citar o Mapa Geológico do Brasil (Figura 1.2) e de um fenôme- no geográfico abstrato o Mapa do IDH dos Estados do Brasil (Figura 1.3). Figura 1.3 – Exemplo de mapa representando um fenômeno geográfico abstrato (IDH). IDH 14 Cartografia Temática É importante ressaltar que na Cartografia Temática a percepção das informações temáticas tem supremacia sobre as informações da base cartográfica utilizada. Contudo, não se pode suprimir ou negligenciar in- formações importantes como a escala, legenda e projeção cartográfica e que na elaboração de mapas temáticos a comunicação das informações deve ser compreensível para o usuário, fornecendo uma resposta visual clara, coerente, lógica e livre de ambigüidades. O objetivo principal da Cartografia Temática é, portanto, comunicar um tema através dos mapas e para ajudar o leitor a entender o que o mapa apresenta, alguns padrões cartográficos têm sido estabelecidos ao longo do tempo. A leitura dos mapas é uma habilidade básica da comunicação e é utilizada por pessoas de muitas áreas distintas. Por isso, é importante que o Cartógrafo, o Geógrafo ou o profissional que utilizará o mapa como meio de comunicação de suas informações, esteja capacitado a gerar o mapa temático segundo todas as normas da Cartografia. Durante muito tempo os cartógrafos dedicaram seus estudos no senti- do ao desenvolvimento de técnicas que permitissem gerar as representa- ções cartográficas de um modo mais rápido e com menores custos. O ad- vento do computador permitiu mudanças tanto qualitativas como quanti- tativas na produção de mapas e cartas. Qualitativamente é possível interagir com a representação em tempo real enquanto que quantitativamente é pos- sível gerar um maior número de mapas em menor tempo (TAYLOR, 1994). Assim, de um modo geral, podemos afirmar que a Cartografia Temática é responsável pelo planejamento, elaboração e impressão de mapas temáticos e que o sucesso da representação do fenômeno geográ- fico está intimamente associado a um bom conhecimento dos dados ori- ginais e a uma escolha acertada do método de representação gráfica. CONCLUSÃO Os mapas temáticos têm como objetivo a representação espacial de um tema, podendo este tema ser abrangente ou até mesmo imediato e específico. Para tanto, utilizamos símbolos quantitativos e/ou qualitati- vos lançados sobre um mapa-base para representar graficamente os fenô- menos geográficos e suas correlações. A compreensão da representação gráfica utilizada na Cartografia Temática é fundamental para que possamos aplicar adequadamente as técnicas para a representação do fenômeno geográfico. Elaborar mapas temáticos que obe- deçam ao rigor técnico-científico e que atenda ao objetivo desta ciência que é a representação do fenômeno geográfico através da linguagem, gráfica tor- na-se o principal objetivo do cartógrafo, geógrafo e todos os profissionais que utilizam a categoria “espaço” como fonte para suas análises. 15 Fundamentos e evolução dos conceitos de Cartografia Temática. Aula 1RESUMO Nesta aula aprendemos que a Cartografia Temática utiliza a lingua- gem gráfica para a representação do fenômeno geográfico. Comunicando- se através de mapas temáticos, a Geografia consegue alcançar o desafio de representar as informações geográficas espaciais e alfanuméricas de forma objetiva, capaz de ser entendida pela sociedade, tanto através de mapas temáticos direcionados a especialistas, como de mapas turísticos, que têm como público alvo os denominados leigos cartográficos. Atual- mente, com a evolução de técnicas computacionais aplicadas à represen- tação espacial, a Cartografia Temática toma um novo impulso, tanto qua- litativo como quantitativo, possibilitando o manuseio de grandes volu- mes de dados geográficos, impossíveis de serem trabalhados manualmen- te em outros tempos. ATIVIDADES 1. Em nossa primeira atividade, o aluno deverá comparecer à Biblioteca da UFS em sua cidade e, baseando-se no Quadro 1 deste capítulo: - separar 2 cartas topográficas e 2 cartas temáticas; - descrever para cada uma as características que foram preponderantes para a classificação (título, escala, nomenclatura CIM, enquadramento geográfico, tema, etc.). COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES Naturalmente, você utilizou muitas cartas topográficas na disciplina de Cartografia Sistemática e não terá dificuldades em encontrá-las. Para as cartas temáticas utilize os exemplares disponíveis na UFS. Você poderá também consultar o site do IBGE (www.ibge.gov.br) e fazer o download de cartas. Lembre-se também que a disciplina Cartografia Sistemática tem a denominação que consta na grade curricular do Curso de Geografia da UFS, mas a rigor deveria chamar-se Cartografia Básica, cujo conteúdo programático inclui além dos conceitos básicos de cartografia, também a caracterização das cartas topográficas que são representadas segundo uma sistematização a partir das cartas ao milionésimo, por isto denominada Cartografia Sistemática. 16 Cartografia Temática PRÓXIMA AULA Na próxima aula você irá conhecer os métodos da linguagem gráfica utilizada na representação cartográfica, conteúdo fundamental para que você possa dar continuidade ao curso. Como material didático comple- mentar, você deverá ler a Introdução dos livros de Martinelli (2003a e 2003b), indicados nas referências bibliográficas a seguir. REFERÊNCIAS ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São Cristóvão: UFS, 2007. CÂMARA, et al. Análise espacial e geoprocessamento. Disponível em <http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/analise.> Consultado em 04 nov. 2008. CASTRO, Frederico do Valle Ferreira et al. Apostila de Cartografia Temática. Belo Horizonte: Instituto de Geociências. UFMG, 2004. DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. 2 ed. Florianópolis: UFSC, 2002, 2005. FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. Canoas: La Salle, 2000. JOLY, Fernand. A Cartografia. 4 ed. Campinas: Papirus, 2001. MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas. São Paulo: Edusp, 2003a. ______. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo: Con- texto, 2003b. ______. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Mo- derna, 1998. ______.Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991. OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática.Apostila. Aracaju: UFS, 2008. ______ Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007. SANTOS, M.C.S.R. Manual de fundamentos cartográficos e diretri- zes gerais para elaboração de mapas geomorfológicos e geotécnicos. São Paulo: IPT, 1989. TAYLOR, F. Modern Cartography: visualization in modern cartography. 2. Oxford: Pergamon Press, 1994. TEIXEIRA, Amândio Luís de Almeida; CHRISTOFOLETTI, Antonio. Sistemas de Informação Geográfica: Dicionário Ilustrado. São Paulo: Hucitec, 1997. META Conhecer os símbolos cartográficos e métodos da linguagem gráfica utilizados na representação cartográfica. OBJETIVOS Ao final desta aula o aluno deverá: diferenciar o sistema semiológico monossêmico da linguagem polissêmica; entender as relações fundamentais: diversidade, ordem e proporcionalidade; utilizar adequadamente os símbolos cartográficos; ser capaz de identificar e utilizar as variáveis visuais: forma, orientação, tamanho, granulação, valor e cor. PRÉ-REQUISITO Rever o conteúdo da Aula 1 e adquirir uma caixa de lápis de cor com no mínimo 24 unidades. (A caixa com apenas 12 unidades, por não possuir variações de tonalidades das cores, impossibilitará um aprendizado completo, dificultando realização das atividades propostas). Você poderá também estudar e resolver os exercícios, utilizando as ferramentas de desenho do software Microsoft Word (A citação da marca não implica em propaganda comercial, sendo indicada apenas pela facilidade de uso) ou similar. Não se esqueça de copiar as figuras coloridas deste capítulo e dos demais, disponibilizadas na “plataforma”. Aula 2 SEMIOLOGIA GRÁFICA: A LINGUAGEM DOS MAPAS E AS VARIÁVEIS VISUAIS 18 Cartografia Temática INTRODUÇÃO Olá! Que bom nos encontrarmos mais uma vez. Esperamos que tenha aproveitado bastante a primeira aula de nossa disciplina e esteja motivado para avançar nos estudos. Nesta aula, você aprenderá que o universo da semiologia gráfica apli- cada à linguagem dos mapas possibilita a construção de mapas geográficos. Tal afirmativa apóia-se nos métodos e técnicas desenvolvidos especifica- mente para a representação dos fenômenos geográficos. Dessa forma, a representação gráfica através das relações fundamentais de diversidade, ordem e proporcionalidade aplicadas às seis variáveis visuais: forma, tama- nho, orientação, granulação, valor e cor, fornece as ferramentas necessárias para a confecção dos mapas temáticos, iniciando o aluno no domínio das representações gráficas através dos símbolos gráficos. Devido à sua com- plexidade e importância para a Cartografia, a variável visual Cor será estu- dada separadamente na Aula 3. Os símbolos cartográficos figurativos têm sido utilizados de forma a facili- tar o seu reconhecimento pelo leitor. Assim, os objetos cartográficos são transcri- tos através de símbolos, resultando em uma convenção proposta ao leitor pelo redator sendo representada em um quadro de sinais ou legenda do mapa. 19 Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula 2SEMIOLOGIA GRÁFICA: A LINGUAGEM DOS MAPAS Conhecer as propriedades da linguagem visual para utilizá-la adequa- damente é o objeto da semiologia gráfica. SISTEMA SEMIOLÓGICO POLISSÊMICO E MONOSSÊMICO A Cartografia pode ser considerada como uma linguagem universal, no sentido que utiliza uma série de símbolos conhecidos, sendo, portanto, uma linguagem exclusivamente visual e, por isso mesmo, submetida às leis fisioló- gicas da percepção das imagens. Compõe uma linguagem gráfica bidimensional, atemporal, monossêmica, ou seja, de significado único, que tem supremacia sobre as demais linguagens, pois demanda apenas um instante de percepção. Distingue-se da linguagem figurativa, como a fotografia e a pintura que têm característica polissêmica, com significados múltiplos. A comunicação polissêmica representada na Figura 2.1 ocorre quan- do o signo emitido tem por objeto definir um conjunto ou um conceito diante de infinitas possibilidades a um receptor qualquer. Semiologia É a ciência geral dos signos, que estuda todos os fenômenos culturais como se fos- sem sistemas de sig- nos, isto é, sistemas de significação. Em oposição à linguística, que se restringe ao estudo dos signos linguísticos, ou seja, da linguagem, a semiologia tem por objeto qualquer siste- ma de signos (ima- gens, gestos, vestuá- rios, ritos, etc.). Figura 2.1 - Exemplo de representação gráfica polissêmica. Fonte: MARTINELLI (1998). O receptor diante da imagem figurativa, polissêmica, pergunta: O que a imagem procura dizer? Para cada receptor, ela representa algo com sentido diferente, existindo, portanto, ambigüidade. A representação monossêmica exclui qualquer ambiguidade possível. Como pode ser observado na Figura 2.2, a indústria “A” emprega quatro vezes mais de trabalhadores do que a indústria “B”, havendo somente uma 20 Cartografia Temática solução para mostrar visualmente a diferença entre o número de trabalha- dores empregados pelas duas indústrias. Não há, portanto, ambiguidade, não é mais uma arte, pois não exige mais a escolha. Em contrapartida a representação é universal e não exige nenhuma convenção. Figura 2.2 - Exemplo de representação gráfica monossêmica. Fonte: Martinelli (1998). AS RELAÇÕES FUNDAMENTAIS A representação gráfica tem por objeto transcrever as três relações fundamentais: de diversidade ou seletividade ( ), de ordem (O) e de proporcionalidade (Q) estabelecidas entre objetos, por relações visuais da mesma natureza. A transcrição é, portanto, universal, sem ambigüida- de (Figura 2.3). Figura 2.3 – Quadro comparativo das relações fundamentais da representação gráfica. Assim, a diversidade será transcrita por uma diversidade (seletividade) visual, a ordem por uma ordem visual e a proporcionalidade por uma proporcionalidade visual. Saber coordenar tais orientações significa do- minar a síntese dessa linguagem (MARTINELLI, 2003a). Na Figura 2.4, as relações fundamentais são demonstradas através das relações entre os objetos por transcrições gráficas de diversidade, or- dem e proporcionalidade visual. 21 Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula 2 AS VARIÁVEIS ESPACIAIS As variáveis espaciais são as formas de representar a informação cartográfica, geralmente associada com a escala dos mapas. As variáveis espaciais são: - Ponto: é adimensional, representando a posição ou localização. Exem- plos: ponto indicando a localização de uma cidade, de uma mina de ouro, etc. - Linha: é unidimensional, indicando comprimento. Uma linha é formada por uma sucessão de pontos. Exemplos: rodovia pavimentada, rio, limite estadual, etc. - Área, Zona ou Polígono: é bidimensional, representando comprimento e largura. Uma área é formada por um polígono fechado, gerado por uma sucessão de linhas. Exemplo: municípios, estados, regiões, etc. - Volume: é tridimensional, indicando comprimento, largura e altura. Em Cartografia, a terceira dimensão geométrica (altura) não quer dizer neces- sariamente o relevo, mas uma terceira variável como temperatura, por exemplo. Exemplos: Maquete Hipsométrica, Modelo Digital do Terreno, Modelo Digital de Precipitação Pluviométrica, etc. AS VARIÁVEIS VISUAIS A teoria das Variáveis Visuais ou de Retina foi introduzida por Bertin em 1967, baseada nas variações percebidas pela retina que é o órgão sen- sível do olho humano, formando a linguagem gráfica ou “cartográfica”, que será detalhada nesta aula. A elaboração de mapas através da representação gráfica pode ser ex- pressa mediante a variação das duas dimensões no plano (X,Y), que são as dimensões horizontal e vertical da folha de papel ou mesmo a tela do Figura 2.4 – Quadro com as relações fundamentais entre os objetos. Fonte: Martinelli (2003a). 22 Cartografia Temática monitor de computador em que será desenhado o mapa. Um ponto dese- nhado tela do monitor ou no papel, encontra-se posicionado em um deter- minado lugar representado pelas dimensões (X,Y). Esta marca visível, além de ter uma posição conhecida no espaço, pode ser associada a um atributo,isto é, assumir uma terceira dimensão (Z), representada através das modu- lações visuais sensíveis (Figura 2.5). Assim, as dimensões do plano (X,Y) mais as seis modulações visuais sensíveis constituem as variáveis visuais ou variáveis de retina: forma, orientação, tamanho, valor, granulação e cor. Figura 2.5 – As duas dimensões do plano (x,y) e a variável visível ou atributo (z). Fonte: Almeida (2008) adaptado de Martinelli (2003a). Figura 2.6 – Quadro demonstrativo das seis modulações visuais sensíveis. Fonte: Martinelli (2003a). As duas dimensões (X,Y) do plano identificam a posição do lugar. Responde ao “ONDE?” Entretanto, os mapas mostram não só mostram a posição dos lugares, mas também podem dizer muito sobre eles, carac- terizando-os através da variável (Z), utilizando as relações fundamentais. O esquema apresentado na Figura 2.7 a seguir demonstra como o aspecto qualitativo ( ) responde a questão “O QUE?”, caracterizando relações 23 Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula 2de diversidade entre os lugares; o aspecto ordenado (O) responde à ques- tão “EM QUE ORDEM?”, caracterizando relações de ordem e o aspecto quantitativo (Q) responde à questão “QUANTO?” caracterizando rela- ções de proporcionalidade entre os lugares. Figura 2.7 – Variáveis visuais sensíveis e as propriedades perceptivas compatíveis. Fonte: Almeida (2008) adaptado de Martinelli (2003b). AS PROPRIEDADES PERCEPTIVAS DAS VARIÁVEIS VISUAIS Segundo Martinelli (1998), as variáveis visuais apresentam proprie- dades perceptivas características diante do nosso olhar. São elas: - Percepção dissociativa: a visibilidade é variável, onde afastando-se da vista tamanhos e valores visuais diferentes, somem sucessivamente (ta- manho e valor); - Percepção associativa: a visibilidade é constante e as categorias se con- fundem com a distância; no entanto, afastando-se da vista, não somem (forma, orientação, granulação e cores de mesmo valor visual (contrastantes); - Percepção seletiva: o olho consegue isolar os elementos distintos (for- ma, orientação, tamanho, granulação, valor e cor de mesmo valor visual (contrastante); - Percepção ordenada: as categorias se ordenam naturalmente (tamanho, granulação, valor e cores com valores visuais diferentes); - Percepção quantitativa: a relação de proporção é imediata (somente tamanho). A aplicação prática da utilização desses conceitos é apresentada na Figura 2.8, ou seja, como representar nos mapas temáticos, pontos, li- nhas e áreas, diferenciadas, ordenadas e proporcionais entre si. 24 Cartografia Temática CONCEITUAÇÃO DAS VARIÁVEIS VISUAIS Como já vimos, as variáveis visuais ou de retina são todas as varia- ções percebidas pela retina e formam a linguagem gráfica, que se mani- festam nas representações cartográficas de seis maneiras distintas: - Forma: representa dados qualitativos associativos, podendo assumir formas geométricas ou não. Exemplos: quadrado, círculo, triângulo, losango, guarda-sol, farol, etc. - Orientação: representa dados qualitativos seletivos. Exemplo: linhas horizontais, verticais, inclinadas à direita, inclinadas à esquerda. Figura 2.8 – Quadro demonstrativo da aplicação da percepção. Fonte: Martinelli (1998). 25 Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula 2- Tamanho: utilizada para representação de dados quantitativos, preferen- cialmente demonstrando a proporção correta entre as classes. Exemplo: círculos representados pelos seus diâmetros, proporcionais ao elemento estudado (círculo com 5 mm, círculo com 3 mm, círculo com 2 mm). - Granulação: representa dados quantitativos ou qualitativos também in- dicando ordenamento. É semelhante à intensidade, porém a variação ocor- re na repartição de preto e de branco, mantendo-se a proporção de preto e branco. Exemplo: linha tracejada com traços e espaçamentos iguais de 1 mm, 2 mm e 3 mm e assim por diante. - Intensidade ou Valor: usada para representar dados quantitativos ou qualitativos indicando ordenamento. O preenchimento da figura pode ser com tons de cinza ou tons de uma única cor (representação monocromática). Neste caso a variação não vai estar na cor, mas sim na sua intensidade. Exemplo: círculo verde escuro, círculo verde médio, cir- culo verde claro. - Cor ou Tom de Cor: representa tanto dados quantitativos como qualita- tivos. Para os qualitativos (sem ordenamento) são utilizadas cores contrastantes e para os quantitativos ou qualitativos (com ordenamento) utilizam-se cores análogas, também denominadas sequenciais ou seme- lhantes. Exemplos: cores contrastantes (amarelo, vermelho, azul); cores harmônicas (amarelo, laranja, vermelho). É importante observar que, ao ser utilizada uma única cor variando- se sua “tonalidade”, ou seja, de claro a escuro, a variável utilizada é a Intensidade e não a Cor, embora com aparente variação de cor. Exemplo: azul escuro, azul médio, azul claro. Devido às suas propriedades e importância na Cartografia, dedicare- mos a próxima aula inteira ao estudo da variável Cor. O quadro seguinte, indicado na Figura 2.9, resume a teoria das Variáveis Visuais propostas por Bertin, apresentando alguns exemplos de utilização das variáveis visuais: forma, orientação, tamanho, granulação, valor e cor e os modos de implantação pontual, linear e zonal, que você deverá compreender bem para utilizá-lo na representação dos fenômenos geográficos. OS SÍMBOLOS CARTOGRÁFICOS Como já visto, as variáveis espaciais são as formas de representar a informação cartográfica. Ao longo do tempo, estas formas foram se adap- tando à tecnologia e ao fácil reconhecimento pelo leitor. Por exemplo, por vários séculos as montanhas foram representadas em elevação ou em pers- pectiva. Nos mapas mais recentes, o azul dos mares e rios ou o verde das florestas agregam um valor de sugestão universal, representando a água e as matas respectivamente. 26 Cartografia Temática Figura 2.9 – Esquema das variáveis visuais e os modos de implantação em Cartografia. (Fonte: Oliveira (2008) adaptado de Martinelli (2003b e 1993). 27 Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula 2Os objetos cartográficos são transcritos através de grafismos, os sím- bolos, resultando em uma convenção proposta ao leitor pelo redator, e que é representada num quadro de sinais ou legenda do mapa. O símbolo é, portanto, a representação gráfica de um objeto ou de um fato sob forma sugestiva, simplificada. De acordo com as caracterís- ticas específicas, os símbolos cartográficos podem ser classificados atra- vés da sua dimensão espacial em três categorias: ponto, linha, área e volu- me (Figura 2.10). A forma utilizada como característica específica dos símbolos cartográficos divide-se em várias categorias: pictograma, ideograma, símbolo regular geomé- trico, símbolo não geométrico e símbolo alfanumérico (Figura 2.11). Figura 2.11 – Classificação dos símbolos cartográficos de acordo com sua categoria. Fonte: Adaptado de Almeida (2008). Figura 2.10 – Classificação dos símbolos cartográficos de acordo com sua dimensão espacial. Fontes: Adaptado de Ramos (2005) e Almeida (2008). 28 Cartografia Temática CONCLUSÃO A utilização da semiologia gráfica na linguagem dos mapas é de fun- damental importância para que o geógrafo atinja a meta de comunicar-se com o público alvo que, nem sempre é composto por especialistas, a exem- plo dos mapas turísticos. Portanto, a compreensão e o uso adequado das relações fundamentais de diversidade, ordem e proporcionalidade visual, bem como das seis variáveis visuais, permitirão não somente responder onde o fenômeno geográfico ocorre, mas também a diversidade do fenô- meno e/ou a ordem e/ou a proporcionalidade. Assim, é imprescindível que a aplicação dos métodos e técnicas para confecção de mapas geográ- ficos seja norteada pela semiologia gráfica. RESUMO A semiologia gráfica apresentada nesta aula mostra a importância do uso adequado dos métodos e técnicas na elaboração de mapas geográficos. No primeiro tópico discutimosas diferenças entre a representação polissêmica e monossêmica, que são de fundamental importância para entendermos as re- lações fundamentais (diversidade, ordem e proporcionalidade). A partir des- se entendimento, apresentamos as seis relações visuais sensíveis e os símbo- los cartográficos, evidenciando a importância da utilização adequada desses últimos na elaboração dos mapas para facilitar a identificação. ATIVIDADES 1. Apresentar duas figuras esquemáticas demonstrando os conceitos de representação polissêmica e monossêmica. 2. Preencha os quadros a seguir com as variáveis visuais seletiva, ordena- da e quantitativa em ponto, linha e área. PONTO Represente nos campos, símbolos pontuais diferenciados ( ) 29 Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula 2Atribua aos círculos idéia de ordem (O) Represente nos campos, quadrados de tamanhos proporcionais LINHA Represente linhas diferenciadas ( ) Atribua aos traços a idéia de Ordem (O) Represente linhas com espessuras proporcionais (Q) ÁREA Aplique nos campos texturas diferentes ( ) 30 Cartografia Temática Aplique nos campos texturas de linhas que dêem idéias de ordem (O) 3. Elabore slides no software PowerPoint da Microsoft representando as variáveis visuais e os modos de implantação. Você poderá usar a bibliote- ca de símbolos existentes no software. Seja criativo! COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES Através das atividades propostas pretendemos aplicar os conceitos que devem ser apreendidos pelo aluno para a elaboração de mapas temáticos. Ao realizar a primeira atividade você será capaz de distinguir adequadamente a representação polissêmica da monossêmica. As demais atividades possibilitarão a você, segurança para melhor escolher a variável visual e o modo de representação adequado para cada fenômeno geográfico. Observe que, em geral, existem várias possibilidades de escolha. Seja versátil! Se desejar, poderá usar a variável visual da cor em alguns casos, mas tome cuidado, pois a Cor, por ser mais complexa, será estudada separadamente na próxima aula. PRÓXIMA AULA Devido à importância e à complexidade do uso das cores na elabora- ção de mapas temáticos, na próxima aula dedicaremos nossos estudos exclusivamente à variável visual cor. Não se esqueça de copiar as figuras coloridas disponibilizadas no “portal”. REFERÊNCIAS ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São Cristóvão: UFS, 2008. CASTRO, Frederico do Valle Ferreira et al. Apostila de Cartografia Temática. Belo Horizonte: Instituto de Geociências. UFMG, 2004. DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. 2 ed. Florianópolis: UFSC, 2002. Microsoft A citação da marca não implica em propa- ganda comercial, sen- do indicada apenas pela facilidade de uso. 31 Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula 2FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. Canoas: La Salle, 2000. JOLY, Fernand. A Cartografia. 4 ed. Campinas: Papirus, 2001. MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas. São Paulo: Edusp, 2003a. ______. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo: Con- texto, 2003b. ______. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Mo- derna, 1998. ______. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991. OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São Cris- tóvão: UFS, 2008. ______. Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007. RAMOS, Christiane da Silva. Visualização cartográfica e Cartografia multimídia: conceitos e tecnologias. São Paulo: UNESP, 2005. SANTOS, M.C.S.R. Manual de Fundamentos cartográficos e diretri- zes gerais para elaboração de mapas geomorfológicos e Geotécnicos. São Paulo: IPT, 1989. TAYLOR, F. Modern Cartography: visualization in modern cartography. v.2. Oxford: Pergamon Press, 1994. TEIXEIRA, Amândio Luís de Almeida; CHRISTOFOLETTI, Antonio. Sistemas de Informação Geográfica: Dicionário Ilustrado. São Paulo: Hucitec, 1997. A VARIÁVEL VISUAL COR META Demonstrar a importância do uso da cor nos mapas temáticos. OBJETIVOS Ao final desta aula o aluno deverá: interpretar as radiações visíveis no espectro eletromagnético; utilizar corretamente as três dimensões da cor: tom, luminosidade e saturação; utilizar adequadamente o círculo das cores na elaboração de mapas temáticos os símbolos; cartográficos. PRÉ-REQUISITO Rever o conteúdo da Aula 2 e adquirir uma caixa de lápis de cor com no mínimo 24 unidades(Lembre-se que a caixa de lápis colorido com apenas 12 unidades, por não possuir variações de tonalidades das cores, não possibilitará um aprendizado completo), caso você ainda não o tenha feito. Assim como na aula anterior, você poderá também estudar e resolver os exercícios, utilizando as ferramentas de desenho do software Microsoft Word (A citação da marca não implica em propaganda comercial, sendo indicada apenas pela facilidade de uso) ou similar. Aula 3 34 Cartografia Temática INTRODUÇÃO Olá! Este é o nosso terceiro encontro e esperamos que você esteja aproveitando bastante os conteúdos já apresentados. Na aula passada, conhecemos os símbolos cartográficos e métodos da linguagem gráfica utilizados na representação cartográfica. Além dis- so, aprendemos a diferenciar o sistema semiológico da linguagem polissêmica, a utilizar adequadamente os símbolos cartográficos e iden- tificar e utilizar as variáveis visuais, além de compreender as relações de diversidade, ordem e proporcionalidade. Nesta aula, vamos conhecer uma variável visual que está sempre presente na composição dos mapas e tem grande poder de comunicação. Estamos nos referindo às cores. Dentro desta temática, vamos aprender a interpretar as radiações visíveis no espectro eletromagnético, a utilizar adequadamente as três dimensões da cor (tom, luminosidade e satura- ção), bem como o círculo das cores na elaboração de mapas temáticos. Será que deu para despertar um pouquinho a sua curiosidade? En- tão, siga em frente com a leitura e boa aula! 35 A variável visual Cor Aula 3PORQUE O ESTUDO DAS CORES MERECE UMA ATENÇÃO ESPECIAL? A cor, além de afetar a emotividade humana, é uma variável visual sempre presente e que tem um grande poder de comunicação. Na elabo- ração de mapas temáticos, as cores, juntamente com os símbolos e letras, devem ser utilizadas em composições harmoniosas, não podendo apare- cer aleatoriamente, sem respeitar o bom senso e algumas regras básicas. O produto resultante deve ter um significativo poder de comunicação, as informações cartográficas devem estar corretamente representadas, e o conhecimento adquirido pelos usuários, através do uso desse mapa preci- sa ser correto e não deixar margens a dúvidas. Para alcançar este objetivo, o conhecimento sobre as cores deve ser mais preciso do que seu uso no cotidiano. Devemos assim, utilizar os conceitos de cor, a qual é definida segundo três dimensões: tom ou matiz, luminosidade ou valor e saturação. As cores que maravilham nosso cotidiano são obtidas pela combi- nação de cores denominadas primárias: vermelho, amarelo e azul, que misturadas dão origem às cores secundárias: laranja, verde e violeta. Des- sa forma, em um trabalho cartográfico, devemos levar em consideração que as cores têm um significado, e para o geógrafo, não é suficiente que a vegetação seja representada em verde e os rios em azul. Mas qual verde e qual azul utilizar? Como deve ser o verde claro? Como deve ser o verde escuro? Para por em prática o uso corretos das cores na elaboração dos mapas temáticos, devemos estar atentos para que a cor, além de apresen- tar um efeito estático, tenha significado e que o resultado seja claro, con- seguindo transmitir a informação temática pretendida. ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO RADIAÇÃO VISÍVEL A Cor não existe, a cor é uma sensação! O fenômeno de o ser humano enxergar as diferentes cores está associado aos estímulos do cérebro, que tem a capacidade de diferenciar uma onda eletromagnética da outra. Vejamos, o vermelho tem uma freqüência diferente do azul, por esta razão, podemos afirmarque as cores não existem e sim objetos que refletem ondas de freqüências diferentes, provocando no cérebro a sensação de cores. 36 Cartografia Temática RADIAÇÃO VISÍVEL – LUZ O conjunto de radiações eletromagnéticas compreendidas entre os comprimentos de ondas de 0,39Mm a 0,70Mm (micrômetros) é denomi- nado de espectro visível, conhecido como luz. Assim, as radiações com- preendidas nesta faixa de comprimento de onda ao interagirem com o Figura 3.1 – Relação de cores e suas respectivas faixas espectrais no visível. Figura 3.2 – Espectro eletromagnético Figura 3.3 – Faixa visível do espectro eletromagnético (matizes). 37 A variável visual Cor Aula 3sistema ocular humano são capazes de provocar uma sensação de cor (Figuras 3.1, 3.2 e 3.3). AS TRÊS DIMENSÕES DAS CORES De acordo com as três dimensões das cores elas são definidas em: tom ou matiz, luminosidade ou valor e saturação da cor. O tom da cor ou matiz corresponde ao seu comprimento de onda no espectro visível. Portanto está associada à denominação propriamente dita da cor, é a cor pura (azul, verde, vermelho, etc.). Os tons de cores são representados por um diagra- ma denominado de círculo de cores (Figura 3.4). Figura 3.4 – Círculo das cores. (Fonte: http://www.lsc.ufsc.br). A luminosidade da cor ou valor corresponde à quantidade de energia refletida. É o que denominamos de claro ou escuro em relação às cores, como verde claro e verde escuro, por exemplo. O verde é o tom da cor, e o claro ou escuro é a variação em luminosidade ou valor da cor (Figura 3.5). Figura 3.5 – Variação em luminosidade de cor em tons de cinza e azul, respectivamente. Fonte: Adaptado de Vieira (2004). A saturação é a variação que assume um mesmo matiz e diz respeito à pureza da cor, iniciando com o neutro absoluto, passando pelo cinza até che- 38 Cartografia Temática gar à cor pura. Assim quando o nível de saturação é máximo, a cor transfor- ma-se em cinza, ou seja, não há percepção do tom da cor (Figura 3.6). Figura 3.6 – Variação em saturação de um tom de cor. Fonte: Vieira (2004). Para facilitar a compreensão do círculo das cores, apresentamos a se- guir (Figura 2.8) o círculo de cores já com as pastilhas preenchidas. Observe que temos duas ordens visuais crescentes a partir do amarelo, do lado esquer- do as cores frias e do lado direito as cores quentes. As cores frias criam uma sensação de quietude, frescor, tranquilidade, profundidade, dando a impressão que se situam atrás do plano que as CÍRCULO DAS CORES A utilização do círculo das cores na elaboração de mapas temáticos possibilita a escolha adequada das cores. Para construí-lo, devemos dis- por uma série de pastilhas coloridas segunda a sucessão espectral e de acordo com os comprimentos de ondas (Figura 2.7). As cores primárias ou básicas são o amarelo, o ciano (azul claro a esverdeado) e o magenta (vermelhão ou vermelho róseo). 39 A variável visual Cor Aula 3contém. Nos mapas de vegetação, a cor fria verde-escuro mostra as vege- tações mais densas, enquanto em mapa altimétricos, o verde representa as regiões mais baixas. O azul lembra o ar e a água. Cria a sensação de pureza, simplicidade e calma. É utilizado nos mapas para representar os elementos hidrográficos: rios, lagos, chuva, etc. Em razão dos efeitos de vivacidade, calor e alegria, as cores quen- tes são atraentes, transmitindo a idéia de dinamismo. Elas também cau- sam a sensação de aproximação aos nossos olhos. O laranja (ou alaranjado) indica dinamismo, prosperidade, luz do sol, etc. Pode-se verificar que muitos remédios, especialmente os infantis, apresentam-se em cor rosa, proporcionando uma sensação agradável. Figura 2.8 – Círculo das cores evidenciando cores frias e quentes, claras e escuras. (Fonte: Oliveira (2008) adaptado de Martinelli (2003b). HARMONIA DAS CORES Podemos considerar que ocorre harmonia das cores quando estas são utilizadas de acordo com uma disposição ordenada ou simétrica no círculo de cores. A harmonia das cores pode ser compreendida de três formas: har- monia monocromática; harmonia pelas cores vizinhas ou analogia e har- monia pelas cores opostas ou contraste. Embora alguns autores conside- rem que a harmonia ocorre somente quando há composição monocromática ou pelas cores vizinhas, classificando a composição por contraste como um caso à parte, nesta disciplina, adotaremos que haverá sempre harmo- Harmonia É a disposição bem equilibrada entre as partes de um todo; proporção, ordem, si- metria. 40 Cartografia Temática nia, desde que utilizando um das três formas citadas e que serão discrimi- nadas a seguir. A harmonia monocromática ocorre quando usamos apenas uma cor, variando a saturação ou o valor (luminosidade, brilho). Esta representa- ção serve para demonstrar a intensidade de um fenômeno geográfico, em que as cores fracas indicam valores menores e cores mais escuras indicam valores maiores, a exemplo dos mapas de temperatura, precipitação pluviométrica, tipos climáticos, etc., onde se evidencia o aspecto ordena- do e/ou quantitativo. Este tipo de harmonia é bastante utilizado nos mapas temáticos, devendo-se ter muito cuidado, principalmente na variação de saturação, de forma a não tornar a combinação monótona. A harmonia pelas cores vizinhas é uma forma de utilizar harmonicamente as cores vizinhas do círculo de cores. Havendo necessidade de representar muitos fenômenos, deve-se optar pela utilização da harmonia pelas cores vizinhas, pois tanto a harmonia monocromática como a harmonia pelas cores vizinhas servem para representar fenômenos que indicam hierarquia ou freqüência. Como exemplo, podemos citar o mapa hipsométrico que evidencia o aspecto ordena- do e quantitativo do relevo (classes de altitude). A harmonia pelas cores opostas é empregada quando queremos de- monstrar a distinção entre os fenômenos geográficos. Como por exemplo, um fenômeno natural e um fenômeno urbano. As cores opostas são aquelas que ficam diametralmente opostas no Círculo das Cores, a exemplo do verde que está diametralmente oposto ao laranja-avermelhado. Um mapa característico da aplicação de cores opostas é o político-administrativo, onde o objetivo é a distinção entre os territórios, evidenciando o caráter qualitativo. Portanto, a representação monossêmica dos fenômenos geográfi- cos deve ser aplicada convenientemente pelo cartógrafo ou geógrafo, ca- bendo ao mesmo, observar cuidadosamente as propriedades perceptivas das variáveis visuais. Na Figura 2.9 a seguir, apresentamos um exemplo de mapa temático digital onde as variáveis visuais foram aplicadas corretamente de acordo com o tema representado. O mapa aborda o Fluxo Aéreo no Brasil, sendo fornecidos dados sobre o fluxo das linhas aéreas, se é grande, médio ou pequeno, além de dados sobre o porte dos aeroportos, se é internacional ou doméstico e se o movimento é grande, médio ou pequeno. Para a in- tensidade do fluxo foi utilizada a variável visual “tamanho” com implan- tação “linear”, pois as aeronaves deslocam-se em linhas, sendo que a li- nha aérea com maior fluxo foi representada com a maior espessura, evi- denciando-se assim o caráter ordenado e de proporcionalidade. Já para a diferenciação entre aeroporto doméstico e internacional, foi utilizada a implantação “pontual” para a variável visual “cor contrastante”, fixando- se a forma geométrica “círculo”; as cores azul e vermelho são diametralmente opostas no círculo de cores e por isto, contrastantes, 41 A variável visual Cor Aula 3evidenciando a relação fundamental da diversidade visual. Para o movimen- to dos aeroportos, com o objetivo de destacar a relação de ordem e também de proporcionalidade, os círculos tiveram seus tamanhos proporcionais aos movimentos, sendo que os círculos de maior diâmetro correspondem aos maiores movimentos e os de menor diâmetro, menores movimentos. Figura 2.9 – Exemplo de mapa temático com a correta aplicação das variáveis visuais. (Fonte: http://www.uol.com.br). SISTEMAS DE COR Como complemento de seu aprendizado sobre a composição decores que são utilizadas nos mapas, tanto básicos quanto temáticos, apre- sentaremos a seguir um resumo dos principais Sistemas de Cor. Os sistemas de cor são utilizados para a composição de cores a partir das cores básicas, a depender de sua aplicação. Os principais siste- mas são: - RGB: utilizado em eletrônica, computação e monitores - CMYK: utilizado na área gráfica e impressoras - HSV: utilizado na área gráfica e computação - CieLab e CieLCh: utilizado em indústrias têxtil, cerâmica, tinta e outros. Na Cartografia, principalmente a Digital, os sistemas RGB, CMYK e HSV são os mais utilizados e serão discriminados a seguir. Você poderá obter informações complementares, acessando outras publicações pela Internet. 1. Sistema RGB Red (Vermelho) Green (Verde) Blue (Azul) 42 Cartografia Temática - Inspirado no sistema visual humano - Cores obtidas através do processo aditivo envolvendo as cores: verme- lha, verde e azul (cores primárias em fontes de luz) A cor “branca” é a reflexão total das cores, ou a “união de todas as cores”. 2. Sistema CMYK Cyan (Ciano) Magenta (Magenta) Yellow (Amarelo) blacK (Preto) - sistema complementar ao RGB C R M G Y B Adição de cores primárias (Fonte: FURB (Universidade de Blumenau – Sistemas Multimídia, 2008). Subtração de Cores Primárias (Fonte: FURB (Universidade de Blumenau – Sistemas Multimídia, 2008). 43 A variável visual Cor Aula 3- cores obtidas pelo processo subtrativo envolvendo as cores: amarela, ciano e magenta (cores secundárias em fontes de luz). A “cor preta” é a absorção total das cores, ou “ausência de cor”. 3. Sistema HSV Hue (Matiz, Nuança ou Cor) Saturation (Saturação) Value (Valor, Luminosidade, Luminância ou Brilho) SÓLIDOS OU ESQUEMA DE CORES A seguir, estão representados diversos sólidos ou esquema de cores, onde é possível obter as variações de cor pelos diferentes sistemas. a) Sólido de Ostwald (Fonte: FURB (Universidade de Blumenau – Sistemas Multimídia, 2008). b) Corte de sólido de cores de Ostwald para o matiz amarelo (Losano, 1978). 44 Cartografia Temática c) Sólido de cor de Munsell (Adobe Systems Incorporated, 2001) d) Esquema de cores do software “Microsoft Office for Windows”. CUIDADOS ESPECIAIS COM AS CORES AZUL, CINZA, PRETO E BRANCO Cuidado especial deve ser tomado também com a cor azul, pois normalmente aparece na hidrografia dos mapas-base. Então, numa repre- sentação temática em que a hidrografia (rios, riachos, oceano, lagos) seja representada no mapa-base, deve-se optar por outra cor no lugar do azul, de forma a não encobrir os as representações planimétricas hidrográficas, assim como a sua toponímia. O cinza é uma cor neutra, ou seja, não produz harmonia nem por contraste nem por analogia com cores vizinhas. Na prática, o cinza não é Fonte: Microsoft Office (2007). 45 A variável visual Cor Aula 3uma cor do espectro, sendo obtido indiretamente pela saturação máxima de qualquer cor ou então pelas diferentes misturas de preto e branco. Quando optar por cores, evite o “cinza”, pois esta cor geralmente é utilizada não para representar parte de um tema, mas sim para as áreas limítrofes, ou então, ausência (falta) de dados. Por exemplo: no Mapa Político do Brasil, as cores são aplicadas nos Estados e o cinza unicamen- te nos países vizinhos, ou em áreas de litígio, desde que os países vizi- nhos fiquem em branco ou outro tom neutro. No entanto, para representações monocromáticas em tons de cin- za, estes poderão ser aplicados no tema, desde que não haja nenhuma nomenclatura em preto dentro das áreas, pois aí o cinza encobriria o pre- to. Da mesma forma, o cinza poderá ser utilizado em casos especiais, variando-se a saturação de uma cor, embora não resulte em uma visualização muito agradável. O cinza também é utilizado em um mapa temático colorido, para representar áreas onde não há dados, para que estas fiquem neutras em ralação às áreas com dados. Obviamente neste caso, as áreas vizinhas não poderão ser representadas em cinza, mas sim em branco ou outro tom neutro ou suavizado. Conforme já foi visto, o preto constitui-se na prática como absor- ção total das cores ou “ausência de cor”. Na escala de tons de cinza, o preto seria o valor máximo, ou seja, 100% de preto e 0% de branco). A cor preta geralmente é utilizada em Cartografia para indicar a toponímia dos acidentes geográficos, exceto para a hidrografia que é identificada na cor azul. Também é utilizada na composição do título, escala, reticulado, legenda, quadro de convenções cartográficas e notas. Recomenda-se utilizar a cor preta somente nos casos de aplicação da variável visual “granulação”, onde sempre haverá alternância entre preto e branco ou “valor em tons de cinza”, quando o preto aparecerá somente nas áreas onde o tema ocorrer em maior intensidade. Obvia- mente, em nenhum dos casos, poderá haver toponímia na parte interna das áreas onde serão aplicadas as variáveis visuais. De forma semelhante ao preto, o “branco” também não se consti- tui em uma cor propriamente dita, mas sim na reflexão total das cores ou “junção de todas as cores”. Assim, deve ser utilizado para identificar áre- as vizinhas à área em estudo ou então para indicar áreas com “inexistência” do fenômeno no espaço considerado. Ressalte-se que há uma diferencia entre “falta” e “inexistência”. Falta significa que o dado existe, mas não foi mensurado ou coletado, como por exemplo, num mapa temático de quantidade de casos de esquistossomose nos municípios, onde poderá haver problemas na coleta de dados ou amostras de sangue em alguma área. Já inexistência significa que o dado realmente não existe, ou seja, não há amostragem na área, como ocorre nos mapas temáticos de produção agrícola, por exemplo, Litígio Questão judicial; pendência; disputa. Fonte: Novo Dicio- nário Aurélio Ele- trônico (2004). 46 Cartografia Temática onde alguns municípios possuem áreas plantadas de uma determinada cultura e outros não. Então, muito cuidado ao utilizar as cores azul, cinza, preto e branco! CONCLUSÃO A variável visual Cor é a mais utilizada nos mapas temáticos. Por isso, conhecer suas propriedades é de suma importância para a Cartografia. Como fisicamente a cor não existe, pois o que percebemos é apenas uma sensação de cor, é importante entendê-la a partir da interpretação das radi- ações visíveis no espectro eletromagnético e aplicá-las corretamente nos mapas topográficos e principalmente nos temáticos. Utilizar adequadamen- te as três dimensões da cor como tom, luminosidade e saturação, ampliará suas possibilidades de melhor representar um tema no mapa. Também im- portante é utilizar corretamente o círculo das cores na elaboração de mapas temáticos de forma que haja sempre harmonia, a depender do fenômeno representado. Quando for necessário destacar a diversidade, ou seja, dife- renciar bem as feições geográficas, os melhores resultados são obtidos com cores contrastantes (opostas no círculo de cores). Porém, se o tema reque- rer o ordenamento e, em alguns casos, a proporcionalidade, utiliza-se prefe- rencialmente a harmonia monocromática ou então por cores vizinhas (aná- logas ou semelhantes). Na Cartografia Temática Digital é muito importante conhecer os Sistemas de Cor, pois através deles, as cores podem ser mani- puladas digitalmente, alterando-se sua composição e transformando-as em outras cores, seja pelos sistemas RGB, CMYK ou HSV. Aprendendo e pra- ticando todas estas técnicas você estará apto a elaborar qualquer tipo de mapa temático e de excelente qualidade cartográfica. 47 A variável visual Cor Aula 3RESUMO Nesta aula, conhecemos a importância do estudo das cores para seu uso adequado na elaboração de mapas temáticos. Como elas têm um grande poder de comunicação visual, devem ser utilizadas de forma criteriosa, associadas a símbolos e letras, buscando sempre preservar a harmonia do produto elaborado. Todo esse cuidado tem como finalidade a elaboração de um mapa que atenda às necessidades do usuário. O Es- pectro Eletromagnético visível nos permiteidentificar as variações de cores entre violeta e vermelho. As cores estão divididas em três dimen- sões: tom ou matiz, luminosidade ou valor e saturação. Além disso, há o Círculo das Cores que nos permite distinguir as cores frias das cores quen- tes, as cores claras das cores escuras e a funcionalidade de cada uma dessas variantes, bem como nos conduz às três formas de compreensão da harmonia das cores: harmonia monocromática, harmonia pelas cores vizinhas e pelas cores opostas. Para a obtenção das cores em monitores de computador, impressoras e métodos gráficos, utilizam-se os Sistemas de Cores os quais permitem diferentes composições a partir das cores primárias e secundárias. Um cuidado especial deverá ser tomado ao se- rem utilizadas as cores: preto, branco, cinza e azul. ATIVIDADES 1. Proponha uma legenda, segundo a variável visual da Cor, para um Mapa de Densidade Demográfica de uma determinada região, conforme abai- xo. Indique a variável visual e o modo de implantação utilizados. hab/km2 < 500 Variável utilizada: _______________________ 501 a 1.000 Modo de implantação: ________________ > 1.000 2. Proponha uma legenda, utilizando a variável visual da Cor, para o Mapa Político do Brasil, segundo as regiões administrativas, abaixo. Indique a variável visual e o modo de implantação utilizados. NORTE NORDESTE Variável utilizada: ___________________ 48 Cartografia Temática CENTRO-OESTE Modo de implantação: ________________ SUDESTE SUL 3. Aplique nos mapas hipotéticos a seguir, variáveis visuais de moda a representar adequadamente os temas indicados. Indique também a variá- vel visual e o modo de implantação utilizados. a) MAPA DE SOLOS Objetivo: separar (diversidade) três solos diferentes A, B, C. Variável: ___________________________ Modo de Implantação: ________________ b) MAPA DE APTIDÃO AGRÍCOLA DE SOLOS Objetivo: classificar (ordem) três solos diferentes quanto à sua apti- dão para agricultura. Indique a variável visual e o modo de implantação utilizados. A - Alta B - Média C - Baixa Variável: ___________________________ Modo de Implantação: ________________ c) MAPA DE DENSIDADE DEMOGRÁFICA Objetivo: classificar (ordem) três municípios quanto à sua densidade demográfica (hab/km2). Indique a variável visual e o modo de implanta- ção utilizados. A - < 100 B - 100 a 200 C - > 200 Variável: ___________________________ Modo de Implantação: __________________ d) MAPA RODOVIÁRIO Objetivo: diferenciar rodovia de ferrovia, classificando as rodovias quan- to à pavimentação (utilizar o mapa da direita para aplicar as variáveis visuais). Indique a variável visual e o modo de implantação utilizados. 49 A variável visual Cor Aula 3 A - rodovia pavimentada B - rodovia em pavimentação C - rodovia sem pavimentação D - ferrovia Variáveis utilizadas para separar rodovia de ferrovias: _________________ Variável utilizada para ordenar as rodovias: _______________________ Modo de implantação: _____________________ 4. Dê um tratamento cartográfico (aplicação de variáveis visuais) aos mapas temáticos abaixo: Mapa Político Índice de Mortalidade Infantil (por mil) A - 120 B - 80 C - 200 Mapa Geológico Acidentes de Trânsito Mensais A – até 10 B – 10 a 40 C – acima de 40 5. Reproduzar as legendas-padrão para o mapa hipsométrico (altitude) e para o mapa batimétrico (profundidade), conforme abaixo. Indique em cada caso, a variável visual utilizada. Altitude (m) Profundidade (m) 50 Cartografia Temática variável visual: ______________ variável visual: ____________ 6. Utilizando o Sistema de Cores do software Microsoft Office (ver Sólidos e esquema de cores, item d), “clique” com o mouse nas diversas cores e observe o que ocorre com os valores de RGB (Vermelho, Verde e Azul) e de HSV (Matiz, Saturação e Luminosidade/Valor). Faça também o inver- so, ou seja, altere os valores de RGB e HSV e observe qual cor será for- mada. Apresente dois exemplos de cada caso e qual a cor resultante. COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES A primeira questão possibilitará que você desenvolva a sensibilidade de trabalhar com a variável cor de maneira harmônica, preferencialmente pelo critério monocromático. Para a segunda questão sugere-se a utilização de cinco cores bem diferenciadas, ou seja, contrastantes. Na terceira e quarta questões, não utilize apenas a variável visual da cor; retorne aos conceitos da Aula 2 para aplicar outras variáveis possíveis. Na quinta questão, utilize as cores-padrão para hipsometria e batimetria normatizadas pelo IBGE e, para respondê-la, consulte a aula sobre Altimetria da disciplina de Cartografia Sistemática ou a apostila “Noções básicas de Cartografia” disponível no site www.ibge.gov.br (item Geociências / Cartografia / Publicações). Na sexta e última questão, se encontrar dificuldade, peça ajuda ao seu tutor. 51 A variável visual Cor Aula 3PRÓXIMA AULA Na próxima aula, você aprenderá as normas básicas para apresentação de mapas temáticos e, ao final dela, será capaz de elaborar um mapa obede- cendo às exigências técnicas necessárias. REFERÊNCIAS ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São Cristóvão: UFS, 2008. CASTRO, Frederico do Valle Ferreira et al. Cartografia Temática. Apos- tila. Belo Horizonte: Instituto de Geociências. UFMG, 2004. DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. 2ed. Florianópolis: UFSC, 2002. FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. Canoas: La Salle, 2000. BRASIL. Atlas Geográfico Escolar. 2 ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. JOLY, Fernand. A Cartografia. 4 ed. Campinas: Papirus, 2001. MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas. São Paulo: Edusp, 2003a. ______. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo: Con- texto, 2003b. ______. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Mo- derna, 1998. ______. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991. OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São Cris- tóvão: UFS, 2008. ______. Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007. VIEIRA, Antonio José Berruti et al. Curso de georreferenciamento de imóveis rurais. Apostila. Curitiba: UFPR, 2004. ELEMENTOS DE REPRESENTAÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS META Apresentar os principais elementos cartográficos utilizados na elaboração de mapas temáticos. OBJETIVOS Ao final desta aula o aluno deverá: identificar fontes de dados alfanuméricos coletar e utilizar dados alfanuméricos identificar e elaborar mapa-base utilizar corretamente os elementos cartográficos na composição dos mapas temáticos criar layout contendo as convenções cartográficas dos mapas temáticos PRÉ-REQUISITO Rever o conteúdo das Aulas 2 e 3. Adquirir a cópia do Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe, disponibilizada em mídia CD. Aula 4 54 Cartografia Temática INTRODUÇÃO Olá! Este é o nosso quarto encontro e esperamos que o conteúdo desta disciplina esteja de acordo com as suas expectativas. Na aula anterior conhecemos detalhadamente a variável visual Cor que é a mais utilizada nos mapas temáticos, possuindo um grande poder de comunicação. Conhecemos suas propriedades, iniciando com o espectro eletromagnético. A partir daí verificamos que a cor é na realidade uma sen- sação, sendo os tons formados a partir da luz branca em diversas faixas (espectro visível). Aprendemos também que nos mapas temáticos as cores são usadas sempre em harmonia e, para tanto, é necessário utilizar adequa- damente o Círculo das Cores. Por fim, complementando o aprendizado, discorremos um pouco sobre os sistemas de cor que nos auxiliam na elabo- ração dos mapas no monitor do computador ou em sua impressão. Nesta aula, vamos conhecer os principais elementos cartográficos utilizados na elaboração de mapas temáticos. Aprenderemos a identificar as fontes de dados alfanuméricas, coletar e utilizar adequadamente os mesmos, identificar um mapa-base e os elementos cartográficos necessá- rios para a elaboração de mapas temáticos, além de criar layout contendo as convenções cartográficas indispensáveis.55 Elementos de representação dos mapas temáticos Aula 4A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Na elaboração de um mapa temático, de forma manual ou automáti- ca (digital), devem ser observadas as normas propostas pela representa- ção cartográfica a fim de torná-lo compreensível e útil aos usuários. As- sim, a comunicação ocorre quando a informação temática representada é devidamente entendida pelo usuário. O esquema a seguir representa as realidades do cartógrafo e do usu- ário. O termo “realidade” refere-se ao “mundo real”, representado pelo fenômeno geográfico, que pretendemos representar no mapa temático atra- vés da linguagem cartográfica. Inserido nesta “realidade”, como parte integrante, encontra-se a realidade do cartógrafo e do usuário, represen- tando o conhecimento dos mesmos. A compreensão dessas realidades ocorre quando existe um conhecimento comum ao cartógrafo e ao usuá- rio. Esta sobreposição é essencial para que a comunicação aconteça e, consequentemente, para alcançar o propósito final da representação cartográfica, que é o entendimento do mapa temático pelo usuário. A pergunta que devemos fazer é a seguinte: como proceder para que essas realidades se sobreponham? Dessa forma, gerar a sobreposição, ou seja, a compreensão do mapa pelo usuário é tarefa do cartógrafo. Consequentemente são importantes a forma de representar o mapa e a escolha do mapa-base sobre o qual serão lançadas as informações temáticas. Para obtermos um bom resultado, devemos seguir as normas propos- tas pela semiologia gráfica, já estudada nas aulas anteriores. Como esses mapas são elaborados em bases pré-existentes, devemos ter um conheci- mento preciso, quando da aquisição do mapa-base ou “mapa de origem”, o qual servirá de base para a elaboração do mapa temático. Cartógrafo Como o profissional que está utilizando a ciência da Cartografia para a elaboração do mapa temático, seja o próprio cartógrafo, geógrafo ou outro profissional habilita- do para tal. Figura 4.1 – Esquema da comunicação cartográfica. (Fonte: Peterson (1995) adaptado por Vieira et al (2006). 56 Cartografia Temática A representação do mapa temático também exige uma diagramação que promova uma boa apresentação do documento final. Assim, a comu- nicação por meios dos símbolos deve ser clara, evitando que o usuário tenha interpretações dúbias ou equivocadas. O layout final do mapa deve formar um conjunto agradável e eficiente mantendo uma harmonia entre seus componentes tais como cores, símbolos, toponímia, mapa-base e o tema. No exemplo a seguir (Figura 4.2), apresentamos um representação esquemática das populações das cidades sobre a base da divisa dos muni- cípios. A representação da esquerda produz um ruído perceptivo, poden- do confundir o usuário do mapa, em que a figura de fundo (mapa-base), composta pelas linhas retas e curvas, está se sobrepondo ao fenômeno geográfico temático, representado pelos círculos. Observa-se que, à esquerda, a representação é de má qualidade e confusa, onde a base se sobressai ao tema. Já na representação da direita, o tema é bem representado, sobressaindo-se de forma clara. Diagramação Conjunto de opera- ções visando dispor os elementos de um documento de manei- ra estética e funcio- nal. Layout Esboço da distribui- ção das informações em um mapa (posicionamento, tex- to, legenda, escala, etc.). Topônimo Nome próprio de lu- gar. Exemplos: Sergipe, Rio São Francisco, Pico da Neblina. Iconografia Arte de representar por meio da imagem; conhecimento e des- crição de imagens (gravuras, fotografi- as, etc). Figura 4.2 – Exemplo de mapa hipotético representando um tema de forma inadequada (à esquerda) e adequada (à direita). ELEMENTOS DE REPRESENTAÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS A correta utilização dos dados e da base cartográfica para a elaboração de mapas temáticos A elaboração do mapa temático busca representar um determinado tema da realidade, seja no âmbito da sociedade, dados sociais, econômicos, edu- cacionais e culturais ou da natureza. A aquisição dos dados considera tanto os aspectos diretos como os indiretos. Com a evolução da informática, dis- pomos atualmente de uma grande quantidade de dados alfanuméricos (ta- belas) e espaciais (mapas) armazenados em forma digital. O aspecto direto caracteriza-se pelo contato do pesquisador com a própria realidade, realizado com observação de campo, com ou sem ins- trumento. Já o aspecto indireto, distingue-se pela aquisição de dados atra- vés de documentos como informações alfanuméricas e iconográficas, 57 Elementos de representação dos mapas temáticos Aula 4através de mapas, gráficos e imagens, impressos em papel ou digitalizados. Atualmente, grande parte dessas informações está armazenada em ambi- ente SIG (Sistema de Informações Geográficas), que possibilita a recupe- ração, análise e apresentação dos dados de maneira automatizada. De posse dos dados, necessitamos estabelecer o mapa-base, ou seja, a base cartográfica georreferenciada ou a ser georreferenciada, que servi- rá de suporte para a localização dos componentes temáticos. O mapa- base deverá conter as informações básicas que atendem de maneira satisfatória a representação do tema. Esta base não deve ser encarada como informação isolada do tema a ser representado, mas como parte dele, deven- do fornecer informações precisas sobre os elementos cartográficos. De acor- do com o tema, ela pode ser planimétrica (Figura 4.3) representando aciden- tes naturais e artificiais como rios, rodovias, limites, etc., ou planialtimétrica com informações planimétricas acrescidas da representação do relevo, atra- vés das curvas de nível, conforme mostrado na Figura 4.4. Figura 4.3 – Base cartográfica planimétrica representando os municípios do Estado de Sergipe. (Fonte: SEPLANTEC-SRH (2004). 58 Cartografia Temática Com o intuito de ressaltar o tema representado, o mapa-base deve conter apenas as informações mínimas necessárias para facilitar sua aná- lise espacial. Por exemplo: para elaborarmos o mapa temático das densi- dades demográficas1 municipais do Estado de Sergipe, o mapa-base deverá conter apenas os limites municipais, não sendo necessários quais- quer outros elementos como rios ou estradas, por exemplo, que em nada irão interferir na análise da distribuição espacial do tema, assim como poderiam ofuscá-lo. De forma similar, para realizarmos a distribuição espacial das bacias hidrográficas do Estado de Sergipe, necessitamos traçar os divisores de água e, para tanto, faz-se necessário um mapa-base contendo a rede hidrográfica e as curvas de nível. Já para representarmos as regiões admi- nistrativas do Estado, é necessário dispormos apenas de uma base con- tendo os limites municipais. DIAGRAMAÇÃO DE UM MAPA – LAYOUT A diagramação envolve um conjunto de operações visando dispor os elementos cartográficos de maneira estética e funcional. Na elabora- ção de um mapa temático, sua diagramação deve ser feita de tal forma Figura 4.4 – Base cartográfica planialtimétrica de parte do Estado de Sergipe. Fonte: SEPLANTEC-SRH (2004). Densidade demográfica É a relação entre o nú- mero de habitantes e a área, expressa em hab/ km2. 59 Elementos de representação dos mapas temáticos Aula 4que resulte apresentação clara e objetiva, sem ambiguidade, levando sempre em consideração a semiologia gráfica. Atualmente, com o uso efetivo da Cartografia Digital, usa-se rotineiramente o termo layout em substituição à diagramação. FORMATOS DE DESENHO Para a apresentação de desenhos, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (1970) estabelece formatos-padrão de papéis, que de- verão ser utilizados sempre que possível. O formato básico é o A0, do qual derivam os demais formatos (Figuras 4.5 e 4.6). Figura 4.5 – Formatos-padrão de papel para desenho (ABNT). (Figura 4.6 – Reprodução visual dos formatos-padrão da ABNT). 60 Cartografia Temática ELABORAÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS Regras Básicas para Elaboração de um Mapa Temático A elaboração dos mapas temáticos obedece algumas regras básicas orientadoras,
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