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Disciplina: SOCIOLOGIA ORGANIZACIONAL Nome do aluno: Rickison Luciano Pereira Da Silva Polo: Itaocara Matrícula: 19213110198 Atividade: Atividade 2 Usando como base as leituras indicadas dos capítulos do Livro "A Corrosão do Caráter" (Richard Sennett) e do capítulo "Controle organizacional no processo capitalista de produção" (Alves e Oliveira), escreva um texto respondendo à seguinte questão: quais os principais impactos do moderno capitalismo do século XX sobre os indivíduos e as organizações? Capitalismo, ou modo de produção capitalista, é uma forma de organização social marcada pela separação entre os proprietários e controladores dos meios de produção (máquinas, matérias-primas, instalações etc.) e os que não possuem e não controlam os meios de produção, dependendo exclusivamente da venda de sua força de trabalho, através do salário, para sobreviver. O capitalismo iniciou sua formação nos séculos finais da Idade Média, quando paulatinamente as formas artesanais de trabalho – concentradas principalmente nas corporações de ofício – foram dando lugar a uma divisão social trabalhista pela qual alguns mestres-artesãos passaram a ter a propriedade das ferramentas e matérias-primas, levando-os a assalariar pessoas que com seu trabalho produziam as mercadorias. Era o início da ruptura com a forma de organização social baseada na servidão entre senhores e servos. O grande impacto do moderno capitalismo do século XX foi ter trazido pelas transformações novas técnicas e novo modo de produção. As máquinas passaram a ser utilizadas em larga escala, tornando ultrapassados os métodos de produção anteriores, de caráter artesanal, Esse processo ficou conhecido como a Revolução Industrial, que teve o seu início na Inglaterra. A economia durante esse período estava baseada no liberalismo econômico, onde o seu principal pensador foi Adam Smith, que defendia o Estado Mínimo e a não intervenção estatal na economia. Segundo ele, a lei de oferta e procura e a competição do mercado garantiriam melhores resultados para a sociedade como um todo. A divisão da sociedade em classes consolida e dá continuidade do sistema capitalista. De um lado encontram-se aqueles que são os proprietários dos meios de produção e do outro, encontram-se aqueles que vivem de sua foça de trabalho, através do recebimento de salários, a classe dos proletários. Karl Max foi o pensador que melhor explicou o funcionamento do modo de produção capitalista através das classes sociais, ou seja, “as lutas de classes”. O modo de produção capitalista faz com que o trabalhador não seja consciente do seu papel na sociedade, chamado por Marx de “alienação” e fazem com que ele seja apenas um espectador e não um cidadão ativo. As análises dos dilemas do exercício profissional exige a compreensão das determinações objetivas das relações capitalistas sobre a profissão. O processo de trabalho capitalista é presidido pela inversão do domínio do trabalho morto sobre o trabalho vivo. Seguindo a análise de Marx, a "dominação do capitalista sobre o trabalhador é, consequentemente a da coisa sobre o homem, do trabalho morto sobre o trabalho vivo, do produto sobre o produtor". Conforme a condição assalariada de inserção profissional no efetivo exercício, mediada pelas demandas e requisições do mercado de trabalho, sintetiza tensões entre o direcionamento que a profissão pretende imprimir em seu trabalho concreto e as determinações do trabalho abstrato, inerente ao trabalho capitalista. A condição assalariada do exercício profissional pressupõe a mediação do mercado de trabalho. Assim, as exigências impostas pelos distintos empregadores materializam demandas, estabelecem funções e atribuições, impõem regulamentações específicas a serem empreendidos no âmbito do trabalho coletivo. Além disso, normas contratuais condicionam o conteúdo e estabelecem limites e possibilidades às condições de realização da ação profissional. Aqui se identifica um campo de tensão que exige densas investigações na apreensão do significado das determinações do trabalho alienado na particularidade do Serviço Social. A organização monopolista do capital teve seu início nas últimas décadas do século XIX. Nesse período, a concentração e centralização de capitais, em formas de trustes, cartéis e outras maneiras de combinação, começaram a firmar-se, e a estrutura moderna da indústria e das finanças capitalistas passaram a tomar forma. A moderna era imperialista inaugurava-se, ao mesmo tempo, pelos conflitos armados pela divisão do globo em colônias ou em esferas de influência ou hegemonia econômica. O capitalismo monopolista é responsável pela introdução na dinâmica da economia capitalista de um conjunto de fenômenos. Segundo Sweezy , os preços das mercadorias e serviços tendem a crescer progressivamente; as taxas de lucros são mais elevadas; acentua-se a taxa de acumulação e a tendência decrescente da taxa média de lucro e do subconsumo; concentram-se investimentos nos setores de maior concorrência; cresce a tendência de diminuir o uso da força de trabalho pela introdução de mudanças nos processos da produção e do trabalho assalariado, tendo por aliadas a maquinaria e as novas tecnologias; os custos de venda aumentam. O alvo central da fase monopólica é a criação do mercado universal. Para atingi-lo, o sistema do capital busca a conquista de toda a produção de bens e de uma gama crescente de serviços em forma de mercadorias e inventa um novo ciclo de produtos e serviços. Muitos deles tornam- se indispensáveis à medida que a vida moderna vai mudando e destruindo as alternativas existentes. Richard Sennett oferece-nos um instigante ensaio sobre as influências do "capitalismo flexível" no mundo do trabalho e suas repercussões no caráter humano, convidando-nos a realizar uma profunda reflexão sobre as consequências sociais dos novos caminhos trilhados pelos indivíduos na sociedade da informação. Na opinião de Sennett, essas exigências de flexibilidade na atuação profissional e a inexorável fugacidade das relações trabalhistas estariam contribuindo para enfraquecer valores como o compromisso, a confiança e a lealdade, que são fundamentais para a consolidação do caráter humano. Para o autor, a decadência desses valores seria um reflexo do desaparecimento das relações de longo prazo no trabalho e estaria se reproduzindo na vida social, dificultando o estabelecimento de relações mais permanentes com os amigos e a comunidade, além de interferir na formação do caráter das crianças, que não veem mais na rotina diária dos pais as virtudes que eles procuram pregar. O paradoxal é que esse novo sistema de dominação está sendo construído sob a insígnia da liberdade. Um dos melhores exemplos disso é a nova forma de organizar o tempo no local de trabalho, que Sennett denomina "fle-xitempo". Este é caracterizado pelo planejamento flexível das jornadas e pelo trabalho virtual, no qual o funcionário deixa de ser monitorado pelo relógio de ponto para ser controlado por meio da tela do computador. Assim, na visão do autor, a proclamada "desburocratização" das empresas é enganadora, pois, apesar do abandono da rigidez e do formalismo típicos da organização burocrática, a sua característica fundamental, que é a dominação e a alienação do trabalhador, está sendo recriada. Em atividades operacionais, por exemplo, a automação está reinventando a superespecialização taylorista do trabalhador. E o caso da padaria automatizada descrita por Sennett em seu ensaio: para fazer o pão basta saber "clicar" os ícones corretos, o que não requer conhecimento do ofício, mas apenas conhecimentos básicos de Windows. Associada ao "flexi-tempo", essa superespecialização estaria desmantelando as identidades e causando uma profunda indiferença em relação ao trabalho. Já no ambiente empresarial, osexecutivos estão sendo expostos, pela necessidade de provar todos os dias a sua competência, a um estado contínuo de vulnerabilidade. Em um mercado em que há poucos ganhadores e no qual o "vencedor leva tudo", as pessoas estão sendo continuamente pressionadas a se superar, apesar do alto risco de fracasso. Nesse "jogo", os funcionários de meia-idade são os que mais sofrem, pois a concentração nas capacidades imediatas leva a uma negação de sua experiência passada, agravada pelos rótulos de aversão ao risco e de inflexibilidade. Por outro lado, a ética individual do trabalho, personificada pelo "homem motivado", que busca incessantemente provar seu valor moral pelo trabalho, está sendo substituída pela ética do trabalho em equipe. Para Sennett, isso seria uma vitória para a civilização se o trabalho em equipe não estivesse se transformando em um "teatro" em que as aparências e comportamentos são manipulados e o conflito é sistematicamente adiado. Na realidade, o trabalho em equipe veio substituir a vigilância do administrador pela pressão dos colegas, tornando-se uma excelente estratégia para aumentar a produtividade. Assim, as responsabilidades são partilhadas e não há uma figura que simbolize a autoridade, mas a dominação continua permeando as relações entre os indivíduos no trabalho. Sennett, então, cita Rorthy para demonstrar que o "homem motivado" está sendo substituído pelo "homem irônico": "Richard Rorthy escreve, sobre a ironia, que é um estado de espírito em que as pessoas jamais são 'exatamente capazes de se levar a sério, porque sabem que os termos em que se descrevem estão sujeitos a mudança, sempre sabem da contingência e fragilidade de seus vocabulários finais, e, portanto, dos seus eus'. Uma visão irônica de si mesmo é a consequência lógica de viver no tempo flexível, sem padrões de autoridade e responsabilidade". E nos provoca: "A clássica ética do trabalho de adiar a satisfação e provar-se pelo trabalho árduo dificilmente pode exigir nossa afeição. Mas tampouco o pode o trabalho em equipe, com suas ficções e fingimentos de comunidade" Assim, para Richard Sennett, o novo capitalismo flexível, em sua ânsia pelos resultados, está gerando uma sociedade impaciente e concentrada apenas no momento imediato, cujos valores amorais contribuem para corroer o caráter humano. E o que é mais inquietante: a substituição da rotina burocrática pela flexibilidade no trabalho não foi acompanhada pela liberdade e pela emancipação do indivíduo, mas pela elaboração de novas formas de dominação. Apesar de suas constatações pessimistas, Sennett reconhece que não há como negar as novas realidades históricas nem os avanços que ocorreram no mundo do trabalho. Assim, para compreender sua mensagem, o leitor precisa estar atento para o fato de que sua intenção não é fazer um resgate do passado, mas questionar como vamos moldar o nosso futuro em uma sociedade na qual os indivíduos não estão mais seguros de serem necessários aos seus semelhantes. Esse convite para tão indispensável reflexão é suficiente para tornar a leitura desse ensaio estimulante para todos aqueles que procuram compreender as consequências sociais dessa progressiva corrosão do caráter humano. Referências Bibliográficas : "A Corrosão do Caráter" (Richard Sennett); "Controle organizacional no processo capitalista de produção" (Alves e Oliveira)
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