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ANALISE E RESUMO LIVRO ABC DO DESENVOLVIMENTO URBANO

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O livro analisado, “ABC do Desenvolvimento Urbano”, de Marcelo Lopes de Souza, que, em meio a outros temas, trata da estrutura urbana, analisando os problemas contemporâneos da cidade, conceituada também na obra, juntamente das tentativas de enfrentamento das circunstâncias apresentadas, do funcionamento e também do desenvolvimento das cidades, é uma obra de carácter científico, cujo autor procurou utilizar linguagem acessível para permitir grande entendimento em nível de introdução dos assuntos presentes, aparentemente simples, mas na verdade com aspectos complexos a serem sempre estudados e desenvolvidos. 
A grande motivação para a tomada de decisão de se escrever um livro dentro das ciências sociais com esta característica tão acessível e aberta, é justificada pelo autor como a falta de material semelhante publicado, uma vez que o grande público leigo acredita que devido ao objeto de estudo ser mais próximo do cotidiano humano do que estrelas, reações químicas ou fórmulas matemáticas (campo das ciências exatas e biológicas), expressando-se com palavras de uso comum, se torna desnecessário demais estudos com carácter reflexivo, método cientifico, ou base empírica. 
Esta, uma inverdade, segundo o autor defende, e onde posso concordar. Estrelas, reações químicas e fórmulas matemáticas fazem parte do nosso dia a dia, mesmo que não percebamos imediatamente. Embora os assuntos analisados na obra possuam uma obviedade de presença em nossas vidas, isto não os torna conceitos mais óbvios ou menos complexos.
Assim, no texto, passamos a refletir sobre problemas urbanos criticamente, verificando as qualidades e defeitos de nossas cidades, atribuindo conceitos a aquilo que nos cerca no âmbito urbano, e passando por um apurado histórico para começar a entender o crescimento, desenvolvimento e características das cidades através do mundo. Pois entender a cidade e seus problemas é uma condição prévia para traçar estratégias implementadoras de possíveis soluções. O autor do livro compreende, e aqui concordo com ele, que este não pode ser um debate restrito aos pesquisadores, mas também entre os cidadãos, e assim, deseja incumbir a todos de maior referencial teórico. 
Logo na introdução da obra, nos deparamos com o dado de que ¾ da população da América Latina vive em áreas consideradas urbanas, assim como vem ocorrendo na maior parte do globo, mesmo com países de “terceiro mundo”, com exceção dos países de mais baixo desenvolvimento econômico, onde a predominância ainda é a de áreas rurais. Dessa maneira, uma vez que podemos perceber a predominância de vidas nos centros urbanos e a tendência de crescimento desses números, passamos a entender a importância de se compreender o espaço urbano, e, com apoio do apurado geográfico e histórico, podemos começar a definir no primeiro capítulo o que é, afinal, uma cidade. 
No apresentado primeiro capítulo, encontramos uma primeira tentativa de definição para “cidade”, objeto de estudo complexo segundo o autor, utilizando do que ele descreve como uma certa abstração científica, tentando assim encontrar uma definição válida para toda e qualquer cidade em qualquer espaço e tempo do mundo. Na visão do sociólogo Max Weber, em seus escritos sobre a Natureza das Cidades (1921), a cidade é “primordial e essencialmente um local de mercado”, ou seja, com intercâmbio regular de mercadorias. Muito embora nem todo local de comércio seja uma cidade, todo cidade apresenta um local de comércio.
Em complemento a esta ideia, Walter Christaller, economista e geólogo, introduz o conceito de localidade central. Segundo ele, toda cidade é uma chamada localidade central, de maior ou menor nível conforme sua centralidade, aqui definida como a quantidade de bens e serviços que ela pode oferecer, assim como a qualidade ou diferencial, fazendo dela imã de compradores de uma única região, várias, ou até de países inteiros.
Com uma centralidade econômica, a cidade é observada como detentora de uma influência visível, que pode se manter dentro dos limites territoriais estabelecidos politicamente e/ou administrativamente, como também, ao polarizar economicamente o entorno imediato, se tornar uma maior potência influenciadora do meio. Essa característica, em maior ou menor grau, parece fundamental para a definição de cidade.
Por consequência, para Christaller, uma aldeia não dita como é uma localidade central, pois, em suas palavras, sua natureza é mais centrifuga, com a atenção dos morados voltada para as bordas, ou franjas, onde encontram-se os campos de cultivo, diferente do que considera como cidade, algo mais centrípeto, local onde a área central de negócios atrai os consumidores de toda a região urbana fazendo com que as atenções se voltem para o centro. 
Conclui-se assim que, aldeias, ou “povoados” para o autor brasileiro, são assentamentos rurais em que a vida econômica gira em torno de atividades primárias tais como a agricultura, pecuária e extrativismo mineral, onde o comércio aparece somente como forma autossuficiente de abastecimento local, interno, e onde os bens de consumo são reduzidos. Nestes locais é observado a necessidade pendular de visita a cidade mais próxima para adquirir qualquer objeto necessário cuja sua produção não exista o assentamento. 
É nessa cidade onde, sob o aspecto econômico se define como um espaço de produção não agrícola com atividades secundárias e terciárias, que será observado o comercio e oferecimento de serviços, indústria, mercado manufatureiro, etc. Caracterizada por ter uma área de influência que justamente interfere e atraí as demais áreas povoadas. Esse cenário é comum ao Brasil, repleto de povoados rurais e/ou áreas semi-urbanizadas, pode-se assim dizer, onde o trânsito entre estes espaços pode ser detectado.
Outro fator de análise no cenário brasileiro no que diz respeito aos povoados é a visível diferença de hábitos em comparação com a cidade, quase inexistente em países desenvolvidos de “primeiro mundo”, onde, disseminados pela globalização, os padrões estéticos, culturais, educacionais, meios de expressão, etc, são extremamente similares mesmo em espaços diferenciados de área urbana e área rural.
Logo, define-se que em meio rural podemos dizer que a terra é terra de trabalho, sendo atribuído aqui ao solo não somente valor de localização, mas também valor intrínseco devido as diferenças de fertilidade natural. Ao verificar o meio urbano, temos que o solo é simples suporte para atividades cuja fertilidade é indiferente, como produção industrial e demais atividades terciarias, habitação, equipamento tipicamente urbano, circulação apropriada a demanda, etc. 
Em contraste a percepção de que a cidade seria todo espaço que não se caracteriza pelas atividades primárias, nos deparamos com certas faixas de transição. Pode ser descrita como “espaço periurbano” pelos geólogos franceses, ou por “franja rural-urbana” pelos anglo-saxões. Sua definição é de que, em geral, é possível chamar de espaço periurbano onde encontra-se ambos conceitos, área rural e urbana, para o uso da localidade. Assim, quando maior a cidade, mais complexo tende a ser o espaço periurbano presente, facilmente confundido com mero espaço rural devido a sua paisagem, ocultando a intenção de utilização urbana prévia, planejada ou já existente.
Outra percepção equivocada que podemos ter da cidade é de imagina-la sempre como uma entidade isolada, única, porém, comumente uma cidade situa-se tão próxima de outra que boa parte das vezes, passam a existir como uma só, devido as trocas e interações frequentes. Vínculos tão intensos que estes fluxos, como salienta o autor, passa a costurar uma cidade a outra. Essa situação muitas vezes acarreta em um fenômeno chamado de conurbação.
A conurbação é definida como sendo a situação onde os tecidos urbanos de duas cidades se encontram e juntam-se quase que em um único tecido, embora que agregando cidades diferentes cada uma com um município sede, todas formam uma única mancha urbana. Outro conceito importante é o de aglomeração urbana, definida como duasou mais cidades, geralmente pequenas e medias que atuam como um “minissistema urbano” em escala local.
A aglomeração urbana trata-se de quanto os vínculos entre uma cidade e outra tornam-se muito fortes e presentes, não podendo fazer parte dele uma cidade excepcionalmente grande a ponto de monopolizar completamente as demais cidades ao seu redor, implicando maior atração e influência, seja ela regional, nacional ou internacional. Vale ressaltar que não é necessária uma conturbação para que ocorra um aglomerado urbano. São exemplos Volta Redonda e Barra Mansa (RJ), Cuiabá e Várzea Grande (MT), etc.
Caso uma cidade se apresente nestas condições de grandeza, estaremos lidando com uma metrópole. Trata-se quando uma das cidades da aglomeração urbana se destaca, sendo um “minissistema urbano” em escala local, polarizado, exercendo grande influência, de abrangência no mínimo regional. É tida como a cidade principal que abriga este núcleo metropolitano, sendo comum as conurbações, mas não necessárias para sua ocorrência . No Brasil são as chamadas regiões metropolitanas. 
Na década de 70, foram criadas no Brasil nove regiões metropolitanas. Essa classificação formal, reconhecendo as metrópoles brasileiras, ocorreu por conta da necessidade de uma racionalização, sob o ponto de vista econômico, da prestação dos serviços de interesse em comum, necessários para a manutenção urbana, sendo eles destinação do lixo, proteção ambiental, abastecimento de água, etc. Logo, implicando na criação de um órgão de planejamento e gestão. 
Não somente por essa razão, deve-se destacar o cenário do golpe militar em 1964. No viés autoritário e centralista da época, existia também um objetivo de geopolítica interna que visava intervir mais facilmente nesses espaços-chave da vida politico-social e econômica brasileira. Em seguida, com a constituição de 1988 a delegação de criar regiões metropolitanas passou da união para os estados, resultando em uma maior flexibilidade para a adoção de soluções mais adaptadas a cada realidade local e regional, representando maior democratização.
O conceito de Megalópole é introduzido pelo geografo francês-americano Jean Gottman na década de 60. Trata-se de duas ou mais metrópoles que se costuram por fluxos, de maneira similar a como cada metrópole individual se acha articulada internamente. Esse tipo de sistema urbano inclui a presença de fluxos de deslocamento diário através de transportes coletivos de massa em escalas regionais, ou ao menos sub-regional. Desse maneira, o autor não considera São Paulo como uma megalóple, sendo exemplo a Boswash (Boston-Whasington).
Alguns movimentos devem ser destacados neste contexto, como “a fuga da metrópole” m que as pessoas buscam por uma almejava qualidade de vida superior ao afastarem-se mais do núcleo metropolitano assim como de sua periferia pobre, embora que ainda mantendo a possibilidade de uma interação diária com o núcleo. 
Termos como metrópoles e megalópoles se fazem frequentes na mídia, ainda que na maior parte das vezes, com o conceito base destorcido. O termo “megacidades” reivindicou o seu espaço, mas em suma, tem o mesmo significado de metrópole. Não passa de um termo supérfluo, de utilização cotidiana nas grandes mídias de divulgação.
O fluxo mais perceptível a ser observado nesse contexto de troca entre as cidades e troca entre as metrópoles é o de trabalhadores assalariados, conforme entendido anteriormente, algumas cidades acabam por exercer maior influência do que outras, atraindo trabalhadores que residem em uma cidade, mas que se deslocam para outra até o seu local de trabalho, retornando para a sua cidade após uma jornada diária. A esse fenômeno se atribui o nome de movimento pendular diário. 
Apesar de a economia ser característica importante para a conceptualização de cidade, não se pode eximir a cultura de igual importância para a produção do espaço urbano e para a projeção da cidade para além de seus impostos limites físicos. Além das trocas comerciais, a cidade também é definida pelos valores sócios-culturais, pelo sentimento de identidade e pertencimento, presença de grupos sociológicos dos mais diversos, etc. Sendo estes fatores tão decisivos para a delimitação do território quanto fatores geo-políticos, e/ou político-administrativos.
Essa delimitação territorial é prevista das mais diversas formas, conformo o país a ser atribuída, para assim definir com critérios oficiais o que é uma cidade. O método mais cômodo encontrado foi, baseado no desenvolvimento do país em questão, definir numericamente, através de número de habitantes, o que é urbano e o que é rural. A lógica consiste em compreender através da densidade demográfica do país quantas pessoas se fazem necessárias em um mesmo local para que as devidas trocas sociais e fenômenos característicos necessários ocorram para classificar o espaço como urbano ou rural. 
Para o carácter administrativo, essa fórmula parece funcionar, mas se torna vaga, generalista e incerta demais para conceituar o que é uma cidade no âmbito em que aqui é desenvolvido. Muito além do número de habitantes e do tamanho demográfico, em conjunto com a cultura, e a presença central da economia, a cidade também se caracteriza como um centro administrativo, onde está presente a gestão do território através do poder, seja ele sediado através das empresas (economia), ou por bases religiosas ou políticas. 
Além da produção material, a presença dos que trabalham nesta produção e/ou na comercialização dos bens, assim como demais áreas profissionais, se faz presente na cidade, evidenciando a criação dos grupos sociais baseados nos interesses em comum. Ou seja, na cidade se encontram classes sociais como os capitalistas, trabalhadores sejam eles industriais, do comércio, etc, e profissionais liberais. Assim, chegamos também a conclusão de que a renda média e sua distribuição também caracteriza fator de definição para a diversificação das atividades econômicas de uma cidade, em conjunto com fatores históricos-culturais.
Para o Brasil, é fixado que os núcleos urbanos são as cidades e vilas. As cidades são definidas aqui como sedes de municípios e as vilas como sedes de distritos, que são subdivisões administrativas dos municípios encontradas em diversos estados, em conjunto com a delimitação demográfica. Esses se distanciam das definições baseadas nos números populacionais, podendo apresentar os casos mais diversos, as vezes uma vila sendo maior que uma outra cidade qual não faz parte. Esse método parece refletir o crescimento urbano histórico do Brasil, mas ainda não satisfaz os conceitos que o autor procura estabelecer para o que é uma cidade.
Uma cidade é, por fim, articulada, e não existe isolada. Todas as cidades se encontram de alguma maneira interligadas entre si através de redes urbanas, trocando assim informações, gerando fluxos, negociando bens com o mundo exterior que as cerca. Provas desta articulação incluem o consumo dos bens, a troca entre as empresas, o depósito bancário internacional, etc.
Como vimos no Capítulo I, segundo havia percebido Walter Christaller, o conceito de cidade foi repleto de controvérsias ao longo dos tempos, acentuando a discussão ao decorrer do Século XX. O autor do livro compreende, nesse contexto, que uma abordagem histórica se faz necessária para concretizar o conceito de cidade. 
As primeiras cidades aparecem durante a “Revolução Neolítica” com o início da prática agrícola e por consequência do surgimento de assentamentos sedentários. Com o domínio sobre a agricultura com a chamada Revolução Agrícola, tornou-se possível alimentar populações maiores e em seguida, apresentar um excedente alimentar. Essas condições favoreceram a criação de atividades além das agropastoris e a divisão de grupos e tarefas de carácter especializado, com os seres dedicando-se a atributos rurais, religiosos, a guerra, etc. 
Assim, através das mudanças nas ordens sociais, o aparecimento das primeiras cidades se tornou possível em conjunto com as formas centralizadas e hierárquicas de exercíciode poder. Essa nova estrutura de dominação foi formalizada através de um aparelho de Estado e uma forte separação entre elite e povo, assim como a formação de um sistema de controle com a figura dos monarcas e seus exércitos. Como já definido, passam a existir cultura, grupos sociais, tecnologia, economia e poder, todas características de uma cidade.
Podemos citar como algumas das primeiras cidades Jericó, ou Çatal Huyuk, que surgiu séculos antes, apontado como o primeiro assentamento a registrar sinais de que sua população praticava das artes da música e dança. Quando comparadas às cidades importantes da atualidade, se tornam minúsculas, e nossas cidades demonstram dimensões intimistas. 
As primeiras cidades seriam algo além de um povoado de agricultores, ou aldeias, definidas como acampamentos permanentes de produtores diretos que com o tempo tornaram-se sedentários, mas assentamentos mais complexos, permanentes, maiores, abrigando grande população de governantes, sacerdotes, trabalhadores, escribas, guerreiros, enfim, pessoas interagindo no meio de produção não primário. 
A cidade formou-se e abrigou a imagem do artesão especializado, este que será o responsável através da manufatura pela evolução próspera do comércio entre os povos de diferentes cidades. Assim, a Revolução Urbana, ocorre como consequência da Revolução Neolítica, situada por Childe no terceiro milênio antes de Cristo. Durante os milênios seguintes, as cidades iriam somente crescer e se transformar incessantemente, como continuam nos dias de hoje. 
A obra ainda destaca um importante período para a história das cidades: A Revolução Industrial, ocorrida na Europa do século XVIII. Esta foi a responsável pelos processos de industrialização, com a invenção de diversas máquinas, resultando em um impacto gigantesco sobre o tamanho e a complexidade das cidades a medida que trouxe mais pessoas para os núcleos urbanos, e o transformou completamente com a inserção da figura da indústria e modificação do trabalho do artesão pelo trabalho e presença do operário. Desde então, o número de habitantes nas cidades continua a crescer.
Dessa maneira, através da abstração, nos deparamos com semelhanças entre nossas cidades e os primeiros núcleos urbanos formados pelos seres humanos, o que torna possível concretizar o conceito de cidade trabalhado no texto. A partir daí, podemos definir mais papéis e divisões presentes nas cidades, e continuar a analisar a rede urbana. Logo, a rede urbana pode ser analisada em diferentes escalas: rede urbana regional, onde a região há uma forte coerência de identidade sócio espacial e de fluxos internos. Esta, por sua vez, será concomitantemente um subconjunto de uma rede urbana maior, nacional, que também será por consequência menos articulada no interior de uma rede urbana global.
Os núcleos urbanos desempenham dois papéis: Teatros de Acumulação e Centros de Difusão, segundo Armstrong e Mcgee. Como Teatro de Acumulação, as cidades tem a função de extração e captação do excedente alimentar (consomem e armazenam produtos extraídos do campo), drenagem da renda fundiária, ou renda da terra (donos das terras, que moram parcialmente ou permanentemente nas cidades, chamados de absenteístas, investem seus lucros no consumo próprio, em imóveis na cidade e no mercado financeiro), acumulação de capital (exploração do trabalho industrial, presença concentrada do comércio e da prestação de serviços e dependência do setor produtivo do setor bancário-financeiro). 
Ao definir os Teatros de Acumulação, passamos a analisar todo o caminho do produto bruto ao se transformar em outro produto final. Devemos considerar o próprio caminho do alimento extraído no campo até a mesa do consumidor. Há a extração, produção, distribuição, comercialização, etc. Cada agente econômico que atua numa destas áreas ou outros mais irá a sua própria margem de lucro sobre o produto. Assim, quanto maior ou mais complexa for essa cadeia de processos, mais caro será o produto para o consumidor final, embora o produtor primário não esteja sendo o principal beneficiado, como destaca o autor Roberto Lobato Corrêa, em sua obra, A rede Urbana. O autor utiliza o exemplo do supermercado, que utiliza margens de lucro excepcionais, para ilustram este fato. 
Nesse exemplo de cenário cronológico, a chamada renda da terra, se caracteriza pela remuneração obtida pelos proprietários rurais dos agentes que atuam em suas terras arrendadas. Por fim, como última função, se apresenta a acumulação de capital neste sistema, remetendo à indústria de transformação, através do trabalho de exploração do operário, serviços terciários, etc.
 
Uma vez como Centros de Difusão, as cidades disseminam bens de produção, a exemplo de roupas, brinquedos, maquinário, etc; e ideias, como tecnologia, moda, diretrizes, etc. Estes, são disseminados pela rede urbana, de uma cidade mais influente até outras, até chegar ao campo. Nesse viés, percebe-se que o campo se encontra submetido à cidade do ponto de vista econômico, político-social, etc. Verificando-se historicamente, percebemos que nem sempre aconteceu desta maneira. 
Durante o período feudal, o campo era autossuficiente e os senhores feudais, soberanos. Mesmo com a presença dos burgos, onde havia o comércio, não se encontrava um domínio dos mesmos em relação ao campo, que inclusive possui forte estrutura política e cultural. 
Desta forma, Marx e Engels previram que com o aparecimento do capitalismo, o campo iria se tornar dependente dos bens e serviços das cidades, como pode-se observar atualmente. Ao decorrer dos séculos XIX e XX, o campo mostrou-se cada vez mais dependente das cidades, uma vez que necessitava das novas máquinas e ferramentas, conhecimento tecnológico e científico, produtos químicos, etc, todos de produção do núcleo urbano.
Nesse cenário, surge a Teoria das Localidades Centrais de Walter Christaller, responsável por mostrar que os fluxos de deslocamento aqui compreendidos, visando a aquisição de bens e serviços, revelam as centralidades e as áreas de influência variáveis dos diversos centros urbanos. Em escala maior, visualizamos as cidades globais, como Londres, Tóquio e outras, caracterizadas por receberem tal fluxo articulador para as diversas economias nacionais. 
Em contrapartida, um estudo do IBGE em 1987 redefine as metrópoles nacionais com área de influência que abranjam quase todo o território nacional, como São Paulo e Rio de Janeiro, revisão de estudos anteriores. Destaca-se também a existência de capitais nacionais, que por serem justamente o que são, possuem uma área de influência nacional, mesmo sem serem metrópoles nacionais, por conta de sua influência política, como Brasília, Brasil e Camberra, Austrália. 
Similar situação ocorre com certos centros urbanos, não necessariamente grandes, que por abrigarem atividades únicas ou apenas essencialmente especializadas dentro de certo raio de abrangência, adquirem grau de influência. É o caso de Cannes, pequena cidade da França, conhecida por um dos maiores festivais de cinema do mundo, ou Gramado, no Rio Grande do Sul, com seus festivais temporários, o Natal Luz e outros. Desta maneira, sua “centralidade” é efêmera, altamente seletiva e específica, que fora do período dos eventos, retorna a sua posição modesta na hierarquia da rede urbana. Essas são chamadas de cidades turísticas.
A lógica para as cidades médias ou pequenas de caráter industrial, que abrigam uma ou mais plantas industriais, não difere muito das cidades turísticas. As fábricas mostram-se dependentes da administração sediada nas metrópoles nacionais, esse posicionando distante da sede administrativa é justificado pelas vantagens econômicas, a exemplo da mão de obra mais barata e qualificada, e custo imobiliário inferior. Estas são chamadas de economias de aglomeração, também relacionadas aos problemas das grandes metrópoles: a escassez de terra para expansão industrial, valor dos terrenos, poluição, congestionamento, criminalidade, etc.
Com o crescimento acelerado, algumas cidades passam a apresentargraves problemas, uma vez que abrigam o núcleo de uma metrópole, como é o exemplo de Campinas, São Paulo. Em meio a este caos, constata-se que a gestão tem a tendência de permanecer centralizada nos centros principais. A produção, fisicamente, se desconcentra, mas não obrigatoriamente o poder. Assim, a permanência de atividades econômicas de ponta, ligado aos serviços mais sofisticados e ao setor financeiro, se faz presente nos centros mais importantes. 
Como já firmado aqui, a globalização nos permitiu certa padronização de costumes, pois exerce grande influência sobre a rede urbana, logo, de cidades globais pertencentes a 
paises de “primeiro mundo” interferem em outras cidades de “terceiro mundo”, ao se aproveitar das disparidades entre as mesmas. Isso ocorre de tal forma que estas passam a ter hábitos de consumo mais semelhantes as cidades estrangeiras do que com as cidades do próprio país. 
Mas vale atestar que esse incremento da complementariedade entre centros de mesmo nível, alimentada pela maior mobilidade espacial do capital, não significa dizer que as relações hierárquicas e essas disparidades, se enfraqueçam. Pelo contrário, se fortalecem, considerando-se o efeito de influência de cidades globais atuando sobre estas cidades menores.
Observa-se assim que a rede urbana é um sistema hierarquizado, que vai de zona de influência regional, até metrópole nacional, podendo ser estendido a nível mundial como cidade global, como São Paulo, centro de referência nacional, que possui papel de destaque no MERCOSUL, sendo mais do que somente uma metrópole nacional. Essa última se classifica sobretudo por sua importância econômica. Por exemplo, Brasília e Washington, que concentram as decisões políticas, não são metrópoles nacionais. Logo, a posição hierárquica de uma cidade depende da sua capacidade de ofertar bens e serviços, e possuir maior área de influência.
Ainda sobre as relações hierárquicas no interior da rede urbana, destaca-se o progresso tecnológico, e fatos institucionais facilitadores de transporte de bens e pessoas, assim como a mobilidade espacial do capital em geral e as comunicações, que resultam no aumento dos fluxos, inter-relações e interdependências econômicas entre firmas, cidades e países, como outra base para disseminar a influência desta cidade. 
A mobilidade de transporte se faz importante, como recurso facilitador de processos. É comum percebermos que ao não encontrar recurso, um habitante não se dirigirá ao centro de influência mais próximo nesta hierarquia, mas sim ao centro mais importante neste meio. Baseado na renda, haverá sempre os que terão de abrir mão do produto ou serviço necessário, por impossibilidade de comprar a sua busca, sendo a mobilidade espacial uma função da renda. Logo, a renda, influência na maneira como a rede urbana é vivenciada e estruturada.
Concluímos assim, em paralelo com os dados atestados na introdução da obra, que a razão para os países subdesenvolvidos demonstrarem uma rede de localidades centrais tão “achatadas”, com uma baixa presença de centros de nível intermediário em comparação com um grande número de centros menores, se dá pelo fato de que os centros intermediários oferecem bens e serviços consumidos com menor frequência (falta de recurso monetário), tornando a possibilidade de multiplicação das cidades desse porte quase que impossibilitada pelo fato de que a renda se encontrar concentrada, uma vez por lidarmos com regiões pobres, onde muitos tem quase nada e poucos tem em excesso. Assim, o perfil da rede urbana é expressão do grau de desenvolvimento do território ao qual lidamos.
Percebe-se a partir do capitulo 4 ao capitulo 6 que para Marcelo Lopes de Souza, a organização interna da cidade é o ponto essencial para se alcançar os processos sociais que animam o núcleo urbano e que estão envolvidos na dinâmica da produção do espaço. 
Uma cidade, por ser uma entidade sócio-espacial complexa, apresenta em seu arranjo interno diferentes tipos de espaços, caracterizados de acordo com a atividade dominante. Podemos citar as áreas de uso residencial com presença isolada de comercio local; espaços industriais; e também espaços concentradores de comércio e serviços, chamadas de localidades centrais intra-urbanas. Ou seja, percebe-se que os espaços onde os bens de consumo são produzidos ou comercializados não estão dispersos no tecido urbano, e sim restritos a algumas áreas especificas da cidade.
Como muitos destes espaços apresentam áreas centrais que abrigam grande concentração de comércios e serviços, verifica-se o titulo CBD – central business district. À medida que a cidade se expande, o CBD cresce, mas consequentemente as distâncias também aumentam, forçando o surgimento de novos subcentros, com características econômicas próprias da vizinhança circunferente. Grande parte das cidades possui o seu um local avaliado como central e chamado de “Centro”, e, muitas das vezes, este, corresponde ao centro histórico, como é o caso de Porto Alegre. Assim, temos que esse local se expandiu até atingir as dimensões de área central de negócios, moderna, ampla e influenciadora.
Como geralmente o CBD não consegue atender sozinho todas as demandas de uma cidade, os subcentros de comercio e serviço que os cercam surgem como alternativa aos habitantes de diferentes bairros para amenizar a até então exclusividade do CBD em fornecimento de bens sofisticados. Assim, o declínio de um CBD pode ocorrer justamente com o melhor desenvolvimento de um subcentro, com a inserção de serviços e produtos ainda mais sofisticados, em busca de consumidores de alto poder aquisitivo, ou ainda, por exemplo, com o surgimento de um shopping Center (intensificado na década de 80), que apresenta as mesmas mercadorias, com maior segurança e privacidade por estarem desvinculadas do externo. 
O empreendimento comercial do shopping, cada vez mais popular, com surgimento inclusive em regiões periféricas através do “shopping popular”, já foi responsável por desbancar diversos CBDs. Observa-se que os subcentros e os shopping centers apresentam um status que reflete as características socioeconômicas da população que residem em seu entorno. Em contrapartida, os CBD geralmente são espaços de atividades terciarias em grande parte especializadas e sofisticadas – sendo que geralmente estão em áreas ditas de obsolescência ou deterioradas em que uma população moradora de baixo poder aquisitivo se mistura com o comercio popular.
Os espaços residenciais também se encontram divididos, diferentes entre si, cada um com níveis de desenvolvimento diferentes nas mais diversas áreas, sendo dividido a partir de características socioeconômicas, raciais, religiosas, etc, que basicamente irão definir o lugar onde determinada população irá morar. Leva-se em consideração o pertencimento do indivíduo à um grupo étnico, cultural – linguístico ou religioso, os quais podem refletir na separação de cada grupo em um espaço na cidade.
No Brasil, a variável da renda é o fator principal dessa diferenciação entre os espaços residenciais. Ainda assim, deve-se destacar que o fator étnico racial está entrelaçado historicamente com a renda, uma vez que o Brasil foi colônia de exploração, escravizando e explorando negros e indígenas durante 300 anos, e que apresenta, nos dias de hoje, consequências por conta da segregação resultante do processo escravocrata e da miscigenação.
Assim, em toda as regiões do Brasil, as favelas das cidades brasileiras são habitadas em sua maioria por afrodescendentes que descendem de escravos africanos, assim como caboclos, indígenas, etc também foram realocados para demais áreas periféricas. Casos semelhantes podem ocorrem com relação à religião, a exemplo da Europa, até meados do século XX, onde judeus ocupavam os guetos. 
Essa segregação pode ser observada no Brasil na imagem dos cortiços, loteamentos periféricos – muitos não legalizados ou inseguros – favelas, periferias, etc. Os mais pobres são induzidos, devido ao seu baixo poder aquisitivo, a residirem nos locais mais afastadosdo CBD e das eventuais amenidades naturais, geralmente desprezados pelos moradores mais abastados das espaços residenciais mais ricos. 
Nesses locais segregados, a estigmatização dos moradores em função do local de moradia é muito forte. Cria-se diversos sentimentos de pertencimento à novos grupos, uma autoestima coletiva é instalada. É frequente a existência de problemas de integração e de convivência entre grupos sociais diferentes. A segregação em países de sistema capitalista pode apresentar diferenças motivacionais: no Brasil, este fenômeno tem a pobreza como principal agravante, sendo uma maioria populacional, enquanto que nos EUA, motivos étnicos e uma minoria.
Quando verificamos as condições de qualidade de vida perceptíveis na diferenciação entre um espaço residencial e outro, constata-se que a mesma reflete numa diferenciação de classes sociais, a qual tem a ver com a posição que o indivíduo ocupa no mundo da produção. Logo, diferenças econômicas, de poder e de status entre as diversas classes sociais se refletem no espaço, influenciando decisivamente onde os membros de cada classe podem viver. 
Nesse viés, o capitalismo resulta em uma separação crescente entre o local de trabalho e o local de moradia, ao mesmo passo que o local onde os proletários moram tende a se distanciar do local de moradia dos seus patrões. A este fenômeno chamamos de segregação residencial. Assim, em consequência da pobreza, etnia ou outros, muitos grupos sociais são verdadeiramente destinados a viverem nos espaços da cidade, geralmente os mais afastados do centro, menos atraentes, menos desenvolvidos, não dotados de saneamento, infraestrutura, etc. Na maior parte das vezes, não se tratando de uma escolha.
Porém, no decorrer de gerações, percebe-se que os membros de determinado grupo relutam em abandonar o seu espaço de origem (gueto ou equivalente), mesmo tendo alcançado condições econômicas capacitantes. Esse fato não deve ser atribuído como uma escolha e sim analisado pelos fatores da hostilidade do outro espaço residencial em recebe-lo, além do sentimento criado de pertencimento social, assim como fatores ligados ao preconceito, xenofobia, racismo, etc. Assim, a persistência destes preconceitos na sociedade dificulta, e muitas vezes torna insegura, a mobilidade espacial dos membros dos grupos de minorias. 
Oposto a este, verifica-se a auto segregação, onde a diferença mais significativa em comparação à anterior, é a possibilidade de escolha. Aqui, as pessoas decidem afastar-se o máximo possível da cidade, e está atualmente vinculada ao desejo de uma elite populacional que busca por segurança e uma fuga dos problemas da cidade tais como barulho, congestionamento, pobreza, etc. Assim, exemplos de espaços residenciais auto-segregados estão presentes na imagem dos condomínios exclusivos da Barra Da Tijuca, Rio de Janeiro.
A auto segregação é assim definida não somente pela presença de escolha própria como pela ausência de sentimentos nostálgicos dessa elite com relação ao seu antigo espaço residencial. Não há sentimento de perda ou de pertencimento. Assim, na maior parte dos casos, essa elite é, ao menos co-responsável pela deterioração das condições de vida na cidade, seja por suas ações ou por suas omissões.
Além disso, deve-se destacar que as classes sociais baixas e médias também estão integradas ao sistema urbano, atuando como trabalhadores explorados, consumidores de baixo poder aquisitivo e eleitores políticos, vinculados à partidos. Mesmo que eles estejam excluídos das benesses do sistema ou de certos ambientes, seria impreciso utilizar o termo “exclusão” genericamente, uma vez que mesmo aqueles que atuam no setor informal, estão, de alguma maneira, integrados no interior do sistema econômico, assim como político e cultural. 
Deste modo, foram propostos diversos modelos para a organização interna de uma cidade, de acordo com conta essa presente diferenciação das áreas intra-urbanas e da renda e status dos diversos grupos sociais ao longo do século XX. Os modelos implicam, é claro, em uma simplificação a fim de apresentar traços e condições essenciais de uma realidade, sem distorções, sabendo-se que seria impossível um modelo retratar tudo. Assim, destacam-se as razões didáticas e heurísticas, a primeira facilitando a comunicação de aspectos fundamentais, e a segunda, onde durante o processo de elaboração do modelo, estrutura e disciplina melhor o próprio raciocínio espacial do estudioso e a própria analise. 
Desta maneira, analisa-se o modelo de E. Burguess, sociólogo pertencente a Escola de Chicago, conhecido como a abordagem de “Ecologia Humana”. O sociólogo faz uma analogia com as leis da natureza, em especial com a teoria de Darwin sobre a seleção natural, para explicar a dinâmica urbana: a sociedade urbana testemunharia a “sobrevivência do mais forte” em meio a “ luta pela vida”, para explicar as diferenças sociais a suponha que desta maneira, os indivíduos mais aptos e talentosos conseguindo escapar do gueto. Trata-se de uma estrutura, portanto competitiva.
Em sequência, o modelo Hoyt e o de Harris e Ulmann, se fazem presentes. O primeiro, toma o de Burgess como base, tornando-o mais complexo, ao combinar círculos com setores, levando em conta a influencia da malha de transportes. O segundo procura fazer justiça à descentralização do setor terciário no interior da grande cidade, destacando a existência de subcentros de comercio e serviços, e à presença de áreas industriais e residências localizadas no entorno da cidade, os suburbs. Este último é também chamado de “modelos de múltiplos núcleos”. Observa-se ainda o modelo dos geógrafos alemães BÄhr e Mertins para a “cidade latino-americana”, dos anos 80, inspirada pelo contato empírico intenso entre os autores cim alguns ooucos países da américa hispânica, também inspirado no modelo “dos setores” de Hoyt. 
Portanto, da mesma forma, utilizando-se de ambos modelos, o autor fez o seu estudo de organização interna a respeito da cidade do Rio de Janeiro, considerando útil para a compreensão da estrutura espacial das grandes cidades brasileiras. Desta forma, classifica a região metropolitana em quatro grandes tipos de espaços sociais: o núcleo, que corresponde a uma ocupação mais densa sem espaço para especulação imobiliária horizontal em larga escala e sem maiores carências de infraestrutura técnica; O espaço de atração da auto-segregação, que condiz com a maior parte dos condomínios privativos, exclusivos e fechados; A periferia, espaço dominado tipicamente por loteamentos irregulares e grandes glebas mantidas ociosas ou subutilizadas o qual refletem uma especulação fundiária em grande escala, e onde, não se verifica com frequência o atendimento de infraestrutura de qualidade; E por fim, a franja rural urbana, espaços rurais que sofrem especulação fundiária, seguindo a lógica de uso da terra, ou que têm seu uso rural subutilizado, a aparência rural esconde a essência urbana mais profunda do local misto.
Também presente na obra, encontra-se um segundo modelo gráfico conceituado pelo autor para representar um século e meio da evolução urbana do Rio de Janeiro. Na segunda metade do século XIX observa-se um RJ com um CBD ainda em formação, com cortiços e cadas de cômodo em seu entorno, ainda com pouca segregação residencial. Avançando para os anos 20, a situação destaca-se distinta, uma vez que a maior parte dos cortiços e das casas de cômodo haviam sido erradicados da área central, assim, as favelas se multiplicavam pelo tecido urbano. Em meados dos anos 40, a periferia já está estabelecida com a proliferação de loteamentos irregulares em contraposição ao núcleo, além do surgimento dos primeiros conjuntos habitacionais. No começo dos anos 70, instalam-se as remoções das favelas com a realocação de suas populações para conjuntos habitacionais situados nas periferias ou em subúrbios distantes, e existência de subcentros de comércios e serviços. Por fim, no começo do século XXI verifica-se como novidade a formação do espaço de atração da auto-segregação.
Emsequência, analisamos os problemas urbanos. Discute-se a existem de problemas especificamente urbanos, ou se os mesmos não são apenas problemas sociais gerais da cidade, e suas consequências. Por exemplo, com respeito a violência urbana, podemos afirmar quanto a criminalidade violenta que, a mesma está intimamente conectada a peculiaridade do espaço urbano e sua influência, tais como: a violência no transito, a violência em protestos, os conflitos entre grupos rivais ou quadrilhas de tráfico de drogas, etc.
Duas grandes problemáticas ocupam maior espaço e associam-se fortemente às grandes cidades: a pobreza e a segregação residencial. A pobreza, apesar de presente em zonas rurais, sobretudo em países de terceiro mundo, nas cidades são peculiares tanto por questões espaciais (favelas, periferias, áreas de obsolescência, etc.), quanto pelas formas de sobrevivência induzidas por esse quadro, sendo legais ou não (tráfico de drogas, comércio ambulante). Quanto a segregação residencial, pode-se afirmar que ela é fruto da pobreza, do não cumprimento do papel do estado e do favorecimento da elite, o que intensifica o preconceito, a intolerância, e a baixa-estima coletiva. 
Ou seja, a segregação residencial é essencialmente um produto da cidade, visto que, em sua maioria, povoados e aldeias rurais costumam ser homogêneos e com poucos espaços de segregação. Ela deriva das desigualdades e alimenta as desigualdades (retroalimentação positiva), é resultante de vários fatores, mas o principal claramente trata-se da disparidade na distribuição da riqueza socialmente gerada e do poder. Assim, pode-se concluir também que menos segregação residencial tende a significar uma possibilidade de maiores chances de integração entre grupos sociais diversos, interação que tende a facilitar a diminuição de preconceitos. Destaca-se ainda que melhores condições de vida, impostas pela qualidade de habitação, infraestrutura, saneamento público, etc, contribuem para essa diminuição dos preconceitos contra os espaços segregados malvistos, como as favelas.
Podemos acrescentar a esses problemas a degradação ambiental, causada tanto por parte da classe que ocupa, por falta de opção, as encostas de morros ou redes fluviais, quanto por parte da elite através de suas fábricas poluentes, geralmente atingindo a população proletária, sem haver preocupação da parte da elite, pouco afetada. Percebendo-se assim, uma correlação entre problemas sociais e impactos ambientais, visto que vários problemas ambientais acarretam em tragédias sociais, como os desmoronamentos e deslizamentos de terra em encostas. Assim, a classe não dominante são os que menos ganham lucros com as atividades que geram os impactos e ao mesmo tempo são os que menos tem condições de se proteger dos efeitos sociais negativos derivados desses impactos.
Um segundo problema, característico do Brasil, é o conjunto de dificuldades vinculadas ao sistema de trafego ineficiente, antiecológico e caro. Atualmente, o transporte rodoviário perde a prioridade para o veículo particular seja pela falta de planejamento urbano e/ou pela influência de indústrias automobilísticas poderosas. O transporte coletivo intra-urbano do Brasil é baseado em ônibus, ao invés de transporte ferroviário – trens, metros, ou mesmo os bondes, antigos e inativos para nós brasileiros – como é de utilização nos países de primeiro mundo. A falha do planejamento está não somente na carência de opções de transportes com a sobrecarga nos ônibus, como também na presente ineficiência das numerosas linhas, muitas das quais com trajetos semelhantes, porém muitas vezes também não atendendo bem certos setores da cidade. 
Apesar de o metrô subterrâneo ser uma solução ecologicamente satisfatória, é excessivamente caro para as grandes cidades de países periféricos ou semi-perifericos. Desta maneira, a flexibilidade e suposto conforto de deslocamento proporcionada pelo transporte em carros, mascara o alto custo econômico (os trens transportam mais passageiros a um custo menor) e custo ecológico (poluição atmosférica e sonora maior). Destaca-se ainda o desagradável engarrafamento diário das grandes cidades.
Assim, a decisão pelo transporte sobre rodas traz por consequências mais gastos com infra –estrutura-urbana, maior consumo de combustíveis, poluição atmosférica, tendência à 
formação de grandes vazios urbanos associada à especulação imobiliária, etc. Desta maneira, a expansão urbana, ao invés de acompanhar os eixos de corredores ferroviários, acaba por avançar em todas as direções, sem controle, aumentando a necessidade de maiores intervenções públicas em infraestrutura para vencer essas distancias cada vez maiores.
Em oposição, o transporte sobre trilhos direciona a expansão, obtém uma infra-estrutura melhor direcionada, menor gasto de combustível, menos poluição e menos vazios no tecido urbano. Desta forma, fica claro que o destaque para o transporte de massa deveria ser atribuída aos trilhos e que esta solução deve ser sempre uma combinação equilibrada entre outras várias modalidades de transporte para a cidade, conforme os requisitos particulares da mesma.
Observa-se que de acordo com a classe social a qual pertence, cada indivíduo reage de uma forma diferente aos problemas urbanos apresentados. Assim, as elites fazem uso de um processo de auto-segregação, enquanto que a classe pobre, sofre com os danos gerados por todas partes, recorrendo as vezes aos protestos, reinvindicações, mas principalmente às estratégias de sobrevivência ilegais, as quais contribuem para o aumento da já citada violência, assim como da problemática de declínio dos padrões de sociabilidade e qualidade de vida sem que constituam reações construtivas que possam colaborar com o aumento da qualidade de vida da classe não dominante. A “carreira” criminosa resulta em uma opção mais aceitável do que o resigno à salários miseráveis ou a mendigar.
Os conflitos de interesse, contudo, não se mostram como uma “luta de classes”, os pobres também sofrem com a criminalidade violenta, tendo ainda menos chances de defesa. Esse fato porém, não torna a cidade mais unida. Assim, temos duas realidades distinta, de um lado, favelas e outros espaços residências segregados no controle e muitas das vezes também administrado por quadrilhas, e de outro, verificamos um aumento de condomínios privados com diversos dispositivos de segurança.
Em adição à isto, o Estado também contribui para o agravamento da segregação, quando, incentivado pelo mercado imobiliário, investe e estimula de forma desigual em áreas residenciais, zoneiando e normatizando assim a ocupação do solo, realocando pobres e grupos sociais indesejáveis. O estado age como um verdadeiro agente repressor na tentativa de “colocar os pobres no seu devido lugar”.
O autor considera por fim que o resultado sintético desta situação é o que chama de “fragmentação do tecido sociopolítico-espacial”, e designa um processo que abrange tanto a formação de enclaves territoriais ilegais – controlada por grupos criminosos – até o “auto enclausuramento” de uma parte crescente da classe média e das elites. Dessa maneira, representa o “fechamento” dos locais da cidade, com grades, cadeados, muros, guaritas, câmeras, carros blindados, etc. Isso resulta nas ações de sair menos de casa, evitar determinados locais, e outras que aumentam a segregação residencial, as disparidades socioeconômicas, e por fim, resultam em uma “fragmentação” da cidade e uma despopularizarão dos espaços públicos. As próprias áreas de comércio resumem-se cada vez mais em shoppings centers. Isso gera consequências socioculturais, sociopolíticas e psicossociais negativas na cidade.
Em países capitalistas, sobretudo periféricos, observa-se que os bens materiais e a cultura são apropriados de forma seletiva - com influência da globalização-, os danos ambientais são grandes, devida a pressão para crescimento econômico – especial em países emergentes-, e a diversidade não é bem vista, pois gera dificuldades na disseminação de padrões que possam modelarfacilmente uma organização, assim, beleza natural e histórica são ignoradas. Não somente o espaço social condiciona as relações sociais. As relações de poder projetadas no espaço e os valores e símbolos culturais inscritos no espaço servem como referência para as relações sociais.
 A cidade não se desenvolve somente ao crescer, no sentido de expandir, mas para ser desenvolvida de maneira positiva é necessária a extração de mais-valia e uma drenagem de renda fundiária de outras áreas que alimentem os projetos urbanos de conservação, revitalização, integração, etc. Leva-se em conta também a existência de mecanismos econômicos perpetuadores das desigualdades internacionais, de fatores geopolíticos que igualmente contribuem para maneter ou reforçar as desigualdades como pressão política, apoio a golpes de estado e intervenções militares, etc; assim como limites ecológicos e outros, que podem, nas regras deste jogo, permitir a elevação de um país no ranking internacional, mas sem promover uma redução significativa dos desníveis internacionais. 
Nesse viés, constata-se que o desenvolvimento urbano significativo, aquele que importa no fim das contas, não é somente econômico, mas, de forma mais abrangente, deve ser socio-espacial. Desde a década de 50, fala-se que para uma cidade “crescer”, ela precisa apresentar certo desenvolvimento econômico, o qual por sua vez é a combinação de dois fatores: crescimento econômico e modernização tecnológica. No entanto, é comumente associado erroneamente que o desenvolvimento econômico está entrelaçado com a melhoria de indicadores sociais, e a verdade é que a expansão e modernização de uma cidade costuma trazer consigo custos sociais e ambientais. 
Por conta disso, a partir da década de 70, mesmo entre economistas conversadores, tem se abertamente admitido que sem instituições e programas específicos voltados para a redistribuição de renda e a satisfação de necessidades básicas, o desenvolvimento econômico somente não atribuí melhores resultados nos indicadores sociais. Por conseguinte, é preciso reconhecer que também o sistema político, os valores e padrões culturais e a organização espacial devem ser considerados neste âmbito.
Portanto, desenvolvimento urbano não deve ser compreendido somente como um aumento da área urbana e sofisticação ou modernização desse espaço, mas também como a melhor qualidade de vida e da justiça social, que são consequências da diminuição de disparidades econômicas entre classes, estudadas nestes capítulos, assim como a preservação do meio ambiente e patrimônio histórico-arquitetônico, também a diminuição da violência urbana, etc. O desenvolvimento econômico é um simples meio de promoção de qualidade de vida e justiça social e não o único fator, que isolado, resolverá os problemas aqui compreendidos. É necessário empregar outros meios aliados a este tipo de desenvolvimento. 
Logo, devemos considerar o desenvolvimento social em todas as suas dimensões: econômica, política e cultural. Leva-se em conta também a chamada dimensão espacial da sociedade, que se conceitua como a natureza transformada pelas relações sociais. No entanto, o espaço social é muito além de um simples “dado” simplificado e facetado, ele é produto das relações sociais e um condicionador dessas mesmas relações. A organização espacial e as formas espaciais refletem o tipo de sociedade que as produziu, mas a organização espacial e as formas espaciais, uma vez produzidas, influenciam os processos sociais subsequentes. 
Corresponde, portanto, ao substrato espacial, ou seja, as formas espaciais concretas, materiais, representam tanto um produto da sociedade quanto um condicionador das relações sociais na medida que não são qualquer coisa que se pode fazer com qualquer uma delas, nem satisfazem adequadamente qualquer propósito, e que a produção do espaço de uma determinada maneira exclui outras possíveis alternativas, algumas vezes até em caráter permanente, seja devido ao elevadíssimo custo de se reestruturar inteiramente o espaço, seja devido à do patrimônio natural ou histórico-arquitetônico, as vezes já irreparável. 
O autor exemplifica que caso uma cidade produza riquezas e apresente crescente desenvolvimento econômico, mas as disparidades econômicas da população aumentam e tal produção de riqueza e expansão se faz às custas da destruição de ecossistemas patrimônio histórico-arquitetônico, acarretando nos problemas aqui discutidos: violência, poluição, congestionamentos, etc, o nome atribuído à situação seria meramente o de crescimento urbano, complexificaçao da cidade, ou modernização do espaço urbano, sendo um equívoco utilizar o termo: desenvolvimento social espacial. Pois o autor defende que relações sociais e espaço social transformam-se simultaneamente.
Portanto, desenvolvimento urbano autentico é, para o autor, antes e acima e tudo, um desenvolvimento sócio espacial na e da cidade, que não deve ser confundido com uma simples expansão do tecido urbano, nem meramente com crescimento economico e tecnológico. Está muito mais ligado a qualidade de vida e a justiça social, com a qual nos arquitetos devemos também nos preocupar. 
A partir do capítulo 7, constata-se que para o autor o tamanho de uma cidade não é proporcional a intensidade de seus problemas, como popularmente se acredita simplesmente. A explicação para os problemas urbanos não está meramente no tamanho do espaço urbano e nem é proporcional a ele, assim como a explicação para a violência urbana não é puramente a pobreza. Os problemas urbanos são frutos de processos históricos, logo, cidades com bem-estar e justiça social ameaçados, quando pressionadas a crescer, tendem a ter o quadro negativo no qual se encontram ainda mais agravado. 
Nos capítulos anteriores, verificou-se diversas destas problemáticas das cidades, aqui, analisamos desde as falsas explicações sobre os problemas urbanos às falsas receitas para superá-los, passando pelas mais prováveis soluções a serem averiguadas, em nível introdutório sobre o tema. Verifica-se incialmente, por exemplo, que entre o ser pobre e pegar em armas para assaltar, há toda uma mediação de valores culturas e fatores político-institucionais. O autor defende assim que a falácia deve ser incentivada no sentido de liberdade individual e incentivo à inovação, mas defende que as constatações sejam melhor firmadas em pesquisas e dados do que em meras percepções das aparências.
A pobreza é, em certa medida, alimentadora da criminalidade, porém, a contribuição explicativa potencial da pobreza e da desigualdade deve ser contextualizada. Além do fator pobreza, devem ser analisados a cultura e as instituições policiais e judiciárias de uma região para se verificar uma análise satisfatória. Culpar a pobreza como causa da violência é uma hipersimplificação para abstrair e distanciar as pessoas do cerne do problema.
Referente ao tamanho urbano, observando as pressões quantitativas de uma cidade – mais demanda por moradias, infra-estrutura, empregos, etc -, consta-se factualmente que estas tenderão a contribuir na agravação dos problemas apresentados. Tais pressões, resultantes de fenômenos demográficos ou econômicos, agravam, mas não criam os problemas fundamentais. Tampouco é sensato culpar os mais pobres novamente pela existência destes demais problemas. Meros bodes expiatórios do sistema, os mais pobres mais reagem do que agem.
A respeito das receitas do senso comum para superar os problemas urbanos, muito se atribui à falta de planejamento e falta de vontade política, para se explicar a responsabilidade pelas mazelas da cidade. O que não é uma verdade, uma vez que se percebe que mais planejamento e a própria melhoria do mesmo não resolvem os problemas. A falta de planejamento é um problema, mas a maneira para soluciona-lo é através da consideração de fatores institucionais, econômicos e culturais, uma vez que as imperfeições técnicas e escassez de planejamento não surgem por acaso, e, infelizmente, constata-se que muitos dos planejadores não estão nem ética e nem tecnicamentepreparados para isto, como o autor destaca ser necessário. Ou seja, como constata o autor, os planejadores também são “planejados”, não bastando o bom planejamento e o bom planejador, é vital que os envolvidos estejam preparados para abraçar a perspectiva de um autêntico desenvolvimento urbano. 
Observa-se que o aparelho administrativo serve à política e interesse econômico, em detrimento da adequação técnica das ações e escassez de recursos para investimentos (relativa, boa parte das vezes), assim, exige que se leve em conta problemas que transcendem a questão do planejamento em escala local, tanto tematicamente a questão do planejamento em escala local, sem conferir maior autenticidade ao “pacto federativo”, disponibilizando mais recursos para os municípios, e sem que se alterem os termos determinados pelo quadro macroeconômico.
Quanto à vontade política, o autor defende que os líderes políticos têm a capacidade resolutiva dos problemas restringida por fatores econômicos, institucionais, político -ideológicas, etc. E que não que estes não devam ser cobrados individualmente, mas sim, que deve ser compreendido por todos que as instituições políticas, de interesse próprio, precisam ser transformadas ou eliminadas para resolução dos problemas. 
Assim, o autor destaca também os privilégios da elite, da mais ilustre e moderna às mais oligárquicas e atrasadas. Estas, desempenham papel de exploração econômica e dominação política, não por crueldade, mas por simplesmente não restar opções. Para o autor, não trata-se, meramente de virtudes e vontade de solucionar o problema, mas dos papeis sociais que os indivíduos são chamados para representar, e das instituições sociais que dão sentido a esses papéis. Estas necessitam de reparos ou eliminação.
O autor defende assim, a nível de apresentar introdutoriamente solução para os problemas descritos, que se os mesmos se concretizam e se manifestam nas cidades por causas que não as locais, mas que remetem muitas vezes à fatores em escalas nacionais ou mesmo internacionais, as tais soluções não podem ser buscadas e alcançadas por completo através do planejamento e da gestão das cidades. Porém, o autor atesta que a escala local, mesmo não representando tudo, está longe de ser irrelevante, uma vez que abriga os recursos disponíveis, sejam econômicos, políticos, intelectuais, e outros. Os problemas tem raiz nos fatores históricos de surgimento e desenvolvimento da cidade em questão.
Assim, o autor apresenta uma das estratégias que considera válida para alcançar um desenvolvimento urbano mais autêntico como sendo a reforma urbana. Esta, como qualquer outra estratégia válida, não deve ser enxergada isoladamente, mas o autor a considera uma das mais importantes. A reforma urbana exige que se explore o máximo a margem de manobra possível existente em escala local, sem esquecer dos condicionantes e as tarefas que remetem a escalas mais abrangentes, inclusive em matéria de ancoragem jurídica e institucional da reforma urbana. 
	Desta maneira, apresenta-se o conceito de reforma urbana, que deve objetivar a qualidade de vida da população, principalmente a mais pobre, e elevar o nível de justiça social. Assim, a reforma urbana não se circunscreve a uma remodelação do espaço físico. Ela é uma reforma social estrutural, com evidente dimensão espacial. 
Ao contrário disso, o autor utiliza como exemplo a Reforma Passos em 1902 e 1906 do centro do Rio de Janeiro, de natureza econômica, sociopolítica e ideológico -simbólico, que foi autoritária e conservadora, visando a “limpeza” dos cortiços e similares, modernização e embelezamento da região em função dos imperativos econômicos, políticos e ideológicos, e do alargamento das ruas, exigindo porém, sacrifícios a proprietários de imóveis, negociantes e sobretudo aos moradores pobres, realocados praticamente à força, o que não caracterizaria a verdadeira reforma urbana, ética, consciente e justa. 
Assim, o autor considerava a Reforma Passos, na verdade uma reforma urbanística, de caráter conservador. Enquanto a reforma urbanística costuma estar atrelada a um entendimento estreito do que seja o desenvolvimento urbano, a reforma urbana tem por objetivo geral promover o desenvolvimento urbano autêntico. Portanto, destaca-se que os objetivos específicos da reforma urbana, situam-se como:
1. Coibir a especulação imobiliária. 
2. Democratizar o máximo possível o planejamento e a gestão do espaço urbano. 
3. Reduzir o nível de disparidade socioeconômica -espacial intra-urbana. 
Dentro deste último tópico podemos citar objetivos auxiliares, relativo à redução do nível de disparidades socioeconômicas-espacial intra-urbanas, tais como: garantir segurança jurídica para população de área carente de regularização fundiária, e gerar renda para a população pobre urbanos através de empregos (evitando “expulsão branca ”, garantindo que a população beneficiada pela regularização fundiária permaneça no local, após a valorização do imóvel com ônus tributário). Destaca-se que o maior investimento em áreas residenciais negligenciadas promove uma redistribuição indireta de renda, onde o local de moradia poderá, com incentivos, tornar-se suporte para atividades econômicas, e ainda, com obras de urbanização, absorver mão-de-obra local. 
	Isso acarretaria na redução do nível da segregação residencial. Ao modificar a lógica de alocação espacial de investimentos públicos, investindo-se mais em áreas tradicionais negligenciadas, e ao se aplicarem instrumentos e mecanismos viabilizadores dos processos de regularização fundiária de favelas e loteamentos irregulares, e relacionados, de alguma maneira mais pratica, rápida e eficaz, promover-se-ia uma espécie de redistribuição indireta de renda, sendo esta uma das maiores potencialidades da reforma urbana. 
	Não esquecendo, porém, das dificuldades de se instalar uma redistribuição de renda, pois transcende a margem de manobra própria da escala local, dependente de reforma tributária e talvez de medidas mais ousadas, nacionais ou internacionais. Uma reforma agraria, por exemplo, difere ao tratarmos de solo urbano, este que, não é, ao menos para os trabalhadores assalariados que trabalham fora de casa para o patão, um meio de produção que gere lucros. 
	Assim, se uma reforma agraria inclui redistribuição de patrimônio, neste caso a terra, que significa a pura geração de renda, a reforma urbana pode e deve englobar medidas que propiciem a geração a geração de emprego e renda, visando também eliminar as ocupações informais. Aqui, o local de moradia é também muitas vezes um suporte para as atividades econômicas que geram a renda suplementar da família, passando a atuar também como meio de produção.
	Nesse cenário, programas governamentais, desde a (re)capitalização profissional à absorção de mão-de-obra local para realizações de obras de urbanização e saneamento básico em áreas pobres, passando pelos chamados microcréditos e pelo estimulo a cooperativas de produtores, podem e devem ser integrados entre si e, de algum modo, inseridos no contexto geral de um programa de reforma urbana. 
Com o golpe militar, o debate sobre reforma urbana, mesmo que iniciado e necessário à época por conta da escassez de moradas nos anos 50, foi interrompido, e após este período, fez-se necessário a elaboração de uma nova constituição, na qual foi proposta a incorporação de emendas populares, inclusive sobre reforma urbana, que após ser muito “podada”, permaneceu em alguns artigos. Constatou-se o problema de que o Congresso estava sendo obrigado a receber a emeda, mas não a incorpora-la no texto constitucional, ou seja, tratava-se mais de um mecanismo consultivo do que propriamente deliberativo.
Desta forma, pode-se verificar sobre Reforma Urbano na Constituição, nos artigos 182, sobre os objetivos da política do desenvolvimento urbano no âmbito social e do bem-estar, regulamentador da existência e respeito do plano diretor mediante cobrança de impostos, indenizações, parcelamento ou edificação compulsórios, e/ou desapropriação em casode aproveitamento inadequado de solo urbano não edificado; e 183, sobre usucapião, regularização de lotes e imóveis e sobre a regularidade do uso da terra desocupada como moradia quando não enfrenta oposição. 
Assim, diante desta situação, parece restar como alternativa a concentração dos esforços em uma tentativa de converter os planos diretores municipais de forma que os mesmos passem a permitir as reformar urbanas necessárias. Além da constituição e em conjunto com a aprovação do estatuto da cidade, o que se verifica no contexto social mais amplo e realista, é a presença de uma reforma urbana de “cima para baixo”, e o contexto social encontra-se muitas vezes banalizado e negligenciado na mesma.
Percebe-se que, consequentemente, a resposta para as mudanças e seus protagonistas agentes não se encontra nos sistemas econômico e político somente, mas cabe também à sociedade civil, organizada em associações e entidades autônomas, conquistar e manter espaços de ação, organizar-se elaborando propostas de políticas públicas que pressionem e delimitem as ações do estado, fiscalizando também a fim de diminuir a corrupção e falta de transparência do poder público.
As associações de moradores, cooperativas, entidades profissionais e demais organizações da sociedade civil precisam estabelecer alianças, cooperar entre si e desenvolver a capacidade de elaborar propostas de ação e políticas públicas, capazes de servir como ferramentas para pressionar o Estado e delimitar a ação estatal, e realizar, autonomamente, ações e projetos. As criações de tais corporativas e/ou movimentos são fundamentais, ao menos atualmente, para lutar pela reforma urbana, com garantia de regularização fundiária e demais questões que se inserem aqui, frente ao Estado. Portanto, poderia se desenvolver que se a moradia digna é um direito, a ocupação seria um dever.
O Estado, no entanto, também deve ter um papel a desempenhar, pois, certas intervenções, mesmo as de mera ocupação, necessitam de recursos, cuja captação e mobilização tornam o auxílio por parte do Estado, o menos em primeiro momento, imprescindível. Com a atenção de que a tendência geral é a de que o conteúdo da ação do mesmo seja conforme aos interesses mais amplos das classes dominantes, e sem dúvida, da percepção do próprio sistema. Por conta disto, observa-se limitações intrínsecas enquanto promotor de justiça social. O Estado deve também respeitar um segundo limite, referente a intromissão nos assuntos de caráter civil. 
Salienta-se que mesmo em tempos onde o Estado mostra-se mais transparente, democrático e efetível, a tensão entre as suas ações e as organizações da sociedade civil continuam presentes, sem que isso seja de fato tão negativo, pois estimula a fiscalização da corrupção e transparência, além da independência das partes, neste cenário, estimula-se o respeito máximo. 
Por fim, é necessário divulgar a reforma urbana, superar os conflitos de interesse e criar propostas claras e operacionais, sem ignorar problemas sociais como as demais formas de preconceito, que geram segregação residencial e injustiças sociais. Porém, para atingir sucesso em qualquer um dos três pontos apresentados, se faz necessário uso de instrumentos de planejamento e gestão. Inclusive na questão do orçamento participativo. 
Desta maneira, analisa-se os instrumentos necessários para alcançar os objetivos específicos da reforma urbana. Visando coibir a especulação imobiliária, com amparo na constituição, sobre o cumprimento da função social da propriedade, temos as ferramentas: 
a. Notificação com prazo para parcelar ou edificar a área ociosa, por meio de parcelamento e a edificação compulsórios; 
b. Aplicar alíquotas progressivas no tempo sobre o IPTU, dentro de um prazo previsto; 
c. Desapropriação, com indenização mediante títulos da dívida pública, resgatáveis em até 10 anos, como solução extrema; 
d. Contribuição de melhoria, tributo previsto pelo Decreto lei 195, justificado pela valorização do imóvel decorrente de melhorias e obras públicas, incluindo pavimentação, iluminação, arborização, esgotos, etc (que o autor considera inaceitável, em especial quando aplicado somente em bairros privilegiados em obras especificas, acarretando na criação de mais problemas sociais e urbanos), tendo como visão, satisfazer necessidades básicas; 
e. Outorga onerosa do direito de construir, mais conhecida como “solo criado”, justificada pela sobrecarga da infra-estrutura pública, por como exemplo, altos prédios, sendo uma espécie de tributo ou contraprestação paga à municipalidade. Juridicamente, a premissa necessária para a aplicação do solo criado é uma certa separação entre o direito de propriedade e o direito de construir. 
O direito de propriedade se aplica em uma sociedade capitalista como inviolável, podendo ser limitado por razões de interesse coletivo ou não. É necessário relembrar do “direito de nada fazer” com um imóvel urbano, ou do interesse de deixa-lo subutilizado, tornando o solo criado um tema complexo e controverso.
Vale ressaltar que é prevista, como salientado anteriormente, em constituição, lei federal e municipal (lei do plano diretor), a adequação do solo, sendo facultado ao Poder Público Municipal, de acordo com lei especifica de seu plano diretor, exigir nos termos da lei federal, o adequado aproveitamento do solo, sob as penas previstas anteriormente. 
 Visando reduzir o nível de disparidade socioeconômico-espacial intra-urbana, temos: 
a. Fundos de desenvolvimento urbano, que se trata da concentração de recursos, auferidos, como por exemplo, com o recolhimento do IPTU progressivo, para o desenvolvimento urbano priorizando áreas como favelas, loteamentos irregulares e áreas de proteção ambiental. 
b. Zoneamento de prioridades, que pode ser dos tipos: zoneamento de uso do solo, caracterizado pela divisão do tecido urbano por zonas, que favorecem o agrupamento de imóveis conforme a natureza de sua atividade conforme a adequação do solo nas diferentes partes do tecido urbano. Costuma ser concebido de modo rígido, na base de uma separação detalhada entre os usos, que beneficiam a população quanto mesclados; e zoneamento de densidade, que limita o número de pavimentos ou o percentual do terreno que se pode construir, a fim de balancear a ocupação, evitando saturação da infra-estrutura, tanto quanto o outro extremo, que é a existência de partes inteiras do município, potencialmente propicias a expansão urbana, com ocupação muito rarefeita. Procura portanto, ordenar o crescimento e o adensamento demográfico e construtivo da cidade. O zoneamento de prioridade porém, não substitui ambas categorias anteriores, mas sim complementa-as.
c. Usucapião, como instrumento de regularização fundiária, aplicável a área de até 250m², ocupada por no mínimo 5 anos sem reivindicação, para a moradia familiar, que não seja do Estado. Em caso de a terra pertencer ao Estado, o instrumento correto a ser aplicado é a concessão de direito real de uso. Nesse caso, não há transferência de propriedade, no entanto, os direitos dos moradores ficam bastante resguardados, tratando-se de contrato formal a ser registrado no Registro de Imóveis.
Ou seja, os diversos instrumentos devem interagir entre si, equilibradamente. O IPTU progressivo, por exemplo, ao lado de terem utilidades mais especificas, ajudam a gerar recursos adicionais para o Poder Público, destinado a um fundo de recursos especifico a ser destinado a aplicação urbana visando a melhoria das zonas mais necessitadas. A própria aplicação do IPTU progressivo, reduz os problemas de vazios urbanos e a urbanização em saltos. 
Por fim, em prol da Democratização do planejamento e gestão, conquistada com participação popular efetiva, que aprova e fiscaliza o cumprimento das leis, é mais que um objetivo, mas um princípio fundamental. O fundo de desenvolvimento deve ser gerido por um conselho com participação popular, não bastando ele somente. É necessário não somente a escuta da opinião popular, como a real contribuição para a mesma quando necessário. Reforça-semais uma vez que os Conselheiros precisam da capacitação adequada, mecanismos para monitoramento da execução e funcionamento das sessões e decisões sejam adotados e a população tenha acesso a informação, direito a voz e eleja democraticamente seus representantes.
Desta maneira, encerra-se reforçando que o uso de tal instrumentação é fundamental, antes da boa índole, boa vontade, princípios, objetivos e estratégia, para a correta e própria contribuição ao desenvolvimento urbano. Os instrumentos, mesmos os menos ambíguos ou ambivalentes, de pouco ou nada adiantam se não existirem as condições políticas, sociopolíticas e político-culturais para que eles sejam aplicados, e bem aplicados.
Mesmo em um país onde as leis “pegam” ou “não pegam”, ter a presença da Lei, já é em si, um fator inicial de suma importância. A exigência de nunca descurar a análise da sociedade em favor de uma ênfase sobre os instrumentos e marcos legais deve prevalecer, tanto quanto a consciência de que a democratização do planejamento e da gestão é na verdade fator de máxima importância, que dá sentido a todo o resto.
A partir do capitulo 10, o autor demonstrar acreditar que os obstáculos para o alcance da reforma urbana defendida em sua obra evidenciam-se em parte por conta do pouco conhecimento sobre o assunto por parte da sociedade civil, assim como dividem-se em obstáculos políticos, culturais ou de mentalidade, econômicos, jurídicos, internacionais, gerenciais, sócio-políticos, e de dinâmica geoeconômica. Dessa maneira, ainda menos popular que a reforma agraria, o autor incentiva a disseminação dos verdadeiros ideias da reforma urbana, para obter aceitabilidade pública. 
Referente aos fatores políticos, o autor considera que devem ser verificados os instrumentos de planejamento e gestão urbana, pois o detrimento de tais instrumentos técnicos pode significar a aplicação dos mesmos somente para favorecer interesses políticos de classes altas. Desta forma, os obstáculos principais não são de natura técnica, mas política, uma vez que os interesses contrários a uma genuína reforma urbana têm poder maior na atual instancia, manifestando pressão real e firme sobre o Estado. 
 	Exemplo claro disto está nas críticas da utilização dos instrumentos do IPTU e do “solo criado”, defendendo supostamente uma liberdade individual, pois sua aplicação contraria os interesses destes agentes modeladores do espaço urbano que lucram com a especulação imobiliária, com a densificação excessiva em certas áreas nobres da cidade, com destruição do patrimônio natural e histórico-arquitetônico. 
	Desta maneira, essa pressão imposta no Estado verifica-se também como um obstáculo cultural/de mentalidade, visto que, por um método ou outro, certos grupos ou classes dominantes conseguem impor na opinião pública, e por vezes entre técnicos e estudiosos, seus ideais. Portanto, enquanto o senso comum acredita que o problema das cidades é a falta de planejamento, os grupos dominantes tendem a boicotar tentativas de se regularem o crescimento urbano e o uso do solo, tentando fazer crer que o planejamento, mesmo quando é até relativamente tímido em matéria de combate a especulação imobiliária e ao superadensamento, pode ser nocivo. 
Verifica-se por exemplo, campanhas orquestradas por entidades imobiliárias e semelhantes contra novas propostas de plano diretor, como ocorreu em São Paulo em 2002, onde verificava-se a fortificação da aplicação de certos instrumentos, embora que ainda deixando a desejar para o alcance da reforma urbana ideal. Utilizou-se o apelo em jornais e meios de circulação de que o trabalhador e a família sairiam perdendo com a nova proposta, embora muito fosse do contrário, verificando-se que a intelectualidade crítica do brasileiro no que ligado aos estudos urbano continua a dar muito menos atenção do que o devido para o planejamento e gestão das cidades, permitindo-os se tornarem conversadores.
Sem dúvidas deve ser considerada também a questão da falta de recursos monetários como um obstáculo econômico provindo do endividamento do Poder público, da desatualização de cadastros imobiliários, de gastos governamentais irresponsáveis, da fraqueza da base econômica de muitos municípios, resistência dos grupos economicamente dominantes em dispor de um orçamento participativo, etc. 
Desta maneira, obstáculos derivados destes, como os obstáculos jurídico-institucionais, são observados. Ou seja, mesmo com o Estatuto das Cidades ainda não se verificam, nos planos diretores e demais ações, esforços o suficiente em prol de uma reforma urbana legitima. Destacam-se deficiências legislativas que respaldam a reforma urbana, desunião entre as partes administrativas e a imperfeição do Estatuto da Cidade. Também verificam-se dificuldades gerenciais e técnicas, tais como escassez de quadro técnico, dificuldades de implementação, ineficiência burocrática, inexistência ou defasagem de cadastros, etc.
	Além destas, verificam-se obstáculos sociopolíticos como os impactos causados por enclaves territoriais controlados por grupos criminosos que tutelam, manipulam e ameaçam a população residente, embora em muitos casos também administrem local. Em tais casos, o planejamento urbano deve ser pensado de modo a articular com uma política de segurança pública arejada e progressiva.
	Desta maneira, o autor levanta o questionamento: A Reforma urbana é suficiente? Qual é o verdadeiro alcance que a mesma pode ter dentro de uma ordem social capitalista e em especial em um país semiperiférico? O autor desenvolve que dentro das várias escalas de problemas, apresentados em seu livro, existiram aqueles específicos da cidade em questão e outros não tão específicos assim, muito mais corriqueiros em escala regional, estadual ou mesmo nacional, amenizados (positivamente) ou agravados (negativamente) por fatores econômicos, políticos ou culturais da escala ao qual estão inseridos, e/ou demais fatores resultantes do passado histórico, assim como as particularidade e as margens de manobras econômicas e político-institucionais do pais, além das especificidades de ordem cultural. Cita-se aqui a pujança econômica e a conjuntura política. 
	Desta forma, observa-se que em diferentes escalas, a margem de manobra do estado ou da própria sociedade civil adequa-se ao tentar superar os problemas das cidades, e que cada uma filtra as influencias que emanam de outras escalas. No entanto, é necessário destacar que existem fatores que estão além da esfera de influência e competência de qualquer prefeito, governador ou mesmo presidente, tanto quanto de qualquer movimento social, sendo os fatores derivados da própria dinâmica geoeconômica (dinâmica do capitalismo, globalização) e geopolítica em escala mundial.
	Portanto, o que se passa nas cidades brasileiras e no próprio Brasil é resultante de fatores econômicos e políticos que escapam ao controle de agentes operando apenas dentro do território nacional. Assim, o autor defende novamente que a reforma urbana é caminho para solucionar diversas dificuldade das cidades, e que ela está interligada com o bom funcionamento e exploração das margens de manobra econômica e política nacional, onde uma funciona, a outra há de funcionar também. Destaca, no entanto, em caráter especulativo, que a verdadeira, completa e mais definitiva solução para erradicação da pobreza e segregação nas cidades não depende unicamente da reforma urbana, mas sim da superação do modelo social capitalista.
Por fim, deve-se também levar em consideração que a democratização do planejamento e da gestão das cidades exigem uma eliminação da separação estrutural entre dirigentes e dirigidos, demanda uma verdadeira autogestão, o que depreende uma ruptura radical com o modelo policio existente atualmente. 
Nesse viés, existem outras iniciativas e mecanismos além da reforma urbana que embora também sofrendo de restrições impostas pelos Marcos representados pela conjugação do modo de produção capitalista com a democracia representativa (alinhado às limitações da margem de manobra econômica e política

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