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DHRR - Unidade 3

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DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
Professoras:
Dra. Daniela Menengoti Ribeiro
Me. Mariane Helena Lopes
DIREÇÃO
Reitor Wilson de Matos Silva 
Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho 
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho 
Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva 
Pró-Reitor de EAD Janes Fidélis Tomelin 
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
As imagens utilizadas neste livro foram 
obtidas a partir do site shutterstock.com
Diretoria de Design Educacional Débora Leite
Diretoria de Pós-graduação e Graduação Kátia Coelho
Diretoria de Permanência Leonardo Spaine 
Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho
Head de Pós-graduação e Extensão Fellipe de Assis Zaremba
Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo
Projeto Gráfico Thayla Guimarães 
Designer Educacional Marcus Vinicius A. S. Machado 
Editoração Arthur Murilo Heicheberg 
Qualidade Textual Felipe Veiga da Fonseca
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação 
a Distância; RIBEIRO, Daniela Menengoti; LOPES, Mariane Helena.
 
 DIREITOS HUMANOS E REALIDADES REGIONAIS. Daniela 
Menengoti Ribeiro; Mariane Helena Lopes. 
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
 29 p.
“Pós-graduação Universo - EaD”.
 1. Direitos Humanos. 2. Regionais. 3. EaD. I. Título.
CDD - 22 ed. 323
CIP - NBR 12899 - AACR/2
01
02
03
sumário
06| EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CIDADANIA
11| CIDADANIA E NACIONALIDADE
20| OS DESAFIOS DA PROTEÇÃO DA CIDADANIA NO 
ÂMBITO INTERNACIONAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 • Compreender a evolução histórica da cidadania.
 • Diferenciar cidadania e nacionalidade.
 • Elencar os desafios da proteção da cidadania no âmbito internacional.
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 • Evolução histórica da cidadania
 • Cidadania e nacionalidade
 • Os desafios da proteção da cidadania no âmbito internacional
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
INTRODUÇÃO
introdução
Neste momento, estudaremos a cidadania, partindo da premissa de que sua 
percepção não pode ser estática e nem restringir a considerações absolutas. 
Verificaremos que a narrativa sobre a cidadania coincide com a história das lutas 
pelos direitos humanos, em razão da sua permanente construção. É um marco 
de conquista da humanidade, representada, por um lado, pelas conquistas por 
direitos e liberdades e, por outro, por um conjunto de obrigações de um indi-
víduo para com uma sociedade. 
Verificaremos que a sociedade ocidental deu grandes e largos passos em 
direção às conquistas dos direitos civis, políticos e sociais, mas há sempre novos 
desafios a serem enfrentados, e ela requer aprendizagem e prática.
Analisaremos a distinção entre os institutos da “cidadania” e da “nacionalida-
de”, que apesar de inter-relacionados, não devem ser confundidos. A doutrina 
brasileira atribui uma nítida distinção nos conceitos de cidadania, nacionalida-
de e naturalidade, que poderá ser identificada no texto constitucional.
A Convenção de Haia, de 1930, estabelece que cabe a cada Estado deter-
minar, por meio de sua legislação, quais são seus nacionais, a qual resolverá as 
dúvidas quanto à nacionalidade de um indivíduo através da sua legislação e, 
no caso de dupla nacionalidade, cada indivíduo será considerado, como nacio-
nal, por cada um dos Estados cuja nacionalidade possua.
Adotam-se as expressões: dupla nacionalidade, polipátria ou, ainda, plu-
ripátria para a cumulação positiva de nacionalidade. A concorrência negativa 
dos critérios de concessão da nacionalidade culmina na condição de apátrida. 
A ideia de cidadania não pode deixar de ser contextualizada com o mundo 
atual. Em outras palavras, o cidadão ultrapassa seu conceito técnico e deve ser 
analisado no âmbito de um cenário internacional cosmopolita cujos direitos 
sejam universalmente válidos.
Pós-Universo 6
EVOLUÇÃO 
HISTÓRICA DA 
CIDADANIA
Pós-Universo 7
A leitura que fizemos sobre a trajetória dos direitos humanos nos possibilita verificar 
que o conceito evoluiu conjuntamente com o de dignidade da pessoa humana e 
de cidadania, na medida em que surge a necessidade de proteger a pessoa humana 
em suas diversas dimensões.
Originalmente, a ideia de cidadania tem origem na Grécia antiga de Platão e 
Aristóteles, designando direitos do indivíduo que estivessem em condições de par-
ticipar ativamente dos negócios públicos, opinando sobre os rumos da sociedade.
Diferente do que se possa parecer, poucos eram os cidadãos que participavam 
de tal atividade, uma vez que para exercê-la, o homem deveria ser livre, isto é, não 
poderia necessitar trabalhar para sobreviver, posto que o envolvimento na ativida-
de pública exigia dedicação integral. A cidadania grega era assim, representada tão 
somente por direitos políticos, adquiridos por meio dessa participação nas decisões 
sobre a coletividade.
Na Grécia antiga, toda a sociedade da civilização apresentava a separação da 
sociedade em cidadão e não cidadão. “A cidadania era para os gregos um bem ines-
timável. Para eles, a plena realização do homem se fazia na sua participação integral 
na vida social e política da Cidade-Estado” (BERNARDES, 1995, p. 23).
Foi a partir das reformas de Clístenes (509 a.C.) que a cidadania passou a ser es-
tendida a todo cidadão ateniense, permitindo também a qualquer indivíduo exercer 
cargo de governo. Clístenes (509 a.c.) também reformou a velha organização religio-
sa da sociedade ateniense, eliminando as castas e os privilégios de nascimento na 
religião ou na política.
Na Roma e Grécia antiga, a família era a base da sociedade e aos cidadãos ate-
nienses eram reservados os direitos políticos que lhes assegurava participar do corpo 
político da cidade, daí a faculdade de tomarem parte das Assembleias e exercerem 
a magistratura (BERNARDES, 1995).
A ideia de cidadania como capacidade de homens livres para exercerem direitos 
políticos e civis e a distinção entre os que possuíam essa qualidade e os que não a 
possuíam também é verificada na Roma. A sociedade era dividida em classes sociais: 
os patrícios (descendentes dos fundadores), os plebeus (descendentes dos estran-
geiros), os escravos (prisioneiros de guerra e os que não saldavam suas dívidas).
Pós-Universo 8
O privilégio de ser considerado cidadão era tão somente dos patrícios. Os plebeus, 
apesar de homens livres, não gozavam de todos os direitos políticos, civis e religio-
sos. Quem não era cidadão romano, não era considerado marido ou pai, nem podia 
ser legalmente proprietário ou herdeiro. Tal era o valor do título de cidadão romano, 
que sem ele ficava-se fora do direito, e com ele passava-se a fazer parte da sociedade 
regular (BERNARDES, 1995). Por tal razão, a cidadania era almejada pelos indivíduos, 
e resultou em várias lutas internas, entre patrícios e plebeus.
Assim como na Grécia, o Direito Romano também regulava as diferenças entre 
cidadãos e não cidadãos. Em Roma, a expressão jus gentium (direito das gentes) 
aplicado a todos os habitantes do império que não eram considerados cidadãos, 
juntamente com o jus naturale (direito natural) e o jus civile (direito civil) que regu-
lamentava a vida do cidadão, designam as três fontes do direito romano.
Desde os fins da República, a tendência de Roma é no sentido de estender pau-
latinamente a cidadania a todos os súditos do Império.
 “
Assim, em 90 a.c., a lex Iulia a concedeu aos habitantes do Latium; um ano 
depois, a lex Plautia Papiria a atribuiu aos aliados de Roma; e, em 49 a.c., a 
lex Roscia fez o mesmo com relação aos habitantes da Gália Transpadana 
(BERNARDES, 1995, p. 27).
O Direito Romano, apesar de protegeras liberdades individuais e reconhecer a au-
tonomia da família em relação ao pátrio poder, não assegurava igualdade entre os 
homens, admitindo a escravidão e discriminando os próprios indivíduos livres. 
A queda do Império Romano provocou profundas alterações nas estruturas sociais 
e marcou a sociedade do período medieval com rígida hierarquia de classes. As re-
lações cidadão-Estado, antes reguladas pelo Império, passam a ser controladas pela 
Igreja cristã. O rompimento das instituições políticas romanas e o fortalecimento do 
cristianismo afastam a ideia de cidadania, retomados com a formação dos Estados 
modernos, a partir de meados do século XVII. 
No período do Estado absoluto, no século XVI, a cidadania se manifesta na relação 
de dependência do súdito para com o soberano. Os escravos e estrangeiros não 
eram considerados cidadãos, tampouco mulheres e crianças, pois se subordinavam 
ao chefe da família. O cidadão daquela época, na expressão de Jean Bodin, era um 
súdito livre, pois possuía direitos em face da soberania do outro (BODIN, 1993, p. 139). 
Pós-Universo 9
Thomas Hobbes contribui para o conceito de cidadania, individualizando-a e re-
lacionando-a ao momento em que o sujeito, no seu estado de natureza, buscando 
a paz diante da “guerra perpétua”, voluntariamente se submete ao soberano. É neste 
estado de submissão que o indivíduo se reconhece como cidadão, recebendo em 
troca a proteção do Estado (HOBBES, 2002).
A partir do século XVII, Estado absoluto é combatido pelo movimento iluminista, que 
passou a defender a liberdade e igualdade do indivíduo frente ao soberano. A cidadania 
estava então voltada para a formação e participação do indivíduo na comunidade política. 
As revoluções burguesas americana e francesa, seguida da Declaração dos Direitos 
do Homem e do Cidadão de 1798 atribuíam uma conotação jurídico-política à “cidadania 
liberal”, ao afirmar que os indivíduos nascem livres e iguais em direitos e assim perma-
necem no que concerne à liberdade, propriedade, segurança e resistência à opressão.
Neste momento, os privilégios que a nobreza e clero insistiam em manter sobre 
o povo foram questionados, e a defesa de um governo democrático, com ampla 
participação popular e fim de privilégios de classe e ideais de liberdade e igualda-
de, como direitos fundamentais do homem e tripartição de poder, foram defendidas 
por pensadores como Rousseau, Montesquieu, Diderot e Voltaire.
Dalmo de Abreu Dallari (2004, p. 19) afirma que o conceito de cidadania se con-
solida na Revolução Francesa: 
 “
Foi nesse momento e nesse ambiente que nasceu a moderna concepção 
de cidadania, que surgiu para afirmar a eliminação de privilégios, mas que, 
pouco depois, foi utilizada exatamente para garantir a superioridade de novos 
privilegiados.
No século XIX, a cidadania era conferida pelo Estado aos seus membros com o atri-
buto de status, que por sua vez passavam a ter direitos políticos, como, por exemplo, 
o de votar e ser eleito. Tratava-se de um modelo individualista, desatento às ques-
tões sociais, o qual era profundamente criticado por Karl Marx, cuja visão era de que 
todos os indivíduos são cidadãos, e todos deveriam ser vistos como iguais e perten-
centes à mesma comunidade política (MARX, 2009).
Pós-Universo 10
Após a Primeira Guerra, os direitos atribuídos ao homem deixaram de ser apenas 
individuais, – civis ou políticos – para, também, incluir os direitos sociais, econômi-
cos e culturais. É nesse momento que podemos verificar que o conceito liberal de 
cidadania é superado e passa a ser entendido como conjunto de direitos civis, po-
líticos e sociais. Em outros termos, a cidadania deixa a esfera meramente individual 
e passa a contemplar as necessidades da pessoa no desenvolvimento pleno da sua 
personalidade dentro da coletividade.
Segundo Hannah Arendt, a cidadania deve ser vista enquanto consciência do in-
divíduo sobre o direito de ter direitos:
 “
A cidadania é um direito a ter direitos, pois a igualdade em dignidade e di-
reitos humanos não é um dado. É um construído na convivência coletiva, 
que requer o acesso ao espaço público. É este acesso que permite a cons-
trução de um mundo comum através do processo de asserção dos direitos 
humanos (LAFER, 2009, p. 146-166).
A cidadania não é tão somente o reconhecimento dos direitos conferidos ao cidadão, 
mas, também, do contrário, ou seja, de que eles próprios são condições para o exer-
cício da cidadania.
A cidadania comporta, genericamente, três dimensões (EUROCID, 2014):
 “
a) Civil: direitos inerentes à liberdade individual, liberdade de expressão e de pen-
samento; direito de propriedade e de conclusão de contratos; direito à justiça. 
b) Política: direito de participação no exercício do poder político, como 
eleito ou eleitor, no conjunto das instituições de autoridade pública. 
c) Social: conjunto de direitos relativos ao bem-estar económico e social, 
desde a segurança até ao direito de partilhar do nível de vida segundo os 
padrões prevalecentes na sociedade.
A história nos mostra que o valor atribuído à cidadania encontra-se em permanente 
construção, que é um referencial de conquista da humanidade, mas, acima de tudo, 
se constrói coletivamente. 
A sociedade ocidental andou a passos largos nos últimos séculos no sentido das 
conquistas por direitos civis, políticos e sociais, no entanto, há novos desafios a serem 
enfrentados, sejam sociais (pobreza, exclusão e imigração), sejam econômicos (glo-
balização), sejam culturais (pluralismo e diversidade). No entanto, a cidadania não 
deve ser vista apenas como rótulo. Ela requer aprendizagem e prática.
Pós-Universo 11
CIDADANIA 
E NACIONALIDADE
Pós-Universo 12
Não são raras as vezes que os termos “cidadania” e “nacionalidade” são tratados como 
idênticos. Considerando a importância em se distinguir esses conceitos, analisare-
mos esses institutos jurídicos esclarecendo que, apesar de inter-relacionadas, não 
devem ser confundidas.
“Cidadania” tem origem etimológica no latim civitas, significando “cidade”. Seu 
conceito foi ampliado ao longo da história, passando a “designar um estatuto de per-
tença de um indivíduo a uma comunidade politicamente articulada e que lhe atribui 
um conjunto de direitos e obrigações” (EUROCID, 2014). 
Na Grécia antiga, cidadania e nacionalidade identificavam laços culturais comuns 
a determinados indivíduos. No Império Romano, a cidadania era vista como o vínculo 
a um Estado e a nacionalidade como a ligação a uma comunidade cultural. No Pós-
Revolução Francesa, passou a existir uma coincidência entre o Estado e a comunidade 
cultural, entre cidadania e nacionalidade (EUROCID, 2014).
Wilba Lúcia Maia Bernardes comenta que a partir de 1930 ocorreu uma nítida 
distinção nos conceitos de cidadania, nacionalidade e naturalidade pela doutrina 
brasileira. Desde então, nacionalidade refere-se à qualidade de quem é membro do 
Estado brasileiro, e o termo cidadania tem sido empregado para definir a condição 
daqueles que, como nacionais, exercem direitos políticos (BERNARDES, 1995).
O termo nacionalidade é utilizado para definir o vínculo jurídico que liga um 
determinado indivíduo a um determinado Estado. O Brasil adota a expressão nacio-
nalidade para definir este vínculo, assim como outros países, a exemplo da Espanha 
(nacionalidad) e França (nationalité). Porém, na Itália, a expressão adotada é cida-
dania (cittadinanza). 
Segundo Dalmo Dallari: 
 “
A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade 
de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem ci-
dadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, 
ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social (2004, p. 14).
Pós-Universo 13
Nacionalidade é a expressão que se liga mais intimamente ao conceito sociológico 
de nação. O termo nação adquiriu prestígio durante a Revolução Francesa, constan-
temente utilizadopara expressar tudo que fizesse referência ao povo como unidade 
homogênea. Embora não tenha acepção unívoca, a nação pode definir um conjun-
to de pessoas ligadas por laços comuns – os quais podem ser a pertinência étnica, 
linguística, tradicional ou histórica -, consciente de sua identidade e com aspirações 
comuns (SILVA, 2005).
Segundo Pasquale Stanislao Mancini (2003, p. 54), a região, a raça, a língua, os cos-
tumes, a história, as leis, as religiões são os elementos determinantes da nacionalidade:
 “
O conjunto desses elementos compõe, para dizer a verdade, a própria natureza 
de cada povo distinto e introduz nos membros do consórcio tal intimida-
de peculiar de relação materiais e morais que, como legítimo efeito, decorre 
ainda entre eles uma comunhão de direito criada de modo mais íntimo, im-
possível de existir entre indivíduos de nações diferentes.
A cidadania está ligada aos direitos e deveres em que a sociedade vive. São direitos 
políticos, que permitem ao indivíduo intervir na direção dos negócios públicos do 
Estado, participando de modo direto ou indireto na formação do governo e na sua 
administração, seja ao votar (direto), seja ao concorrer a cargo público (indireto).
Utilizando o pensamento doutrinário pátrio, pode-se concluir que a cidadania pres-
supõe a nacionalidade, ou seja, para ser titular dos direitos políticos, há de ser nacional. 
Entretanto, na Itália, por exemplo, o termo cidadania significa que o cidadão italiano 
reconheça o sistema jurídico e cumpra os direitos políticos e civis. Pode ser visto tanto 
como um estado do cidadão, como também uma relação jurídica entre cidadão e Estado.
 • Nacionalidade
É vínculo jurídico que liga o indivíduo ao Estado, ou, em outras palavras, o 
elo entre a pessoa física e um determinado Estado.
 • Cidadania
É um conjunto de direitos políticos constitucionalmente assegurados e exer-
cidos pelos nacionais dentro de um determinado Estado.
quadro resumo
Pós-Universo 14
A ATRIBUIÇÃO E RECONHECIMENTO 
DA NACIONALIDADE/CIDADANIA 
PELO ESTADO
De acordo com o princípio da competência exclusiva, somente o Estado tem com-
petência para atribuir uma nacionalidade. Esse princípio está firmemente ancorado na 
prática internacional, tanto jurisdicional como convencional. A suspensão e a “perda” da 
nacionalidade é igualmente uma competência discricionária dos Estados (BRASIL, 2002).
Cada Estado determina a concessão da nacionalidade em função de dois crité-
rios: o da filiação ou jus sanguinis, vindo da Grécia e de Roma, e o jus soli ou do local 
de nascimento, vindo da Idade Média, por influência dos laços feudais.
A Convenção de Haia de 1930 (BRASIL, 1932, on-line)1, em seus artigos 1º, 2º e 3º, 
estabelece que: a) cabe a cada Estado determinar através de sua legislação quais são 
seus nacionais; b) as dúvidas quanto à nacionalidade de um indivíduo será resolvida 
de acordo com a legislação do Estado, e; c) salvo reserva de disposições contidas na 
Convenção, caso um indivíduo possua duas ou mais nacionalidades, poderá ser con-
siderado por cada um dos Estados cuja nacionalidade possua, como seu nacional.
Desta forma, tem-se que a nacionalidade é uma questão jurídico-política de direito 
público interno, que leva em conta os interesses legítimos do Estado e de seus indiví-
duos, de acordo com os limites traçados pelo direito internacional, que regulamenta 
a questão de forma complementar apenas para evitar situações incertas de apatrí-
dia, binacionalidade ou polinacionalidade.
Segundo Wilba Lúcia Maia Bernardes (1995, p. 57):
 “
Os fundamentos da nacionalidade são de ordem jurídica e política das socie-
dades, decorrem da organização jurídica das sociedades, daí, logicamente, 
seu conceito está ligado ao conceito de Estado. Assim como só podemos 
falar em nacionalidade, pelo menos na forma em que hoje a concebemos, a 
partir da existência do Estado moderno, que criou a necessidade de definir 
os seus nacionais.
Nas palavras de Alain Pellet e Patrick Daillier (2003), o problema da nacionalidade das 
pessoas ilustra bem a antiguidade da sua situação jurídica em direito internacional. 
E, as soluções que lhe são consagradas traduzem uma dupla preocupação:
Pós-Universo 15
 “
O primeiro objetivo é um dos fundamentos políticos clássicos do princípio 
da auto-determinação: o princípio das nacionalidades autoriza um grupo 
de homens a fazer a escolha inicial no quadro de um Estado nascente. [...] 
O segundo objetivo sustenta os esforços com vista ao reconhecimento do 
direito à nacionalidade como um dos direitos fundamentais do homem 
(DAILLIER, 2003, p. 505). 
Considerando os aspectos levantados por Alain Pellet e Patrick Daillier (2003), tem-se 
que, a criação do Estado justifica o papel essencial dos poderes públicos na defini-
ção dos critérios da nacionalidade, quer seja de nacionalidade “originária” - isto é, 
aquela que decorre de um ato involuntário que é o nascimento e que se impõe a 
cada cidadão sem que lhe seja necessário tomar uma iniciativa - quer seja da nacio-
nalidade “adquirida”, no seguimento de uma opção explícita do indivíduo dentro do 
quadro oferecido pelo legislador nacional por meio de critérios de naturalização. 
Para a aquisição de nacionalidade originária, verificam-se três sistemas que podem 
ser adotados pela legislação interna dos países: o jus sanguinis, literalmente tradu-
zido como “direito de sangue”, pelo qual o descendente adquire a nacionalidade do 
seu ascendente; o jus soli, conhecido como “direito de solo”, por meio do qual o in-
divíduo adquire a nacionalidade do Estado em cujo território ele nasceu; e o sistema 
misto, que admite as duas formas anteriores. 
O critério do jus sanguinis era geralmente adotado por países de grandes corren-
tes emigratórias que buscavam manter o ideal de sua nacionalidade. O jus soli, por sua 
vez, era adotado por países – em geral em via de desenvolvimento – que, buscando 
formar uma nova comunidade baseada na ideia de povoamento, concediam sua nacio-
nalidade para todos os nascidos em seu território, ainda que filhos de pais estrangeiros.
A nacionalidade derivada ou secundária é adquirida mediante naturalização, de-
finida como o ato pelo qual alguém adquire a nacionalidade de outro país. Resulta, 
na grande maioria das vezes, do casamento do indivíduo com um nacional ou da 
sua residência prolongada no território de um Estado diferente do Estado de origem. 
Adotam-se as expressões: dupla nacionalidade, polipátria ou ainda pluripátria, 
para o caso de conflito de nacionalidade positiva, em que há cumulação de duas ou 
mais nacionalidades. Tal circunstância deriva da concorrência positiva dos critérios 
de ius sanguinis e ius soli. Quando se verifica uma concorrência negativa dos crité-
rios de ius sanguinis e ius soli, se depara com a condição de apátrida.
Pós-Universo 16
O termo apátrida designa toda pessoa que não seja considerada seu nacional 
por nenhum Estado, conforme sua legislação. A Convenção sobre o Estatuto dos 
Apátridas, de 1954, regula a matéria no âmbito internacional e determina que todo 
apátrida tem, a respeito do país em que se encontra, deveres que compreendem 
especialmente a obrigação de acatar as leis e regulamentos, bem como as medidas 
adotadas para a manutenção da ordem pública (BRASIL, 2002).
Na visão de Alain Pellet e Patrick Daillier “O objectivo essencial [da concorrência 
positiva], é reduzir ao máximo os casos de apátridas, por uma consagração mais firme 
do direito do indivíduo a uma nacionalidade” (PELLET, 2003, p. 508).
Os principais elementos do direito positivo reguladores da nacionalidade são 
constituídos, além de algumas convenções bilaterais, pela Convenção de Nova Iorque 
de 1961 (PELLET, 2003, p. 508) e pela Declaração Universal de 1948.
Possuir uma nova nacionalidade, seja pela renúncia da nacionalidade de origem, 
ou pela mudança de nacionalidade adquirida, é direito do indivíduo, proclamado 
pelo artigo 15, itens 1 e 2 da Declaração Universaldos Direitos do Homem, nos se-
guintes termos, respectivamente: “toda pessoa tem direito a uma nacionalidade” e 
“ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar 
de nacionalidade”. No entanto, um indivíduo pode receber várias nacionalidades ou 
ver negada qualquer nacionalidade pelo jogo combinado das regras nacionais da 
matéria, mesmo sem qualquer violação do direito. 
Ainda, outros instrumentos jurídicos internacionais como o Pacto de 1966 relati-
vos aos direitos civis e político reconhece tais direitos às crianças (artigo 24°, §3), bem 
como a Convenção do Conselho da Europa de 1997 (artigo 4º) e o projeto de artigos 
adaptados em primeira leitura pela Comissão de Direito Internacional em 1997, sobre 
a nacionalidade das pessoas físicas em relação à sucessão de Estados que assentam 
no princípio do direito a uma nacionalidade (artigo 1°) (PELLET, 2003, p. 505).
Pós-Universo 17
A NACIONALIDADE E CIDADANIA NO 
BRASIL
A história da cidadania no Brasil está ligada à evolução constitucional do país e às 
lutas pelos direitos fundamentais da pessoa humana. 
A Constituição imperial de 1824 e a primeira Constituição republicana de 1891 
consagravam a expressão cidadania. Mas, é a partir de 1930 que ocorre uma nítida 
distinção nos conceitos de cidadania, nacionalidade e naturalidade. Desde então, na-
cionalidade refere-se à qualidade de quem é membro do Estado brasileiro, e o termo 
cidadania tem sido empregado para definir a condição daqueles que, como nacio-
nais, exercem direitos políticos.
A segunda metade do século XX foi marcada por avanços sócio-políticos impor-
tantes: o processo de transição democrática, a volta de eleições diretas, a promulgação 
da Constituição de 1988, “batizada” pelo então presidente da constituinte Ulysses 
Guimarães de “Constituição Cidadã”, que estabelece em seus artigos 5º e 6º os deveres 
e direitos do cidadão.
Atualmente, a nacionalidade no Brasil é regulada pelo artigo 12 da Constituição 
Federal de 1988 e, regra geral, rege-se pelo princípio do jus soli, uma vez que, com o 
advento da Emenda Constitucional nº 54/2007, o Brasil passa admitir o critério jus san-
guinis para o caso de nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira. 
Dispõe o art. 12 (BRASIL, 1988):
 “
Art. 12 São brasileiros: 
I – natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangei-
ros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde 
que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil. 
c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde 
que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qual-
quer tempo, pela nacionalidade brasileira; 
Pós-Universo 18
II – naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos 
originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano 
ininterrupto e idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República 
Federativa do Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação 
penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
§1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reci-
procidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao 
brasileiro, salvo os casos previstos na Constituição. 
§2º a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturali-
zados, salvo nos casos previstos na Constituição. 
§3º São privativos de brasileiros nato os cargos: 
I – de Presidente e Vice-Presidente da República; 
II – de Presidente da Câmara dos Deputados; 
III – de Presidente do Senado Federal; 
IV – de Ministro do Supremo Tribunal Federal; 
V – da carreira diplomática; 
VI – de oficial das Forças Armadas; 
VII – de Ministro de Estado da Defesa. 
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de ati-
vidade nociva ao interesse nacional; 
II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; 
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro re-
sidente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu 
território ou para o exercício de direitos civis. 
Pós-Universo 19
A Emenda Constitucional nº 54/2007 (BRASIL, 2007), alterou o disposto no artigo 12, 
I, “c” da Constituição Federal, permitindo o registro em repartição brasileira compe-
tente de filhos de brasileiros nascidos no exterior, garantindo-lhes a nacionalidade 
sem que haja necessidade de fixar residência no País e nem optar pela nacionalida-
de brasileira por meio de processo judicial.
O princípio da unicidade da cidadania ansiado pelo direito internacional e con-
sagrado em diversos ordenamentos jurídicos é delineado, no Brasil, pela Emenda 
Constitucional de Revisão n. 3/94 (BRASIL, 1994) que, expressamente, dispõe: “o 
reconhecimento de cidadania estrangeira originária não implica em perda da nacio-
nalidade brasileira, excepcionando a regra contida no art. 12, § 4º, inciso II”. 
Já a cidadania, como um conjunto de direitos políticos constitucionalmente asse-
guradas e exercidas pelos nacionais dentro de um determinado Estado, está prevista 
nos artigos 14 e 15 da Constituição Federal de 1988.
Os direitos políticos são regulados no Brasil de acordo com o princípio da par-
ticipação na vida política nacional e o sufrágio universal. Nos termos da norma 
constitucional, o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores de 
dezoito anos, e facultativos para os analfabetos, os maiores de dezesseis e menores 
de dezoito anos e os maiores de setenta anos. 
A constituição proíbe o eleitoral dos estrangeiros e dos brasileiros conscritos no 
serviço militar obrigatório, considera a nacionalidade brasileira como condição de 
elegibilidade e remete à legislação infraconstitucional à regulamentação de outros 
casos de inelegibilidade.
Pós-Universo 20
OS DESAFIOS DA 
PROTEÇÃO 
DA CIDADANIA 
NO ÂMBITO 
INTERNACIONAL
Pós-Universo 21
Ao analisarmos o século XX percebemos que ele é marcado pela expansão dos países 
europeus e também da Rússia, China, Japão e dos Estados Unidos da América. A disputa 
entre estes países pela conquista, seja ela, territorial, política e/ou econômica ocasio-
nou a Primeira Guerra Mundial, que durou de 1914 a 1918 e, posteriormente retornou 
o movimento com a Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945. Quando 
falamos na Segunda Guerra precisamos lembrar que foi um dos maiores e mais trági-
cos momentos relativos à violação dos direitos e da dignidade humana. Ela também foi 
pautada em uma lógica de rivalidade entre as nações por interesses de expansão ter-
ritorial, com o incremento de Estados totalitários, em que, nesse período, houve uma 
grande perda em massa de seres humanos oriundos de várias nacionalidades.
Nos anos seguintes, foram observadas infrações e atrocidades ocorridas em con-
sequência desta guerra, possibilitando, assim, uma nova visão sobre a necessidade 
de uma proteção internacional dos direitos humanos.
A importância dos direitos humanos começou a ser notada a partir do momento 
que a própria sociedade reagiu às barbáries cometidas pelo nazismo e pelo fascis-
mo, que vieram a ocasionar a guerra.
Assim, inicia-se a criação de um sistema de proteção internacional, os quais exigem 
dos Estados posturas pacíficas e sem violações de direitos, sejam eles internos ou ex-
ternos contra outras nações. Fala-se ainda em uma internacionalização dos direitos 
humanos como uma medida estratégica e preventiva ao surgimento de violações 
maciças, que, por ventura, poderiam vir a ocasionar uma nova guerra.
Essa internacionalização surgiu com a instituição da Organização das Nações 
Unidas no ano de 1945. Todavia,apenas com a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, de 1948, os direitos humanos foram realmente expressos e definidos. Como 
já mencionamos em tópicos anteriores, a Declaração Universal teve como finalida-
de estabelecer regulamentações em âmbito internacional na defesa do combate às 
violações contra os seres humanos e para a promoção da paz entre as nações. Ela é 
uma representação da consciência histórica que a humanidade passa a ter dos pró-
prios valores fundamentais, a partir da segunda metade do século XX.
Para Flavia Piovesan (1998), a Declaração Universal introduziu uma concepção 
moderna de direitos humanos, os quais se caracterizam por sua universalidade e in-
divisibilidade, dando ao indivíduo a qualidade de sujeito de direito internacional, 
com a possibilidade de reivindicar perante a instância superior (apud BOBBIO, 1992).
Pós-Universo 22
Por tudo que estudamos, podemos afirmar que não é mais possível pensar em 
cidadania sem contextualizá-la com o mundo atual. Em outras palavras, o cidadão 
deve ser analisado no âmbito de um cenário internacional cosmopolita, cujos direi-
tos sejam universalmente válidos. 
Caminhamos, pois, para um consenso que universaliza tais direitos, quando 
ampliamos de forma complementar e integrativa os sistemas de proteção: 1) do-
méstico-estatal; 2) internacional-regional; e 3) internacional-universal.
No âmbito da cidadania doméstica-estatal, temos a figura do Estado protegen-
do seus cidadãos (por exemplo, brasileiros) com base nos direitos fundamentais 
constitucionalmente positivados. No âmbito da cidadania internacional-regional, a 
garantia será dada por órgãos dos sistemas regionalizados, como a Organização dos 
Estados Americanos (OEA), União Africana (UA) ou EU Conselho Europeu na prote-
ção dos americanos, africanos ou europeus, respectivamente, com base nos direitos 
humanos. Já no contexto universal, a proteção é dirigida ao ser humano, enquanto 
cidadão perante a ONU, sob a égide dos direitos humanos universais. A cooperação 
para além das fronteiras, em que a assistência mútua entre Estados é encarada como 
corresponsabilidade de respeito às normas universais de direitos humanos, promove 
o desenvolvimento da cidadania nos planos doméstico e internacional, possibilitan-
do exercê-las na sua comunidade política ou na esfera internacional, de acordo com 
o projeto humanista e cosmopolita consagrado nos instrumentos de proteção dos 
direitos humanos. 
Sugestão de leitura
O filósofo e sociólogo alemão Jürgen Habermas enxerga uma comunidade 
democrática fundada na construção de uma razão procedimental, autocrí-
tica e originária de um poder democrático exercido conforme o direito. A 
partir desta perspectiva, o texto reflete sobre a democracia participativa a 
partir de uma premissa local, ou seja, é a partir de problemas sociais coti-
dianos que as ações coletivas são organizadas.
CAVALCANTE, Priscila. Direitos humanos e democratização da cidadania. In: 
Anais XVII Encontro Preparatório para o Congresso Nacional do CONPEDI. 
Anais... Florianópolis: Fundação Boiteux, 2008, p. 2720-2736. Disponível em: 
<http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/salvador/priscila_ca-
valcane.pdf>.
Fonte: as autoras.
saiba mais 
atividades de estudo
1. Os direitos humanos evoluíram em conjunto com a dignidade humana e com a cida-
dania, na medida em que foi surgindo a necessidade de proteger a pessoa humana 
em suas diversas dimensões. No que diz respeito a essa evolução da cidadania, assi-
nale a alternativa correta:
a) A cidadania tem origem em Roma, com Aristóteles.
b) Todos os cidadãos participavam dos negócios públicos, direcionando a forma de 
como a sociedade deveria se organizar.
c) Na Roma toda a sociedade participava das decisões tomadas para direcionamen-
to da atividade dentro da organização do Estado.
d) A cidadania passou a ser estendida a todo cidadão ateniense com as reformas 
de Clistenes.
2. Desde os fins da República, a tendência de Roma é no sentido de estender paulatina-
mente a cidadania a todos os súditos do Império. O Direito Romano não assegurava 
a sociedade a igualdade entre os homens, admitindo a escravidão e discriminando 
os próprios indivíduos livres. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta:
a) A ideia de cidadania não podia estar atrelada a capacidade dos homens.
b) Desde os primórdios da humanidade se fala em uma organização onde a socieda-
de era dividida em organizações internas facilitando assim a estrutura da mesma.
c) Ao se falar em privilégio para ser considerado cidadão apenas atingia aos patrícios.
d) A cidadania era almejada por todos, desde crianças a idosos.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
atividades de estudo
3. A Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 deveu-se ao entusiasmo sus-
citado pela criação da Organização das Nações Unidas (ONU), cuja égide reuniram-se 
os Estados levando em conta as experiências nazifascistas do período da Segunda 
Guerra Mundial, com o objetivo de instituir uma nova organização internacional na 
busca pela paz. Considerando a afirmativa, analise as assertivas abaixo:
I) O preâmbulo da Carta das Nações Unidas proclama os direitos fundamentais do 
homem e traça os propósitos e princípios da ONU, que consistem em desenvol-
ver e promover o direito do homem e as liberdades fundamentais.
II) O texto da Declaração dispões sobre o direito à vida, à liberdade e à segurança 
pessoal, deixando de tratar dos direitos civis e familiares, os direitos políticos e os 
direitos econômicos e sociais.
III) Frente à Declaração Universal dos Direitos do Homem, o indivíduo não tem, todavia, 
somente direitos, mas também um conjunto de compromissos para com a co-
munidade na qual vive e onde desenvolve sua personalidade.
IV) A Declaração Universal de 1948 foi usada como modelo para as Constituições dos 
Estados contemporâneos.
É correto o que se afirma em:
a) I apenas.
b) II apenas.
c) I, III e IV apenas.
d) II e III apenas.
e) I, II, III e IV.
resumo
Apesar de catalogarmos a cidadania, genericamente, em três dimensões – civil, política e social – 
seu conceito encontra-se em constante construção, e reflete conquistas de toda uma coletividade.
Verificamos que os institutos da “cidadania” e da “nacionalidade” são distintos pela doutrina e 
legislação brasileira. O Brasil, a exemplo da Espanha (nacionalidad) e França (nationalité), a na-
cionalidade é utilizada para definir o vínculo jurídico que liga um determinado indivíduo a um 
determinado Estado. Já a cidadania é o conjunto de direitos políticos constitucionalmente asse-
gurados e exercidos pelos nacionais dentro de um determinado Estado.
A partir do princípio da competência exclusiva, reconhece-se que cada Estado, discriciona-
riamente, atribui a nacionalidade/cidadania aos seus indivíduos. Da mesma forma, cabe a cada 
Estado determinar as causas da sua suspensão e/ou perda. Sendo assim, podemos concluir que 
a nacionalidade é uma questão jurídico-política de direito público interno, que leva em conta os 
interesses legítimos do Estado e de seus indivíduos.
A ideia de cidadania ultrapassa seu conceito puramente jurídico, promovendo a concepção de 
desenvolvimento do homem nos planos doméstico e internacional, possibilitando exercer seus 
direitos na sua comunidade política ou na esfera internacional consagrado nos instrumentos de 
proteção dos direitos humanos. 
Localmente, verificaremos que atitudes como: não jogar o lixo na rua, respeitar o trânsito, viver 
em harmonia com o outro, dar lugar ao idoso em meios de transporte coletivo etc. são questões 
comuns ligadas à vida da população que compõe essa ampla concepção de cidadania.
material complementar
A era dos direitos
Autor: Norberto Bobbio
Editora: Campus
Sinopse: neste livro encontram-se reunidos artigos que tratam dos direi-
tos do homem. Especialmente selecionados pelo autor em função de sua 
relevância histórica e política, formam um painel analíticoda democra-
cia e da paz, temas caros ao grande pensador italiano. São onze ensaios, 
nascidos em ocasiões diversas (comunicações em simpósios, conferências em universidades 
italianas e estrangeiras), mas que têm em comum a emergência, constante e orgânica, de 
algumas teses: os direitos naturais são direitos históricos; nascem no início da era moderna, 
juntamente com a concepção individualista da sociedade; tornam-se um dos principais in-
dicadores do progresso histórico.
referências
BERNARDES, Wilba Lúcia Maia. Da nacionalidade: brasileiros natos e naturalizados. Belo Horizonte: 
Del Rey, 1995. 
BODIN, Jean. Les six livres de la Republique. Paris: Librairie Générale Française, 1993. 
BRASIL. Câmara dos Deputados. Decreto n. 21.798, de 6 de setembro de 1932. Promulga uma con-
venção e três protocolos sobre nacionalidade, firmados na Haya, a 12 de abril de 1930. Disponível em: < 
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-21798-6-setembro-1932-549005-pu-
blicacaooriginal-64268-pe.html>. Acesso em: 05 nov. 2018.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Senado Federal. 
Brasília-DF: Centro Gráfico, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/consti-
tuicao/constituicao.htm>. Acesso em: 05 nov. 2018.
BRASIL. Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002. Promulga a Convenção sobre o Estatuto dos 
Apátridas. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4246.htm>. 
Acesso em: 06 nov. 2018.
BRASIL. Emenda Constitucional Nº 54, de 20 de Setembro de 2007. 
Dá nova redação à alínea c do inciso I do art. 12 da Constituição Federal e acrescenta art. 95 ao Ato 
das Disposições Constitucionais Transitórias, assegurando o registro nos consulados de brasilei-
ros nascidos no estrangeiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
emendas/emc/emc54.htm>. Acesso em: 05 nov. 2018.
BRASIL. Emenda Constitucional De Revisão Nº 3, de 07 de Junho de 1994. Altera a alínea “c” 
do inciso I, a alínea “b” do inciso II, o § 1º e o inciso II do § 4º do art. 12 da Constituição Federal. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/ECR/ecr3.htm>. 
Acesso em> 05 nov. 2018.
CAVALCANTE, Priscila. Direitos humanos e democratização da cidadania. In: Anais XVII Encontro 
Preparatório para o Congresso Nacional do CONPEDI. Anais... Florianópolis: Fundação Boiteux, 
2008, p. 2720-2736. Disponível em: <http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/salva-
dor/priscila_cavalcane.pdf>.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos humanos e cidadania. 2.ed., São Paulo: Moderna, 2004.
DINH, N. Q.; DAILLIER, P.; PELLET, A. Direito internacional público. 2. ed. Tradução de Vítor Marques 
referências
Coelho. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003.
EUROCID, Centro de Informação Europeia Jacques Delors. Introdução ao conceito de cidadania 
europeia. Disponível em: <www.eurocid.pt>. Acesso em: 07 Dez. 2014.
HOBBES, Thomas. Do cidadão. Tradução de Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
LAFER, Celso.A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah 
Arendt. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
MANCINI, Pasquale Stanislao. Direito Internacional. Tradução de Ciro Mioranza. Ijuí: Unijuí, 2003.
MARX, Karl. Para a questão judaica. São Paulo: Expressão Popular, 2009.
SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 26ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
resolução de exercícios
1. d) A cidadania passou a ser estendida a todo cidadão ateniense com as reformas de 
Clistenes.
2. c) Ao se falar em privilégio para ser considerado cidadão apenas atingia aos patrícios.
3. c) I, III e IV apenas.
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