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RECURSOS ESTÉTICOS E COSMÉTICOS CAPILARES DISFUNÇÕES DO COURO CABELUDO E TRATAMENTOS OLÁ! Você está na unidade Disfunções do couro cabeludo e tratamentos. Conheça aqui quais são as patologias que acometem o couro cabeludo, suas manifestações clínicas, que proporcionará o conhecimento para identificação da mesma, sua etiologia, através de um estudo sobre as causas dessas afecções. Abordagens sobre as tricoses que acometem a haste capilar, tais como: triconodose, tricorrexis nodosa, tricoclasia e outras displasias pilosas. Uma abordagem sobre os principais princípios ativos capilares, seus mecanismos de ação, além de como utilizá-los nos tratamentos das diversas afecções que acometem o couro cabeludo e haste capilar. Bons estudos! 1 Patologias do cabelo e couro cabeludo Cabelos sempre foram desde a antiguidade um marcador de saúde. Na China antiga o cabelo era considerado um símbolo de vitalidade e longevidade, além de estar ligado à força. No passado alterações ligadas a saúde do couro cabeludo e fios de cabelo eram os indicativos de algumas doenças. Atualmente não é muito diferente, visto que alguns estudos apontam problemas relacionados a patologias do couro cabeludo e fios a situações multifatoriais, tais como: alterações genéticas, estresse, dietas inadequadas e outros. Segundo Kaffer (2017), “O cabelo funciona como uma reserva metabólica e um termômetro da saúde geral do corpo. Por ser um órgão menos vital, quando ocorre uma intoxicação, inflamação, infecção ou alergia há um desequilíbrio nutricional, metabólico e hormonal redirecionando os nutrientes dos órgãos menos vitais - cabelo, pele e unhas para os mais vitais – cérebro, coração, rins pulmões etc. Se o corpo possui uma saúde excelente e reservas metabólicas ótimas e o fator agressor é leve e por curto intervalo de tempo, este reequilíbrio é restabelecido sem a depleção e alterações capilares. Caso contrário, independente do foco de origem do fator agressor (digestivo, respiratório, dental etc.) podem ocorrer alterações capilares de cor, volume, alteração de estrutura, frizz, maciez, diminuição de crescimento, quebra, queda como como único sintoma dessas alterações metabólicas.” (KEFFER, 2017, p. 34) Com isso se mostra a importância de estar atento a qualquer alteração que ocorra no couro cabeludo e haste capilar. Iniciaremos no próximo tópico o estudo sobre tais alterações. 1.1 Alopecias e suas causas Alopecia deriva da palavra em grego, alopex que significa raposa, visto que em determinada época do ano este animal perde toda a sua pelagem. O emprego do termo é utilizado para caracterizar a redução parcial ou total de pelos ou cabelos em uma determinada área de pele. É uma doença inflamatória crônica que afeta os folículos pilosos. Também é conhecida popularmente, como calvície. A alopecia é uma patologia que decorre de inúmeros fatores, pode apresentar uma evolução progressiva, resolução espontânea ou controlada com tratamento médico e terapêutico. Dentre algumas causas que podem ser citadas estão: medicamentos; tratamentos de câncer; pílulas anticoncepcionais; baixo nível de ferro no sangue; grandes cirurgias e doenças crônica; infecção por fungos; cosméticos; stress físico ou mental; pós-parto; doenças da tireoide; dieta inadequada de proteínas. Figura 1 - Queda de cabelo por razões multifatoriais Fonte: shutterstock 588492365, mediapool, 2020. PraCegoVer: Na imagem “Queda de cabelo por razões multifatoriais” são observados desenhos com diversos fatores que podem estar relacionados com a queda de cabelo. Segundo Weide & Milão (2009), a alopecia é um distúrbio folicular que pode ser classificado em dois tipos: a alopecia cicatricial e a alopecia não cicatricial. A alopecia cicatricial é caracterizada pela destruição do folículo piloso em decorrência de algum processo, como: malformações, danos ou inflamação. Originando na perda irreversível de cabelo, seja por falhas de crescimento do próprio folículo ou por algum processo externo como traumas a exemplo de queimaduras. Ao contrário da alopecia cicatricial, a não cicatricial é de caráter reversível, pois não ocorre a destruição do folículo piloso. Entre os principais tipos de alopecias não cicatriciais, estão: alopecia androgenética (AAG); alopecia areata (AA); eflúvio telógeno (ET); tricotilomania. Estudaremos sobre cada uma delas nos subtópicos seguinte. 1.2 Alopecia Androgenética (AAG) A alopecia androgenética como o próprio nome remete possui origem genética e se relaciona ao status hormonal de andrógenos. É a forma mais comum de calvície em homens e mulheres (Gordon & Tosti, 2011). É caracterizada pela miniaturização do folículo, perda do diâmetro do mesmo. Além da perda do pigmento do fio. A alopecia androgenética acomete tanto homens quanto mulheres, mas há uma frequência muito maior em homens, devido a presença dos hormônios sexuais masculinos, os dois principais androgênios responsáveis pela alopecia androgenética são testosterona e a di-hidrotestosterona (DHT) (Rebelo, 2015). De acordo com Biondo; Donati (2013), “Nos homens a alopecia androgenética acontece de forma progressiva, até chegar ao estágio em que o fio não atinge mais a última fase do ciclo, permanecendo apenas como uma penugem. Inicia-se principalmente na testa e vai caminhando para o topo da cabeça. Já na mulher, quando acometida, acontece de forma difusa, com rarefação dos cabelos”. (BIONDO; DONATI, 2013, p. 52) Apesar de ser uma afecção que acomete há ambos os sexos a alopecia andrognética apresenta padrões de classificação diferentes. Para Randall (2010), “É verificada a recessão da linha frontal do cabelo, principalmente em padrão triangular e posteriormente um afinamento no vértice. A recessão temporal da linha frontal tende a disseminar-se para trás e junta-se as regiões de desbaste no vértice para deferir uma coroa careca”. (RANDALL, 2010, p. 18). Uma ferramenta utilizada para classificação da alopecia androgenética em homens é a “Escala de Hamilton” (PARIENTE, 2001). Para o gênero feminino a escala mais utilizada é a Ludwig, caracterizado por uma rarefação difusa da região centro-parietal posteriormente unindo com a linha cabelo frontal. Com a evolução é o observado o padrão “The Christmas Tree” e o “padrão bi-temporal”. Figura 2 - Estágios da calvície masculina e feminina Fonte: shutterstock 570706354, mediapool, 2020. PraCegoVer: Na imagem “Estágios da calvície masculina de acordo com a escala de Hamilton” é observada a evolução do quadro de alopecia androgenética padrão masculino. E também “Classificação de Ludwing e evolução dos graus de alopecia padrão masculino” é observada a evolução do quadro de alopecia androgenética padrão feminino. 1.3 Alopecia Areata (AA) No caso da alopecia areata temos a perda abrupta dos cabelos e ocorre sem qualquer alteração de pele ou sistêmica que justifiquem o quadro. Qualquer área que haja pelo pode ser acometida. A alopecia areata pode ocorrer em qualquer idade e sem predomínio de sexo. Segundo a National Alopecia Areata Foundation (NAAF), dos Estados Unidos da América, a Alopecia Areata foi definidacomo uma doença como uma enfermidade autoimune mediada por linfócitos T (Rey & Bonamigo, 2006). Para a Sociedade Brasileira de dermatologia na alopecia areata: “Ocorre perda brusca de cabelos, com áreas arredondadas, únicas ou múltiplas, sem demais alterações. A pele é lisa e brilhante e os pelos ao redor da placa saem facilmente se forem puxados. Os cabelos quando renascem podem ser brancos, adquirindo posteriormente sua coloração normal. A forma mais comum é uma placa única, arredondada, que ocorre geralmente no couro cabeludo e barba, conhecida popularmente como pelada.” (SBD, 2017, p. 1)Figura 3 - Alopecia Areata (AA) Fonte: shutterstock 600704987, mediapool, 2020. PraCegoVer: Na imagem “Alopecia Aerata” vemos uma cabeça com diversos pontos de ausência de cabelo em formatos circulares. Na “Alopecia areata”, a sua característica é a perda de cabelos em formato arredondado, ou ovais, sem sinais de inflamação ou atrofia da pele. 1.4 Alopecia por tração Alopecia de tração é a perda de cabelo causada pela força exercida sobre os fios. É caracterizada pela perda gradual dos cabelos nas áreas em que os folículos são danificados por tensão repetida e prolongada na raiz, ou seja, por puxar os fios com muita frequência. Sua causa está relacionada com o uso de extensões e apliques, tração por penteados apertados como coques e rabos. Khumalo et al., 2007 relata em seu estudo que: “Nos Estados Unidos a alopecia por tração é generalizada entre afro-americanos, devido à comum prática de estilo de cabelo em tranças apertadas, também relatadas em enfermeiros que fixam limites para seu couro cabeludo, com uso de um nó (coque) na parte de trás da cabeça. No entanto, alopecia por tração afeta pessoas de grupos étnicos diferentes e o que varia são as práticas de cuidado com os cabelos”. (KHUMALO, 2007, p. 153) 1.5 Eflúvio Telógeno Para a Academia Brasileira de dermatologia, o eflúvio telógeno é uma afecção de caráter comum é caracterizada pelo desprendimento aumentado dos pêlos telógenos normais dos folículos do couro cabeludo em repouso, secundário ao deslocamento acelerado da fase anágena (fase de crescimento) para catágena e para a telógena (fase de repouso). Sendo dividido em dois graus agudo e crônico. Eflúvio telógeno agudo: ocorre associada a um evento chave, desencadeante que aconteceu no período de três meses antes do início da queda. Temos diariamente a queda normal de 80-100 cabelos, no caso de um eflúvio telógeno esse quadro evolui para 200-300 diariamente. Os eventos mais associados à queda são: pós-parto; febre; infecção aguda; dietas muito restritivas; doenças metabólicas ou infecciosas; cirurgias, especialmente a bariátrica, por conta da perda de sangue e do estresse metabólico; stress. Algumas medicações também podem desencadear o problema. Tudo isso pode interferir na proporção dos fios na fase de telogena. Em geral, 70% dos casos têm o agente descoberto. Já nos 30% restantes a causa acaba por não ser definida. O tratamento consiste em correção do evento desencadeante, alimentação adequada rica em proteínas e eventual suplementação de vitaminas e sais minerais. Essa fase pode durar cerca de 3 a 4 meses. Após esse período, os cabelos retornam ao normal. Eflúvio telógeno crônico: a fase na qual os fios caem muito, se assemelha à versão aguda. Porém, em longo prazo, é diferente. Há ciclos de aumento dos fios na fase de queda, de forma cíclica, uma ou duas vezes por ano, ou a cada dois anos, dependendo do paciente. A evolução do quadro pode resultar em alopecia cicatricial onde se há perda irreversível do folículo piloso, resultando em uma calvície permanente naquele local. 1.6 Tricotilomania Se tratando de tricotilomania temos associada uma patologia de caráter emocional, psicológico e comportamental. Esta condição leva o indivíduo a desenvolver um impulso continuado de arrancar os próprios cabelos, surgindo áreas com alopecias de formatos irregulares. Pode ser desenvolvida por ambos os sexos e em idades variadas. 2 Dermatite Seborreica Outra afecção que acomete o couro cabeludo é a dermatite seborreica, trata- se de uma alteração crônica que acomete indivíduos pré-dispostos associada a uma inflamação e a presença de seborreia (oleosidade excessiva) e a pitiríase (caspa). O aparecimento da dermatite seborreica, está ligado a presença constituinte da flora normal da pele do ser humano, a Malassezia sp. Para Sampaio (2010), A dermatite seborreica é caracterizada pela presença de flocos oleosos amarelados, que se associa a vermelhidão da pele do couro cabeludo e a prurido intenso. À semelhança da caspa, é caracterizada pela presença de descamação, pelo que muitas vezes ambas as patologias são confundidas e consideradas como uma só. No entanto, no caso da dermatite seborreica, a descamação é acompanhada de um processo inflamatório, com eritema. Para Bolognia (2015) podem ser citadas algumas características clínicas: A presença de manchas bem delimitadas avermelhadas e placas finas de coloração rosa amarelado ao vermelho escuro, escamas parecidas com flocos e gordurosas; geralmente acomete áreas com maior produção sebácea; causa desconforto e coceiras; a dermatite seborréica do couro cabeludo além da caspa, tem inflamação e prurido. O tratamento pode ser feito através do uso de shampoos antifúngicos: cetoconazol 2%, piritionato de zinco 2%, ciclopirox olamina 1% – podem ser usados diariamente ou em lavagens alternadas conforme a atividade da doença. Deve-se orientar o paciente a aplicar o produto no couro cabeludo, massagear, deixar agir por 3 a 5 minutos e enxaguar. Podem ser usados também como manutenção (1 vez por semana), para evitar recidivas, mesmo sem atividade da doença. Shampoos com derivados do alcatrão (ex: LCD 15%) – possuem um odor marcado característico. Podem ser utilizados da mesma forma que os shampoos antifúngicos. Shampoo com propionato de clobetasol 0,5 mg/ml – Reservado para casos mais intensos. Deve ser usado por um período máximo de 4 semanas. Há preferência por esquemas regressivos, que evitam o efeito rebote (ex: 1x/dia por 7 dias -> dias alternados por 7 dias -> 2x/semana por 2 semanas). Aplica-se o produto 15 minutos antes do banho, nas áreas afetadas, enxaguando bem durante o banho (evitar contato com a face) (Gary G, 2013). “A Malassezia é um fungo dimórfico de grande pleomorfismo que, por ter sido inicialmente classificado a partir de critérios morfológicos, foi denominado Pityrosporum ovale (células ovais com gemulação de base larga) e orbiculare (células redondas com gemulação de base estreita). Mais tarde, concluiu-se que ambas as formas eram variantes morfológicas da mesma espécie. Atualmente, por meio de métodos sorológicos e genéticos, o gênero Malassezia é dividido em sete espécies: M. furfur, M. pachydermatis, M. sympodialis, M. globosa, M. obtusa, M. restricta e M. slooffiae” (SAMPAIO, 2010, p.1) 2.1 Caspa (Pitiríase capitis) A caspa é um problema do couro cabeludo que consiste em uma frequente descamação provocada por uma disfunção fisiológica do corpo, e está ligada à ação de fungos presentes no couro cabeludo, chamados Pityrosporum ovale. A caspa tem aparência de finos flocos que facilmente se desprendem do couro cabeludo. É cinza esbranquiçada e é visível tanto no couro cabeludo quanto na haste capilar. A caspa, muitas das vezes vem acompanhada de coceira e também pode ser associada a outros problemas do couro cabeludo. Pode ser dividida entre caspa oleosa e caspa seca. Na Caspa Oleosa os flocos são visíveis, mas se mantém presos ao couro cabeludo segurado pela oleosidade. É acompanhado de coceira e vermelhidão. No caso da caspa seca, o couro cabeludo é desidratado, assim, os flocos finos caem. Este tipo de caspa é o mais sujeito a mudanças sazonais: mais acentuadas no inverno, menos evidente no verão. 2.2 Psoríase É uma doença de pele determinada geneticamente e a qual ainda não foi encontrada uma cura definitiva. O couro cabeludo é uma das áreas frequentemente atingidas e quase sempre, a primeira delas em pessoas jovens. Com períodos de melhora e característica de placas avermelhadas cobertas de escamas brancas ou rosadas, localizadas no couro cabeludo, cotovelos, joelhos e unhas, sangram com facilidade, atinge de 1 a 6% da população. A definição acerca da Psoríase de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia diz: “A psoríase é umadoença inflamatória, crônica, que acomete igualmente homens e mulheres. Estima-se que de 1 a 3% da população mundial apresente a doença, ou seja, mais de 125 milhões de pessoas no mundo e mais de 5 milhões apenas no Brasil. A psoríase manifesta-se principalmente por lesões cutâneas, geralmente como placas avermelhadas, espessas, bem delimitadas, com descamação, que podem surgir em qualquer local do corpo. Existem várias formas da doença, sendo a mais frequente a psoríase em placa, que ocorre em 80% a 90% dos pacientes, com as lesões podendo surgir em qualquer parte da pele, sendo mais frequentes no couro cabeludo, cotovelos e joelhos.” (SBD, 2017, p.1) A psoríase é uma doença crônica e incurável e não está entre as afecções que podem ser tratadas pelo profissional da estética. A melhora completa das lesões não é uma expectativa realística com o tratamento tópico. Embora a fototerapia e o uso de fármacos sistêmicos tenham demonstrado melhores resultados, até o momento a otimização do tratamento consiste em combinar ativos para obter melhora clínica rápida e controle da doença em longo prazo. Embora não haja cura ou prevenção para a psoríase, existem maneiras de diminuir a manifestação da doença, como ter uma alimentação saudável, evitar tabagismo, bebidas alcoólicas em excesso, manter o peso equilibrado, hidratar constantemente a pele e evitar o estresse. 2.3 Pediculose A pediculose da cabeça é uma doença parasitária, causada pelo Pediculus humanus var. capitis, vulgarmente chamado de piolho. As crianças em idade escolar e mulheres são as principais atingidas e é transmitida pelo contato direto interpessoal ou pelo uso de utensílios compartilhados (bonés, escovas ou pentes de pessoas contaminadas). Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia é mais comum de surgir a pediculose em crianças, sobretudo as meninas e que tenham cabelos compridos. O principal sintoma é a coceira, que de tão intensa, pode provocar pequenos ferimentos na cabeça, atrás das orelhas e nuca. Ainda é possível visualizar o parasita e seus ovos (lêndeas) no couro cabeludo do paciente acometido. Já na pediculose do corpo são encontradas escoriações, pápulas (“bolinhas”), pequenas manchas hemorrágicas e pigmentação, principalmente no tronco, na região glútea e abdome. Na pediculose pubiana (chamada de chato, pois o parasita responsável tem forma achatada) há prurido e são encontradas manchas violáceas, escoriações e crostas hemorrágicas na região. Pode ocorrer também infecção secundária em qualquer região; na pediculose do couro cabeludo é comum o aparecimento de ínguas atrás das orelhas e nuca. 3 Patologias da haste (tricoses) As patologias da haste capilar são situações comuns que ocorrem nos fios de cabelo. Geralmente são causadas por fatores externos, relacionados a traumas mecânicos e térmicos, como penteabilidade incorreta, uso de secadores e chapinhas. Traumas químicos como colorações, descoloração e alisamentos e afins. FIQUE DE OLHO Os processos químicos capilares constituem um conjunto de agressões químicas aos cabelos. Qualquer que seja o processo o seu mecanismo de ação no cabelo, invariavelmente trará consequência, todas elas de degradação da cutícula ou de ruptura e perda da massa de queratina interna. As principais patologias encontradas na haste capilar são: Tricoptilose: é conhecida popularmente como ponta dupla. Apresenta uma bifurcação geralmente encontrada na ponta do cabelo. É mais encontrada em cabelos longos. Suas possíveis causas são traumas mecânicos e químicos. Tricoclasia: são fraturas transversas da haste. É uma evolução da ponta dupla. Apresenta-se como se fosse a ponta de um pincel. Suas possíveis causas são traumas mecânicos e químicos. Triconodosa: afecção comum, caracterizada por torção dos cabelos que formam nós ou laços consequente de procedimentos cosméticos ou fricção. É comum de ser encontrada em cabelos crespos, por serem mais finos. Suas possíveis causas são traumas mecânicos ou tiques nervosos. Tricorrexenodosa: o cabelo apresenta um inchaço na cutícula, ao longo de sua haste. Apresenta fibras danificadas que se rompem com facilidade. Causa desconhecidas, porém, traumas mecânicos ou químicos podem ser desencadeantes. 4 Abordagem sobre os principais ativos cosméticos capilares No tratamento das patologias que acometem o couro cabeludo e fios, são usados diversas formulações cosméticas e princípios ativos. Para o tratamento de alopecias geralmente são utilizadas formulações que aumentem a oxigenação e circulação local do couro cabeludo. Tais formulações estimulam a nutrição do bulbo capilar impulsionando que esses fios de cabelos recebam os nutrientes adequados para se manterem fortes e saudáveis. Atualmente, como tratamento farmacológico destacam-se dois fármacos, usados maioritariamente por apresentarem maior evidência de resultados: finasterida oral e minoxidil tópico (SINCLAIR, 2011). Apesar desses fármacos apresentarem efeitos satisfatórios no tratamento de alopecias, eles possuem uma lista de reações adversas. Ao minoxidil são associadas reações relacionadas a: Prurido no couro cabeludo, secura e descamação; Irritação local ou sensação de queimadura (ardor); Dermatite irritativa; Dermatite alérgica de contacto. E a Finasterida, Disfunção sexual (líbido diminuída, disfunção eréctil e perturbações da ejaculação). Buscando por cada vez mais alternativas naturais que possam ajudar nos tratamentos de tais afecções a terapia capilar tem buscado a utilização de princípios ativos a base de plantas. Veja abaixo alguns desses princípios ativos e suas respectivas funções. ABACATE Possui ácidos graxos e alta concentração de vitamina E, tem efeito antioxidante. Hidrata, repara e protege os fios. O abacate também tem aminoácidos. ALECRIM É estimulante capilar, antisséptico, anti-inflamatório, refrescante, tonificante, adstringente e cicatrizante. Existem estudos que apontam efeitos parecidos com o minoxidil na melhora da oxigenação local do couro cabeludo. ALOE VERA OU BABOSA São extraídos compostos responsáveis por hidratar, cicatrizar, refrescar, acalmar, regenerar tecidos, prevenir quedas e manter a umidade e oleosidade ideal dos fios. URUCUM Extraído da semente da Bixa Orellana, nome científico da árvore típica da Amazônia, rico em betacarotenos e atua reestruturando os cabelos e auxilia na proteção contra os raios ultravioleta. SERENOA REPENS É uma pequena palmeira nativa da América do Norte, cujas bagas contêm ácidos gordos, tais como, ácido palmítico, ácido caprílico, ácido oléico, e ainda, caratenóides, lipases, taninos, açucares, beta-sitosterol e inibidores da 5α redutase. PANAX GINSENG É utilizado na medicina tradicional no tratamento da queda do cabelo. Panax ginseng induz a proliferação de folículos pilosos e o crescimento de cabelo in vivo (Park et al., 2011). GINKGO BILOBA Contêm várias substâncias, de entre as quais se destacam os flavonóides, que melhoram a circulação sanguínea, em especial a microcirculação. Uma vez que estimula a circulação nos vários tecidos, incluindo a pele e o folículo piloso, acredita-se que tem potencial para promover o crescimento capilar (Jaworsky, 2008, Aburjai e Natsheh, 2003). No que se refere ao tratamento de haste capilar, deve-se fazer uso de ativos que devolvam as propriedades naturais dos fios de cabelo, reestruturando a fibra capilar e reparando fissuras causadas por processos químicos que degradaram e danificaram a haste capilar. Tratamentos esses conhecidos como reposições de massa, botox capilar e cauterização. A reconstrução deve-se agir de dentro para fora, atuando em nível de córtex e cutícula. Os produtos utilizados no tratamento são ricos em queratina, proteínas, aminoácidos, silicones e agentes reconstrutores. Durante o processo, as cutículasdos fios vão sendo fechadas, deixando os cabelos mais alinhados, sedosos e brilhantes. O uso de óleos vegetais também têm sido constantemente utilizados para melhora na aparência de cabelos ressecados e quebradiços. Em países como a África e Ásia os óleos vegetais são utilizados em forma de pomadas e emplastos a fim de proporcionar uma aparência saudável aos fios (KEIS et al., 2005). Para a ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária a definição de óleos vegetais: “São os produtos constituídos principalmente de glicerídeos de ácidos graxos de espécies vegetais. Podem conter pequenas quantidades de outros lipídeos como fosfolipídeos, constituintes insaponificáveis e ácidos graxos livres naturalmente presentes no óleo ou na gordura (ANVISA RDC N°270, 2005).” Alguns óleos produzidos no Brasil apresentam em suas propriedades inúmeros benefícios para o tratamento da fibra capilar. Dentre eles, destacam-se o óleo de pracaxi, macaúba e coco. O óleo de pracaxi através de suas propriedades aumenta o brilho e a sedosidade, reduz a tricoptilose, diminui o ressecamento e controla o volume, pois atua formando uma película envoltória na haste capilar como se fosse um silicone natural, fechando as cutículas capilares. Em relação ao óleo de coco existem propriedades que estimulam o crescimento saudável dos fios, tratando a saúde do couro cabeludo, amenizando a oleosidade e as caspas. Além disso, esse ativo também combate a opacidade e quebra dos fios, reduzindo os casos de tricoptilose e frizz. No estudo de Silva (2018) sobre o óleo de coco e seus benefícios destacam- se: “A possibilidade de diminuir — e até mesmo impedir — a fadiga hídrica dos fios. Como informado anteriormente, os fios cacheados a afro tem uma maior tendência a apresentarem uma maior porosidade que levam ao enfraquecimento da haste. Os fios porosos sofrem uma intumescência maior ao entrarem em contato com a água, e ao secar, perdem volume. Essa oscilação no diâmetro da fibra acarreta o enfraquecimento, frizz, perca proteica do fio e, consequentemente, tricoptilose (pontas duplas).” (SILVA, 2018, p.54) A indústria cosmética capilar vem cada vez mais se desenvolvendo e trazendo ao mercado produtos de alta qualidade, menos tóxicos e de maior eficiência. Ajudando na redução do impacto ao meio ambiente, além de contribuir para o aumento da produtividade e redução dos custos de produção. É ISSO AÍ! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: aprender sobre as principais patologias da haste capilar e do couro cabeludo; identificar as características e sinais clínicos das patologias da haste capilar e do couro cabeludo; desenvolver o conhecimento sobre os princípios ativos para tratamentos das patologias do couro cabeludo e fio; aprender sobre o mecanismo de ação do princípios ativos nas afecções capilares; aprender sobre métodos que possibilitam uma avaliação precisa sobre as afecções capilares. REFERÊNCIAS AMORIM, F. Alopecia por tração causada por utilização de implante capilar artificial em cabelos relaxados. Minas Gerais: Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade Federal de Ouro Preto, 2017. APPLEGATE, E. Anatomia e Fisiologia. Elsevier Brasil. São Paulo: Elsevier Brasil, 2012. BORGES, F.D.S; SCORZA, F.A. Terapêutica em estética: Conceitos e Técnicas. São Paulo: Editora Phorte, 2016. DICCINI, S., YOSHINAGA, S. N., MARCOLAN, J. F. Estima provocadas pela tricotomia em craniotomia. Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2009. CAVALCANTI, C. P. 30p. Monografia (Especialização em Farmácia), Universidade Estadual da Paraíba, Paraíba, 2015. BARBOSA, J. K., NAUMANN, N. FRANÇA, S. Caracterização dos cabelos submetidos ao alisamento/relaxamento e posterior tintura. São Paulo: Dissertação de mestrado, Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Freire, S.O.M. Benefícios da pesquisa biotecnológica cosmética com ênfase na área de terapia capilar. Revista uningá review, [S.l.], v. 23, n. 3, set. 2015. ISSN 2178- 2571. Disponível em: http://revista.uninga.br/index.php/uningareviews/article/view/1659. Acesso em: 18 mar. 2020. NOGUEIRA, A. A.; GOMES NETO, J. A.; NÓBREGA, J. A. Determination of vanadium in human hair slurries by electrothermal atomic absorption spectrometry. Communications in Soil Science and Plant Analysis, 2007. RIVITI, E. Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti. São Paulo: Ed. Artes Médircas 2014. ROBBINS, C. R. Chemical and physical behavior of human hair. 4th ed. New York: Springer-Verlag, 2002. p. 483. WICHROWSKI, L. Terapia Capilar. Porto alegre: Alcance, 2007. Weide, A. C., & Milão, D. (2009). A utilização da finasterida no tratamento da alopécia androgenética. Revista da Graduação, 2(1). Hunt, N., & McHale, S. (2005). The psychological impact of alopecia. British Medical Journal, 7522, 951. Randall V. A. Molecular Basis of Androgenetic Alopecia. In: Trüeb, Ralph M., Tobin D, ed. Aging Hair. 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