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Estado, Sociedade e Movimentos Sociais Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. João Luiz de Souza Lima Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites Sociedade e Globalização/Mundialização Sociedade e Globalização/Mundialização • Abordar o tema Sociedade e Globalização/Mundialização, será dada ênfase aos seguintes fatores: expansão do comércio, revolução tecnológica, blocos econômicos, explosão dos investimentos, modelo produtivo e desigualdades sociais; • Proporcionar uma reflexão abrangente dos pressupostos que envolvem a Globalização/ Mundialização, bem como os impactos que essa causa na sociedade brasileira e mundial. A temática sobre as desigualdades sociais causadas por essa também será abordada, além dos aspectos ligados ao desemprego e às perspectivas do trabalho nas próximas décadas do século XXI; • Abordar o processo de Globalização/Mundialização, o qual resultou em um intenso intercâmbio entre os países, está cada vez mais integrando o cenário econômico-financeiro internacional. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Introdução; • Características da Globalização/Mundialização; • Conceitos e Efeitos da Globalização/Mundialização; • Globalização/Mundialização e Trabalho; • Mercado Global e Blocos Econômicos; • Desigualdades Sociais na Globalização/Mundialização. UNIDADE Sociedade e Globalização/Mundialização Introdução O que explica a Globalização/Mundialização é a reação em cadeia devido à crescente interdependência dos países, decorrente desse atual fenômeno, e que pro- voca uma ação interplanetária em rede. Os primeiros passos significativos rumo a uma economia global remontam aos séculos XV e XVI, com a expansão ultramarina europeia. O processo se acentua nos séculos XVIII e XIX, com a Revolução Industrial. No entanto, a interdependên- cia econômica dos países só é de fato percebida em 1929, quando ocorre a quebra da Bolsa de Nova York. A depressão econômica norte-americana se propaga pelo mundo, gerando queda nos negócios e desemprego em escala planetária. A partir da década de 1990, o atual fenômeno da Globalização/Mundialização torna única a economia global e as demais ações políticas, sociais, tecnológicas fi- nanceiras etc., no âmbito da humanidade. Globalização: vem do inglês The Globe. Mundialização: vem do francês Le Monde. Características da Globalização/Mundialização Tendo como pano de fundo o novo cenário montado após a II Guerra Mundial (1939-1945), em 1947 é assinado o Acordo Geral de Tarifas de Comércio (GATT), dois anos após a reunião do Tratado de Bretton Woods, quando são criados o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). O Gatt previa a liberalização do comércio mundial, a partir da redução das barreiras tarifárias e não-tarifárias. No en- tanto, faltavam mecanismos para coibir as práticas protecionistas. Então, em 1995, é criada a Organização Mundial do Comércio (OMC), que visava promover e regular o comércio entre as nações. Os países membros se comprometeram a derrubar tarifas alfandegárias, no mais importante passo para a abertura dos mercados. O Quadro 1, a seguir, apresenta as definições dos três organismos internacionais derivados do Tratado de Bretton Woods, o qual representa os ditames da economia mundial desde a década de 1940. Quadro 1 – Organismos Derivados do Tratado de Bretton Woods Organismo Definição Banco Mundial O Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), mais conhecido como Banco Mundial, concede empréstimos tanto para governos como para empresas. Tem sua ação direcionada para países em desenvolvimento e auxilia o Fundo Monetário Internacional (FMI) na ampliação de programas de ajuste econômico nesses países. 8 9 Organismo Definição Fundo Monetário Internacional (FMI) O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem entre seus principais objetivos promover a cooperação monetária internacional e favorecer a expansão e o crescimento equilibrado do comércio. Também oferece ajuda financeira aos países-membros, emprestando recursos com prazo limitado. Organização Mundial do Comércio (OMC) A Organização Mundial do Comércio (OMC) visa promover e regular o comércio entre as nações. É criada em 1995, em substituição ao Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). Suas atividades mais importantes são supervisionar acordos comerciais multilaterais, resolver disputas entre países e promover a cooperação com o FMI e o Banco Mundial. O processo de integração se acentua a partir da década de 1990, que constituiu a etapa da revolução tecnológica, especialmente no setor de telecomunicações. As trocas de informações (dados, voz e imagens) se tornam quase instantâneas, encurtando distâncias e agilizando negócios. Entre 1950 e 2015, o volume total das transações comerciais saltou de 61 bilhões de dólares para 16,4 trilhões de dólares. O fim abrupto da antiga União das Repúbli- cas Socialistas Soviéticas (URSS) e do chamado bloco socialista, no início da década de 1990, acentua o processo de Globalização/Mundialização, agregando subi- tamente a economia desses países à esfera capitalista. Menos traumática, porém, tão ou mais impactante, é a abertura gradual e organizada do gigantesco mercado chinês, promovida desde o fim da década de 1970 pelas reformas econômicas então comandadas por Deng Xiaoping. Essa estratégia culmina em 2001 com o ingresso da China na Organização Mundial de Comércio (OMC). Um capítulo importante da Globalização/Mundialização é a criação dos blocos econômicos regionais, em especial a União Europeia (EU), que, a partir de 1992, elimina barreiras à circulação de mercadorias, capitais e mão de obra entre os países membros. E, no dia 1º de janeiro de 2002, coloca em circulação a sua moeda única: o Euro, integrando monetariamente 12 nações do continente. Paralelamente, são cria- dos, a partir dos anos 1990, o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) – composto dos Estados Unidos da América (EUA), Canadá e México –, a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a União Africana (UA). Os blocos econômicos funcionam como uma tentativa das nações de exercerem maior controle e capacidade de barganha sobre a Globalização/Mundialização. Se- gundo dados da OMC na década de 2010, 84% dos fluxos comerciais estão concentra- dos no NAFTA, com exceção do México, na UE e na Ásia. O restante do comércio é distribuído entre a América Latina, a África, o Oriente Médio e a Europa Oriental. Para aumentar a participação nos fluxos de comércio mundiais, os países desses continentes possuem duas saídas: 1. Formar os próprios blocos, a partir dos quais negociam acesso ao mer- cado das demais nações; 2. Ingressar nos blocos liderados pelos países desenvolvidos. 9 UNIDADE Sociedade e Globalização/Mundialização Com a expansão do comércio ocorre uma notável intensificação do fluxo de ca- pitais entre os países. Os grandes grupos empresariais ampliam suas operações, estabelecendo filiais em quase todos os continentes. Para custear essa expansão, buscam recursos no mercado financeiro, que se torna uma instância onipresente no novo cenário global. Sob o impacto da ideologia neoliberal e sua teoria do Estado Mínimo – que defende a redução da participação do Estado na economia –, preconizadas por or- ganismos globais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), dezenas de pa- íses privatizam empresas estatais, desobrigando-se de atividades como a geração de energia, a distribuição de água e o tratamento de esgoto, a coleta de lixo e as telecomunicações. Reduzem, assim, especialmente no caso das nações em desenvol- vimento, subsídios e gastos sociais. A Globalização/Mundialização modifica profundamente o funcionamento das empresas. Por causa das fusões, das aquisições e das redefinições do processo pro- dutivo e, em alguns setores que exigem maior emprego de mão de obra, em virtude da migração das unidades fabris para os países em desenvolvimento, grandes con- glomerados reduzem substancialmenteo quadro de funcionários. Ao mesmo tempo, a informatização e a automação das companhias, o emprego intensivo das telecomu- nicações, a agilização dos transportes, a descentralização e a terceirização de várias atividades levam a produtividade humana às alturas. Entretanto, o crescimento das empresas globais não provoca o desenvolvimento das várias economias nacionais. A Globalização/Mundialização é uma tendência intrínseca do capitalismo. As principais críticas que lhe são feitas se referem ao fato de ela privilegiar uma mi- noria em detrimento da imensa maioria. Segundo os críticos, a Globalização/Mundialização, tal como vem ocorrendo, acentua as desigualdades entre ricos e pobres no interior dos países e entre na- ções ricas e pobres em escala global. Na década de 2000, a renda média dos 20% mais ricos do mundo é 60 vezes maior do que a dos 20% mais pobres. Na década de 2010, ela passa a ser 74 vezes maior. Outro indicador: os 10% mais ricos dos EUA recebem, sozinhos, o equivalen- te aos 47% mais pobres do planeta. Segundo dados recentes do Banco Mundial, de uma população global estimada em 7,7 bilhões de indivíduos em 2018, 3,8 bilhões, classificados como pobres, vivem com menos de US$ 2 dólares por dia. Desses, 2,2 bilhões, considerados miseráveis, vivem com menos de US$ 1 dólar por dia. O início no processo de Globalização/Mundialização é marcado simbolicamente pela que- da do Muro de Berlim (Alemanha), em 1989, e pela derrocada dos regimes comunistas na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e no Leste Europeu, cujos países (Polônia, Hungria, Tchecoslováquia, Romênia, Bulgária, Iugoslávia etc.) foram, nos anos seguintes, integrando-se ao mercado global. A Revolução Tecnológica da década de 1990, especialmente nas telecomunicações e infor- mática, potencializou as possibilidades de integração econômica a distância. 10 11 Conceitos e Efeitos da Globalização/Mundialização Conceitos e Definições A Globalização/Mundialização consiste em um fenômeno contemporâneo no qual os bens, serviços, as pessoas, habilidades e ideias se movimentam através das fronteiras geográficas. Em outras palavras, a Globalização/Mundialização consiste na interdependência entre os atores econômicos globais – governos, empresas e movimentos sociais (Organizações Não Governamentais, as ONGs, e as demais en- tidades filantrópicas etc.). Desigualdades Pontuais A crescente desigualdade entre países, regiões e indivíduos e a intensa compe- tição econômica internacional – resultantes da Globalização/Mundialização – são apontadas por estudiosos como fatores que aumentam as tensões em muitas socie- dades, agravando o risco de conflitos violentos. Situações de grande insegurança, marcadas por desemprego agudo e a estagna- ção econômica, podem levar grupos a reforçar seus laços tradicionais de solidarieda- de em torno da língua, religião e identidade étnica. Se, por um lado, esses laços aju- dam os indivíduos a enfrentarem a sensação de desamparo no ambiente competitivo, por outro, a ênfase nos vínculos étnicos pode estimular o preconceito, a intolerância e a hostilidade contra aqueles que não fazem parte do grupo. Há situações em que a presença de um poder central forte, como havia na extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), mantém esses movimentos aba- fados. Como em uma panela de pressão defeituosa, a tensão acumulada por suces- sivas gerações, diante de mudanças profundas no cenário geopolítico, pode explodir com fatos de pouca importância. Há estudos recentes que associam a disseminação dos conflitos étnicos a partir da década de 1990 ao fracasso da democratização política em países da Ásia, África e América Latina, além da desagregação da União Soviética (URSS). Em muitas nações, o colapso de regimes autoritários deu origem a governos fracos, que não conseguiram resolver os problemas sociais e econômicos herdados do passado. Efeitos Nesse cenário de Globalização/Mundialização, passou a haver uma circulação mais veloz de capital por todo o globo, facilitando os investimentos diretos, mas tam- bém os movimentos especulativos. 11 UNIDADE Sociedade e Globalização/Mundialização As Cadeias Produtivas (Organizações Multinacionais e Transnacionais) se espalharam mundialmente, com empresas sendo transferidas (relocalizadas) para re- giões ou países com menores custos de produção (salários, impostos etc.). O pensamento econômico dominante em escala mundial é chamado de Neoli- beralismo, também conhecido como Consenso de Washington. Seus principais preceitos são a desregulamentação da economia, a livre circulação de capitais, as privatizações e a redução da participação do Estado na vida econômica. Os efeitos diretos e transformadores da Globalização/Mundialização sobre a so- ciedade contemporânea são os seguintes: • Rápida disseminação das informações; • Aumento do nível de conhecimento das pessoas; • Comparação de valores, crenças e costumes; • Adaptação e assimilação de culturas; • Surgimento de novas necessidades como, por exemplos, internet, redes sociais, telefonia móvel etc.; • Aumento da consciência de direitos; • Abertura de mercados; • Maior variedade de ofertas; • Necessidade de preservação das individualidades pessoais e nacionais. Você Sabia? A Internet (www) se revelou a mais inovadora tecnologia de comunicação e comparti- lhamento de dados a distância. Globalização/Mundialização e Trabalho Em uma primeira aproximação, o trabalho consiste na atividade humana apli- cada à produção, à criação e ao entretenimento, podendo ser executado de forma manual e/ou intelectual. O trabalho consiste na aplicação da força física ou na utilização do intelecto, visando ao exercício de uma atividade que possibilite a produção de um valor de uso ou valor de troca. A partir do século XVIII, com a publicação no ano de 1776 da obra Uma Análise Sobre a Natureza e a Causa da Riqueza das Nações, de Adam Smith, foi incluso o conceito de divisão do trabalho, que consiste por sua vez na distribuição de tarefas entre indivíduos ou agrupamentos sociais tendo em vista a elevação da produtividade. 12 13 Os conceitos relativos ao trabalho foram elaborados por Adam Smith e desenvolvi- dos por David Ricardo e Karl Marx. O trabalho é uma condição inerente à existência da espécie humana e, desde suas formas mais rudimentares, está relacionado com o desenvolvimento de técnicas específicas e caracterizado pela divisão do trabalho. Assumiu configurações sociológicas diferentes, conforme as relações e o modo de produção. Era exercido de maneira coletivista e solidária nas sociedades tribais. Depois, com as peculiaridades próprias às diversas sociedades e épocas históricas, assumiu as formas de escravidão, servidão e trabalho assalariado. Nos sistemas escravagista e feudal, o trabalho sofria uma coerção extraeconô- mica, sancionada por lei. Enquanto no capitalismo o trabalhador sofre uma coerção puramente econômica, pois é juridicamente livre para contratar a venda de sua força de trabalho por um prazo determinado. Com a Revolução Industrial, surgiu o moder- no proletariado, que criou os sindicatos e impôs limitações crescentes ao liberalismo no âmbito das relações trabalhistas. Surgiram também os movimentos políticos ins- pirados pelo comunismo e pelo marxismo, ligados aos trabalhadores (CRUZ, 1995). Nas sociedades tribais, a divisão do trabalho obedecia a critérios biológicos, dis- tribuindo-se as tarefas conforme o sexo, a idade e a força física. Os critérios propria- mente sociais prevaleceram mais tarde, assinalando a separação entre a agricultura e a indústria. Na era moderna, a divisão do trabalho assumiu características internacio- nais, com o surgimento do mercado mundial, também chamado de globalização ou mundialização da economia, e do desenvolvimento do capitalismo. Na manufatura e na fábrica, acentuou-se em ritmo crescente, motivo pelo qual Adam Smith conside- rou a divisão do trabalho fundamental para o progresso econômico(ARON, 1997). Com a Revolução Industrial, surgiu o moderno proletariado, que criou os sindi- catos e impôs limitações crescentes ao liberalismo no âmbito das relações trabalhis- tas. Surgiram também os movimentos políticos inspirados pelo comunismo e pelo marxismo, ligados aos trabalhadores. Do ponto de vista da tecnologia, o trabalho evoluiu do artesanato para a manu- fatura e para a fábrica, distinguindo-se pela elevação constante da produtividade mediante o emprego de processos cada vez mais complexos e sofisticados de meca- nização e de automação. A Sociologia do Trabalho, assim denominada, surgiu no século XX, mas seus primórdios remontam ao século XIX, com o surgimento dessa disciplina científica, especialmente com três pensadores que forneceram à sociologia do trabalho seus modelos: Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim. No final do século XIX, Émile Durkheim estudou detalhadamente os aspectos socio- lógicos envolvendo a divisão do trabalho, que era então considerada fundamental para o progresso econômico. A Figura 1, a seguir, apresenta o retrato de Émile Durkheim. 13 UNIDADE Sociedade e Globalização/Mundialização Figura 1 – Émile Durkheim Fonte: Wikimedia Commons David Émile Durkheim (1858-1917), sociólogo, antropólogo, cientista político, psicólogo social e filósofo francês, juntamente com Karl Marx e Max Weber, tornou a Sociologia uma ciência de extrema relevância acadêmico- pedagógica e é considerado o “Pai da Sociologia Moderna”. Émile Durkheim concatenou os fatos morais aos fatos sociais, que considerava independentes das consciências individuais. Ele foi um dos fundadores da escola sociológica francesa e herdeiro do Positivismo, partindo da afirmação de que os fatos sociais devem ser tratados como “coisas”, forneceu uma definição do normal e do patológico aplicável a cada sociedade. O normal é aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo de ter uma existência tangível (ARON, 1997). O Positivismo consiste em um Sistema Filosófico, fundado por Auguste Comte, e que pretende que nada se pode conhecer com exatidão senão as verdades verificadas pela observação ou pela experiência. Essa preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve permitir a realização desse, desde que consiga integrar-se a essa estrutura. Para que reine certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o desenvolvimento de uma solidariedade entre os seus membros, uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de modernidade da sociedade, a norma moral tende a tornar-se norma jurídica, pois é preciso definir, em uma sociedade moderna, regras de cooperação e troca de serviços entre os que participam do trabalho coletivo a partir do normal; Durkheim analisa o patológico. 14 15 As sociedades modernas são doentes, segundo Durkheim, porque sofrem de ano- mia e estão submetidas a mudanças tão brutais que o conhecimento coletivo não tem tempo para estabelecer um corpo de regulamentação adequado. Perante a imensa massa de homens que uma nação moderna representa, o indivíduo só pode sentir-se solitário: o suicídio procede de causas sociais, não individuais. Em 1867, Karl Marx publicou o primeiro volume da sua consagrada obra O Capi- tal e, mais adiante, suas teorias a respeito da mais-valia com base na teoria do valor- -trabalho. Assim como Adam Smith e David Ricardo, Marx considerava que o valor da troca de toda a mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para produzi-Ia. Como a força de trabalho é uma mercadoria cujo valor é determinado pelos meios de vida necessários à subsistência do trabalhador (como alimentos, roupas, moradia, transporte etc.), se ele trabalhar além de um determinado número de horas, estará produzindo não apenas o valor correspondente ao de sua força de trabalho (que lhe é pago na forma de salário pelo capitalista), mas também um valor a mais, isto é, um valor excedente sem contrapartida, denominado mais-valia (MARX, 1973). É dessa fonte (o trabalho não-pago) que são tirados os possíveis lucros dos capi- talistas (sejam eles industriais, comerciantes, agricultores, banqueiros etc.), além da terra, dos juros etc. Assim, enquanto a taxa de lucro – que é a relação entre a mais- -valia e o capital total necessário para produzi-Ia – define a rentabilidade do capital, a taxa de mais-valia – que é a relação entre a mais-valia e o capital variável (salários) – define o grau de exploração sobre o trabalhador. Mantendo-se inalterados os sa- lários, a taxa de mais-valia tende a elevar-se quando a jornada e/ou intensidade do trabalho aumenta. O socialismo e o sindicalismo passam a ser os agentes essenciais da nova so- ciedade, obrigando o capitalismo do início do século XX a enveredar pelo caminho do máximo aperfeiçoamento possível de todos os fatores de produção envolvidos e à adequada remuneração. Assim sendo, quanto maior é a pressão exercida pelas exigências proletárias, me- nos graves se tornam as injustiças e mais acelerado e intenso se configura o processo de desenvolvimento da tecnologia. Dentro dessas novas perspectivas, surgem os primeiros esforços realizados nas empresas capitalistas para a implantação de métodos e processos de racionalização do trabalho. O trabalho, no âmbito da racionalidade moderna, exerce influência de forma inci- siva no repensar dos seguintes aspectos: • O fim das classes sociais; • O trabalho assalariado; e • A missão civilizadora da sociedade (CRUZ, 1995). 15 UNIDADE Sociedade e Globalização/Mundialização Os aspectos relacionados à Sociologia do Trabalho surgiram no século XX, mas seus primórdios remontam ao século XIX, especialmente com a pesquisa do sociólogo Villermé, consagrada no Relatório Sobre o Estado Físico e Moral dos Operários (1840), e com os três pensadores que forneceram à Sociologia do Trabalho seus mo- delos, os já citados: Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim (ARON, 1997). A Figura 2, a seguir, apresenta o retrato de Louis René Villermé. Figura 2 – Louis René Villermé Fonte: Wikimedia Commons Villermé (Louis René), médico e sociólogo francês (1782-1863), seu Quadro do Estado Físico e Moral dos Trabalhadores nas Fábricas de Algodão, Lã e Seda, publi- cado em 1840, constituiu-se em uma das monografias sociológicas mais importantes da história. Com a evolução da Ética Capitalista, três tendências principais nasceram a partir do século XX: • A Escola da Organização Científica do Trabalho (OCT), representada nas décadas de 1910 e 1920 por Frederick Winslow Taylor, Henry Ford, Frank Gilbreth e Henri Fayol; • A Escola das Relações Humanas, representada na década de 1930 por Elton Mayo, Kurt Lewin, Fritz. J. Roethlisberger e William Dickson; • A Sociologia das Organizações, representada nas décadas de 1940 e 1950 por Robert K. Merton, Talcott Parsons e Philip Selznick (HAMPTON, 1983). Mercado Global e Blocos Econômicos Mercado Global As empresas de grande porte, espalhadas por diversos países, conhecidas como multinacionais ou transnacionais começaram a moldar os novos padrões 16 17 de competição e alianças. O seu desenvolvimento maior, a partir da década de 1950, marca o início de uma nova fase do capitalismo mundial. Os países com grandes mercados internos, caso típico do Brasil, possuem muitas empresas de grande porte que operam apenas em território nacional. Seu desem- penho, no entanto, é frequentemente influenciado pelas empresas multinacionais. A partir da Segunda Guerra Mundial iniciou na economia mundial o movi- mento de internacionalização do capital, o qual configurou o que se chamou de Globalização da Economia. Junto com a Globalização/Mundialização, instalou-se um forte ambiente concorrencial, que abrangeu empresas e países. Considerando alguns dos países economicamente mais desenvolvidos, como Estados Unidos da América (EUA), Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá(que pertencem ao G7 e à OCDE). Pode-se dizer, a partir daí, que a maior parte dos produtos que um deles fabrica, outro país, em qualquer parte do mundo, têm também a possibilidade de fabricar. A competência produtiva, por si só, não é mais o fator distintivo por excelên- cia como acontecia, por exemplo, com os Estados Unidos da América (EUA) ao final da Segunda Guerra Mundial. O ambiente concorrencial levou a uma série de consequências, uma das quais é o aparecimento de medidas protecionistas por parte das autoridades governamentais, pressionadas pelos fabricantes locais. Essas medidas costumam aumentar de intensidade quando as empresas estrangei- ras começam a conquistar fatias significativas do mercado doméstico, quando a ba- lança comercial mostra deterioração ou, ainda, quando o alto nível de desemprego local começa a preocupar as autoridades. O nível de desemprego tem, aliás, se mantido em patamares inquietantes em alguns países desenvolvidos e no Brasil, desde que se manifestou a recessão mundial nas décadas de 1970, 1980, 1990 e 2000. Mesmo os Estados Unidos da América (EUA), país tradicionalmente defensor do livre comércio, não escapou da onda protecionista. Em parte, o auxílio americano à reconstrução da Europa Ocidental e do Japão no final da Segunda Guerra Mundial visava justamente a assegurar uma economia mundial de livre comércio. O crescimento econômico dessas regiões, aliado à supervalorização do dólar nor- te-americano no início da década de 1980 (prejudicando sobremaneira as exportações americanas), fez com que contínuos déficits aparecessem na balança comercial americana de manufaturados. De um pequeno superávit médio durante toda a década de 1970, esse déficit se aumentou, a partir da década de 1980 até o presente momento. Provavelmente o governo desempenhará um papel muito diferente na emergente era Hightech (Alta Tecnologia), ou seja, um papel menos vinculado aos interesses da economia e mais alinhado com os interesses da economia social. Moldar uma nova parceria entre o governo e o terceiro setor para reconstruir a economia social pode- ria ajudar a restaurar a vida cívica em cada nação. Alimentar os poderes, fortalecer 17 UNIDADE Sociedade e Globalização/Mundialização serviços básicos de assistência à saúde, educar os jovens da nação, construir moradias a preços acessíveis e preservar o meio ambiente encabeçam a lista das prioridades urgentes nos próximos anos. No caso do Brasil, a partir da década de 2000, a economia apontou para um cres- cimento da ordem de 2%, levemente superior ao desempenho na década de 1990. O começo da década de 2010 aumenta a confiança de consumidores e empresários nos rumos da economia. Para ganhar a credibilidade da comunidade financeira in- ternacional e dos investidores e para evitar qualquer possibilidade de descontrole inflacionário, o novo governo decide elevar a taxa de juros para 11,75% anuais. No entanto, a pandemia do COVID-19 mudou toda a política financeira e monetária. A taxa de juros, atualmente no Brasil, julho de 2020, está em patamares próximos dos 2% a. a. Isso se deve à necessidade de o governo promover o aquecimento da economia brasileira frente ao momento difícil desencadeado pelo COVID-19. O término da Segunda Guerra Mundial mostrou claramente a necessidade da re- construção, não só física, mas também política e econômica dos países que foram atingidos indiretamente pelo conflito, os que hoje são chamados de “Terceiro Mundo” ou países pobres. A integração dos países e das economias passou a ser o alvo da modernidade, ou seja, o “Norte” das nações, envolvendo a eliminação das rivalidades e o desejo de união. Enfim, um reinício com novas propostas. As negociações globais representam um percentual cada vez maior das atividades mercadológicas no mundo empresarial e das atividades dos indivíduos, dos colabora- dores, dos executivos espalhados pelos países afora. Os negócios internacionais têm importância crescente na atividade econômica de grande parte das nações. Esses negócios assumiram, no final do Século XX, destaque muito maior do que se imagi- nava, principalmente com a globalização da economia. A atuação das empresas em um nível internacional vem sofrendo grandes al- terações, em função de uma série de aspectos que caracterizam o novo mercado globalizado. Assim, entre os diversos tipos de empresas internacionalizadas, pode-se apresentar um modelo de transição nas atividades das companhias caracterizado por alguns aspectos básicos, tais como: • Redes internacionais de contatos; • Criação de uma mentalidade claramente internacionalizada; • Busca de novos conhecimentos; • Envio de executivos a outros países para obtenção de maior conhecimento e cultura. A importância da Globalização/Mundialização é tão grande e se faz presente de maneira tão intensa no dia a dia das pessoas e das empresas que não chega a causar espanto, pela facilidade de penetração dos produtos nas economias do mundo. 18 19 A intensificação da Globalização/Mundialização pode ser verificada, de maneira muito clara, no crescimento explosivo do número de empresas nacionais e multinacio- nais voltadas para o mercado internacional. O pioneirismo bem-aceito da União Europeia (UE) foi seguido, anos depois, pelo surgimento de outros blocos econômicos. Na América, à ALALC e ao Grupo Andino, que foram as primei- ras “associações de países”, seguiram-se Aladi, Mercosul, Nafta, Mercado Centro-Americano e Caricom. Na África, o Mercado Meridional. Na Ásia, a ASEAN. No Pacífico, a APEC. Mercado Brasil A abertura do Brasil para o comércio internacional, a partir da década de 1990, mostrou claramente que os resultados têm sido de grande valia para processo de estabilização da economia brasileira e que, na atual conjuntura, o que se almeja é exportar ainda mais. Há muito que fazer nesse sentido, conforme demonstrado a seguir: • Análise fria da necessidade de financiamento aos clientes do exterior; • Criação real de uma política de país exportador, com apoio comercial à altura das necessidades; • Mapeamento dos focos produtivos, incentivando também ao pequeno e ao mé- dio fabricante, os quais estão distantes dos grandes centros; • Reversão rápida dos resultados das privatizações dos portos e aeroportos do país para os custos dos produtos exportados; • Melhora na prestação de serviços complementares às exportações; • Mudança da cultura das empresas com relação ao comércio internacional; • Cobrança de maior agilidade nas decisões por parte dos órgãos intervenientes, de modo a eliminar burocracias que somente prejudicam o progresso do comér- cio exterior brasileiro e outras mais que ainda estão incrustadas. O êxito da atividade exportadora se pauta pelo atendimento a uma série de re- quisitos e, em alguns casos, requer treinamento específico e apoio de profissionais especializados para as empresas. Blocos Econômicos Os Blocos Econômicos são associações de países cujo objetivo é estabelecer relações comerciais privilegiadas entre si. Esse processo é iniciado com a abolição de tarifas comerciais e pode chegar, no limite, ao fim de fronteiras. Os Blocos Econômicos são classificados da seguinte forma: 19 UNIDADE Sociedade e Globalização/Mundialização • Mercado Comum; • União Aduaneira; • União Econômica e Monetário. • Zona de Livre Comércio; O Quadro 2, a seguir, apresenta o detalhamento da classificação dos Blocos Eco- nômicos na atualidade. Quadro 2 – Blocos Econômicos Tipo De Bloco Econômico Descrição Mercado Comum Nesse tipo de bloco há a permissão da livre circulação de capitais, serviços e pessoas no interior do bloco. União Aduaneira Nesse tipo de bloco, além da abertura dos mercados internos, há a regulamen-tação do comércio do bloco com as nações de fora. União Econômica e Monetária Esse tipo representa uma evolução do mercado comum. Os países adotam a mesma política de desenvolvimento e uma moeda única. É o atual estágio da União Europeia (EU). Zona de LivreComércio Nesse tipo de bloco há a redução total ou eliminação das tarifas alfandegárias entre os seus países membros. O Quadro 3 a seguir, apresenta a descrição dos principais Blocos Econômicos existentes na atualidade. Quadro 3 – Principais Blocos Econômicos Nome do Bloco Ano de Criação Objetivo do Bloco Países/Territórios Membros UE (União Europeia) ou EU (European Union) 1992 União Econômica e Monetária Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, Reino Unido (saiu em janeiro/2020), República Tcheca, Romênia e Suécia. MCCA (Mercado Comum Centro Americano) 1960 União Econômica e Monetária Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua. ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) 1967 Mercado Comum Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Filipinas, Cingapura, Tailândia e Vietnã. CAN (Comunidade Andina ou Pacto Andino ou Grupo Andino) 1969 Mercado Comum Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. CARICON (Mercado Comum e Comunidade do Caribe) 1973 Mercado Comum e União Econômica Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Montserrat, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, Suriname e Trinidad e Tobago. ALADI (Associação Latino-americana de Integração) 1980 Mercado Comum Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte ou “North American Free Trade Agreement”) 1994 Área de Livre Comércio Canadá, Estados Unidos e México. 20 21 Nome do Bloco Ano de Criação Objetivo do Bloco Países/Territórios Membros SADC (Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento ou “South African Develop- ment Community”) 1992 Mercado Comum África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagáscar, Malauí, Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue. APEC (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico ou “Asia Pacific Economic Cooperation”) 1989 Área de Livre Comércio Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Cingapura, Coreia do Sul, Estados Unidos, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Rússia, Tailândia, Taiwan (Formosa) e Vietnã. MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) 1991 Mercado Comum Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela (em pro- cesso de adesão). ECOWAS (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental ou “Economic Community of West African States”) 1975 Integração Econômica Benin, Burkina Fasso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo. CEI (Comunidade de Estados Independentes) 1991 Organiza-se em uma confederação de Estados, que pre- serva a soberania de cada um. A Comunidade pre- vê a centralização das forças armadas e o uso de uma moeda comum: o rublo. A Comunidade de Estados Independentes é uma organiza- ção criada em 1991 que reúne 12 das 15 repúblicas que for- mavam a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Ficam de fora apenas os três países bálticos: Estônia, Letônia e Lituânia. Membros: Armênia, Belarus, Cazaquistão, Federação Russa, Moldávia, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia, Uzbequistão (1991); Geórgia, Azerbaijão (1993). ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) 1994 Eliminar as barreiras alfandegárias entre os 34 países america- nos, exceto Cuba. Nunca foi implementado. BRICS 2009 Grupo dos Países Emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. É um grupo formado em 2009 por países emergentes, tais como: Brasil, Rússia, Índia e China para uma cooperação econômica e política no cenário global. Em 2011, o grupo incorporou a África do Sul. O termo BRIC para designar os quatro países gigantes emergentes foi cunhado pelo economista britânico Jim O´Neill em 2001. Desigualdades Sociais na Globalização/Mundialização A análise do Sistema Capitalista e as perspectivas Neoliberais se fazem necessá- rias para o entendimento da relação capital – trabalho dentro do atual panorama onde, de um lado, está a exclusão de milhões de trabalhadores e, de outro, o fenô- meno da Globalização/Mundialização. 21 UNIDADE Sociedade e Globalização/Mundialização Com a Globalização/Mundialização, a abertura do mercado aos produtos estran- geiros, as mudanças nos parâmetros do consumidor tradicional, a privatização de empresas estatais em diversos segmentos e o processo sucessório eminente nas em- presas familiares, evidencia-se nas empresas brasileiras e estrangeiras a necessidade de rever os seus planos estratégicos de negócios e, consequentemente, as estruturas organizacionais e os processos de trabalho. Nesse contexto, a mudança sistemática dos processos produtivos surge como o maior fator da geração de investimentos maciços em tecnologia, por parte das orga- nizações produtivas, tendo ainda o respaldo de novas formas de gerenciamento que sempre culminam na revisão dos negócios. No entanto, a utilização da automação em alguns casos apresentou resultados reversos ao desejado. Em outros casos, ob- tiveram-se resultados satisfatórios e a possibilidade da busca contínua das melhorias dos processos administrativos e produtivos. Por sua vez, o mercado empresarial era, até a década de 1990, caracterizado por ser extremamente fechado por protecionismos de caráter político, porém, esse modelo sofreu forte concorrência com a chegada dos produtos e serviços importa- dos. Isso ocorreu, principalmente, por causa da eliminação das barreiras alfande- gárias patrocinada pelas autoridades da área econômica do Governo no início da década de 1990. No Brasil, a política governamental almeja conduzir o país a uma economia moderna baseada na livre concorrência e facilitar a entrada dos investimentos de capital externo. A nova situação de mercado exigiu que as empresas brasileiras e estrangeiras, independentemente do porte, aumentassem em um curto espaço de tempo os in- vestimentos em Tecnologia da Informação (TI), bem como no processo produtivo. Além disso, buscou-se o aprimoramento dos seus recursos humanos e da qualidade dos seus produtos e serviços oferecidos e a preços naturalmente competitivos. O problema central das desigualdades sociais está atrelado às mudanças sociais ocorridas no Brasil e no mundo frente às modernas tecnologias das suas organiza- ções produtivas. Portanto, há a necessidade do entendimento dos três fatores descri- tos a seguir: 1. A automação dos processos administrativos e operacionais praticada pe- las organizações; 2. O emprego está sendo eliminado, fazendo com que a população mundial tenha de se deslocar para outras localidades em busca de trabalho; 3. A desativação de empresas e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro e mundial, em particular, estariam promovendo uma alta taxa de desemprego, com consequente redução substancial de postos de trabalho. A exclusão social aliada à diminuição do processo produtivo (recessão) leva a sociedade contemporânea a atingir um quadro de desemprego preocupante, trans- formando os seus hábitos como, por exemplo, o fim das classes sociais, o fim do 22 23 trabalho assalariado e os questionamentos sobre a missão civilizadora da sociedade frente aos graves problemas sociais. O sociólogo britânico Anthony Giddens (2000) define a igualdade como inclusão e a desigualdade como exclusão. Para ele, inclusão se refere, em seu sentido mais amplo, à cidadania, a direitos e obrigações civis e políticas que todos os membros de uma sociedade deveriam ter, não apenas formalmente, mas como uma realidade em suas vidas. O autor aponta para a sociedade em que o trabalho permanece essencialpara a autoestima e o padrão de vida das pessoas. Em relação ao acesso ao trabalho, esse é um contexto principal de oportunidade. A educação, contudo, é outro, e o seria ainda que não fosse tão importante para as possibilidades de emprego. Em Síntese Nesta Unidade, foi abordado o tema envolvendo a Globalização/Mundialização, que é um fenômeno explicado pela reação em cadeia e a crescente interdependência dos pa- íses, decorrente do atual processo de internacionalização do capital, da produção, da informação, do conhecimento e dos cuidados com o meio ambiente. O Mercado Global também foi discorrido, onde as empresas de grande porte, espalha- das por diversos países, conhecidas como multinacionais ou transnacionais, começaram a moldar os novos padrões de competição e alianças. O seu desenvolvimento maior, a partir da década de 1950, marca o início de uma nova fase do capitalismo mundial. Por fim, a Globalização/Mundialização da Economia é uma tendência intrínseca do Capita- lismo. As principais críticas que lhe são feitas se referem ao fato de ela privilegiar uma mi- noria em detrimento da imensa maioria. Segundo alguns dos seus críticos, a Globalização/ Mundialização, tal como vem ocorrendo, acentua as desigualdades entre ricos e pobres no interior dos países e entre nações ricas e pobres em escala global. 23 UNIDADE Sociedade e Globalização/Mundialização Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Portal Sebrae https://bit.ly/2OZHR5h Banco Mundial (World Bank) https://bit.ly/332euYi Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) https://bit.ly/2EgX67M Banco Central do Brasil (BCB) https://bit.ly/2X3hm3v Leitura Brasil: Uma cooperação mutualmente benéfica https://bit.ly/32YiSYk 24 25 Referências ARON, R. As Etapas do Pensamento Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1997. BALESTRIN, A.; VERSCHORE, J. Redes de Cooperação Empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2008. BLANCHARD, O. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. (e-book) CRUZ, M. B. Teorias Sociológicas: Os Fundadores e os Clássicos (Antologia de Textos). 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1995. GIDDENS, A. A Terceira Via. Rio de Janeiro: Record, 2000. HAMPTON, D. R. Administração Contemporânea. 2. ed. São Paulo: McGraw – Hill do Brasil, 1983. KEYNES, J. M. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: Abril Cultural, 1996. (Os Economistas) MOCHÓN, F. Princípios de Economia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. (e-book) SMITH, A. A Riqueza das Nações. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Os Econo- mistas, 2) SOUZA, J. M. (Org.). Economia Brasileira. São Paulo: Pearson, 2012. WEBER, M. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1967. 25
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