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Consultório na Rua revisado22

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2
ATUAÇÃO DO CONSULTORIO NA RUA NO PERÍODO DE 2015 a 2020:
REVISÃO NARRATIVA
¹FERREIRA, Alcinei Brito dos Santos 
¹SANTOS, Alcineide Brito 
¹ALMEIDA, Andreza Santos 
¹SILVA, Lorena Lobato 
¹FERREIRA, Valéria Andrade 
²ALVES, Francisca 
RESUMO
Trata-se de uma revisão narrativa acerca da atuação de equipes de saúde que prestam atenção a população em situação de rua. Foi realizada busca nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Biblioteca Eletrônica Científica Online (SCIELO) e Google Acadêmico. Utilizaram-se as seguintes palavras chave: Consultório na rua; Enfermagem. Foram definidos três capítulos temáticos: estratégia consultório na rua, estratégias aplicadas por equipes de consultório na rua e principais contribuições do consultório na rua. O primeiro capítulo traz informações gerais sobre o conceito e funcionamento básico da estratégia consultório na rua, no segundo são descritas quais estratégias gestores e equipes têm adotado para prestar o atendimento integral a essa população, e no terceiro é avaliado o impacto dessas estratégias e suas respectivas contribuições. Observou-se ainda que existem preconceitos e estigmas sobre a população em situação de rua, e que se deve avançar muito para alcançar um ideal de atendimento integral a esse público, para vencer as barreiras existentes é necessário um trabalho multiprofissional apoiado em políticas públicas e apoio de toda sociedade.
Palavras – chaves: Consultório na rua. Enfermagem. Atenção à saúde
1 INTRODUÇÃO
A estratégia Consultório na Rua foi estabelecida a partir da Política Nacional de atenção Básica em 2011, e tem como objetivo principal melhorar o acesso aos serviços de saúde, de forma integral, para esse grupo específico, pois esses encontram-se em situação de vulnerabilidade e muitas vezes tem vínculos familiares frágeis ou inexistentes.
É importante notar que todos os profissionais de saúde inseridos no Sistema Único de Saúde são responsáveis pelo atendimento do público na rua, considerando os princípios da igualdade e da universalidade, que significam o atendimento de excelência e o acesso aos serviços a todos, independente de raça, cor, credo, religião, ou qualquer forma de distinção, respectivamente.
Todavia, a estratégia Consultório na Rua formou equipes multiprofissionais para prestar atenção integral ao grupo, podendo ocorrer de forma isolada ou em conjunto com as Unidades Básica de Saúde (UBS) de cada território. As equipes próprias são chamadas de equipe de Consultório na Rua (eCR), sendo que municípios que não possuem, deverão prestar atendimento através de outras equipes da atenção básica.
A estratégia completa dez anos, e é importante verificar como as equipes de consultório na rua vem atuando, quais são suas principais estratégias e quais têm sido seus principais resultados. Acredita-se que a revisão dos dados pode dar subsídios para a melhoria dos serviços, a partir disso, questiona-se como foi a atuação das equipes de consultório na rua no período de 2015 a 2020?
 O objetivo principal do estudo é analisar a atuação de consultório na rua no período de 2015 a 2020, os objetivos específicos são descrever estratégia Consultório na Rua, identificar as principais estratégias aplicadas pelas equipes e analisar as principais contribuições.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 ESTRATÉGIA CONSULTÓRIO NA RUA
A população que vive na rua sempre sofreu preconceito por grande parcela da sociedade, sendo observada como marginal. O atendimento a esse público requer conhecimento, experiências e prática adequada para não realizar julgamentos a partir dos estigmas sociais que estão associados a pessoa que vive na rua, porém, nem mesmo as equipes do Sistema Único de Saúde estão totalmente preparadas para prestar o atendimento integral a essa população, que faz com que esse público se torne invisível ao sistema de saúde, dificultando o acesso e/ou continuidade de tratamentos (HALLAIS; BARROS, 2015).
Anteriormente a 2011, o atendimento a população de rua era atendido de forma exclusiva pelos consultórios de rua, uma equipe da atenção básica que era focada nos problemas de saúde mental, vícios em álcool e outras drogas, por outro lado, não era oferecido o atendimento integral à saúde desses pacientes, esse tipo de atendimento ficou conhecimento como consultório de rua (SANTANA, 2014).
Considerando a complexidade do atendimento a esse público o ministério da saúde criou a Estratégia Consultório na Rua em 2011, vinculado a Política Nacional de Atenção básica. Naquele momento se idealizou duas possibilidades: equipes próprias ou equipes vinculadas aos núcleos da estratégia saúde da família, e que os atendimentos seriam realizados a partir de unidade móvel (automóvel equipado com todo o material necessário, além do transporte dos profissionais da saúde), e além disso, realizar encaminhamentos para o sistema de saúde, quando necessário (BRASIL, 2011). O consultório na rua oferece atendimento integral ao paciente inclusive atendimento aos vícios em álcool e drogas, diferente dos antigos consultórios de rua que tinham apenas esse foco.
Definiu-se também, que dependendo da complexidade dos atendimentos em cada território poderiam ser compostas três tipos de equipes de Consultório na Rua (eCR), a saber: modalidade I: Enfermeiro, Psicólogo, Assistente Social e Terapeuta Ocupacional, modalidade II: Agente Social, Técnico ou Auxiliar de Enfermagem, técnico em Saúde Bucal, Cirurgião Dentista, profissional de Educação Física e profissional com formação em Arte e Educação e modalidade III: todos os profissionais da modalidade II, acrescido do profissional médico (BRASIL, 2012).
Essas equipes precisam ter conhecimentos e experiências para prestar atendimento integral essa população. Profissionais que ainda não foram qualificados podem ter resistência para prestar o atendimento por conta de preconceitos e estigmas que existem sobre esse público, e também, muitos ainda pensam que a única demanda de saúde são os serviços de saúde mental (doença mental, álcool e outras drogas). Mas, é importante trazer humanização para esse atendimento, ou seja, reconhecer que a pessoa na rua é um ser humano como nós mesmos (empatia), deve se ouvir as queixas deles (escuta qualificada), prestar todo o atendimento necessário e facilitar a entrada no sistema de saúde quando necessário (encaminhamento), permitindo, assim, a diminuição da segregação (SILVA; CRUZ; VARGAS, 2015).
A implantação da estratégia de consultório na rua é de responsabilidade da atenção básica, ou seja, as prefeituras mais especificamente a partir das Unidades Básicas de Saúde e equipes Estratégias Saúde da Família. O primeiro passo para a implantação da estratégia é a realização de um mapeamento dos territórios de cada munícipio, consulta de base de dados para conhecimento do número de pessoas em situações de rua e a utilização de outros indicadores. O processo de mapeamento tem o objetivo de realizar o diagnóstico da região, para que possa ser realizado um planejamento adequado (PAULA et al, 2018).
Por outro lado, existe um processo burocrático para a implementação que inclui um diagnóstico da realidade, desenvolvimento de projeto, formação e inclusão de equipes em Sistema do Ministério da Saúde. O governo federal tem pactos para financiar parcialmente a estratégia saúde na família, sendo também responsáveis também financeiramente as prefeituras que também deve operacionalizar a logística para aquisição de automóvel, materiais, contração de profissionais, entre outros. Os governos estaduais não tem atribuições bem definidas na política e nas portarias, mas, poderiam promover um grande apoio para esse trabalho, caso participassem mais do desenvolvimento da estratégia de equipe na rua (MEDEIROS; CAVALCANTE, 2018).
Outra dificuldade encontrada também no processo de implementação é o próprio preconceito e a falta de conhecimento que mesmo gestores podem possuir. Quando projetos são mal coordenados, é possível que a estratégia de equipe de saúde na rua, possaser desenvolvido em uma perspectiva de consultório de rua, ou seja, um atendimento focado apenas no atendimento ao paciente dependente de álcool e outras drogas, excluindo outros tipos de atendimento à saúde. Esse tipo de abordagem acaba prejudicando o atendimento a população que vive na rua, pois, essa população ainda é vista de forma marginalizada e que possuem como problemas de saúde apenas com álcool e outras drogas (PACHECO, 2014).
2.2 ESTRATÉGIAS APLICADAS POR EQUIPES DE CONSULTÓRIO NA RUA
Para que seja prestado um serviço de excelência é necessário que a equipe seja capacitada e qualificada. A estratégia mais utilizada por gestores é o processo de sensibilização de equipes, onde os profissionais podem compreender melhor o que realmente é a situação de rua, quais são os principais motivos que levam alguém a ficar nessa situação, as principais necessidades, também é um momento para ter os primeiros contatos e comunicação com esse público. Esse processo de sensibilização tem como objetivo eliminar ou diminuir preconceitos e estigmas que a sociedade de um modo geral possui sobre esse público, e ao mesmo tempo trazer mais humanização para os cuidados (SANTOS; SANTOS, 2021).
Também há de se considerar que as equipes que atuam na rua devem criar estratégias para se trabalhar na rua, considerando que podem estar expostas aos raios solares, chuva, ventos frios e também a fortes odores. Essas equipes precisam também garantir a sua própria proteção e integridade física, ao mesmo tempo que prestam assistência ao público em situação de rua (SILVA et al, 2020).
As equipes costumam utilizar as estratégias de acolhimento e desenvolvimento de vínculo. O acolhimento é representado pelo primeiro contato da equipe multiprofissional com as pessoas em situação de rua, onde esse público tem a oportunidade de falar sobre quais são seus principais problemas pessoais, de saúde, seus anseios, medos e suas necessidade. Esse momento é importante para que ocorra também a criação de vínculo, ou seja, que aquela pessoa reconheça “quem são” aqueles profissionais e também que se crie um vínculo de confiança e segurança naquela relação profissionais e paciente (HALLAIS; BARROS, 2015).
 A partir do acolhimento e do desenvolvimento de vínculo torna-se mais fácil realizar atendimentos de saúde e oferecer outros serviços à população em situação de rua. Uma estratégia muito eficaz para esse público é a de “Redução de Danos” (RD). Essa estratégia consiste em orientações de forma clara e em linguagem compreensível para o público, da importância do uso do preservativo, consumo de água e alimentos de fontes confiáveis, a importância da atividade física e orientações sobre o consumo de álcool de outras drogas. Nem todos profissionais compreendem a importância da Redução de Danos porque ainda enxergam esse público com necessidades apenas de alimentação, moradia e atendimento por conta de vícios em drogas, porém, é importante reconhecer que são seres humanos e têm necessidades como quaisquer outros, e orientá-los pode diminuir drasticamente a chance de danos maiores (ABREU, 2017).
Nem sempre é possível alcançar esses pacientes antes do surgimento de doenças, principalmente o acometimento por doenças crônicas como hipertensão, diabetes, enfisema pulmonar, entre outros). Quando o paciente inicia os atendimentos com uma doença de base, a estratégia de promoção à saúde (prevenção de danos como a estratégia RD) fica em segundo plano, pois, é necessário tratar aquele problema que já instalou-se no organismo do paciente. Nesse tipo de situação, a abordagem é outra: as equipes prestam todo atendimento possível a partir dos materiais, equipamentos e medicamentos disponíveis na unidade móvel e encaminham o paciente para os serviços necessários: exames laboratoriais, exames de imagem, consulta especializada, reabilitação, entre outros (VIEGAS et al, 2021).
O cuidado a esse público envolve também o serviço de assistência social e atendimento psicológico. É relevante notar que muitas pessoas em situação de rua possuem família e em teoria poderiam estar vivendo nessa casa, porém, por problemas diversos como violência, abuso de álcool e outras drogas, doenças da saúde mental, doenças infecto contagiosas (tuberculose, hanseníase, HIV/AIDs) acabaram deixando suas casas. O trabalho do serviço social é responsável de garantir auxílios financeiros e também de alimentos do Estado e também tentar reaproximar o individuo de sua família através de um processo de sensibilização (PAIVA et al, 2016)
Em relação ao atendimento psicológico trabalha-se as questões de saúde mental, enfrentamento do abuso de álcool e outras drogas e o fortalecimento das relações familiares que geralmente está bastante fragilizado. O serviço psicossocial é importantíssimo para a reconstrução de laço do individuo com sua família, tendo potencial de trazê-lo novamente para o convívio familiar e permitindo-lhe mais dignidade. Nem todos os profissionais da saúde possuem essa sensibilidade, humanização e empatia, sendo necessário uma capacitação e qualificação prévia aos atendimentos (DOUROADO et al, 2018).
O atendimento integral também é uma estratégia fundamental para que o indivíduo se sinta reconhecido e o sujeito do processo. Atendimentos complementares como corte de cabelo e barba, realização de serviços de manicure, pedicure também são importantes para o bem estar da população na rua (CARVALHO, 2019). O atendimento a saúde bucal realizado pelos profissionais da odontologia também é essencial, tanto pela questão do tratamento das patologias bucais, bem como pela questão estética e bem estar, esse cuidado pode ocorrer a partir das unidades móveis das equipes de atendimento ou através de encaminhamento para as unidades básica de saúde ou centro especializado (FERREIRA, 2021).
Observou-se que existem diversas estratégias para o atendimento ao público em situação de rua, podendo ser compreendidas baseadas no processo de humanização, interação social, fortalecimento de laços (acolhimento e desenvolvimento de vínculo), desenvolvimento do conhecimento sobre a doença e saúde para a criação da autonomia, prevenção de doenças, auxilio psicossocial, auxílio combate as drogas e reinserção do indivíduo ao convívio familiar.
2.3 PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DO CONSULTÓRIO NA RUA 
A estratégia consultório na rua utiliza-se de várias estratégias para promover o cuidado integral a população em situação de rua. Esse cuidado integral significa ações além daquelas exclusivamente curativas (consulta médica, administração de medicamentos, etc). Significa na verdade o reconhecimento desse público como seres humanos em sua totalidade que tem medos, desejos, necessidades que vão além dos atendimentos médicos (BERNARDES et al, 2014).
O avanço da compreensão que esse público requer mais cuidados do que simplesmente atendimento ao abuso de álcool e outras drogas é muito importante, pois, é a prova que a sociedade começa a reconhecer e “enxergar” essa população como cidadãos. Antes de 2011, ano de criação da estratégia, o fenômeno da invisibilidade de pessoas em situação de rua era pior, devido aos preconceitos e estigmas associados (PIMENTA, 2019).
Um exemplo claro desse avanço é a inclusão dos serviços de odontologia e também o fornecimento de procedimentos de cuidados pessoais como corte de cabelo, barba, manicure e pedicure. Ao cuidar do individuo de forma integral, também influencia o individuo a querer retornar para sua casa e exercer novamente suas antigas atividades e trabalho (ALVES, 2016).
Atualmente se têm equipes multiprofissionais, com membros melhor capacitados, sensibilizados e mais humanizados. Esse trabalho em equipe de vários profissionais de áreas distintas é importante para abranger todas as necessidades do indivíduo e a capacitação permite um melhor processo de interação, comunicação, melhor acolhimento e desenvolvimento de vínculo (ABREU, 2017).
Outra contribuição importante das ações é a reintegração dos indivíduos ao seu convívio familiar. Muitas famílias desestruturam-se por conta do usode álcool e outras drogas, e não é incomum observar o abandono desses indivíduos em situação de rua. O trabalho psicossocial faz um trabalho em conjunto com o individuo e sua família, oferece o atendimento médico, até mesmo internação em clínica especializada se necessário para que esse indivíduo possa retornar para casa, voltar a trabalhar e exercer suas atividades novamente (BISCOTTO, 2016).
Por outro lado, observou-se que a atenção primária (sob responsabilidade principalmente das prefeituras) ainda não conseguiu se organizar da melhor forma possível para mapear todas as regiões, prestar atendimento a todo público em situação de rua, e nem realizar todos os encaminhamentos necessários. Por conta disso, considera-se importante uma contribuição mais significativa de governos Estaduais e do governo Federal para um atendimento ainda melhor (MEDEIROS; CAVALCANTE, 2018).
É importante destacar também que os avanços ao cuidado e ao fornecimento de serviços a esse público também é influenciado pela mudança de perspectiva da sociedade, ou seja, é necessário vencermos estigmas e preconceitos que ainda existem sobre esses indivíduos.
3 METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão narrativa acerca da atuação de equipes de saúde de consultório na rua, realizada em dezembro de 2021 a partir da busca nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Biblioteca Eletrônica Científica Online (SCIELO) e Google Acadêmico. Utilizaram-se as seguintes palavras chave: Consultório na rua; Enfermagem; Atenção à saúde foram filtrados estudos publicados no período de 2010 a 2021, disponíveis na íntegra, em português.
Os artigos foram selecionados por relevância a temática, sendo o restante excluído da amostra. Após o processo de filtragem, os artigos foram lidos na íntegra e foram definidos três capítulos temáticos, sendo que cada um relaciona-se com um objetivo específico, a saber: estratégia consultório na rua, estratégias aplicadas por equipes de consultório na rua e principais contribuições do consultório na rua.
Ao final foram relatadas as considerações finais, revisado todo o texto e realizado a normatização (padronização ABNT).
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível alcançar os objetivos propostos no estudo através do desenvolvimento dos três capítulos propostos. Foi identificado que muitos profissionais não tem conhecimento, qualificação e experiências suficientes para especializado para o público que está em situação de rua. Esse déficit pode ser sanado através de processo e sensibilização, estudo e capacitação.
Para que os profissionais prestem um melhor atendimento é necessário que eles trabalhem com estratégias de escuta qualificada, acolhimento e desenvolvimento de vínculo. Essas estratégias podem facilitar a comunicação e passam mais segurança para os indivíduos que receberão os atendimentos necessários, fazendo com esses se sintam mais à vontade para compartilhar seus sintomas, anseios, medos e sonhos.
Também foi possível identificar a importância do trabalho multidisciplinar: o trabalho psicossocial promovendo o fortalecimento do vínculo familiar, tratamento as doenças da saúde mental e encaminhando aos serviços de assistência social. O trabalho da equipe da saúde, tratando problemas instalados e prevenindo outros danos futuros, a equipe da saúde bucal, tratamento problemas odontológicos e também auxiliando na questão estética, e outros trabalhos complementares como corte de cabelo e barba, realização de manicure e pedicure.
Por fim, concluiu-se que o trabalho das equipes de atendimento à população na rua é essencial, mas, é complexo e deve considerar todas as particularidades dessa população. Observou-se ainda que existem preconceitos e estigmas sobre a população em situação de rua, e que se deve avançar muito para alcançar um ideal de atendimento integral a esse público, por outro lado, a estratégia criada em 2011 mostrou-se extremamente importante do modo que foi possível avançar de um atendimento exclusivo a saúde mental e combate aos vícios de álcool e drogas (conhecimento como consultório de rua) para um atendimento integral a saúde dessa população, chamado hoje de estratégia consultório na rua.
Acredita-se que o presente estudo pode dar subsídios para que profissionais sejam sensibilizados e possam compreender melhores a dinâmica e o contexto do trabalho com esse público. Também se espera que outros profissionais, acadêmicos e professores sejam estimulados desenvolverem mais pesquisas na área, pois ainda é um campo com pouca produção científica.
REFERÊNCIAS
ALVES, Priscila Maron Pinheiro. O uso da propaganda na quebra de estereótipo do morador de rua: reintegração da pessoa em situação de rua ao mercado de trabalho. 2016.
BERNARDES, Isabela Alves et al. Consultório na Rua: uma nova forma de cuidado em saúde. In: Anais do Congresso Internacional de Humanidades & Humanização em Saúde [Blucher Medical Proceedings, vol. 1, no. 2]. São Paulo: Blucher. 2014.
BISCOTTO, Priscilla Ribeiro et al. Compreensão da vivência de mulheres em situação de rua. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 50, p. 749-755, 2016.
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CARVALHO, Andréa Rodrigues Maia de. População em situação de rua no Rio de Janeiro: perspectivas de usuários de um centro de acolhimento. 2019.
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DE ABREU, Deidvid. Consultório na Rua e Redução de Danos: estratégias de ampliação da vida. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, v. 12, n. 39, p. 1-2, 2017.
DOURADO, Talita Santos et al. Equipe de Consultório na Rua de Florianópolis: reflexões sobre o cuidado na perspectiva da atenção psicossocial. 2018.
FERREIRA, Janus Micael Targa. Análise da saúde bucal de pessoas em situação de rua do município de maringá e a efetividade do atendimento público odontológico a essa população. 2021.
HALLAIS, Janaína Alves da Silveira; BARROS, Nelson Filice de. Consultório na Rua: visibilidades, invisibilidades e hipervisibilidade. Cadernos de Saúde Pública, v. 31, p. 1497-1504, 2015.
HALLAIS, Janaína Alves da Silveira; BARROS, Nelson Filice de. Consultório na Rua: visibilidades, invisibilidades e hipervisibilidade. Cadernos de Saúde Pública, v. 31, p. 1497-1504, 2015.
MEDEIROS, Cristiane Reis Soares; CAVALCANTE, Pedro. A implementação do programa de saúde específico para a população em situação de rua-Consultório na rua: barreiras e facilitadores. Saúde e Sociedade, v. 27, p. 754-768, 2018.
PACHECO, Maria Eniana Araújo Gomes. Políticas Públicas e capital social: o projeto Consultório de Rua. Fractal: Revista de Psicologia, v. 26, p. 43-58, 2014.
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PIMENTA, Melissa de Mattos. Pessoas em situação de rua em Porto Alegre: Processos de estigmatização e invisibilidade social. Civitas-Revista de Ciências Sociais, v. 19, p. 82-104, 2019.
SANTANA, Carmen. Consultórios de rua ou na rua? Reflexões sobre políticas de abordagem à saúde da população de rua. Cadernos de Saúde Pública, v. 30, p. 1798-1799, 2014.
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¹ Estudante do curso de especialização em instrumento cirúrgica – Grupo Madre Tereza
² Pedagoga, Docente do Grupo Madre Tereza

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