Buscar

5 ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

5 ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL 
Para discutir erradicação do trabalho infantil, inicialmente faz-se necessário ressaltar sobre o que é trabalho infantil conforme as Leis brasileiras e as competências e atuação do assistente social no âmbito do trabalho infantil. No Brasil é proibido crianças e adolescentes menores de 16 anos exercer atividades laborais, exceto quando se trata de aprendiz a partir dos 14 anos. Além disso, no Anexo do Decreto nº 6.481 de 12 de junho de 2008 há uma categorização do tipo de trabalho, através do documento foi criada a Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil.
 No decreto são listadas atividades que podem prejudicar a saúde, segurança e moral da criança ou do adolescente. Dentre elas, destacam-se o trabalho infantil doméstico, exploração sexual de crianças e adolescentes, trabalho infantil na agricultura, trabalho infantil informal urbano, trabalho infantil na produção e tráfico de drogas, trabalho infantil no lixo e com o lixo. No Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI) é ressaltado que: 
Todas as formas de trabalho infantil são proibidas para crianças e adolescentes com menos de 16 anos de idade (Art. 7º, inciso XXXIII da Constituição Federal de 1988). A única exceção é a Aprendizagem Profissional, a partir dos 14 anos. O trabalho noturno, perigoso ou insalubre e as atividades que por sua natureza ou condições em que são executadas comprometem o pleno desenvolvimento físico, psicológico, cognitivo, social e moral das crianças e adolescentes são terminantemente proibidas para pessoas com menos de 18 anos de idade (FNPETI, s.d).
O profissional de Assistência Social possui papel fundamental no enfrentamento do trabalho infantil, através de elaboração de atividades sócio-educativas, identificação e investigação de demandas existentes, programas e projetos governamentais, encaminhamentos corretos de tratamento médico, psicológico e através do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). 
O PETI é um Programa do Governo Federal instituído com objetivo de retirar crianças e adolescentes de 7 a 15 anos de idade do trabalho considerado perigoso, penoso, insalubre ou degradante, ou que lhes coloquem em risco a saúde e a segurança. Possibilitando o acesso, a permanência e o bom desempenho de crianças e adolescentes na escola; fomentando e incentivando a ampliação do universo de conhecimentos da criança e do adolescente, por meio de atividades culturais, esportivas, artísticas e de lazer; prestando orientação às famílias através de ações socioeducativas e com a implantação de programas e projetos de geração de trabalho e renda familiar.
Desse modo, deve haver políticas públicas para enfrentar o trabalho infantil, assim, para que o a quantidade de crianças e adolescentes em situação de trabalho diminua, faz-se necessário que a política socioassistencial não trabalhe sozinha, pois as ações precisam ser desenhadas de forma intersetorial, haja vista que é fundamental que áreas como, educação, saúde, cultura, esporte e lazer estejam envolvidos.
Em relação à quantidade de crianças e adolescentes em situação de trabalho, dados recentes da UNICEF afirmam que não houve diminuição, pois pela primeira vez em duas décadas o trabalho infantil aumentou e chega atingir um total de 160 milhões de crianças e adolescentes em todo o mundo. (UNICEF, 2021).
No entanto, crianças continuam a trabalhar, devido à falta de fiscalização e necessidade de uma fonte de renda, para ajudar no sustento da família, onde geralmente recebem baixos salários e quase sempre nenhum benefício, sendo muitas vezes, sujeitas a péssimas condições pondo em risco a sua saúde. Dessa forma, o agrupamento de crianças e adolescentes no trabalho expressa a fragilidade do sistema de proteção social brasileiro e o acirramento das desigualdades sociais.
Em relação à utilização de mão de obra da criança e do/a adolescente, no Conselho Federal de Serviço Social é ressaltado que isso ocorre:    
numa forma de sequestro da infância, em uma imposição da situação de pobreza na qual vivem, em condições precárias e prejudiciais ao seu desenvolvimento, como uma estratégia de sobrevivência. Vítimas da exigência de trabalhar, seja pela necessidade de gerar renda, seja pelo disciplinamento e prevenção à marginalidade, as crianças pobres são levadas e trocar o lazer e a escola elo ingresso precoce no mundo adulto (CEFSS, 2014)
Desse modo, é importante que assistentes sociais façam acompanhamentos visando o compromisso com a ampliação e consolidação da cidadania das crianças e adolescentes. Além disso, faz-se necessário que o profissional possua o comprometimento ético não se permitindo se acomoda e paralisar frente às políticas sociais que ainda estão limitadas. 
Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só executivo. (IAMAMOTO, 2007, p.20).
Diante disso, torna-se imprescindível que o assistente social tenha uma postura crítica com base nos valores que o projeto profissional postula e que valorize a sua capacidade de interferir no modo de viver, pensar e agir dos indivíduos. 
O assistente social pode atuar em diversos espaços, quando se refere exploração infantil e de adolescentes, o profissional assistente social é o responsável pela escuta qualificada com a família, buscando entender o cenário. Assim, o Assistente Social é o profissional que é diretamente ligado na execução das políticas sociais desde o surgimento da profissão na década de 1920 até os dias atuais. 
É importante ressaltar que o trabalho dos assistentes sociais realizado na criação, gestão e avaliação das políticas sociais não são de caráter privativo, conforme é explicito no Art. 4º da lei de regulamentação da profissão:
 Art. 4º Constituem competências do Assistente Social: 
I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares; 
II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil; 
III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população; 
 IV - (Vetado); 
V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos; 
VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais; 
VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais; 
VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo; 
IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade; 
X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de Unidade de Serviço Social; 
XI - realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades (BRASIL,1993).
Assim, o profissional de Serviço Social atua na política social, seja na formulação, execução, monitoramento e avaliação de projetos e programas. Desse modo, o profissional em sua formação possui a capacidade de modo crítico de realizar análises considerando os diversos determinantes sociais fazendo esse profissional ser importante no envolvimento dos programas e projetos que buscam erradicar o trabalho infantil.
A falta de empregoassim como o subemprego, a precariedade do trabalho, a compressão do Estado no seu papel social, depositam para os assistentes sociais as coevas exigências que, “por meio de muitas mediações chegam ao profissional e lhes exige novas competências e qualidade na intervenção profissional” (GUERRA, 2007, p. 3). 
Conforme Lira e Peruzzo (2016), na realidade brasileira a exploração do trabalho à adolescentes continua persistindo devido vários fatores, bem como sociais, econômicos, históricos e culturais. As autoras ressaltam ainda que devido as crises do capitalismo a exploração aumentou, prinicipalmnte no ideário neoliberal, tendo em vista da diminuição dos direitos sociais na proteção social. 
O trabalho infantil é um problema antigo e que continua nos dias atuais, todavia reproduzindo-se e demonstrando-se sob as “novas” maneiras de opressão da força de trabalho, catalogadas às mudanças no universo do trabalho na modernidade. A exploração do serviço infantil não está separada das táticas globais de precariedade das situações de vida dos operários, assim como suas mudanças na conjuntura da analogia capital e trabalho.
A terceirização é um mecanismo que permite ao capital a busca incessante pelo menor custo. […] Sob discurso de que o trabalho flexível gera mais oportunidades para a classe trabalhadora, capital e estado criam mecanismo que enfraquecem a forma contratual de trabalho com carteira assinada e proteção social, substituindo-a por formas aparentemente autônomas, como cooperativa, o trabalho domiciliar, a prestação de serviços, o trabalho parcial, temporário, etc. transferindo custos variáveis e fixos para o trabalhador e ainda, em muitos casos, usurpando direitos sociais” (CFESS; ABEPSS apud TAVARES, 2004, p. 252).
Esse fato nos sinaliza que se alteram e se intensificam os modos de exploração da força de trabalho, através da proliferação de inclusões ocupacionais abalizadas da analogia salarial regimentada, não dirigida pelas garantias necessitadas do contrato formal e ainda com amparos efetivos.
Generaliza-se no Brasil, e em vastos setores da classe trabalhadora em âmbito mundial, a superexploração, que manifesta uma forma mais intensa e extensiva de exploração, nesse caso, uma forma de exploração da força de trabalho que não respeita seu valor de sua reprodução. Ao não respeitar o valor da força de trabalho, que é determinado pelos meios necessários à subsistência, se modifica a lógica de satisfação das necessidades dos trabalhadores, uma vez que o valor da força de trabalho deveria corresponder um valor específico a determinadas necessidades básicas suficientes para reproduzirem-se a si e a sua família, conforme valores materiais sancionados e simbólicos adquiridos (PAIVA, 2011, p. 20).
Marx, em sua produção “O Capital”, assegura que conforme a égide da constituição social capitalista, as analogias que se constituem são entre “coisas” e que a ação de produtividade passa a conter os sujeitos. A ação de acúmulo do capital incide, assim, na utilização ampliada dos elementos de produção e também da força de trabalho, instrumentos implantados na produtividade de mercadorias.
Na sociabilidade capitalista a extorsão do tempo de trabalho, na sua forma assalariada como mercadoria, consome o tempo de vida pessoal e familiar, inclusive o tempo de ser criança, ocorrendo a destruição de espaços valiosos de sociabilidade humana e social. Aprendemos que o tempo é o campo de desenvolvimento humano. Por isso, a tarefa de libertá-lo da medida do dinheiro é a nossa luta do presente (PAIVA, 2011, p.24).
Adotar uma atuação profissional de forma crítica implica, especialmente, por meio da ação teórica, abranger a realidade, excedendo as peculiaridades que se exibem no cotidiano do fazer profissional, mediante as mediações indispensáveis as quais possibilitam compreender as ações em que acontecem os fenômenos. 
É preciso, assim, que o assistente social tenha amplo saber das novas maneiras de produtividade e das expressões da questão social as quais são os objetos do seu serviço, além de ainda ter uma conduta crítica fundamentada nos valores que o projeto profissional depreca e que valorize a sua habilidade de interferir na forma de viver, refletir e agir dos sujeitos/coletivos excitando a contestação e assim como também a resistência.
5.1 Medidas protetivas e enfrentamento ao trabalho infantil
A força de trabalho infantil transcorre a sociedade nos variados modos de produtividade, entretanto as leis do país restritivas a este tipo de ação só ganha destaque com a inserção da criança nas indústrias, no começo da produção capitalista, na qual a sua mão de obra fica mais evidente e arduamente explorada. No país há indicativos de legislação na época escravocrata com a divulgação da Lei do ventre Livre e depois de a abolição da escravatura na década de 1888. (MARINGONI, 2011).
Com o desenvolvimento social capitalista houve o imperativo da promulgação do Decreto Federal nº. 1.313, onde não era admitido que pessoas menores de 12 anos de idade trabalhassem. Assim, com a ineficácia dessa lei, na década de 1927, foi anunciado o elementar Código de Menores que acondicionava somente os menores em condição irregular, legitimando questões enquanto trabalho infantil, “proibindo o trabalho de crianças de até 12 anos e o trabalho noturno aos menores de 18” (BRASIL, 1927, p. 1). Assim sendo, o código age com medidas protetivas e ainda com um domínio do Estado sobre os familiares pobre. 
Em seguida na década 1942, foi implantado o Serviço de Assistência ao Menor (SAM), que incidia em um setor do Ministério da Justiça que agia enquanto um aparelho penitenciário para as pessoas menores de idade e tinha como enfoco os menores desprovidos e transgressores com medidas corretivas. 
No decorrer da ditadura militar no país, foi sancionada a Constituição Federal da década de 1967 e duas leis sobre a criança e o adolescente, ou seja, foram criadas a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor – Funabem – (Lei 4.513/64) e ainda o novo Código de Menores de 1979 (Lei 6.697/79).
Contudo, a partir da Constituição Federal (CF), promulgada em 1988, conhecida como Constituição Cidadã, proporciona a Doutrina Jurídica da Proteção Integral a infância, e pela primeira vez no Brasil, uma constituição atribui a família, à sociedade e ao Estado o dever de assegurar direitos as crianças. Logo crianças e adolescentes são sujeitos de direitos, sendo estes fundamentais para o desenvolvimento físico, psíquico e social dessa classe, previsto no artigo 227, que dispõe:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de coloca-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 1988, n.p.).
A CF de 1988 trouxe a base de “proteção integral” aconselhada pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Convenção Internacional dos Direitos da Criança e do Adolescente na década de 1989. Conforme essa perspectiva, todas as crianças assim também os adolescentes necessitam ser amparados de modo especial pelos familiares, pela sociedade e também pelo Estado, a fim de que tenham os seus direitos assegurados. Depois, na década de 1990, foi sancionada a Lei de nº 8.069, de 13 de julho de 1990 estabelecendo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 
Com a criação do ECA, as crianças e adolescentes passaram a ter mais garantias de direitos, bem como as relações de cuidado e ainda medidas protetivas, prefigurando crianças com faixa etária de até 12 anos incompletos, e também aos 18 anos adolescentes. Assim, com a emenda de nº 20 aprovou a idade de 16 anos para o exercício de trabalho, e aos 14 na situação de aprendiz. 
Conquanto, faz-se necessário destacar que no plano internacional, as duas principais normas existentes a respeito do trabalho de crianças, sãoa convenção n. 138 sobre a idade mínima para admissão ao emprego e a 182 relacionada às piores formas do trabalho infantil, de 1973 e 1999 respectivamente, ambas da Organização Internacional do trabalho (OIT). Posteriormente em 1992, a OIT e seus parceiros locais avaliaram e executaram projetos, implantando no Brasil o Programa Internacional para Eliminação de Trabalho Infantil (IPEC). Entre os programas e políticas criadas para a erradicação do trabalho infantil cabe salientar o PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), implantado em 1996 com o objetivo de “retirar crianças e adolescentes de 7 a 15 anos de idade do trabalho considerado perigoso, penoso, insalubre ou degradante” (Manual Operacional do PETI, 2002). De início na área rural e conseguinte para a área urbana. (TESTA et. al, 2013, n. p.)
Nessa conjuntura, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), decretou por meio da Portaria de nº 365, no dia 12 do mês de setembro da década de 2002, a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil (CONAETI) com a finalidade prioritária de viabilizar a constituição do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil. Esse projeto delibera trabalho infantil como:
Às atividades econômicas e/ou atividades de sobrevivência, com ou sem finalidade de lucro, remuneradas ou não, realizadas por crianças ou adolescentes em idade inferior a 16 (dezesseis) anos, ressalvada a condição de aprendiz a parti r dos 14 (quatorze) anos, independentemente da sua condição ocupacional. Para efeitos de proteção ao adolescente trabalhador será considerado todo trabalho desempenhado por pessoa com idade entre 16 e 18 anos e, na condição de aprendiz, de 14 a 18 anos, conforme definido pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998. (BRASIL, 2011, p. 07).
 
A Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) determina que cada nação participe do acordo necessita organizar a descrição dos serviços que por seu caráter ou pelas situações em que são desenvolvidos, são suscetíveis de danificar a saúde, a segurança ou mesmo a moral do público infantil e, assim necessitam ser proibidos. 
Desse modo, a gestão do país confirmou o Decreto nº 6.481, de 12 de junho de 2008, que delibera a Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP), antes dita pela Portaria 20/2001 da Secretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego (MET). 
Como continuação ao acordo nacional, algumas atividades foram desenvolvidas, dentre elas, a constituição da Agenda Nacional de Emprego e Trabalho Decente na década de 2006 e ainda o Plano Nacional de Emprego e Trabalho Decente na década 2010, esse projeto estabelece a erradicação do trabalho escravo assim como a eliminação do trabalho infantil, especialmente em suas piores maneiras e para isso agencia a conversa social entre as três partes:
Promover a articulação e seguimento do conjunto de programas e ações do governo federal relacionados ao trabalho, ao emprego e à proteção social, conforme definido na ANTD, e aprofundar ao mesmo tempo a cooperação com os demais países, em especial na relação Sul-Sul. O diálogo social e a prática do tripartismo, tanto em nível nacional como internacional, deverão ser fortalecidos tendo em vista esta perspectiva. O enfrentamento e superação da crise estrutural do emprego exigirão uma coordenação dos esforços de todos os países e, dentro destes, dos seus respectivos governos e organizações de trabalhadores e de empregadores (BRASIL, 2011, p. 43).
Uns dos efeitos acreditados por este projeto é a erradicação decisiva do trabalho escravo e também o trabalho infantil, por meio de inspeções, metas, atividades e estratégias até a década de 2015, extinguindo o trabalho infantil em suas piores maneiras e na década de 2020 desenraizar toda ação que se conforma enquanto trabalho infantil. 
Além de bombardear o trabalho infantil esse projeto tem a intenção de diminuir e combater a pobreza no Brasil de forma a permitir melhores circunstancias de vida e de trabalho aos empregados, esse acordo é revigorado entre os agentes tripartites (governo, administradores e funcionários). 
No Brasil, só podem trabalhar as pessoas com mais 16 anos de idade. Porém, existem tipos de trabalho que não podem ser feitos por pessoas menores de 18 anos. Esses trabalhos estão definidos na lista das piores formas de trabalho infantil, conforme Decreto nº 6.481/2008 (Lista TIP). (BAHIA, 2016, p. 11).
Diante da vivência de tantos decretos e elementos para eliminar as questões sociais mencionadas, abrangendo o trabalho infantil, cabe destacar que, como a pauperização da camada trabalhadora é arquitetada a partir das analogias sociais colocadas entre os sujeitos, sendo desse modo grande parcela da riqueza elaborada nos distintos modos de produtividade é sobrevinda de sujeitos em formação, contudo expropriada, atida das mãos da classe capitalista que as produzem. Assim, a situação para o trabalho infantil é aspecto social e não natural, assim como a cultura de pobreza condicional ao serviço infantil.
Reduzir significativamente a ocorrência do trabalho infantil (abaixo de 14 anos); de 5 a 9 ano s: eliminada a ocorrência; De 10 a 13 anos: ocorrência reduzida a menos de 3%; Reduzir significativamente a ocorrência do trabalho infantil nas atividades agrícolas (abaixo de 14 anos); De 5 a 9 anos: eliminada a ocorrência; • De 10 a 13 anos: ocorrência reduzida a menos de 2/3 do número absoluto atual; Reduzida a influência dos fatores gênero e raça na ocorrência do trabalho infantil, entre outros. (BRASIL, 2011, p. 24- 26).
 
Diante do discutido, e levando em consideração toda a medida protetiva no atual contexto brasileiro, faz-se cogente um análogo entre o aparato jurídico legitimo que resguarda as crianças e também adolescentes com a realidade, onde se exibem as informações, haja vista que a medida que se amplia a comunidade capitalista às medidas protetivas versus o trabalho humilhante de crianças, adolescentes e também pessoas adultas se desenvolvem na mesma medida. 
No ano de 2011, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) foi estabelecido pela Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), enquanto um programa de cunho intersetorial, complementar da Política Nacional de Assistência Social, que abrange: transferências de renda, assim como trabalho social com familiares e oferta de trabalhos socioeducativos direcionados às crianças e adolescentes que se estão em condição de trabalho. 
A partir da década de 2013, foi dado início ao debate acerca do Redesenho do PETI, levando em consideração os progressos da organização do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e da ação de cautela e erradicação do trabalho infantil, além de ainda da nova conformação do trabalho infantil no país, revelada pelo Censo do ano de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (MACIEL, et. al., 2019).
O PETI foi gerido no Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em parceria com diversos setores dos governos estaduais, municipais e da sociedade civil. Em 2005, foi integrado ao Bolsa Família para que dessa forma o programa pudesse chegar a todas as crianças que trabalham, e tudo isso trouxe mudanças significativas para o aprimoramento da gestão da transferência de renda. O programa funciona da seguinte forma: os Estados, por intermédio de seus órgãos gestores de Assistência Social, realizam levantamento dos casos de trabalho infantil que ocorrem em seus municípios. Esse levantamento é apresentado às comissões Estaduais de Erradicação do Trabalho Infantil para validação e estabelecimento de critérios de propriedade para atendimento as situações de trabalho infantil identificadas, como, por exemplo, o atendimento preferencial dos municípios em pior situação econômica ou das atividades mais prejudiciais à saúde e segurança da criança e do adolescente. (MACIEL, et. al., 2019, n. p.)
 
Assim, observa-se que não é a falta de equipamento estatal que impeça a força de trabalho infantil, uma vez que na sociedade em vigor temmodernos aparelhos que objetivam combater o mão-de-obra infantil, dando destaque nas suas mais graves maneiras, mas sim as analogias sociais que criam situações de utilização do trabalho infantil desde a branda idade. 
Portanto, entende-se que acabar com a força de trabalho infantil está ligado a maneira de sociabilidade, nas maneiras de organização social, e em vista disto a situação de silêncio e persistência desta ação está estacionado as modernas leis com o intuito de responder as exigências da sociedade, porém não é o seu sentido efetivo, haja vista que a qualidade de força de trabalho infantil está no centro da comunidade capitalista.
UNICEF. Trabalho infantil aumenta pela primeira vez em duas décadas e atinge um total de 160 milhões de crianças e adolescentes no mundo. 2021. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/trabalho-infantil-aumenta-pela-primeira-vez-em-duas-decadas-e-atinge-um-total-de-160-milhoes-de-criancas-e-adolescentes-no-mundo. Acesso em: 2 jan. 2022.
Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do trabalho Infantil (FNPETI). Formas e Consequências do Trabalho Infantil. (s.d). Disponível em: <https://fnpeti.org.br/formasdetrabalhoinfantil/#>. Acesso em: 3 jan. 2022.
‌LIRA. Terçália Suassuna Vaz. PERUZZO. Juliane Feix (2016). O trabalho infantil doméstico nas economias periféricas dependentes. Disponivel em: < http://www..ufes.br/argumentum/article/view/13381 > Acesso em: 3 jan. 2022.
PORTABILIS. O papel da Assistência Social no enfrentamento do trabalho infantil. Disponível em: <https://blog.portabilis.com.br/o-papel-da-assistencia-social-no-enfrentamento-do-trabalho-infantil/>. Acesso em: 5 jan. 2022.
‌BRASIL, Lei nº 8.662. Dispõe sobre a profissão de Assistência Social e dá outras providencias. Brasília, 7 de Junho de 1993
IAMAMOTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 13ª ed. São Paulo: Cortez, 2007. 
CFESS. Manifesto Comunista. Brasília: 2009. Disponível: <http://www.cfess.org.br/arquivos/pnf.pdf>. Acesso em: 3 jan. 2022.

Continue navegando