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MOVIMENTOS SOCIAIS - CAMPESINATO, CAPITALISMO E REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL

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19/11/2021 21:43 Estudo Relevante
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Pedagogia
2021.2
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FILOSOFIA/ SOCIOLOGIA
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 MOVIMENTOS SOCIAIS - CAMPESINATO, CAPITALISMO E REFORMA
AGRÁRIA NO BRASIL
Básico // Sociologia 0:24
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Campesinato são grupos sociais de base familiar que, com graus
diversos de autonomia, dedicam-se a atividades agrícolas.
Hélio F. L. N. Gama
O campesinato, como classe social, tem desempenhado ao longo da
História um papel de vital signi�cância pela sua função econômico-
produtiva, pelo seu peso social e por suas potencialidades como
sujeito político.
Alvo de “táticas” e “estratégias” por parte de sujeitos sociais que lhe
são exteriores, sua inserção social varia conforme a formação social
considerada e, no seu interior apresenta uma ampla gama de
relações sociais.
A compreensão da questão agrária no Brasil torna necessária uma
análise do papel social e político do campesinato brasileiro que
estabeleça uma ruptura com a concepção do “feudalismo no Brasil”.
Assim, adotaremos uma corrente sociológica contemporânea, que
vê o camponês não como um resquício de um modo de produção
feudal, mas como um trabalhador para o capital, dado o grau e a
natureza de sua inserção ao sistema capitalista.
Essa nova concepção implica um redimensionamento do
campesinato como ator político e um novo sentido na luta pela
terra, em torno da bandeira da reforma agrária.
MATRIZES TEÓRICAS
Karl Marx, em O Capital, desvendando "a assim chamada
acumulação primitiva" do capital como o processo de dissociação do
trabalhador dos meios de produção, mediante a expropriação das
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terras ocupadas pelos camponeses, tem como objeto de análise o
processo histórico que precede a Revolução Industrial na Inglaterra
do século XVIII. Sua análise da conjuntura do período é bastante
detalhada, ao mesmo tempo em que aponta certas tendências
gerais do desenvolvimento das relações sociais de produção na fase
de transição do feudalismo ao capitalismo. Em suas palavras, em
�ns do séc. XV e nas primeiras décadas do século XVI.
A transformação de terras de lavoura em pastagens de ovelhas, para
tender à demanda por lã da indústria de Flandres, só foi possível
pela "(...) expulsão violenta do campesinato da base fundiária, sobre
trabalho a qual possuía o mesmo título feudal que ele, e usurpação
de sua terra comunal" (MARX, 1984, p. 264), e a conquista do campo
para a agricultura capitalista incorporou a base fundiária ao modo
capitalista de produção, oferecendo a mão-de-obra livre para a
indústria urbana.
Observe que os camponeses, que até então, possuíam autonomia
econômica viram-se despojados de suas posses, restando-lhes a
alternativa de se empregarem nas indústrias nascentes.
Entretanto, os que foram expropriados de suas terras não eram
absorvidos pela manufatura nascente com a mesma rapidez, indo
formar um exército industrial de reserva de mão-de-obra nas
cidades, o que contribuiu para o achatamento salarial e o
prolongamento das mais duras condições de trabalho. Essa seria a
raiz da acumulação primitiva do capital: a intensi�cação da mais
valia absoluta, ou seja, da exploração da força de trabalho.
Partindo, portanto, de uma situação histórica bem delimitada no
tempo e no espaço, Marx formula leis gerais sobre trabalho a
"tendência histórica da acumulação capitalista". Analisando a
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pequena produção artesanal e camponesa como situações
intermediárias entre o feudalismo e o capitalismo propriamente
ditos, a�rma que o modo de produção feudalista pressupõe o
parcelamento do solo e dos outros meios de produção.
Diz ainda:
A persistência da teoria marxista como tentativa de explicação
cientí�ca da realidade, ao longo dos anos, tem sido observada dado
o grau de generalização da teoria e de seus conceitos, passíveis
assim de serem aplicados nas análises das mais distintas formações
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sociais. No entanto, se transpostos mecanicamente, sem a devida
mediação com o meio histórico-social em questão, esses conceitos
resultam em �agrantes fracassos.
Essa tendência histórica de acumulação do capital, delineada por
Marx, de uma contínua e progressiva separação do trabalhador dos
meios de produção e a sua consequente proletarização, dá origem a
diversas interpretações.
Dada a constatação de que a pequena produção camponesa no
Brasil ocupa uma considerável força de trabalho e uma função
econômico-produtiva signi�cativa, esse campesinato constituiria um
modo de produção feudal – ou vestígios dele – subordinado e
articulado ao modo capitalista de produção e em processo de
extinção, conforme defendem Alberto Passos Guimarães, em Quatro
Séculos de Latifúndio e Paul Singer em Agricultura e
Desenvolvimento Econômico, dentre outros.
Em oposição, trabalharemos com a perspectiva de José Graziano da
Silva, em A Modernização Dolorosa e Maria Rita Garcia Louzeiro, em
Parceria e Capitalismo, que compreendem a pequena produção
rural no Brasil como nem feudalista nem tipicamente capitalista,
mas sim como criada e recriada pelo capital e extremamente
funcional a este; a proletarização do homem no campo, portanto,
não seria uma tendência inexorável nem o único modo de se extrair
o sobre trabalho-trabalho para o sistema capitalista em seu
conjunto.
REDIMENSIONANDO O DEBATE: O “NOVO” CAMPONÊS
José Graziano da Silva, em Estrutura Agrária e Produção de
Subsistência na Agricultura Brasileira, analisando as transformações
capitalistas na agricultura brasileira, a partir da década de setenta do
século XX, aponta uma relativa “debilidade” no caráter dessas
transformações. Ou seja, o capital não tinha conseguido realizar a
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expropriação completa do trabalhador rural, nem revolucionar o
processo de produção propriamente dito, de maneira ampla; pelo
contrário, o campo brasileiro era o re�exo de avanços e recuos de
uma lenta e “dolorosa modernização” em alguns setores especí�cos,
sustentada “arti�cialmente” por subsídios estatais. Essa “debilidade”
seria uma forma especí�ca de dominação da agricultura pelo capital
comercial e usuário.
Em documento posterior, Graziano observa que, no campo, em
apenas uma minoria de casos – grandes empresas agrícolas à base
de trabalho assalariado e técnica avançada – a extração do trabalho
excedente se revela como extração de mais-valia no nível do
processo produtivo.
Na grande maioria dos casos, no entanto, o que se observa ainda
hoje é a presença de pequenas unidades familiares, mas quais os
produtores se organizam com base no  trabalho familiar  e com a
ajuda de trabalhadores, contratados apenas temporariamente, em
épocas determinadas do ciclo produtivo, e comum nível muito baixo
de conhecimento técnico. Para Silva (1980), esse tipo de participação
no mercado – tanto na venda de produtos como na compra de
insumos – é bastante elevado. É justamente nessa vinculação
crescente ao mercado que se materializam as formas concretas de
extração do excedente ou sobre trabalho-trabalho desses
camponeses de base familiar. O que signi�ca que os camponeses
são trabalhadores para o capital, isto é, para o grande empresário-
latifundiário, para os bancos que lhe hipotecam a terra em troca do
�nanciamento da produção, para as multinacionais que fabricam
tratores e adubos, para as fábricas (de conservas, de alimentos
enlatados, de bebidas naturais etc.) que lhe compram a produção
etc.
Essas modi�cações ocorridas na agricultura visam tornar o
camponês mais dependente do mercado. Como a�rma Juarez R. B.
Lopes, a unidade camponesa nas regiões do Centro-Sul passou a
especializar-se em determinados tipos de produto, por imposição
dos grandes grupos econômicos (comerciantes ou industriais) e, em
função disso, tornaram-se mais técnicas. Em suas palavras, não
parece haver dúvidas existirem mecanismos, ligando as pequenas
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unidades agrárias familiares e o grande capital comercial e industrial
(e ainda as cooperativas), os quais canalizam para o capital os
excedentes produzidos no setor familiar.
Obtém-se tal resultado num contexto em que as relações mercantis
penetram completamente o setor familiar e no qual a força de
trabalho desse setor, embora não remunerada, tenha que ter o seu
rendimento referenciado que no mercado de trabalho. Decorre daí a
uni�cação do mercado de trabalho urbano e rural que o
desenvolvimento capitalista no campo criou na sua forma especí�ca
de empresa agrária capitalista. Segundo Lopes (1980),
a tecni�zação do setor familiar, portanto, menos que um resultado
da formação de poupança, é uma imposição decorrente das
vinculações das unidades familiares ao capital industrial e comercial.
Como observa José Vicente Tavares dos Santos (1978), em Colonos
do Vinho, a reprodução da força de trabalho familiar é coberta em
sua maior parte pela produção direta dos meios de vida, não sendo
necessários gastos monetários com a subsistência da família
camponesa. Assim, o camponês absorve, por meio da produção
direta dos meios de vida e da utilização extensa da força de trabalho
familiar, os rendimentos negativos da sua produção mercantil. Pois,
se a família camponesa não apresenta um rendimento monetário
para cobrir sequer a sua força de trabalho, signi�ca que está
havendo uma transferência de lucro para o conjunto de sistema
produtivo e uma contribuição à acumulação capitalista.
Na verdade, o desenvolvimento capitalista provoca a ampliação das
contradições sociais, na medida em que reproduz o personagem
não especi�camente capitalista do camponês. Assim como a�rma
Maria Rita Garcia Loureiro (1977), em Parceria e Capitalismo, a
reprodução de relações de produção não capitalistas na agricultura
poderia ser explicada pela necessidade de superar a baixa
rentabilidade do empreendimento agrícola em relação ao
empreendimento industrial, devido ao processo de transferência de
rendimentos por meio da deterioração dos preços dos produtos
agrícolas diante dos produtos industriais.
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Ademais, o desenvolvimento do capitalismo no Brasil, em sua
di�culdade de gerar, além da renda da terra, o lucro para certos
produtos agrícolas (especialmente os gêneros alimentícios de
primeira necessidade) tem que recriar no campo o pequeno
estabelecimento camponês, portanto relações de produção que,
embora apareçam na base da economia capitalista, não são
capitalistas.
O novo camponês, portanto, deixa de ser um mero personagem,
para ser um sujeito social que ganha novas determinações gerando
novas ambiguidades e contradições, o que lhe confere novos papéis
políticos.
 O NOVO SENTIDO DA REFORMA AGRÁRIA
Esta nova concepção implica um redimensionamento do
campesinato enquanto sujeito político. A luta pela terra deixa de ser
mera reivindicação de acesso à propriedade e parcelamento do solo
para exigir uma reordenação geral do sistema e das estruturas do
poder, em aliança com os trabalhadores urbanos, em torno da
bandeira da reforma agrária.
Nas palavras de Graziano da Silva, (1980. p. 67)
(...) também a antiga bandeira de luta — a reforma agrária - ganha
uma nova dimensão. Deixa de ser uma simples reivindicação de
acesso à terra, para ser fundamentalmente uma luta por novo
sistema de organização social e econômica da produção agrícola. O
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inimigo já não é apenas o latifúndio, mas também o grande
monopolista e seus aliados, de modo geral. A reforma agrária passa
a ser vista não como uma reforma para o fortalecimento do sistema
capitalista, mas como o primeiro passo que pode levar a sua própria
superação. 
Para enfrentar o quadro de exploração, miséria e dependência dos
trabalhadores rurais em relação à grande propriedade capitalista,
logo após a sua fundação, a Central Única dos Trabalhadores
formulou o seu projeto alternativo para a questão do campo no
Brasil. A�rma, em seu jornal, os princípios gerais de reforma agrária
que pretende:
A reforma agrária é um conjunto de medidas voltadas para a
modi�cação radical das relações de produção no campo, que
envolveria não só a distribuição de terras. Teria, além disso, que
eliminar as reformas de exploração do trabalhador do campo. Isto
signi�ca concretamente, modi�car as relações de trabalho e o direito
à propriedade, de modo a que só tenha o direito à terra, aquele que
puder trabalhá-la, viver nela, necessitar para a sua sobre
trabalhovivência (...) A reforma agrária, portanto, não, é
fundamentalmente uma questão técnica, mas uma questão política.
Isto porque, alterar estas relações no campo, exige-se que se tenha
um poder político capaz de realizá-las... A reforma agrária dos
trabalhadores, só poderá ter seu conteúdo realizado plenamente,
com a transformação da sociedade, quando os trabalhadores
assumirem o Poder. Jornal da CUT (dez/1984).
Mesmo respeitando essa concepção, fazemos nossa a ressalva de
Eric R. Wolf (1976), em Sociedades Camponesas, quando a�rma que
a reforma agrária e os esquemas voltados à melhoria da parcela do
agricultor na terra com frequência  surtiram efeito contrário ao
desejado pelos revolucionários. Para o autor, a reforma agrária não
é a solução para todos os problemas. Ela deve ocorrer em paralelo a
projetos de industrialização e outras medidas de retirada de pessoas
da terra.
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A reforma agrária pretendida deve vir acompanhada de alterações
em toda a sociedade, sendo uma questão técnica e eminentemente
política. Não é uma palavra de ordem vazia, antes sintetiza as
aspirações dos trabalhadores da cidade e do campo, rumo à efetiva
democratização da formação social brasileira.
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