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Princípio da Autonomia da Vontade No ordenamento jurídico brasileiro não existe autonomia absoluta da vontade quanto ao destino do patrimônio do indivíduo, ele só poderá dispor de cinquenta por cento do que é próprio por testamento, em favor de herdeiros de livre nomeação. Entre as vontade de uma pessoa que devem ser respeitadas e seus interesses em vida. Acredita- se que todos devem ter o direito de deixar ou não sua herança a, para quem julgar achar melhor. No entanto, essa possibilidade não é garantida dentro do direito brasileiro, ou seja, o dono de determinado patrimônio não tem a liberdade de expressar-se livremente do destino de sua herança, posto que, no ordenamento pátrio há diretrizes e restrições a respeito de a pessoa querer expressar tal vontade. Na Roma Antiga não se admitia alguém morrer sem ter deixado testamento, pois significava morrer sem tradição. A lei não dá direito ao testador de dizer o que deseja fazer com seus bens, pois metade já está destinada aos herdeiros necessários. A liberdade na autonomia da vontade sobre a herança tem levado a necessidade de repensar a legítima para maior liberdade do testador. O princípio da autonomia da vontade sofre, portanto, restrições, trazidas pelo dirigismo contratual, que é a intervenção estatal na economia do negócio jurídico contratual, por entender- se que se deixasse o contratante estipular livremente o contrato, ajustando qualquer cláusula sem que o magistrado pudesse interferir, mesmo quando uma das partes ficasse em completa ruína, a ordem jurídica não estaria assegurando a igualdade econômica (SILVA, 2015). A lei impõe restrições à liberdade de testar e doar, para resguardar o direito dos herdeiros necessários. Essa autonomia para testar não é plena, caso o de o testador possuir herdeiros necessários, Art 1.846 do código civil, "Pertencem aos herdeiros necessários pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima." A limitação na liberdade de testar em razão da legítima é um hábito jurídico muito forte, existente em quase todos os países, em especial naqueles de tradição romano-germânica, em uma sociedade que tanto avançou em aspectos culturais e sociais ainda subsistem os fundamentos da legítima. É inegável que restrição à liberdade de testar e doar pelo instituto da legítima parte de uma presunção genérica e intervencionista do Estado. Uma pessoa com herdeiros necessários, não pode doar ou destinar em testamento mais de cinquenta por cento dos seus bens a uma causa social ou a outra pessoa, a quem julgue ser merecedora da sua fortuna. Os dados estatísticos mostra sobre isso , exatamente as pessoas que não constituíram família, e que não possuem herdeiros vivos, são as que mais fazem testamento para legar sua herança. A sociedade brasileira continua sendo aplicado o mesmo fundamento do direito romano para a sucessão dos herdeiros necessários, o que viola da vontade do falecido.Não faz sentido a reserva de metade do patrimônio do testador, por força de lei se esta não é a vontade daquele do morto. Essa norma da legítima deve ser repensada. Nesse contexto, traz-se o que diz o doutrinador Tartuce (2014. p. 35): A liberdade de testar desenvolve a iniciativa individual, porque quando o sujeito sabe que não pode contar com a herança, procura desempenhar atividades para lhe dar o devido sustento. De outra forma, haveria um efeito no inconsciente coletivo pela necessidade do trabalho e da labuta diária. O testamento é a forma mais eficaz de tornar efetiva a vontade do de cujus. Mas é delimitada pela legítima. www.conteudojuridico.com.br www.direitonet.com.br TARTUCE, Flávio. Direito Civil. Direito das Sucessões. v.6. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense. São Paulo: Método, 2014, p. 35. SILVA, Caroline de Oliveira. Sucessão testamentária: análise à luz do Código Civil de 2015. NETO, João Hora. O princípio da função social do contrato no Código Civil de 2002. Revista de Direito Privado, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, v. n° 14, 2013.
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