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Abordagem clínica de feridas cutâneas em equinos

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Pré-impressão e Impressão
Sociedade Portuguesa de Ciências Veterinárias 
NIPC - 501 334 327
João Viegas Paula Nogueira
José Pimentel de Carvalho
Yolanda Vaz
José Alexandre Leitão
Cristina Lobo Vilela
José Robalo Silva
José Pedro Lemos
José Oom Vale Henriques
Luís Anjos Ferreira
Telmo Pina Nunes
FMV Pólo Universitário do Alto da Ajuda 
Av. da Universidade Técnica
1300-477 Lisboa
Tel: +351 213580222, Fax: +351 213580221
Email: spcvet@spcvet.pt
Internet: http://www.fmv.utl.pt/spcv/
Sociedade Portuguesa de Ciências Veterinárias
Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa
Maria José Beldock
Direcção Geral de Veterinária
Lisboa • Ano 108º • Vol. CIV • Nº 569-572 • pp 1 - 90 • Jan - Dez 2009
Publicação Semestral
Tiragem 1000 exemplares
Preço 25,00 Euro
A Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias foi fundada em 1902
É permitida a reprodução do conteúdo desta revista
The reproduction of the contents of this publication is permitted
Desejamos estabelecer permutas com outras publicações
We wish to establish exchange with other publications
Os trabalhos submetidos para publicação são analisados por especialistas
Papers submitted for publication are peer reviewed
R E V I S T A P O R T U G U E S A
CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
DE
Índice
Artigos de revisão
Nutrigenômica: situação e perspectivas na alimentação animal
Nutrigenomics: state of the art and perspective in animal feeding
Fernanda M. Gonçalves, Marcio N. Corrêa, Marcos A. Anciuti, Fabiane P. Gentilini,
Jerri Teixeira Zanusso, Fernando Rutz
Abordagem clínica de feridas cutâneas em equinos
Clinical approach in equine skin wounds
Júlio C. Paganela, Leandro M. Ribas, Carlos A. Santos, Lorena S. Feijó, Carlos E.W. Nogueira,
Cristina G. Fernandes
Utilização de bloqueio anestésico para exodontia do dente carniceiro em cão
Block anesthesic used to do exodontia of canassial tooth in dog
Víviam N. Pignone
Memórias científicas originais
Transferência embrionária em bovinos leiteiros na Ilha Graciosa (Açores): programa 
experimental de transferência de embriões sexados e congelados da raça Holstein Frísia
Embryo transfer in dairy cattle at Graciosa Island (Azores): an experimental trial of sexed
and frozen-thawed transfer of Holstein Friesian embryos
João Chagas e Silva
Exatidão da ultra-sonografia para diagnóstico de gestação aos 28 dias após inseminação 
e sua contribuição na eficiência reprodutiva em fêmeas Nelore e cruzadas
Accuracy of the ultrasonography for pregnancy diagnosis at 28 days after insemination 
and its contribution in the reproductive efficiency on Nelore and crossbred females
Adriana Gradela, Thiago Danieli, Tiago Carneiro, Denílson Valin Torres,
Cássio Roberto Gradela, Vanessa Sobue Franzo
Estudo do balanço eletrolítico alimentar para suínos machos castrados em acabamento 
mantidos em ambiente de alta temperatura
Study of feed electrolyte balance of finishing castrated male pigs under high environmental 
temperature
Anilce A. Bretas, Rony A. Ferreira, Patrícia C.B. Vale, Humberto P. Couto, Walter E. Pereira
Estudo casuístico de dermatites por reacção de hipersensibilidade em cães e gatos
Case study of dermatitis hypersensitivity reaction in dogs and cats
Sílvia Silva, Sara Peneda, Rita Cruz, Helena Vala
Parâmetros ecocardiográficos de cães cronicamente infectados com Trypanosoma cruzi
(Cepa Colombiana)
Echocardiographic parameters of dogs chronically infected by Trypanosoma cruzi
(Colombian strain)
João P.E. Pascon, Marlos G. Sousa, Aparecido A. Camacho
Caracterização de agressões entre canídeos (83 casos)
Characterization of dog-to-dog aggression (83 cases)
Sofia Mouro, Cristina L. Vilela, Manuela R.E. Niza
5
13
19
25
31
37
45
55
61
Avaliação bacteriológica de anéis de lula, Dorytheutis plei (Blainville, 1823) (Mollusca:
Cephalopoda), congelados e irradiados
Bacteriological evaluation of squid rings, Dorytheutis plei (Blainville, 1823) (Mollusca:
Cephalopoda), frozen and irradiated
Flávia A. A. Calixto, Robson M. Franco, Eliana F. M. Mesquita, Helio C. Vital, Erika Murayama
Comunicações breves
Redução de fenda palatina, secundária a tumor venéreo transmissível, com obturador 
palatino
Reduction of cleft palate, secondary to transmissible venereal tumor, with palatal prosthesis
Liliana M. R. Silva, Fernando J. R. Magalhães, Ana Margarida A. Oliveira, Maria Cristina O. C.
Coelho, Sílvia V. Saldanha
Tronco celíaco-mesentérico em gato
Celiac mesenteric trunk in cat
Magno S. Roza, Fernanda M. Pestana, José M.F. Hernandez, Bárbara X. Silva, Marcelo Abidu-
Figueiredo
Electrocution accident in free-ranging bugio (Alouatta fusca) with subsequent amputation
of the forelimb: case report
Acidente elétrico em bugio de vida livre (Alouatta fusca) com consequente amputação do
membro torácico: relato de caso
Melissa P. Petrucci, Luiz A. E. Pontes, Fábio F. Queiroz, Márcia C. Cruz, Diogo B. Souza,
Leonardo S. Silveira, Ana B. F. Rodrigues
71
77
83
87
Nutrigenômica: situação e perspectivas na alimentação animal
Nutrigenomics: state of the art and perspective in animal feeding
Fernanda M. Gonçalves*, Marcio N. Corrêa, Marcos A. Anciuti,
Fabiane P. Gentilini, Jerri Teixeira Zanusso, Fernando Rutz
Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil
Resumo: O objetivo desta revisão é relatar a situação de 
estudos em nutrigenômica em sistemas de produção animal 
discutindo perspectivas quanto à utilização prática das inter-
ações entre nutrição e genótipo e os benefícios produtivos 
relacionados. A importância da nutrição para a saúde e sua
influência na ocorrência de doenças já é comprovada cientifica-
mente por instituições de pesquisa. A conversão metabólica de
componentes da dieta atua como um mecanismo de controle
para a expressão genética. Desta forma, estudos em nutri-
genômica têm despertado o interesse de cientistas, buscando
entender a maneira como a alimentação regula a expressão de
genes. O conhecimento de que a interação dieta-genoma possa
contribuir para resolução de doenças crônicas ainda é discutido
mundialmente, e o mecanismo de atuação de componentes
dietéticos em nível molecular, ainda não foi evidenciado. Em
sistemas intensivos de produção animal, esta área de estudos
contribuirá para um melhor aproveitamento dos ingredientes
das rações os quais representam um percentual considerável nos
custos de produção. A necessidade em fornecer ingredientes
naturais e biodisponíveis em dietas para animais, motiva a pes-
quisa em nutrição e alimentação animal para o conhecimento de
como determinados nutrientes irão atuar nos sistemas orgânicos
e, conseqüentemente, melhorar o desempenho zootécnico e
padrão sanitário dos efectivos animais. De acordo com o que foi
descrito, o artigo de revisão abordará a aplicação desta ciência
em sistemas de produção animal bem como os estudos já 
desenvolvidos nesta área.
Summary: The aim of this review is to discuss the worldwide
studies in nutrigenomics applied in farm animals systems, 
considering the perspectives about practical applications of
nutrition gene interaction for animal health and the related 
benefits. The value of nutrition for health and its influence in
many diseases is proved by researches laboratories and institu-
tions. The metabolic conversion of chemical elements of diets
also acts like a control mechanism for genetic expression.
Therefore, the interest of nutrigenomics researches appears to
be stronger, were scientific communities searches for answers
about how food can regulated gene expression. The evidences of
diet and genome interaction contribution for the wellness in
chronic diseases conditions still remains in discussion, and the
mechanisms by which nutrients perform molecular changes are
still to be explained. In intensive animal production systems,
this area of knowledge will contributed for a better used of diets
ingredients, which represented a considerablehigh cost in the
activity. The needed to offer natural and available ingredients in
animal diets motivates research in animal nutrition and feeding
into the explanation of the acting mechanism of the nutrients in
organics systems in order to increase the performance and 
sanitary condition of animals. According to that, this review will
address the application of nutrigenomics concepts in animal
production systems and the research development in this field.
Introdução
Em sistemas de produção animal que visam obter
alimentos para consumo humano, a maior parte dos
custos, independente da espécie animal a ser explora-
da, concentra-se nas despesas com a alimentação dos
rebanhos. Estima-se que tal despesa represente de 
70 a 80% do total de recursos despendidos em um 
sistema de produção animal intensivo. A precisão 
na determinação dos ingredientes ideais que irão
favorecer índices zootécnicos de interesse pode ser a
solução para reduzir esse custo com alimentação
(Berchielli et al., 2006).
Um adequado consumo de macro e micronutrientes
que considere a idade, a constituição genética e o
metabolismo de cada indivíduo, permite uma melho-
ria na saúde e na eficiência produtiva a um baixo custo
em relação a outros procedimentos (Ames, 2004).
A importância da interação entre nutrição e saúde é
evidente em um sistema de produção animal, ainda
que fatores ligados a ambiente e manejo também
influenciem o desempenho produtivo do indivíduo e
do rebanho por conseqüência. Nesse contexto, alguns
alimentos poderão apresentar-se como componentes
bioativos na proteção do organismo contra enfermi-
dades que possam acometer os rebanhos (Afman e
Muller, 2006; Ferguson, 2006), sendo que alguns 
elementos como, selênio, vitamina E, ácido ascórbico
e carotenos, por exemplo, já foram identificados como
agentes protetores.
Com o desenvolvimento de métodos bioquímicos e
de técnicas de biologia molecular, a elucidação dos
5
R E V I S T A P O R T U G U E S A
CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
DE
ARTIGO DE REVISÃO
*Correspondência: fmedeiros_fv@ufpel.edu.br
Tel/fax: +55 53 32757274
Gonçalves FM et al. RPCV (2009) 104 (569-572) 5-11
6
mecanismos químicos de ação de constituintes da
dieta, assim como seus efeitos subseqüentes em
mecanismos homeostáticos relacionados à condição
de saúde ou doença, está avançando de forma rápida e
gradual. O mapeamento do genoma humano e ensaios
realizados em modelos biológicos também possibili-
taram a condução de estudos e a identificação de
genes responsáveis por reações específicas ligadas a
mudanças dietéticas em indivíduos susceptíveis a
determinadas enfermidades. Ainda que parte da 
informação sobre os genes que constituem o código
genético, suas respectivas localizações no cromosso-
ma, estrutura e função tenham sido identificadas,
ainda serão necessários estudos sobre a forma
orquestrada em que os genes atuam no metabolismo
(Marti et al., 2005). Essas interações são estudadas
pela genômica da nutrição, ciência conhecida como
nutrigenômica. O termo faz referência ao modo como
certos nutrientes interagem com os genes de um 
sistema orgânico em particular, favorecendo a síntese
de proteínas de forma benéfica ao indivíduo.
Atualmente, muitas publicações na área de nutrição e
saúde humana têm utilizado conceitos de nutri-
genômica para estudar a prevenção e, em menor
potencial, o tratamento de doenças multifatoriais
(Sedová e Seda, 2004; Ferguson, 2006; Trujillo et al.,
2006). Assim, trata-se de uma área da ciência em
expansão e que ainda necessita de muitos estudos para
que ações sejam adotadas a fim de maximizar os
benefícios do melhor entendimento das interações
gene-nutrientes. Ainda são escassos na bibliografia
mundial, estudos ou revisões que procurem informar
técnicos e pesquisadores dedicados as áreas de 
ciências biológicas e agrárias sobre os conceitos e
aplicações da nutrigenômica em sistemas de produção
animal.
O objetivo desta revisão é relatar a atual situação 
de estudos de nutrigenômica bem como discutir 
perspectivas do conhecimento e entendimento das
interações entre nutrição e genótipo para a saúde 
animal e, conseqüentemente, os benefícios produtivos
relacionados.
Nutrigenômica: estado da arte
A combinação de dados através de projetos 
para mapeamento do genoma das espécies, e a
disponibilidade de ferramentas de alta tecnologia para
a investigação da expressão gênica, permitem o
esclarecimento sobre a complexa interação entre
nutrição e genoma a qual afeta diretamente a função
celular. Embora a nutrigenômica seja uma ciência
recentemente descoberta, o conhecimento de que
componentes dos alimentos afetam a expressão de
determinados genes e, por conseqüência, a expressão
fenotípica, já esta claramente evidenciada (Bergmann
et al., 2006).
As informações obtidas a partir de estudos de nutri-
genômica poderão orientar para a elaboração de uma
dieta mais específica considerando a condição de
saúde dos animais e a composição nutricional dos 
alimentos, o que poderá proporcionar melhores
respostas metabólicas e, conseqüentemente, de 
produção. Esta nova ciência permitirá a prevenção de
doenças importantes em humanos como obesidade,
hipertensão e diabetes, bem como otimizar as terapias
para estas enfermidades. Em animais também poderão
ser prevenidas enfermidades prevalentes, em especial
àquelas ligadas a condição nutricional do indivíduo
(Sedová e Seda, 2004), como é o caso da cetose, por
exemplo, uma enfermidade de etiologia metabólica a
qual acomete principalmente rebanhos leiteiros com
condição corporal acima do preconizado no momento
do parto (Ingvartsen, 2006). Desta maneira, poderão
ser prevenidas doenças de origem metabólica em
função de uma correta nutrição dos rebanhos
(Goodacre, 2007), através do mapeamento de genes
relacionados a expressão de determinadas característi-
cas da espécie, sexo, padrão racial, genético e que
potencialmente sejam suprimidos por componentes
funcionais das dietas. Em aves domésticas, já foram
descritas várias diferenças no pareamento de bases
(2,8 milhões) entre linhagens (International Chicken
Polymorphism Map Consortium, 2004), evidenciando
a ampla diversidade genética em uma mesma espécie
e, até mesmo, em um mesmo gênero.
A utilização das ferramentas para a pesquisa em
nutrigenômica permitirá estudar os mecanismo de
nutrientes ou alimentos bioativos sobre a expressão
(transcrição e tradução) e sobre o metabolismo de
genes, especialmente sobre o mecanismo molecular e
requerimento de nutrientes (Jiang et al., 2004; Trujillo
et al., 2006), bem como sobre a forma em que 
alimentos bioativos podem interagir entre si. Neste
contexto a nutrigenômica apresenta algumas premis-
sas básicas (Trujillo et al., 2006):
- a dieta e os componentes dietéticos podem alterar
o risco de desenvolvimento de doenças, modulando os
processos múltiplos envolvidos com o início, a
incidência, a progressão e/ou severidade;
- os componentes do alimento podem agir no 
genoma, direta ou indiretamente, alterando a
expressão dos genes e dos produtos destes;
- a dieta pode potencialmente compensar ou 
acentuar efeitos de polimorfismos genéticos;
- as conseqüências de uma dieta são dependentes do
estado da saúde ou da doença e da genética de cada
indivíduo;
- intervenções na dieta baseadas fundamentalmente
no conhecimento das necessidades nutricionais e no
genótipo, podem ser utilizadas para o desenvolvimen-
to de planos nutricionais individualizados que
otimizem a saúde e previnam ou minimizem os efeitos
das doenças crônicas.
A possibilidade de adequar a alimentação às carac-
Gonçalves FM et al. RPCV (2009) 104 (569-572) 5-11
7
terísticas do código genético de cada indivíduo, a fim
de prevenir o desenvolvimento de certa enfermidade
identificada geneticamente, tem estimulado pesquisa-
dores de todo o mundo a aprofundar conhecimentos
nesse segmento de pesquisa. Em estudos de labo-
ratório, pesquisadores já verificaram que a lunasina
encontrada na soja, influencia 123 genes envolvidos
no surgimento do câncer de próstata auxiliando a
interrupção no crescimentodo tumor. Também foi 
evidenciado que o brócolis estimula a ação de genes
envolvidos na produção de antioxidantes que atuam
mantendo as artérias saudáveis (Moraes e Colla,
2006). Assim como a soja e o brócolis apresentam
efeitos benéficos para saúde humana, atuando como
coadjuvantes na prevenção de doenças, outros 
alimentos poderão igualmente atuar como suportes 
em tratamentos de doenças crônicas em animais de
produção, uma vez que sejam estudadas e evidencia-
das suas propriedades terapêuticas. Alguns alimentos
têm sido estudados a fim de elucidar seus princípios
ativos, entretanto, informações concretas de como
estes componentes nutricionais atuam no processo 
de síntese de aminoácidos e proteínas, em nível de
código genético, e a maneira como serão aplicadas,
ainda não são totalmente esclarecidas.
Na área de clínica veterinária, alguns marcadores
biológicos têm sido utilizados como ferramentas para
diagnóstico definitivo de alguma doença ou, até
mesmo, como medida de profilaxia. Um exemplo, é a
utilização de biomarcadores para a detecção de
exposição à aflatoxinas (Lino et al., 2007), as quais
inibem a síntese proteica e do DNA, promovem stress
oxidativo, induzem a fragmentação do DNA e inter-
rompem o ciclo celular (Lino et al., 2004). Nos estu-
dos em nutrigenômica, utilizam-se técnicas como o
microarranjo para analisar as adaptações metabólicas
que são induzidas pelas variações da nutrição (Bauer
et al., 2004). O microarranjo (gen chip) é uma técnica
experimental da biologia molecular que busca medir
os níveis de expressão de transcritos em larga escala,
isto é, medindo muitos (em alguns casos todos) 
transcritos simultaneamente. O desenvolvimento da
tecnologia de microarranjo permite aos cientistas uma
ferramenta para examinar sítios potenciais de ação de
componentes alimentares e suas interações com vários
processos celulares. Com o uso desta ferramenta,
diversos genes e sua expressão relativa são avaliados
simultaneamente em células normais e doentes, antes
ou depois da exposição a diferentes componentes
dietéticos. Como exemplo de tal evolução, cita-se o
progresso do projeto do genoma suíno e de aves, o
qual apresentou consideráveis avanços quanto ao
entendimento da seqüência de nucleotídeos associada
a genes específicos de suínos permitiu a produção
comercial de microarranjos individuais (gen chip) que
podem ser utilizados para avaliação de 23256 
transcrições correspondentes a 20201 genes do geno-
ma desta espécie (Caetano et al., 2004).
Estas informações podem auxiliar a descoberta de
novos biomarcadores para o diagnóstico de doenças e
a predição de prognóstico, além de novas alternativas
terapêuticas (Trujillo et al., 2006).
O surgimento dos estudos em nutrigenômica e em
nutrigenética, dois campos com diferentes abordagens
para a elucidação da interação entre dieta e genes, 
possui um objetivo final em comum: otimizar a saúde
através de uma dieta personalizada e fornecer
poderosa aproximação para decifrar a complexa
relação entre moléculas nutricionais, polimorfismo
genético e o sistema biológico por inteiro (Mutch et
al., 2005). A nutrigenômica descreve o uso de ferra-
mentas para investigar um sistema biológico em 
particular, de acordo com um estímulo nutricional 
que irá permitir o conhecimento de como nutrientes
influenciam mecanismos metabólicos e de controles
homeostáticos. Por outro lado, a nutrigenética visa
compreender como o tipo genético de um indivíduo
coordena a resposta deste a uma dieta, e isto con-
siderando o polimorfismo genético. O polimorfismo
genético é reconhecido como um fator que pode 
alterar a resposta a componentes da dieta (efeito da
transcrição nutricional) por influenciar a absorção,
metabolismo ou sítio de ação (Kussmann et al., 2006).
A nutrigenômica em sistemas de produção
animal
Os estudos que estão sendo realizados na área da
nutrigenômica são, em maior parte, desenvolvidos em
humanos. Desta maneira, ainda serão necessários
muitos ensaios para determinar e compreender os
benefícios advindos de nutrientes que sabidamente
são responsáveis por contribuir para um desempenho
produtivo satisfatório, mas que ainda não foram 
consolidados em relação a possíveis interações com
determinados genes em diferentes espécies. Neste
contexto inserem-se os minerais, nucleotídeos,
aminoácidos, as vitaminas, dentre outros elementos
orgânicos que podem modificar a transcrição de genes
com o potencial de alterar as respostas biológicas e
metabólicas envolvidas em processos como o cresci-
mento e a diferenciação celular.
Siske et al. (2000) observaram maior peso dos ovos
quando utilizaram zinco e manganês, ambos na forma
orgânica, nas dietas de aves produtoras de ovos. Em
uma primeira análise, não se observa uma correlação
entre a suplementação de tais minerais e o incremento
de solutos e líquidos na composição do ovo. No 
entanto, estes elementos atuam ativamente como 
co-fatores em processos enzimáticos importantes para
o organismo. A enzima anidrase carbônica, por 
exemplo, necessita da presença de zinco para catalisar
a reação que produz ácido carbônico a partir de água
e dióxido de carbono (Slattery et al., 2004), necessária
para a formação da casca. É possível que outras
Gonçalves FM et al. RPCV (2009) 104 (569-572) 5-11
8
reações orgânicas sejam direta ou indiretamente 
influenciadas por diferentes minerais, e que interações
entre estes e o conteúdo genético do indivíduo 
ocorram durante a exposição. A utilização de nutri-
entes com maior biodisponibilidade ao organismo
poderá fornecer as quantidades ideais de um determi-
nado mineral após o estabelecimento da dieta gênica
para uma raça ou linhagem.
Em um experimento com cobaias, observou-se que
ratos alimentados com uma dieta pobre em selênio
demonstraram um aumento na expressão de genes
envolvidos no processo de danificação do DNA, no
estresse oxidativo e no controle do ciclo celular e,
ainda, apresentaram redução na expressão de genes
envolvidos na detoxificação (Sreekumar et al., 2002).
Blanchard et al. (2001) utilizaram arranjos de cDNA
para demonstrar mudanças na expressão gênica intes-
tinal induzida por deficiência de zinco em roedores.
Estes estudos indicam que o perfil de expressão
genética pode ser utilizado para a detecção de doses
subótimas de micronutrientes essenciais utilizados 
nas dietas comerciais para as diversas espécies de
interesse zootécnico.
Os componentes do alimento com potencial bioati-
vo modificarão diversos processos simultaneamente.
Assim, um dos desafios no campo da pesquisa é a
identificação de quais processos, ou a interação entre
processos, serão mais importantes para proporcionar
uma mudança fenotípica (Trujillo et al., 2006). Outro
aspecto relevante a ser observado é a identificação de
quais doenças poderão ser prevenidas ou debeladas
por uma intervenção através da dieta. No estudo da
relação nutrição-gene também deverá ser considerado
o fator ambiental como um agente modulador da
resposta, a qual será única frente às variadas
condições ambientais. A progressão de um fenótipo
saudável para um fenótipo de doença crônica deve
ocorrer por mudanças na expressão de genes ou por
diferenças na atividade de proteínas e enzimas 
(Kaput e Rodriguez, 2004), sendo estas ativadas ou
suprimidas por agentes extrínsecos ao animal.
Um grande número de componentes dietéticos pode
alterar eventos genéticos e, de tal modo, influenciar 
a saúde. Além dos nutrientes essenciais, tais como 
cálcio, zinco, selênio, folato, vitaminas C e E, existe
uma variedade de classes de nutrientes não essenciais
e de componentes bioativos que parecem influenciar
de maneira significativa a saúde. Estes compostos
essenciais e não essenciais do alimento, sabidamente
modificam um número de processos celulares 
associados à prevenção de doenças, incluindo o
metabolismo carcinogênico, o balanço hormonal,
mecanismos de sinalização celular, controle do ciclo
celular, apoptose e angiogênese (Davis e Uthus,
2004). A vitamina E, por exemplo, é um potente
seqüestrador de radicais livres e o mais poderoso
antioxidantelipossolúvel da natureza (Souza et al.,
2006), sendo associada à defesa das membranas extra
e intracelulares contra espécies reativas que danificam
as células, conferindo, conseqüentemente, proteção ao
conteúdo genético destas estruturas. Souza et al.
(2006) relataram efeitos positivos para força de 
cisalhamento (força de corte) em músculos de frangos
de corte suplementados com níveis crescentes de 
vitamina E nas dietas, atribuindo esta maior firmeza 
à função de proteção da vitamina E às injúrias na 
membrana celular durante o processo de congelamen-
to. Contudo, tal resultado pode ser utilizado para uma
investigação mais profunda, associando a composição
estrutural muscular de frangos suplementados com
vitamina mais firme à expressão de genes para a 
síntese de proteínas estruturais da fibra muscular, por
exemplo. Desta forma, uma avaliação genômica da
ação da vitamina E no organismo animal conduziria a
uma determinação mais específica sobre a função
estrutural deste nutriente.
Uma questão sobre o selênio interessante de ser
destacada é que estudos demonstraram que este 
mineral reduz a incidência de câncer no fígado, 
próstata e nos pulmões de humanos (Clark et al.,
1996). Entretanto os indivíduos não respondem da
mesma forma a suplementação com selênio, já que a
variabilidade genética consiste em um dos fatores que
contribuem para o nível e o tipo de resposta. A 
glutationa peroxidase é uma enzima dependente de
selênio que atua no sistema antioxidante da membrana
celular. Um polimorfismo no códon 198 da glutationa
peroxidase em humanos resulta em uma substituição
de leucina por prolina, sendo este mecanismo associa-
do ao aumento do risco de câncer de pulmão (Singh et
al., 2006). Não foram identificadas neste estudo as
causas que influenciaram este polimorfismo, no
entanto, tal alteração pode estar relacionada a quanti-
dade de selênio que é necessária para otimizar a 
atividade da enzima. A eficácia do uso de selênio com
diferentes alelos para a glutationa peroxidase não é
totalmente conhecida (Hu e Diamond, 2003).
A atividade da vitamina D constitui um outro 
exemplo sobre os efeitos mediados pela expressão
genômica de receptores para a mesma. Por sua vez, 
a expressão de genes para estes receptores são 
dependentes dos níveis de cálcio na dieta e do 
consumo de Vitamina D (Slattery et al., 2004). Dada a
importância desta vitamina nos mais diferentes
processos fisiológicos dos animais, informações que
possam maximizar os benefícios de seus efeitos,
implicaram em novas aplicações de conceitos 
nutricionais na formulação de dietas para animais de
produção.
A nutrigenômica em nutrição animal promete ser
uma alternativa de grande utilidade principalmente em
sistemas de produção intensiva, onde a alimentação
contribui, associada a outros fatores inerentes ao
ambiente e métodos de manejo, com uma parcela 
significativa para a melhoria do desempenho zootéc-
nico dos lotes, bem como na rentabilidade econômica
Gonçalves FM et al. RPCV (2009) 104 (569-572) 5-11
9
das unidades. Para este aumento na eficiência 
biológica, a aplicação de novas tecnologias em 
produção animal serão responsáveis por custos de 
produção mais baixos e competitivos. Nos domínios
metabólico, genético, reprodutivo e produtivo, novas
técnicas que não apresentem riscos à saúde pública 
e que sejam eticamente aceitas pelo consumidor, 
permitirão aplicar no próximo século e nos sistemas
de produção intensiva, tecnologias de produção 
que incrementem o setor primário de produção de 
alimentos (Portugal, 2002).
Os princípios de nutrigenômica a serem aplicados
para animais de produção, poderão não ter somente o
objetivo de prevenir doenças relacionadas a alterações
genéticas, mas também correlacionar à utilização de
certo nutriente em uma dieta animal com o aumento
de índices produtivos. As descobertas a serem reali-
zadas na próxima década utilizando ferramentas 
moleculares, tais como os microarranjos, irão revolu-
cionar nosso entendimento básico sobre a fisiologia
dos rebanhos e auxiliarão a definir novos métodos
para o controle nutricional dos animais. Em longo
prazo, provavelmente a transcrição destes perfis será
capaz de fornecer diversas ferramentas elementares
para a avaliação do status nutricional e fisiológico de
um indivíduo, animal ou grupo de animais (Dawson,
2006). As técnicas utilizadas para a elucidação da
genômica nutricional não são diferentes daquelas 
utilizadas nas pesquisas em genética molecular. Uma
rede integrada que simultaneamente examina a 
genética e associa polimorfismo com doenças ligadas
a dietas (nutrigenética), nutrientes induzindo a 
metilação do DNA e a alteração da cromatina 
(epigenômica nutricional), nutrientes que induzem
mudanças na expressão gênica (transcriptômica nutri-
cional) que alteram a formação e/ou bioativação de
proteínas (proteômica) irá permitir um completo
entendimento da inter relação entre dieta e desen-
volvimento de doenças (Davis e Milner, 2004).
Alimentos funcionais
O termo “funcional”, bioativo ou nutracêutico, vem
sendo aplicado como conceito de alimentos que 
proporcionam um benefício fisiológico adicional além
das qualidades nutricionais básicas. Tais alimentos
também são vistos como promotores de saúde, sendo
muitas vezes associados a um tratamento profilático à
instalação ou retardo de alterações pré- estabelecidas
(Moraes e Colla, 2006).
Variações entre os alimentos ingeridos não somente
influenciam o consumo de componentes bioativos
como alteram o metabolismo celular, influenciando os
sítios de ação de ambos nutrientes essenciais e não
essenciais (Milner, 2004).
Segundo Diplock et al. (1999) foi definido consen-
sualmente o conceito europeu de alimento funcional
como “um alimento em que está satisfatoriamente
demonstrado possuir efeito benéfico em uma ou mais
funções fisiológicas alvo, para promover a saúde e
bem-estar e/ou reduzir o risco de doença”. Um 
alimento funcional deve assim configurar-se, e seus
efeitos devem ser demonstrados em doses que possam
ser normalmente esperadas em uma dieta. Embora
associado, este conceito não deve ser confundido 
com o conceito de nutracêutico, o qual se refere a 
um composto químico presente naturalmente nos 
alimentos ou substâncias encontradas naturalmente 
na natureza possíveis de ser ingeridas, como as 
ervas aromáticas, por exemplo, que sabiamente são
benéficas para o organismo humano na prevenção ou
tratamento de uma ou mais doenças, reforçando as
reações fisiológicas.
Embora, a maioria das substâncias de ocorrência
natural benéficas a saúde originem-se de plantas, 
também existem diversos componentes fisiologica-
mente ativos em produtos de origem animal que
devem ser destacados devido a função em potencial na
promoção de saúde como, por exemplo, os ácidos
graxos conjugados encontrados em produtos cárneos,
principalmente (Prates e Mateus, 2002).
As recomendações nutricionais variam conforme 
a espécie, sexo, categoria linhagem ou raça e, 
considerando estas características, diversos manuais
são elaborados baseados em exigências específicas.
Em muitas situações a formulação das dietas não 
permitem a máxima expressão do potencial genético
dos animais de produção, desconsiderando o manejo
nutricional como favorecedor do desempenho. A
maioria das vezes, tal medida é realizada através 
de ensaios que avaliam o desempenho dos animais
submetidos a uma dieta e também por estudos de
digestibilidade que determina, através das excretas do
animal, a porção do alimento ingerido que realmente
foi aproveitada pelo organismo. Estes ensaios, comuns
nos estudos de nutrição animal, necessitam de um
melhor aproveitamento de seus resultados, sendo
necessário o conhecimento do sistema orgânico que
está sendo favorecido por determinado nutriente.
Nesse sentido, estudos de nutrigenômica permitiriam
o entendimento do efeito de alimentos bioativos nas
diversas funções celulares.
Embora os estudos em nutrigenômica tenham 
progredido consideravelmente, a complexidade da
interação entre nutrientes e genes promove questiona-
mentosainda não esclarecidos, impossibililitando a
aplicação dos benefícios relacionados a este novo
conceito nos sistemas de produção animal.
Conclusão
Considerando o que foi relatado nessa revisão,
entende-se que a variação genética individual pode
influenciar a maneira com que nutrientes são assimi-
Gonçalves FM et al. RPCV (2009) 104 (569-572) 5-11
10
lados, metabolizados, armazenados e excretados pelo
organismo.
Certamente o estudo da nutrigenômica permitirá
uma maior compreensão de fatores ambientais e 
comportamentais que influenciam o fenótipo, possi-
bilitando a formulação de dietas que favoreçam a
condição de cada sistema de produção animal em
especial, personalizando estas unidades de produção.
O sucesso em aplicação deste novo conceito em
nutrição possibilitará a maximização dos índices de
produtividade e, conseqüentemente, a rentabilidade da
atividade agropecuária.
Para tal, muitos estudos ainda precisam ser desen-
volvidos a fim de identificar e validar o potencial 
de alimentos ou componentes nutricionais que deter-
minarão características ou condições desejáveis 
no organismo animal ou mesmo minimizar as não
desejáveis.
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Abordagem clínica de feridas cutâneas em equinos
Clinical approach in equine skin wounds
Júlio C. Paganela*, Leandro M. Ribas, Carlos A. Santos, Lorena S. Feijó,
Carlos E.W. Nogueira, Cristina G. Fernandes
Universidade Federal de Pelotas – RS – Brasil
Resumo: Problemas cutâneos são comuns em eqüinos e 
freqüentemente determinam complicações e dificuldades 
diagnósticas. Devido à alta incidência de lesões cutâneas em
eqüinos registrados no HCV no período de 2000 a 2008, e ao
fato de que abordagem de feridas cutâneas em eqüinos está 
ligada à rotina dos profissionais especializados nessa espécie,
acredita-se na importância do estudo desse assunto. Assim
sendo, o artigo tem por objetivo realizar uma revisão do tema
abordandoos aspectos clínicos do processo cicatricial, compli-
cações na cicatrização e as principais formas de tratamento
alopático e fitoterápico, com o objetivo de auxiliar o profis-
sional desde o manejo inicial da ferida até o completo reparo
tecidual.
Palavras-chave: feridas cutâneas, cicatrização, eqüinos
Summary: Skin problems in the horse are a common occur-
rence and can often be complicated and difficult to diagnose.
Due to the high incidence of equine cutaneous injuries, regis-
tered in Veterinarian Clinical Hospital, during the period of
2000 to 2008, and considering that the approach of cutaneous
wounds in equines stand together with the routine of equine
practioneers, its necessary to clarify this issue. In this way, clini-
cal aspects about healing process, proud flesh complications
and the major allopathic or phytotherapic therapy are rewiwed
with the aim to support practitioners conduct from the initial
manipulate of wound until the complete tissue repair.
Keywords: cutaneous wounds, proud flesh, equine
Introdução
Devido ao comportamento ativo e de reações rápi-
das, o cavalo está predisposto a traumatismos (ou
agressões traumáticas ou lesões), principalmente
quando sua função está associada a atividades esporti-
vas ou de tração. Além dos fatores ligados a sua
natureza, as pastagens sujas e instalações inadequadas
podem ser consideradas fatores de risco a ocorrência
de feridas traumáticas. Segundo Neto (2003), os feri-
mentos de pele representam uma das mais freqüentes
ocorrências na clínica de eqüídeos, principalmente os
ferimentos localizados nos membros locomotores.
O Hospital de Clínicas Veterinária (HVC) da
Universidade Federal de Pelotas/RS disponibiliza
atendimento clínico a eqüinos provenientes da região
Sul do Estado do Rio Grande do Sul. Os cavalos da
raça Crioula e os cavalos de tração (carroça) compõem
a maioria dos atendimentos na rotina hospitalar. A 
partir de um estudo retrospectivo dos casos clínicos
registrados no HVC entre os anos 2000 e 2008, pôde-
-se registrar alta incidência (37%) de afecções
cutâneas entre os eqüinos atendidos. Destes, 63%
sofreram lesões que variaram entre lacerações, 
perfurações, incisões e contusões. Os 37% restantes
foram acometidos por neoplasias, dermatites e prolife-
ração de tecido de granulação exuberante. A grande
maioria destas lesões evoluíram para cicatrização,
sendo que as neoplasias e as cicatrizes exuberantes
foram as alterações com maiores complicações e
demora para resolução.
Para alguns autores, a cicatrização da pele é alvo de
estudos pelo interesse clínico, científico e econômico
(Hussini et al., 2004; Ribas et al., 2005). Em geral a
cicatrização de feridas apresenta prognóstico favo-
rável, porém as feridas cutâneas freqüentemente 
não evoluem do modo desejado. Neto (2003) cita o
exemplo de feridas localizadas nas extremidades 
distais, as quais são, em geral, complicadas pela falta
de tecido de revestimento, má circulação, movimento
articular, maior predisposição para contaminação e
conseqüente infecção.
Este artigo de revisão tem por objetivo descrever
aspectos clínicos da cicatrização por segunda intenção
de feridas cutâneas na espécie eqüina, buscando 
contribuir para a definição da abordagem adequada
deste tipo de lesão na rotina clínica eqüina.
Tipos de feridas cutâneas em eqüinos
A classificação das feridas é útil para a seleção do
tratamento apropriado, assim como para a previsão da
recuperação final. As classificações que se baseiam no
13
R E V I S T A P O R T U G U E S A
CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
DE
ARTIGO DE REVISÃO
*Correspondência: j_paganela@hotmail.com
Paganela JC et al. RPCV (2009) 104 (569-572) 13-18
14
grau de contaminação microbiana incluem lesões
limpas, limpas-contaminadas, contaminadas e sujas
ou infectadas. Segundo Romatowski (1989) este sis-
tema de classificação foi desenvolvido para humanos
e classifica o nível de contaminação potencial tanto
em feridas eletivas como traumáticas.
Muitas feridas abertas em cavalos estão contami-
nadas ou sujas no momento inicial do exame devido 
à natureza do animal e seu ambiente. Feridas 
contaminadas são lesões traumáticas com menos de
seis horas de evolução, na qual pêlo e outros fragmen-
tos teciduais estão presentes (Daly, 1985). Feridas
sujas são caracterizadas pela presença de edema e
supuração. Entretanto, o tempo entre a ocorrência de
exposição, aderência e subseqüente multiplicação e
invasão bacteriana do tecido varia dependendo do tipo
e quantidade de organismos presentes. Muitas feridas
podem ser elevadas à categoria de limpas-contami-
nadas e fechadas após meticulosa limpeza e debrida-
mento completo ou radical (Romatowski,1989).
Classicamente as feridas são divididas em abrasões,
contusões, hematomas, incisões, lacerações e per-
furações. As lacerações são provavelmente as mais
comuns entre os eqüinos. São geralmente produzidas
por objetos angulares, tais como cercas de arame
farpado e por mordidas. Os bordos deste tipo de lesão
são geralmente irregulares e o dano se estende aos
tecidos subjacentes. Outro tipo comum de ferida são
as perfurações, produzidas por objetos cortantes que
se caracterizam por serem superficiais, pequenas e de
profundidade variável. São tipos especiais de ferida,
porque embora a perda tecidual seja mínima, a injúria
das estruturas mais profundas após penetração pode
resultar em debilidade (Neto, 2003). Para Ribas et al.
(2005) outro tipo comum de ferida na espécie eqüina
está relacionada ao ambiente e ou tipo de instalação
em que o animal está, tais como cercas, porta de
cocheira, mata-burro, onde o animal coloca o membro
em local estreito e a partir de movimento brusco,
ocorre a laçada causando dano interno sem lesão
externa aparente além da alopecia. Nestes casos
ocorre lesão de tecido subcutâneo com edema, exsu-
dação e ruptura da pele.
Processo (mecanismos) de cicatrização
A cicatrização é um processo corpóreo natural de
regeneração concomitante dos tecidos epidérmico e
dérmico. Após uma lesão, um conjunto de eventos
bioquímicos complexos e orquestrados se estabelece
para reparar a o dano. Usualmente o processo cicatri-
cial é dividido em cinco fases principais: coagulação,
inflamação, proliferação, contração da ferida e remo-
delação (Fazio et al., 2000; Mandelbaum e Santis,
2003).
A fase de coagulação marca o início do processo,
imediatamente após o surgimento da ferida. Nesta
fase, substâncias vasoativas, proteínas adesivas,
fatores de crescimento e proteases são liberadas e
ditam o desencadeamento de outras fases (Terkeltaub
e Ginsberg, 1998). A vasoconstrição descrita neste
momento ocorre a fim de minimizar a hemorragia.
Em seguida, o processo inflamatório inicia-se com a
vasodilatação, migração de células brancas e proteínas
plasmáticas, propiciando uma barreira de defesa na
ferida (Stashak, 1994). Nesta fase se consolida a
secreção de proteases como hialuronidase, colagenases
e hemolisinas são responsáveis por inibir a ação bacte-
riana durante a cicatrização, visto que as bactérias
agem prolongando a fase inflamatória (Hackett et al.,
1983)
A proliferação é dividida em três subfases:
reepitelização, fibroplasia e neovascularização. Na
reepitelização ocorre a migração de queratinócitos
não danificados das bordas dos anexos epiteliais
quando a ferida é de espessura parcial, e apenas das
margens epidérmicas em casos de feridas de espessura
total. Os diferentes fatores de crescimento são respon-
sáveis pelos aumentos de mitoses e conseqüente
hiperplasia do epitélio (Mandelbaum e Santis, 2003).
A fibroplasia ocorre a partir de fibroblastos, os quais
são células mesenquimais diferenciadas que proliferam
na região mais superficial da ferida. Concomitante-
mente há o desenvolvimento de novos capilares por
brotamento endotelial (Stashak, 1994). A neovascu-
larização verificada nesta fase fornece metabólitos e
oxigênio para nutrir tecido de reparação que prolifera
na área lesional. A nova rede vascular expande-se 
para o centro da lesão proporcionando uma aparência 
rosada e exuberante (Neto, 2003).Neste momento, se estabelece o tecido de granulação
que consiste primariamente em vasos sangüíneos neo-
formados, fibroblastos e produtos de fibroblastos,
incluindo o colágeno fibrilar, elastina, fibronectina,
proteases, glicosaminoglicanas sulfatadas e não sulfa-
tadas. O tecido de granulação é produzido três a quatro
dias após a indução da lesão como um passo inter-
mediário entre o desenvolvimento da malha formada
por fibrina/fibronectina e a reestruturação de colágeno
Berry e Sullins (2003). À medida que o fluxo sangüí-
neo e a oxigenação são restabelecidos, o principal fator
desencadeador da angiogênese é reduzido e os vasos
neoformados começam a diminuir (Neto, 2003).
A partir deste evento, inicia-se a fase de contração
das paredes marginais da lesão. Esta ação é realizada
pelos fibroblastos ativados, os quais se diferenciam
em miofibroblastos. Os miofibroblastos contêm fibras
intracelulares de actina e miosina e formam conexões
especializadas, ou fibronexus, com a matriz extracelu-
lar e outras células dentro da cavidade da lesão.
Segundo Borjrab (1982) estas propriedades possibili-
tam aos miofibroblastos contrair ativamente e gerar a
tensão necessária para fechar o defeito. Os miofibrob-
lastos aproximam as margens da ferida, forçando as
fibras de colágeno a se sobreporem e se entrelaçarem
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e, desta maneira, dar o suporte para diminuir o tama-
nho da lesão.
A fase final do processo cicatricial consiste na
remodelação tecidual. Ao contrário das outras fases de
cicatrização, a remodelação dos componentes do
colágeno e matriz, como ácido hialurônico e proteo-
glicanas, persiste por longo tempo após o ferimento e
é o período no qual os elementos reparativos da cica-
trização são transformados para tecido maduro de 
características bem diferenciadas (Neto, 2003).
As várias fases da reparação não devem ser 
consideradas como ações seqüenciais. Cada fase da
cicatrização deve contribuir com seu efeito no tempo
e intensidade certos (Fazio et al., 2000; Mandelbaum
e Santis, 2003). Os mecanismos moleculares que 
regulam as diferentes fases da cicatrização ainda não
são totalmente compreendidos, porém aparentemente,
as citocinas são mediadores celulares críticos.
Citocinas são glicoproteínas sinalizadoras lançadas
pela maioria das células nucleadas no corpo, que
atuam através de receptores específicos na superfície
celular para causar estimulação autócrina, parácrina e
ou endócrina causando migração celular, proliferação
e síntese (Theoret, 2005).
Tipos de cicatrização
Cicatrização por primeira intenção
A cicatrização por primeira intenção ocorre quando
os bordos da ferida estão próximos e se unem nova-
mente com rapidez. Ocorre em feridas não contami-
nadas (McGavin e Zachary, 2007).
O manejo de uma ferida como passível de cicatriza-
ção por primeira intenção é indicada após incisões
cirúrgicas, e consiste em aproximar os bordos da lesão
por meio de suturas, favorecendo a cicatrização devi-
do a diminuição do tempo da fase inflamatória e de
remodelação do colágeno, obtendo uma melhor con-
tração da ferida e posterior reepitelização (Auer e
Stick, 1999; Mandelbaum e Santis, 2003).
Cicatrização por segunda intenção
As feridas cujos bordos estão distantes, não 
apresentam uma aposição dos mesmos ou ainda que
estejam contaminadas por agentes infecciosos ou 
contenham corpos estranhos, geralmente cicatrizam
pelo processo de segunda intenção (McGavin e
Zachary, 2007).
A cicatrização por segunda intenção é complexa e
uma ferida é tratada como tal, quando a cicatrização
por primeira intenção não é justificável. Depende
inteiramente da neovascularização e remodelação da
matriz celular para restaurar a perda de tecido através
da contração da ferida para restabelecer a tensão nor-
mal do tecido e reduzir o tamanho da cicatriz (Auer e
Stick, 1999).
Fatores que contribuem para a utilização da cica-
trização por segunda intenção no manejo de feridas
são: o nível de contaminação, volume de tecido perdi-
do e situações em que a cicatrização por primeira
intenção falhou (Neto, 2003).
Complicações na cicatrização cutânea em eqüinos
As complicações na cicatrização cutânea decorrem
de anormalidades em qualquer um dos componentes
básicos do processo de reparo e pode ser agrupadas
em: 1) formação excessiva de componentes do reparo;
2) formação de contraturas e 3) a deficiência de 
formação de tecido cicatricial (McGavin e Zachary,
2007).
Em eqüinos são reconhecidas especialmente as difi-
culdades decorrentes da formação excessiva de tecido
de granulação em feridas cutâneas localizadas em
extremidades. Este aspecto constitui um desafio para
o médico veterinário que elege, para determinados
casos, a cicatrização por segunda intenção como
método de tratamento, seja pelas condições locais e
tempo decorrente da lesão ou pela falta de tecido para
recobrimento.
A cicatrização por segunda intenção na porção 
distal dos membros em eqüinos pode ser lenta e 
complicada. Estas feridas curam mais lentamente que
aquelas no tronco por exibirem taxas relativamente
baixas de epitelização e contração (Wilmink et al.,
1999). Berry e Sullins (2003) afirmam que o menor
suprimento sanguíneo, menor tensão de oxigênio,
temperatura mais baixa e a presença de quantidades
insuficientes de citocinas determinam os diferentes
padrões de cicatrização entre as diversas regiões
anatômicas do eqüino.
Wilmink et al. (1999) relatam que há diferenças na
cicatrização entre eqüinos e pôneis. Feridas similares
na região dorsal do metatarso cicatrizam lentamente
em eqüinos se comparados com pôneis, devido à 
contração da ferida nos pôneis ser mais intensa ocor-
rer em maior. Análises histológicas das lesões
mostraram uma fase inflamatória prolongada nos
eqüinos embora com menos organização dos miofi-
broblastos comparado com os pôneis (Wilmink et al.,
1999). As taxas lentas de epitelização foram atribuídas
à inibição de células migratórias e inibição da ativi-
dade mitótica pelo tecido exuberante de cicatrização
(Bertone et al., 1985).
Embora não se possa definitivamente acelerar o
processo de cicatrização, é importante entender que
vários fatores afetam adversamente a taxa de cica-
trização das feridas. Entre estes fatores está a má
nutrição, hipovolemia, hipotensão, hipóxia, hipoter-
mia, infecção, trauma e o uso de medicamentos de
ação anti-inflamatória (Neto, 2003). Vale lembrar que
para Blackford et al. (1991) o efeito de uma única
dose de esteróides em cavalos pode não criar um
impacto nas diferentes fases de cicatrização, assim
como flunixina de megluminaqualitativamente não
Paganela JC et al. RPCV (2009) 104 (569-572) 13-18
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parece influenciar a fase proliferativa ou as fases 
subseqüentes da cicatrização de feridas (Lefebvre-
Lavoie et al., 2005).
Sabe-se ainda que a presença de um número maior
que 105 bactérias por grama de tecido lesional 
significa que, se a ferida não tiver assistência, não
cicatrizará por primeira nem por segunda intenção
(Hackett et al., 1983).
Tratamento
Ainda que muitas alternativas diferentes de trata-
mento sejam reconhecidamente satisfatórias para o
manejo de determinada ferida, o método selecionado
deve fornecer um ambiente favorável, permitindo 
progressão natural para não retardar processo de
reparação (Neto, 2003).
Em relação à conduta clínica, a cicatrização por
segunda intenção é recomendada em função do tempo
decorrido, do grau de contaminação e da perda de
tecido lesado (Hussni et al., 2004). O tratamento
baseia-se na higienização da lesão e conseqüente-
mente o curativo local com pomadas que favorecem a
cicatrização. Existe uma variedade de preparações
tópicas para a cicatrização de feridas em eqüinos,
porém, a escolha e composição do fármaco a ser usada
deve ser avaliada criteriosamente, já que muitos destes
produtos são ineficientes e caros, ou prejudiciais à
cicatrização, por serem irritativos ou estimularem a
proliferação de tecido de granulação exuberante
(White e Maltodextran, 1995). Além disso, é neces-
sário avaliar a localizaçãoanatômica da lesão para
estabelecer o prognóstico e tratamento adequado.
Embora Wilmink et al. (1999) tenha mostrado que a
melhor taxa de contração é a razão pela qual as feridas
no corpo curam significativamente mais rápidas do
que as localizadas nos membros de eqüinos, nenhum
tratamento é ainda viável para superar os fenômenos
particulares na cicatrização, tal como a proliferação de
tecido de granulação exuberante. Hanson (2006) rela-
ta que para este caso é indicada a remoção cirúrgica
por ser um método simples e eficaz, comparada a 
outros métodos como o uso de drogas cáusticas.
Pomadas a base de Ketanserina são efetivas na 
prevenção da formação de tecido exuberante nos
membros dos eqüinos. Este princípio tem ação
antagônica na indução de serotonina, um mediador da
atividade de macrófagos.
O manejo inicial é direcionado para isolar a ferida
de contaminantes de origem exógena e endógena e
preparar a pele vizinha para a manipulação durante o
tratamento e cicatrização. Na área ao redor da ferida
deve-se realizar tricotomia e preparação antisséptica
para facilitar uma avaliação precisa da mesma e estru-
turas adjacentes (Auer e Stick, 1999).
O aspecto mais importante na preparação de feridas
traumáticas para cicatrização é o desbridamento cirúr-
gico, o qual consiste na remoção de tecido morto e
desvitalizado para reduzir os níveis de bactérias
patogénicas e oportunistas. A irrigação ou lavagem é
um meio comum para limpeza de feridas traumáticas.
Os benefícios gerais da lavagem da ferida incluem a
remoção de pequenas e grandes partículas endógenas,
bactérias e tecido desvitalizado (Auer e Stick, 1999).
O uso de bandagens ou gesso minimiza a formação
de tecido exuberante de granulação pelo seu efeito de
imobilização e por evitar contaminações. O enfaixa-
mento da ferida ainda protege contra traumas e 
dissecação, além de aplicar pressão superficial e 
manter o medicamento tópico na área lesionada.
As combinações de anti-inflamatórios esteróides e
antibióticos tópicos diminuem marcantemente a 
produção de líquidos, permitindo trocas menos 
freqüentes de bandagens. Em estudo realizado com
um pequeno grupo de animais, as lesões tratadas com
esteróides tópicos cicatrizaram mais rápido do que
aquelas nas quais eles não foram utilizados (Barber,
1989). São necessários mais estudos, com um maior
número de animais para avaliar o seu benifício nestes
casos. Histologicamente, não se observou nenhuma
diferença entre feridas tratadas com combinação de
esteróides e antibióticos e aquelas tratadas de outra
maneira (Blackford et al., 1991).
Tratamento alopático
Para o tratamento de feridas recomenda-se a 
aplicação de antimicrobianos na lesão, no qual desta-
ca-se o uso do iodo-povidine (Moens et al., 1980).
Soluções de iopo-povidine estão disponíveis comer-
cialmente em várias formulações (solução, creme,
spray). Diversos estudos in vitro realizados por Payne
et al. (1999) evidenciaram a eficácia do iodo-povidine
como um agente anti-séptico, já que seus compo-
nentes possuem ação de amplo espectro contra 
bactérias, esporos, fungos, leveduras, vírus e proto-
zoários. Este composto é disponível comercialmente
em várias formulações como solução, creme e spray,
sendo sua concentração ideal entre 0,1 e 0,2% (10-20
ml p/ 1000 ml) para a lavagem da ferida, pois soluções
mais concentradas podem ser citotóxicas para os neu-
trófilos (Stashak, 1994). Solução de iodo-povidine
com açúcar cristal, combinados até atingir uma 
consistência pastosa, constitui um agente hipertônico
que age por osmose para retirar o exudato da ferida
(Berry e Sullins, 2003).
A água oxigenada tem sido amplamente usada como
anti-séptico e desinfetante e é amplamente utilizada
como anti-séptico na concentração de 3%, devido ao
seu largo espectro antibacteriano, principalmente para
bactérias Gram positivas e algumas Gram negativas
(Drosou et al., 2003).
Soluções tópicas a base de clorexidina são fre-
quentemente utilizadas no tratamento de feridas. Tem
ação antibacteriana em Staphylococcus aureus,
Paganela JC et al. RPCV (2009) 104 (569-572) 13-18
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Pseudomonas aeruginosa e bactérias não esporuladas
(Payne et al., 1999).
A eficácia do tratamento a base de clorexidina não
é bem caracterizada. Em revisão feita por Drosou et
al. (2003), vários trabalhos relatam a utilização de
clorexidina, porém o autor conclui que os resultados
são insuficientes para afirmar sobre a melhora na
cicatrização, principalmente em feridas abertas.
Embora a nitrofurazona tenha efeito antimicrobiano
contra microorganismos Gram-positivos e Gram-
-negativos, segundo Berry e Sullins (2003) não deve
ser utilizada, já que demonstrou retardo na contração
da ferida, epitelização e reparação no geral.
O mel de abelha tem muitas propriedades, incluindo
um amplo espectro com ação antimicrobiana, ação
antiinflamatória além de estimular novos fatores de
crescimento de tecido. O efeito estimulatório do mel
na cicatrização de feridas pode estar relacionado a
auto regulação de citocinas inflamatórias nos monó-
citos (Tonks et al., 2003).
Os enxertos biológicos derivados de tecidos como
pele ou placenta são relatados como promotores da
cicatrização por retardarem a formação do tecido 
exuberante de cicatrização, visto que induzem uma
resposta inflamatória branda, promovem e mantém um
ambiente úmido que conduz a regeneração e migração
de células epiteliais e agem como uma barreira 
anti-bacteriana que protege a ferida contra infecções
(Purna e Babu, 2000).
Tratamento fitoterápico
A literatura refere o uso de fitoterápicos em 
diferentes enfermidades com diversas indicações 
terapêuticas, sendo alguns deles de uso consagrado e
pertencentes à farmacopéia (Heggers e Kucukcelebi,
1995).
Muitos estudos são realizados na tentativa de se
detectar a eficácia do uso de plantas na cicatrização de
feridas. Segundo Solorzano et al. (2001) as fitoesti-
mulinas do Triticum vulgare ativam fenômenos da
cicatrização ao estimular a mitose e motilidade dos
fibroblastos, além de aumentar a síntese de fibras
colágenas e glicosaminoglicanas pelos fibroblastos.
De acordo com Souza et al. (2006) o uso do creme à
base de Triticum vulgare aumentou o número de vasos
sangüíneos neoformados encontrados durante o perío-
do inicial da reparação das feridas tratadas em relação
aos controles, demonstrando que o tratamento influen-
ciou de maneira positiva no processo de cicatrização.
A babosa (Aloe vera) é um excelente cicatrizante e
antinflamatório, devido aos seus constituintes, 
principalmente os mucilaginosos, o que a torna uma
boa opção para o tratamento tópico de lesões de pele
(Rovatti e Brennan, 1959). Ribas et al. (2005) 
comparou o extrato aquoso de Triticum vulgare
(Bandvet®) com o extrato aquoso de babosa. O
primeiro apresentou tempo de cicatrização menor,
sem processos irritativos ou presença de secreções.
Martins e Alves (2003) compararam o uso tópico de
fitoterápicos na cicatrização cutânea em eqüinos,
avaliando as observações macroscópicas, histopa-
tológica e a retração centrípeta do halo da lesão nos
primeiros quinze dias. Esse estudo demonstrou que o
barbatimão (Stryphnodendron barbatimao Martius)
teve efeito benéfico na cicatrização, seguido pela
calêndula (Calendula officinalis). Os resultados do
grupo controle foram superiores ao confrey
(Symphitum officinalis).
Considerações finais
A elevada incidência de lesões cutâneas na espécie
eqüina, demonstrada na rotina do Hospital de Clínicas
Veterinária, mostra a demanda por técnicos capacita-
dos, seja tratador ou cavalariço que realizem serviços
de enfermagem, tal como curativos. Pois o Médico
Veterinário intervindo de maneira correta, na rotina de
clínica de eqüinos mostra que protocolos baseados na
higiene diária, com limpeza das feridas, retirada do
tecido morto, proteção e hidratação são efetivos na
maioria dos casos, exceção nas neoplasia.
E que apesar de a cicatrização, principalmente nos
membros locomotores dos equinos ser mais lenta 
devido a fatores como: maior facilidade de contato
com sujidades, pouco tecido e menorvascularização.
A orientação de pessoal treinado para seguir realizan-
do curativos diários é essencial para o sucesso do
tratamento.
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Utilização de bloqueio anestésico para exodontia do dente carniceiro em
cão
Block anesthesic used to do exodontia of canassial tooth in dog
Víviam N. Pignone*
Associação Brasileira de Odontologia Veterinária (ABOV) 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Resumo: A utilização de bloqueios anestésicos pelos médicos
veterinários está sendo mais empregada na rotina, associada à
anestesia geral, especialmente na odontologia veterinária. Os
bloqueios regionais de nervos são os mais empregados, 
destacando-se aqueles realizados no nervo infra-orbitário, 
maxilar, mentoniano e alveolar inferior. O quarto pré-molar
superior, também conhecido como "dente carniceiro", é o maior
dente dos carnívoros, responsável por rasgar os alimentos. Por
ser um dente muito utilizado, é mais predisposto a afecções,
como fratura dental com ou sem exposição pulpar, lesão 
periapical e doença periodontal podendo o cão desenvolver uma
fístula infraorbitária. Embora existam tratamentos que zelam
pela preservação do elemento dental, como cirurgia periodontal
e tratamento endodôntico, muitas vezes os proprietários optam
pela exodontia deste dente, sendo o custo do procedimento um
dos fatores limitantes. O presente artigo tem como objetivo
apresentar as principais causas de exodontia do dente 
carniceiro, mostrando como é feita a exodontia mediante des-
sensibilização da área através de bloqueio anestésico.
Summary: The utilization of anesthetic blocks by veterinarians
is becoming more widely employed in the routine, pertaining to
general anesthesia, especially in veterinary dentistry. The
regional nerve blocks are the most commonly used, especially
those performed on the nerves infraorbital, maxillary, mental
and inferior alveolar. The fourth upper premolar, also known as
"carnassial tooth," is the largest carnivorous tooth, used for tear-
ing meat. Being a very used tooth, it is more prone to 
affection, such as dental fracture with or without pulpal expo-
sure, periapical lesion and periodontal disease, predisposing 
the dog to develop an infraorbitary fistula. Although there 
are treatments which strive for dental preservation, such as 
periodontal surgery and endodontic treatment, most of the times
owners opt for exodontia, being the procedure cost the leading
factor. This article aims to show the main causes of carnassial
tooth exodontia, demonstrating the exodontia technique throughdesensitization of the area through anesthetic block.
Introdução
O controlo da dor, tanto na medicina humana como
na veterinária, tem se destacado nos últimos anos. A
utilização de bloqueios anestésicos tem sido cada vez
mais empregada na rotina, associada à anestesia geral,
sobretudo durante os procedimentos odontológicos
em animais (Lopes e Gioso, 2007).
A anestesia local apresenta alguns benefícios 
destacando-se a diminuição da sensibilização central à
dor, a minimização da reação tissular inflamatória,
redução da quantidade de anestésico geral requerida
durante o procedimento cirúrgico, e diminuição da
dose e freqüência dos analgésicos empregados no pós-
-operatório (Hellyer e Gaynor, 1998; Holmstrom e
Frost-Fitch, 1998; Gross e Pope, 2002).
Os bloqueios regionais de nervos são mais comu-
mente empregados nos procedimentos odontológicos
em animais, sendo que os mais utilizados são o 
bloqueio infra-orbitário e bloqueio maxilar, na maxila,
e bloqueio mentoniano e bloqueio alveolar inferior, na
mandíbula (Lopes e Gioso, 2007; Holmstrom e Frost-
Fitch, 1998).
Dentre os 42 dentes permanentes apresentados 
pela espécie canina, o quarto pré-molar, também
denominado "dente carniceiro", é um dos principais
dentes, responsável por rasgar os alimentos (Wiggs e
Lobprise, 1997; Harvey e Emily, 1993; Gioso, 2007).
Por ser um dente muito utilizado pelo cão, torna-se
mais predisposto a afecções como fratura dental com
ou sem exposição pulpar, lesão periapical, e doença
periodontal, podendo evoluir para uma fístula infra-
-orbitária (Wiggs e Lobprise, 1997; Bolson e Pachaly,
2004; Roza, 2004; Gioso, 2007).
Entretanto, apesar da existência de tratamentos 
que zelam pela preservação do elemento dental, como
cirurgia periodontal e tratamento endodôntico, a 
realização da extração dental, denominado exodontia,
ainda é uma das intervenções cirúrgicas mais fre-
qüentes na clínica de cães e gatos, sendo o custo um
dos fatores limitantes (Gioso, 2007).
19
R E V I S T A P O R T U G U E S A
CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
DE
ARTIGO DE REVISÃO
*Correspondência: vividogodonto@gmail.com
Tel: +55 51 33773900; 92499962
Pignone VN RPCV (2009) 104 (569-572) 19-24
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Todavia, o quarto pré-molar superior, por se tratar
de um dente tri-radicular, necessita alguns cuidados
especiais, como conhecimento anatômico, além da
técnica de exodontia complexa (Gioso, 2007), sendo o
bloqueio anestésico do nervo maxilar o indicado para
a dessensibilização da área na realização do procedi-
mento (Wiggs e Lobprise, 1997; Lopes e Gioso,
2007). 
Anestesia local
Os anestésicos locais consistem em substâncias
químicas responsáveis por impedir geração e con-
dução de impulso nervoso de maneira reversível, por
ação direta na membrana da fibra nervosa (Muir e
Hubbell, 1995; Mclure e Rubin, 2005; Lopes e Gioso,
2007).
Na odontologia veterinária, os anestésicos locais
mais utilizados são a lidocaína e a bupivacaína, com
período de ação curto e longo, respectivamente (Lanz,
2003; Klaumann et al., 2007). Entretanto, outros
anestésicos locais como a mepivacaína, a prilocaína e
a articaína são amplamente utilizados na odontologia
humana e vêm sendo empregados na prática veteri-
nária odontológica, sendo estes com duração de ação
moderada (Fantoni e Cortopassi, 2002; Malamed,
2005; Mclure e Rubin, 2005). Além desses, ainda se
encontra a ropivacaína, caracterizada por apresentar
período hábil e de latência semelhantes ao da bupiva-
caína, efeito vasoconstritor e menor toxicidade cardíaca
e no SNC (De Negrini e Ivani, 2005; Malamed, 2005;
Mclure e Rubin, 2005).
A adição de vasoconstritores aos anestésicos locais
possui a função de controlar as ações vasodilatadoras,
retardando a absorção deste pelo sistema vascular, 
minimizando os riscos de toxicidade anestésica
(Cortopassi e Fantoni, 1999), além de prevenir ou
minimizar a hemorragia no trans-operatório (Gross e
Pope, 2002). Contudo, é importante ressaltar que a
toxicidade dos anestésicos locais está associada com a
administração intravascular acidental ou a adminis-
tração de altas doses do agente anestésico (Klaumann
et al., 2007).
A escolha do agente anestésico varia de acordo com
o procedimento cirúrgico a ser realizado, período
hábil de analgesia e necessidade de controlo da dor
pós-operatória. A dose utilizada para dessensibiliza-
ção dos nervos da mandíbula e da maxila varia de
acordo com o porte do animal, porém preconiza-se o
uso de volumes pequenos de anestésico, aplicados
lentamente, evitando lesar pequenos ramos nervosos
(Holmstrom e Frost-Fitch, 1998; Cediel e Sanches,
1999).
As dose dos anestésicos locais utilizados em cães
citados anteriormente estão representadas na Tabela 1,
exceto da articaína que não foi encontrada a dose 
para a espécie canina, sendo que em humanos, foi
encontrada na literatura apenas a dose máxima deste
fármaco (7 mg/kg) (Lopes e Gioso, 2007).
Bloqueio anestésico do nervo maxilar
A realização de qualquer bloqueio anestésico deve
ser precedida de anti-sepsia tópica, com intuito de
diminuir transitoriamente a microbiota bacteriana
local (Malamed, 2005), sendo o gluconato de clorexi-
dina 0,12% o anti-séptico de eleição na prática odon-
tológica veterinária (Evers e Haegerstam, 1991).
O bloqueio do nervo maxilar é um método bem 
eficaz para promover dessensibilização de uma hemi-
Tabela 1 - Principais agentes anestésicos locais utilizados na odontologia veterinária na espécie canina
Agente anestésico Dose/volume recomendados Dose máxima Período de latência Período de duração
Lidocaína 2% 2 mg/kg 5 mg/kg 5 a 10 minutos 1h a 1h e 30min
Lidocaína com 0,1 ml de 1:1.000 ND ND 3h e 30min
epinefrina (0,1 mg epinefrina)
Bupivacaína 0,5% 1 mg/kg 2 mg/kg 20 a 30 minutos 4 a 6 h
Lidocaína + 1 mg/kg + ND 5 a 10 minutos Efeito mais rápido,
Bupivacaína 0,25 mg/kg porém menor duração
Morfina 0,1 mg/kg ND ND Maior eficácia e
prolongamento da analgesia
Buprenorfina 0,01 mg/kg ND ND Maior eficácia e
prolongamento da analgesia
Mepivacaína 3% Não disponível 9 mg/kg 1,5 a 2 minutos ND
Ropivacaína 0,5% 0,5 a 2 mg/kg Não disponível 8 a 10 minutos ND
Fontes: Lopes e Gioso (2007); Egger e Love (2009). ND = não disponível.
Pignone VN RPCV (2009) 104 (569-572) 19-24
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maxila, reduzindo o volume dos demais fármacos
administrados (Malamed, 2005; Lopes e Gioso, 2007).
Este bloqueio é efetuado a partir da administração
do anestésico local na região da fossa pterigopalatina,
localizada caudalmente ao último molar superior
(segundo molar), ao final do processo alveolar do osso
maxilar (Figura 1). O bloqueio do nervo maxilar 
promove a dessensibilização dos ramos deste nervo –
nervo infra-orbitário, nervo alveolar maxilar caudal,
nervo pterigopalatino e nervo nasal caudal (Cediel e
Sanches, 1999).
O bloqueio também pode ser realizado através 
da via percutânea. Neste caso a agulha deverá ser
introduzida através da pele formando um ângulo de 
90 graus em direção medial, ventral a borda do arco
zigomático e aproximadamente 0,5 cm caudal ao
canto lateral, e então avança para a fossa pterigo-
palatina. Caso a agulha tocar o ramo da mandíbula,
esta deverá ser direcionada para fora no sentido 
cranial (Egger e Love, 2009).
O diâmetro da agulha para realizar o bloqueio deve
ser de 25 a 29 G. A cabeça do paciente deve ser 
elevada, fazer a aspiração da seringa antes de injetar 
e aplicar uma pressão digital sobre o forame, seguido
da administração lenta do anestésico local com a
finalidade de facilitar este movimento caudamente ao
forame. Não é recomendável avançar com a agulha
dentro do forame, pois aumenta a chance de lacerar o
nervo (Egger e Love, 2009).
Afecções no "dente carniceiro"
O quarto pré-molar superior ou "dente carniceiro" é
o maior dente da arcada superior dos cães, responsável
por rasgar os alimentos. Por este motivo, fica evidente
sua predisposição a afecções, como a doença perio-
dontal e os problemas endodônticos (Wiggs e 
Lobprise, 1997; Gioso, 2007).
A doença periodontal avançada, a lesão periapical e
lesões iatrogênicas são as causas mais freqüentes

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