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Cultura de Mandioca CAI

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UNIVERSIDADE LICUNGO
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
LICENCIATURA EM AGRO-PECUÁRIA – LABORAL 2o ANO
CARIMO GORGES ARMANDO ALBERTO 
 CULTURA DA MANDIOCA (Manihot esculenta) 
Quelimane
1
2021
CARIMO GORGES ARMANDO
 
 CULTURA DE MANDIOCA (Manihot esculenta)
	
	Trabalho de caracter avaliativo apresentado no curso de Licenciatura em Agro-pecuária da Faculdade de Ciências Agrarias, na cadeira de Culturas Alimentares e Industriais.
Docente: Eng.0 Tancredo Carlos José (Msc) 
Quelimane
2021
Índice
1. Introdução	3
2. Objectivos	3
2.1. Objectivo geral	3
2.2. Objectivos específicos	3
3. Metodologia	3
4. Cultura Da Mandioca (Manihot esculenta)	4
4.1. Morfologia da Mandioca	4
4.2. Fenologia	5
4.5. Exigências climáticas	9
4.6. Solos	10
4.7. Calagem e adubação	10
4.8. Tratos Culturais Cultura da Mandioca	11
4.8.1. Preparo do solo	11
4.8.2. Seleção e preparo das manivas	12
4.8.3. Conservação da maniva semente	13
4.8.4. Tratamento das manivas durante a conservação	13
4.8.5. Espaçamento de Plantio	13
4.8.6. Controlo das ervas daninhas	14
4.8.7. Irrigação	14
4.9. Pragas da mandioca	14
4.10. Doenças da Mandioca	16
5. Rotação de culturas	17
6. Colheita da Mandioca	17
6.1. Armazenamento da Mandioca	17
7. A importância da cultura da mandioca	18
7.1. Benefício da Mandioca para saúde	18
8. Conclusão	20
9. Referências bibliográficas	21
1. Introdução 
O presente trabalho aborda sobre a cultura da Mandioca. Na perspectiva da abordagem deste tema nos convém falar do conceito, da origem, do tipo de clima, o seu ciclo de reprodução, as variedades, fases de crescimento, os solos favoráveis para o cultivo, época da colheita ainda mais o processamento da mandioca e sua importância. Visto que a mandioca é uma planta heliófila, perene, arbustiva, pertencente à família das euforbiáceas, originária do continente americano. Na escolha das variedades, é importante levar em consideração as seguintes características gerais: alta produtividade; resistência a pragas e doenças; primeira ramificação alta; raízes com facilidade de destaque da touceira. Na escolha da área para o plantio de mandioca deve ser consideradas as condições de clima e solo favoráveis ao cultivo. 
2. Objectivos 	
2.1. Objectivo geral 
· Estudar a cultura da Mandioca;
2.2. Objectivos específicos 
· Descrever a origem, solos e exigências climáticas da cultura da Mandioca;
· Descrever a morfologia, fenologias e as cultivares da Mandioca;
· Mencionar as práticas culturais inseridas no cultivo da Mandioca;
· Identificar as principais pragas e doenças da Mandioca e a sua forma de controlo;
· Falar da colheita, armazenamento e importância da cultura da mandioca; 
3. Metodologia 
O modelo de pesquisa utilizado na elaboração deste trabalho foi a pesquisa exploratória, que engloba a exploração do tema, por meio de levantamento bibliográfico e de pesquisas realizadas, uso de internet, a fim de obter as informações necessárias para realização do trabalho. A metodologia opcionada para a realização deste trabalho foi o método descritivo, esta opção justifica o facto do método escolhido permitir uma descrição clara e flexível em relação as ideias que foram reunidas e analisadas neste trabalho. Enquanto procedimento, o trabalho realizou-se por meio da observação indirecta.
4. Cultura Da Mandioca (Manihot esculenta)
A mandioca é uma planta heliófila, perene, arbustiva, pertencente à família das euforbiáceas. Originária do continente americano, no do Brasil, a mandioca já era cultivada pelos aborígenes, por ocasião da descoberta do País. Eles foram os responsáveis pela sua disseminação por quase toda a América e os portugueses e espanhóis pela sua difusão por outros continentes, especialmente África e Ásia. Cultivada em muitos países, com produção mundial de aproximadamente 140 milhões de toneladas, é o sexto produto alimentar da humanidade. Nos trópicos, onde é mais cultivada, sua importância passa para o terceiro lugar (CONCEIÇÃO, 200).
 
Figura 1: mandioca 
Fonte: (https://www.ecycle.com.br/3973-mandioca acessado no dia 16 de novembro de 2021, pelas 9 horas.
4.1. Morfologia da Mandioca 
A mandioca é uma planta alôgama, a altura da planta varia de 1 a 2 m, podendo atingir 4 m. As folhas são simples e apresentam-se como uma lâmina foliar palmada, lobada, e um pecíolo. A cor das folhas vária de púrpura, verde-claro e verde-escuro. O número de lóbulos geralmente é impar, entre 3 e 9. A inflorescência é monoica, são formadas por panículas e rácinos compostos por flores masculinas e femininas, sendo as últimas localizadas na parte 5 basal. 
As flores não têm cálice nem coroa, mas apresentam um perianto composto por cinco sépalas de cor amarelo a vermelho. A flor masculina tem um pedicelo recto, curto e fino. A feminina tem o pedicelo é recurvado, longo, e de maior diâmetro. No interior da flor masculina existem dois conjuntos de cinco estames, um curto e outro longo. As antenas apresentam forma alongada, o ovário é súpero, dividido em três lóculos, cada lóculo tem um óvulo. O estilete muito pequeno sustenta o estigma composto por três lóbulos ondulados e carnudos. O fruto contém três lóculos, cada um contém uma semente. A semente é de forma ovoide-elipsoidal, testa lisa de cor castanha mosqueada (Josefino F. F. et al., 2013).
A haste tem medida cilíndrica, tem diâmetro de 2 a 6 cm, comprimento de 1.5 a 4 cm dependendo da variedade. Produz dois tipos de ramificação (reprodutoras e laterais). A reprodutora constitui o carácter varietal mais estável. As ramificações da haste principal são dicotomía, tricotomía e tetracotomía. As cores mais comuns são prata, castanha preteado, amarelado, e alaranjado. As raízes têm como característica principal a capacidade de armazenar amido. As raízes são adventícias (fibrosas e tuberosas). Os fibrosos são responsáveis pela absorção e translocação de nutrientes para a planta. As raízes tuberosas são ricas em amido. Os tecidos que compõem a raiz tuberosa são a casca que está formado pela epiderme e córtex. As cores predominantes da casca são branco ou creme, castanho claro e escuro. A periderme varia entre creme, rosa e avermelhado. A polpa que é rica em amido pode ser branca, creme, amarela e laranja (Zacarias-Silva Et Al., 2010).
4.2. Fenologia 
A planta da mandioca apresenta seis fases fisiológicas principais no seu primeiro ciclo vegetativo, sendo as quatro primeiras delas de intensa atividade metabólica, enquanto que a fase final, de baixa atividade, é denominada fase de repouso CONCEIÇÃO, 1981).
As fases do crescimento e desenvolvimento da mandioca são: 
· A brotação das manivas; 
· A formação do sistema radicular; 
· O desenvolvimento das hastes e das folhas; 
· O engrossamento das raízes de reserva ou tuberização e; 
· Florescimento e produção de sementes 
· A fase de repouso. 
Fase 1: Brotação das estacas: aparecimento de raízes na região dos nós e na extremidade basal das estacas, a partir do quinto dia após o plantio. Os primeiros talos surgem logo após, seguidos por pequenas folhas (10-12 dias após o plantio). A fase completa-se 15 dias após o plantio. Durante a primeira semana após o plantio da estaca, ela perde peso seco devido à intensa respiração, mobilização e utilização de suas reservas. Durante a segunda semana se inicia a germinação e alongamento das gemas axilares e se forma um calo na superfície do corte do extremo inferior da estava. Na terceira semana se inicia o desenvolvimento das raízes que brotam tanto do calo formado como dos internódios e das gemas (IDE).
Figura 6: Início da brotação da maniva de mandioca. A) Vista lateral e B) Vista frontal, mostrando o desenvolvimento de brotos e de raízes adventícias. Fonte: (FILHO & SILVEIRA, 2012).
Fase 2: A formação do sistema radicular: As folhas verdadeiras são expandidas após 30 dias após a plantação, quando ocorre o início do processo fotossintético (até então a maniva supria). Prossegue a formação de novas raízes absorventes, com maior capacidade de penetração no solo (40 a 50 cm). A fase dura de 70 a 80 dias. Grande partedas reservas das estacas é mobilizada para a formação dos ramos e folhas. Ao contrário, o crescimento do sistema radicular é lento (IDE).
Figura 7: Vista frontal e vista lateral do inicio da formação do sistema radicular. Fonte: (Filho & Silveira, 2012).
Fase 3: Desenvolvimento da parte aérea, ramificação e definição do porte da cultivar. As folhas alcançam a expansão máxima após 2 semanas do início do seu desenvolvimento e duram na planta cerca de 60 a 120 dias. As folhas novas totalmente expandidas vão se tornando maiores até os quatro meses de idade da planta e menores, a partir dessa idade. Essa fase tem a duração aproximada de 90 dias. 
Quanto ao crescimento das hastes e das folhas, a mandioca caracteriza-se por apresentar um padrão sazonal, sofrendo influência do desenvolvimento vegetativo durante o ciclo cultural, bem como sendo afetada pelas condições climáticas tendo, particularmente, a produção de ramas como porção mais afetada por períodos frios e secos.
Figura 8: Desenvolvimento da parte aérea e ramificação. Fonte: (FILHO & SILVEIRA, 2012).
Fase 4: Engrossamento das raízes de reserva: intensifica-se a translocação de carboidratos das folhas para as raízes, onde se acumulam sob a forma de amido, 2 a 3 meses após o plantio, a planta inicia o processo de tuberização (dependendo da cultivar). Nesta fase há redução no crescimento da parte aérea e intensificação do acúmulo de matéria seca nas raízes as raízes de reserva começam a representar uma parcela considerável da massa total da planta. Dura em média 5 meses e coincide também com o processo de lignificação dos ramos da planta.
Figura 9: Engrossamento das raízes de reserva da mandioca, pela translocação expressiva de carboidratos da parte aérea. Fonte: (FILHO & SILVEIRA, 2012).
Fase 5: Florescimento e produção de sementes: florescimento da mandioca é influenciado pelo genótipo, umidade e fertilidade do solo, fotoperíodo e temperatura do ar. O desenvolvimento da inflorescência não interfere no rendimento de raízes.
Figura 10: A) Inflorescência e frutos verdes e B) Fruto maduro aberto e sementes de mandioca. Fonte: (FILHO & SILVEIRA, 2012).
Fase 6: Fase de repouso ou dormência: a taxa de emissão foliar começa a diminuir e a taxa de queda de folhas por senescência aumenta, reduzindo a área foliar total (oscilação de temperatura ou seca durante o ano acentuam a característica). Com essa fase a planta completa um ciclo de 9 a 12 meses, após o qual começa um novo período de atividade vegetativa, acumulação de matéria seca nas raízes e um novo repouso.
4.3. Cultivares de mandioca 
1) Doces ou de "mesa", também conhecidas como aipim, macaxeira ou mandioca mansa e normalmente utilizadas para consumo fresco humano e animal; 
2) Amargas ou mandiocas bravas, geralmente usadas nas indústrias.
Para consumo humano, a principal característica é que as cultivares apresentem menos de 100 ppm ou 100 mg de ácido cianídrico (HCN) por quilograma de polpa crua de raízes. O teor de HCN varia com a cultivar, com o ambiente e com o estado fisiológico da planta, e é um fator decisivo na escolha da cultivar de aipim.
4.5. Exigências climáticas 
Originária de região tropical, a mandioca encontra condições favoráveis para o seu desenvolvimento em todos os climas tropicais e subtropicais. É cultivada na faixa compreendida entre 30 graus de latitudes Norte e Sul, embora a concentração de plantio da mandioca esteja entre as latitudes 20oN e 20oS. Suporta altitudes que variam desde o nível do mar até cerca de 2.300 metros, admitindo-se que as regiões baixas ou com altitude de até 600 a 800 metros são as mais favoráveis, (FILHO & SILVEIRA, 2012). 
A faixa ideal de temperatura situa-se entre os limites de 20 a 27oC (média anual), podendo a planta crescer bem entre 16 e 38oC. As temperaturas baixas, em torno de 15oC retardam a brotação das gemas e diminuem ou mesmo paralisam sua atividade vegetativa, entrando em fase de repouso, (IDE). 
É também muito cultivada em regiões semi-áridas, com 500 a 700 mm de chuva por ano ou menos; nessas condições, é importante adequar a época de plantio, para que não ocorra deficiência de água nos primeiros cinco meses de cultivo (período de estabelecimento da cultura), o que prejudica a produção, (IDE). 
O período de luz ideal para a mandioca está em torno de 12 horas/dia. Dias com períodos de luz mais longos favorecem o crescimento de parte aérea e reduzem o desenvolvimento das raízes tuberosas, enquanto que os períodos diários de luz mais curtos promovem o crescimento das raízes tuberosas e reduzem o desenvolvimento dos ramos, (IDE).
4.6. Solos 
Na escolha da área para o plantio de mandioca deverão ser consideradas as condições de clima e solo favoráveis ao cultivo. Com relação à topografia, deve-se buscar terrenos planos ou levemente ondulados, com uma declividade máxima de 5%. Deve-se também utilizar práticas conservacionistas do solo, evitando perdas acentuadas do solo e da água por erosão. 
Como o principal produto da mandioca são as raízes, ela necessita de solos profundos e friáveis (soltos), sendo ideais os solos arenosos ou de textura média, por possibilitarem um fácil crescimento das raízes, pela boa drenagem e pela facilidade de colheita. Os solos argilosos são indesejáveis por serem mais compactos que os de textura média, dificultam o crescimento das raízes e apresentam um maior risco de encharcamento, provocando o apodrecimento das raízes, além de que nestes solos verifica-se uma maior dificuldade na colheita, principalmente se ela coincide com a época seca. 
Os terrenos de baixada, com topografia plana e sujeitos a encharcamentos periódicos, são também inadequados para o cultivo da mandioca, por provocarem um pequeno desenvolvimento das plantas e o apodrecimento das raízes. É importante observar o solo em profundidade, pois a presença de uma camada compactada ou de impedimento imediatamente abaixo da camada arável pode limitar bastante o crescimento das raízes, além de prejudicar a drenagem e a aeração do Solo (Conceição, 2000). 
A faixa favorável de pH é de 5,5 a 7, sendo 6,5 o ideal, embora a mandioca seja menos afetada pela acidez do solo do que outras culturas. A mandioca produz bem em solos de alta fertilidade, apesar de que rendimentos satisfatórios também são obtidos em solos degradados quimicamente com baixo teor de nutrientes, onde a maioria dos cultivos tropicais não produziria satisfatoriamente (Conceição, 2000).
4.7. Calagem e adubação
A cultura é bem tolerante às condições de acidez dos nossos solos, mas bastante sensível a alto pH e a solos salinos, não sendo observado aumento significativo da produção com doses mais elevadas de calcário. O nível de saturação de bases a ser adotado deverá ser de 40%, não ultrapassando a 2 toneladas por hectare, e de calcário PRNT 100%. Quantidades excessivas de calcário podem ocasionar deficiência de zinco e manganês nas plantas.
A adubação deve ser recomendada de acordo com a análise do solo: os fosfatados e potássicos são colocados nos sulcos ou covas de plantio e cobertos com uma camada de terra para evitar o contato direto com as manivas. Os nitrogenados devem ser aplicados em cobertura, ao redor da planta, 30 a 60 dias após a emergência das plantas. Tanto as covas como os sulcos devem ter aproximadamente 10 cm de profundidade. Para adubação nitrogenada, a mandioca responde bem à aplicação de adubos orgânicos (estercos, tortas, compostos, adubos verdes e outros). Para demais nutrientes, podem ser utilizados adubos formulados disponíveis no mercado (Josefino F. F. et al., 2013).
Na ausência da análise de solo, para plantio em solos de textura média e baixa disponibilidade de fósforo, deve-se aplicar 400 quilos por hectare do adubo superfosfato simples no plantio, mais 100 quilos por hectare do fertilizante cloreto de potássio, no sulco ou na cova. Deverá ser aplicada a metade da dosagem do cloreto de potássio recomendada por ocasião do plantio e a outra metade em cobertura 30 a 90 dias após a brotação (Josefino F. F. et al., 2013).
Também em cobertura, aplicar 100quilos por hectare de sulfato de amônio, 30 a 60 dias após a brotação. A adubação orgânica, além de reter umidade no solo, é fundamental para fornecimento de macronutrientes e micronutrientes. As quantidades poderão ser variáveis, dependendo do tipo de material orgânico. Podem ser utilizados estercos ou adubação verde (Josefino F. F. et al., 2013).
4.8. Tratos Culturais Cultura da Mandioca
Os tratos culturais compreendem, basicamente, capina ou manejo das ervas daninhas e a poda.
4.8.1. Preparo do solo 
Caso necessário, proceder à limpeza da área antes das operações. Preferencialmente ao efetuar deve-se evitar muita movimentação da camada superficial o que desestrutura o solo e remove a matéria orgânica tem que fazer-se o cultivo mínimo, que consiste em subsolagem e plantio direto. O preparo do solo convencional poderá ser feito por meio de aração e gradagem. Se necessário, fazer uma aração profunda e até duas gradagens, para facilitar o enraizamento da mandioca, (Filho & Silveira, 2012).
4.8.2. Seleção e preparo das manivas 
Segundo (BEZERRA,1996) as manivas são partes dos caules ou ramos das plantas utilizadas para a multiplicação da lavoura no campo. É fundamental que as plantas que sejam usadas como semente estejam livres de ataque de pragas e doenças; daí há importância das plantas que forem usadas no plantio serem monitoradas e avaliadas antecipadamente. 
Outro fator importante é a verificação da maturação dos ramos, o que ocorre entre 10 a 14 meses de vida da planta. Ao se fazer a colecta dos ramos, deverão ser descartados o terço superior da planta, eliminando todos os ramos que tiverem diâmetro menor que 2 centímetros, e a parte inferior da planta que é muito lenhosa. 
Para se plantar um hectare, é necessário de 4 a 6 m³ de manivas. No preparo dos ramos para o plantio, é importante que o tamanho do tolete seja de 15 a 25 centímetros, contendo entre 5 a 8 gemas (IDE) 
Uma boa maniva deve ter diâmetro da medula igual ou menor que 50% do diâmetro total da maniva e isso é obtido utilizando-se os terços mediano e inferior das ramas (Figura 8), tamanho mínimo de 20 cm, 5 a 7 gemas, boa sanidade (livre de danos mecânicos, por insetos ou moléstias).
Figura 5. Posição da maniva na rama de manioca. A) Superior, B) Mediana, e C) Inferior. No corte transversal, destaque para a proporção medula/córtex. Fonte: Thomas, 2015
4.8.3. Conservação da maniva semente 
A falta de coincidência entre época de colheita e plantio torna necessária a conservação de hastes para o próximo plantio (BEZERRA, 1996). As manivas podem ser conservadas por no máximo dois meses, da seguinte maneira: 
a) O local escolhido para armazenamento das hastes deve ser o mais próximo possível da área a ser plantada; 
b) Na colheita de hastes, as plantas são cortadas de 10 a 15cm da superfície do solo, e colocadas em feixes de 100 unidades. Corta-se a parte mais verde da haste ou seja, a ponta; 
c) Hastes longas conservam-se melhor que curtas, por isso recomenda-se hastes entre 50 e 80cm de comprimento 
d) Após serem colhidas, as manivas deverão ser armazenadas de 8 a 12 dias, para diminuir a umidade e evitar o apodrecimento ao se plantar. Os ramos deverão ser acondicionados na vertical e em local sombreado e ventilado; 
e) As hastes, cortadas do mesmo tamanho, devem ser enfeixadas e apoiadas em pé embaixo de árvores com bastante sombra, enterrando cerca de 10cm das estacas no solo; 
f) Depois de arrumadas, as estacas devem ser cobertas com palha seca; 
g) Por ocasião do plantio, os brotos e as pequenas raízes deverão ser retiradas, cortando-se 10cm em cada extremidade. 
4.8.4.Tratamento das manivas durante a conservação 
Para evitar o problema de pragas e/ou doenças das hastes durante o período de conservação, sugere-se que as manivas sejam tratadas com uma mistura de fungicida e insecticida, imediatamente após o corte da planta e antes do armazenamento (BEZERRA, 1996).
4.8.5. Espaçamento de Plantio
O espaçamento no cultivo da mandioca depende da fertilidade do solo, do porte da variedade, do objetivo da produção (raízes ou ramas), dos tratos culturais e do tipo de colheita (manual ou mecanizada). De maneira geral, recomenda-se os espaçamentos de 1,00 x 0,50 m e 1,00 x 0,60 m, em fileiras simples, e 2,00 x 0,60 x 0,60 m, em fileiras duplas. Em solos mais férteis deve-se aumentar a distância entre fileiras simples para 1,20 m. Em plantios destinados para a produção de ramas para ração animal recomenda-se um espaçamento mais estreito, com 0,80 m entre linhas e 0,50 m entre plantas. Quando a colheita for mecanizada, a distância entre as linhas deve ser de 1,20 m, para facilitar o movimento da máquina colhedeira. Se o mandiocal for capinado com equipamento mecanizado, deve-se adotar espaçamento mais largo entre as linhas, para facilitar a circulação das máquinas; nesse caso, a distância entre fileiras duplas deve ser de 2,00 m, no caso do uso de tratores pequenos, ou de 3,00 m, para uso de tratores maiores (BEZERRA,1996).
4.8.6. Controlo das ervas daninhas
A mandioca é sensível à competição do mato, principalmente na fase inicial da lavoura, devendo ser mantida no limpo nos 100 primeiros dias do ciclo. Para eliminação de plantas invasoras (mato) pode se utilizar a enxada, herbicida ou, ainda, cultivadores.
4.8.7. Irrigação 
A mandioca é uma cultura que apresenta boa tolerância à seca ou à falta de água no solo, quando comparada com outras culturas. Por essa razão, praticamente não existem resultados de pesquisa sobre irrigação nessa cultura. No entanto, sabe-se que o suprimento adequado de água para a mandioca é essencial e crítico nas fases de enraizamento e tuberização, que vão do primeiro ao quinto mês após o plantio.
4.9. Pragas da mandioca
A cultura da mandioca por ser de ciclo bianual, está sujeita a diversos ataques de insetos e ácaros, alguns classificados como pragas de maior importância podem causar danos severos a cultura e resultar em perdas no rendimento (Josefino F. F. et al., 2013).
Mandarová – lagarta, com elevada capacidade de consumo foliar, pode atingir até 10 cm, que ocorre entre os meses de novembro a abril.Prejuízos: consome as folhas, sobretudo as mais novas, podendo desfolhar completamente as plantas. Dissemina bacteriose e pode causar até 50% de perda na produção (Josefino F. F. et al., 2013).
Controle: dá-se pelo monitoramento da cultura, que permite detectar a presença de ovos e lagartas nas folhas, os quais devem ser destruídos e retirados da área de cultivo; catação manual das larvas nos focos de infestação; pulverização com Baculovirus.
Percevejo-de-renda – pequenos percevejos de cor cinza (cerca de 3 mm) que vivem em colônias e ficam localizados na face inferior das folhas (Josefino F. F. et al., 2013).
Prejuízos: sugam as folhas, que passam a apresentar manchas amarelas, e causam a sua queda.
Controle: as medidas que devem ser tomadas para reduzir a infestação da praga são: a destruição dos restos culturais; a adoção de plantios consorciados e rotação de culturas. Atenção deve ser dada no período da seca, que favorece a ocorrência da praga. A escolha da variedade é importante já que algumas variedades são menos atacadas.
Ácaros – são pragas de tamanho muito pequeno que vivem, em grande número, na face inferior das folhas, principalmente na época seca do ano, atacam brotos, gemas e folhas novas, provocando sua deformação e o encurtamento dos entrenós, podendo haver morte do ápice dos ramos. Folhas e talos infestados morrem de cima para baixo.
Controlo: Destruir os restos culturais e adotar plantios consorciados e rotação de culturas; retirar as folhas que caem na lavoura, para reduzir a população da praga em pequenas áreas.
Mosca-do-broto – pequenas larvas brancas e sem pernas que ocorrem dentro das brotações, geralmente no início do período chuvoso. Eles bloqueiam as brotações, causam a murcha e o secamento dos brotos, com a morte do ponteiro e atraso no desenvolvimento da planta (Josefino F. F. et al., 2013).
Controlo: retirar o broto da planta que contém a larva e eliminá-lo, para reduzir a população mandiocal.É importante retirar os brotos da área de plantio, uma vez que a permanência deles favorece a reinfestacão das plantas. 
Cochonilha-das-raízes – insetos pequenos (cerca de 8 mm), de forma arredondada, sem asas, que vivem em grandes colônias sobre as raízes, mas que podem colonizar também a parte aérea das plantas. Sugam as plantas desde o início do desenvolvimento, causando atraso no crescimento, redução na produção de raízes e, em altas populações, causam a morte das plantas mais jovens (Josefino F. F. et al., 2013)
Controlo: a principal recomendação é a aquisição e plantio de manivas isentas da cochonilha. Em áreas com histórico de ataque, deve-se eliminar todas as plantas e manter a área sem plantas daninhas e sem tigueras de mandioca até o próximo plantio.
4.10. Doenças da Mandioca
Bacteriose (Xanthomonas axoponodis pv. manihotis)
Sintomas: Manchas angulares, de aparência aquosa, nos folíolos, murcha das folhas e pecíolos, morte descendente e exsudação de goma nas hastes, além de necrose dos feixes vasculares e morte da planta (Josefino F. F. et al., 2013).
A variação brusca de temperatura entre o dia e a noite (amplitude diária de temperatura > a l0ºC durante um período > que cinco dias) é a condição ideal para o pleno desenvolvimento da doença.
Controlo: uso de variedades resistentes (é a medida mais eficiente), utilização de manivas sadias, a adequação das épocas de plantio.
Podridão radicular (Phytophthora sp. e Fusarium sp)
Ataca a cultura na fase adulta, causando podridões "moles" nas raízes, com odores muito fortes, semelhantes ao de matéria orgânica em decomposição; mostram uma coloração acizentada que se constitui dos micélios ou mesmos esporos do fungo nos tecidos afetados. O aparecimento de sintomas visíveis é mais freqüente em raízes maduras; entretanto, existem casos de manifestação de sintomas na base das hastes jovens ou em plantas recém-germinadas, causando murcha e morte total.
Controlo: envolvem a integração do uso de variedades tolerantes, associado a práticas culturais como rotação de culturas, manejo físico e químico do solo, sistemas de cultivo. O uso de variedade tolerante, associado à rotação de culturas e sistemas de plantio, reduz a podridão em cerca de 60%.
Superbrotamento: a doença é causada por um fitoplasma. Os sintomas mais comuns nas plantas infectadas são o envassouramento ou superbrotamento (proliferação anormal de folhas com ramos raquíticos); nanismo; morte de ramos e surgimento de folhas deformadas, pequenas, amarelas ou vermelhas e fora de época.
Controlo: como não existem métodos curativos, são recomendadas as seguintes medidas de controlo preventivo: plantio de material sadio; e frequentes inspeções na lavoura para eliminação de plantas infectadas.
5. Rotação de culturas 
Um dos princípios básicos da racionalização da agricultura é o planejamento da exploração agrícola segundo uma alternância de cultivos. Não é recomendável repetir o plantio da mandioca na mesma machamba em que ela tenha sido cultivada no ano anterior, mas, sim, deve-se plantá-la após outra cultura, como milho, algodão, arroz, soja ou leguminosas plantadas como adubo verde, visto que a mandioca é uma planta esgotante. Para isso, será 20 traçado um programa que se adapte às condições do campo e às possibilidades do mercado. Uma das principais vantagens do plantio em rotação de culturas é possibilitar melhor controlo das moléstias e pragas não comuns às plantações que se sucedem, (Conceição, 2000).
6. Colheita da Mandioca 
Entretanto, normalmente, a colheita é realizada após um ou dois ciclos. As épocas mais indicadas para colher a mandioca são aquelas em que as plantas encontram-se em período de repouso, ou seja, quando pelas condições de clima e do ciclo elas diminuíram o número e o tamanho das folhas e dos lobos foliares e atingiram o máximo de produção de raízes com elevado teor de amido. A colheita é variável em cada região e dependerá das condições climáticas e das variedades cultivadas. Para colheita das raízes para mesa, o ciclo médio é 8 a 14 meses, e para mandioca para indústria, o período é de 16 a 24 meses (FILHO & SILVEIRA, 2012).
O processo de colheita poderá ser mecanizado com a utilização de implementos específicos, para o corte dos ramos e afrouxamento das raízes, e de forma manual, quando a parte aérea é cortada. Com auxílio de enxada, a planta é retirada do solo e as raízes destacadas da touceira (FILHO & SILVEIRA, 2012).
6.1. Armazenamento da Mandioca
De preferência em refrigeração com temperatura em torno de 3 ºC e umidade alta em torno de 95%. Se não for possível, o produto deve ser mantido à sombra e comercializado o mais rápido possível, pois a sua durabilidade é muito pequena (Josefino F. F. et al., 2013)
7. A importância da cultura da mandioca 
A mandioca constitui um dos principais alimentos energéticos para cerca de 500 milhões de pessoas, sobretudo nos países em desenvolvimento, onde é cultivada em pequenas áreas com baixo nível tecnológico. É uma cultura muito importante para a segurança alimentar de milhões de pessoas na África Sub-sahariana e Madagáscar (ITTA 2009). 
A cultura da mandioca é de importância fundamental na mesa, além de muito utilizada na indústria e na alimentação animal. Esse alimento que se trata de uma raiz tuberosa, também contém propriedades que oferecem serotonina ao organismo, substância responsável pela sensação de bem-estar ao cérebro (IDE). 
A principal importância da mandioca, como matéria-prima industrial, é a de ser fonte de amido e seus derivados. O amido acumula-se nas raízes e funciona como um depósito de reservas para os períodos de crescimento e dormência das plantas. O uso de derivados de amido para uso alimentar se justifica pelas seguintes razões:
1) É provido de atributos funcionais que os amidos nativos, normalmente, não possuem. Na mistura para pudim, o amido provêm a capacidade espessante, uma textura suave e capacidade de atuar de forma instantânea;
2) O amido é uma matéria-prima abundante e fácil de se obter;
3) A utilização do amido pode representar uma vantagem econômica quando comparado com outros polímeros como as gomas, que são de alto custo.
7.1. Benefício da Mandioca para saúde 
a) Graças a suas fontes de carboidratos, amido, vitaminais, ferro, potássio e sais minerais, se torna um alimento fundamental para a saúde, tendo um alto valor energético; 
b) A mandioca cozida contém cálcio, magnésio, fósforo, potássio e vitamina C. 
c) Conhecida como aipim ou macaxeira, o alimento faz bem para o coração, é fonte de energia, melhora a digestão e o humor. 
d) A principal recomendação é jamais consumi-la crua, pois pode gerar intoxicação. 
e) Ajuda a controlar os impulsos nervosos e manter os ossos saudáveis; 
f) É fonte de fibras vegetais, que colaboram para o funcionamento do intestino;
g) Não contém glúten, podendo ser consumida por pessoas que sofram de doenças celíacas (intolerância ao glúten); 
h) Além de suas propriedades nutricionais, a mandioca também pode ser usada para tratamentos externos de deartrite, abscessos e edemas; 
i) É um ótimo alimento para pessoas que estejam sofrendo de depressão, pois a mandioca produz serotonina, substância responsável pela sensação de bem-estar 
.
8. Conclusão 
Ao término do trabalho é de salientar que a planta da mandioca apresenta seis fases fisiológicas principais no seu primeiro ciclo vegetativo, sendo as delas, de intensa atividade metabólica, enquanto que a fase final, de baixa atividade, é denominada fase de repouso e para melhor suprir as necessidades da planta é ideal plantar no começo da estação chuvosa, desde que haja humidade suficiente para garantir a brotação da manivas. É fundamental que as plantas que sejam usadas como semente estejam livres de ataque de pragas e doenças; daí há importância das plantas que forem usadas no plantio serem monitoradas e avaliadas antecipadamente. As épocas mais indicadas para colheita da mandioca são aquelas em que as plantas encontram-se em período de repouso, ou seja, quando pelas condições de clima e do cicloelas diminuíram o número e o tamanho das folhas e dos lobos foliares e atingiram o máximo de produção de raízes com elevado teor de amido. A cultura da mandioca é de importância fundamental na mesa, além de muito utilizada na indústria e na alimentação animal.
9. Referências bibliográficas
Josefino F. F. et al. (2013). Mandioca no cerado: questões praticas. 2a. Edição revista e ampliada, Brasília, DF, Embrapa. 
Bezerra, V.S. (2005). Maniva-Semente: seleção, conservação e utilização. 4ª Edição, Macapá: embrapa-cpaf-Amapá,
Conceição, A. J. (2001). A Mandioca. 2 Edição São Paulo: Nobel.
Filho, Waldyr Pascoal e Silveira, Soares Ribeiro (2012).Cultura Da Mandioca (Manihot esculenta) 2ª edição- São Paulo,
ITTA. (2000). A Mandioca na África Tropical, um manual de referência. Nigéria. 
Mattos, P. L. P. & Almeida, P. A. (2001). Colheita da mandioca e processamento da mandioca, Cruz das Almas,.
Guia prático para o cultivo De Mandioca. Embrapa Mandioca e Fruticultura. 2006.
Fonte: (https://www.ecycle.com.br/3973-mandioca acessado no dia 16 de novembro de 2021, pelas 9 horas e 47 minutos).

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