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CAPITÃES DA AREIA- RESUMO POR CAPÍTULO

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Capitães da Areia: Resumo por Capítulo 
Paráfrase da obra “Capitães da Areia” de Jorge Amado, por Bruno Alves 
 
Todos os direitos reservados. 
© 2012-2017 ResumoPorCapítulo.com.br 
 
contato@resumoporcapitulo.com.br 
 
 
 
 
http://resumoporcapitulo.com.br/
ÍNDICE 
PARA ENTENDER A OBRA 3 
CARTAS À REDAÇÃO 3 
Crianças ladronas 3 
Carta do Secretário do Chefe de Polícia 4 
Carta do Doutor Juiz de Menores 4 
Carta de uma mãe, costureira 5 
Carta do Padre José Pedro 5 
Carta do Diretor do Reformatório 5 
Um estabelecimento modelar… 5 
SOB A LUA NUM VELHO TRAPICHE ABANDONADO 6 
O trapiche 6 
Noite dos Capitães da Areia 6 
Ponto das Pitangueiras 9 
As luzes do carrossel 10 
Docas 12 
Aventura de Ogum 13 
Deus sorri como um negrinho 14 
Família 16 
Manhã como um quadro 18 
Alastrim 19 
Destino 21 
NOITE DA GRANDE PAZ, DA GRANDE PAZ DOS TEUS OLHOS 21 
Filha de bexiguento 21 
Dora, Mãe 23 
Dora, Irmã e Noiva 24 
Reformatório 25 
Orfanato 26 
Noite da Grande Paz 27 
Dora, Esposa 27 
Como uma estrela de loira cabeleira 28 
CANÇÃO DA BAHIA, CANÇÃO DA LIBERDADE 28 
Vocações 28 
Canção de amor da vitalina 30 
Na rabada de um trem 31 
Como um trapezista de circo 32 
Notícias de jornal 32 
Companheiros 33 
Os atabaques ressoam como clarins de guerra 34 
Uma pátria e uma família 35 
QUESTÕES DE VESTIBULARES 36 
 
CAPITÃES DA AREIA: RESUMO POR CAPÍTULO 
ResumoPorCapítulo.com.br 3 
 
 
3 
PARA ENTENDER A OBRA 
Capitães da Areia foi publicado em 1937, numa época em que a questão da luta de 
classes, a possibilidade (ou ameaça) de uma revolução socialista tornava-se tema 
cotidiano. O autor Jorge Amado, defensor do comunismo, mesclou fatos e personagens 
reais a uma trama que relata o dia-a-dia de menores abandonados pelas ruas da Bahia. 
Assim construiu uma obra de literatura engajada, que expõe os contornos da sociedade, 
com representação de diversos de seus segmentos (pobres, ricos, clero, policia, 
trabalhadores...) e que sugere uma saída revolucionária, socialista, para a solução dos 
diversos conflitos. 
No entanto o livro não se limita à propaganda comunista, e esse é seu grande mérito: a 
profundeza psicológica dos personagens, a ironia bem-humorada na crítica à sociedade 
e até mesmo um enlace amoroso são ganchos que captam o interesse dos leitores em 
compreender e mergulhar no mundo dos Capitães da Areia. 
Este resumo destina-se a contar o livro em uma linguagem mais acessível e concisa, 
sem deixar de lado os episódios que sustentam a obra como um todo e explicando 
alguns pontos que podem não ficar claros apenas com a leitura do texto original. Em 
alguns casos, para explanações mais completas sobre fatos históricos e expressões da 
época, há links que podem ser acessados diretamente no texto. 
Caso restem dúvidas quanto à obra ou ao próprio resumo, entre em contato pelo site 
ResumoPorCapítulo.com.br ou envie um e-mail para 
contato@resumoporcapitulo.com.br. Teremos prazer em ajudar! Boa leitura! 
CARTAS À REDAÇÃO 
Cartas à Redação não é exatamente um capítulo, mas sim o título dado à primeira parte 
do livro, que reúne diversas cartas e publicações de um jornal. Nesta parte é feita a 
introdução dos personagens que mais adiante protagonizarão a história. Não pode ser 
confundida, no entanto, com uma mera introdução formal – que poderia ser “pulada” 
sem maiores problemas –, ler as Cartas à Redação é essencial para entrar na atmosfera 
da obra como um todo: entender a estrutura da sociedade, seus personagens e suas 
opiniões. 
Crianças ladronas 
O livro se inicia com a reprodução de uma reportagem do Jornal da Tarde, na página 
policial, relatando uma onda de assaltos causada por um bando de menores, talvez mais 
de cem, entre 8 e 16 anos, que se abrigam na região das praias – sendo intitulados, 
portanto, de “Capitães da Areia”. Haveria entre eles um líder, de apenas 14 anos, 
responsável por crimes graves. 
http://resumoporcapitulo.com.br/
mailto:contato@resumoporcapitulo.com.br
CAPITÃES DA AREIA: RESUMO POR CAPÍTULO 
ResumoPorCapítulo.com.br 4 
 
 
4 
O último caso foi um roubo à residência do Comendador José Ferreira: após cercarem a 
casa, os jovens a invadiram, assustando a mulher do comendador e sua empregada; o 
jardineiro ouviu gritos e armou-se com uma foice, mas os criminosos já saíam da casa 
carregando diversos objetos; o neto do Comendador, Raul, 11 anos, estava no jardim, 
quando encarou o líder do bando de ladrões, que acabou fugindo ao ver o jardineiro 
aproximar-se. 
O Jornal exige providências do Chefe de Polícia e do Juiz de Menores, para castigar os 
malandros e defender as distintas famílias. 
Intitulada “A opinião da inocência”, surge a fala do garoto Raul: o chefe dos “Capitães 
da Areia” conversou com ele, dizendo que ele não sabia brincar; Raul retrucou, dizendo 
que tinha muitos brinquedos; o assaltante riu, afirmou que ele tinha a rua e o cais; Raul 
acaba dizendo que gostou do rapaz, que parecia viver uma aventura, como nos filmes. 
O Jornal alerta, por fim, sobre a má influência do cinema na mente das crianças, que se 
encantam por “aventuras”. 
Carta do Secretário do Chefe de Polícia 
O Secretário do Chefe de Polícia envia uma carta ao Jornal, que é publicada na primeira 
página, com um clichê (foto) do Chefe de Polícia, seguida de um comentário elogioso. 
Na carta o Doutor Chefe de Polícia comenta os assaltos dos “Capitães da Areia”, 
afirmando que é necessária alguma ação por parte do Juiz de Menores, enquanto a 
Polícia não merece críticas, pois ela apenas cumpre ordens. 
Carta do Doutor Juiz de Menores 
O Juiz de Menores envia uma carta ao Jornal, em resposta à do Chefe de Polícia, 
negando que tenha fugido às suas obrigações: a ele cabe definir como os menores 
cumprirão pena, o que só acontece depois de feitas as prisões, uma atividade exclusiva 
da Polícia. 
Relata ainda que muitos menores são encaminhados ao Reformatório, mas de lá fogem 
sem um motivo claro, considerando que lá são tratados com carinho e paz. 
A carta também tem destaque, com um clichê (uma fotografia) do Juiz, e recebe elogios 
do Jornal. 
CAPITÃES DA AREIA: RESUMO POR CAPÍTULO 
ResumoPorCapítulo.com.br 5 
 
 
5 
Carta de uma mãe, costureira 
Agora é a mãe de um dos garotos, Alonso, que fora internado no reformatório, quem 
escreve ao Jornal. A publicação, no entanto, aparece na quinta página, entre anúncios, 
sem qualquer comentário, sem clichê (fotografia). 
A carta denuncia os guardas do reformatório pelo tratamento dado aos jovens, que 
apanham, trabalham como escravos e são maltratados o tempo todo. Considera melhor 
seu filho estar com os Capitães da Areia do que internado. 
Sugere ainda que visitem o reformatório de surpresa, para flagrar a realidade do local. 
Cita o Padre José Pedro, que foi capelão de lá e também sabe de tudo o que acontece. 
Carta do Padre José Pedro 
Atendendo ao chamado da mãe de Alonso, Maria Ricardina, o Padre envia uma 
correspondência ao jornal reafirmando as críticas ao reformatório: espancamentos e 
castigos físicos geram ódio nas crianças, impedindo-as de saírem da obscuridade em 
que vivem. 
A carta aparece na terceira página, sob o título “Será verdade?”. 
Carta do Diretor do Reformatório 
O jornal recebe uma carta do Diretor do Reformatório desmentindo as acusações 
recebidas. Ele afirma que não havia dado atenção à carta da costureira, uma 
“mulherzinha do povo”, mas indignou-se com as palavras do Padre que, por sua vez, era 
um inimigo do seu estabelecimento, tendo feito visitas fora dos horários estabelecidos, 
além de incentivar os jovens a se rebelarem. 
Convida um repórter a visitar o local, porém, em uma data preestabelecida, segunda-
feira, para “cumprir o regulamento” (ah, tá). 
A carta aparece na terceira página, com uma nota indicando que a visita será realizada 
na semana seguinte. 
Um estabelecimento modelar… 
Na primeira página do jornal surge uma matéria relatando que o Reformatórioé um 
local perfeito: onde as crianças se regeneram; o diretor é um amigo; e ali os Capitães da 
Areia deveriam ser internados. Havia diversos clichês (fotografias) do reformatório e do 
seu diretor. As acusações seriam mentirosas. 
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6 
SOB A LUA NUM VELHO TRAPICHE ABANDONADO 
Nesta segunda parte do livro seremos levados a mergulhar no mundo dos Capitães da 
Areia, em episódios que ilustram o dia-a-dia do bando, apresentando alguns de seus 
membros, suas histórias, suas personalidades, seus sonhos e frustrações. 
O trapiche 
Trapiche é uma espécie de ponte de madeira que vai em direção ao mar para atracar 
veleiros que não podem chegar muito perto da praia, devido ao risco de encalhe. Era sob 
um trapiche abandonado que viviam os Capitães da Areia. O mar não alcançava mais o 
lugar, graças ao areal formado pela construção do cais do porto, tornando-o um abrigo 
ideal. 
Antes das crianças, ratos e cachorros habitavam a região, que também compreendia um 
casarão onde mercadorias eram estocadas. Quando a porta do lugar cedeu, os meninos o 
tomaram como refúgio, levando para lá os frutos de seus furtos diários. 
Entre as dezenas de crianças, de 9 a 16 anos, havia o líder, chamado Pedro Bala. Tinha 
15 anos, vivia como vagabundo desde os cinco, nunca soube quem era sua mãe, teve o 
pai morto a tiro. Conhecia a cidade inteira. 
Antes de Pedro Bala, o bando era comandado por Raimundo, um caboclo, mulato 
avermelhado, forte. No entanto, Pedro Bala se destacou assim entrou para o grupo, com 
características de um líder nato. Na primeira discussão com Raimundo, Pedro teve seu 
rosto cortado por uma navalha. Os demais garotos defenderam Pedro, por estar 
desarmado. Na oportunidade de uma revanche, quando Raimundo batia no Barandão, 
um dos negrinhos mais jovens do grupo, Pedro defendeu-o, com seus cabelos loiros, sua 
cicatriz vermelha no rosto e sua agilidade, e derrotou Raimundo, que abandonou o areal 
e embarcou num navio. 
Dali em diante Pedro Bala seria o principal membro dos Capitães da Areia, grupo de 
garotos mal vestidos, agressivos, esfomeados e mal educados, que se tornava cada vez 
mais conhecido pela cidade. 
Noite dos Capitães da Areia 
Iniciava-se a noite quando o negro João Grande caminhava em direção ao trapiche dos 
Capitães da Areia. Com treze anos, desde os nove vive com o bando. Seu pai, 
carroceiro, morrera atropelado por um caminhão, tragédia que levou João Grande a 
abandonar sua casa. O negro logo se tornou um dos líderes dos garotos, não devido à 
sua inteligência, mas a sua força física. Era querido por Pedro Bala. João Grande vinha 
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da Porta do Mar, um bar onde havia se encontrado com Querido-de-Deus, famoso 
capoeirista que visitaria o trapiche para dar aulas a alguns meninos do bando. 
No trapiche, em meio às dezenas de crianças que dormiam, estava o Professor, lendo à 
luz de uma vela. Especializado no roubo de livros, o garoto lia-os com ânsia, 
acumulava-os em pilhas, sob tijolos – para evitar que ratos os roessem. Algumas vezes 
ele contava as histórias aos outros meninos, despertando a imaginação e livrando-os 
daquela realidade por instantes. João Grande aproximou-se do Professor, aguardando 
para que ele terminasse a leitura e lhe contasse a história. 
Sem-Pernas, garoto coxo (manco), era o “espião” dos Capitães: valendo-se da 
deficiência física convencia senhoras a abrigá-lo por uma noite, o suficiente para que 
tomasse conhecimento das casas que seriam futuros alvos de furtos pelo grupo de 
meninos. Zombador, no momento estava fazendo troça do Gato, rapaz que havia 
roubado um anel com a intenção de impressionar garotas – apesar de o mais velho ter 
dezesseis anos, os meninos já conheciam os segredos do sexo. Sem-Pernas e ele 
iniciavam uma briga quando Pedro Bala veio apartar, chamando-o para uma reunião. 
Reuniram-se, além de Pedro e Sem-Pernas, João Grande e o Professor. Planejavam as 
ações do dia seguinte: Gonzales, um receptor de roubos, havia encomendado um chapéu 
– alguns reclamaram que ele pagava mal os serviços, mas por fim aceitaram a missão. 
Sem-Pernas seria o responsável pelo negócio, já que Pedro Bala, João Grande e o Gato 
teriam a capoeira com o Querido-de-Deus. 
Para formar o grupo que atuaria no roubo do chapéu, Sem-Pernas foi em direção a 
Pirulito, garoto magro, amarelo, muito apegado à religião. Após acertarem detalhes do 
que fariam no dia seguinte, Pirulito foi para seu canto, onde tinha um santuário 
improvisado, e iniciou sua reza, de joelhos. Esse costume, inicialmente, era motivo de 
pilhéria dos outros meninos, mas com o tempo acostumaram-se a ele. Sua oração pedia 
que fosse levado para um colégio onde poderia se tornar sacerdote. 
Sem-Pernas ainda tinha intenção de burlar com Pirulito, mas vendo-o compenetrado em 
sua reza, quase em êxtase, desistiu da ideia. Geralmente Sem-Pernas não media suas 
brincadeiras: zombava de todos, mesmo dos líderes, mesmo de quem ele era amigo – 
era sua forma de amenizar o sofrimento que via em tudo. Tinha fama de malvado por 
algumas ações violentas, mas quem o conhecia mais a fundo o considerava um bom 
garoto. Nunca teve família, morava com um padeiro que sempre o surrava. Fugiu em 
busca da liberdade, mas sofreu na mão de soldados bêbados que se aproveitaram de seu 
defeito físico, prendendo-o e fazendo-o correr em círculos, numa sala, enquanto era alvo 
de borrachadas ao tentar descansar. Sem-Pernas chorou tanto por esse fato que suas 
lágrimas secaram. Conheceu os Capitães da Areia por meio do Professor, garantindo um 
abrigo seguro e uma utilidade para sua deficiência – quando conseguia infiltrar-se em 
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casas de família, enganado senhoras que o recebiam por piedade. Sentia satisfação em 
enganar aquelas mulheres, seu verdadeiro desejo era ter uma bomba que explodisse a 
cidade inteira, assim teria seu ódio satisfeito. Ou talvez, se recebesse carinho e atenção 
de uma mãe, que o protegesse durante o sono, impedindo os pesadelos recorrentes com 
os guardas que o torturavam. 
Naquela hora Gato ainda não dormia. Garoto metido a elegante, ele foi trazido ao grupo 
aos treze anos, pelo Boa-Vida, rapaz que sentia atração pelo seu charme. No entanto, ao 
compreender suas intenções amorosas, Gato distanciou-se dele por algum tempo – ele 
queria mesmo era mulher. Daí que sempre saía à noite à rua das mulheres. Bem 
arrumado, ele chegava a ser desejado, mas ao mesmo tempo era menosprezado por não 
ter dinheiro para pagá-las. Às vezes era recebido por alguma mulher, só depois que ela 
já tinha trabalhado o bastante para garantir seu sustento do dia seguinte. Mas tinha 
desejo por uma em especial, Dalva, que inicialmente possuía um amante, Gastão, um 
flautista que a visitava todas as noites. Certa vez Gastão não apareceu, estava com outra 
mulher, então Dalva recebeu Gato e, surpresa com seu desempenho, passou a aceitá-lo 
sempre. 
Sem-Pernas via Gato sair para sua noitada e observava a multidão de crianças 
amontoadas no trapiche. Pensava nas vezes em que muitas delas morriam doentes. A 
liberdade que tinham era pouca coisa, comparada à desgraça em que viviam. 
Levantou-se o negro Barandão, dirigindo-se ao areal. Desconfiando que ele tentasse 
esconder algum fruto de roubo – o que era proibido pelas regras dos Capitães da Areia – 
Sem-Pernas o seguiu, até descobrir que ele ia se recostar num outro garoto, Almiro, de 
doze anos. Os meninos se acariciavam, chamando-se de “meu filhinho”. 
Sem-Pernas ficava angustiado, tinha vontade de fugir. Cada garoto do trapiche tinha 
uma forma de escapar àquela realidade: Barandão tinha Almiro, Professor tinha seus 
livros, Gato tinha sua mulher… Mas Sem-Pernas só tinha seus pesadelos. 
Pedro Bala despertou na madrugada com um barulho: umvulto se aproximava de 
Pirulito. Era um menino que tentava pegar alguma coisa de seu companheiro e foi 
surpreendido pelo líder o bando, que não tolerava roubos dentro do trapiche. Alguns 
acordaram com a luta dos dois, quando o menino explicava a Pedro que só queria ver 
uma medalha do outro rapaz. Pirulito, percebendo a situação, pediu que Pedro o 
deixasse. Por fim o menino contou que queria a medalha para dar a uma garota. Pirulito 
entregou-lhe o objeto, pedindo apenas que não contasse isso a Pedro Bala. 
Volta Seca entrou no trapiche. Vindo da caatinga, ainda tinha o costume de calçar 
alpercatas (calçados simples, com tiras de couro). Trouxe um jornal para que o 
Professor lesse. Era uma notícia de Lampião e seu bando, bem sucedido em mais um 
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ataque. Ao final, com um sorriso no rosto, levou consigo o jornal, de onde iria recortar o 
retrato de seu herói. 
Ponto das Pitangueiras 
Pedro Bala, Gato e João Grande foram ao encontro do Querido-de-Deus para a aula de 
capoeira, num terreno próximo ao bar Porta do Mar. No fim do treino foram ao salão 
beber e jogar cartas, aguardando um homem que queria encomendar algum serviço. 
Nesse meio tempo os garotos ganharam certo dinheiro com trapaças do Gato no jogo de 
cartas. Enganaram uma dupla de marinheiros que imaginava que seria fácil derrotar 
aqueles meninos. 
O homem esperado não apareceu. Os garotos já iam embora quando um intermediário, 
que havia feito o contato inicial com Querido-de-Deus, apareceu no bar e explicou que 
deveriam se encontrar mais tarde com seu patrão. Questionado se aquelas crianças 
dariam conta do serviço, Querido-de-Deus garantiu que sim, e foi embora para seu 
barco. 
Os três garotos foram ao trapiche, que estava vazio. Sem-Pernas ainda não havia 
voltado do trabalho atrás do chapéu, as demais crianças deviam estar à procura do 
jantar. Os três foram a um restaurante gastar o dinheiro ganho no baralho. O garçom 
sabia da fama do grupo e insinuou que não os receberia, mas os atendeu assim que viu o 
dinheiro na mão do Gato. 
Após jantarem, iriam ao Ponto das Pitangueiras encontrarem com o homem. Antes, 
Gato foi até a Dalva avisar que não apareceria naquela noite. 
Joel, o tal homem, logo apareceu e os levou para sua casa, desconfiando um pouco da 
capacidade dos Capitães para a tarefa. Explicou que precisava trocar um embrulho que 
estava na casa de um vizinho, provavelmente sob a guarda de um criado, antes que o 
patrão voltasse à residência. Os garotos logo imaginaram que se tratasse de um caso de 
traição entre Joel e a mulher do tal vizinho, no embrulho do criado deviam estar as 
cartas que provavam o romance. Acertaram as contas do trabalho, recebendo parte 
adiantada e garantindo que caso fossem pegos não denunciariam o contratante. 
Os garotos foram ágeis: chegaram à casa, distraíram o cachorro; Pedro Bala e João 
Grande entraram à procura do embrulho no quarto do empregado, mas não o 
encontraram; foram à cozinha e lá estava, sob as pernas do criado; Pedro pediu a João 
que fosse até o portão e tocasse a campainha, distraindo o mordomo; assim foi, e o 
embrulho estava trocado. 
CAPITÃES DA AREIA: RESUMO POR CAPÍTULO 
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Pedro pulou o muro para fora e assobiou, chamando seus companheiros, mas só Gato 
apareceu. Temeram que o Grande tivesse sido pego, mas ele logo surgiu: ao tocar a 
campainha percebeu que a mulher da casa estava assustada, na janela do seu quarto, e 
foi até lá para consolá-la, avisando que já haviam recuperado o embrulho. Gato fez troça 
da situação, perguntando se a dama “era boa”. Saíram os três rindo da cara do homem 
que descobriria que o conteúdo do pacote não era o esperado. 
As luzes do carrossel 
Grande Japonês era o nome de um antigo e desgastado carrossel que passava pela 
cidade. Nhozinho França, seu dono, contava sua história para os meninos Volta Seca e 
Sem-Pernas: além do carrossel, possuía uma roda-gigante e uma sombrinha, que 
ficavam em uma praça na área nobre da cidade, só recebendo famílias endinheiradas; 
com o tempo, porém, o gosto pela bebida fez com que ele se endividasse, perdendo a 
roda-gigante, a sombrinha e seus clientes; começou a andar pelo interior do estado só 
com o carrossel, atendendo um público mais pobre, apenas cobrindo seus custos e sua 
bebida; certa vez foi a salvação de uma cidadezinha que era invadida por Lampião: ele e 
seu bando se encantaram pelo brinquedo, deram muitas voltas, e acabaram por não 
atacar os moradores. 
Entusiasmados pelas histórias, os garotos não hesitaram em aceitar uma proposta do 
Nhozinho França: trabalhariam para ele enquanto o Grande Japonês estivesse na cidade, 
vendendo ingressos, cuidando do maquinário e da pianola, recebendo pagamento 
conforme houvesse público. 
Os meninos nunca haviam tido a chance de estar num carrossel. Sem-Pernas, certa vez, 
conseguiu dinheiro para ir a um Parque de Diversões, mas foi barrado por estar vestindo 
farrapos; com raiva, meteu a mão na bilheteria do parque e saiu correndo, sendo 
chamado de ladrão; saiu com cinco vezes o valor que tinha ao entrar, no entanto preferia 
ter conseguido andar no carrossel. Agora, com a oportunidade que tinha, Sem-Pernas 
não via Nhozinho França apenas como um homem bêbado, mas como um ídolo, um 
salvador. 
Quando Sem-Pernas contou a novidade aos garotos do trapiche, muitos duvidaram, até 
que Volta Seca, enquanto mexia com seu revólver, furtado de uma casa de armas, 
confirmou, contando ainda sobre a aventura de Lampião no brinquedo. Os garotos 
sentiram inveja da alegria dos dois, que trabalhariam no carrossel. Depois de ajudarem a 
armar o Grande Japonês, ficou combinado que uma noite levariam todos os meninos do 
trapiche para brincar. 
Quando chegava a noite, Volta Seca ficava à frente do carrossel, imitando animais, 
chamando o público e vendendo entradas; Sem-Pernas aprendeu a lidar com as 
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máquinas e cuidava para que nenhuma criança ficasse mais tempo que o devido no 
brinquedo. 
Certa hora Nhozinho França mandou Volta Seca brincar enquanto Sem-Pernas cuidava 
da entrada. O menino subiu no cavalo que outrora fora de Lampião, imaginando-se com 
arma em punho, atirando em policiais e fazendeiros, seus inimigos. Depois foi a vez do 
Sem-Pernas, que via aquele momento como sagrado, experimentava o que só as 
crianças que tinham família, casa e carinho podiam ter, sem medo de soldados que 
poderiam surrá-lo. 
No trapiche havia ansiedade pela visita ao carrossel quando, numa tarde de domingo, 
receberam a visita do Padre José Pedro. 
O Padre tornou-se amigo dos Capitães da Areia por meio de Boa-Vida, que certo dia 
estava na igreja, prestes a roubar um relicário dourado. Boa-Vida não era muito 
engajado nos roubos do bando, mas de vez em quando conseguia algo que entregava a 
Pedro Bala, como pagamento pela estadia no trapiche; ele gostava mesmo era da 
liberdade, de andar pela cidade, pelas praças, conhecer as pessoas. Tal abertura permitiu 
que o Padre entrasse em contato com os meninos. 
José Pedro era um padre diferente: entrou para o seminário já mais velho; nunca 
conseguiu ser bom aluno, apesar de sua grande devoção; seu grande objetivo era 
trabalhar com a catequização de índios ou crianças – por isso se interessava nos 
Capitães da Areia. Desapontado com o reformatório da cidade, onde já havia arranjado 
problemas por denunciá-lo ao jornal, imaginava resgatar os meninos e entregá-los aos 
cuidados das beatas que frequentavam a Igreja, mas percebeu que isso também não 
daria certo, já que o maior interesse das senhoras era apenas bajular os membros do 
clero. Chegou a demonstrar insatisfação com o comportamento dessas mulheres, 
criando inimizade com algumas delas. Além disso, uma experiência havia mostrado que 
os meninos de rua gostavam daliberdade que tinham, e não abririam mão dela em troca 
de uma vida regrada, cheia de obrigações religiosas. 
A relação com os Capitães da Areia deu-se com facilidade, já que o Padre José Pedro 
conversava com eles de forma natural, como homens, como amigos. Apensar de não ter 
grandes devotos entre os garotos – com exceção a Pirulito – ele tinha o respeito de 
todos. 
Naquela tarde o Padre foi ao trapiche fazer um convite: tinha dinheiro para levar todos 
os garotos ao carrossel e esperava uma grande comoção das crianças, mas não teve a 
reação esperada. Encabulados, os meninos explicaram que Volta Seca e Sem-Pernas 
estavam trabalhando no brinquedo, e os levariam de graça à noite. O Padre ficou 
envergonhado, pensando aquilo ser um sinal divino do pecado que havia cometido: o 
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dinheiro era da Igreja, parte do que foi dado por uma senhora para comprar velas. 
Percebendo o constrangimento os meninos o apoiaram, dizendo que compreendiam a 
boa intenção dele. Convidaram-no para ir ao carrossel, de qualquer jeito. 
Na praça os garotos admiravam a beleza do Grande Japonês. O Professor, com giz e 
uma tampa de caixa, iniciou um desenho de Volta Seca vestido de cangaceiro – ele tinha 
certa habilidade nesta arte, que também lhe rendia algum dinheiro, dado pelas pessoas 
que passeavam – elas ainda lamentavam que as crianças de rua não tivessem apoio do 
governo para explorar suas capacidades artísticas. 
Certa hora surgiu uma senhora junto ao Padre, exclamando descontentamento por vê-lo 
em meio àquelas crianças maltrapilhas. José Pedro tentou argumentar, lembrando o 
amor de Jesus pelos pequenos, mas a senhora insistia que eles não eram crianças, e sim 
ladrões, ameaçando o Padre por seu comportamento. 
À noite, após uma chuva que dispersou a multidão, Sem-Pernas ligou o carrossel e os 
Capitães da Areia puderam experimentar a alegria que antes lhes era impossível. Por 
instantes esqueceram-se de que não tinham família, dinheiro, que eram vistos como 
meros ladrões… Eram, mais do que nunca, crianças sob o brilho das luzes do Grande 
Carrossel Japonês. 
Docas 
Pedro Bala, Boa-Vida e Pirulito esperavam o retorno do saveiro do capoeirista Querido-
de-Deus, que estava numa pescaria. Andando pelas docas, Pedro Bala confidenciava a 
Boa-Vida que gostaria de trabalhar em navios, enquanto Boa-Vida não queria deixar a 
cidade – onde tinha uma vida de malandro garantida. 
João de Adão, velho estivador negro conhecido por sua participação em greves, chamou 
os dois garotos para conversar. Havia num canto uma negra velha, Luisa, vendendo 
cocadas e laranjas, com quem Boa-Vida brincou, avaliando seus peitos. 
Durante a conversa eles lembravam-se das primeiras greves, lideradas por Raimundo, 
“Loiro”, pai de Pedro Bala, que de sua família pouco sabia. João de Adão prometeu ao 
garoto que, quando ele quisesse, teria trabalho garantido nas docas, em memória de seu 
pai, que havia morrido lutando pelo direito dos estivadores. O menino se orgulhava em 
saber que seu pai havia deixado uma história. Luisa lembrou-se também da mãe de 
Pedro Bala, uma mulher da cidade alta (rica), fugida de sua casa com Raimundo, 
morreu quando ele tinha menos de seis meses. 
Chegou um navio e todos os estivadores começaram a trabalhar. Pedro Bala observava a 
movimentação e se imaginava liderando greves, como seu pai. Luisa observou que 
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ResumoPorCapítulo.com.br 13 
 
 
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Pedro parecia-se muito com Raimundo. Em instantes chegou Querido-de-Deus, que 
logo vendeu sua pescaria. 
Após o jantar, Pirulito foi encontrar Padre Pedro. Os demais foram ao terreiro de 
candomblé, onde surgiu o orixá Omolu, cantando sobre a miséria dos pobres, 
prometendo que mais cedo ou mais tarde ela teria um fim. 
Pedro Bala voltava sozinho ao areal, pensando em seu pai, nas greves, na mensagem de 
Omolu, até que cruzou seu caminho uma negrinha jovem, que despertou um desejo no 
chefe dos Capitães da Areia. Pedro a perseguiu, até alcançá-la, tentando abrir suas 
pernas e enfrentando resistência da menina, que se dizia donzela. O garoto propôs que 
só entrasse “por trás”, para preservar sua virgindade, o que foi aceito. No entanto o 
menino precipitou-se e quase tirou a honra da garota, que quis escapar. Por fim, Pedro 
acompanhou a menina, de mãos dadas, para defendê-la de outros marginais, e pediu que 
ela voltasse outras vezes. 
A garota chorava. Quando se distanciou de Pedro Bala, ela rogou pragas ao menino. Ele 
seguiu pelas areias da praia sentindo desespero por sua realidade, sentindo raiva da 
cidade rica, e sentindo pena da menina que, afinal de contas, também era apenas uma 
criança, como ele. 
Aventura de Ogum 
Don’Aninha era uma mãe-de-Santo amiga dos Capitães da Areia, ajudando-os a curar 
doenças, ou mesmo com uma palavra amiga, assim como fazia com todos os pobres da 
Bahia. Os garotos tinham para com ela o mesmo respeito que tinham com o Padre José 
Pedro. 
Numa noite de inverno o céu se agitava: “Ogum se revoltava”, dizia Don’Aninha. A 
polícia havia apreendido um Ogum que estava no altar de um terreiro. Agora ela pedia 
ajuda aos Capitães da Areia para resgatar a imagem, que era guardada numa sala da 
delegacia. Antes Aninha havia falado com um professor da faculdade, estudioso do 
candomblé, mas ele estava mais interessado em ter a imagem em sua coleção pessoal do 
que em ajudar o terreiro. 
Os pobres eram impedidos até mesmo de ter sua fé, de cantar para seus deuses, era o 
que dizia a mãe-de-Santo, convencendo Pedro Bala a cumprir a arriscada tarefa. Padre 
José Pedro falava em uma justiça divina, no reino dos céus, onde todos seriam iguais, 
mas o líder dos Capitães não acreditava que isso compensasse a injustiça que acontecia 
em terra, e precisava fazer sua parte. 
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Sem-Pernas e João Grande não acreditavam que seria possível recuperar o Ogum da 
delegacia, mas Pedro Bala, que havia dado sua palavra, fez um plano rápido e saiu para 
cumpri-lo. 
A noite de tempestade fazia os garotos se amontoarem contra o frio. Alguns tinham 
paletós e sobretudos, como o Professor. Certo dia ele desenhava na calçada um homem 
que trajava um grande sobretudo, mas o homem não gostou do desenho e chutou o 
garoto. Revoltado, o Professor o perseguiu e, após cortar sua mão com uma navalha, 
roubou-lhe o sobretudo. Anos depois, quando ele fosse um pintor admirado pelo país, 
sempre retrataria os homens ricos, gordos, com seus grandes sobretudos. 
Pedro Bala se dirigia para frente da Central de Polícia, chamando um guarda e pedindo 
que o deixasse dormir na delegacia, pois estava perdido de seu pai. Sem reconhecê-lo 
como o líder dos Capitães, o guarda apenas o mandou embora. Pedro saiu com cara de 
choro, em direção ao ponto do bonde, onde desembarcou um casal. O garoto ameaçou 
roubar a mulher, chamando a atenção do guarda que o levou, enfim, para dentro da 
delegacia. Lá ele já avistou a imagem de Ogum, guardada num armário, na sala onde 
outros marginais esperavam para conversar com o comissário. Embrulhou o Ogum em 
seu paletó e o fez de travesseiro. 
Durante a noite Pedro Bala foi chamado ao comissário, que desconfiou de sua história: 
ele seria filho de um pescador que não voltou do mar durante a tempestade daquela 
noite e fingiu roubar o casal que saía do bonde apenas para que fosse abrigado na 
delegacia. Para convencer o policial, Pedro informou o nome de um verdadeiro 
saveirista (pescador), que ele conhecia. O comissário confirmou a identidade do suposto 
pai do garoto e o liberou. Ninguém notou quando Pedro Bala levou Ogum consigo, 
enrolado em seu paletó. 
Nas ruas da Bahia, Pedro cruzou com João Grande, Gato e o Professor, que estavam à 
sua procura. Pedro Bala admitiu que teve muito medo de ser descoberto, mas o 
importante era que agorao céu se abria e o sol brilhava novamente, Ogum estava livre. 
Deus sorri como um negrinho 
Numa tarde de inverno, sob um sol suave, Pirulito admirava a cidade. Havia comido os 
restos de um banquete que havia sido servido na casa de um português rico. O dia 
estava lindo. Caminhava e pensava na promessa do Padre José Pedro, de colocá-lo no 
seminário. 
Pirulito pensava em como Deus era bom, por um lado, com tantas coisas bonitas que 
proporcionava aos homens. Por outro lado temia o Deus vingativo que era professado 
por um frade alemão, que descrevia o inferno e todo sofrimento destinado aos que 
pecassem. O menino confundia-se entre os deuses que lhe apresentavam, ainda mais 
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quando pensava na realidade dos Capitães da Areia, todos destinados ao inferno, ao que 
parecia. O próprio Padre José Pedro titubeava na defesa de seu Deus bondoso e justo: às 
vezes cedia ao pensamento de João de Adão, que culpava a sociedade, principalmente 
os ricos, pela miséria enfrentada pelos garotos de rua. Porém, por fim, o padre mantinha 
sua fé em um Deus que ajustaria as coisas. 
Crente que os pecados seriam perdoados, Padre José Pedro já havia atingido um 
importante objetivo com os Capitães da Areia: havia eliminado a pederastia entre os 
garotos. Convencido de que aquelas atitudes eram indignas de homens, Pedro Bala 
expulsou todos os passivos entre os meninos. O padre arrependeu-se da atitude drástica, 
pediu que fosse tentada uma conciliação, mas Pedro foi irredutível, pois “se eles 
voltassem, a safadeza voltaria”. 
João de Adão zombava das tentativas do Padre, dizia que tudo só se resolveria com uma 
revolução, que enquanto os ricos existissem, eles sempre desejariam a prisão e a 
desgraça daquelas crianças abandonadas. 
Entre todos os garotos, Pirulito era a maior vitória do Padre: conhecido inicialmente por 
seus hábitos violentos, o menino aprendeu sobre o céu, Deus, Cristo, sobre bondade, e 
aos poucos abriu mão de suas armas. Tinha seu santuário, com imagens dadas pelo 
padre, onde se ajoelhava, rezava, jejuava. Afastava-se das negrinhas que mostravam 
suas nádegas, pois sabia que aquilo o distanciaria de Deus, reacendendo o temor do 
Deus vingativo. 
Entre o temor do Deus vingativo e o amor do Deus bondoso, Pirulito se dividia ao 
observar numa loja uma imagem da Conceição com o Menino Jesus no colo: magro, 
pobre, sofrendo – diferente da maioria das esculturas, que mostravam um bebê gordo, 
coberto com um tecido caro. A feiura da imagem talvez fizesse com que ela nunca fosse 
vendida, e Pirulito a queria para si, mas não tinha dinheiro. O menino pensava em furtar 
a imagem e idolatrá-la, mas isso poderia ser um pecado. 
O garoto lembra que certa vez um bebê de verdade, muito parecido com o da imagem, 
estava abandonado e foi levado ao trapiche pelo João Grande e cuidado pelo Professor, 
até que Don’Aninha o abrigasse. 
Pirulito volta a pensar em roubar o Menino Jesus da escultura e lembra que só seu 
pensamento já é um pecado, que seria cobrado pelo Deus vingativo, que o inferno lhe 
seria destinado. Mas acaba atraído pela imagem do bebê, imagina a adoração que ele 
pode lhe dar: o agarra e o leva encostado junto ao peito, o Menino Jesus sorria. 
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Família 
Boa-Vida e Pedro Bala foram observar uma casa rica, onde sabiam que só vivia um 
casal de velhos, para planejar um furto. Lá encontram uma empregada da casa, uma 
linda moça, para quem pedem água. Pedro Bala dá uma cantada na jovem, marcando 
um encontro para mais tarde. 
No dia seguinte o Sem-Pernas vai à mesma casa para tentar se infiltrar e conhecer o 
ambiente. A empregada não atendeu a campainha, provavelmente distraída lembrando-
se da noite que passara com Pedro Bala. Surgiu uma senhora grisalha, dona da casa, 
para quem Sem-Pernas fez seu teatro de costume: disse ser um menino aleijado que 
havia perdido seus pais, que queria trabalhar, mas não podia, por causa de seu defeito 
nas pernas. 
A senhora, chamada Ester, encantou-se com o menino: era muito parecido com um filho 
seu, que morreu quando ainda era criança. Ela ofereceu um banho e um almoço para o 
Sem-Pernas que, num golpe de sorte, apresentou-se como Augusto, mesmo nome do 
finado filho. Dona Ester estava comovida, ela se lembrava de seu Augusto brincando no 
jardim, aprendendo a ler, e morrendo repentinamente, com uma febre inexplicável. 
Tomou coragem e ofereceu as roupinhas de marinheiro de seu filho para o garoto. 
Sem-Pernas, bem-vestido, cheiroso, com cabelos arrumados, mal se reconhecia no 
espelho. Em seguida teve o melhor almoço de sua vida e foi orientado por dona Ester a 
ir ao jardim brincar com o gato, chamado Berloque, que tomava sol. Lá retirou seu 
maço de cigarros do bolso, procurando um lugar para fumar escondido, enquanto 
pensava na vida que poderia ter. Ele havia feito aquilo várias vezes, mas nunca havia 
recebido tanta atenção. Geralmente os donos das casas davam alimento e abrigo apenas 
como se fosse uma penosa obrigação, o que fazia Sem-Pernas ter gosto em enganá-los e 
em imaginar seu desespero depois de consumado o furto. Mas agora sentia que dona 
Ester realmente o queria bem, e isso o assusta: ele não quer abrir mão do ódio que sente 
por todos, desde os soldados que o espancaram, até os ricos que o desprezam. Ele quer 
ser logo mandado embora dali para poder orientar os Capitães da Areia no roubo da 
casa. 
À tarde chegou o marido de dona Ester, Raul, um advogado bem-sucedido. Sua mulher 
lhe apresentou o garoto e o dono da casa o aprovou: falou que ele nunca mais passaria 
fome e que mais tarde iriam ao cinema, ele e sua mulher fariam dele um homem! 
Durante a noite, no cinema e no automóvel em que voltavam para a casa, Sem-Pernas se 
controlava para comportar-se bem, não falar palavrões, resistir a pedir uma cerveja, no 
lugar do sorvete que Raul lhe oferece. Dona Ester o leva para dormir num quarto em 
cima da garagem, prometendo que em alguns dias ele ficará no quarto que era de seu 
filho, e despede-se com um beijo de mãe. Naquela noite Sem-Pernas teve seu 
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costumeiro sonho com guardas que o espancavam interrompido pela chegada de dona 
Ester, fazendo com que os soldados morressem de repente. 
No trapiche passaram-se oito dias sem novidades do Sem-Pernas. Pedro Bala visitava a 
casa com frequência, para conversar com a criada, querendo entender o porquê da 
demora de seu companheiro. Certo dia o viu no jardim, bem vestido, observando um 
livro de figuras. Conseguiu chamá-lo e perguntar o que acontecia. Sem-Pernas inventou 
uma desculpa, que os bens mais caros da casa estavam trancados. Pedro contou que 
nesse tempo um dos garotos, chamado Gringo, havia quase morrido de doença, e pediu 
que ele se apressasse. 
Após seu chefe sair, Sem-Pernas ficou pensando em seus colegas do trapiche, passando 
fome, sozinhos, enquanto ele recebia atenção e alimento. Sentiu-se um traidor, como um 
homem que certa vez furou a greve organizada pelo João de Adão e ficou do lado dos 
patrões. E seria a pior traição, iria se transformar num menino mimado, que tanto era 
motivo de chacota dos Capitães da Areia. Não, ele não queria se tornar um traidor. Por 
outro lado havia uma lei dos Capitães que dizia que o bem devia ser pago com o bem. E 
dona Ester o beijava e o chamava de filho, ela fazia o bem, não poderia receber o mal 
em troca. Confuso, Sem-Pernas começou a chorar, e dona Ester, que o observava, 
aproximou-se, pensando que ele chorava pela sua suposta mãe falecida. Ele abraçou-a, 
soluçava, como se o choro fosse um pedido de desculpa pelo mal que faria a ela. 
Certo dia Raul estaria numa viagem ao Rio de Janeiro, era a melhor oportunidade para o 
assalto. Sem-Pernas foi até Ester, dizendo que iria passear no CampoGrande. A senhora 
prometeu que Raul traria uma bicicleta de sua viagem, para ajudar em seus passeios. 
Pela primeira vez o garoto a beijou e a agradeceu por tudo, indo embora para não mais 
voltar. 
Naquela noite Sem-Pernas foi rodeado pelos seus colegas, encantados por suas 
vestimentas, mas ele irritou-se e assim que pode ofereceu trocar de roupas com o Gato. 
Pedro Bala logo chegou com os frutos do roubo, um dos mais fáceis já realizados: 
ninguém na casa notou a invasão, talvez nem dessem falta dos objetos no dia seguinte. 
Sem-Pernas voltou aos seus pesadelos, com guardas o espancando, agora sob os olhares 
de dona Ester, dizendo que ele não era mais seu filho, e sim um ladrão. 
No dia seguinte Pedro Bala ofereceu ao Sem-Pernas parte do dinheiro que conseguiu 
com as peças roubadas, mas ele recusou. O Professor veio com o jornal, que continha 
uma notícia da busca pelo menino “Augusto”, que teria se perdido na cidade – o furto 
nem havia sido notado. Uns garotos zombaram de Sem-Pernas, por ele ter se tornado 
um menino de família, deixando-o enfurecido. Pedro Bala tentou acalmá-lo, dizendo 
que talvez não descobrissem o roubo, mas Sem-Pernas sabia que descobririam assim 
que Raul chegasse. Ele chorava e soluçava, os meninos não entendiam o problema, 
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exceto Pedro e o Professor, que, porém, nada podiam fazer, e puxavam conversa sobre 
outros assuntos, distraindo o garoto que sentia saudade do futuro perdido. 
Manhã como um quadro 
Pedro Bala e o Professor caminham pelas ladeiras da Bahia, apreciam o colorido dos 
casarões, observam os fiéis indo à igreja, moças se debruçando nas janelas, que estão 
enfeitadas com flores, tudo banhado pelo sol abundante. A cidade parece em festa e os 
garotos são entusiasmados por essa alegria. Apesar das poucas moedas nos bolsos e dos 
farrapos que vestem, sentem uma liberdade que parece ser a melhor coisa do mundo e 
caminham juntos, rindo de tudo. 
Animado com tanta beleza, Pedro sugere que o Professor faça uma pintura do lugar, 
mas ele se retrai: quando for desenhar a cidade, não será uma visão alegre. Pedro Bala 
não compreende, pois só vê colorido e beleza, mas o Professor explica que ali também 
existem tristeza e fome, e Pedro concorda, lembrando-se das greves de João de Adão, da 
esperança de um dia os pobres deixarem a pobreza. 
Essa tristeza que acaba saindo nas pinturas do Professor, ele acredita, não existiria caso 
ele aprendesse a desenhar numa escola, aí sim tudo sairia alegre. Pedro Bala pergunta se 
ele já procurou a Escola de Belas-Artes, e ele responde que sim, mas o custo é muito 
caro, impossível de eles pagarem. Para animá-lo, Pedro diz que os desenhos dele são 
muito melhores que os dos alunos da escola, mesmo sem estudos, e que um dia ele vai 
expor sua arte. 
Um homem tocava seu violão e rapidamente ficou cercado de pessoas que cantavam 
com ele, inclusive os meninos do trapiche. Após o fim da canção ele se retirou, o 
Professor sentou-se na calçada, pegou um giz de seu bolso e iniciou o desenho de 
pessoas que passavam por ali e o agradeciam com alguns trocados. 
Vinha na direção dos garotos um senhor de chapéu, com um livro numa mão e uma 
piteira de cigarro na outra. Professor iniciou seu desenho, colocando-o sentado, lendo 
seu livro. O homem encantou-se pela obra, perguntou onde ele aprendera a desenhar e 
chegou à conclusão que estava diante de um grande prodígio das artes. Ofereceu seu 
cartão, com seu endereço, para que o Professor o procurasse, ele talvez o pudesse 
ajudar. Além disso, deu-lhe a bela piteira, ao perceber o interesse do menino nela. 
Rapidamente os garotos saíram correndo: era um guarda que vinha na direção deles e 
perguntou ao senhor se ele havia sido roubado. Sem compreender muito bem o que 
aconteceu, o homem negou, exaltando ainda a qualidade de artista das crianças. O 
guarda retrucou, dizendo que eles eram ladrões, os famosos Capitães da Areia. O senhor 
saiu indignado com o desperdício que se faz de grandes artistas como aqueles meninos. 
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Longe do guarda, Pedro e o Professor foram almoçar os restos de comida de um 
restaurante chique. Antes de usar sua piteira, o Professor a limpou com o cartão que 
recebeu do homem, e o jogou fora. Pedro Bala perguntou se não era melhor guardá-lo, 
para ir à casa daquele senhor, quem sabe ele o ajudara a ser um pintor? Professor fez 
pouco caso e argumentou, com um desânimo que se transformava em ódio: do meio 
deles só podia sair ladrão, só ladrão! 
Ambos não riam mais, estavam tristes em meio à alegria da manhã ensolarada da Bahia, 
que parecia um quadro. Agora eles só enxergavam operários indo ao trabalho. 
Alastrim 
A cidade sofreu uma epidemia de varíola, popularmente chamada de bexiga negra, 
devido às marcas que ficam na pele do infectado. Na parte alta da cidade os ricos foram 
vacinados. A doença desceu para os pobres, mas na sua forma mais branda, conhecida 
como bexiga branca, ou alastrim. 
Na cidade dos pobres a varíola era relacionada ao orixá Omolu, deus africano das 
doenças contagiosas. Ele teria mandado a doença aos ricos, mas eles se protegeram com 
as vacinas, que Omolu não conhecia, e agora os pobres eram castigados. Homens da 
Saúde Pública carregavam os doentes em sacos, que eram enviados aos lazaretos, 
hospitais de quarentena, onde não recebiam qualquer visita e de onde muitos poucos 
voltavam vivos. 
Entre os Capitães da Areia, Almiro foi o primeiro atingido pelo alastrim. Certa noite o 
negro Barandão o procurou para fazer amor – apesar de proibido por Pedro Bala – e 
descobriu que seu companheiro tinha febre e bolhas pelo corpo, avisando logo a todos. 
Sem-Pernas era o único dos líderes do bando presente no momento. Sabendo do caso, 
imediatamente ordenou que o doente se retirasse, para que não infectasse os outros e 
porque os homens da Saúde não podiam entrar no trapiche, senão o esconderijo seria 
descoberto. 
Almiro se recusava a ir embora; Pirulito unia alguns meninos numa oração, pois 
acreditava que a doença era uma punição divina pela pederastia no grupo; Sem-Pernas, 
que ultimamente estava recluso e agressivo com todos, só cuidava de um cachorro que 
lhe fazia companhia, decide expulsar à força o garoto doente. Almiro, no entanto, apela 
dizendo que é do grupo, não merecia ser tratado assim. Ouvindo este argumento, Volta-
Seca se manifesta, salta entre Sem-Pernas e Almiro, com seu revólver na mão, pedindo 
que aguardassem o retorno do chefe do bando. Pirulito saiu correndo, à procura do 
Padre José Pedro, para que os ajudassem. 
Pedro Bala chegou acompanhado do Professor e João Grande. Ao saber do que 
aconteceu, agradece ao Volta-Seca, dizendo que ele fez correto em proteger Almiro, e 
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dá uma dura em Sem-Pernas, dizendo que ele não é o chefe dos Capitães para expulsar 
alguém. 
Professor observa que os ferimentos do garoto indicam apenas alastrim, não era bexiga 
negra. Padre José Pedro, trazido por Pirulito, diz que mesmo assim ele deve ser levado 
para a assistência, para proteger os demais. Pedro Bala não autoriza, pois sabe que todos 
que vão para o lazareto morrem, e, se fosse o caso, seria melhor que o doente morresse 
ali, com eles. 
Após muita discussão, João Grande lembrou que Almiro tinha família, poderia ser 
levado para sua casa e lá um médico poderia visitá-lo. Isto foi feito. Padre José Pedro 
levou um médico para consultá-lo, mas este tal médico chamou a saúde pública: Almiro 
acabou indo ao lazareto, onde morreu, e o Padre foi denunciado como encobridor do 
caso (o médico era da religião espírita). 
José Pedro foi chamado para falar com o Cônego Secretário do Arcebispado. 
Inicialmente pensou que tivesse enfim ganho sua paróquia, mas depois concluiu que 
deveria receberuma punição, por sua relação com os Capitães da Areia. E realmente foi 
o que aconteceu: o Padre se juntava às crianças, recebia reclamações vindas das 
senhoras que mais contribuíam com a Igreja e agora quis esconder um caso de alastrim 
das autoridades, o Cônego precisava colocá-lo em seu lugar: José Pedro não tinha 
inteligência suficiente para entender os desígnios divinos, por isso nunca foi um 
destaque no seminário, por isso não podia afrontar seus superiores. Mesmo ouvindo 
tudo isso, ele ainda tentou argumentar, alegando que precisava salvar aquelas pobres 
crianças que não tinham nenhum amparo, que havia um que até queria ser padre. O 
Cônego acusou-o de comunismo e pediu que se retirasse e se redimisse de seus pecados, 
pois do contrário não conseguiria sua paróquia tão cedo. 
O Padre saiu confuso pelas ruas da cidade: por um lado ele queria respeitar o Cônego, 
pois sabia que era um homem muito inteligente e, portanto, muito próximo de Deus – 
era o que aprendera no seminário; por outro lado sentia que devia ajudar os meninos, os 
humildes. Por fim decide continuar a defender os mais fracos, ajoelha-se e ergue as 
mãos ao céu, agradecendo ao Deus bondoso em que acredita. Mas ele está no meio da 
rua, muitas pessoas apontam e riem do padre, que dizem estar bêbado. 
Agora era Boa-Vida que estava infectado pela bexiga. Ele avisa o Professor, dizendo 
que vai por conta própria ao lazareto, para proteger os seus colegas da doença. Pede que 
só Pedro Bala saiba do seu caso. O Professor vê Boa-Vida indo embora, em direção à 
própria morte, e conclui que ele é um grande homem, dos que têm uma estrela no lugar 
do coração. Querido-de-Deus diz que a estrela destes homens, quando morrem, passa a 
brilhar no céu. 
CAPITÃES DA AREIA: RESUMO POR CAPÍTULO 
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Os casos de varíola diminuíam. Omolu deixou apenas o alastrim chegar aos pobres, mas 
o lazareto fazia com que muitos morressem. As macumbas pediam que Omolu deixasse 
a cidade, ele atendeu ao pedido. 
Boa-Vida voltou ao trapiche, magro, fraco, mas curado da doença. Os garotos 
perguntaram a ele como era o lazareto, ele preferia não lembrar, só dizia que era como 
entrar num caixão para aguardar o enterro. Professor ainda enxergava em seu peito uma 
brilhante estrela. 
Destino 
Os líderes dos Capitães da Areia se reuniam na Porta do Mar, onde esperavam por 
Querido-de-Deus. O bar tinha todas as mesas ocupadas, o que não acontecia desde a 
passagem da varíola pela cidade. 
Os homens comentavam as mortes, ocorridas principalmente com os mais pobres. Um 
velho disse que tudo aquilo era destino, coisa de Deus, que ninguém podia mudar. João 
de Adão, o líder grevista, se opôs: um dia a gente muda o destino dos pobres! O velho 
insistiu que não havia o que fazer. 
João Grande e Boa-Vida concordavam com o velho, mas Professor e Pedro Bala tinham 
fé nas palavras de João de Adão. Pedro interveio: um dia a gente muda… 
O velho questionou como “um frangote” podia saber disso. João de Adão revelou que 
ele era o filho do Loiro, que morreu durante uma greve para tentar mudar o destino de 
todos. O velho aquietou-se em respeito ao menino. O clima de confiança tomou conta 
do lugar. 
NOITE DA GRANDE PAZ, DA GRANDE PAZ DOS TEUS OLHOS 
Agora que já conhecemos bem o dia-a-dia dos Capitães da Areia, a terceira parte do 
livro dará espaço a uma nova personagem, feminina, que trará clima de romance à 
trama. Será contada a história da garota Dora, seu relacionamento com os garotos do 
trapiche, até seu emocionante desfecho. Quem resiste a uma aventura romântica? 
Filha de bexiguento 
Durante certo tempo o morro foi um lugar de silêncio, choro e lamentações. Caixões 
saíam das casas, doentes eram levados em sacos para o lazareto. Entre eles estava 
Estevão, que acabou morrendo por lá. Sua mulher, Margarida, também foi atingida pela 
doença, mas escondeu-se para não ter o mesmo destino do marido. 
CAPITÃES DA AREIA: RESUMO POR CAPÍTULO 
ResumoPorCapítulo.com.br 22 
 
 
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A música e animação já voltavam às ruas quando Margarida sentiu-se melhor e foi em 
busca de suas freguesas para lavar roupas, pois ela precisava sustentar seu filho, Zé 
Fuinha, com apenas seis anos, e Dora, próxima dos quatorze anos de idade. Margarida 
trabalhou o dia todo e no dia seguinte teve uma recaída. Foi dela o último caixão a 
descer o morro por causa da bexiga. 
Dora, que havia cuidado de sua mãe durante a doença, chorava, pensando ainda em 
como cuidaria de seu irmão. Os vizinhos ofereceram comida e discutiam o que fariam 
dos pequenos órfãos. Dora não quis esperar por ajuda e saiu com seu irmão para a 
cidade: lá ela poderia arranjar trabalho numa casa de família, sabia de clientes da mãe 
dela que estavam interessadas em uma ajudante – ainda mais uma garota jovem, para 
quem poderiam pagar um salário menor. 
Dora deixou seu irmão próximo a uma padaria, comendo um pão adormecido que 
conseguiu comprar, enquanto ela ia procurar a casa da freguesa de sua mãe. A 
empregada da tal casa atendeu Dora desconfiada, mas havia um jovem, dezessete anos, 
brincando no jardim, que se interessou pelos seios e coxas da menina, ordenando a 
empregada a chamar sua mãe. 
Dona Laura chegou perguntando o que acontecera com Margarida. Ao saber que a mãe 
havia morrido de bexiga, dispensou a garota, ainda oferecendo dinheiro para que se 
fosse rapidamente: não se podia brincar com a varíola. O rapaz lamentava não poder ter 
aquela menina como empregada, pois tinha uns bons peitos. 
Dora e Zé Fuinha passaram o dia andando em busca de uma casa para trabalhar, mas 
todas os recusavam devido à doença da mãe deles. O dinheiro que Dona Laura lhes deu 
durou até o fim do dia, quando Zé Fuinha aproximou-se de dois garotos que jogavam 
gude. Dora havia comprado alguns pães e ofereceu-os aos meninos, que ouviram suas 
lamentações e ofereceram um abrigo para passarem a noite: o trapiche. 
Eram João Grande e Professor os tais garotos que levavam Dora e seu irmão ao 
esconderijo dos Capitães da Areia. Porém nunca antes uma garota havia participado do 
grupo, o que causou certa confusão quando chegaram ao trapiche: a menina, bonita, 
loira, já trazia traços da juventude, e atiçou o desejo de todos os meninos. João Grande e 
Professor a defendiam de todos os outros, com facas nas mãos, tentando explicar que 
ele era uma menina que perdera os pais, mas os demais pensavam que eles não queriam 
“dividir a comida”. 
Um confronto violento estava crescendo quando o líder Pedro Bala chegou. Ele 
observou a cara de desespero de Dora, que já chorava junto a Zé Fuinha, e foi 
convencido por João Grande que se tratava de “uma menina” apenas, e que não seria 
comida por ninguém. 
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Dissipada a confusão, Dora confiou em Pedro Bala, que disse que ninguém a atacaria. A 
garota tratou dos meninos que se feriram, até fez amizade com alguns deles. Pedro 
informou que ela teria que sair de lá em breve, mas ela ofereceu-se para ajudar a fazer 
comida, coser, lavar roupa. Alguns garotos defenderam que ela ficasse. Pedro Bala 
observava os cabelos loiros de Dora, sob a luz da lua, que invadia o trapiche. 
Dora, Mãe 
Após colocar Zé Fuinha para dormir, Dora foi até o Professor, que iniciaria a leitura de 
um livro. 
Chegou Gato com uma agulha e uma linha nas mãos: ele não conseguia passar a linha 
pelo buraco da agulha e pediu ajuda a Dora. Ela não somente passou a linha pelo 
buraco, como se ofereceu para coser o que ele precisasse: o bolso do paletó, que estava 
gasto, e também as costas de sua camisa. Ao fazer a costura com a camisa ainda no 
corpo de Gato, ela acabava tocando as costas do rapaz. 
A única mulher que tocava as costas de Gato era Dalva, sua amante, que o arranhava 
enquanto faziam amor. Mas o toque de Dora era diferente: lembrava o de sua mãe, 
morta ainda jovem, quando cosia suas roupas. Gato, apesarde agir como homem, 
dormindo com uma prostituta, vivendo de furtos, era ainda uma criança em termos de 
idade e lhe era gostosa a sensação de ser cuidado novamente por uma mãe. Tanto que ao 
final da costura ele sentenciou: “Você é mãezinha da gente agora…”. Dora sorriu. 
Professor compreendeu o que ele quis dizer. 
Aproximou-se João Grande para ouvir a história contada pelo Professor: tratava-se de 
uma aventura em um navio, em que um marinheiro iniciava uma revolta contra o 
capitão malvado, que chicoteava seus subordinados. Chegou também Volta Seca, com 
um jornal na mão. Os garotos expressavam dor a cada chicotada dada pelo capitão, e 
sorriam a cada golpe do marinheiro que, por fim, venceu a luta. Dora acompanhava 
esses sentimentos, sendo observada por todos com muito amor, como se olhassem a 
uma mãe. 
Os meninos retiraram-se, apenas Volta Seca permaneceu. Ele entregou o jornal para o 
professor ler e explicou para Dora que queria saber notícias de Lampião, “seu padrim”. 
Ao contar a história de como sua mãe era valente, assim como Lampião, Volta Seca 
observou que Dora também era uma mulher como sua mãe, valente. 
O jornal contava que Lampião tentou invadir uma cidade, mas esta já estava preparada 
para o ataque. Ele precisou fugir para a caatinga e um de seus homens foi pego, teve a 
cabeça cortada, cuja foto estampava o jornal. Volta Seca enfureceu-se, jurou vingança: 
era hora de ele partir, entrar para o bando de seu padrinho. Dora questionou se ele não 
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teria medo, e ele reafirmou sua valentia: Dora o ouvia com orgulho, assim como uma 
mãe se orgulha de um filho. Professor enxergava, novamente, Dora como uma mãe. 
Pirulito estava sempre distante de Dora, pois acreditava que mulher era uma tentação do 
demônio. Ele precisava ficar cada vez mais longe de pecados para tornar-se padre. 
Naquela noite Dora se aproximou dele, junto de Professor, observando seu pequeno 
santuário e elogiando a imagem do Menino Deus que ele cultuava. Ele lhe apresentou 
todos seus apetrechos, quadros, terços, contou-lhe histórias de santos… 
Agora Dora não parecia para Pirulito mais uma menina com seios crescendo e coxa à 
mostra: era como uma mulher mais velha, como uma mãe. Tanto que ele acabou lhe 
confessando a vontade de ser padre e, mediante a reação positiva da garota, ele ficou 
muito contente, oferecendo a ela, como presente, seu Menino Deus. Mais uma vez 
Professor enxergou em Dora a mãe, agora de Pirulito, e sentia certa inveja de sua 
felicidade. 
Dora e Professor saíram para o areal, onde estava Pedro Bala. O líder dos Capitães 
comentou que ela deveria ir embora do trapiche, mas Professor a defendeu: ela era 
como uma mãe para todos! Assim sendo, Pedro aceitou sua permanência. Entretanto, 
Dora olhava para Pedro Bala não somente como uma mãe, ela tinha uma afeição 
especial por ele, ele era seu herói, e Pedro correspondia a essa afeição em seu sorriso. 
Professor percebia os olhares, e repetia para si mesmo, com voz sombria: é como mãe! 
Dora, Irmã e Noiva 
Dora trocou a saia de seu vestido por uma calça larga, amarrada por um cordão. Se não 
fosse por seus cabelos loiros e seus pequenos seios, seria facilmente confundida com 
um dos meninos, e era essa sua intenção: apresentou-se para Pedro Bala, oferecendo-se 
para participar das ações do bando. 
Inicialmente Pedro achou graça da roupa de Dora, fez pouco caso de suas intenções, 
afinal, ela era “apenas” uma menina, não podia fazer o mesmo que os homens fazem. 
Mas ela insistiu, lembrando que eles também não eram homens, e sim meninos. 
Desconfiado, Pedro aceitou a participação de Dora no bando. 
A garota revelou-se muito ágil, esperta. Aprendeu a andar pelas ruas das cidades, a 
pegar os bondes e entrar nos becos. João Grande era seu maior parceiro, ela o chamava 
de “irmão”, ele a achava “valente como um homem”. 
Professor via a interação da menina com os garotos e desejava ter com ela uma relação 
diferente: queria que ela a olhasse com o mesmo amor que demonstrava a Pedro Bala. 
Este, por sua vez, parecia não reparar nestes sinais dados pela garota. Mas na verdade 
ele evitava pensar em Dora como esposa, por mais que sentisse esse desejo: se ele 
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revelasse suas vontades, estaria dando razão para que outros garotos do bando também o 
fizessem, e o grupo seria arruinado. 
Pedro Bala pensava em Dora quando topou com um outro grupo de garotos ladrões, 
liderados por Ezequiel. O menino zombou dos Capitães, comentando que havia lá uma 
“putinha” para todos. Pedro tentou bater em Ezequiel, mas os seus comparsas o 
seguraram e ele levou um soco na cara. O grupo se dispersou quando chegou um guarda 
no local. Pedro saiu revoltado com a covardia daquele bando, que atacava um homem 
sozinho, jurando vingança. 
Chegando ao trapiche, o chefe dos Capitães recebeu os cuidados de Dora, que adivinhou 
que era ela o motivo da briga, recompensando-o com um beijo. Deitados no areal, Pedro 
assumiu seu amor, agora Dora era “sua noiva” e eles deveriam se casar. 
Pedro chamou os líderes do bando para armar uma emboscada ao grupo de Ezequiel. Na 
mesma noite, Dora participou do ataque vitorioso: armada com uma navalha, brigou de 
igual para igual com um menino. Todos diziam que ela era como uma mãe corajosa, 
uma irmã, mas para Pedro ela era uma noiva. 
Voltando ao areal, Pedro e Dora deitaram-se juntos, conversaram sobre suas vidas, suas 
histórias, deram-se as mãos. Estavam felizes por estarem juntos, não era o sexo que os 
chamava. Dormiram como irmãos. 
Reformatório 
Numa tentativa de assalto a uma residência, os Capitães foram pegos de surpresa e 
trancados em um dos cômodos. A polícia logo chegou e os deteve. A reportagem do 
jornal da tarde tirou uma foto em que apareciam Pedro Bala, Dora, João Grande, Sem-
Pernas e Gato. 
A notícia no jornal explicava que, logo após a fotografia, Pedro Bala livrou-se de um 
guarda com um golpe de capoeira, fazendo com que todos policiais fossem para cima 
dele e deixassem os demais garotos fugirem. Ficaram apenas Pedro e Dora, que tiveram 
suas histórias brevemente retratadas: Pedro como filho de um grevista morto e Dora 
como filha de uma vítima da varíola. O rapaz seria encaminhado para o reformatório e a 
garota para um orfanato. O jornal zombava do casal, que se diziam noivos, e exaltava a 
ação da polícia, bem como o diretor do reformatório, que prometia “endireitar” Pedro. 
Professor leu a notícia para o bando, que se reunia novamente no trapiche. Sem-Pernas 
seria o líder até que Pedro Bala voltasse, e isso não deveria demorar, já que todos se 
comprometeram em armar uma ação para libertá-lo. 
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Na delegacia Pedro foi espancado até desmaiar, mas manteve-se firme em não revelar o 
esconderijo de seu bando – caso contrário, todos seriam pegos. Em seguida é levado 
para o reformatório, sendo instalado na “cafua”, um pequeno quarto escuro, debaixo da 
escada, onde não era possível se mexer, ou ficar de pé, nem deitado corretamente. Lá 
ele recebia apenas água e feijão. Ratos o cercavam. 
Pedro sentia falta da liberdade que sempre teve pelas ruas da Bahia, falta do sol que 
recebia todos os dias, falta de Dora para lhe tratar os ferimentos feitos pelos policias na 
delegacia. Lembrando-se de sua noiva, lhe doía pensar que ela também estava presa 
num orfanato. Tinha cada vez mais claro que o que estava sentindo por Dora era amor, 
pois ele gostava de derrubar negrinhas no areal e penetrá-las, mas por Dora seu desejo 
era diferente. 
Agora Pedro queria vingança. Queria livrar-se daquela prisão, retribuir a surra que levou 
dos policiais, atacar o diretor do reformatório. Seus pensamentos tornavam-se confusos, 
tinha sede, cansaço, fome. Ele batia na porta e gritava. Certa horaum garoto 
reformatório lhe trouxe um recado: os Capitães estariam armando uma fuga para ele 
quando saísse da cafua. 
Quando o diretor soltou Pedro Bala, após oito dias, ele estava fraco, magro, não resistia 
à luz que entrava pela janela. Mesmo assim ele é ordenado para trabalhar no canavial. À 
noite, no quarto coletivo, Pedro falou novamente com o garoto que lhe dera o recado na 
cafua, e pediu que avisasse o bando sobre seu trabalho no canavial. 
Sem-Pernas, que ficou sabendo do trabalho de Pedro Bala, deixou um rolo de corda no 
meio das moitas de cana. No dia seguinte Pedro pegou a corda e conseguiu levá-la até 
seu quarto, escondida, em meio a uma confusão armada pelos demais garotos com os 
bedéis do reformatório. 
Na noite seguinte Pedro Bala foge pela janela do quarto. Um dos garotos delata o líder 
dos Capitães para os bedéis, mas eles não conseguem alcançá-lo. Pedro deixa para trás 
suas roupas, evitando ser perseguido pelos cachorros que guardavam o reformatório. 
Corre, nu, em direção à sua liberdade. 
No dia seguinte o jornal denuncia a fuga e faz uma entrevista com o diretor do 
reformatório, furioso. No trapiche todos riem da notícia lida pelo Professor. Até mesmo 
Padre José Pedro, que estava com eles, solta gargalhadas, que funcionavam como um 
código, exclusivo dos Capitães. 
Orfanato 
Dora sempre tivera uma vida de liberdade, de correria, fosse nos morros, com sua mãe, 
ou na cidade, com os Capitães. Agora sofria com a rotina do orfanato, onde foi colocada 
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para estudar junto a crianças de seis anos de idade, sofria castigos, era obrigada a ficar 
em jejum. Sua saúde foi prejudicada, tinha febre constantemente, mas escondia o 
sintoma: não queria ficar o dia todo na enfermaria, uma sala isolada e escura, onde as 
horas demoravam ainda mais a passar. 
Professor e João Grande rondavam o orfanato e passavam mensagens à garota: avisaram 
quando Pedro Bala fugiu do reformatório. Noutro dia orientaram que ela desse um jeito 
de ir para a enfermaria. Dora queimava em febre e foi internada sob grande preocupação 
do médico. 
João Grande, Professor, Gato e Pedro Bala invadiram o orfanato. A Irmã que cuidava de 
Dora, ameaçada por uma navalha, avisou que ela estava muito doente, mal podia 
caminhar. Mesmo assim a garota quis fugir com seus companheiros, de mãos dadas com 
seu amado Pedro Bala. 
Noite da Grande Paz 
A mãe-de-santo Don’Aninha faz uma reza forte para curar Dora, que ainda está febril. 
Enquanto isso os Capitães da Areia a cercam, observam-na cada um à sua maneira: 
como uma mãe, como uma irmã, como uma noiva, como uma amada. 
Mal ela se recupera, cai novamente doente. A grande paz da noite da Bahia não está nos 
corações dos Capitães, que temem pela saúde de Dora, mas está no olhar doce, ainda 
preservado pela garota. 
Dora, Esposa 
Don’Aninha sai do trapiche dizendo que a febre de Dora logo passaria. Pirulito vai 
procurar Padre José Pedro, pois crê que ele poderia indicar algum remédio à garota. Os 
demais meninos não conseguem dormir, temendo a perda de sua mãezinha. 
Dora chama Pedro Bala para dormir junto a ela. Conta-lhe que se tornara moça, durante 
o tempo que estava no orfanato, e agora estava pronta para ser sua mulher. Ela leva a 
mão de Pedro aos seus seios e pede que ele a possua, antes que ela morra. Eles se 
abraçam, se entregam ao desejo, ela nem chega a sentir a dor de sua entrega. A paz de 
Dora se transforma em alegria. 
Os corpos se separam, Pedro beija sua esposa. A paz retorna aos olhos de Dora, que 
dorme de mãos dadas com seu amado. Durante a noite Pedro acorda, põe a mão na testa 
da garota – está fria, sem pulsação, morta. 
O grito de desespero do chefe dos Capitães acorda o trapiche. Professor confirma que já 
não há o que fazer. Quando Padre José Pedro chega, apenas lhe resta iniciar uma oração, 
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à qual se juntam os demais meninos. Don’Aninha também aparece, junto de Querido-
de-Deus, que deveria levar seu corpo ao mar – um enterro não poderia sair do trapiche, 
senão o esconderijo seria descoberto. 
Todos os garotos choram. Pedro abraça o cadáver, envolve-o numa toalha branca. É 
formada uma procissão até o saveiro de João-de-Deus, que carrega Dora ao mar, 
iluminado pela lua e pelas estrelas. Há paz na noite, paz que veio dos olhos de Dora. 
Como uma estrela de loira cabeleira 
Pedro Bala não quis ficar no trapiche, entre choros e lamentações. Ele foi ao mar, 
nadando na direção do saveiro de João-de-Deus, em busca de sua amada Dora. 
No cais da Bahia dizia-se que homens valentes, quando morrem, viram uma estrela no 
céu. Zumbi (líder do Quilombo dos Palmares), Lucas da Feira (um dos primeiros 
cangaceiros) e Besouro (famoso capoeirista) eram exemplos de corajosos que viraram 
estrelas. Nunca, no entanto, uma mulher alcançara esta condição. 
Pedro nadou até não aguentar mais, e seguiu boiando, observando o céu estrelado. Os 
astrônomos disseram que naquela noite passou por ali um cometa. Mas para Pedro Bala 
era Dora, com sua longa cabeleira loira, que estava no céu. Ela havia sido uma menina 
valente, tão valente que havia se entregado ao seu amor antes de morrer, merecia um 
lugar entre as estrelas. 
Agora que o líder dos Capitães era iluminado por Dora, voltava para si a luz da 
felicidade, bem como a paz da noite da Bahia. O saveiro de João-de-Deus recolheu o 
garoto das águas. 
CANÇÃO DA BAHIA, CANÇÃO DA LIBERDADE 
A quarta e última parte do livro trará o desenrolar das histórias dos Capitães da Areia, 
até o momento que deixam de ser meninos e preparam-se para serem homens. 
Vocações 
Todos no trapiche sentiram a falta de Dora, da mãe, da irmã. Não resistiam ao impulso e 
procuravam-na em seu lugar de costume, mas aí vinha a certeza de que não a veriam 
mais. Só Pedro Bala encontrava-a em outro lugar, no céu, na forma de estrela com sua 
longa cabeleira. 
Professor foi muito afetado pela morte de Dora. Agora ele não via o trapiche como um 
quadro, mas como a moldura de diversos outros quadros, todos com Dora como 
protagonista: cuidando de seus “filhos”, Gato, Zé Fuinha e Volta Seca; voltando das 
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ruas da cidade, sorrindo; mantendo o olhar amoroso, mesmo sob uma febre mortal, 
entregando-se ao amor. 
A vida entre os Capitães não fazia mais sentido. Professor entrou em contato com o 
poeta da piteira, que outro dia observou seus desenhos e lhe dera seu cartão. Ele o 
mandaria para o Rio de Janeiro, onde teria aulas de pintura com um amigo seu. João 
Grande e Pedro Bala compreendiam a decisão de seu colega, tinham esperança que 
como artista ele teria espaço para falar em nome de todas as crianças abandonadas. 
Muitos garotos foram ao cais acompanhar o embarque do Professor. Alguns tentavam 
expressar alegria, mas era sentida tristeza pela perda do companheiro, que não iria mais 
ler histórias para todos nas noites do trapiche. No entanto, ele levava consigo a marca 
do amor à liberdade, herdada dos Capitães, e isso o faria um dia largar seu professor e 
pintar por conta própria quadros que chamariam a atenção de todo o país. 
Passado mais de um ano, outras coisas mudavam no trapiche. Pirulito trabalhava 
vendendo jornais, como engraxate, carregava bagagens, não precisava mais furtar. 
Libertava-se dos pecados e em breve se entregaria completamente a Deus. 
Pedro Bala percebia as intenções de Pirulito e não as entendia muito bem: servir a Deus 
não resolveria nada, aquilo seria apenas uma fuga dos problemas. Mas para Pirulito o 
chamado de Deus era maior. Ele abriria mão da liberdade que tinha com os Capitães da 
Areia, da possibilidade de conhecer o mundo, apenas para ter a oportunidade de ver a 
face de Deus. 
Padre José Pedro foi chamado mais uma vez ao arcebispado. Ele temia levar broncanovamente, por sua relação com os Capitães. Seu trabalho com os garotos não estava 
sendo um grande sucesso, mas também não era um fracasso total: ele havia dado algum 
conforto e solidariedade às crianças, Pirulito tinha vocações clericais, Professor já havia 
se endireitado, seria um artista… 
Surpreendentemente, o Cônego não ralhou com o Padre: surgira uma paróquia para ele 
cuidar, no sertão, numa região de cangaceiros – onde outros padres não quiseram se 
aventurar. Padre José Pedro, porém, via nos cangaceiros os Capitães da Areia um pouco 
mais crescidos, não seriam um problema. Além de sua paróquia, José Pedro garante um 
lugar para Pirulito como frade: assim poderia iniciar seus estudos para, quem sabe, 
tornar-se padre. 
Quando foi pegar o trem para o sertão, o Padre foi acompanhado pelos Capitães da 
Areia e por Pirulito, já com suas vestimentas religiosas. A despedida foi muito 
emocionada, José Pedro chegou a chorar. 
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Boa-Vida estava cada vez mais distante do trapiche: passava os dias pela cidade, as 
noites pelas festas e macumbas. Ele se tornara um grande malandro, capoeirista, 
valentão, uma figura que um dia os Capitães da Areia admirariam assim como 
admiravam João-de-Deus. 
Certo dia Sem-Pernas e Pedro Bala entraram numa igreja para ver os artefatos de ouro, 
quem sabe furtar a bolsa de alguma senhora, mas o que observaram foi Pirulito 
ensinando o catecismo a um grupo de crianças. O líder dos Capitães lamentava o 
caminho tomado pelo ex-colega de trapiche e Sem-Pernas concordava: só a bondade 
não bastava. Sem-Pernas ainda acreditava que era preciso ter ódio. Mas Pedro Bala 
também recusava o ódio, ele acreditava na luta, na mesma luta que travou seu pai e que 
João de Adão lutava durante as greves. 
Canção de amor da vitalina 
Gato trouxe para o trapiche informações sobre um novo alvo para uma ação dos 
Capitães da Areia: Joana era uma vitalina (uma senhora que não havia se casado, uma 
solteirona) por volta de quarenta e cinco anos, única herdeira de uma rica família, 
vivendo numa mansão onde, diziam, havia uma sala repleta de joias e ouro. 
Sem-Pernas, como de costume, se propôs a infiltrar-se na residência para então armarem 
o roubo. Apresentando-se como uma criança na procura de algum trabalho, foi 
facilmente acolhido por Joana e sua empregada, uma negra que parecia fazer parte da 
herança da família. 
O que não se sabia é que por trás da bondade de Joana havia outra intenção: era o sexo 
que a dominava. Anos antes ela já tivera um menino, mas seu irmão descobrira e o 
expulsara. Agora seu irmão estava morto e surgia outro garoto para saciar seus desejos. 
Já na primeira noite em que Sem-Pernas dormia na casa, numa cama improvisada na 
sala de jantar, a vitalina surpreendeu-o, acariciando seu corpo e deitando-se junto a ele. 
O rapaz correspondia às vontades da solteirona, ela já era meio velha, mas ainda tinha 
um corpo interessante. Além do mais, era a primeira vez que Sem-Pernas recebia uma 
mulher sem ser à força, como fazia com as negrinhas no areal. Ele não era bonito e sua 
perna manca repelia o interesse de qualquer menina. 
Várias noites se passaram, porém Joana nunca se entregava completamente: tinha receio 
de engravidar e impedia que Sem-Pernas a penetrasse, deixando-o frustrado e 
enraivecido. A solteirona se contentava com migalhas do amor, Sem-Pernas queria o 
amor completo. Ele ameaçava deixá-la, humilhava-a, ela lhe oferecia dinheiro para ficar 
mais uma noite. 
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Pedro Bala já estranhava a demora de Sem-Pernas em retornar com informações para o 
furto. Ele já sabia onde se escondiam as joias e tinha acesso às chaves que as trancavam, 
mas ainda queria conseguir o gozo completo com Joana. 
Com a insistência da vitalina em não ceder completamente ao garoto, Sem-Pernas 
acabou fugindo e coordenando o furto de suas riquezas. Joana chora quando descobre o 
roubo, fica furiosa por pensar que todas as noites de amor só aconteceram pelo interesse 
do ladrão. Sem-Pernas ri da desgraça da solteirona, fazendo troça da história com os 
garotos no trapiche, e guardando para si o desejo insatisfeito que ainda preenche suas 
noites, e lhe dá raiva. 
Na rabada de um trem 
Corria a noticia que a cidade de Ilhéus fora invadida por prostitutas de todo o país: a alta 
do cacau enriqueceu os coronéis e fazendeiros da região, que agora torravam seu 
dinheiro nas noites dos cabarés. 
Dalva ficou sabendo do alvoroço e preparou-se para partir junto com Gato, que enfim se 
tornaria um homem: iria, junto de sua amante, enganar coronéis, enriquecer, quem sabe 
virar fazendeiro! 
Já havia partido Professor, Boa-Vida, Pirulito… Agora era a vez de Gato. Pedro Bala 
despedia-se de mais um companheiro com a sensação que também deveria encontrar um 
rumo em breve, mas não sabia qual. Ele não era artista, nem malandro, tampouco tinha 
interesse na religião, nem queria ser um vigarista que engana coronéis. A única palavra 
que lhe chamava atenção era a de João de Adão. 
Volta Seca havia sido preso quando batia a carteira de um comerciante. Ele foi levado 
para a delegacia, onde ficou por oito dias sendo espancado. Quando saiu de lá, informou 
Pedro Bala que iria para Aracaju, para dispersar a atenção que a polícia da Bahia lhe 
daria dali em diante. Viveria um tempo com os Índios Maloqueiros, um grupo de 
moleques semelhante aos Capitães da Areia, que atuava na cidade sergipana. 
Na rabada de um trem Volta Seca foi levado pelo sertão, que reconhecia como sua terra 
natal. No meio do caminho cangaceiros pararam o comboio: era o próprio Lampião que 
atacava os viajantes. Emocionado, Volta Seca apresentou-se como filho de sua comadre, 
pedindo ao seu padrim que lhe desse um lugar junto ao bando. Ele teve o pedido 
atendido e prontamente recebeu um fuzil. 
O terror assolava os vagões do trem, de onde saíram dois soldados da polícia para serem 
executados. Volta Seca pediu permissão para dar os tiros. No primeiro policial, sua mira 
foi certeira. O segundo tentou fugir correndo, o tiro apenas o derrubou, então Volta Seca 
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pegou seu punhal e terminou o serviço manualmente. O bando de Lampião recebia um 
cangaceiro dos bons. 
Como um trapezista de circo 
Crescidos e cada vez mais atrevidos, os Capitães atacaram uma casa numa região cheia 
de guardas. Alguém deu o alarme e os garotos precisaram fugir: Pedro Bala, João 
Grande e Barandão escaparam rapidamente, mas Sem-Pernas teve problemas, limitado 
por seu defeito nas pernas. 
Ele corria como podia, procurando uma forma de escapar dos policiais. Povoavam sua 
mente as lembranças de quando esteve em poder dos soldados, de como o maltratavam 
e humilhavam, ele não queria ser pego novamente e faria de tudo para evitar isso. 
Sem-Pernas imagina como ficariam felizes os policiais caso prendessem um dos 
Capitães da Areia, e essa imagem faz florescer ainda mais seu ódio. Ódio que era 
direcionado ao mundo todo, pois o mundo todo sempre o odiara. Certa vez foi tratado 
como um filho, mas apenas porque a mulher perdera seu filho ainda jovem. Noutra vez 
teve os carinhos sexuais de uma mulher, mas apenas porque esta mulher precisava das 
migalhas de um amor qualquer. Nunca ninguém lhe deu carinho por ele ser o que era: 
uma criança abandonada, aleijada e triste. 
Os guardas estão alcançando-o, Sem-Pernas chega à praça do Palácio e segue na direção 
do grande elevador. Estando encurralado, os soldados pensam que o menino irá parar, 
mas não: ele sobe na mureta que dá para o morro abaixo, olha para os policiais, cospe 
na cara de um que se aproximam, ri com a força do seu ódio e se lança de costas no 
precipício, em direção à sua morte, caindo como um trapezista que não tivesse 
alcançado o trapézio. Sem-Pernas

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