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Climatologia Geográfica

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Climatologia 
geográfiCa
Prof. Rafael Brito Silveira
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. Rafael Brito Silveira
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
S587c
Silveira, Rafael Brito
Climatologia geográfica. / Rafael Brito Silveira. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2020.
265 p.; il. 
ISBN 978-65-5663-246-9
ISBN Digital 978-65-5663-244-5
1. Climatologia geográfica. – Brasil. Centro Universitário Leonardo 
Da Vinci.
CDD 900
apresentação
A Geografia é uma ciência que envolve diversas perspectivas e 
aspectos socioambientais, suas possibilidades são diversas e, por conta disso, 
os geógrafos e os professores de geografia devem ter um amplo domínio 
sobre distintos conteúdos. Muitos conhecimentos geográficos apresentam 
caráter mais humano, definido por alguns como Geografia Humana; outros, 
contrariamente, envolvem concepções mais vinculadas aos processos da 
natureza, conhecidos por muitos como Geografia Física. Tais nomenclaturas 
ou conceitos ainda não são consensuais, estudiosos indicam que não há uma 
separação entre Humana e Física na ciência geográfica, todavia, sabe-se que 
isso ocorre, por mais que não seja completamente aceito.
Independentemente da existência ou não de uma divisão na 
Geografia, os professores de geografia e os geógrafos devem entender 
que os processos físicos e os processos sociais/humanos são elementares 
e complementares entre si, fazendo com que a ciência geográfica tenha 
como missão a compreensão destas conexões e de como isso repercute 
no espaço, isto é, no espaço geográfico. Neste sentido, a Climatologia 
Geográfica se apresenta como uma disciplina característica daquilo tido 
como Geografia Física, especialmente por ter em sua base conceitual muitas 
acepções provenientes da Física. Entretanto, a Climatologia praticada 
pelos geógrafos e ensinada pelos professores de geografia, amplamente 
conhecida como Climatologia Geográfica, deve se preocupar em responder 
os questionamentos e os problemas de cunho socioambiental, isto é, a 
Climatologia Geográfica é um campo do conhecimento que visa entender 
os tipos de tempo e os climas da Terra para sanar problemáticas intrínsecas 
a sociedade.
Diante disso, nosso foco ao longo do presente livro será o de 
aprender as bases conceituais e físicas da Climatologia Geográfica, bem 
como compreender como tais conhecimentos podem intervir de forma 
direta na sociedade, seja em nível contextual ou individual. Ademais, as 
unidades e seus respectivos tópicos serão apresentados sob a perspectiva da 
multiescalaridade, ou seja, por mais que a Climatologia Geográfica necessite 
de explicações planetárias e, por vezes, astronômicas, tentaremos entender o 
problema em nível regional e até local.
Sendo assim, a partir de agora, todos estão convidados a entender e 
aprender sobre a Climatologia Geográfica e, além disso, verificar quais são 
suas aplicações no âmbito social. Boa aprendizagem!
Prof. Rafael Brito Silveira
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA ................................ 1
TÓPICO 1 — AS BASES DA CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA ................................................. 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 BREVE HISTÓRIA, NOÇÃO DE RITMO E A CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA ............... 3
3 A CLIMATOLOGIA SEPARATIVA E A CLIMATOLOGIA DINÂMICA................................ 8
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 12
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 13
TÓPICO 2 — VOCÊ SABE A DIFERENÇA ENTRE TEMPO E CLIMA? .................................. 15
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 15
2 CLIMA É AQUILO QUE ESPERAMOS, TEMPO É O QUE SENTIMOS .............................. 16
3 PREVISÃO DO TEMPO VS. PREVISÃO CLIMÁTICA ............................................................ 21
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 28
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 29
TÓPICO 3 — FATORES GEOGRÁFICOS, ELEMENTOS DO CLIMA E SEUS REGISTROS ..... 33
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 33
2 BREVE APRESENTAÇÃO: ELEMENTOS CLIMÁTICOS E FATORES GEOGRÁFICOS .... 33
3 FATORES GEOGRÁFICOS ............................................................................................................. 36
3.1 LATITUDE ..................................................................................................................................... 36
3.2 RELEVO E ALTITUDE ................................................................................................................. 41
3.3 VEGETAÇÃO ................................................................................................................................ 44
3.4 MARITIMIDADE E CONTINENTALIDADE .......................................................................... 46
3.5 CORRENTES OCEÂNICAS ........................................................................................................ 47
4 ELEMENTOS CLIMÁTICOS .......................................................................................................... 48
4.1 TEMPERATURA ...........................................................................................................................48
4.2 UMIDADE ..................................................................................................................................... 52
4.3 PRECIPITAÇÃO ............................................................................................................................ 56
4.4 PRESSÃO ATMOSFÉRICA .......................................................................................................... 64
4.5 VENTOS ......................................................................................................................................... 67
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 71
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 72
TÓPICO 4 — COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA DA ATMOSFERA ............................................ 75
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 75
2 O INVÓLUCRO DA TERRA: COMPONENTES DA ATMOSFERA ...................................... 76
3 CONHECENDO A ESTRUTURA VERTICAL DA ATMOSFERA........................................... 79
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 84
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 86
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 87
UNIDADE 2 — A ATMOSFERA EM MOVIMENTO: DINÂMICA CLIMÁTICA ................. 89
TÓPICO 1 — CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA ............................................................ 91
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 91
2 MOVIMENTOS ATMOSFÉRICOS................................................................................................ 91
2.1 CÉLULA DE WALKER E SUA CIRCULAÇÃO ZONAL ..................................................... 100
3 ALGUMAS ESPECIFICIDADES DE CIRCULAÇÃO SECUNDÁRIA ................................. 101
4 A CIRCULAÇÃO TERCIÁRIA: CARÁTER LOCAL ................................................................ 106
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 112
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 113
TÓPICO 2 — AS MASSAS DE AR NA AMÉRICA DO SUL E NO BRASIL .......................... 115
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 115
2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS MASSAS DE AR ........................................................... 115
3 ASPECTOS LIGADOS AOS CENTROS DE AÇÃO ATUANTES NA AMÉRICA DO SUL .... 118
4 AS MASSAS DE AR DA AMÉRICA DO SUL ........................................................................... 121
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 127
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 128
TÓPICO 3 — SISTEMAS FRONTAIS ............................................................................................ 131 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 131
2 ESPECIFICIDADES GERAIS DAS FRENTES........................................................................... 131
2.1 FRENTE FRIA.............................................................................................................................. 134
2.1.1 Frente polar ......................................................................................................................... 137
2.2 FRENTE QUENTE ...................................................................................................................... 139
2.3 FRENTE OCLUSA ...................................................................................................................... 142
2.4 FRENTE ESTACIONÁRIA ........................................................................................................ 143
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 144
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 145
TÓPICO 4 — AS ZONAS DE CONVERGÊNCIA NO BRASIL ................................................ 147
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 147
2 ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL (ZCIT) ...................................................... 147
3 ZONA DE CONVERGÊNCIA DO ATLÂNTICO SUL (ZCAS) .............................................. 149
4 ZONA DE CONVERGÊNCIA DE UMIDADE (ZCOU)........................................................... 152
RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 156
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 157
TÓPICO 5 — CLASSIFICAÇÕES CLIMÁTICAS E OS CLIMAS DO BRASIL ..................... 159
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 159
2 OBJETIVOS E DILEMAS DAS CLASSIFICAÇÕES ................................................................ 160
3 CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE KÖPPEN .......................................................................... 161
3.1 CLASSIFICAÇÃO DE KÖPPEN PARA O BRASIL ............................................................... 164
4 CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE THORNTHWAITE ........................................................ 165
4.1 CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE THORNTHWAITE PARA O BRASIL ...................... 167
5 CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA A PARTIR DE MODELOS GENÉTICOS ........................ 169
5.1 CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE STRAHLER .................................................................. 170
5.1.1 Classificação climática de Strahler para o Brasil ........................................................... 171
6 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES CLIMÁTICAS PARA O BRASIL ........................................... 173
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 178
RESUMO DO TÓPICO 5................................................................................................................... 179
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 180
UNIDADE 3 — AS REPERCUSSÕES DO CLIMA NO ESPAÇO: UMA VISÃO 
MULTIESCALAR ................................................................................................... 183
TÓPICO 1 — EVIDÊNCIAS E CARACTERÍSTICAS PALEOCLIMÁTICAS ........................ 185
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 185
2 INDÍCIOS DE CLIMAS PRETÉRITOS ...................................................................................... 185
3 DENDROCLIMATOLOGIA.......................................................................................................... 190
4 TESTEMUNHOS DE GELO......................................................................................................... 192
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 196
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 197
TÓPICO 2 — TELECONEXÕES....................................................................................................... 199
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 199
2 VOCÊ SABE O QUE SÃO AS TELECONEXÕES? .................................................................... 199
3 EL NIÑO-OSCILAÇÃO SUL (ENOS) .......................................................................................... 201
3.1 EL NIÑO ...................................................................................................................................... 203
3.2 LA NIÑA ...................................................................................................................................... 204
3.3 NEUTRALIDADE ....................................................................................................................... 206
4 OSCILAÇÃO DECADAL DO PACÍFICO .................................................................................. 206
5 OSCILAÇÃO ANTÁRTICA (AAO) ............................................................................................. 209
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 214
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 215
TÓPICO 3 — MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS............................................................... 217
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 217
2 DA VARIABILIDADE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS .................................... 217
3 BREVE ENTENDIMENTO SOBRE MODELAGEM CLIMÁTICA ....................................... 224
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 229
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 230
TÓPICO 4 — A RELAÇÃO ENTRE CLIMA E SOCIEDADE .................................................... 233
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 233
2 CLIMA E SAÚDE ............................................................................................................................. 233
3 CLIMA E AGRICULTURA ............................................................................................................ 239
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 245
RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 246
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 247
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 249
1
UNIDADE 1 — 
FUNDAMENTOS DE CLIMATOLOGIA 
GEOGRÁFICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
•	 descobrir	as	bases	originárias	da	climatologia	geográfica;
• compreender os fundamentos teórico-conceituais da climatologia 
geográfica	e	suas	formas	de	abordagem;
• dissociar o conceito de tempo e clima, compreendendo que ambos podem 
ter	tratamentos	distintos	para	a	Geografia	e	para	a	Meteorologia;
•	 verificar	que	há	diferença	entre	previsão	do	tempo	e	previsão	climática,	
todavia, observando que ambas podem fornecer subsídios ao campo de 
atuação	da	ciência	geográfica;
•	 aprender	 sobre	 os	 fatores	 geográficos,	 os	 elementos	 do	 clima	 e	 seus	
registros,	 entendendo	 como	 eles	 influenciam	 os	 tipos	 de	 tempo	 e	 os	
climas	da	Terra,	bem	como	suas	inter-relações	e	distribuições	espaciais;
•	 entender	 a	 composição	 química	 da	 atmosfera	 e	 sua	 estrutura	 vertical,	
além de algumas características de cada camada existente.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade 
você	 encontrará	 autoatividades	 com	 o	 objetivo	 de	 reforçar	 o	 conteúdo	
apresentado. 
TÓPICO	1	–	AS	BASES	DA	CLIMATOLOGIA	GEOGRÁFICA
TÓPICO	2	–	VOCÊ	SABE	A	DIFERENÇA	ENTRE	TEMPO	E	CLIMA?
TÓPICO	3	–	FATORES	GEOGRÁFICOS,	ELEMENTOS	DO	CLIMA	E	SEUS	
REGISTROS
TÓPICO	4	–	COMPOSIÇÃO	E	ESTRUTURA	DA	ATMOSFERA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
AS BASES DA CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
1 INTRODUÇÃO
Neste	 tópico,	 discutiremos	 sobre	 a	 história	 da	 climatologia	 a	 partir	 do	
olhar	da	geografia,	ou	seja,	como	este	campo	do	conhecimento	(e	esta	disciplina)	
passaram	a	ter	uma	abordagem	peculiar	dentro	de	tal	ciência,	especialmente	no	
Brasil,	sendo	amplamente	conhecida	como	climatologia	geográfica.	Para	isso,	a	
partir	de	algumas	fontes	importantes,	entenderemos	quais	são	as	bases	conceituais	
que	fundamentam	e	explicam	esta	terminologia	e	a	concepção	por	trás	dela.
Por	ter	suas	bases	estabelecidas	nas	ciências	naturais,	verificaremos	como	
a	 climatologia	não	é	 exclusividade	de	uma	ou	de	outra	área	do	conhecimento	
apenas.	 A	 climatologia	 possui	 importância	 há	 muito	 tempo	 na	 definição	 de	
características,	 de	 estratégias	 e	 de	 ações	 para	 diversas	 civilizações	 e	 povos,	
portanto,	é	uma	componente	caríssima	aos	estudos	geográficos.
O	breve	remonte	histórico	da	climatologia	no	Brasil	nos	permitirá	entender	
os	motivos	pelos	quais	nos	dias	de	hoje,	quase	que	de	maneira	consensual,	os	
estudiosos	da	geografia	se	apropriaram	e	utilizam	a	terminologia:	climatologia	
geográfica.	Muito	mais	do	que	uma	discussão	teórico-conceitual,	a	climatologia	
geográfica	 estabelece	uma	 clara	 relação	 entre	 a	 ciência	 climática	 e	 o	 objeto	de	
interesse	da	geografia:	o	espaço	geográfico.	Portanto,	a	climatologia	geográfica	
se	preocupa	diretamente	com	as	repercussões	do	clima	no	estudo	da	superfície	
terrestre	e	nas	inter-relações	pertinentes	entre	homem	e	natureza.
Compreenderemos	 de	 forma	 mais	 detalhada	 as	 bases	 da	 climatologia	
geográfica	ao	longo	deste	tópico.	Bons	estudos!
2 BREVE HISTÓRIA, NOÇÃO DE RITMO E A 
CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
Para contarmos um pouco do delineamento que existe por trás do 
conceito	de	climatologia	geográfica,	façamos	um	breve	resgate	histórico!
Conforme	 expõe	 Sant’Anna	 Neto	 (2004),	 as	 análises	 da	 dinâmica	
atmosférica	e	de	suas	repercussões	no	cotidiano	das	populações	já	compuseram	
diversos	 campos	 do	 conhecimento,	 entretanto,	 por	 conta	 do	 seu	 objeto	 de	
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
4
estudo	 e	 das	 inúmeras	 possibilidades	 de	 desenvolvimento,	 a	 Geografia	 tem	
fornecido	muitas	possibilidades	de	avanço	e	prosperidade	para	a	climatologia.	
De	forma	geral,	no	mundo,	há	uma	discussão	com	relação	às	origens	dos	estudos	
climáticos.	Do	ponto	de	vista	de	uma	das	vertentes	da	climatologia	geográfica	
–	 a	 bioclimatologia	 ou	 a	 climatologia	médica	 –,	 sabe-se	 que	 associações	 entre	
saúde	humana	 e	 clima	 já	 eram	 feitas	desde	 a	 antiguidade	 clássica,	pelo	grego	
Hipócrates	(~480	a.	C.),	ou	seja,	as	relações	e	as	percepções	de	causa	e	efeito	acercados	 fenômenos	 atmosféricos	 já	 transcorrem	 há	 muito	 tempo	 (OLIVER,	 1981;	
SOBRAL,	1988;	MORAES,	2005).
Do	ponto	de	vista	de	uma	sistematização,	de	uma	discussão	com	outros	
intelectuais	da	 época	 e	das	publicações	 científicas,	 foi	 o	geógrafo	 e	naturalista	
Alexander von Humboldt, entre os séculos XVIII e XIX, que concebeu, 
desenvolveu	e	publicou	conceitos	e	princípios	importantes	das	ciências	naturais	
e,	de	forma	específica,	da	climatologia,	tais	quais:	isotermas,	zonas	climáticas	e	
até	da	 influência	do	homem	nas	 alterações	 climáticas	 (WULF,	 2016).	 Talvez,	 a	
maior	 contribuição	de	Humboldt	para	a	 climatologia	 tenha	sido	a	do	conceito	
de	zonas	climáticas,	pois	ele	enxergava	e	explicava	a	natureza	como	uma	força	
global,	como	a	rede	da	vida,	influenciada	pelos	climas	e	por	outros	componentes,	
sem	a	possibilidade	de	explicar	fatos	a	partir	de	compreensões	isoladas	(WULF,	
2016).	Isto	é,	muitos	dos	preceitos	e	das	bases	da	ciência	geográfica	permeiam	por	
este	 ideal,	a	partir	da	resolução	de	problemas	pensando	de	forma	integradora,	
considerando aspectos físico-naturais, sociais, econômicos e também culturais.
Saindo	 de	 uma	 visão	 global	 e	 entrando	 numa	 perspectiva	 brasileira,	 a	
climatologia	no	país	também	teve	sua	gênese	nas	bases	lançadas	por	Humboldt	
(SANT’ANNA	NETO,	 2004,	 p.	 7).	 Foi	 nos	 primórdios	 do	 século	 XIX,	 a	 partir	
da vinda da família real portuguesa para o Brasil, que os estudos climáticos 
começaram	a	aparecer	de	forma	mais	evidente	no	território,	especialmente	por	
preocupações	 ligadas	 à	 insalubridade	 nos	 agrupamentos	 urbanos	 do	 período	
(LACAZ;	BARUZZI;	SIQUEIRA	JUNIOR,	1972;	PEIXOTO,	1975;	SANT’ANNA	
NETO,	2004).	No	comparativo	com	os	padrões	europeus,	a	umidade	relativa	do	
ar	e	as	temperaturas	elevadas	associadas	às	más	condições	de	higiene	era	o	que	
despertava maior interesse das análises, especialmente por parte de médicos e 
sanitaristas	que	tentavam	entender	e	explicar	as	moléstias	recorrentes	na	população.	
Apenas	no	final	do	século	XIX,	com	o	rearranjo	do	observatório	astronômico,	no	
Rio	de	Janeiro,	e	com	a	origem	da	Repartição	Central	Meteorológica	do	Ministério	
da	Marinha,	em	1888,	é	que	o	período	científico	das	ciências	atmosféricas	desperta	
no	Brasil	(SANT’ANNA	NETO,	2004).
É	entre	o	final	do	século	XIX	e	o	início	do	século	XX	que	determinadas	
obras	importantes	são	publicadas	sob	a	ótica	da	climatologia	do	Brasil,	passando	
de	 um	 enfoque	 sanitarista	 para	 análises	 mais	 específicas	 da	 distribuição	
geográfica	dos	elementos	meteorológicos	e	da	sua	variabilidade	temporal,	com	
o	 intuito	 de	 explicar	 os	 regimes	 climáticos	 regionais	 (SANT’ANNA	 NETO,	
2004).	 Obviamente	 que	 os	 estudos	 eram	 incipientes,	 uma	 vez	 que	 não	 se	
tinham	grandes	volumes	de	dados	para	analisar	e,	além	disso,	a	distribuição	e	a	
quantidade	de	postos	de	coleta	de	dados	eram	insuficientes.
TÓPICO 1 — AS BASES DA CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
5
Para	além	dos	estudos	climáticos,	a	própria	Geografia	enquanto	ciência	e,	
por conseguinte, enquanto disciplina, passou por diferentes momentos ideológicos 
e	de	influências	conceituais	ao	longo	da	história,	o	que	refletia	diretamente	em	
sua	 forma	de	 ser	 entendida,	 de	 ser	pesquisada	 e	de	 ser	 ensinada	 (MOREIRA,	
2010).	 Especificamente,	 dentro	 da	 tríade	 central	 da	 chamada	Geografia	 Física,	
envolvendo:	 geomorfologia,	 climatologia	 e	 biogeografia,	 os	 estudos	 em	
determinados momentos, por exemplo, foram mais generalistas, outrora mais 
particulares;	 em	 alguns	 casos	mais	 teóricos,	 noutros	mais	 aplicados;	 ora	mais	
quantitativos	e	ora	mais	qualitativos.	O	fato	é	que	a	escola	brasileira	de	Geografia	
tem	seus	fundamentos	fortemente	ligados	à	escola	francesa,	especialmente	pelo	
fato	 de	 que,	 nas	 primeiras	 faculdades	 de	 Geografia	 no	 Brasil,	 boa	 parte	 dos	
docentes	era	proveniente	da	França	e	ensinavam	de	acordo	com	seus	preceitos	de	
formação	(SANT’ANNA	NETO,	2004).	A	climatologia,	não	por	acaso,	carregou	
consigo tais fundamentos.
Recomenda-se, para estudos minuciosos sobre o desenrolar climatológico no 
Brasil, a publicação n° 7 de 2004 do periódico “Cadernos Geográficos”, intitulada: História 
da Climatologia no Brasil: gênese e paradigmas do clima como fenômeno geográfico, 
escrito pelo Professor Dr. João Lima Sant’Anna Neto. Nesta publicação, o autor exibe um 
árduo trabalho de investigação histórica que remonta aos primeiros habitantes do Brasil, 
perpassando pelos colonizadores e viajantes naturalistas atingindo à fase científica recente 
da climatologia geográfica.
DICAS
É	válido	ressaltar	que,	antes	mesmo	da	Geografia	implantada	no	Brasil,	
o	 próprio	 sistema	 educacional	 adotado	 no	 país,	 durante	 o	 século	 XIX,	 já	 era	
baseado	no	francês,	incluindo	os	currículos	das	disciplinas.	Do	ponto	de	vista	de	
uma	disciplina	autônoma	no	currículo	escolar	brasileiro,	de	acordo	com	Rocha	
(1996),	 foi	 no	 Imperial	Colégio	 Pedro	 II,	 em	 1837,	 através	 do	Decreto	 de	 2	 de	
dezembro	do	mesmo	ano,	que	a	Geografia	apareceu	(RIBEIRO,	2011).	Enquanto	
curso	superior	e	campo	de	pesquisa,	a	Geografia	no	Brasil	foi	institucionalizada	
na	década	de	1930	pelas	universidades	da	 época	 e	pelo	 Instituto	Brasileiro	de	
Geografia	 e	 Estatística	 (IBGE),	 também	 a	 partir	 de	 um	 arcabouço	 francês.	 Tal	
geografia	ocorreu	até	a	década	de	1960,	com	uma	Geografia	Física	e,	portanto,	
com	uma	climatologia	muito	pautada	na	descrição,	com	a	finalidade	de	conhecer	
as	características	físico-naturais	do	território	nacional,	até	então,	pouco	estudadas	
(MENDONÇA,	1989).
No	escopo	da	climatologia,	foi	entre	os	anos	de	1940	e	1950,	na	França,	
que	Max	Sorre	realizou	uma	revisão	conceitual	a	respeito	do	papel	do	clima	na	
análise	geográfica.	Isso	foi	o	estopim	para	o	aparecimento	de	um	novo	paradigma,	
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
6
por	meio	 das	 acepções	 de	 tempo	 e	 clima	 (que	 trataremos	 especificamente	 no	
próximo	tópico),	passando	de	uma	perspectiva	fragmentada	e	estática,	para	uma	
integradora,	de	cunho	genético	e	dinâmico	(SANT’ANNA	NETO,	2004).	É	dentro	
deste	contexto	que	aparece	a	grande	contribuição	do	Professor	Dr.	Carlos	Augusto	
de	 Figueiredo	Monteiro,	 considerado	 o	 progenitor	 da	 climatologia	 geográfica,	
que inclusive é apontada por muitos pesquisadores como uma escola brasileira 
(ZAVATTINI,	1998;	BARROS,	2009	ZAVATTINI,	2009).
Foi	 a	 partir	 de	 um	 estágio	 realizado	 por	Monteiro	 na	 França,	 durante	
a	 década	de	 1950,	 que	 ele	 teve	 contato	 com	 a	 obra	 de	 Sorre,	 publicando	 suas	
primeiras	reflexões	acerca	do	material	no	início	da	década	de	1960	(SANT’ANNA	
NETO,	2004).	Todavia,	alguns	anos	antes,	na	mesma	França,	Pierre	Pédelaborde,	
que	 também	 se	 baseava	 na	 conjectura	 teórica	 de	 Sorre,	 apresentou	 o	método	
sintético das massas de ar, com o intuito de estabelecer os tipos de tempo 
atmosféricos	 em	 sua	 totalidade	 na	 Bacia	 Parisiense.	 Pédelaborde	 fez	 grandes	
contribuições	aos	estudos	da	climatologia	geográfica,	entretanto,	ao	invés	de	se	
preocupar	com	o	encadeamento	dos	tipos	de	tempo	e,	portanto,	com	a	noção	de	
ritmo,	ele	se	preocupou	em	analisar	o	índice	de	participação	das	massas	de	ar.	
Portanto,	ao	final,	seu	trabalho	exibiu	mais	traços	de	uma	climatologia	estática	
do	que	de	uma	dinâmica.	Conforme	aponta	Zavattini	 (1998),	 ele	produziu,	na	
verdade,	um	catálogo	de	 tipos	de	 tempo,	uma	classificação	sumária.	Esta	 foi	a	
principal	diferença	entre	os	trabalhos	de	Pédelaborde	e	de	Monteiro,	o	brasileiro	
se preocupou com o encadeamento sequencial dos tipos de tempo, isto é, com o 
ritmo	climático,	avançando	da	noção	de	clima	como	estado	médio	da	atmosfera	
para	a	concepção	dinâmica,	se	interessando	por	aquilo	que	é	habitual	e	por	aquilo	
que	pode	ser	excepcional	(ZAVATTINI,	1998;	SANT’ANNA	NETO,	2004).
Baseado	 nas	 ideias	 de	 Monteiro,	 apenas	 o	 embasamento	 do	 ritmo,	 a	
partir	da	sucessão	dos	tipos	de	tempo,	em	escala	diária,	é	possível	de	agregaros	
fenômenos atmosféricos com as possibilidades de entendimento do clima como 
manifestação	 geográfica.	 Tal	 compreensão	 enfatiza	 a	 distinção	 da	 perspectiva	
geográfica	do	clima	com	relação	à	Meteorologia	ou	à	Agronomia,	por	exemplo,	
pois	 fundamenta	uma	 compreensão	genética	 e	qualitativa	dos	 fatos	 climáticos	
ao	 nível	 de	 superfície	 (troposfera),	 considerando-a	 como	 a	 camada	 antrópica	
de	 interação	 geográfica	 (SANT’ANNA	 NETO,	 2004).	 A	 agronomia,	 em	 sua	
área denominada agrometeorologia, também se preocupa com os impactos dos 
fenômenos	atmosféricos	em	superfície,	entretanto,	o	ser	humano	não	é	seu	objeto	
de	estudo	central,	tampouco	a	produção	do	espaço	diretamente.
O	 estudo	do	 clima,	 com	base	 no	 ritmo,	 proposto	por	Monteiro,	 recebe	
o nome de análise rítmica	e	é	um	método	importante	para	realizar	estudos	em	
climatologia	geográfica,	 todavia,	não	é	o	único.	Ademais,	a	análise	rítmica	não	
é	a	climatologia	geográfica	em	si,	ela	é	um	método	e	uma	técnica.	No	entanto,	
se	o	método	desenvolvido	por	Monteiro	não	é	a	climatologia	geográfica	em	si,	
qual	é	o	motivo	de	termos	tratado	tanto	sobre	ele	até	agora?	A	resposta	para	essa	
pergunta	é	relativamente	simples,	pois,	a	noção	de	ritmo,	evoluindo	de	análises	
estáticas	e	puramente	estatísticas	para	a	compreensão	genética	e	dinâmica,	é	um	
TÓPICO 1 — AS BASES DA CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
7
contributo	fundamental	para	a	climatologia	geográfica.	Foi	a	partir	desse	método	
que	 as	 investigações	 climáticas	 na	 geografia	 brasileira	 conseguiram	 produzir	
resultados mais concisos e encontrar, de fato, respostas para os problemas caros 
à	geografia.	É	 importante	relatar	que,	por	exemplo,	até	mesmo	classificações	e	
regionalizações	climáticas	para	distintas	áreas	do	país	foram	feitas	com	base	no	
método	proposto	por	Monteiro,	demonstrando	assim	sua	relevância	aos	estudos	
pautados	na	climatologia	geográfica	(MONTEIRO,	1963;	ZAVATTINI,	2009).
Outra	 informação	 importante	 que	 precisamos	 trazer	 à	 luz	 é	 a	 de	 que	
Monteiro	 também	 se	 apoiou	 nas	 contribuições	 dos	meteorologistas	 brasileiros	
Adalberto	Serra	e	Leandro	Ratisbonna	para	formular	os	princípios	metodológicos	
que	regeriam	(e	regem)	a	pesquisa	em	climatologia	geográfica	no	Brasil	(BARROS,	
2009;	ZAVATTINI,	2009).
De	 acordo	 com	 Sant’Anna	 Neto	 (2004),	 a	 climatologia	 geográfica	 está	
diretamente	ligada	à	organização	do	espaço,	por	isso	a	importância	de	aplicá-la	
aos estudos socioambientais e de considerar o Homem como parte importante 
do	processo.	É	claro	que	a	passagem	da	compreensão	de	climatologia	para	a	de	
climatologia	geográfica	não	foi	tão	linear	e	tão	breve	como	apresentado,	todavia,	
tratamos aqui dos aspectos centrais e do método que difundiu as primeiras bases 
deste	campo	de	estudo	e	desta	disciplina.	Muitos	métodos	e	técnicas	atualmente	
permitem	 gerar	 interpretações	 e	 produtos	 dentro	 da	 climatologia	 geográfica,	
porém,	 o	 mais	 importante	 para	 este	 conceito	 é	 a	 sua	 finalidade.	 Os	 estudos	
incorporados	 numa	 perspectiva	 de	 climatologia	 geográfica	 devem	 certamente	
se preocupar com problemáticas importantes para a sociedade, portanto, sem 
desconsiderar a dinâmica atmosférica que compreende os níveis mais baixos da 
atmosfera	e	a	superfície	 terrestre,	pois	é	ali	que	as	 interações	homem-natureza	
acontecem. 
Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro nasceu em 1927 (Teresina – Piauí) 
e é considerado um dos principais geógrafos e climatólogos do Brasil. Formou-se em 
Geografia e História pela atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no ano de 
1950. Lecionou em diversas universidades importantes do Brasil, foi pesquisador na França 
e professor visitante na Universidade de Tsukuba – Japão. Sua tese de livre-docência Teoria 
e Clima Urbano (1975) é um símbolo nas pesquisas em climatologia geográfica. É Doutor 
(1967), Livre-Docente (1975) em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP) e Professor 
Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas também da USP. Considerado 
o pai da análise rítmica, método de análise utilizado nos estudos de climatologia geográfica. 
Além disso, lançou as bases da climatologia geográfica no país. Muitas publicações feitas 
pelo Professor Monteiro podem ser consultadas no website da Associação Brasileira de 
Climatologia (ABClima), em: http://www.abclima.ggf.br/publicacoes.php.
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
8
3 A CLIMATOLOGIA SEPARATIVA E A CLIMATOLOGIA 
DINÂMICA
Agora	 que	 você	 já	 compreendeu	 o	 desenvolvimento	 das	 concepções	
ligadas	 à	 climatologia	 geográfica,	 procederemos	 com	 algumas	 conceituações	
mais	aplicadas!
De	 acordo	 com	Barros	 e	 Zavattini	 (2009),	 a	 climatologia	 encontra	 suas	
bases na meteorologia, que investiga os fenômenos atmosféricos e seus registros, 
com	intuito	de	determinar	as	conjunções	físicas	sob	as	quais	são	desenvolvidos.	
Todavia,	 a	 meteorologia	 apresenta	 duas	 ramificações	 ou	 duas	 possibilidades	
de abordagem: a tradicional e a dinâmica. A tradicional tem por característica 
a	 compartimentação	 dos	 elementos	 da	 atmosfera	 e,	 por	 conta	 disto,	 pode	 ser	
nomeada também de meteorologia analítico-separativa. A outra abordagem, 
a	 da	 meteorologia	 dinâmica,	 mais	 afeita	 aos	 estudos	 geográficos,	 examina,	
conjuntamente,	 todos	 os	 estados	 atmosféricos	 de	 forma	 integrada,	 ou	 seja,	 o	
tempo	atmosférico	de	fato	e	as	massas	de	ar.	Por	conseguinte,	há	como	chamar	
tal	abordagem	de	sintética	(BARROS,	2009;	ZAVATTINI,	2009).	Não	há	dúvida	
que	 a	 meteorologia	 dinâmica	 ou	 sintética	 é	 aquela	 que	 responde	 melhor	 às	
necessidades	da	geografia,	pois	as	análises	geográficas	podem	fornecer	melhores	
respostas a partir de estudos combinados do que através daqueles com fatos e 
análises	isoladas	(PÉDELABORDE,	1970).
Embora	a	climatologia	encontre	suas	bases	na	meteorologia,	uma	não	é	
por	definição	a	outra.	A	própria	conceituação	de	tempo	e	clima	dá	o	tom	de	suas	
significações,	mas,	ainda	que	tenhamos	dado	alguns	indícios	até	aqui,	trataremos	
de	suas	acepções	no	Tópico	2	desta	unidade.	Segundo	Pédelaborde	(1970)	e	Barros	
(2009)	e	Zavattini	(2009),	a	climatologia	é	um	dos	ramos	da	geografia	física,	que	
tem	como	objetivo	estudar	as	propriedades	e	as	particularidades	da	atmosfera	
em	contato	com	a	superfície	terrestre	e	suas	distribuições	espaciais,	ou	seja,	sua	
abordagem	traz	implicitamente	a	repercussão	climática	sob	os	aspectos	sociais.	
No	que	diz	respeito	à	definição	de	tempo,	a	noção	mais	significativa	é	a	de	“tipos	
de	tempo”,	para	os	geógrafos,	que	se	refere	às	combinações	atmosféricas	que	se	
reproduzem,	nem	sempre	iguais,	contudo,	produtoras	de	condições	semelhantes	
quando	 ocorrem	 (BARROS,	 2009;	 ZAVATTINI,	 2009).	 Logo,	 uma	 vez	 que	 a	
climatologia	 encontra	 suas	 bases	 na	 meteorologia,	 é	 a	 partir	 da	 conceituação	
de	“tipos	de	tempo”	que	se	torna	possível	discutir	o	que	é	clima,	especialmente	
no	âmbito	da	geografia,	pois	tal	ciência	carece	de	uma	análise	integradora	para	
melhor	compreensão	de	qualquer	que	seja	a	problemática.	 Isolar	os	elementos	
atmosféricos, ou, isolar o tempo, para estudá-lo fornecerá um entendimento 
parcial	do	mesmo	objeto	de	análise.
TÓPICO 1 — AS BASES DA CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
9
A todos os entusiastas da geografia, mas, especialmente, aos futuros professores 
e aos docentes já atuantes, sugere-se a leitura do artigo: Bases conceituais em climatologia 
geográfica, publicado na Revista Mercator, n° 16 de 2009, de autoria da Professorª Dr.ª 
Juliana Ramalho Barros e do Professor Dr. João Afonso Zavattini. A publicação traz uma 
discussão rápida e profunda dos aspectos mais relevantes que fundamentam a área e a 
disciplina de climatologia geográfica. Temas pertinentes ao conteúdo de Clima para o 
ensino básico também podem ser vislumbrados neste artigo
DICAS
O	 conceito	 de	 clima	 que	 fundamentalmente	 acompanha	 a	 climatologia	
geográfica	é	aquele	estabelecido	por	Sorre(1951),	que	o	trata	como	“o	ambiente	
atmosférico constituído pela série de estados da atmosfera sobre um lugar em sua 
sucessão	habitual”	(SORRE,	1951,	p.	14).	Este	conceito	analisa	a	atmosfera	diante	
de todos os seus estados, desconsiderando o estado médio e dando importância 
ao	habitual	e	ao	excepcional	ou	ao	normal	e	ao	anômalo.	Ademais,	conforme	já	
discutimos,	este	conceito	engloba	a	sucessão	dos	tipos	de	tempo,	isto	é,	o	ritmo	
climático,	abordagem	apropriada	à	climatologia	geográfica	(SANT’ANNA	NETO,	
2004;	BARROS,	2009;	ZAVATTINI,	2009).
Observamos	 anteriormente	 também	 que	 a	 Meteorologia	 possui	 dois	
ramos:	 o	 Tradicional	 ou	 Separativo	 e	 o	 Dinâmico	 ou	 Sintético.	 Então,	 se	 a	
climatologia	 se	 apoia	 na	 meteorologia,	 por	 consequência,	 ela	 também	 possui	
duas	 formas	de	 abordagem:	 1)	 a	 tradicional	 ou	 separativa	 e	 2)	 a	 dinâmica	 ou	
sintética.	A	primeira	trata	de	isolar	os	elementos	climáticos	(temperatura	do	ar,	
precipitação	pluvial,	nebulosidade,	insolação	etc.)	e	estudá-los	a	partir	de	médias	
calculadas	 e	dispostas	 em	 cartas	 e	 gráficos.	Esta	 abordagem	é	muito	utilizada	
ao redor do planeta, todavia, acaba por diluir a realidade a partir das médias. 
Quando	médias	são	calculadas,	o	fiel	sentido	e	o	impacto	dos	valores	excepcionais	
(anômalos)	 ou	 daqueles	 pouco	 ocasionais	 acabam	 por	 desaparecer	 (BARROS;	
ZAVATTINI,	2009).	No	entanto,	sabemos	que	os	registros	que	“fogem”	da	média	
também	são	importantes.	Ao	olharmos	um	dado	médio	anual	de	chuva	para	uma	
determinada localidade, por exemplo, podemos deixar passar por despercebido 
um	evento	de	precipitação	 extrema	 registrado	 em	horas.	 Episódios	de	 chuvas	
intensas	em	poucas	horas,	geralmente,	são	muito	impactantes	para	a	sociedade.	
Sendo assim, estaríamos ignorando um evento importante e caríssimo sob o viés 
geográfico.	 Conforme	 Monteiro	 (1962),	 os	 registros	 dos	 elementos	 climáticos	
menos	ocasionais	também	são	indicadores	do	ritmo	atmosférico	de	um	local.
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
10
A	segunda	abordagem,	a	dinâmica	(ou	sintética),	explora	as	massas	de	ar,	
examinando	ainda	os	sistemas	frontais	que	elas	próprias	constituem	(MONTEIRO,	
1962).	A	climatologia	dinâmica	se	apropria	dos	elementos	atmosféricos	de	forma	
individualizada,	tal	qual	a	tradicional	(separativa),	para	auxiliar	no	entendimento	
dos	 sistemas	 atmosféricos	 atuantes	 em	 determinada	 análise	 (BARROS,	 2009;	
ZAVATTINI,	2009),	mas	isso	de	forma	secundária.	Aqui,	voltamos	a	mencionar	
o	método	desenvolvido	por	Monteiro	(1971),	a	análise	rítmica,	pois	ele	se	utiliza	
das duas perspectivas para gerar seus resultados, entendendo a base genética do 
clima e também o encadeamento dos tipos de tempo, sem desconsiderar os dados 
reais dos elementos atmosféricos ou transformando-os em médias.
Nós	verificamos	as	duas	abordagens	da	Climatologia	e	entendemos	que,	
aquela	que	mais	se	harmoniza	com	o	objeto	de	estudo	da	geografia	é	a	dinâmica.	
No	entanto,	será	que	se	apropriar	da	climatologia	tradicional	(separativa)	é	um	
erro?	Será	que	uma	abordagem	exclui	a	outra?
Barros	(2009)	e	Zavattini	(2009)	indicam	que	não	para	as	duas	perguntas.	
Aliás,	 elas	 são	complementares.	Ao	passo	que	a	análise	dinâmica	se	utiliza	de	
períodos cronológicos atmosférico que retratem uma realidade climática, a análise 
tradicional demanda longos períodos de dados registrados dos fenômenos e/ou 
dos elementos atmosféricos. Contudo, a abordagem tradicional pode fornecer 
valores	médios	que	apontam	tendências	e	frequências,	por	exemplo.	Barros	(2009)	
e	Zavattini	(2009),	embora	não	digam	que	uma	abordagem	aniquila	a	outra,	são	
enfáticos	ao	falar	que	a	verídica	compreensão	do	ritmo	climático	só	é	possível	se	os	
valores médios forem abandonados e se os valores extremos forem considerados 
para a realidade de um local. O tratamento dinâmico nos estudos em climatologia 
geográfica	não	invalida	e	nem	substitui	o	tradicional	ou	vice-versa,	porém,	sem	
dúvida,	 a	 climatologia	 dinâmica	 representa	 um	 melhoramento	 dos	 saberes	
climatológicos	da	terra	(MONTEIRO,	1969;	BARROS	(2009);	ZAVATTINI,	2009).
Mesmo	diante	de	tudo	o	que	foi	exposto	até	agora,	alguém	ainda	pode	
se	perguntar:	“mas	qual	o	motivo	de	ser	climatologia	geográfica	e	não	apenas	
Climatologia?”.	É	certo	que	existem	geógrafos	e	professores	de	geografia	que	não	
compartilham	desta	concepção,	todavia,	o	conceito	de	climatologia	geográfica	não	
ocorre	apenas	por	ser	ensinada	e/ou	praticada	dentro	da	formação	em	Geografia,	
tampouco	 por	 algum	 tipo	 de	 fetiche	 infundado.	 O	 conceito	 está	 diretamente	
ligado	ao	objeto	de	estudo	da	ciência	geográfica,	de	incluir	o	ser	humano	dentro	
do	 processo,	 de	 entender	 o	 clima	 como	 produtor	 do	 espaço	 e	 de	 não	 excluir	
a	 natureza	 da	 análise.	 Portanto,	 sendo	 pertinente.	 Ademais,	 a	 climatologia	
geográfica,	 por	 tudo	 isso,	 está	 preocupada	 com	as	 repercussões	 climáticas	 em	
superfície, nos baixos níveis da atmosfera, ao passo que a Climatologia praticada 
pelos	 meteorologistas,	 por	 exemplo,	 se	 preocupa,	 por	 vezes,	 com	 níveis	 da	
atmosfera	que	não	geram	qualquer	tipo	de	impacto	direto	ao	ser	humano.
TÓPICO 1 — AS BASES DA CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
11
O conceito de climatologia geográfica é tão importante e tão difundido entre a 
maioria dos geógrafos brasileiros que, bianualmente, ocorre um evento nacional intitulado: 
Simpósio Brasileiro de climatologia geográfica (SBCG). O evento já passou por mais de 
dez edições e tem, em média, um público de 500 pessoas. Isso reforça e pode servir de 
parâmetro para demonstrar a relevância que a escola brasileira de climatologia geográfica 
representa no país. As publicações das edições anteriores do SBCG podem ser consultadas 
também no website da Associação Brasileira de Climatologia (ABClima).
IMPORTANT
E
No Tópico 1, tivemos a oportunidade de entender as bases teóricas que 
fundamentam	o	conceito	de	climatologia	geográfica	e,	também,	quais	são	e	como	
são	as	possíveis	abordagens	da	Climatologia,	com	maior	ou	menor	viés	geográfico.	
Nos	próximos	tópicos	da	Unidade	1,	avançaremos	nos	conteúdos	mais	aplicados	
da	climatologia	geográfica!
12
Neste tópico, você aprendeu que:
•	 A	climatologia	não	pertence	a	uma	ou	outra	área	do	conhecimento	específica,	
entretanto,	 ela	 possui	 suas	 bases	 nas	 ciências	 naturais.	 Especialmente	 no	
Brasil,	 há	 uma	 variação	 ou	 uma	 extensão	 da	 climatologia,	 conhecida	 como	
climatologia	geográfica.
•	 A	geografia	brasileira	e	a	climatologia	–	por	consequência	–	têm	as	suas	bases	
na escola francesa, sobretudo por conta dos primeiros docentes provenientes 
da	 França,	 que	 ocuparam	 os	mesmos	 cargos	 nas	 universidades	 do	 país	 na	
época,	de	modo	geral,	entre	1930	e	1960.	Além	disso,	a	climatologia	geográfica	
desenvolvida	 pelo	 professor	 Monteiro	 também	 tem	 as	 suas	 raízes	 no	
referenciado	país	europeu,	galgada	na	concepção	climática	de	Sorre	(1951)	e	
nos	trabalhos	de	Pédelaborde	(1970).
•	 A	noção	de	ritmo	climático	é	o	que	fundamenta	a	climatologia	geográfica	e	
o que fornece embasamento da passagem de uma climatologia tradicional-
separativa para uma dinâmica-sintética. O estudo do ritmo climático foi 
um	 grande	 contributo	 do	 professor	 Monteiro	 (1971),	 a	 partir	 do	 método	
desenvolvido	por	ele,	conhecido	como	análise rítmica.
•	 A	climatologia	tem	suas	bases	na	meteorologia.	Além	disso,	há	duas	formas	de	
abordagens para os estudos climáticos: a tradicional ou separativa, que estuda os 
elementos	atmosféricos	de	modo	fragmentado,	pautados	em	dados	médios	e;	
a dinâmica ou sintética, que trata de analisar os elementos de forma integrada, 
descartando os dados médios e dando subsídio aos estudos das massas de ar e, 
consequentemente, ao encadeamento dos tipos de tempo.
•	 A	 climatologia	 dinâmica	 é	 aquela	 que	 mais	 se	 adapta	 à	 geografia,	 pois	
possibilita análises mais apropriadas entre os fenômenos atmosféricos reais, em 
nível	diário,	e	os	impactossobre	a	sociedade,	ou	seja,	auxilia	no	entendimento	
de	 como	o	 clima	pode	 repercutir	no	espaço	geográfico,	objeto	de	estudo	da	
geografia.
• Os motivos pela qual a climatologia praticada pelos geógrafos recebe o 
nome	de	climatologia	geográfica,	entendendo	que	não	se	trata	de	uma	mera	
terminologia,	mas	sim	de	um	conceito	respaldado	na	noção	de	integração	dos	
elementos	 atmosféricos,	 de	 ritmo,	 de	 associação	 entre	 clima	 e	 sociedade	 e,	
portanto,	que	se	preocupa	com	as	decorrências	em	nível	de	superfície	e	nos	
primeiros metros da atmosfera.
RESUMO DO TÓPICO 1
13
1	 Observamos,	 ao	 longo	 do	 tópico,	 que	 a	 climatologia	 geográfica	 exibe,	
basicamente,	duas	linhas	ou	forma	de	ser	trabalhada,	uma	de	cunho	mais	
estática,	subdividindo	os	elementos	em	“caixinhas”	e	outra	mais	dinâmica,	
integrando	 os	 elementos	 e	 dando	 noção	 de	 ritmo	 climático.	 Sobre	 as	
diferentes possibilidades de abordagens da climatologia apresentadas a 
seguir, relacione cada uma delas com as suas respectivas características:
I-	 Tradicional	(separativa).
II-	Dinâmica	(sintética).
(			)	Se	 preocupa	 com	 a	 análise	 dos	 elementos	 atmosféricos	 de	 maneira	
fragmentada e, geralmente, se apropria de dados médios em suas análises.
(			)	É	mais	afeita	aos	estudos	geográficos	e,	portanto,	fundamenta	o	conceito	
de	climatologia	geográfica.
(			)	Está	 mais	 ligada	 aos	 estudos	 das	 massas	 de	 ar,	 dos	 sistemas	 frontais	
e ao encadeamento dos tipos de tempo sob um determinado local, 
considerando	o	habitual	e	o	excepcional	atmosférico.
(			)	Possui	 no	 método	 da	 análise	 rítmica	 uma	 das	 possibilidades	 de	 ser	
estudada	e	de	fornecer	análises	mais	refinadas	e	de	sequência	climática.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	(			)	I	–	II	–	I	–	II.
b)	(			)	II	–	I	–	I	–	II.
c)	 (			)	I	–	I	–	II	–	I.
d)	(			)	I	–	II	–	II	–	II.
2	 As	 análises	 em	 climatologia	 geográfica	 podem	 ser	 feitas	 a	 partir	 de	
diferentes	escalas	temporais,	dentre	elas:	horária,	diária,	mensal,	anual	e	até	
mesmo	em	outros	recortes.	Algumas	escalas	apresentam	mais	refinamento	
do que outras e, para efetuar a técnica da análise rítmica, é necessário que 
seja	possível	analisar	os	elementos	climáticos	em	conjunto	com	as	cartas	
sinóticas,	a	fim	de	averiguar	o	encadeamento	dos	tipos	de	tempo.	Segundo	
Monteiro	(1971),	o	estudo	da	variação	dos	elementos	do	clima	em	conjunto	
com	a	interpretação	das	cartas	é	o	que	enriquece	o	dinamismo	intrínseco	às	
análises climáticas. Portanto, diante do exposto, assinale a alternativa que 
indica	a	escala	mínima	necessária	para	a	aplicação	da	análise	rítmica:	
FONTE: MONTEIRO, C. A. F. Análise rítmica em Climatologia: problemas da atualidade 
climática em São Paulo e achegas para um programa de trabalho. Climatologia, São Paulo, 
v. 1, p. 1-21, 1971.
a)	(			)	Mensal.
b)	(			)	Diária.
c)	 (			)	Anual.
d)	(			)	Semanal.
AUTOATIVIDADE
14
3	 Diante	do	que	aprendemos	sobre	as	bases	da	climatologia	geográfica,	da	
importância do novo paradigma de estudos climáticos desenvolvido por 
Sorre	(1951)	e	ampliado	por	Pédelaborde	(1970)	e	Monteiro	(1971),	reflita	
sobre	o	tema	e	responda:	o	que	define	o	conceito	de	climatologia	geográfica	
e	qual	o	motivo	para	diferenciá-lo	apenas	de	climatologia?
FONTE: MONTEIRO, C. A. F. Análise rítmica em Climatologia: problemas da atualidade 
climática em São Paulo e achegas para um programa de trabalho. Climatologia, São Paulo, 
v. 1, p. 1-21, 1971.
FONTE: PÉDELABORDE, P. Introduction à l’étude scientifique du climat. Paris: SEDES, 1970.
FONTE: SORRE, M. Le Climat. In: SORRE, M. Les Fondements de la Géographie Humaine. 
Paris: Armand Colin, 1951.
15
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
VOCÊ SABE A DIFERENÇA ENTRE TEMPO E CLIMA?
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, tivemos a oportunidade de estudar as bases 
conceituais	 da	 climatologia	 geográfica,	 campo	 do	 conhecimento	 e	 disciplina	
importante	 nos	 estudos	 socioambientais	 do	 planeta	 e	 na	 formação	 dos	
geógrafos	 e	 dos	 professores	 de	 Geografia.	 Além	 disso,	 verificamos	 também	
que	a	climatologia	tem	suas	bases	na	meteorologia.	Embora	uma	tenha	base	na	
outra,	 será	que	os	seus	domínios	são	 idênticos?	Qual	destas	duas	se	debruça	
sobre	os	aspectos	climáticos	e	qual	sobre	os	aspectos	meteorológicos?	Por	sinal,	
qual	 a	 diferença	 entre	 tempo	 e	 clima?	 Talvez	 você	 já	 tenha	 a	 resposta,	mas,	
que	 tal	 esmiuçarmos	 algumas	 definições	 e	 compreendermos	 em	 conjunto	 às	
diferenciações	existentes?
Informações	 ligadas	às	condições	do	 tempo	ou	às	condições	climáticas,	
atualmente,	são	comuns	em	nosso	cotidiano.	Ao	assistirmos	televisão,	ao	abrirmos	
um	aplicativo	no	celular	ou	até	mesmo	ao	folharmos	um	jornal	impresso,	podemos	
reparar	em	notícias	ou	conteúdos	que	abordam	tais	assuntos,	principalmente	no	
que	diz	respeito	à	previsão	do	tempo	e/ou	as	mudanças	climáticas	globais.
Nos	dias	de	hoje,	mesmo	que	seja	corriqueiro	e	até	comum	observarmos	
notícias	 e	 informações	 ligadas	 aos	 aspectos	 atmosféricos,	 ainda	 é	 frequente	
verificarmos	a	utilização	de	forma	errônea	das	palavras/conceitos	tempo e clima, 
seja	por	parte	da	população	em	geral,	de	jornalistas	ou,	por	vezes,	até	mesmo	de	
profissionais	ligados	às	ciências	que	envolvem	estudos	atmosféricos.
Então,	caro	acadêmico,	será	que	é	correto	dizer	que,	por	exemplo,	amanhã	
o	clima	em	Porto	Nacional,	no	Tocantins,	estará	chuvoso?	Ou	que	o	 tempo	de	
São	Joaquim,	em	Santa	Catarina,	durante	o	inverno	é	frio?	Responderemos	tais	
questionamentos	ao	longo	do	Tópico	2.	Bom	aprendizado!
16
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
2 CLIMA É AQUILO QUE ESPERAMOS, TEMPO É O QUE 
SENTIMOS
Para	nós,	estudantes	e	entusiastas	da	geografia	e	de	outras	áreas,	como:	
meteorologia,	 agronomia,	oceanografia	e	 física,	os	 conceitos	 e	 as	definições	de	
tempo	 e	 clima	 são	 fundamentais,	 pois	 ao	 utilizar	 um	 ou	 outro,	 as	 conotações	
são	 (ou	 pelo	 menos	 deveriam	 ser)	 completamente	 diferentes.	 Nos	 livros	 que	
tratam dos aspectos meteorológicos e climatológicos é comum encontrarmos as 
definições	de	 tempo	e	 clima	 logo	nas	primeiras	páginas	dos	 capítulos	 iniciais.	
Um	exemplo	disso	pode	ser	visto	no	princípio	do	livro	Tempo e Clima no Brasil, 
quando	Dias	e	Silva	(2009,	p.	15)	usam	a	citação	de	Mark	Twain	para	dizer	que	
“Clima	é	aquilo	que	esperamos,	tempo	é	o	que	sentimos”,	ou	seja,	basicamente,	
podemos	 dizer	 que	 clima	 é	 uma	 condição	 estabelecida	 através	 de	 um	 longo	
período	de	observação	dos	tipos	de	tempo,	na	casa	de	décadas.	Ao	passo	que	o	
tempo	é	definido	pelas	condições	meteorológicas	que	variam	ao	longo	do	dia	a	
dia,	influenciados	pelos	sistemas	atmosféricos	atuantes	em	curto	prazo.
A	Organização	Meteorológica	Mundial	 (WMO,	em	 inglês)	define	clima	
como	as	“condições	atmosféricas	médias	para	um	local	específico	por	um	longo	
período	(WMO,	c2020).	No	que	se	refere	à	concepção	de	tempo,	o	Instituto	Nacional	
de	Meteorologia	 (INMET)	do	Brasil	 define	 como:	 “estado	 físico	das	 condições	
atmosféricas	em	um	determinado	momento	e	local.	Isto	é,	a	influência	do	estado	
físico	da	atmosfera	 sobre	a	vida	e	as	atividades	do	homem”	 (INMET,	 c2020a).	
Para	a	Administração	Nacional	da	Aeronáutica	e	Espaço	(NASA,	em	inglês),	a	
diferença	entre	tempo	e	clima	é	uma	medida	de	tempo.	O	tempo	(meteorológico)	
são	as	condições	da	atmosfera	durante	um	curto	período;	o	clima,	por	sua	vez,	
é	 como	 a	 atmosfera	 "se	 comporta"	 por	 períodos	 relativamente	 longos	 (NASA,	
2005).	Mendonça	e	Danni-Oliveira	(2007,	p.	13),	complementam	expondo	que	o	
estado	atmosférico,	em	um	instante	e	em	um	dado	local,	é	fornecido	pelo	conjunto	
de	elementos	que	o	caracteriza	naquele	momento,	como,	por	exemplo:	a	umidade	
relativa	do	ar,	a	temperatura,	a	precipitação,	a	pressão	atmosférica	etc.
As	 definições	 de	 tempo	 e	 clima	 supracitadas,	 todas	 elas	 semelhantes,	
carregam	consigo	as	concepções	provenientes	da	Meteorologia	e	da	Climatologia	
como sua subárea. No entanto, no escopoda Climatologia, estudada como um ramo 
da	Geografia,	a	noção	de	tempo é mais ampla do que os conceitos meteorológicos 
citados	previamente.	Para	os	geógrafos,	o	 tempo	refere-se	às	combinações	que	
se	repetem,	nem	sempre	idênticas,	contudo,	geradoras	de	sensações	fisiológicas	
similares,	de	acordo	com	Pédelaborde	(1970),	baseando-se	em	Sorre	(STEINKE,	
2012).	Tal	concepção	faz	com	que	outra	terminologia	seja	adotada	para	designar	o	
tempo	atmosférico,	ou	seja,	a	expressão	e	a	noção	de	tipos de tempo.	Um	tipo	de	
tempo	é	composto	quando	uma	junção	de	elementos	que	se	repetem	aparece	com	
frequência,	sem	serem	idênticos,	mas,	muito	próximos	e	gerando	efeitos	iguais	
(PÉDELABORDE,	1970).	Sorre	(1951)	destaca	que,	em	cada	instante,	a	composição	
dos	elementos	atmosféricos	 forma	um	conjunto	 característico	–	o	 tempo	–,	 e	 a	
sucessão	dos	 tipos	de	 tempo	é	conduzida	pelas	 leis	da	meteorologia	dinâmica	
(STEINKE,	2012).	
TÓPICO 2 — VOCÊ SABE A DIFERENÇA ENTRE TEMPO E CLIMA?
17
Além	desta	distinção	do	conceito	de	tempo,	para	a	geografia,	ou	melhor,	
para	 a	 climatologia	 geográfica,	 o	 conceito	 de	 clima	 também	 é	 delineado	 de	
outra	maneira.	Em	uma	perspectiva	mais	adaptada	à	geografia,	podemos	citar	
novamente	a	contribuição	de	Max	Sorre.	Para	o	francês,	o	conceito	de	clima	pode	
ser	definido	como	“o	ambiente	atmosférico	constituído	pela	série	de	estados	da	
atmosfera	 sobre	 um	 lugar	 em	 sua	 sucessão	 habitual”	 (SORRE,	 1951,	 p.	 14).	O	
conceito sorreano de clima pondera os estados da atmosfera em sua totalidade 
e	 não	 o	 estado	médio,	 envolvendo	 todas	 as	 condições,	 sem	descartar	 os	 tipos	
excepcionais	 que	 as	médias	 encobrem.	Ademais,	 tal	 definição	 tem	 em	 vista	 a	
sucessão	dos	tipos de tempo,	ou	seja,	o	seu	ritmo	e	a	sua	duração,	tornando-a	
apropriada	para	a	climatologia	geográfica	(BARROS,	2009;	ZAVATTINI,	2009).
O	 professor	 Carlos	 Augusto	 de	 Figueiredo	 Monteiro,	 adepto	 desta	
concepção	de	Sorre	e	que,	como	vimos	no	Tópico	1,	lançou	as	bases	da	climatologia	
geográfica	no	Brasil,	 inclui	o	paradigma	do	 ritmo	ao	conceito	de	 clima,	 isto	é,	
para	ele,	o	clima	é	a	sucessão	habitual	e	excepcional	dos	tipos	de	tempo	e	suas	
articulações	no	sentido	de	retorno	aos	mesmos	estados	num	determinado	local	
da	Terra	(MONTEIRO,	1976;	FIALHO,	2007;	BARROS,	2009;	ZAVATINI,	2009).
A	matriz	 positivista	 existente	 entre	 os	 séculos	 XVIII	 e	 XIX	 na	 Europa	
fracionou	o	conhecimento	em	ramos	particulares,	originando	a	ciência	moderna.	
Foi	 neste	 cenário	 que	 o	 estudo	 da	meteorologia	 ficou	 pertencendo	 ao	 campo	
das	 ciências	 naturais,	 mais	 especificamente	 ao	 ramo	 da	 física,	 sendo	 de	 sua	
aptidão	o	estudo	dos	fenômenos	isolados	da	atmosfera	e	do	tempo	atmosférico	
(MENDONÇA;	DANNI-OLIVEIRA,	2007).	Do	ponto	de	vista	de	um	conhecimento	
científico	com	identificação	própria,	a	aparição	da	Climatologia	ocorreu	somente	
algum	tempo	depois	da	sistematização	da	Meteorologia.	A	Climatologia,	segundo	
Mendonça	e	Danni-Oliveira	(2007,	p.	14),	pode	ser	considerada	uma	subdivisão	
da	Meteorologia	 e	 da	 Geografia.	 É	 válido	 indicar	 que	 a	 Geografia	 compõe	 o	
quadro	das	ciências	humanas	e	tem	como	objetivo	o	estudo	do	espaço	geográfico	
por	 meio	 da	 interação	 entre	 sociedade	 e	 natureza	 (MENDONÇA;	 DANNI-
OLIVEIRA,	2007).
Mendonça	e	Danni-Oliveira	(2007)	indicam	ainda	que	a	climatologia,	em	
sua	especificidade	geográfica,	 está	entre	as	 ciências	humanas	–	na	geografia	e,	
particularmente,	na	geografia	física	–,	e	as	ciências	naturais,	de	forma	mais	clara	
na meteorologia e na física. Contudo, os autores esclarecem que ela está mais 
relacionada	aos	domínios	da	geografia.	Para	esclarecer	o	 raciocínio,	os	autores	
apresentam um esquema que auxilia no entendimento, conforme pode ser visto 
na	Figura	1:
18
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
FIGURA 1 – POSIÇÃO DA CLIMATOLOGIA NO CAMPO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
FONTE: Adaptado de Mendonça e Danni-Oliveira (2007, p. 14)
Geografia	física
Geografia
Geografia	humana
Ciências
humanas
e sociais
Meteorologia Física
Ciências
naturais 
e exatas
Geomorfologia
Hidrografia
Climatologia
Biogeografia
Pedologia
Além	 das	 definições	 supracitadas,	 um	 conceito	 de	 clima	 que	 não	
abordamos	anteriormente	e	que,	inclusive,	serviu	de	base	para	a	reflexão	e	para	
a	mudança	de	paradigma	proposta	por	Max	Sorre,	é	a	do	austríaco	Julius	Hann,	
estabelecida	no	final	do	século	XIX.	Para	Hann,	clima	é	o	conjunto	de	fenômenos	
meteorológicos	que	evidenciam	a	condição	média	da	atmosfera	sobre	cada	lugar	
do planeta. Como vimos outrora, o conceito estabelecido por Sorre, ampliado 
e	 aperfeiçoado	 por	 Pédelaborde	 e,	 principalmente,	 por	 Monteiro,	 superou	 o	
paradigma	das	médias	atmosféricas,	dando	ênfase	à	noção	de	ritmo,	ou	seja,	aos	
tipos	de	tempo	(ou	estados	atmosféricos)	habituais	e	excepcionais	(MENDONÇA;	
DANNI-OLIVEIRA,	2007).
Assim	 sendo,	 para	 a	 climatologia	 geográfica,	 o	 conceito	 de	 clima	mais	
pertinente	é	o	que	dá	caráter	dinâmico	a	atmosfera,	isto	é,	aquele	idealizado	por	
Sorre.	A	admissão	da	dinâmica	atmosférica	nos	estudos	de	clima,	considerando	o	
habitual	e	o	excepcional,	tornou	clara	a	relevância	que	esta	abordagem	tem	para	
a	geografia,	pois	são	estes	aspectos	que	causam	maior	repercussão	às	atividades	
humanas	e	não	as	médias.	Portanto,	as	condições	médias	são	insuficientes	para	o	
equacionamento	dos	problemas	relativos	ao	que	é	importante	para	a	geografia,	
melhor	dizendo,	para	a	inter-relação	entre	sociedade	e	natureza	(MENDONÇA;	
DANNI-OLIVEIRA,	2007).
Steinke	 (2012),	 concordando	 com	 Mendonça	 e	 Danni-Oliveira	 (2007),	
evidencia	que	a	climatologia	também	é	uma	subdivisão	da	geografia	física,	que	
se	empenha	em	investigar	os	fenômenos	atmosféricos	e	sua	espacialização,	além	
disto,	 de	 suas	 repercussões	 na	 sociedade.	 Nesse	 sentido,	 conforme	 apresenta	
Ayoade	(1996),	é	importante	exibir	outros	domínios	de	atuação	da	climatologia,	
ou,	na	verdade,	algumas	subdivisões	de	suas	potencialidades,	tais	quais	podem	
ser	vistas	no	Quadro	1:
TÓPICO 2 — VOCÊ SABE A DIFERENÇA ENTRE TEMPO E CLIMA?
19
QUADRO 1 – CAMPO DA CLIMATOLOGIA E SUAS SUBDIVISÕES
FONTE: Adaptado de Ayoade (1996, p. 3)
Climatologia 
Regional Estudo dos climas em áreas selecionadas da Terra.
Climatologia 
Sinótica
É	o	estudo	do	tempo	e	do	clima	em	uma	área	com	relação	ao	padrão	de	circulação	
atmosférica predominante. A climatologia sinótica é, assim, essencialmente uma 
nova abordagem para a climatologia regional.
Climatologia 
Física
Envolve	 a	 investigação	 do	 padrão	 dos	 elementos	 do	 tempo	 ou	 processos	
atmosféricos	em	termos	de	princípios	físicos.	Neste,	dá-se	ênfase	à	energia	global	
e	aos	regimes	de	balanço	hídrico	da	Terra	e	da	atmosfera.
Climatologia 
Dinâmica
Enfatiza	 os	 movimentos	 atmosféricos	 em	 várias	 escalas,	 particularmente	 na	
circulação	geral	da	atmosfera.
Climatologia 
Aplicada
Enfatiza	 a	 aplicação	 do	 conhecimento	 climatológico	 e	 dos	 princípios	
climatológicos	nas	soluções	dos	problemas	práticos	que	afetam	a	humanidade.
Climatologia 
Histórica É o estudo do desenvolvimento dos climas através dos tempos.
Os	domínios	ou	as	subdivisões	da	climatologia,	de	acordo	com	o	exibido	
por Ayoade	 (1996),	 são	 vastos,	 entretanto,	 alguns	 possuem	mais	 aptidão	 para	
serem	investigados	pela	climatologia	geográfica	do	que	outros.	Não	há	empecilhos	
para	se	investigar	uma	ou	outra	subdivisão,	todavia,	tudo	depende	do	objeto	de	
estudo	e	das	finalidades	de	cada	campo	do	conhecimento.	
Além	destas,	de	maneira	recente,	existe	outra	subdivisão	da	climatologia	
e,	especialmente	da	climatologia	geográfica,	ganhando	força	e	se	 tornando	um	
domínio	de	atuação.	Tal	subdivisão	é	conhecida	como	climatologia	cultural.	Suas	
bases	são	alicerçadas	pelo	próprio	ramo	da	geografia,	a	geografia	cultural,	que	
se	interessa	pela	cultura	material	e	imaterial	dos	grupos	humanos,	como:	as	suas	
ferramentas, as suas casas, a sua maneira de cultivar os camposou de criar os 
animais,	enfim,	pelas	suas	formas	e	seus	saberes	(CLAVAL,	2011).	Romero	et al. 
(2017)	explicam	que,	as	culturas	baseadas	nas	práticas,	nos	conhecimentos	e	nos	
símbolos	 das	 comunidades	 locais,	 são	 responsáveis	 pelas	 sínteses	 territoriais	
sobre	 as	 quais	 a	 sociedade	 precisa	 decidir	 suas	 estratégias	 de	 adaptação	 no	
que	diz	 respeito,	 por	 exemplo,	 as	mudanças	 climáticas	 globais.	O	 conceito	de	
Climatologia Cultural leva em conta os saberes locais, incluindo comunidades 
tradicionais,	nas	 tomadas	de	decisões,	 influenciando	e	caracterizando	assim	as	
redes de atores e suas tipologias espaciais.
Embora	existam	diferentes	domínios	de	atuação	da	Climatologia	e	algumas	
de	cunho	mais	geográfico,	definir	o	clima	como	as	“condições	atmosféricas	médias	
para	um	 local	 específico	por	um	 longo	período”	 (WMO,	 c2020),	 não	pode	 ser	
considerado	um	erro,	entretanto,	esta	definição	é	puramente	meteorológica.	Para	
a	geografia	é	o	conceito	com	bases	sorreanas e monterianas que se sustenta e que se 
apresenta mais apropriado aos estudos da área e, portanto, para a climatologia 
geográfica.
20
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
Foram os gregos antigos que criaram a palavra klima, que originalmente 
queria dizer “inclinação, declive”. Etimologicamente, a palavra klima está ligada ao suposto 
declive da Terra, partindo do equador aos polos. Na divisão de zonas climáticas que os 
primeiros geógrafos elaboraram, quase correspondentes às modernas latitudes, cada uma 
das divisões era um klima, um segmento na rota de descaimento da superfície terrestre em 
seu progressivo afastamento do Sol. A palavra chegou ao latim como clima e ao francês, no 
século XIII, como climat.
FONTE: RODRIGUES, S. Do 'klima' ao clima. 2017. Disponível em: https://veja.abril.com.br/
blog/sobre-palavras/do-klima-ao-clima/. Acesso em: 13 nov. 2019.
DICAS
Vale	 destacar	 que	 ao	 tratarmos	 dos	 domínios,	 das	 atribuições	 e	 dos	
objetos	de	estudo	de	cada	um	desses	campos	do	conhecimento	(Meteorologia	e	
Climatologia),	não	estamos	falando	das	atribuições	profissionais	regulamentadas	
e	 estabelecidas	por	 conselhos	 e/ou	 leis.	 Tais	discussões	 traçadas	 aqui	 estão	no	
campo	da	produção	do	conhecimento,	pois,	é	comum	observarmos	profissionais	
das mais variadas áreas se dedicando aos estudos climáticos.
Voltando ao título do Tópico 2: Clima é aquilo que esperamos, tempo é o que 
sentimos,	podemos	afirmar	que	tempo	é	o	que	se	sente,	pois	o	estado	atmosférico	
no	presente	instante	em	que	você	está	lendo	este	trecho	do	texto,	no	exato	local	
do	planeta	em	que	você	se	encontra,	é	precisamente	o	que	você	está	sentindo.	A	
definição	de	tempo	remete	a	algo	momentâneo	e/ou	de	curto	prazo,	portanto,	o	
correto	é	dizer	que	“Hoje o tempo está chuvoso”	e	não	“Hoje o clima está chuvoso”, 
por	exemplo.	Também	podemos	dizer	que	o	clima	é	aquilo	que	se	espera	porque,	
a	título	de	exemplo,	dependendo	do	lugar	que	você	reside,	há	como	esperar	as	
condições	do	próximo	inverno.	Quem	mora	em	Curitiba,	no	período	invernal,	já	
espera	que	situações	de	frio	consideráveis	ocorram.	Portanto,	para	exemplificar,	o	
adequado	é	falarmos	“o clima de Curitiba é temperado, por isto, durante o inverno, alguns 
dias podem fazer muito frio”,	e	não	“o tempo de Curitiba durante o inverno é agradável 
para mim, pois, faz frio”. Entretanto, excepcionalmente, sabemos que em Curitiba 
pode	ocorrer	dias	com	temperaturas	mais	elevadas	do	que	o	habitual,	mesmo	no	
inverno.	Isso	faz	parte	da	variabilidade	climática,	ou	seja,	do	excepcionalismo	do	
clima.	Trataremos	de	forma	detalhada	os	climas	do	Brasil	na	Unidade	2.
Portanto,	caro	estudante,	quando	alguém	perguntar	para	você	como	está	
o clima em sua cidade, responda que, na verdade, o tempo	hoje	está	chuvoso	
ou	seco,	por	exemplo.	A	dimensão	de	clima	está	relacionada	ao	longo	período,	
as	condições	que	o	ritmo	climático	confere	ao	seu	município	ou	região	em	sua	
sucessão	 habitual,	 ao	 encadeamento	 dos	 tipos	 de	 tempo,	 caracterizadas	 pela	
sazonalidade	de	um	período	mais	extenso.
TÓPICO 2 — VOCÊ SABE A DIFERENÇA ENTRE TEMPO E CLIMA?
21
3 PREVISÃO DO TEMPO VS. PREVISÃO CLIMÁTICA
Agora	que	você	já	sabe	a	diferença	entre	tempo	e	clima,	vamos	falar	um	
pouco	sobre	as	definições	e	as	características	das	previsões	atmosféricas!
Quando	assistimos	um	telejornal	e	o	apresentador	fala	sobre	a	previsão	do	
tempo	para	 o	dia	 seguinte	 ou	para	 o	próximo	final	 de	 semana,	 estamos	 lidando	
diretamente com o conceito de tempo, pois está implícito no termo. No entanto, 
quando	a	informação	diz	respeito	a	como	será	o	próximo	verão,	por	exemplo,	estamos	
tratando	de	uma	previsão	climática,	logo,	com	o	conceito	de	clima.	Conforme	Ynoue	
et al.	 (2017),	 por	meio	 físicos,	matemáticos	 e	 computacionais,	 é	 possível	 predizer	
numericamente	o	tempo	e	o	clima,	ou	seja,	conjecturar	se	nos	próximos	dias	choverá	
ou	não	(previsão	de	tempo)	ou	se	numa	dada	estação	do	ano	futura	será	mais	quente	
ou	mais	fria	do	que	o	normal/habitual	(previsão	de	clima).
As	 atribuições	 profissionais	 para	 realização	 de	 previsões	 do	 tempo	
e/ou	 previsões	 climáticas,	 legalmente,	 no	 Brasil,	 não	 é	 de	 responsabilidade	
dos	 geógrafos.	 Todavia,	 a	 ciência	 geográfica	 pode	 e	 deve	 se	 apropriar	 de	 tais	
informações	para	antecipar	e	resolver	problemas,	tais	como,	aqueles	ligados	ao	
planejamento	regional	e	urbano,	aos	desastres,	ao	setor	de	produção	de	energia,	
entre	 outros.	 A	 título	 de	 exemplo,	 estas	 áreas	 de	 atuação	 são	 amplamente	
vinculadas	 às	 atribuições	 dos	 geógrafos,	 sendo	 assim,	 os	 diferentes	 tipos	 de	
previsão	 atmosférica	 podem	 auxiliar	 na	 tomada	 de	 decisões	 e	 também	 em	
políticas	públicas.	Por	conta	disto,	é	importante	que	os	geógrafos	e	os	professores	
de	 geografia	 saibam	 extrair	 informações	 essenciais	 destes	 prognósticos	 para	
aplicá-las	ao	objeto	de	estudo	da	geografia.
Os	 profissionais	 que	 fazem	 previsões,	 seja	 do	 tempo	 ou	 do	 clima,	
necessitam de dados atmosféricos de acordo com seu recorte espacial de análise, 
em	nível	de	superfície	e	em	diferentes	níveis	de	altitude.	Não	há	um	único	sistema	
de	medição	de	dados	 capaz	de	 fornecer	 todas	as	 informações	 indispensáveis	
para	a	realização	de	uma	previsão,	por	conta	disto,	são	utilizados	vários	meios	
para	 obtenção	 de	 registros	 atmosféricos.	 O	 ideal	 é	 que	 muitas	 observações	
meteorológicas	 sejam	 acopladas	 conjuntamente,	 variando	 de	 acordo	 com	 o	
tamanho	da	área	em	que	se	quer	 realizar	a	previsão:	país,	 região,	estado	etc.	
Quantos	 mais	 dados	 confiáveis,	 melhor	 a	 previsão!	 As	 observações	 podem	
ser	provenientes	de	aviões,	aeródromos,	balões	meteorológicos,	navios,	boias	
oceanográficas,	estações	meteorológicas	e	satélites.	Após	a	coleta,	os	dados	de	
superfície	e	as	sondagens	de	altitude	são	enviados	para	os	centros	específicos	
que	 dão	 o	 devido	 tratamento	 aos	 dados	 (IAG,	 c2020).	 Vale	 ressaltar	 que	 os	
radares	 meteorológicos	 também	 são	 importantes	 ferramentas	 nas	 previsões	
meteorológicas atuais.
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UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
O Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (European 
Centre for Medium-Range Weather Forecasts – ECMWF) publica diariamente a cobertura 
geográfica mundial de todas as fontes provedoras de dados disponíveis para se realizar 
previsões meteorológicas e outros produtos. Estas fontes incluem: aviões, aeródromos, 
balões meteorológicos, navios, boias, estações meteorológicas etc. Para ilustrar, em 6 de 
dezembro de 2019, a quantidade de fontes fornecedoras de dados era de 124.634 ao total, 
destas, 2.222 eram boias oceanográficas. Você pode consultar a quantidade de hoje através 
do website do ECMWF em: https://www.ecmwf.int/en/forecasts/charts/monitoring.
DICAS
Em	 geral,	 após	 a	 etapa	 inicial	 de	 coleta	 dos	 dados,	 há	 uma	 troca	 em	
nível	 internacional	 de	 informações,	 numa	 rede	 especial	 somente	 para	 fins	
meteorológicos,	conhecidacomo:	Sistema	Global	de	Telecomunicações,	vinculada	
aos	 países	 que	 compõem	 a	 Organização	 Meteorológica	 Mundial	 (OMM).	 O	
passo	 seguinte	 é	 a	 introdução	 destes	 dados	 em	 computadores	 superpotentes,	
programados	 para	 realizarem	 cálculos	 conhecidos	 como	 previsão numérica de 
tempo	(IAG,	c2020).
Os	prognósticos	do	 tempo	não	 são	 importantes	 somente	 em	 superfície	
(baixos	níveis	da	atmosfera).	A	aviação,	por	exemplo,	necessita	de	previsões	em	
diferentes	 níveis	 para	 nebulosidade	 e	 condições	 de	 vento.	 Estas	 informações	
são	 de	 suma	 importância	 para	 os	 processos	 de	 decolagem	 e	 de	 aterrissagem	
das	 aeronaves.	 Além	 disto,	 algumas	 condições	 ameaçadoras	 podem	 aparecer	
durante	os	voos	em	altos	níveis,	como	a	turbulência	e	o	gelo	que	pode	ocorrer	
no	interior	das	nuvens	convectivas.	Na	navegação	a	previsão	também	é	de	suma	
importância,	ela	influencia	na	segurança	da	tripulação	e	da	carga,	pode	prever	
tempestades,	chuvas,	formação	de	gelo,	entre	outras	(IAG,	c2020).	A	previsão	do	
tempo	 influenciou	até	 situações	de	guerra,	 como,	por	exemplo,	na	Guerra	das	
Malvinas/Falklands	(CALEARO;	CARDOSO,	2018).
Estas	aplicações	citadas	são	importantes	para	toda	a	sociedade,	entretanto,	
de	 forma	 mais	 aplicada	 aos	 interesses	 da	 Geografia,	 podemos	 dizer	 que	 as	
previsões	atmosféricas	influenciam	mais	nos	aspectos	ligados	a	indústria,	no	setor	
de energia, no abastecimento de água, no comércio, na agricultura, na pecuária, 
na	saúde	humana	e	no	turismo.	As	observações	meteorológicas	para	estes	setores	
interferem,	por	 exemplo,	no	 transporte	de	 cargas,	na	 execução	de	 serviços,	na	
previsão	 de	 consumo,	 na	 previsão	 de	 hospedagem,	 no	 conforto	 animal,	 nas	
épocas	de	plantio	e	colheita,	entre	outros.	Para	exemplificar,	a	previsão	do	tempo,	
de	curto	prazo,	pode	gerar	impactos	sensíveis	no	turismo	de	praia,	no	turismo	de	
inverno	para	algumas	regiões	serranas	do	Brasil	ou	no	turismo	ligado	ao	esqui	
em	países	sul-americanos.	Uma	previsão	que	 indica	 tempo	chuvoso	durante	o	
TÓPICO 2 — VOCÊ SABE A DIFERENÇA ENTRE TEMPO E CLIMA?
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final	de	semana,	de	maneira	geral,	fará	com	que	o	aporte	de	turistas	nas	praias	
seja	menor.	Este	é	um	exemplo	que	pode	parecer	banal,	entretanto,	gera	impactos	
sensíveis	para	aqueles	que	têm	suas	atividades	econômicas	ligadas	ao	turismo,	
além	de	outras,	como	o	próprio	lazer.
Do	ponto	de	vista	de	uma	previsão	climática,	muitas	são	as	informações	
que	podem	ser	geradas	para	auxiliar	no	planejamento	futuro.	Previsões	climáticas	
podem	indicar	semestres	ou	estações	do	ano	mais	secas	ou	mais	chuvosas,	mais	
quentes	ou	mais	frias,	habituais	(normais)	ou	excepcionais	(anômalas).	A	partir	
de	tais	informações,	os	gestores	em	nível	de	município,	de	estado	e	também	de	
nação	podem	programar	ações	e/ou	pensar	em	políticas	públicas	que	tornem	os	
impactos	negativos	menores	para	a	sociedade.	Periodicamente,	órgãos	nacionais	
divulgam	prognósticos	sazonais	para	todo	o	Brasil,	tais	informações	são	valiosas	
e	importantes	para	a	Geografia	e	para	diversas	outras	áreas.	O	INMET	e	o	Centro	
de	Previsão	de	Tempo	e	Estudos	Climáticos	 (CPTEC),	pertencente	ao	 Instituto 
Nacional	de	Pesquisas	Espaciais	 (INPE),	são	os	responsáveis	por	 tais	produtos	
em	nível	nacional	(CPTEC,	c2020a;	INMET,	c2020b).
Sobre	as	aplicações	das	previsões	climáticas	ligadas	ao	objeto	de	estudo	da	
Geografia,	podemos	utilizar	o	exemplo	do	abastecimento	de	água	para	algumas	
regiões.	 Entre	 os	 anos	 de	 2014	 e	 2015,	 por	 exemplo,	 a	 Região	 Metropolitana	
de	 São	 Paulo	 (RMSP)	 e	 seu	 entorno	 passou	 por	 uma	 crise	 hídrica	 ligada	 ao	
armazenamento	do	Sistema	Cantareira	 que	gerou	grandes	 impactos	negativos	
para	diferentes	setores	da	sociedade	(FONTÃO,	2018).
Tal	 crise	 teve	 vários	 fatores	 que	 influenciaram	 em	 sua	 materialização,	
entretanto,	 a	 partir	 de	 uma	previsão	 climática	 que	 indique	 escassez	 de	 chuva	
para	um	determinado	período	futuro,	os	gestores	e	a	própria	população	podem	
tomar	algumas	medidas	visando	frentes	de	preparo	e,	portanto,	a	diminuição	das	
repercussões	negativas	deste	cunho.	Este	é	um	exemplo	específico,	mas	previsões	
climáticas	 influenciam	 diretamente	 em	muitos	 outros	 setores,	 incluindo	 até	 o	
financiamento	de	recursos	monetários	por	parte	dos	bancos	aos	produtores	rurais.
O Brasil é um grande produtor agrícola, sendo esta uma atividade de 
suma	importância	para	o	país,	que	depende	diretamente	de	condições	climáticas	
favoráveis,	portanto,	as	previsões	exercem	papel	fundamental	para	o	planejamento	
de	cada	safra,	de	cada	cultivo	específico.	Alguns	especialistas	indicam	que	60%	a	
70%	da	produção	agrícola	dependem	do	clima	(DIAS,	2019).
As	 previsões	 climáticas	 se	 diferenciam	 das	 previsões	 do	 tempo	 por	
alguns	motivos,	dentre	eles:	pelas	variáveis	que	consideram	em	seus	modelos;	
pelo	 período	 futuro	 ao	 qual	 realizam	 o	 prognóstico	 e	 pelas	 possibilidades	 de	
planejamento	prévio,	ou	seja,	pelas	suas	possibilidades	de	uso.
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UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
Conforme	 tratamos	 anteriormente,	 a	 previsão	 de	 tempo	 leva	 em	
consideração	dados	praticamente	em	tempo	real	de	aviões,	aeródromos,	balões	
meteorológicos,	 navios,	 radares,	 boias	 oceanográficas,	 estações	meteorológicas	
etc.,	em	curto	prazo,	para	 fazer	previsões	para	o	breve	período,	até	quinzenal,	
com	maior	 índice	 de	 acerto	 entre	 dois	 e	 cinco	 dias	 (CPTEC,	 c2020a).	 Duarte	
(2010),	 com	 base	 em	um	dos	meteorologistas	 especialistas	 do	CPTEC/INPE	 e,	
na	ocasião,	coordenador	do	centro,	indica	que	as	previsões	do	tempo	levam	em	
consideração	 algumas	 variáveis	 atmosféricas,	 tais	 quais:	 pressão	 atmosférica,	
direção	e	intensidade	dos	ventos,	umidade	do	ar	e	chuva.	Após	a	avaliação	destes	
elementos	 é	possível	 identificar	os	 sistemas	meteorológicos	que	 estão	atuando	
sobre a atmosfera, como, por exemplo: ciclones, anticiclones, frentes frias ou 
frentes quentes. É diante destas características da atmosfera que se torna viável 
fornecer	a	previsão	do	tempo	(DUARTE,	2010).
De	 acordo	 com	 Sampaio	 (2016),	 os	modelos	 que	 realizam	 as	 previsões	
climáticas	são	extensões	dos	modelos	de	previsão	de	tempo,	todavia,	suas	bases	
consideram	também	outras	variáveis.	As	previsões	climáticas	levam	em	conta	as	
condições	oceânicas,	ou	seja,	alicerçando-se	no	acoplamento	oceano-atmosfera.	
As	 previsões	 climáticas	 para	 o	 Brasil	 são	 feitas	 pelo	 Centro	 de	 Previsão	 de	
Tempo	e	Estudos	Climáticos	(CPTEC)	do	INPE	e	divulgadas	com	até	três	meses	
de	 antecedência.	 A	 previsão	 de	 eventos	 naturais	 como	 o	 El	 Niño-Oscilação	
Sul	 (ENOS)	 e	 suas	 respectivas	 fases:	 El	 Niño	 (positiva),	 La	 Niña	 (negativa)	
ou	 neutralidade,	 tem	 amparado	 governos	 de	 diferentes	 instâncias	 em	 ações	
para	 abrandar	danos	materiais	 e	 perdas	humanas,	 demonstrando	 importância	
estratégica	no	planejamento	de	atividades	econômicas	e	sociais	(CPTEC,	c2020a).
O ENOS é um fenômeno que provoca efeitos atmosféricos em diversas 
áreas	do	planeta,	podendo	modificar	as	condições	climáticas	substancialmente,	
contudo, sua origem é oceânica, repercutindo de acordo com a temperatura da 
superfície	do	mar	(TSM)	no	Pacífico	Equatorial.	No	Brasil,	suas	consequências,	de	
acordo	com	a	fase,	podem	incluir	chuvas	intensas	e	secas	para	diferentes	regiões	
do	 país,	 por	 exemplo	 (CPTEC,	 c2020b).	 Trataremos	 sobre	 o	 ENOS	 e	 outras	
oscilações	de	fenômenos	climáticos	naturais	na	Unidade	3.
No	entanto,	como	é	feita	a	previsão	de	clima	no	Brasil?	O	CPTEC	utiliza	
o	Modelo	de	Circulação	Geral	da	Atmosfera	(MCGA)	para	fazer	suas	previsões	
desde	 janeiro	de	 1995.	As	previsões	 são	 realizadas	mensalmente,	 com	 foco	na	
divulgação	da	previsão	sazonal	para	todas	as	regiões	do	país.	No	que	diz	respeito	
à	TSM,	as	análises	do	MCGA	são	 feitas	com	base	em	dados	médios	pretéritos	
observados	por	um	longo	período,	a	partir	disto	há	como	saber	se	as	condições	
serão	 anômalas	 (negativas	 ou

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