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#LEGIS NASCIMENTO, Filippe Augusto dos Santos. Constituição Federal. Tomo I - Do preâmbulo ao Poder Legislativo. Fortaleza: Ouse Saber, 2020. (Legis. V. 14) Constituição Federal. Direitos Fundamentais. Organização do Estado. Poderes. ISBN:– 978-65-86950-02-1. Constituição Federal. tomo i - Do Preâmbulo ao Poder Legislativo - Filippe Augusto dos Santos Nascimento Graduado em Direito pela UFC. Mestre em Direito pela UFRN. Doutor em Direito pela UFC. Defensor Público Federal. Professor de várias Pós-Graduações em Direito. Fundador e Professor do Curso Ouse Saber. Autor da Obra Direitos Fundamentais e sua Dimensão Objetiva E-mail: fi lippeaugusto83@gmail.com #LEGIS Proposta do Legis A Coleção Legis tem como objetivo primordial preparar candidatos para os principais concur- sos públicos do país. Pela experiência adquirida ao longo dos anos estudando e lecionando para concursos públicos, bem como conversando com centenas e centenas de alunos aprovados, a conclusão a que cheguei é que, cada dia mais, torna-se indispensável para a aprovação em concursos, principalmente, na prova objetiva, o conhecimento adequado da legislação. Estudar a lei em sua literalidade, todavia, é algo árido e, normalmente, pouco estimulante. Para vencer essa dificuldade, o Ouse Saber idealizou o Legis, a sua melhor maneira de estudar a legislação. No Legis, a estrela é a “letra da lei”, mas um super time de Professores, com larga experiência na preparação para concursos, destaca os pontos mais importantes da legislação, além de fazer comentários rápidos e ob- jetivos, apontar jurisprudência relevante sobre os temas e garantir questões para treinamento do conteú- do estudado. Tudo isso em um material de leitura agradável, com espaços para anotações e organização do estudo da lei em formato de plano dividido por dias. É realmente tudo que você precisa para aprender a legislação da forma mais rápida e agra- dável possível. Bons estudos e Ouse Saber! Filippe Augusto Defensor Público Federal Mestre e Doutor em Direito Coordenador do Legis 4 #LEGIS Sumário Plano de Leitura da Lei: Dia 01........................................................................... Dos Arts. 1º ao 4º. Dia 02.............................................................................................. Art. 5º. Dia 03........................................................................... Dos Arts. 6º ao 17. Dia 04........................................................................... Dos Arts. 18 ao 28. Dia 05........................................................................... Dos Arts. 29 ao 36. Dia 06........................................................................... Dos Arts. 37 ao 43. Dia 07........................................................................... Dos Arts. 44 ao 57. Dia 08........................................................................... Dos Arts. 58 ao 75. 4 #LEGIS 1 DIA 1 Disciplina: Direito Constitucional. Responsável: Prof. Filippe Augusto. Dia 01: Do Art. 1ª ao 4º. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 PREÂMBULO Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destina- do a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem- -estar, o desenvolvimento, a igualdade e a jus- tiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLI- CA FEDERATIVA DO BRASIL. Jurisprudência: “Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da pro- teção de Deus: não se trata de norma de repro- dução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa”. [ADI 2.076, rel. min. Car- los Velloso, j. 15-8-2002, P, DJ de 8-8-2003.] TÍTULO I Dos Princípios Fundamentais Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: Comentários: O Art. 1º estabelece os aspectos centrais do estado brasileiro. Assim, o Brasil pos- sui: Forma de Governo: República. Sistema de Governo: Presidencialista. Forma de Estado: Federação. Regime Político: Democrático. A Federação brasileira é formada pela associação indissolúvel de União, Estados e Municípios. Obs.: Por meio do plebiscito de 1993, o povo op- tou por manter a forma e o sistema de governos acima expostos, que foram previstos pelo Consti- tuinte Originário. Jurisprudência: “Lei 6.683/1979, a chamada “Lei de Anistia”. (...) princípio democrático e prin- cípio republicano: não violação. (...) No Estado Democrático de Direito, o Poder Judiciário não está autorizado a alterar, a dar outra redação, diversa da nele contemplada, a texto norma- tivo. Pode, a partir dele, produzir distintas nor- mas. Mas nem mesmo o STF está autorizado a rescrever leis de anistia. Revisão de lei de anistia, se mudanças do tempo e da sociedade a impuserem, haverá – ou não – de ser feita pelo Poder Legislativo, não pelo Poder Judiciário.” [ADPF 153, rel. min. Eros Grau, j. 29-4-2010, P, DJE de 6-8-2010.] ... o Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Comentários: esses são os chamados princípios fundamentais do Estado brasileiro. São aquilo que, Carl Schmitt, em sua concepção política de Constituição, chama de decisões políticas funda- mentais. São as decisões centrais do povo brasi- leiro sobre o que orienta a sociedade e o Estado brasileiros. Mnemônica: Sociedade Civilizada e Plural Valori- za a Dignidade.. Jurisprudência: “Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de hu- manidade previstos no ordenamento jurídico, é #LEGIS 2 de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encar- ceramento.” [RE 580.252, rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, j. 16-2-2017, P, DJE de 11-9-2017, Tema 365.] “Direito civil e constitucional. Ação de investiga- ção de paternidade cumulada com petição de herança. Filho adulterino. Paternidade não con- testada pelo marido. Direito de ter o filho reco- nhecido, a qualquer tempo, o seu pai biológico. Prevalência do direito fundamental à busca da identidade genética como direito de persona- lidade.” [AR 1.244 EI, rel. min. Cármen Lúcia, j. 22- 9-2016, P, DJE de 30-3-2017.] Súmula Vinculante 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. Súmula Vinculante 56: A falta de estabelecimen- to penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâ- metros fixados no RE 641.320/RS. Aprofundando: A dignidade da pessoa humana, no mundo ocidental, encontra seu fundamento mais sólido nas noções desenvolvidas por Kant. A dignidade, sob essa perspectiva, não pode ser suprimida pelo grupo, reforçando sua dimensão individual, daí, poder se falar em dignidade da pessoa humana e não apenas dignidade huma- na, destacando que se trata de um atributo indi- vidual e não do grupo. O ser humano é valorizado enquanto indivíduo e não apenascomo parte de um todo. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Cons- tituição. Comentários: O parágrafo único revela que o Povo é o único titular legítimo do Poder Consti- tuinte, bem como estabelece as espécies de de- mocracia presentes no texto constitucional: Representativa: Por meio de pessoas eleitas para as mais diferentes funções públicas, o que vai de Conselheiros Tutelares e Vereadores até a Presidente da República; Direta: o próprio povo participando por meio de plebiscitos, referendos e da iniciativa popular de leis, como será visto mais adiante. Anotações sobre os artigos anteriores: Art. 2º São Poderes da União, independen- tes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Execu- tivo e o Judiciário. Comentários: Os poderes são harmônicos e in- dependentes entre si, o que se costuma chamar de checks and balances. Súmula 649 do STF: É inconstitucional a criação, por Constituição estadual, de órgão de controle administrativo do Poder Judiciário do qual par- ticipem representantes de outros Poderes ou en- tidades. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e so- lidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; 2 #LEGIS 3 III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regio- nais; IV - promover o bem de todos, sem precon- ceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Comentários: Para fins de memorização e para não confundir com os princípios fundamentais (Art. 1º) ou com os princípios da ordem interna- cional (Art. 4º), note que, diferente dos outros ar- tigos, são todos verbos. Note que são objetivos. São metas a serem alcan- çada, tal como você tem suas metas de estudo, o país possui suas metas sociais, que estão neste artigo. Por serem metas para o futuro, esses dispositivos são o que se costuma chamar de normas progra- máticas. Mnemônica: Prova Errada Gabarito Confuso (ou Com Garra Erra Pouco) Jurisprudência: “Não se pode permitir que a lei faça uso de expressões pejorativas e discri- minatórias, ante o reconhecimento do direito à liberdade de orientação sexual como liberdade existencial do indivíduo. Manifestação inadmissí- vel de intolerância que atinge grupos tradicional- mente marginalizados.” [ADPF 291, rel. min. Ro- berto Barroso, j. 28-10-2015, P, DJE de 11-5-2016.] Art. 4º A República Federativa do Brasil re- ge-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o pro- gresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, políti- ca, social e cultural dos povos da América La- tina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Comentários: Todos os dispositivos são, de fato, bem relacionados com uma atuação na ordem internacional. Atente, todavia, com ainda mais cuidado, para o parágrafo único, quando fala que o Brasil buscará a formação de uma comunidade latino-americana de nações, pois já caiu em pro- va e alguns alunos costumam estranhar por ser uma meta bastante ousada e, alguns, em uma leitura mais apressada, podem achar que seria incompatível com a soberania nacional, o que não é o caso, pois soberania e integração regio- nal podem ser conciliadas. Jurisprudência: “Raça e racismo. A divisão dos seres humanos em raças resulta de um pro- cesso de conteúdo meramente político-social. Desse pressuposto origina-se o racismo que, por sua vez, gera a discriminação e o preconceito se- gregacionista. (...) Adesão do Brasil a tratados e acordos multilaterais, que energicamente repu- diam quaisquer discriminações raciais, aí com- preendidas as distinções entre os homens por restrições ou preferências oriundas de raça, cor, credo, descendência ou origem nacional ou étnica, inspiradas na pretensa superiorida- de de um povo sobre outro, de que são exem- plos a xenofobia, ‘negrofobia’, ‘islamafobia’ e o antissemitismo.” [HC 82.424, rel. p/ o ac. min. Maurício Corrêa, j. 17-9-2003, P, DJ de 19-3-2004.] Anotações sobre os artigos anteriores: #LEGIS 4 Para Fixação: Ano: 2019/ Banca: CESPE/ Órgão: CGE – CE Acerca da organização contemporânea do Estado brasileiro, é correto afirmar que A) a forma de Estado vigente é denominada Esta- do unitário. B) a forma de governo adotada é a presidencia- lista. C) o presidente da República é o chefe de Estado, mas não o chefe de governo. D) a forma de Estado vigente é o Estado democrá- tico de direito. E) a forma de governo adotada é a república e o regime político é o democrático. Ano: 2019/ Banca: CESPE/ Órgão: TJ-DFT/ Titu- lar de Serviços de Notas e de Registros É fundamento da República Federativa do Brasil A) a dignidade da pessoa humana. B) o desenvolvimento nacional. C) a independência nacional. D) a erradicação da pobreza. E) a solidariedade. Ano: 2019/ Banca: CESPE/ Órgão: TJ-DFT Titular de Serviços de Notas e de Registros O Estado brasileiro deve obediência irrestrita à própria Constituição, mas, ainda assim, assumiu, nos termos desse estatuto político, o compromis- so de reger-se, nas suas relações internacionais, pelo princípio da A) prevalência dos direitos humanos. B) erradicação de todas as formas de discrimina- ção. C) dignidade da pessoa humana. D) redução das desigualdades regionais. E) inviolabilidade do direito à segurança. Ano: 2019/ Banca: FCC/ Prefeitura de Recife/ Assistente de Gestão Pública Segundo o artigo 4° da Constituição Federal bra- sileira, a República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais por diversos princípios, NÃO sendo um desses princípios a A) garantia do desenvolvimento nacional. B) independência nacional. C) autodeterminação dos povos. D) não intervenção. E) concessão de asilo político. Anotações: Gabarito: E/A/A/A 4 #LEGIS 5 DIA 2 Disciplina: Direito Constitucional. Responsável: Prof. Filippe Augusto. Dia 02: Do Art. 5ª. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 TÍTULO II Dos Direitos e Garantias Fundamentais CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residen- tes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Comentários: Verifica-se que o caput do art. 5º consagra o que parte da literatura chama de quinteto dourado, sendo considerados os direitos mais relevantes do regime constitucio- nal. VIDA: Do ponto de vista jurídico, há duas teo- rias principais que buscam explicar o direito à vida. Cabe citar: a) Teoria Concepcionista: a vida começaria tão logo o espermatozoide encontre o óvulo, ou seja, com a concepção. Foi a teoria adotada no Código Civil. b) Teoria Natalista: a vida começaria somente após o nascimento. A Constituição não adotou expressamente ne- nhuma teoria de modo claro. O estudo de tais teorias, todavia, é de grande relevância, tendo em vista os importantes debates jurídicos que envolvem o direito à vida e seu âmbito de pro- teção. Jurisprudência: Na ADI nº. 3510, questionan- do a constitucionalidade da Lei de Biossegu- rança, o STF se manifestou afirmando que a vida humana começaria com o nascimento, au- torizando a pesquisa com célula embrionária: “O Magno Texto Federal não dispõe sobre o início da vida humana ou o preciso instante em que ela começa. Não faz de todo e qual- quer estágio da vida humana um autono- mizado bem jurídico, mas da vida que já é própria de uma concretapessoa, porque na- tiviva (teoria “natalista”, em contraposição às teorias “concepcionista” ou da “persona- lidade condicional”). E, quando se reporta a “direitos da pessoa humana” e até a “direi- tos e garantias individuais” como cláusula pétrea, está falando de direitos e garantias do indivíduo-pessoa, que se faz destinatá- rio dos direitos fundamentais “à vida, à li- berdade, à igualdade, à segurança e à pro- priedade”, entre outros direitos e garantias igualmente distinguidos com o timbre da fundamentalidade (como direito à saúde e ao planejamento familiar). Mutismo consti- tucional hermenêutica-mente significante de transpasse de poder normativo para a le- gislação ordinária. A potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é meritória o bastante para acobertá-la, infraconstitu- cionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas de obstar sua natural continuidade fisiológica. (...) O embrião referido na Lei de Biossegurança (in vitro apenas) não é uma vida a caminho de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe faltam possibilidades de ganhar as primeiras terminações ner- vosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade como projeto de vida autôno- ma e irrepetível. O Direito infraconstitucio- nal protege por modo variado cada etapa do desenvolvimento biológico do ser humano. Os momentos da vida humana anteriores ao nascimento devem ser objeto de proteção pelo direito comum. O embrião pré-implan- to é um bem a ser protegido, mas não uma pessoa no sentido biográfico a que se refere a Constituição”. [ADI 3.510, rel. min. Ayres Bri- tto, j. 29-5-2008, P, DJE de 28-5-2010.] Assim sendo, em que pese o STF tenha utili- zado uma manifestação eminentemente nata- lista, este é um tema que segue polêmico em nosso debate constitucional. #LEGIS 6 Comentários: Na ADPF 54/DF, o STF decidiu que a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta atípica. Por força de interpretação ju- risprudencial, realizar aborto de feto anencéfalo também não é crime. IGUALDADE: Vale destacar a clássica distinção feita entre a igualdade formal e a igualdade ma- terial. Igualdade formal representa a garantia de igualdade perante a lei, de modo que não exista distinção sem razoabilidade expressa no texto da lei. A igualdade material é a igualdade almejada na realidade social, efetiva nas relações jurídicas humanas. O direito à discriminação positiva ou direito às ações afirmativas tenta fomentar a igualdade material. A batalha por igualdade é travada em duas frentes, a primeira é a do combate a práti- cas discriminatórias e a outra é a da realização de medidas compensatórias, que venham a atenuar a desigualdade sofrida por certos grupos sociais, esta última é discriminação positiva (ação afir- mativa ou ação positiva). São exemplos de ações afirmativas as diversas modalidades de cotas, as vantagens em licitações e os incentivos fiscais para empresas que promovam a contratação de pessoal culturalmente diversificado. Jurisprudência: Duas leis são importantes sobre ações afirmativas: i) Lei nº. 12.711/12, que tra- ta de cotas raciais no ensino superior; ii) Lei nº. 12.990/14, que regulamenta as cotas raciais nos concursos públicos. As duas foram consideradas constitucionais pelo STF: “Atos que instituíram sistema de reserva de vagas com base em critério étnico-racial (co- tas) no processo de seleção para ingresso em instituição pública de ensino superior. (...) Não contraria – ao contrário, prestigia – o princípio da igualdade material, previsto no caput do art. 5º da Carta da República, a possibilidade de o Estado lançar mão seja de políticas de cunho universalista, que abrangem um nú- mero indeterminado de indivíduos, mediante ações de natureza estrutural, seja de ações afirmativas, que atingem grupos sociais deter- minados, de maneira pontual, atribuindo a es- tes certas vantagens, por um tempo limitado, de modo a permitir-lhes a superação de de- sigualdades decorrentes de situações histó- ricas particulares. (...) Justiça social hoje, mais do que simplesmente retribuir rique- zas criadas pelo esforço coletivo, significa distinguir, reconhecer e incorporar à socie- dade mais ampla valores culturais diversifi- cados, muitas vezes considerados inferiores àqueles reputados dominantes. No entanto, as políticas de ação afirmativa fundadas na discriminação reversa apenas são legítimas se a sua manutenção estiver condicionada à persistência, no tempo, do quadro de exclu- são social que lhes deu origem. Caso con- trário, tais políticas poderiam converter-se em benesses permanentes, instituídas em prol de determinado grupo social, mas em detrimento da coletividade como um todo, situação – é escusado dizer – incompatível com o espírito de qualquer Constituição que se pretenda democrática, devendo, outros- sim, respeitar a proporcionalidade entre os meios empregados e os fins perseguidos”. [ADPF 186, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 26-4-2012, P, DJE de 20-10-2014.] A OAB, em 2016, ajuizou Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) em prol da Lei nº 12.990/2014, pedindo que o STF declaras- se esta norma compatível com a CF/88. O STF julgou procedente a ADC, declarando a consti- tucionalidade da Lei nº 12.990/2014. Além dis- so, a Corte fixou uma tese para ser observada pela Administração Pública e demais órgãos do Poder Judiciário: “É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública direta e indireta”. [STF. Plenário. ADC 41/ DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/6/2017 - repercussão geral - Info 868]. I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; Comentários: A lei é um instrumento garanti- dor de liberdade e de representatividade. Desse modo, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude do orde- namento jurídico. O ordenamento jurídico, aqui, deve ser visto como um todo (Legalidade em Sentido Amplo), não somente de leis. É impor- 6 #LEGIS 7 tante notar que Legalidade é diferente de Reser- va Legal. A reserva legal (Legalidade em Sentido Estrito) determina que específicas matérias têm de ser tratadas por lei em sentido estrito (Reserva de Parlamento). A literatura jurídica costuma trazer as seguintes espécies de Reserva Legal: a) Absoluta: Ocorre quando a disciplina de determinada matéria é, segundo à Constituição, integralmente devida à lei. Exclui-se qualquer outra fonte infralegal. b) Relativa: Ocorre quando se admite outra fonte diversa da lei, mas com a condição de que a lei indique as bases em que aquela deva produzir-se validamente. Ex.: Decretos que alteram as alíquotas do Imposto de Impostação (II) e Imposto de Exportação (IE) nos termos da lei. Outra classificação doutrinária divide a reserva legal em simples e qualificada: i) Reserva Legal Simples: Ocorre quando a Constituição apenas exige que a restrição seja prevista em lei. Ex.: “é assegurada, nos termos de lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares e internação coletiva”. ii) Reserva Legal Qualificada: Ocorre quando a Constituição exige condições especiais, além da própria previsão legal. Ex: Art. 5º, XII. III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; Jurisprudência: Há rico debate no STF sobre a liberdade de manifestação de pensamento: - “Liberdade de Manifestação em Universida- des. É vedada a busca policial em campi uni- versitários em busca de panfletos políticos”. (ADPF 548-MC-REF, Cármen Lúcia, j. 31-10-2018, Informativo 922); - “Liberdade Humorística contra candidatos. Foi declarada a Inconstitucionalidade dos inci- sos II e III (na parte impugnada) do artigo 45 daLei 9.504/1997, bem como, por arrastamento, dos parágrafos 4º e 5º do referido artigo”. [ADI 4.451, Alexandre de Moraes, j. 21-6-2018.]; - “Viola a Constituição Federal a proibição de veiculação de discurso proselitista [religioso] em serviço de radiodifusão comunitária”. [ADI 2.566, Edson Fachin, j. 16-5-2018]; - “’Marcha da Maconha’. Manifestação Legíti- ma”. [ADPF 187, Celso de Mello, j. 15-6-2011]; - “Inconstitucionalidade da Lei de Imprensa’. [ADPF 130, Ayres Britto, j. 30-4-2009] V - é assegurado o direito de resposta, pro- porcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exer- cício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; Jurisprudência: Há rico debate no STF sobre o tema: - “A oficialização da Bíblia como livro-base de fonte doutrinária para fundamentar princí- pios, usos e costumes de comunidades, igre- jas e grupos no Estado de Rondônia implica inconstitucional discrímen entre crenças”. [ADI 5.257, rel. min. Dias Toffoli, j. 20-9-2018, P, DJE de 3-12-2018]; - “O discurso proselitista é, pois, inerente à li- berdade de expressão religiosa. Viola a Cons- tituição Federal a proibição de veiculação de discurso proselitista em serviço de radiodifu- são comunitária”. [ADI 2.566, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 16-5-2018, P, DJE de 23-10-2018]; - “O Brasil é uma república laica, surgindo absolutamente neutro quanto às religiões”. [ADPF 54, rel. min. Marco Aurélio, j. 12-4-2012, P, DJE de 30-4-2013]. - “É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana”. [RE 494.601, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 28-3-2019, P, In- formativo 935]. #LEGIS 8 VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas en- tidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convic- ção filosófica ou política, salvo se as in- vocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; IX - é livre a expressão da atividade inte- lectual, artística, científica e de comuni- cação, independentemente de censura ou licença; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Jurisprudência: Há rico debate no STF sobre o tema: - “O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no registro ci- vil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via admi- nistrativa”. [RE 670.422, Dias Toffoli, j. 15-8- 2018, P, Informativo 911]; - “A extensão das diligências efetuadas em inquérito policial supervisionado pelo STF pode alcançar pessoas sem prerrogativa de foro, quando se revelar indispensável à apu- ração da suposta infração. No caso, há fun- dadas suspeitas de que o repasse de vanta- gem indevida ao congressista investigado ocorrera por intermédio de conta bancária de titularidade de sua esposa, do que deflui a relevância da medida para o êxito das in- vestigações”. [Inq. 3.784 Agr., Edson Fachin, j. 20-9-2016] XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) Comentários: A regra geral, portanto, é que ninguém pode penetrar no domicílio de ou- trem sem a devida autorização. O próprio ar- tigo, todavia, apresenta as seguintes exceções: i) em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro; ou ii) durante o dia, por determinação judicial. Vale observar que, por determinação judicial, somente é permitido entrar no domicílio sem o consentimento do morador durante o dia. Em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro, diferentemente, será possível penetrar sem o consentimento do morador e, mesmo sem determinação judicial, durante o dia ou à noite. Durante o DIA Durante a NOITE - Em caso de flagrante delito; - Em caso de desastre; - Para prestar socorro; - Para cumprir deter- minação judicial (ex: busca e apreensão; cumprimento de prisão preventiva). - Em caso de flagrante delito; - Em caso de desastre; - Para prestar socorro. Comentários: Não se deve adotar, neste ponto, o sentido literal de casa como apartamentos e casas normalmente utilizados como moradia. Deve-se entender como “casa” todos os recin- tos de habitação fechada: oficinas, garagens, escritórios, consultórios e quartos de hotel. Então, pode-se afirmar que o conceito inclui: a) toda a sua estrutura física como o quintal, a ga- ragem, o porão, a quadra etc. b) todos os com- partimentos de natureza profissional, desde que fechado o acesso ao público em geral, como es- critórios, gabinetes, consultórios etc. c) todos os aposentos de habitação coletiva, ainda que de ocupação temporária, como quartos de hotel, motel, pensão, pousada etc. 8 #LEGIS 9 Ressalte-se, por oportuno, que o STF já deba- teu sobre a possibilidade de se considerar como casa, para fins constitucionais, o carro. Em regra, entendeu a Corte que o carro não pode ser con- siderado casa, salvo se apresentar adaptações específicas para moradia e para dormir como as boleias caminhão, motorhomes, barcos etc. Logo, se o carro for a moradia de fato do indiví- duo, deve ser considerado casa para fins consti- tucionais. XII - é inviolável o sigilo da correspondên- cia e das comunicações telegráficas, de da- dos e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabele- cer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996) Jurisprudência: “A administração penitenciaria, com fundamento em razoes de segurança públi- ca, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, da Lei n. 7.210/84, proceder a interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode cons- tituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas. - O reexame da prova produzida no pro- cesso penal condenatório não tem lugar na ação sumaríssima de habeas corpus”. (HC 70814, Re- lator(a): Min. CELSO DE MELLO, Primeira Turma, julgado em 01/03/1994, DJ 24-06-1994 PP-16649 EMENT VOL-01750-02 PP-00317 RTJ VOL-00176- 01 PP-01136). Comentários: Quando há referência ao sigilo de dados no âmbito do direito ao sigilo de corres- pondência e comunicação, refere-se a três tipos de sigilo: a) bancário; b) fiscal; e c) telefônico. O sigilo bancário é a proteção dos dados produzi- dos pelas transações bancárias, transferências e operações em geral. A regra geral é a preservação do sigilo dessas informações bancárias. Não obs- tante isso, a própria lei prevê algumas institui- ções que podem realizar a quebra de sigilo, uma vez que o sigilo de dados em geral, como visto, não está protegido pela reserva de jurisdição. As- sim, permite-se que outras autoridades, além do juiz, quebrem o sigilo bancário. SIGILO BANCÁRIO Os órgãos poderão requerer informações bancá- rias diretamente das instituições financeiras? POLÍCIA NÃO. É necessária autorização judi-cial. MP NÃO. É necessária autorização judicial (STJ HC 160.646/SP, Dje 19/09/2011). Exceção: É lícita a requisição pelo Ministério Público de informações bancárias de contas de titularida-de de órgãos e entidades públicas, com o fim de proteger o patrimô- nio público, não se podendo falar em quebra ilegal de sigilo bancário (STJ. 5ª Turma. HC 308.493-CE, j. em 20/10/2015). TCU NÃO. É necessária autorização judicial (STF MS 22934/DF, DJe de 9/5/2012). Exceção: O envio de informações ao TCU relativas a operações de crédito originárias de recursos pú- blicos não é coberto pelo sigilo bancário (STF. MS 33340/DF, j. em 26/5/2015). Receita Fe- deral SIM, com base no art. 6º da LC 105/2001. O repasse das informa- ções dos bancos para o Fisco não pode ser definido como sendo “quebra de sigilo bancário”. Fisco Esta- dual, Distri- tal e Munici- pal. SIM, desde que regulamentem, no âmbito de suas esferas de compe- tência, o art. 6º da LC 105/2001, de forma análoga ao Decreto Federal 3.724/2001. #LEGIS 10 CPI SIM (seja ela federal ou esta- dual/distrital) (art. 4º, § 1º da LC 105/2001). Prevalece que CPI municipal não pode. Fonte: Dizer o Direito1. Comentários: Já os dados fiscais são os registros que as Receitas (federal, estadual e municipal) possuem sobre os cidadãos. Esses dados tam- bém são protegidos pelo direito fundamento ao sigilo de correspondência e comunicação. Des- sarte, qualquer intervenção no âmbito do sigilo fiscal necessita de justa causa. O sigilo fiscal, diferentemente do sigilo da co- municação telefônica, não está sujeito à clausu- la de reserva de jurisdição. Assim, pode ser de- terminada pela autoridade judicial e pelas CPIs. Nesse ponto, reside o questionamento acerca da possibilidade de requisição de dados fiscais pela Polícia e pelo MP. Sobre o tema, entende Rena- to Brasileiro ser possível a requisição de dados fiscais pela polícia e pelo MP, uma vez que não existe reserva de jurisdição. Já a Lei 12.683/12 (Lei de Lavagem de Capitais) diz que as informa- ções fiscais podem ser requisitadas apenas em relação aos seguintes fatos: qualificação pessoal; filiação; endereço. Jurisprudência: Recentemente, o STF reiterou o entendimento de que a Receita Federal pode compartilhar com o Ministério Público, para fins penais, os dados bancários e fiscais do contri- buinte em caso de indício de atividade criminosa e isso sem autorização judicial: “É possível o compartilhamento com o Minis- tério Público, para fins penais, dos dados ban- cários e fiscais do contribuinte, obtidos pela Receita Federal no legítimo exercício de seu poder de fiscalizar, sem autorização prévia do Poder Judiciário”. [RE 1055941/SP, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 4.12.2019]. Comentários: Por fim, o sigilo das comunicações telefônicas diz respeito à proteção da comunica- ção em si, o teor da conversa. 1 Disponível em: https://www.dizerodireito.com. br/2016/02/a-receita-pode-requisitar-das.html. Acesso em 12.08.19, às 18:05. a) Interceptação telefônica: captação da comunicação telefônica alheia por um terceiro, sem o conhecimento de nenhum dos comunicadores. Em qualquer caso, depende de autorização judicial, haja vista a reserva de jurisdição. b) Escuta telefônica: captação de comunicação telefônica por terceiro, com o conhecimento de um dos comunicadores, e, desconhecimento do outro. Em regra, depende de autorização judicial, mas pode ser dispensada a autorização se a escuta tenha fins apenas defensivos, ou seja, não pode ser utilizada para imputar crime. c) Gravação telefônica ou gravação clandestina: gravação da comunicação telefônica realizada por um dos interlocutores. Trata-se de autogravação. É feita sem o conhecimento e consentimento do outro. Não depende de autorização judicial, mas somente pode ser utilizada para fins defensivos. d) Interceptação ambiental: captação de uma comunicação no próprio ambiente, por um terceiro, sem a ciência dos comunicadores. Em qualquer caso depende de autorização judicial. e) Gravação ou escuta ambiental: captação de uma comunicação, no ambiente dela, realizada por terceiro, com o conhecimento de um dos comunicadores. Não depende de autorização judicial, mas somente pode ser utilizada para fins defensivos. Anotações sobre os artigos anteriores: 10 #LEGIS 11 XIII - é livre o exercício de qualquer tra- balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei es- tabelecer; Jurisprudência: Há rico debate no STF sobre o tema: - “Programa Mais Médicos. Constitucional”. [ADI 5.035 e ADI 5.037, Alexandre de Moraes, j. 30-11-2017, P, Informativo 886]; - “Alcança-se a qualificação de bacharel em direito mediante conclusão do curso respec- tivo e colação de grau. (...) O Exame de Or- dem (...) mostra-se consentâneo com a CF, que remete às qualificações previstas em lei”. [RE 603.583, Marco Aurélio, j. 26-10-2011] - “O art. 5º, XIII, da Constituição da Repú- blica é norma de aplicação imediata e efi- cácia contida que pode ser restringida pela legislação infraconstitucional. Inexistindo lei regulamentando o exercício da atividade profissional dos substituídos, é livre o seu exercício”. [MI 6.113 AgR, Cármen Lúcia, j. 22- 5-2014] - “No campo da profissão de jornalista, não há espaço para a regulação estatal quanto às qualificações profissionais”. [RE 511.961, Gil- mar Mendes, j. 17-6-2009] XIV - é assegurado a todos o acesso à in- formação e resguardado o sigilo da fon- te, quando necessário ao exercício pro- fissional; XV - é livre a locomoção no território na- cional em tempo de paz, podendo qual- quer pessoa, nos termos da lei, nele en- trar, permanecer ou dele sair com seus bens; XVI - todos podem reunir-se pacifica- mente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de auto- rização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; Comentários: Cumpre salientar que, em se tratando de reunião pacífica e sem armas, NÃO é necessária autorização estatal, desde que não frustre reunião anteriormente convocada para o mesmo local, exigindo-se, tão somente o aviso à autoridade competente. Em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro, diferentemente, será possível penetrar sem o consentimento do morador e, mesmo sem determinação judicial, durante o dia ou à noite. XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter pa- ramilitar; XVIII - a criação de associações e, na for- ma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interfe- rência estatal em seu funcionamento; XIX - as associações só poderão ser com- pulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judi- cial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; XX - ninguém poderá ser compelido a as- sociar-se ou a permanecer associado; Interferência Estatal em Associações Suspensão do Funcionamento de Associações Dissolução de Associações Depende de: Decisão Judicial; Depende de: Decisão Judicial com Trânsito em Julgado. XXI - as entidades associativas, quando ex- pressamente autorizadas, têm legitimi- dade para representar seus filiados judi- cial ou extrajudicialmente; Anotações sobre os artigos anteriores: Vedada: Em que há interrupção de acesso; que não se pode adentrar ou entrar; interditado #LEGIS 12 XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;XXVII - aos autores pertence o direito exclu- sivo de utilização, publicação ou reprodu- ção de suas obras, transmissível aos her- deiros pelo tempo que a lei fixar; XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da ima- gem e voz humanas, inclusive nas ativida- des desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveita- mento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; XXIX - a lei assegurará aos autores de inven- tos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às cria- ções industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse so- cial e o desenvolvimento tecnológico e eco- nômico do País; XXX - é garantido o direito de herança; XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros si- tuados no País será regulada pela lei brasi- leira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”; XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; XXXIII - todos têm direito a receber dos ór- gãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (Re- gulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011) XXXIV - são a todos assegurados, indepen- dentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públi- cos em defesa de direitos ou contra ilegali- dade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclare- cimento de situações de interesse pessoal; XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; XXXVI - a lei não prejudicará o direito ad- quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa jul- gada; XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de ex- ceção; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, asse- gurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fun- damentais; XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; XLIII - a lei considerará crimes inafiançá- veis e insuscetíveis de graça ou anistia a 12 #LEGIS 13 prática da tortura, o tráfico ilícito de en- torpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento) XLIV - constitui crime inafiançável e im- prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem consti- tucional e o Estado Democrático; Comentários: Dessarte, são imprescritíveis e inafiançáveis, segundo a Constituição, os crimes de racismo e ação de grupos armados civis ou militares contra a ordem constitucional e o Esta- do Democrático. Por sua vez, são crimes inafian- çáveis e insuscetíveis de graça e anistia o tráfico ilícito de entorpecentes, o terrorismo e a tortura e crimes hediondos. XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de repa- rar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio trans- ferido; XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos; XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra decla- rada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; XLVIII - a pena será cumprida em estabeleci- mentos distintos, de acordo com a nature- za do delito, a idade e o sexo do apenado; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; Anotações sobre os artigos anteriores: LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturali- zação, ou de comprovado envolvimen- to em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opi- nião; LIII - ninguém será processado nem sen- tenciado senão pela autoridade compe- tente; LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela ine- rentes; LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; #LEGIS 14 LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamen- to) LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da in- timidade ou o interesse social o exigirem; LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados ime- diatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; LXIII - o preso será informado de seus direi- tos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí- lia e de advogado; LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu in- terrogatório policial; LXV - a prisão ilegal será imediatamente rela- xada pela autoridade judiciária; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, sal- vo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação ali- mentícia e a do depositário infiel; LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua li- berdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; LXIX - conceder-se-á mandado de seguran- ça para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilega- lidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de clas- se ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Comentários: O partido político não pode ajui- zar mandado de segurança coletivo para a defesa dos interesses em geral. Entende o STF que, nesse caso, os partidos políticos somente podem defen- der seus direitos específicos de seus afiliados. Ademais, verifica-se que a Constituição exige que, para manejar o mandado de segurança coletivo, as associações devemter sido constituídas e estar em funcionamento há pelo menos um ano, requi- sito que não se aplica às organizações sindicais e às entidades de classe. LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamenta- dora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerro- gativas inerentes à nacionalidade, à sobe- rania e à cidadania; LXXII - conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de in- formações relativas à pessoa do impe- trante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, ju- dicial ou administrativo; LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de en- tidade de que o Estado participe, à morali- dade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucum- bência; LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem in- suficiência de recursos; 14 #LEGIS 15 LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; LXXVI - são gratuitos para os reconhecida- mente pobres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989) a) o registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito; LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. (Regulamento) LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e admi- nistrativo, são assegurados a razoável dura- ção do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação ime- diata. § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. § 3º Os tratados e convenções internacio- nais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tri- bunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Anotações gerais sobre os artigos anteriores: Para Fixação: Ano: 2019/ Banca: COPS-UEL/Prefeitura de Londrina - PR/ Procurador do Município O Art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil estabelece um extenso rol de direitos e garantias fundamentais. Sobre um dos direitos fundamentais, assinale a alternativa correta. A) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela pode penetrar sem consentimento do mora- dor, salvo em caso de flagrante delito ou desas- tre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. B) A prática do racismo constitui crime inafiançá- vel e imprescritível, sujeito a pena de detenção, nos termos da lei. C) É livre a manifestação do pensamento, sendo permitido o anonimato. D) Nenhuma pena passará da pessoa do conde- nado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, ainda que supere o limite do va- lor do patrimônio transferido. E) Ninguém será submetido a tortura nem a trata- mento desumano ou degradante, salvo em caso de suspeita da prática de terrorismo. Ano: 2018/ Banca: ADM&TEC/ Órgão: Prefeitura de Pão de Açúcar – AL/ Procurador Leia as afirmativas a seguir e marque a opção CORRETA: A) No Brasil, é assegurado o direito de respos- ta, proporcional ao agravo, exclusivamente aos servidores públicos civis ou maiores de 60 anos. B) Garantir o bem-estar dos brasileiros não é um dos objetivos da Constituição Federal de 1988. C) No Brasil, é vedada a liberdade de consciên- cia e a prática de crenças religiosas, de acordo com o princípio do estado laico. #LEGIS 16 D) No Brasil, é inconstitucional a livre manifesta- ção do pensamento, sendo admitido o anonima- to. E) É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva no Brasil. Ano: 2018/ Banca: FEPESE/ Órgão: PGE-SC/ Procurador do Estado Quanto aos direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição da República, é correto afirmar: A) São gratuitas todas as ações de habeas corpus, habeas data e mandado de segurança. B) São gratuitos, para os reconhecidamente po- bres e na forma da lei, o registro civil de nasci- mento e a certidão de óbito. C) Os tratados e as convenções internacionais so- bre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois tur- nos, por maioria simples dos votos dos respec- tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. D) O mandado de segurança coletivo poderá ser impetrado por partido político registrado no Tri- bunal Superior Eleitoral e por organização sindi- cal, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus mem- bros ou associados. E) Sob pena de violar sua soberania nacional, a Constituição da República não permite que o Brasil se submeta à jurisdição do Tribunal Penal Internacional. Ano: 2018/ Banca: UEG/ Órgão: PC-GO/ Delega- do de Polícia O sigilo bancário pode ser levantado indepen- dentemente de autorização judicial, mas de for- ma devidamente regulamentada, A) pela Receita Federal, pelo Fisco Estadual e pela CPI federal, estadual ou distrital. B) pelo Delegado de Polícia, pelo membro do Mi- nistério Público e pela CPI municipal. C) pelo Delegado de Polícia, pela Receita Federal e pelo membro do Ministério Público. D) pelo Delegado de Polícia, pelo Fisco Estadual e pela CPI federal, estadual ou distrital. E) pelo Tribunal de Contas da União, pela Receita Federal e pela CPI federal, estadual, distrital ou municipal. Anotações: Gabarito: A/E/B/A 16 #LEGIS 17 DIA 3 Disciplina: Direito Constitucional. Responsável: Prof. Filippe Augusto. Dia 03: Do Art. 6ª ao 17. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 CAPÍTULO II DOS DIREITOS SOCIAIS Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Cons- titucional nº 90, de 2015) Comentários: O direito à moradia e o direito à alimentação não estavam previstos no texto ori- ginário da CF/88, tendo sido introduzidos, respec- tivamente, pela EC nº. 26/00 e pela EC Nº. 64/10. Art. 7º São direitos dos trabalhadores ur- banos e rurais, além de outros que visem à me- lhoria de sua condição social: Jurisprudência: O STF sobre o tema: “(...) deve-se mencionar que o rol de garantias do art. 7º da Constituição não exaure a prote- ção aos direitos sociais”. [ADI 639, voto do rel. min. Joaquim Barbosa, j. 2-6-2005, P, DJ de 21- 10-2005]. Julgado correlato: “O entendimento do Supremo Tribunal Fede- ral (STF) orienta-se no sentido de que cabe à legislação infraconstitucional, com observân- cia das regras de competência de cada ente federado, a disciplina da extensão aos servi- dores públicos civis dos direitos sociais esta- belecidos no art. 7º do Texto Constitucional”. [RE 630.918 AgR-segundo, rel. min. Roberto Bar- roso, j. 23-3-2018, 1ª T, DJE de 12-4-2018]. I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que pre- verá indenização compensatória,dentre outros direitos; II - seguro-desemprego, em caso de de- semprego involuntário; III - fundo de garantia do tempo de servi- ço; Jurisprudência: O STF sobre o tema: “FGTS. Cobrança de valores não pagos. Prazo prescricional. Prescrição quinquenal. Art. 7º, XXIX, da Constituição. Superação de entendi- mento anterior sobre prescrição trintenária. Inconstitucionalidade dos arts. 23, § 5º, da Lei 8.036/1990 e 55 do Regulamento do FGTS apro- vado pelo Decreto 99.684/1990”. [ARE 709.212, rel. min. Gilmar Mendes, j. 13-11-2014, P, DJE de 19-2-2015, Tema 608.] “É constitucional o art. 19-A da Lei 8.036/1990, o qual dispõe ser devido o depósito do FGTS na conta de trabalhador cujo contrato com a administração pública seja declarado nulo por ausência de prévia aprovação em concurso público, desde que mantido o seu direito ao salário. Mesmo quando reconhecida a nulidade da contratação do empregado público, nos termos do art. 37, § 2º, da CF, subsiste o direito do trabalhador ao depósito do FGTS quando reconhecido ser devido o salário pelos serviços prestados”. [RE 596.478, rel. p/ o ac. min. Dias Toffoli, j. 13-6-2012, P, DJE de 1º-3-2013, Tema 191.] IV - salário mínimo, fixado em lei, nacio- nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie- ne, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vin- culação para qualquer fim; Jurisprudência: O STF sobre o tema: Súmula Vinculante 15: O cálculo de gratifica- ções e outras vantagens do servidor público não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo. #LEGIS 18 Súmula Vinculante 6: Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao sa- lário mínimo para as praças prestadoras de servi- ço militar inicial. Súmula Vinculante 4: Salvo nos casos previs- tos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial. V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coleti- vo; VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remune- ração variável; VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da apo- sentadoria; Jurisprudência: O STF sobre o tema: “A natureza da gratificação natalina é remune- ratória e integra, para todos os efeitos, a remu- neração do empregado, conforme estabelece a Súmula 207/STF”. [RE 260.922, rel. p/ o ac. min. Maurício Corrêa, j. 30-5-2000, 2ª T, DJ de 20-10- 2000]. IX – remuneração do trabalho noturno su- perior à do diurno; X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excep- cionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; XII - salário-família pago em razão do de- pendente do trabalhador de baixa ren- da nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) XIII - duração do trabalho normal não supe- rior a oito horas diárias e quarenta e qua- tro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943) XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de reve- zamento, salvo negociação coletiva; XV - repouso semanal remunerado, prefe- rencialmente aos domingos; XVI - remuneração do serviço extraordiná- rio superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º) Jurisprudência: O STF sobre o tema: “O art. 7º, XVI, da CF, que cuida do direito dos trabalhadores urbanos e rurais à remuneração pelo serviço extraordinário com acréscimo de, no mínimo, 50%, aplica-se imediatamente aos servidores públicos, por consistir em norma autoaplicável”. [AI 642.528 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 25-9-2012, 1ª T, DJE de 15-10-2012]. XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; XIX - licença-paternidade, nos termos fixa- dos em lei; XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; XXII - redução dos riscos inerentes ao traba- lho, por meio de normas de saúde, higie- ne e segurança; Jurisprudência: O STF sobre o tema: Súmula 736: Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como causa de pe- dir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos tra- balhadores. XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigo- sas, na forma da lei; XXIV - aposentadoria; 18 #LEGIS 19 Jurisprudência: O STF sobre o tema: Súmula 726: Para efeito de aposentadoria espe- cial de professores, não se computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula. XXV - assistência gratuita aos filhos e depen- dentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a inde- nização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; Jurisprudência: O STF sobre o tema: Súmula Vinculante 22: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de in- denização por danos morais e patrimoniais decor- rentes de acidente de trabalho propostas por em- pregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primei- ro grau quando da promulgação da EC 45/2004. XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescri- cional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 2000) a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 2000) b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 2000) XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado ci- vil; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; XXXII - proibição de distinção entre traba- lho manual, técnico e intelectual ou en- tre os profissionais respectivos; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de de- zoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Re- dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) XXXIV - igualdade de direitos entre o traba- lhador com vínculo empregatício perma- nente e o trabalhador avulso. Parágrafo único. São assegurados à cate- goria dos trabalhadores domésticos os direi- tos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições es- tabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previs- tos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013) Comentários: Cumpre ressaltar o teor da Emen- da Constitucional nº72, a qual ampliou os direi- tos das empregadas domésticas. Nesse sentido, à categoria dos trabalhadores domésticos resta- ram assegurados os seguintes direitos com base em tal emenda: a)Salário Mínimo; b)Irredutibilidade do Salário; c)Garantia do Salário; d)Décimo Terceiro Salário; e)Proteção do Salário; f)Jornada de Trabalho; g)Repouso Semanal Remunerado; h)Horas Extras; i)Férias; j)Licença à Gestante; k)Licença Paternidade; l)Aviso Prévio; #LEGIS 20 m)Redução dos Riscos do Trabalho; n)Aposentadoria; o)Reconhecimento das Convenções e Acordos Coletivos; p)Proibição de Discriminação; q)Proibição de Trabalho Noturno, Perigoso ou Insalubre a Menores de Dezoito. Anotações sobre os artigos anteriores: Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, res- salvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II - é vedada a criação de mais de uma or- ganização sindical, em qualquer grau, re- presentativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; III - ao sindicato cabe a defesa dos direi- tos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judi- ciais ou administrativas; IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissio- nal, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representa- ção sindical respectiva, independente- mente da contribuição prevista em lei; Jurisprudência: O STF sobre o tema: Súmula Vinculante 40: A contribuição confede- rativa de que trata o art. 8º, IV, da CF só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sin- dicatos nas negociações coletivas de tra- balho; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sin- dicais; VIII - é vedada a dispensa do emprega- do sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou re- presentação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste arti- go aplicam-se à organização de sindicatos ru- rais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interes- ses que devam por meio dele defender. Súmula 316 do STF: A simples adesão à greve não constitui falta grave. Jurisprudência: “O direito à greve não é absolu- to, devendo a categoria observar os parâmetros legais de regência. (...) Descabe falar em trans- gressão à Carta da República quando o indefe- rimento da garantia de emprego decorre do fato de se haver enquadrado a greve como ilegal”. [RE 184.083, rel. min. Marco Aurélio, j. 7-11-2000, 2ª T, DJ de 18-5-2001]. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunida- de. § 2º Os abusos cometidos sujeitam os res- ponsáveis às penas da lei. 20 #LEGIS 21 Jurisprudência: O STF sobre o tema: “O reconhecimento judicial da abusividade do direito de greve e a interpretação do alcance da Lei 7.783/1989 qualificam-se como matérias re- vestidas de caráter simplesmente ordinário, po- dendo traduzir, quando muito, situação configu- radora de ofensa meramente reflexa ao texto da Constituição, o que basta, por si só, para inviabi- lizar o conhecimento do recurso extraordinário”. [AI 282.682 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 14-5- 2002, 2ª T, DJ de 21-6-2002]. Art. 10. É assegurada a participação dos tra- balhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profis- sionais ou previdenciários sejam objeto de dis- cussão e deliberação. Art. 11. Nas empresas de mais de duzen- tos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. Anotações sobre os artigos anteriores: CAPÍTULO III DA NACIONALIDADE Art. 12. São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Bra- sil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam regis- trados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federati- va do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela na- cionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007) Comentários: Nacionalidade é o direito fundamen- tal que garante que as pessoas, em dadas situações, mantenham um vínculo jurídico-político com o Es- tado, passando a ter prerrogativas e deveres para com ele. A cidadania, por sua vez, depende da nacio- nalidade. Basicamente, o cidadão é o nacional que ostenta e exerce seus direitos políticos. Dessarte, vis- lumbra-se que a cidadania possui dois requisitos: i) ser nacional e ii) exercer direitos políticos. Nacionalidade Cidadania É um vínculo político- -jurídico com o Estado que confere prerrogati- vas e deveres ao indiví- duo vinculado. É o exercício dos direitos políticos pelo nacional. Anotações sobre os artigos anteriores: #LEGIS 22 Comentários: Percebe-se que, na alínea “a”, a CF adotou o critério do jus soli, tendo em vista que considera brasileiro nato, mesmo de pais estran- geiros, os nascidos no Brasil, ou seja, há completa desconsideração da descendência, prevalecendo o critério do local de nascimento. Vale destacar que, para que isso ocorra, ambos os pais da crian- ça nascida em território brasileiro não podem es- tar a serviço de seu país de origem, em razão da reciprocidade que se deve garantir aos outros es- tados em razão do art. 12, “b”. No tocante à alínea “b”, a Constituição estabelece que são brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço do Brasil. Neste caso, como pode se ob- servar, foi adotado o critério do jus sanguinis, pre- vendo, contudo, um requisito adicional, qual seja qualquer um dos pais (ou ambos) estar a serviço da República Federativa do Brasil, o que significa qualquer serviço prestado por órgão ou entidade da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Por fim, na alínea “c”, há duas possi- bilidades de aquisição da nacionalidade brasileira pelos filhos de pai brasileiro ou mãe brasileira nas- cidos no exterior e que não estejam a serviço do país: a) O indivíduo registrado em repartição bra- sileira competente; b) O indivíduo vem a residir no Brasil e opta, em qualquer tempo, depois de atin- gida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a na- cionalidade brasileira, exigidas aos ori- ginários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininter- rupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionali- dade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininter- ruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasilei- ra. (Redação dada pela Emenda Constitu- cional de Revisão nº 3, de 1994) Comentários: A naturalização ordinária na for- ma da Lei está prevista no Art. 12, II, “a”, “primeira parte”. A naturalização ordinária, portanto, é con- cedida ao imigrante que seja capaz, nos termos da legislação civil brasileira, tenha residência em território nacional pelo prazomínimo de 4 (qua- tro) anos, saiba se comunicar em língua portu- guesa e não possua condenação penal ou esteja reabilitado nos termos da lei penal. O prazo de residência para naturalização ordiná- ria pode cair para o mínimo de 1 (um) ano, além dos demais requisitos acima, quando o imigrante tiver filho, ou cônjuge ou companheiro de nacio- nalidade brasileira, não estando separado legal- mente ou de fato no momento de concessão da naturalização; ou haver prestado ou poder pres- tar serviço relevante ao Brasil; ou recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou ar- tística. Está prevista no art. 12, II, “a”, “segunda parte”. Destina-se aos indivíduos oriundos de países de língua portuguesa, onde a língua oficial é o por- tuguês (Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Mo- çambique, Portugal, São Tomé e Principe, Timor Leste). Trata-se de procedimento facilitado, exigindo-se apenas os seguintes requisitos: i) residência por um ano ininterrupto; ii) e idoneidade moral. A naturalização extraordinária está prevista no Art. 12, II, “b”, o qual permite a naturalização dos estrangeiros de qualquer nacionalidade, residen- tes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação pe- nal, desde que requeiram a nacionalidade brasi- leira. 22 #LEGIS 23 Portanto, nessa modalidade, os requisitos são apenas: i) residentes no Brasil; ii) mais de quinze anos ininterruptos; iii) sem condenação penal; iv) requerimento. Diferente da naturalização ordinária, se houver cumprido os requisitos, o interessado tem direi- to subjetivo à nacionalidade brasileira, ou seja, trata-se de ato vinculado do Chefe do Executivo. Tal entendimento foi inclusive confirmado pelo STF (RE 264.848-5/TO), o qual afirmou que o re- conhecimento da naturalização extraordinários tem efeitos meramente declaratórios. § 1º Aos portugueses com residência per- manente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucio- nal de Revisão nº 3, de 1994) Comentários: O Art. 12, § 1º trata da quase na- cionalidade. Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasi- leiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Consti- tuição. Cumpre diferenciar a naturalização de portugue- ses (lusófonos) do art. 12, II, a, “segunda parte” da quase nacionalidade. São duas coisas diver- sas: a) A naturalização de portugueses nos termos da naturalização ordinária de Lusófonos; b) Quase nacionalidade: para os portugueses que optem por permanecer com sua nacionali- dade originária, havendo reciprocidade em favor de brasileiros na lei portuguesa, aos portugueses com residência permanente no Brasil, serão atri- buídos os mesmos direitos inerentes ao brasilei- ro, salvo em casos de expressão vedação legal (CF, art. 12, §1º). Nesse sentido, verifica-se que a quase naciona- lidade dos portugueses advém da Cláusula de Reciprocidade (do ut des), prevista no Tratado de Amizade de 2000. § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, sal- vo nos casos previstos nesta Constituição. § 3º São privativos de brasileiro nato os car- gos: I - de Presidente e Vice-Presidente da Re- pública; II - de Presidente da Câmara dos Deputa- dos; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Fe- deral; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas. VII - de Ministro de Estado da Defesa (In- cluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) § 4º - Será declarada a perda da nacionali- dade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de ativida- de nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residen- te em estado estrangeiro, como condição #LEGIS 24 para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluí- do pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) Comentários: Ocorrerá, portanto, a perda da nacionalidade no caso de cancelamento da na- turalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional. Também ocorrerá a perda da nacionalidade caso seja ad- quirida outra nacionalidade, com exceção nos casos de reconhecimento de nacionalidade ori- ginária pela lei estrangeira e também nos casos de imposição da naturalização pela norma es- trangeira, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. Art. 13. A língua portuguesa é o idioma ofi- cial da República Federativa do Brasil. § 1º São símbolos da República Federati- va do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios. Anotações sobre os artigos anteriores: CAPÍTULO IV DOS DIREITOS POLÍTICOS Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e se- creto, com valor igual para todos, e, nos ter- mos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular. Formas de Manifestação Direta da Soberania Popular Plebiscito Consulta popular com o objetivo de aprovar ou rejeitar assunto relevante antes da existência da lei. Referendo Consulta popular sobre assunto rele- vante depois de a lei já estar aprova- da. O povo é chamado para aprovar ou vetar a lei criada pelo Legislativo. Iniciativa Popular Por meio desta forma, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído por, no mínimo, 5 estados, apresen- ta Projeto de Lei a ser apreciado pelo Congresso Nacional. § 1º O alistamento eleitoral e o voto são: I - obrigatórios para os maiores de dezoi- to anos; II - facultativos para: a) os analfabetos; b) os maiores de setenta anos; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do servi- ço militar obrigatório, os conscritos. § 3º São condições de elegibilidade, na for- ma da lei: I - a nacionalidade brasileira; 24 #LEGIS 25 II - o pleno exercício dos direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação partidária; VI - a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Go- vernador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Fede- ral, Deputado Estadual ou Distrital, Pre- feito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para Vereador. § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os anal- fabetos. § 5º O Presidente da República, os Gover- nadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos po- derão ser reeleitos para um único período subseqüente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997) § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefei- tos devem renunciar aos respectivos man- datos até seis meses antes do pleito. § 7º São inelegíveis, no território de juris- dição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da Re- pública, de Governador de Estado ou Ter- ritório, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: I - se contar menos de
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