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COMO CALCULAR PREÇOS DE VENDA Após a realização do levantamento de todos os custos da obra, definindo o percentual de lucro almejado e identificando todos os impostos com suas respectivas alíquotas, o orçamentista está em condições de calcular o preço de venda da obra. O preço de venda é o valor total ofertado pelo contrato, valor que engloba todos os custos, o lucro e os impostos. É o valor final do orçamento. É com ele que a construtora irá propor negócio à entidade contratante ou participar da licitação. A passagem de custo para preço exige cuidados. Esta etapa está certamente entre as maiores fontes de erro dos orçamentos. O custo inclui: → Custos diretos; → Custos indiretos; → Custos acessórios – administração central, custo financeiro, imprevistos e contingências. O PREÇO DE VENDA EM FUNÇÃO DO CUSTO DIRETO Para melhor entendimento, suponha que uma obra hipotética foi orçamentada em R$ 100,00. A diretoria da empresa determinou que a margem de lucro almejada é de 12% do preço de venda e o orçamentista verificou que os impostos na localidade file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br Preço de venda (PV) = R$ 120,00 Impostos = 8% x R$ 120,00 = R$ 9,60 Lucro = 12% x R$ 120,00 = R$ 14,40 Sobram apenas R$ 96,00 para a realização da obra, porém o custo orçado tinha sido de R$ 100,00. O orçamento está errado! PV – (12% + 8%)PV = R$ 100,00 PV (1 – 0,12 – 0,08) = R$ 100,00 PV = 100 / (0,80) = R$ 125,00 (correto!) atingem o patamar de 8%. Um orçamentista incauto aplicaria as duas taxas percentuais sobre os R$ 100, chegando a um preço de R$ 120. Isso está errado, pois imposto e lucro foram calculados sobre o custo, quando deveriam ser aplicados sobre a venda! Ao aplicar a margem de lucro e os impostos sobre o custo, o orçamentista distorceu o sentido dessas duas taxas, que devem incidir sobre o preço de venda, que é o faturamento da empresa. É só fazer a verificação para constatar o erro do orçamento: Para obter o preço de venda correto, deve-se fazer a conta de trás para frente, descontar os 12% da margem de lucro e 8% dos impostos, o valor que sobra é exatamente o custo de R$ 100,00. Por meio dos cálculos, o preço de venda é suficiente: file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br Custo = R$ 100,00 Impostos = 8% x R$ 125,00 = R$ 10,00 Lucro = 12% x R$ 125,00 = R$ 15,00 Soma = R$ 125,00 = PV (correto!) R$ 100,00 / (1 – 8%) = R$ 108,70 R$ 108,70 / 1 – 12%) = R$ 123,52 (errado!) 𝐏𝐕 = 𝐂𝐔𝐒𝐓𝐎 𝟏 − 𝐢% Um erro comum, que muitos orçamentistas cometem, é aplicar primeiro a lucratividade e depois os impostos (ou vice-versa): A explicação para esta questão, é que ao aplicar desta forma, os impostos acabam por diminuir parte da margem de lucro prevista. De forma a realizar um raciocínio lógico e cauteloso, leva-se à seguinte equação em notação paramétrica (MATTOS, 2006). Onde, PV = preço de venda (R$); CUSTO = custo total (direto, indireto, administração central, custo financeiro, file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br imprevistos e contingências) (R$); i% = somatória de todas as incidências sobre o preço de venda (%). Não é correto aplicar os percentuais de lucratividade e impostos diretamente sobre o custo, pois eles incidem sobre o preço de venda. O correto é somar todos os custos e dividi-los por (1 - i%), sendo i% a somatória de tudo que incide sobre o preço de venda. Aplicar lucro e impostos separadamente, também altera o resultado, é preciso somar ambos para compor a incidência total, ou seja, conforme a fórmula apresentada, tudo que for custo deve ficar no numerador e tudo que incide sobre o preço (faturamento) do contrato fica no denominador (MATTOS, 2006). Exemplo: Uma obra foi orçamentada em R$ 250.000,00 (custo total). Na localidade da obra, os impostos atingem 7% e a margem de lucro desejada pelo construtor é de 8%. Calcular o preço de venda. file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br CUSTO = R$ 250.000,00 Impostos = 7% Lucro = 8% Incidência sobre o preço de venda = 15% 𝐏𝐕 = 𝐂𝐔𝐒𝐓𝐎 = 𝟐𝟓𝟎.𝟎𝟎𝟎,𝟎𝟎 = 𝟐𝟗𝟒. 𝟏𝟏𝟕, 𝟔𝟓 (𝟏−𝐢%) 𝟏−𝟎,𝟏𝟓 Verificação: Custo = R$ 250.000,00 Impostos = 7% x 294.117,65 = R$ 20.588,24 Lucro = 8% x 294.117,65 = R$ 23.529,41 Soma = R$ 294.117,65 = PV Exemplo de aplicação do BDI. file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br Custo indireto = R$ 500,00 Administração central = R$ 50,00 Imprevistos e contingências = R$ 50,00 Lucro = 10% sobre o faturamento Impostos = 10% sobre o faturamento. (𝟏−𝐢%) 𝟏−𝟎,𝟏𝟎−𝟎,𝟏𝟎 Para explicar este valor no Mapa de trabalhos da obra, deve-se de maneira lógica dividir o preço de venda pelo custo direto e multiplicar este valor a todos os serviços, gerando um multiplicador: 𝟕.𝟎𝟎𝟎 Em uma obra composta pelo mapa de trabalhos abaixo: TABELA - CUSTO DIRETO Serviço Unidade Quantidade Custo unitário (R$) Custo total (R$) Escavação m3 10,0 10,00 1.000,00 Forma m2 70,0 20,00 1.400,00 Armação kg 500,0 5,00 2.500,00 Concreto m3 5,0 200,00 1.000,00 Total 5.000,00 A soma de R$ 5.000,00 corresponde ao total de custo direto para esta obra. Falta acrescer o custo indireto, os custos acessórios (administração contratual, custo financeiro, imprevistos e contingências), o lucro e os impostos. Para efeito de exemplo de cálculo supondo que estes outros itens tenham os seguintes valores: file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br TABELA - PREÇO DE VENDA Serviço Unidade Quantidade Custo unitário (R$) (multiplicador x 1,40) Custo total (R$) Escavação m3 10,0 14,00 140,00 Forma m2 70,0 28,00 1.960,00 Armação kg 500,0 7,00 3.500,00 Concreto m3 5,0 280,00 1.400,00 Total 7.000,00 FONTE: SILVA, 2006. Em resumo, todos os custos não diretos foram diluídos sobre os custos diretos. Todos os custos indiretos, acessórios, imprevistos, lucros e impostos foram linearmente distribuídos sobre o custo direto dos serviços. Este multiplicador que no caso do exemplo representou uma majoração de 40%, chama-se BDI (SILVA, 2006). BDI (Benefícios e Despesas Indiretas) é o fator a ser aplicado ao custo direto para a obtenção do preço de venda, portanto: PV = CD x (1 + BDI) ou de forma inversa, BDI = 𝑷𝑽 𝑪𝑫−𝟏 PV = preço de venda CD = custo direto O BDI inclui: → Despesas indiretas de funcionamento da obra; → Custo da administração central (matriz); → Custos financeiros; file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br 𝐁𝐃𝐈 = 𝐏𝐕 𝐂𝐃 − 𝟏 → Custos imprevistos; → Impostos; → Lucro. Em termos práticos, o BDI é o percentual que deve ser aplicado sobre o custo direto dos itens do mapa de trabalhos da obra para se chegar ao preço de venda. Por exemplo, se o custo direto de uma determinada obra foi orçado em R$ 100,00, o custo indireto em R$ 20,00 e o lucro em R$ 10,00, o BDI é igual ao quociente (20,00 + 10,00) / 100,00 = 30%. o preço final (preço de venda) será 100,00 x 1,30 = R$ 130,00, portanto o BDI é a majoração percentual que o preço de venda representa sobre o custo direto. CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA – SEQUÊNCIA DE OPERAÇÕES Para o cálculo de preço de venda e BDI, pode-se utilizar a seguinte sequência de operações (MATTOS, 2006): PV = preço de venda (R$); CUSTO = custo total (direto, indireto, administração central, custo financeiro, imprevistos e contingências) (R$); i% = somatória de todas as incidências sobre o preço de venda (%). BDI = Benefícios e Despesas Indiretas (%) PV = preço de venda CD = custo direto Outra forma de calcular o BDI é transformar os custos em percentuais, tendo afórmula: file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br BDI = (𝟏+𝐂𝐈)𝐱(𝟏+𝐀𝐂+𝐂𝐅+𝐈𝐂) 𝟏−(𝐋𝐎+𝐈𝐌𝐏) − 𝟏 onde, CI = Custo indireto (%) (sobre custo direto). AC = Administração central (%) (sobre custos diretos e indiretos). CF = Custos financeiros (%) (sobre custos diretos e indiretos). IC = Imprevistos e contingências (%) (sobre custos diretos e indiretos). LO = Lucro operacional (%) (sobre o preço de venda). IMP = Impostos (%) (sobre o preço de venda). Considerações sobre BDI Várias são as conclusões a que se chega sobre BDI (SILVA, 2006): Nem toda obra tem o mesmo BDI. Por depender diretamente da composição dos custos indiretos, administração central, custo financeiro, imprevistos e contingências, lucro e impostos, cada obra terá o seu próprio BDI. Não se pode querer que todas as obras de uma mesma empresa apresentem o mesmo percentual. Mudando as condições, muda o BDI. Por isso, recrimina-se a prática que algumas construtoras têm de utilizar um "BDI padrão" da empresa para qualquer orçamento. Esta simplificação na prática só teria algum cabimento se aconstrutora só fizesse o mesmo tipo de obra e sob as mesmas circunstâncias, o que nem sempre é possível. Para cada obra, o orçamentista tem que calcular o seu respectivo BDI. No cálculo do BDI só entram os impostos que incidem sobre o faturamento (preço de venda). file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br Na construção há uma grande quantidade de impostos, mas só integram o cálculo do BDI aqueles que incidem sobre a fatura ou preço de venda: COFINS, PIS, CPMF, ISSQN e, no caso de regime de tributação por Lucro Presumido, o IRPJ e a CSLL. Outros impostos e encargos, tais como IPI, ICMS, FGTS e INSS não deixam de ser computados. O que acontece é que eles são computados em outro lugar: uns são integrantes do custo de material, outros compõem a extensa massa de encargos sociais e trabalhistas. O BDI não tem limite superior. O BDI pode assumir qualquer valor positivo, inclusive acima de 100%. Sendo o BDI um quociente entre as parcelas que precisam ser diluídas e o custo direto, nada impede que o BDI atinja valores muito altos. Supondo uma obra em que uma empresa precise construir uma casa popular a milhares de quilômetros de sua sede. O custo indireto será tão alto em comparação com o custo direto - certamente maior, que a razão indireto/direto será superior a 1, gerando um BDI maior do que 100%. Em uma concorrência, duas empresas proponentes não necessariamente chegam ao mesmo BDI. Considerando que cada empresa tem suas peculiaridades de arranjo e sofisticação de canteiro, formação de equipe, política salarial, margem de lucro e estipulação de riscos e imprevistos, é virtualmente improvável que duas construtoras cheguem a um mesmo BDI para uma mesma obra. Aliás, é basicamente pelo BDI que as propostas se diferenciam entre si. CÁLCULO DE CUSTOS DIRETOS DE TAREFAS FÓRMULA DOS CUSTOS COMPOSTOS A formação dos custos compostos do orçamento é realizada por meio do estabelecimento dos custos necessários para a execução de um determinado file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br serviço ou atividade de acordo com certos requisitos. As categorias de custos compostos envolvidas em um serviço são (MATTOS, 2006): Custos de mão de obra A mão de obra é um dos principais custos compostos de uma obra porque é o elemento racional de uma obra e de suas ações e decisões depende em grande parte o sucesso do empreendimento. Este custo tem influência em todas as partes de um projeto de construção civil e é o responsável por dar forma aos serviços. É o trabalho humano que, em última análise, gera o produto final. A importância da estimativa correta deste custo para uma obra pode representar em algumas ocasiões até 60% de seu custo global. Custos de materiais Os materiais entram na maioria absoluta das atividades de uma obra, representando, muitas vezes, mais da metade do custo unitário de cada serviço. A cotação de preço dos materiais é uma tarefa que requer cuidado, porque tem algumas particularidades que o orçamentista deve levar em consideração. São variadas as formas nas quais os fornecedores dão seus preços, assim como nem sempre as cotações obtidas, referem-se ao mesmo escopo de aplicação. Custos de equipamentos De acordo com o porte da obra, os equipamentos podem representar grande parcela do custo de um serviço. Os equipamentos geram diversos custos de: aquisição, operação, manutenção, seguros, taxas, etc. file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br
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