Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONTABILIDADE GERENCIAL AULA 6 Prof. Ivanildo Viana Moura 2 CONVERSA INICIAL Olá! Nesta aula, vamos falar um pouco sobre os fatores que motivam os funcionários a realizarem suas tarefas no local de trabalho de modo a atingirem um bom desempenho. Estes serão os tópicos da aula de hoje: O papel da recompensa no controle da empresa Teorias de motivação Fatores que afetam a motivação individual Mensuração de desempenho efetivo e sistemas de recompensas A recompensa como forma de incentivo e de atribuição de responsabilidades ao funcionário Aproveite a leitura e pratique os conhecimentos adquiridos resolvendo os exercícios. Lembre-se, a melhor maneira de aprender é praticando. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO As organizações estão sempre buscando maximizar seus resultados e um fator que deve ser levado em consideração é que os funcionários podem impactar esses resultados. Em uma empresa, um funcionário pode levar a organização a reduzir custos e despesas, eliminar desperdícios, aumentar as vendas, aumentar a produção, otimizar os recursos disponíveis para as atividades operacionais; mas, para que isso ocorra, ele deve ter alguma forma de motivação. Visando levar os funcionários a aumentar o desempenho na realização de suas tarefas, a empresa pode implementar planos de recompensas, que são uma forma de motivar o funcionário a obter melhores resultados, otimizando os recursos e auxiliando a empresa a atingir metas, no curto prazo, que lhe possibilitarão atingir o objetivo traçado no plano estratégico. Assim, nesta aula, vamos tratar do papel da recompensa como fator motivador dos funcionários para alcançar melhores resultados no desempenho de suas tarefas. 3 TEMA 1 – O PAPEL DA RECOMPENSA NO CONTROLE DA EMPRESA Conforme já estudado, na elaboração do seu planejamento estratégico a empresa estabelece um objetivo que deve ser atingido no longo prazo. Para que esse objetivo seja alcançado, são estabelecidas metas no curto prazo, as quais são abrangidas geralmente no orçamento operacional, no qual cada área assume o compromisso de atingir suas próprias metas. No entanto, sabe-se que, para se atingir as metas, é necessário que todos os funcionários estejam alinhados na busca do mesmo objetivo, ou seja, todos devem ter suas ações na organização voltadas para o objetivo organizacional, procurando realizar suas atividades de forma a levar a área na qual trabalha a atingir suas metas. Nesse sentido, tem-se o que podemos chamar de congruência dos objetivos, conforme conceito adotado por Anthony e Govindarajan (2002, p. 141): “a congruência de objetivos de um processo significa que os atos e as atitudes que este leva as pessoas a adotar, de conformidade com seus próprios interesses, são também do próprio interesse da organização”. Mas, o que poderia ser utilizado para assegurar a congruência dos objetivos? A contabilidade gerencial pode possibilitar a congruência dos objetivos por meio dos controles gerenciais. Esses controles têm o objetivo de garantir que os funcionários estejam engajados e alinhados com os planos e diretrizes da organização, visando, com isso, atingir o objetivo proposto pelo planejamento estratégico. Assim, conforme Anthony e Govindarajan (2002, p. 34), o controle gerencial é “o processo pelo qual os executivos influenciam outros membros da organização para que obedeçam às estratégias adotadas”. Sabe-se que, no fim de um determinado período, é feita a avaliação de desempenho de cada área com base nas metas orçamentárias. Diante desse aspecto, é importante considerar que o resultado pode ser impactado pelas ações humanas e o desempenho de cada área é sujeito a esses fatores. Nesse sentido, Frezatti et al. (2009, p. 158) pontuam que, “na ligação entre o processo de avaliação de desempenho da entidade e áreas, é relevante o impacto sobre o indivíduo”. Com base nesse contexto, uma vez que o funcionário tem papel importante nos resultados alcançados, os quais impactam as metas organizacionais, é importante que se estabeleçam controles que o levem a 4 buscar atingir as metas estabelecidas para si, e a forma de fazer isso é motivando-o. 1.1 A recompensa como fator motivacional De acordo com Dubrin (2003), a motivação tem relação direta com o desempenho de um funcionário, pois uma pessoa motivada é capaz de produzir muito mais que uma desmotivada, pois essa última, não despende esforços para alcançar metas. De modo análogo, Ribeiro Júnior e Cançado (2015, p. 5) defendem que “os resultados positivos avaliados devem ser recompensados, a partir de padrões de equidade que garantam o tratamento justo da contribuição da pessoa para a organização”. De acordo com os autores supracitados, o sistema de recompensas estimula os funcionários a ampliarem sua contribuição na medida em que conseguem visualizar respostas diferentes da empresa para diferentes contribuições, traduzindo em prêmio, dessa forma, um justo desempenho do empregado e contribuindo para a sua motivação. Nesse contexto, ao elaborar planos de recompensas, a empresa trabalhará no sentido de aumentar a motivação dos funcionários, a qual se configura em uma variável que tem impacto direto sobre a realização das tarefas diárias de seus empregados, acentuando a intenção deles de darem o melhor de si para atingir as metas da empresa. Assim, em relação à política de recompensas, Frezatti et al. (2009, p. 158) expõem que: [...] a política de remuneração e recompensas da entidade deve estar atrelada a algum sistema de metas de acompanhamento. [...] Toda a visão de remuneração e recompensa deveria estar ligada à própria definição de estratégia da entidade, numa lógica consistente com a estrutura organizacional necessária, tanto no que se refere a abrangência como a níveis hierárquicos. Dessa abordagem são estabelecidos os perfis de remuneração, levando em conta elementos como dificuldades, impacto no resultado e complexidades gerenciais requeridas. Complementarmente, Atkinson et al. (2011, p. 713) contextualizam as características do sistema de recompensas: Em geral, o objetivo da política de recompensa é vincular os interesses individuais e os da empresa entre si, recompensando os funcionários por ações que a beneficiem. A prática da recompensa convencional enfoca a ligação das recompensas dos funcionários aos resultados que a empresa valoriza, tais como lucros, número de boas 5 unidades de produto que um operador de máquina produz, variâncias positivas da eficiência da mão de obra ou altas taxas de atendimento ao consumidor. Quanto mais alto o resultado for mensurado, maior a recompensa do funcionário. Como a base da maioria dos contratos é valorizar o desempenho, um dos papéis principais da prática da contabilidade gerencial é valorizar e relatar as mensurações do resultado que definem os contratos de compensação. Pode-se dizer, então, que o sistema de recompensas é classificado como um controle gerencial utilizado para motivar os funcionários e levá-los a realizarem suas atividades com foco nas metas estabelecidas, pois caso eles atinjam essas metas, certamente serão recompensados por isso. No entanto, a empresa deve saber que nem sempre as recompensas que o funcionário busca são de caráter remuneratório, mas podem ser relacionadas a outros fatores, como explicado pelas teorias de motivação. TEMA 2 – TEORIAS DE MOTIVAÇÃO Quais fatores uma pessoa considera importantes ao ingressar num novo trabalho? Certamente, a renumeração será um dos principais fatores a serem considerados por essapessoa. No entanto, remuneração não é tudo. Um indivíduo pode ter um bom salário e não se sentir motivado a realizar suas atividades por sentir falta de outros fatores, pois as pessoas possuem outras necessidades que devem ser supridas, no ambiente de trabalho, para sentirem- se motivadas. Sobre esse aspecto, Atkinson et al. (2011, p. 715) afirmam que “o pagamento é parte de um pacote complexo de fatores que motivam as pessoas a trabalharem com interesse de melhorar a empresa. Então, as empresas devem considerar os assuntos de pagamento dentro de um contexto maior de motivação”. Para entender quais fatores motivam as pessoas no ambiente de trabalho, pesquisadores do comportamento humano desenvolvem teorias que demonstram as necessidades que os trabalhadores sentem em relação às organizações. Para contextualizar o assunto, vamos apresentar duas teorias motivacionais, sendo elas: Teoria da hierarquia das necessidades Teoria dos dois fatores motivacionais 6 2.1 Teoria da hierarquia das necessidades A teoria da hierarquia das necessidades é também conhecida como pirâmide de Maslow, a qual é explicada por Chiavenato (2014, p. 133): “a teoria motivacional de Maslow se baseia na chamada hierarquia das necessidades. O fundamento da sua teoria é que as necessidades podem ser hierarquizadas, ou seja, distribuídas em uma hierarquia de importância e de influenciação no comportamento humano”. A hierarquia das necessidades, de acordo com a teoria de Maslow, é composta por cinco categorias, as quais também são explicadas por Chiavenato (2014): Necessidades fisiológicas: são as necessidades mais básicas do ser humano, relacionadas com a sua sobrevivência. Estão relacionadas com alimentação, bebida, habitação e proteção contra dor ou sofrimento. Necessidades de segurança: necessidades do indivíduo de estar livre de perigos e de ter proteção contra ameaças externas ou ambientais. Também estão relacionadas com a sobrevivência do indivíduo. Necessidades sociais: dizem respeito às necessidades do indivíduo de convivência em sociedade. São necessidades de amizade, participação, filiação a grupos, amor e afeto. Necessidades de estima: essa categoria está relacionada à maneira com a qual a pessoa se vê e se autoavalia, como sua autoestima, autoapreciação e autoconfiança. Necessidades de autorrealização: essa categoria está relacionada às necessidades mais elevadas do ser humano, as quais o levam a se realizar maximizando suas aptidões e capacidades potenciais. De acordo com a teoria de Maslow, essas necessidades podem ser dispostas numa pirâmide, na qual é possível observar sua hierarquia, conforme a Figura 1. 7 Figura 1 – Hierarquia das necessidades, de Maslow Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2014. A hierarquia demonstra que as necessidades mais vitais do ser humano ficam na base da pirâmide; portanto, elas devem ser atendidas primeiro. À medida que forem atendidas, elas perdem a força e deixam de ser o fator motivador para as ações do indivíduo, que irá se motivar a atender à necessidade seguinte. A relação entre essas necessidades e o ambiente de trabalho é abordada por Chiavenato (2014) (Figura 2). Figura 1 – A hierarquia das necessidades e o ambiente de trabalho Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2014. Dessa forma, a teoria das necessidades demonstra que, além da remuneração, outros fatores podem motivar os indivíduos no ambiente do trabalho, sendo responsabilidade da empresa buscar atender a essas necessidades para motivar seus funcionários. Necessidades fisiológicas Segurança Sociais Estima Autorrealização Trabalho desafiante, diversidade, autonomia, crescimento pessoal, participação nas decisões. Reconhecimento, responsabilidade, orgulho, promoções. Amizade dos colegas, interação com os clientes, chefia amigável, camaradagem. Trabalho seguro, permanência no emprego, proteção. Remuneração e benefícios, horário de trabalho, intervalos de descanso, conforto físico. Necessidades fisiológicas Segurança Sociais Estima Autorrealização 8 2.2 Teoria dos dois fatores motivacionais Outra teoria de motivação no ambiente de trabalho foi proposta por Frederick Herzberg. De acordo com Atkinson et al. (2011), Frederick entrevistou centenas de pessoas e chegou à conclusão de que a motivação advém de dois grupos de fatores: fatores higiênicos e fatores de satisfação. Fatores higiênicos: relacionam-se ao contexto da tarefa e definem o ambiente de trabalho dos indivíduos (Atkinson et al., 2011, p. 715). Estão relacionados com as condições externas ao indivíduo, as necessidades primárias da pessoa (Chiavenato, 2014). Para Chiavenato (2014), os fatores higiênicos, quando atendidos, apenas evitam a insatisfação; no entanto, quando precários, provocam a insatisfação. Isso ocorre porque esses fatores não são motivadores, mas, sim, restrições. De acordo com Atkinson et al. (2011, p. 715), “se uma empresa falha em alcançar as condições mínimas relativas aos fatores higiênicos, os funcionários não estão motivados para desempenharem suas tarefas, não importando com isso o que mais a empresa faça”. Fatores de satisfação: esses fatores relacionam-se com o conteúdo das tarefas e definem como os funcionários se sentem em relação a elas. Quando os fatores de satisfação são pobres, os funcionários não têm motivação para realizar as tarefas. Os fatores de satisfação podem motivar o desempenho dos funcionários se os fatores higiênicos já existirem; assim, aqueles fatores fornecem motivação para as pessoas desempenharem bem suas tarefas (Atkinson et al., 2011). Na visão de Chiavenato (2014, p. 135), os fatores de satisfação “produzem efeito duradouro de satisfação e de aumento de produtividade em níveis de excelência”. Os fatores de higiene e satisfação são demonstrados no Quadro 1. 9 Quadro 1 – Teoria dos dois fatores motivacionais Fatores higiênicos Fatores de satisfação Condições de tarefa Base para pagamento Políticas da empresa Relações interpessoais Qualidades da supervisão Realização Reconhecimento Responsabilidade Oportunidade de crescimento Fonte: Adaptado de Atkinson et al., 2011, p. 715. Conforme descrito anteriormente, os fatores higiênicos não criam a motivação, mas são considerados como restrições. Se os indivíduos sentirem que os fatores higiênicos não são suficientes para a realização de suas tarefas, eles sentem-se desmotivados a realizá-las. Por outro lado, se esses fatores atendem às necessidades pessoais, eles podem possibilitar que os fatores de satisfação motivem o funcionário de modo que ele alcance um bom desempenho na realização de suas tarefas. De modo geral, tanto a teoria da hierarquia das necessidades quanto a teoria dos dois fatores motivacionais apresentam necessidades essenciais ao ser humano e que podem afetar a motivação individual na realização de tarefas. TEMA 3 – FATORES QUE AFETAM A MOTIVAÇÃO INDIVIDUAL Buscando levar os funcionários à congruência com os objetivos organizacionais, a empresa adota controles gerenciais, e uma forma de controle que busca motivar os funcionários, levando-os a atingirem melhores resultados no desempenho de suas tarefas, é a concessão de incentivos, muitas vezes dados na forma de recompensas. De acordo com Atkinson et al. (2011), quando a empresa utiliza o sistema de recompensas unindo a mensuração de desempenho diretamente aos resultados que o funcionário valoriza, ele substitui as mensurações de desempenho por resultados. Nesse sentido,as mensurações de desempenho tornam-se as metas do funcionário, porque elas valorizam os resultados alcançados por ele. Esse contexto pode ser demonstrado pela Figura 3. 10 Figura 2 – Ligando os objetivos individuais aos organizacionais Fonte: Atkinson et al., 2011, p. 718. Atkinson et al. (2011, p. 718) explicam como se dá a ligação entre os objetivos individuais dos funcionários e os organizacionais, conforme exposto pela Figura 3: O eixo vertical reflete as perspectivas da empresa e mostra o vínculo entre seus objetivos, os resultados que seus funcionários criaram e os resultados que ela valoriza. O eixo horizontal reflete a perspectiva dos funcionários e mostra o vínculo entre o que eles põem na empresa, os resultados que seus esforços produzem e as recompensas que eles valorizam. Os resultados são o vínculo entre o funcionário e a empresa. Os resultados devem conduzir às recompensas que o funcionário valoriza e aos resultados que a empresa valoriza. Conforme demonstrado, a ligação entre os objetivos da empresa e os do funcionário deve ser estabelecida de modo que o funcionário alcance o resultado esperado pela empresa e, por sua vez, a empresa recompense o funcionário com algo que ele valorize. Para tanto, é necessário que a empresa defina o resultado que ela almeja que seja alcançado por cada funcionário (metas individuais) e estabeleça as recompensas que serão ofertadas para os funcionários que alcançarem tais resultados. Conforme contexto estudado no Tema 2, as teorias de motivação apontam necessidades internas (intrínsecas) e externas (extrínsecas) ao ser humano e que podem afetar a motivação individual na realização de tarefas. Essas necessidades podem ser incorporadas aos sistemas de recompensas da empresa. 11 3.1 Tipos de sistemas de recompensas Conforme dito anteriormente, o pagamento não é a única forma de motivação de um funcionário, visto que as pessoas possuem várias necessidades que não se limitam às remunerações. Dessa forma, para comporem o seu sistema de recompensas, as empresas podem utilizar-se dos fatores que compõem as necessidades pessoais de seus funcionários, sendo essas necessidades relacionadas a fatores extrínsecos e intrínsecos. Assim, pode-se apontar a existência de uma dicotomia entre recompensas, que podem ser extrínsecas ou intrínsecas, conforme Lawler (1971 citado por Rito, 2006). Sobre esse aspecto, Rito (2006, p. 44) pontua que Os sistemas de recompensas devem avaliar adequadamente as recompensas intrínsecas e não só as extrínsecas – porque delas resulta a motivação pessoal, a produtividade acrescida e a continuidade de convergência de interesses que caracteriza a nova relação de trabalho em tempos atuais. Diante do exposto, temos a classificação das recompensas em intrínsecas e extrínsecas, as quais são definidas a seguir: Recompensas intrínsecas: dizem respeito a fatores internalizados pelo indivíduo, ou seja, a fatores motivacionais relacionados a projetos, objetivos e metas pessoais. De acordo com Rito (2006, p. 49), “as recompensas intrínsecas são as que estão internamente ligadas ao trabalho, como a responsabilidade, a autonomia, o crescimento pessoal e a progressão na carreira”. Recompensas extrínsecas: para Atkinson et al. (2011, p. 719), “uma recompensa extrínseca é qualquer recompensa que uma pessoa fornece a outra pessoa por reconhecimento de uma tarefa bem-feita”. Esse tipo de recompensa está relacionado ao reconhecimento e à valorização do funcionário pela empresa. Pode dar-se na forma de promoção, remuneração, concessão de privilégios etc. Com isso, observa-se a necessidades da empresa de prever no seu sistema de recompensas, além de aspectos relacionados à remuneração dos funcionários, fatores relacionados a outras necessidades que os indivíduos têm no ambiente de trabalho, conforme a dicotomia de recompensas extrínsecas e intrínsecas proposta por Lawer (1971 citado por Rito, 2006). 12 A relação entre as teorias motivacionais e as recompensas intrínsecas e extrínsecas é apresentada na Figura 4. Figura 3 – Componentes de um sistema de recompensas Fonte: Adaptado de Rito, 2006, p. 48. Com base na Figura 4, é possível ver que a pirâmide das necessidades proposta por Maslow (1954 citado por Chiavenato, 2014) tem relação direta com a teoria de Herzeberg (1968 citado por Atkinson et al., 2011), e ambas podem ter os fatores de necessidade divididos em recompensas intrínsecas e extrínsecas. De um modo geral, as empresas encontram nessas teorias a base para estabelecer as suas políticas de recompensa, bastando que definam de maneira adequada as metas a serem atingidas pelos funcionários e a base de mensuração do desempenho deles. TEMA 4 – MENSURAÇÃO DE DESEMPENHO EFETIVO E SISTEMAS DE RECOMPENSAS A adoção de um sistema de recompensas por uma empresa faz com que a sua área de contabilidade gerencial assuma a responsabilidade sobre a mensuração de desempenho dos seus funcionários. Assim, o papel do contador gerencial é justamente estabelecer as bases necessárias para essa mensuração, indicando a melhor forma de avaliar o funcionário considerando os itens motivacionais que devem compor o sistema de recompensas, visando, com isso, a alcançar o resultado desejado pela empresa. Para tanto, de acordo com Atkinson et al. (2011), numa abordagem sistemática de recompensar o desempenho, alguns atributos-metas devem ser Autorrealização Autoestima Sociais Segurança Necessidades fisiológicas Fatores motivacionais Fatores higiênicos Recompensas intrínsecas Recompensas extrínsecas LAWLER HERZEBERG MASLOW 13 considerados para se assegurar que o sistema de mensuração venha a motivar o desempenho desejado. Totalizam-se seis atributos, descritos a seguir. 1. “Os funcionários devem entender suas tarefas e o sistema de recompensas e acreditar no que eles medem para controlar e contribuir para a empresa” (Atkinson et al., 2011, p. 723). Esse atributo está relacionado à percepção do funcionário da forma como a empresa retribui os resultados alcançados por ele. Existem três fatores que podem fazer com que o funcionário fique fora desse primeiro atributo: a. os funcionários não entendem suas tarefas e nem como melhorar o seu desempenho; b. o sistema de recompensas é complexo; c. o sistema de recompensas não valoriza o desempenho controlável dos funcionários. Quando ocorrer qualquer um dos casos anteriores, isso fará com que o funcionário não seja motivado para a realização da tarefa e, dessa forma, o objetivo do sistema de recompensa não será atingido. Para que o funcionário consiga um bom desempenho, é necessário que ele entenda suas tarefas. Caso isso não ocorra, ele não conseguirá perceber nenhuma relação entre o seu esforço e o seu desempenho. Ele deve ter entendimento da tarefa que deve exercer para que assim ele saiba como melhorar o seu desempenho, deve entender o sistema de recompensas. A relação entre esforço, desempenho e resultado deve ser, pois, bem esclarecida pela empresa para que todos os funcionários a entendam. 2. “O sistema de mensuração de desempenho deve fazer uma escolha cuidadosa a respeito das mensurações de insumos dos funcionários ou produtos” (Atkinson et al., 2011, p. 724). Geralmente, o resultado alcançado pelo funcionário é estabelecido como a base de mensuração do seu desempenho. No entanto, esse resultado muitas vezes não reflete as circunstâncias e condições que estão além do funcionário, fazendo com que seja reduzida a motivação do indivíduo em decorrência da expectativa criada porele diante de seus esforços e dos resultados mensurados. Nesse contexto, as empresas devem buscar recompensar os insumos (aprendizado do funcionário, habilidade demonstrada, tempo trabalhado etc). 3. “Os elementos de desempenho que os sistemas monitoram e as recompensas deveriam refletir os fatores críticos de sucesso da 14 empresa” (Atkinson et al., 2011, p. 724). Consideremos que, muitas vezes, um sistema de recompensas leva os funcionários a primarem pela quantidade e não pela qualidade. Esse atributo leva em consideração que a empresa possui fatores que devem definir o seu sucesso no mercado, que devem ser trabalhados com qualidade. Assim, o sistema de recompensas deve valorizar e recompensar os funcionários por um conjunto de mensurações equilibradas e abrangentes. 4. “Os sistemas de recompensas devem fixar padrões claros de desempenho para serem aceitos pelos funcionários” (Atkinson et al., 2011, p. 724). As expectativas de recompensas dos funcionários são baseadas na sua percepção sobre os padrões de desempenho que lhes são exigidos, pois somente se eles entenderem esses padrões poderão avaliar suas habilidades e esforços e confrontá-los com o resultado alcançado, que é considerado pelo sistema de avaliação de desempenho. Caso esses padrões não sejam claros, o funcionário não estabelecerá relação entre desempenho e resultado e perderá a motivação que deveria ser gerada pelo sistema de recompensas. 5. “O sistema de mensuração de desempenho deve ser sistemático e preciso para valorizar os objetivos” (Atkinson et al., 2011, p. 725). A estrutura do sistema de mensuração pode favorecer o entendimento da relação entre desempenho e resultado pelo funcionário. 6. “Quando for crítico que os funcionários coordenem a tomada de decisão e outras atividades, com outros funcionários, os sistemas de recompensa deveriam recompensar o desempenho em grupo, ao invés de individualmente” (Atkinson et al., 2011, p. 725). Esse atributo considera a recompensa do trabalho em grupo porque, assim, a cooperação entre os funcionários pode levar a melhores resultados do que o trabalho individual, uma vez que todos estariam unidos por um mesmo objetivo, buscando atingir uma meta estabelecida para o grupo. Conforme exposto, os atributos-metas estabelecidos devem ser observados para a mensuração de desempenho dos sistemas de recompensa, pois caso eles não sejam observados, os funcionários podem não entender o funcionamento do sistema e, nesse caso, ele se torna ineficaz, pois a motivação que ele deveria despertar no indivíduo não acontece. 15 Dessa forma, cabe à contabilidade gerencial analisar o contexto para determinar a melhor base de mensuração do sistema de recompensas, observando os seus atributos para que a organização possa, com o seu uso, conseguir alcançar o objetivo para o qual ele foi implementado, que é motivar os funcionários para que esses apresentem melhores resultados no desempenho de suas tarefas. TEMA 5 – A RECOMPENSA COMO FORMA DE INCENTIVO E DE ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADES AO FUNCIONÁRIO O sistema de recompensas como forma de incentivo, para motivação do funcionário deve estar relacionado aos resultados que estão sob controle do próprio funcionário. A empresa não pode cobrar um resultado de um funcionário que não tem vínculo direto com o resultado pelo qual está sendo avaliado. O funcionário só pode ser avaliado pelos resultados das tarefas que estão sob sua responsabilidade. Sobre esse contexto, Atkinson et al. (2011, p. 726) pontuam que O sistema de recompensa como incentivo deve enfocar os resultados da empresa que o funcionário influencia ou afeta. Considere um plano de recompensa como incentivo que recompensa o desempenho de um funcionário da produção por alcançar um nível-meta de vendas. Como o departamento de vendas controla as vendas, e não a produção, o plano seria ineficaz. Dessa forma, é importante que a avaliação de desempenho do funcionário seja voltada para as tarefas sobre as quais ele realmente tem controle, em que não dependa da relação com outras pessoas ou setores, pois, nesse caso, o resultado não está totalmente sob sua responsabilidade e a avaliação de desempenho poderá ser enviesada por esses fatores. Assim, o sistema de recompensa deve estar focado no funcionário e no alcance de suas ações. Atkinson et al. (2011, p. 726) contextualizam o exemplo anterior: O funcionário da produção controla a qualidade, a quantidade de recursos usados e a data de entrega do produto. Então, esses itens, à medida que são importantes para a determinação do desempenho da empresa, deveriam ser enfocados no sistema de desempenho como incentivo do funcionário da produção. Conforme exposto pelos autores supracitados, o plano de recompensa deve relacionar as atividades que a empresa considera importantes para o 16 alcance de seu desempenho e os funcionários que trabalham diretamente com elas. Ou seja, o funcionário somente será avaliado pelas atividades sobre as quais ele efetivamente mantém controle, podendo melhorar o seu desempenho e, com isso, ser bonificado com as recompensas estabelecidas pelo plano. Quando o funcionário consegue entender o sistema de recompensa, ele entende o sistema de mensuração de desempenho e, a partir daí, consegue estabelecer relação entre o sistema e as suas tarefas. Diante disso, a sua motivação para a realização dessas tarefas será maior, o que o levará a alcançar melhor desempenho nas suas atividades, fazendo com que a empresa possa atingir os objetivos propostos com a implementação do sistema de recompensa. TROCANDO IDEIAS Você já se sentiu desmotivado no seu ambiente de trabalho? Já ficou insatisfeito com o seu trabalho por algum motivo? Caso isso tenha ocorrido, consegue descrever o que não lhe satisfez no ambiente de trabalho? Na sua opinião, dentre os fatores elencados, o que seria mais importante, recompensas intrínsecas ou recompensas extrínsecas? O que melhor satisfaz as necessidades do ser humano no ambiente de trabalho? Entre no fórum e debata o assunto com seus colegas. NA PRÁTICA 1. Por que se diz que o sistema de recompensa é um controle gerencial? 2. João, Pedro, Thiago, Maria e Taniele estão numa entrevista de emprego. No formulário a ser preenchido, um dos itens era: “Descreva um fator motivador para o seu trabalho”, para o qual houve as seguintes respostas: João: “Ter o respeito dos colegas de trabalho e boa relação com eles”. Pedro: “Poder participar ativamente do processo de tomada de decisões”. Thiago: “Receber vale-refeição e vale-transporte”. Maria: “O reconhecimento pelo meu trabalho e dedicação”. Taniele: “Ter estabilidade no trabalho”. 17 Com base no exposto, associe as respostas de cada um dos candidatos ao emprego a uma necessidade exposta pela pirâmide de hierarquia das necessidades de Maslow. 3. Analisando os componentes do sistema de recompensas, fazendo uma analogia entre Maslow, Herzeberg e a dicotomia entre recompensas intrínsecas e extrínsecas, assinale a alternativa correta: a. A autorrealização é um fator higiênico e classifica-se como recompensa intrínseca. b. A segurança é um fator higiênico e classifica-se como recompensa intrínseca. c. A autoestima é um fator motivacional e classifica-se como recompensa intrínseca. d. As necessidades sociais são um fator motivacional e classificam- se como recompensa extrínseca. e. As necessidades fisiológicas são um fator higiênico e classificam- se como recompensa intrínseca. FINALIZANDO Nesta aula, aprendemos a importância do sistema de recompensas, nasempresas, como um sistema de controle gerencial que tem a função de motivar os funcionários a realizarem bem suas atividades. Vimos as principais teorias da motivação e os fatores necessários para que os funcionários se sintam incentivados, no ambiente de trabalho. Por fim, falamos da forma como deve ser mensurado o desempenho e da relação entre o sistema de recompensas e as responsabilidades dos funcionários. Estes foram os tópicos apresentados na aula: O papel da recompensa no controle da empresa Teorias de motivação Fatores que afetam a motivação individual Mensuração de desempenho efetivo e sistemas de recompensas A recompensa como forma de incentivo e de atribuição de responsabilidades ao funcionário 18 REFERÊNCIAS ANTHONY, R. N.; GOVINDARAJAN, V. Sistemas de controle gerencial. São Paulo: Atlas, 2002. ATKINSON, A. A. et al. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2011. CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 3. ed. Barueri: Thomson, 2014. _____. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. DUBRIN, A. J. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Pioneiras, 2003. FREZZATTI, F. Controle gerencial: uma abordagem da contabilidade gerencial no contexto econômico, comportamental e sociológico. São Paulo: Atlas, 2009. RIBEIRO JÚNIOR, R. N.; CANÇADO, V. l. Avaliação de desempenho e remuneração por competências: um estudo de caso sobre a gestão por competências na Prime Incorporações e Construções S/A. In: Simpósio Internacional de Gestão de Projetos, Inovação e Sustentabilidade, 4., 2015, São Paulo. Anais... São Paulo: Singep, 2015. RITO, P. O sistema de recompensas: remunerações e benefícios. Revista TOC, n. 80, ano VII, p. 44-54, 2006. SILVA, Â. Avaliação de desempenho: estudo exploratório nos setores da banca e vitivinicultura. Dissertação (Mestrado em Gestão Estratégica de Recursos Humanos) – Instituto Universitário da Maia, Maia, Portugal, 2014. Gabarito das questões propostas 1. Conforme Anthony e Govindarajan (2002, p. 34), o controle gerencial é “o processo pelo qual os executivos influenciam outros membros da organização para que obedeçam às estratégias adotadas”. Dessa forma, uma vez que o sistema de recompensa tem como objetivo motivar os funcionários para que eles alcancem melhores resultados na realização de suas tarefas, o sistema é um controle gerencial. 2. João: sociais; Pedro: autorrealização; Thiago: necessidades fisiológicas; 19 Maria: autoestima; Taniele: segurança. 3. Opção c. A autoestima é um fator motivacional e classifica-se como recompensa intrínseca.
Compartilhar