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AQUISIÇÕES E REESTRUTURAÇÃO EMPRESARIAIS - AULA 04 (Reorganização Societária (fusão, incorporação e cisão))

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AQUISIÇÕES E 
REESTRUTURAÇÕES 
EMPRESARIAIS 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Rodrigo Malta Meurer 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Antes de darmos sequência aos nossos estudos, é fundamental 
relembrarmos alguns pontos discutidos em aulas anteriores sobre combinação 
de negócios. Em primeiro lugar, a combinação de negócios é obtida por meio da 
obtenção de controle da empresa investidora sobre a empresa investida. Além 
disso, conforme o CPC 15 R1 (2011), esse tipo de operação ocorre entre 
sociedades economicamente livres. 
Ademais, é importante para a aplicação do método de combinação de 
negócios a observância de alguns pontos, conforme pautados anteriormente, por 
exemplo, a identificação do adquirente, a data de aquisição, o processo de 
reconhecimento e mensuração dos ativos, passivos e participação societária de 
não controladores e o reconhecimento e mensuração do ágio por expectativa de 
rentabilidade futura (goodwill) ou do ganho proveniente da compra vantajosa. 
Logo após, vimos as questões relacionadas ao período de mensuração 
da combinação de negócios, e algumas questões específicas relacionadas às 
combinações de negócios em estágios e sem a transferência da 
contraprestação. 
Voltando às questões pautadas em aulas anteriores, temos o 
desenvolvimento da disciplina quanto às participações societárias tidas como 
permanentes. Nesse âmbito, vamos avançar nesta aula abordando as 
demonstrações contábeis consolidadas. Desejamos a você bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
Em torno do assunto participações societárias permanentes, é 
indispensável falar sobre as demonstrações contábeis consolidadas. Nessas 
demonstrações diferentes das demonstrações individuais, é realizada a junção 
dos demonstrativos das empresas controladoras e controladas, com o intuito de 
refletir em um único demonstrativo os resultados referentes ao grupo econômico. 
Sabendo que deve ser realizada a junção das operações de um grupo 
econômico em um mesmo demonstrativo, é importante entendermos como deve 
ser realizada a elaboração dessas demonstrações contábeis consolidadas, visto 
que, para a elaboração das demonstrações contábeis consolidadas, é 
necessário realizar o somatório de contas de grupo semelhante, algo que vamos 
nos aprofundar melhor nesta aula. 
 
 
3 
Contudo, ao falar sobre as demonstrações contábeis consolidadas, não 
devemos negligenciar as questões voltadas à participação de não controladores, 
sendo que essa participação deve estar explícita na demonstração consolidada 
da controladora. Outro ponto fundamental é a questão dos resultados não 
realizados, conforme já vimos em nossas aulas e vamos novamente abordar 
neste encontro. 
Por último, vamos nos aprofundar nos quesitos voltados à apresentação 
nas demonstrações consolidadas da mais-valia e do ágio por expectativa de 
rentabilidade futura (goodwill). Assim como vimos nas aulas anteriores, em todos 
os ativos e passivos devem ser determinados o valor do goodwill e o valor 
referente à compra vantajosa. Para isso, o ativo e o passivo devem ser 
mensurados a valor justo. Vale ressaltar que, no momento do reconhecimento 
inicial do investimento em demonstrativo individual da controladora, o goodwill 
deve ser reconhecido de acordo com a participação. Todavia, vamos ver que, no 
momento da consolidação, é necessário o reconhecimento do goodwill dos 
controladores e não controladores. 
TEMA 1 – DEMONSTRAÇÕES CONSOLIDADAS: ASPECTOS CONCEITUAIS 
A consolidação das demonstrações contábeis nada mais é do que 
apresentar as operações de forma conjunta da controladora à sua controlada ou 
controladas. Gelbcke et al. (2018, p. 714) afirmam que: 
O objetivo da consolidação é apresentar aos usuários da informação 
contábil, principalmente acionistas e credores, os resultados das 
operações e a posição financeira da sociedade controladora e de suas 
controladas, como se o grupo econômico fosse uma única entidade. 
Sobre o olhar de Perez Júnior e Oliveira (2012), “o objetivo da 
consolidação de demonstrações contábeis é refletir o resultado das operações e 
a verdadeira situação econômica, patrimonial e financeira de todo o grupo de 
empresas sob um único comando”. 
Conforme Gelbcke et al. (2018), as demonstrações consolidadas 
permitem uma melhor análise, já que está sendo observado apenas um único 
demonstrativo. Entretanto, ao elaborar os demonstrativos consolidados, as 
empresas controladas não são obrigadas a realizar os demonstrativos 
consolidados, sendo obrigadas somente empresas chamadas controladoras. 
Além disso, as demonstrações consolidadas não eliminam as empresas 
 
 
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controladoras e suas controladas de elaborarem as demonstrações contábeis 
individuais. 
A fim de compreendermos melhor a respeito, empresas que detêm o 
controle devem elaborar a consolidação dos demonstrativos, excluindo as 
empresas que possuem o controle compartilhado ou influência significativa, ou 
que não possuem nenhuma influência (Gelbcke et al. 2018). 
O CPC 36 R3 (2012) disciplina sobre as “Demonstrações Consolidadas”. 
Nele, podemos fortalecer o discutido em parágrafo anterior, pois em seu item 2ª, 
este retrata que é exigido “que a entidade (controladora) que controle uma ou 
mais entidades (controladas) apresente demonstrações consolidadas”. 
Complementando, ainda no CPC 36 R3 (2018), há a determinação de que todas 
as companhias abertas com participação em controladas, independentemente 
do percentual em relação ao PL da controladora, deverão elaborar e publicar as 
demonstrações contábeis consolidadas. 
Desse ponto, o investidor deve determinar se é controlador avaliando se 
de fato exerce controle sobre a investida, de acordo com a lei n. 6.404/76, art. 
243, é pontuado em seu inciso II que: 
§2º Considera se controlada a sociedade na qual a controladora, 
diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de 
sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas 
deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos 
administradores. 
Ainda, o CPC 36 R3 (2012) apresenta os seguintes pontos para a 
determinação de controle, em seu item 7: 
a) poder sobre a investida; 
b) exposição a, ou direitos sobre, retornos variáveis decorrentes de seu 
envolvimento com a investida; e 
c) a capacidade de utilizar seu poder sobre a investida para afetar o 
valor de seus retornos. 
Tais pontos foram somente relembrados, pois já discutimos sobre eles em 
nossas aulas anteriores. 
TEMA 2 – METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES 
CONSOLIDADAS 
As demonstrações consolidadas consistem em somar os valores que 
correspondem às contas de mesmo grupo, e de acordo com o CPC 36 R3 (2012), 
em seus itens 19 e 20: 
 
 
5 
A controladora deve elaborar demonstrações consolidadas utilizando 
políticas contábeis uniformes para transações similares e outros 
eventos em circunstâncias similares. 
A consolidação da investida se inicia a partir da data em que o 
investidor obtiver o controle da investida e cessa quando o investidor 
perder o controle da investida. 
Esses são os requisitos contábeis para a elaboração das demonstrações 
contábeis consolidadas em uma empresa, sendo possível entender que contas 
similares devem ser somadas. E que as demonstrações consolidadas devem ser 
iniciadas a partir da data em que o investidor adquirir o controle. Seguindo as 
questões relacionadas à data das demonstrações contábeis consolidadas, é 
essencial recorrermos novamente ao CPC 36 R3 (2012), em seus itens B92 e 
B93. 
As demonstrações contábeis da controladora e de suas controladas 
utilizadas na elaboração das demonstrações consolidadas devem ter 
a mesma data-base. Quando o final do período das demonstrações 
contábeis da controladora for diferente do da controlada, a controlada 
deve elaborar, para fins de consolidação, informações contábeis 
adicionais de mesma data que as demonstrações contábeis da 
controladora para permitirque esta consolide as informações contábeis 
da controlada, a menos que seja impraticável fazê-lo. 
Se for impraticável fazê-lo, a controladora deve consolidar as 
informações contábeis da controlada usando as demonstrações 
contábeis mais recentes da controlada, ajustadas para refletir os 
efeitos de transações ou eventos significativos ocorridos entre a data 
dessas demonstrações contábeis e a data das demonstrações 
consolidadas. Em qualquer caso, a diferença entre a data das 
demonstrações contábeis da controlada e a das demonstrações 
consolidadas não deve ser superior a dois meses, e a duração dos 
períodos das demonstrações contábeis e qualquer diferença entre as 
datas das demonstrações contábeis devem ser as mesmas de período 
para período. 
Nesse caso, devemos ter certa atenção quanto à data de elaboração das 
demonstrações contábeis, uma vez que, conforme os dispostos em negrito na 
citação acima, a empresa controladora e suas controladas devem elaborar as 
demonstrações contábeis em mesma data-base, caso não seja possível, devem 
ser disponibilizadas informações contábeis adicionais. 
De todo modo, se ainda for impraticável a utilização de informações 
contábeis adicionais para a consolidação, a empresa controladora deve utilizar 
as informações contábeis mais recentes da controlada para realizar a 
consolidação, sendo fundamental que a diferença entre as demonstrações 
contábeis da controlada para as demonstrações consolidadas não sejam 
superiores a dois meses, conforme disposto pelo CPC 36 R3 (2012). 
Falando sobre as questões relacionadas à data para a elaboração das 
demonstrações contábeis, cabe também entendermos que a consolidação não 
 
 
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parte do princípio em que se realiza somente a soma das contas similares, pois 
é necessário que ocorra também a exclusão de algumas contas, como as 
elencadas por Viceconti e Neves (2018, p. 1047): 
a) as participações de uma sociedade em outra; 
b) os saldos de quaisquer contas entre as sociedades; 
c) as parcelas correspondentes aos resultados, ainda não realizados, 
de negócios entre as sociedades, que constem no resultado do 
exercício, dos lucros ou prejuízos acumulados, do custo dos estoques 
ou do Ativo Não Circulante das respectivas demonstrações contábeis. 
Com isso, deve seguir um controle rigoroso quanto a essas operações 
para facilitar a realização das demonstrações contábeis. Viceconti e Neves 
(2018) destacam que é fundamental que empresas de um mesmo grupo se 
atenham quanto ao controle de suas transações, levando em conta a 
contabilização dessas operações de maneira padronizada, já que essas 
informações dispostas no demonstrativo consolidado serão de grande valia para 
os usuários externos, como os investidores, fornecedores, bancos, entre outros, 
e para os usuários internos da empresa, como os administradores (Perez Júnior; 
Oliveira, 2012). 
TEMA 3 – EVIDENCIAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DE NÃO CONTROLADORES 
A participação de uma empresa controladora sobre sua controlada pode 
ser advinda de uma participação societária integral, contudo, assim como 
colocado por Gelbcke et al. (2018), uma controladora pode não ter a totalidade 
das ações de uma empresa controlada, ou seja, de 100%, seja esse controle 
exercido direta ou indiretamente. 
Por conseguinte, para participações que não são integrais, é necessário 
que ocorra o reconhecimento nos demonstrativos consolidados acerca da 
participação de outras empresas não controladoras, correspondente à quantia 
de ações não pertencentes à controladora. 
Desse contexto, Gelbcke et al. (2018) destacam que o reconhecimento 
das participações correspondentes aos sócios não controladores deve integrar 
o patrimônio líquido consolidado. Aprofundando sobre o discutido, o CPC 36 R3 
(2012) mostra, em seu item 22, que “uma controladora deve apresentar as 
participações de não controladores no balanço patrimonial consolidado, dentro 
do patrimônio líquido, separadamente do patrimônio líquido dos proprietários da 
controladora”. 
 
 
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Entendemos, então, que a participação dos sócios minoritários deve estar 
presente no demonstrativo consolidado, todavia, deve ser reconhecida 
separadamente em relação à participação da empresa controladora. E de acordo 
com o item B94 do CPC 36 R3 (2012), “a entidade deve atribuir os lucros e os 
prejuízos e cada componente de outros resultados abrangentes aos proprietários 
da controladora e às participações de não controladores”. 
Após analisar esses pontos, as demonstrações contábeis consolidadas 
devem seguir os seguintes procedimentos, conforme o CPC 36 R3 (2012), item 
B86: 
(a) combinar itens similares de ativos, passivos, patrimônio líquido, 
receitas, despesas e fluxos de caixa da controladora com os de suas 
controladas; 
(b) compensar (eliminar) o valor contábil do investimento da 
controladora em cada controlada e a parcela da controladora no 
patrimônio líquido de cada controlada (...); 
(c) eliminar integralmente ativos e passivos, patrimônio líquido, 
receitas, despesas e fluxos de caixa intragrupo relacionados a 
transações entre entidades do grupo (resultados decorrentes de 
transações intragrupo que sejam reconhecidos em ativos, tais como 
estoques e ativos fixos, são eliminados integralmente). 
Vamos colocar de forma simplificada para compreendermos melhor os 
requisitos que devem ser seguidos ao elaborar o balanço patrimonial 
consolidado. 
• Excluir investimento Método de Equivalência Patrimonial de controladas; 
• Excluir o valor do PL das investidas que correspondem à controladora; 
• Retirar o valor do PL das investidas correspondente aos não 
controladores; 
• Excluir os direitos e as obrigações entre empresas do mesmo grupo 
econômico; 
• Excluir o Resultado da Equivalência Patrimonial; 
• Excluir a participação dos não controladores no lucro líquido da investida. 
Para compreendermos melhor o que foi exposto até aqui, vamos imaginar 
que a empresa Alfa S.A., companhia de capital aberto, tem 80% da participação 
acionária na Beta S.A. Ambas as sociedades apresentaram as seguintes 
demonstrações contábeis individuais em 31/12/20: 
 
 
 
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Tabela 1 – Situação patrimonial de Alfa e Beta 
BALANÇO PATRIMONIAL Alfa Beta 
ATIVO CIRCULANTE 
Caixa 55 30 
Contas a receber 115 90 
Estoques 160 85 
Valores e bens 140 
Despesas antecipadas 10 
NÃO CIRCULANTE 
Valores a receber de Beta S.A. 45 
INVESTIMENTOS 
Beta S.A. 400 
IMOBILIZADO 
Móveis e utensílios 130 
Veículos 85 
Terrenos 125 135 
Edifícios 230 160 
Máquinas 190 
TOTAL 1470 715 
PASSIVO CIRCULANTE 
Fornecedores 90 55 
Obrigações tributárias 60 45 
Contas a pagar 120 70 
NÃO CIRCULANTE 
Valores a pagar para Alfa S.A. 45 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
Capital social 500 300 
Reserva de capital 250 50 
Reservas de lucros 50 
Lucros acumulados 80 
Lucro líquido do exercício 320 150 
TOTAL 1470 715 
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO 
Receitas operacionais 540 390 
Custo das vendas (140) (90) 
Lucro Bruto 400 300 
Despesas operacionais (80) (60) 
Receita de equivalência patrimonial 120 
Lucro operacional 440 240 
Contribuição Social (35) (25) 
Imposto de renda (85) (65) 
Lucro líquido do exercício 320 150 
Com base nos balanços patrimoniais e de resultado das empresas, 
observamos abaixo a consolidação. 
 
 
9 
Tabela 2 – Consolidação 
BALANÇO PATRIMONIAL 
Controla-
dora 
Contro-
lada Eliminações Consoli-
dação 
 Débito Crédito 
Caixa 55 30 85 
Contas a receber 115 90 205 
Estoques 160 85 245 
Valores e bens 140 140 
Despesas antecipadas 10 10 
Valores a receber de Beta 
S.A. 45 45 B 
Investimento Beta S.A. 400 400 A 
IMOBILIZADO 
Móveis e utensílios 130 130 
Veículos 85 85 
Terrenos 125 135 260 
Edifícios 230 160 390 
Máquinas 190190 
TOTAL 1470 715 1740 
Fornecedores 90 55 145 
Obrigações tributárias 60 45 105 
Contas a pagar 120 70 190 
Valores a pagar a Alfa S.A. 45 45 B 
Capital social 500 300 240 A 500 
 60 C 
Reserva de capital 250 50 40 A 250 
 10 C 
Reservas de lucros 50 50 
Lucros acumulados 80 80 
Participação de acionistas 
não controladores 100 C 100 
Receitas operacionais 540 390 930 
Custo das vendas -140 -90 -230 
Despesas operacionais -80 -60 -140 
Receita de equivalência 
patrimonial 120 120 A 
Contribuição Social -35 -25 -60 
Imposto de renda -85 -65 -150 
Participação de acionistas 
não controladores 30 C -30 
TOTAL 1470 715 545 545 1740 
Observamos por meio da Tabela 2 a situação patrimonial da empresa 
controladora Alfa e a empresa controlada Beta em 31/12/20. Os valores em 
vermelho correspondem à eliminação acerca da participação da empresa 
controladora sobre a controlada. 
 
 
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Vamos passo a passo compreender o que foi realizado. Primeiramente, 
foi feita a soma das contas semelhantes entre controladora e controlada, assim 
como disciplina o CPC 36 R3 (2012) em seu item B86. Logo após, realizou-se a 
eliminação das contas correspondentes aos investimentos, e em seguida foi 
eliminado o montante correspondente à participação de 80% da controladora no 
capital social, na reserva de capital e na receita de equivalência patrimonial na 
controlada. Essas contas estão identificadas com a letra A. A fim de tirar dúvidas 
quanto à receita de equivalência patrimonial, esta foi eliminada conforme seu 
valor de R$ 120,00, visto que o lucro líquido da controlada, conforme o 
enunciado, foi de R$ 150,00 (R$ 150,00 X 80% = R$ 120,00). 
Continuando, devemos reconhecer a participação dos sócios não 
controladores nos demonstrativos, porém, de maneira separada. Com isso, 
podemos identificar a participação dos sócios não controladores por meio da 
letra C. Os valores da tabela correspondentes aos sócios não controladores 
foram baseados em seu percentual de participação, nesse caso de 10%. Os 
mesmos então possuem participação sobre o capital social, reserva de capital e 
sobre o lucro líquido da controladora, que foi de R$ 150,00 (R$ 150,00 X 20% = 
R$ 30,00). 
Além disso, foi realizada a eliminação das transações entre partes, 
identificadas com a letra B, pois a empresa Alfa vendeu mercadorias para a 
empresa Beta, e para fins de consolidação, deve-se realizar a anulação desses 
saldos. 
Para finalizar, vimos que a eliminação é realizada por meio do Débito e do 
Crédito, e sabemos que as contas classificadas no passivo são aquelas 
conhecidas como a origem dos recursos. Desse modo, para a eliminação destas, 
basta realizar o lançamento a débito com o valor correspondente ao ajuste 
necessário. 
Para as contas do ativo, conhecidas como as de aplicações de recursos, 
que possuem natureza devedora, basta o lançamento a crédito com o valor do 
ajuste. E no mais, na tabela observamos a abertura de uma conta referente à 
participação dos sócios não controladores no valor de R$ 100,00, ou seja, foi a 
contrapartida dos débitos referentes à participação desses acionistas 
minoritários, alcançando, somados, o valor de R$100,00, que deve ser 
reconhecido no patrimônio líquido de maneira separada da participação dos 
sócios controladores. 
 
 
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Vamos observar abaixo como ficaram os lançamentos dos valores já 
consolidados no balanço patrimonial e demonstrativo de resultado. 
Tabela 3 – Balanço Patrimonial e demonstrativo consolidado 
BALANÇO PATRIMONIAL CONSOLIDADO 
ATIVO CIRCULANTE 
Caixa 85 
Contas a receber 205 
Estoques 245 
Valores e bens 140 
Despesas antecipadas 10 
IMOBILIZADO 
Móveis e utensílios 130 
Veículos 85 
Terrenos 260 
Edifícios 390 
Máquinas 190 
TOTAL 1740 
PASSIVO CIRCULANTE 
Fornecedores 145 
Obrigações tributárias 105 
Contas a pagar 190 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
Capital social 500 
Reserva de capital 250 
Reservas de lucros 50 
Lucros acumulados 80 
Lucro líquido do exercício 320 
Participação de acionistas não controladores 100 
TOTAL 1740 
Demonstração do resultado consolidado 
Receitas operacionais 930 
Custo das vendas (230) 
Lucro bruto 700 
Despesas operacionais (140) 
Lucro operacional 560 
Contribuição Social (60) 
Imposto de renda (150) 
Lucro líquido antes das participações 350 
Participação de acionistas não controladores (30) 
Lucro Líquido 320 
 
 
12 
É importante observarmos que o lucro consolidado deve ser igual ao lucro 
da controladora. No exercício anterior, o lucro consolidado foi igual ao lucro 
individual da controladora. Caso aconteça de ser diferente, a empresa deve 
apresentar nota explicativa demonstrando a conciliação entre os dois resultados. 
TEMA 4 – TRATAMENTO DOS RESULTADOS NÃO REALIZADOS NO 
PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO 
Os lucros realizados ocorrem quando a empresa compradora revende 
todas as mercadorias que comprou de outra empresa do mesmo grupo para 
terceiros. Em contrapartida, os Lucros não Realizados ocorrem quando essa 
mesma empresa compradora não revende todas as mercadorias para terceiros. 
E do ponto de vista de Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 411), “Lucros não 
realizados ocorrem quando há operações de compra e venda de bens entre as 
empresas consolidadas desde que esses bens sejam mantidos no ativo da 
compradora”. Caso a compradora tenha revendido a terceiros a totalidade das 
mercadorias adquiridas, não há então os lucros não realizados. 
Os lucros não realizados podem ser advindos da venda de mercadorias 
da controlada para a sua controladora ou da controladora para a sua controlada. 
No primeiro caso, se não ocorrer a venda das mercadorias adquiridas pela 
controladora, há então os lucros não realizados. De acordo com Souza e Borba 
(2013), a empresa vendedora deve reconhecer o lucro normalmente, e além 
disso, a controladora deve deduzir o lucro não realizado do lucro líquido da 
controlada e aplicar então, para fins de equivalência patrimonial, o percentual de 
sua participação. 
Após esses ajustes, é possível realizar a consolidação, na qual os lucros 
não realizados devem ser excluídos do estoque da empresa controladora que 
efetuou a compra dessas mercadorias. Ao falarmos do segundo caso, no qual a 
controladora vende para sua controlada, mercadorias que ainda permanecem 
em estoques, existirão então os lucros não realizados. 
Souza e Borba (2013), denotam que, nesse tipo de transação, a 
controlada não precisa realizar ajuste em seu demonstrativo de resultado. Mas 
ainda de acordo com esses autores, a controladora deve eliminar de seu 
resultado a parcela dos lucros não realizados. Nesse caso, a controladora em 
seu demonstrativo individual deve reconhecer a crédito em conta redutora de 
 
 
13 
seu investimento e a débito em sua conta de resultado o valor correspondente à 
parcela dos lucros não realizados (Souza; Borba, 2013). 
Para entendermos melhor, vamos considerar o mesmo exemplo anterior, 
porém, a empresa Alfa vendeu mercadorias para empresa Beta por $ 100,00 e 
elas custaram $ 80,00. As mercadorias continuam em estoque. O lucro não 
realizado nos estoques na consolidação deve ser totalmente eliminado. Para 
isso, é necessário reduzir o valor da equivalência patrimonial e o valor dos 
estoques consolidados. O resultado da venda também deve ser eliminado. O 
cálculo da equivalência ficará da seguinte forma: 
Tabela 4 – Consolidação 
BALANÇO PATRIMONIAL 
Controla-
dora 
Contro-
lada Eliminações Consoli-
dação 
 Débito Crédito 
Caixa 55 30 85 
Contas a receber 115 90 205 
Estoques 160 85 20 D 225 
Valores e bens 140 140 
Despesas antecipadas 10 10 
Valores a receber de Beta 
S.A. 45 45 B 
Investimento Beta S.A. 380380 A 
Lucros a realizar -20 20 D 
IMOBILIZADO 
Móveis e utensílios 130 130 
Veículos 85 85 
Terrenos 125 135 260 
Edifícios 230 160 390 
Máquinas 190 190 
TOTAL 1450 715 1720 
Fornecedores 90 55 145 
Obrigações tributárias 60 45 105 
Contas a pagar 120 70 190 
Valores a pagar para Alfa 
S.A. 45 45 B 
Capital social 500 300 240 A 500 
 60 C 
Reserva de capital 250 50 40 A 250 
 10 C 
Reservas de lucros 50 50 
Lucros acumulados 80 80 
Participação de acionistas 
não controladores 100 C 100 
Receitas operacionais 540 390 100 T 100 E 830 
Custo das vendas -140 -90 80 E 80 T -150 
 
 
14 
Despesas operacionais -80 -60 -140 
Receita de equivalência 
patrimonial 100 100 A 
Contribuição Social -35 -25 -60 
Imposto de renda -85 -65 -150 
Participação de acionistas 
não controladores 30 C -30 
TOTAL 1450 715 725 725 1720 
Podemos visualizar o seguinte: os lançamentos identificados como A, B e 
C são os mesmos mencionados em nosso exemplo anterior, os quais devem ser 
realizados. No entanto, nesse exemplo em questão, houve a venda de 
mercadorias da controladora para sua controlada no valor de R$ 100,00, e essas 
mercadorias custaram para a controladora R$ 80,00. 
Vamos nos centrar nos valores em vermelho: primeiramente foi eliminada 
a parcela dos lucros não realizados, que anteriormente o valor era de R$ 120,00, 
e com R$ 20,00 de lucros não realizados, esse valor passou a ser de R$ 100,00. 
No demonstrativo individual da controladora, foi realizado então um registro a 
crédito de R$ 20,00 de lucros não realizados, reduzindo o valor dos 
investimentos. Em contrapartida, um registro a débito em uma conta de 
resultado, o qual também ocasionou em sua diminuição. 
Para realizar a consolidação, temos a eliminação dessas contas, as quais 
podem ser identificadas pela letra D na Tabela 4. Desse modo, foi eliminado o 
valor de R$ 20,00 referente aos lucros não realizados contidos no estoque, e o 
mesmo valor eliminado em conta referente a lucros a realizar. 
Quanto às receitas, elimina-se o valor de R$ 100,00 correspondente ao 
valor de venda, e o valor de R$ 80,00 referente ao valor de custo de aquisição. 
Essas contas estão identificadas com a letra T. Em contrapartida, temos os 
mesmos valores que estão presentes no estoque. 
TEMA 5 – APRESENTAÇÃO NAS DEMONSTRAÇÕES CONSOLIDADAS DA 
MAIS-VALIA E DO ÁGIO POR EXPECTATIVA DE RENTABILDIADE FUTURA 
Ao falar sobre ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), o 
CPC 15 R1 (2011) o define em seu apêndice A como “um ativo que representa 
benefícios econômicos futuros resultantes dos ativos adquiridos em combinação 
de negócios, os quais não são individualmente identificados e separadamente 
reconhecidos”. Desse modo, o goodwill corresponde à diferença entre o valor 
pago e o valor justo dos ativos líquidos da adquirida. 
 
 
15 
E quanto à mais-valia? Esta, por sua vez, refere-se à diferença entre o 
valor justo dos ativos líquidos adquiridos e seu valor contábil (valor patrimonial 
contábil) no balanço da adquirida. 
O adquirente deve reconhecer o ágio por rentabilidade futura goodwill 
determinado pela diferença positiva entre o valor justo da contraprestação 
transferida em troca do controle da adquirida somado ao valor das participações 
de não controladores na adquirida e, se houver, ao valor justo de alguma 
participação preexistente do adquirente na adquirida e o valor justo líquido dos 
ativos identificáveis adquiridos dos passivos assumidos (CPC 15 R1, 2011). 
Para entendermos melhor a respeito, reforçamos que tanto o ágio por 
expectativa de rentabilidade futura (goodwill), como também o ágio por mais-
valia de ativos líquidos deve ser registrado no grupo investimentos, no balanço 
individual da controladora. Entretanto, ocorrem algumas mudanças nesses 
registros no momento em que a controladora realizar a consolidação dos 
demonstrativos contábeis. 
No demonstrativo consolidado, o goodwill deve ser registrado no 
subgrupo do intangível, diferentemente do balanço individual. No caso da mais-
valia, essa não é registrada no subgrupo do intangível, mas deve ser alocada 
aos respectivos ativos que lhe deram a origem. Vamos supor que ocorreu o 
reconhecimento de um goodwill e de um ágio mais-valia em nossa empresa CJ, 
devemos reconhecer ambos em nosso balanço patrimonial no grupo 
investimentos. 
Somos controladores da empresa CV e, com isso, somos obrigados a 
realizar o demonstrativo consolidado ao final do exercício, desse jeito, temos que 
lançar o goodwill no balanço consolidado no subgrupo do intangível, e no caso 
da mais-valia, o mesmo foi em relação aos estoques. Desse modo, lançamos os 
valores de mais-valia em seu grupo de origem, o qual é o estoque, e não nos 
investimentos no balanço consolidado. 
Ao falarmos sobre reconhecimento e mensuração dos ativos adquiridos e 
dos passivos assumidos, esses devem ser mensurados a valor justo, de acordo 
com os padrões ressaltados no CPC 15 R1 (2011) “Combinações de Negócios”. 
E de acordo com Gelbcke et al. (2018), a baixa do goodwill ocorrerá somente 
pela venda, ou no reconhecimento de uma redução do valor recuperável. E ainda 
conforme Gelbcke et al. (2018, p. 2213), o goodwill “na data da obtenção do 
 
 
16 
controle não pode ser amortizado, exceto o que está previsto no ICPC 09 para 
circunstâncias muito específicas de vida útil econômica determinada”. 
Um ponto importante está relacionado ao reconhecimento da mais-valia e 
do goodwill. Segundo Gelbcke et al. (2018), a empresa controladora deve 
reconhecer a parcela total da participação de controladores e não controladores 
da mais-valia no balanço consolidado. E quanto ao goodwill, seu valor total 
também deve ser reconhecido como balanço patrimonial consolidado caso a 
participação de não controladores no reconhecimento inicial seja avaliada pelo 
seu valor justo (ICPC 09 R2, 2014). 
Vamos considerar um exemplo diferente dos anteriores: vamos supor que 
agora a empresa Alfa possua controle integral sobre a empresa Beta. Foram 
elaborados os seguintes lançamentos de consolidação: 
Tabela 5 – Consolidação 
Demonstrativo ALFA BETA 
Eliminações Consoli-
dação Balanço Patrimonial 
Ativo Débito Crédito 
Ativo Circulante 
Caixa 1300000 600000 1900000 
Contas a receber de 
Beta 500000 
 
500000 
B 
 
Contas a receber de 
Alfa 300000 
 
300000 
B 
 
Estoques 600000 400000 1000000 
Ativo Não Circulante 
Empréstimo C. Beta 200000 200000 B 
Investimento 
Beta 1300000 
 
1300000 
 
A 
PL contábil investido 1000000 1000000 A 
Apropriação MEP 300000 300000 C 
Imobilizado 1000000 600000 1600000 
Intangível 500000 500000 1000000 
TOTAL 5400000 2400000 5500000 
Passivo 
Fornecedores 2000000 50000 2050000 
Contas a pagar Beta 300000 300000 B 
Contas a pagar Alfa 500000 500000 B 
Provisões 1200000 350000 1550000 
Empréstimos a pagar 
Alfa 200000 200000 
B 
 
 
 
Patrimônio Líquido 
Capital Social 1000000 800000 800000 A 1000000 
Reservas 300000 200000 200000 A 300000 
 
 
17 
Reservas de Lucros 600000 300000 300000 T 600000 
TOTAL 5400000 2400000 2300000 2300000 5500000 
Resultado do Exercício 
Receita 1000000 600000 1600000 
Custo -500000 -250000 -750000 
Lucro Bruto 
Despesas -200000 -50000 -250000 
Resultado de 
Participações 
 
 
 
 
Receita de Equi. Beta 300000 300000 C 300000 T 
Imposto de Renda 
Lucro Líquido 600000 300000 2600000 2600000 600000 
Na tabela 5, observamos as eliminaçõesrealizadas. Para entendermos a 
situação exposta acima, ocorreu: 
A – Eliminação dos valores referentes aos investimentos. 
B – Eliminação dos valores referentes as transações entre partes. 
C – Eliminação do saldo referente ao resultado de equivalência patrimonial. 
T – O lucro de R$300.000,00 não foi distribuído aos dividendos, 
permanecendo o mesmo nas reservas de lucros. 
Até este ponto, temos o entendimento dos lançamentos. Agora, vamos 
imaginar que na data de aquisição do controle da empresa Beta, a empresa Alfa 
esqueceu de contabilizar alguns passivos e ativos adquiridos e teve que 
recalcular a contrapartida contingente no valor de R$ 200.000,00. Ao refazer os 
cálculos, a empresa Alfa chegou a um valor pago de R$ 1.900.000,00 composto 
por R$ 200.000,00 de goodwill, R$ 100.000,00 de mais-valia do ativo imobilizado, 
R$ 500.000,00 de mais-valia de estoque, R$ 200.000,00 foi uma carteira de 
clientes identificada e R$ 100.000,00 foi uma provisão identificada não 
reconhecida. 
Devemos consolidar esses saldos da seguinte forma: 
Tabela 6 – Consolidação 
Demonstrativo ALFA BETA 
Eliminações 
Consolidação Balanço Patrimonial 
Ativo Débito Crédito 
Ativo Circulante 
Caixa 1300000 600000 1900000 
Contas a receber de 
Beta 500000 
 
500000 
B 
 
Contas a receber de 
Alfa 300000 
 
300000 
B 
 
 
 
18 
Estoques 600000 400000 500000 E 1500000 
Ativo Não Circulante 
Empréstimo C. Beta 200000 200000 B 
Investimento Beta 2200000 2200000 A 
PL contábil investido 1000000 1000000 A 
Apropriação MEP 300000 300000 A 
Goodwill 200000 200000 E 
Mais valia de 
imobilizado 100000 
 
100000 
E 
 
Mais valia de estoques 500000 500000 E 
Carteira de clientes 200000 200000 E 
Provisão possível -100000 100000 E 
Imobilizado 1000000 600000 100000 E 1700000 
Intangível 500000 500000 1000000 
Goodwill 200000 E 
Carteira de clientes 200000 E 
TOTAL 6300000 2400000 6500000 
Passivo 
Fornecedores 2000000 50000 2050000 
Contas a pagar Beta 300000 300000 B 
Contas a pagar Alfa 500000 500000 B 
Provisões 2100000 350000 100000 E 2550000 
Empréstimos a pagar 
Alfa 200000 200000 
B 
 
 
 
Patrimônio Líquido 
Capital Social 1000000 800000 800000 A 1000000 
Reservas 300000 200000 200000 A 300000 
Reservas de Lucros 600000 300000 300000 T 600000 
TOTAL 6300000 2400000 3400000 3400000 6500000 
Resultado do Exercício 
Receita 1000000 600000 1600000 
Custo -500000 -250000 -750000 
Lucro Bruto 
Despesas -200000 -50000 -250000 
Resultado de 
Participações 
 
 
 
 
Receita de Equi. Beta 300000 300000 A 300000 T 
Imposto de Renda 
Lucro Líquido 600000 300000 3700000 3700000 600000 
Podemos identificar que houve novos lançamentos, e que esses podem 
ser identificados pela letra E. Presenciamos que a empresa apurou um ágio, e 
ainda havia esquecido de contabilizar algumas contas do ativo e do passivo. 
Desse modo, temos que no momento da consolidação é necessário realizar os 
lançamentos do mais valia em contas de suas respectivas origens, assim como 
foi já discutido anteriormente. E no caso do goodwill, este deve ser registrado no 
 
 
19 
grupo do intangível, diferente, caso fosse no balanço individual, no qual tem-se 
o registro do mesmo no grupo de investimentos. 
No que tange à carteira de clientes, esta se trata de uma ativo intangível, 
o qual deve ser alocado logo abaixo. E quanto à provisão possível, esta deve ser 
alocada no grupo já existente de provisões no passivo, aumentado o valor dessa 
conta, pela qual não foi reconhecida. 
TROCANDO IDEIAS 
Pudemos compreender durante a aula o que seriam demonstrações 
contábeis consolidadas, além das mudanças de contabilização quanto ao 
reconhecimento da mais-valia e do ágio por expectativa de rentabilidade futura 
(goodwill) no demonstrativo individual e no consolidado. 
No contexto de nossas aulas, busque observar por meio do site 
<www.b3.com.br> as mudanças dos demonstrativos individuais para os 
demonstrativos consolidados. Veja as mudanças de valores nas contas de 
determinada empresa e busque observar o que foi abordado durante nossos 
estudos, a fim de compreender melhor o que exatamente foi realizado nos 
demonstrativos consolidados da empresa controladora. 
NA PRÁTICA 
 O gabarito para os exercícios a seguir pode ser encontrado ao final deste 
material, após as referências. 
Questão 1) De acordo com as discussões realizadas durante a aula, o art. 250 
da lei n. 6.404/76 estabelece que, no processo de consolidação das 
demonstrações contábeis, deve ser excluso: 
( ) a. Ativos de curto e longo prazo. 
( ) b. O valor do patrimônio líquido. 
( ) c. Os saldos de quaisquer contas entre as sociedades. 
( ) d. Somente os passivos de longo prazo. 
( ) e. Ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) e mais-valia. 
Questão 2) A Alfa S.A. adquiriu 60% do capital social da Beta S.A. em 01/01/X1 
pelo valor de R$ 180, que correspondia nessa mesma data à aplicação desse 
percentual sobre o valor do patrimônio líquido da investida. A Controlada S.A. 
 
 
20 
apurou um lucro de R$ 50 em X1 e declarou dividendos de R$ 35 em 31/12. A 
situação patrimonial das empresas após a aquisição do controle em 31/12/X1 
era a seguinte (em R$ milhões): 
 Alfa Beta 
Investimentos 180 
Outros ativos 490 430 
Total 670 430 
Outros passivos 70 80 
Patrimônio Líquido 520 300 
Lucro Líquido das 
Vendas 80 50 
Total 670 430 
Considerando as informações fornecidas e que os lucros auferidos no 
período foram incorporados ao patrimônio líquido, assinale a alternativa que 
apresenta informação incorreta: 
( ) a. O patrimônio líquido total consolidado será R$ 630 milhões. 
( ) b. O ativo total consolidado será R$ 920 milhões. 
( ) c. O passivo exigível consolidado será R$ 164 milhões. 
( ) d. O valor das participações de não controladores no patrimônio líquido 
consolidado será R$ 126 milhões. 
Questão 3) A controladora XX vendeu mercadorias que lhe custaram R$ 
1.000,00 à controlada ZZ. A venda foi feita a prazo por R$ 1.250,00. No mesmo 
dia, a controlada ZZ vendeu a prazo metade dessas mercadorias por R$ 630,00. 
Considerando essas informações, qual é o valor do estoque a ser eliminado, a 
crédito, na consolidação das demonstrações? 
( ) a. 500,00 
( ) b. 625,00 
( ) c. 630,00 
( ) d. 125,00 
( ) e. 620,00 
FINALIZANDO 
Nossa aula está finalizada e esperamos que você tenha compreendido do 
que se trata demonstrações consolidadas, bem como quais os tratamentos 
utilizados para a sua elaboração. Nos centramos primeiramente no que seriam 
demonstrações consolidadas, aqui, podemos compreender que estas se referem 
 
 
21 
à junção dos demonstrativos da controladora com os de suas controladas. Nesse 
tópico, foi possível compreender que as empresas que desempenham o controle 
são obrigadas a realizar o demonstrativo consolidado. 
Continuando, demonstrativos consolidados têm como objetivo principal o 
fornecimento do resultado consolidado do grupo econômico, auxiliando no 
processo de tomada de decisão dos investidores. Para a elaboração desse 
demonstrativo, é necessária a adição de contas semelhantes da controladora e 
da(s) sua(s) controlada(s). 
No entanto, é também necessária a eliminação de algumas contas ou 
valores, como por exemplo, aquelas relacionadas aos investimentos, às 
transações entre as empresas e ao resultado de equivalência patrimonial. Dentro 
dessa ótica, partimos para a discussão da participação dos sócios não 
controladores. Vimos aqui, que é necessária a eliminação dessas contas, e além 
disso, as participações de não controladores devem ser evidenciadas também 
no demonstrativoconsolidado, porém de maneira separada. 
Logo depois, iniciamos a discussão quanto aos lucros não realizados, 
notamos que estes ocorrem quando existem transações entre empresas do 
mesmo grupo. Nessas transações entre empresas, podem originar de lucros 
realizados ou não. Caso a empresa controladora venda mercadorias para a sua 
controlada, ou vice-versa, e a empresa a qual adquiriu possua, ainda, essas 
mercadorias de forma parcial ou total em seus estoques, há então os lucros não 
realizados. 
Por fim, discutimos sobre as questões voltadas ao ágio por expectativa de 
rentabilidade futura (goodwill) e a mais-valia. Ademais, nessas contas, pudemos 
identificar algumas mudanças relacionadas aos seus registros. Quando 
reconhecidas no balanço patrimonial individual da controladora, devem ser 
registradas no grupo investimentos. No entanto, ao realizar o balanço patrimonial 
consolidado, o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) é registrado 
no subgrupo do intangível, enquanto a mais-valia deve ser registrada em sua 
conta, a qual se deu sua origem. 
 
 
 
 
22 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 15 de dezembro de 1976. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 11 
fev. 2021. 
CPC, C. D. P. C. ICPC 09 (R2). Demonstrações Contábeis Individuais, 
Demonstrações Separadas, Demonstrações Consolidadas e Aplicação do 
Método da Equivalência Patrimonial, 2014. Disponível em: 
<http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/494_ICPC_09_(R2)_rev%2009.pdf>. 
Acesso em: 11 fev. 2021. 
_____. CPC 15 (R1). Combinações de Negócios, 2011. Disponível em: 
<http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/235_CPC_15_R1_rev%2014.pdf>. 
Acesso em: 11 fev. 2021. 
_____. CPC 36 (R3). Demonstrações Consolidadas, 2012. Disponível em: 
<http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/448_CPC_36_R3_rev%2008.pdf>. 
Acesso em: 11 fev. 2021. 
GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas 
as sociedades, de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. Atlas, 
2018. 
PEREZ JÚNIOR, J. H.; OLIVEIRA, L. M. D. Contabilidade avançada: Texto e 
testes com respostas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 
SOUZA, M. M.; BORBA, J. A. Curso de Contabilidade Avançada. Florianópolis: 
Departamento de Ciências Contábeis/UFSC, 2013. 
VICENCONTI, P.; NEVES, S. Contabilidade avançada e análises das 
demonstrações financeiras. 18. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. 
 
 
 
23 
GABARITO 
Questão 1) letra c 
Questão 2) letra a 
Na alternativa B, se formos realizar a soma do total do ativo da empresa 
Alfa mais o total do ativo da Beta, vamos obter o valor de R$ 1.100,00. Desse 
valor, deve-se eliminar os investimentos de R$ 180,00, alcançando o valor de R$ 
920,00. 
No caso da alternativa C, essa também está correta, pois, na soma de 
outros passivos de Alfa e Beta, vamos obter o valor de R$ 150,00, mas ocorreu 
a distribuição de dividendos, de R$ 35,00, e a obrigação aqui se centra no valor 
dos sócios não controladores. Então, ao aplicar o percentual de participação dos 
não controladores sobre os R$ 35,00, obtém-se o valor de R$ 14,00. Nesse caso, 
R$ 150,00 mais R$ 14,00 é igual a um total de R$ 164,00 de obrigações 
exigíveis. 
Na alternativa D, basta aplicarmos os percentuais de 40% dos sócios não 
controladores sobre o capital social e sobre o lucro líquido. Do valor total obtido 
de R$ 140,00, deduzindo desse valor R$ 14,00 referente à distribuição de 
dividendos, obtendo então os R$ 126,00. 
A alternativa A foi a única que sobrou, sendo incorreta, pois o lucro 
apurado da controladora deve ser igual ao lucro consolidado, caso não seja, 
deve-se apresentar notas explicativas. 
Questão 3) letra d 
Venda R$ 1.250,00 50% R$ 625,00 
Custo R$ 1.000,00 50% R$ 500,00 
Lucro Não Realizado R$ 125,00

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