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LICENCIATURA EM FOCO

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Prévia do material em texto

Indaial – 2016
em Foco
Prof.ª Clara Aniele Schley
Prof. Jean Carlos Morell
Prof.ª Patrícia Cesário Pereira Offial
1a Edição
Licenciaturas
Copyright © UNIASSELVI 2016
Elaboração:
Prof.ª Clara Aniele Schley
Prof. Jean Carlos Morell
Prof.ª Patrícia Cesário Pereira Offial
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
370
S339l Schley; Clara Aniele 
Licenciaturas em foco/ Clara Aniele Schley; Jean Carlos Morell; 
Patrícia Cesário Pereira Offial : UNIASSELVI, 2016.
 
 199 p. : il.
 
 ISBN 978-85-7830-997-8
 
 1.Educação.
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Pesquisas atuais destacam a relevância da educação como fator da diversidade, 
da inclusão, da paz, e da solidariedade. Sabemos que muitos dos nossos alunos provêm 
de situações sociais e familiares adversas e caóticas, e que acabam por reproduzir na 
escola aquilo que vivem em seus lares. Na grande maioria das vezes, os pais estão 
distantes da vida escolar de seus filhos e a escola se vê só e incapaz de resolver todos 
os conflitos que a assolam. 
Uma educação que valoriza a diversidade surge como uma alternativa para que 
possamos buscar respostas para as problemáticas existentes no cotidiano escolar. Muito 
embora a Declaração dos Direitos Humanos tenha sido aprovada em 1948, os estudos 
acerca dos seus encaminhamentos continuam mais atuais do que nunca, tendo em 
vista a premência de provocar discussões e estudos sobre a temática. Principalmente 
no que diz respeito ao preconceito em seus mais variados contextos.
Ao entender que a escola é promotora de mudança para o indivíduo, que traz 
em si a profundeza dessa modificação, por meio de seus potenciais, é fundamental 
valorizá-lo, respeitá-lo em suas diferenças com base numa educação cidadã.
Para abranger melhor o tema em discussão, apresentaremos debates em torno 
da educação e diversidade, contidas na unidade 1; sobre as políticas educacionais na 
unidade 2; e ao final, uma discussão sobre as metodologias de ensino para educação 
básica e as tecnologias da informação, explanadas na unidade 3.
Atende para as questões Enade no final de cada tópico em discussão e exercite 
seus conhecimentos. 
Boa leitura!
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a 
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo 
interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, 
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa 
facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Você lembra dos UNIs?
Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas 
vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como 
um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará você 
a entender melhor o que são essas informações adicionais 
e o porquê você poderá se beneficiar ao fazer a leitura 
dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará 
informações adicionais e outras fontes de conhecimento 
que complementam o assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os 
acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir 
de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – 
com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a 
leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que 
você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados 
através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo 
continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada 
com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao 
máximo o espaço da página – o que também contribui para 
diminuir a extração de árvores para produção de folhas de 
papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se 
com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresenta 
também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, 
agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade 
nas telas do celular, tablet ou computador. 
Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo 
layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo 
visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados 
a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, 
nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos 
com um material atualizado e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está 
em suas mãos, uma rica trilha de aprendiza-
gem, por meio dela você terá contato com o 
vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais com-
plementares, entre outros, todos pensados e construídos na 
intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é 
uma dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal 
de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a 
participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos 
a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples 
e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. 
Confi ra, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE .............................................................1
TÓPICO 1 - DIVERSIDADE E OS DESAFIOS ATUAIS .............................................. 3
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2 DIVERSIDADE UMA PROBLEMÁTICA: DO INDIVIDUALISMO À COLETIVIDADE 
E SUAS INTERFACES .............................................................................................. 3
2.1 EDUCAÇÃO, POLÍTICA E O DIREITO À IGUALDADE.......................................................5
3 CULTURA E PRECONCEITO: UMA CONSTRUÇÃO SOCIAL .............................. 10
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 15
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 18
AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 19
TÓPICO 2 - EDUCAÇÃO INTERCULTURAL ........................................................... 21
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 21
2 EDUCAÇÃO PARA RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS ............................................ 21
LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................32
RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................36
AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 37
TÓPICO 3 - EDUCAÇÃO FORMAL E NÃO FORMAL ...............................................39
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................39
2 TRÊS CONCEITOS NO ENTORNO DO EMARANHADO PESSOAL E 
PROFISSIONAL: EDUCAÇÃO FORMAL/INFORMAL/NÃO FORMAL ...................39
2.1 EDUCAÇÃO: FORMAL/INFORMAL/NÃO FORMAL .......................................................41
3 EDUCAÇÃO FORMAL E NÃO FORMAL: INTERPENETRAÇÃO NA PRÁTICA 
DOCENTE ...............................................................................................................43
LEITURACOMPLEMENTAR ..................................................................................49
RESUMO DO TÓPICO 3 ..........................................................................................50
AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 51
UNIDADE 2 — POLÍTICAS EDUCACIONAIS ..........................................................53
TÓPICO 1 — EDUCAÇÃO INCLUSIVA ....................................................................55
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................55
2 COMUNIDADE ESCOLAR E A POLÍTICA DE INCLUSÃO ...................................55
3 OS EDUCADORES E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA ................................................64
LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................69
RESUMO DO TÓPICO 1 ...........................................................................................71
AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 72
TÓPICO 2 - PROCESSOS DE APRENDIZAGEM NA DIVERSIDADE E 
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS ..................................................... 75
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 75
2 APRENDIZAGEM NUMA CONCEPÇÃO INCLUSIVA: ESTRATÉGIAS DE 
RESPOSTAS À DIVERSIDADE ............................................................................... 75
LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................82
RESUMO DO TÓPICO 2 ......................................................................................... 84
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................85
TÓPICO 3 - POLÍTICAS EDUCACIONAIS: LDB, PPP, PNE ...................................87
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................87
2 LEI DE DIRETRIZES E BASES – LDB - UM POUCO DE SUA HISTÓRIA ............87
2.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – ARTIGO 205 .................................................... 87
2.2 A EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL ................................................................................89
2.3 LEI DE DIRETRIZES E BASES - LDB .............................................................................90
3 UM POUCO DE HISTÓRIA ...................................................................................94
4 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO - PPP .......................................................95
4.1 O PPP COMO INSTRUMENTO DE INTERAÇÃO DA COMUNIDADE E DE 
INTERVENÇÃO NA REALIDADE ESCOLAR ....................................................................97
5 PLANO NACIONAL DA EDUCAÇÃO - PNE .......................................................100
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................102
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................103
AUTOATIVIDADE .................................................................................................104
UNIDADE 3 — METODOLOGIAS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA ............... 107
TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA .....109
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................109
2 A FILOSOFIA, A TECNOLOGIA E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...................109
3 FORMAÇÃO, EDUCAÇÃO E HUMANIZAÇÃO ................................................... 113
4 LINGUAGEM DE ENSINO, DIDÁTICA E TECNOLOGIA ..................................... 116
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 123
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................128
AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 129
TÓPICO 2 - CONHECIMENTO, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO ..............................133
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................133
2 A CIBERCULTURA E OS DESAFIOS SOCIAIS DO ENSINO ..............................133
2.1 DEBATENDO A QUESTÃO DO ENADE ...........................................................................137
3 LINGUAGEM E TECNOLOGIA ...........................................................................140
4 A INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIAS NO AMBIENTE ESCOLAR .................. 141
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................149
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 153
AUTOATIVIDADE .................................................................................................154
TÓPICO 3 - DIFERENTES TICS APLICADAS À EDUCAÇÃO ............................... 157
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 157
2 DISCUTINDO PROJETOS E IMPLEMENTANDO IDEIAS .................................. 157
2.1 ELABORAÇÃO DE VÍDEOS ............................................................................................. 159
2.2 O PORTAL DO DOMÍNIO PÚBLICO ................................................................................ 161
2.3 OS BLOGS COMO UMA POSSÍVEL FONTE DE ESTUDO ......................................... 162
2.4 GEOGRAFIA VISUAL ....................................................................................................... 164
2.5 O FLIGHT RADAR ............................................................................................................... 165
2.6 O INSTITUTO TEAR .......................................................................................................... 166
2.7 INSTITUTO PAULO FREIRE .............................................................................................167
2.8 PORTAL DA TV ESCOLA ................................................................................................. 168
2.9 PORTAL DA MATEMÁTICA ............................................................................................. 168
2.10 CLUBES DE MATEMÁTICA DA OBMEP .......................................................................170
2.11 PORTAL DA LÍNGUA PORTUGUESA ............................................................................170
2.12 PORTAL DO PROFESSOR DE PORTUGUÊS - LÍNGUA ESTRANGEIRA ................171
2.13 BIBLIOTECA NACIONAL DIGITAL .................................................................................172
2.14 TRABALHANDO COM MAPAS ......................................................................................173
2.15 AS PINTURAS HISTÓRICAS .......................................................................................... 177
2.16 O PROJETO DE RÁDIO NA ESCOLA ...........................................................................179
2.17 PODCAST ............................................................................................................................184
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................186
AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 187
REFERÊNCIAS .....................................................................................................190
1
UNIDADE 1 -
EDUCAÇÃO E 
DIVERSIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• Compreender a diversidade e seus desafi os no contexto atual.
• Refl etir sobre o papel da educação para a transformação humana.
• Entender a educaçãoformal e não formal e a interpenetração na prática docente.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoati-
vidades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 - DIVERSIDADE E OS DESAFIOS ATUAIS
TÓPICO 2 - EDUCAÇÃO INTERCULTURAL
TÓPICO 3 - EDUCAÇÃO FORMAL E NÃO FORMAL
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
DIVERSIDADE E OS DESAFIOS 
ATUAIS
1 INTRODUÇÃO
No trabalho intelectual sério e crítico não existem “inícios absolutos” 
e poucas são as continuidades inquebrantáveis. Não basta o 
interminável desdobramento da tradição, tão caro à história das 
ideias, tampouco o absolutismo da “ruptura epistemológica” (...) O 
que importa são as rupturas significativas - em que velhas correstes 
de pensamento são rompidas, velhas constelações deslocadas, e 
elementos novos e velhos são reagrupados ao redor de uma nova 
gama de premissas e temas (HALL, 2003, p. 123).
No argumento do autor, devemos elevar nosso pensamento crítico frente às 
novas temáticas que causam certa ruptura na sociedade. Uma postura ingênua ou 
cética diante de situações novas, seja o nascimento de um paradigma ou rompimento 
de tradições, pode levar ao engessamento dos velhos conceitos. Devemos aprender a 
enxergar o mundo com olhar de pesquisador, buscando entender o presente, o passado 
e as novas tendências. Diante disso, acenamos para a importância de você compreender 
a diversidade no atual contexto social e suas ramificações presentes também no espaço 
educativo. Para tanto, abordaremos temas e pesquisas que envolvem os desafios da 
diversidade, como forma de ampliação de culturas, sendo também uma problemática 
social, quando não compreendida.
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
2 DIVERSIDADE UMA PROBLEMÁTICA: DO 
INDIVIDUALISMO À COLETIVIDADE E SUAS INTERFACES
Para compreendermos o que é diversidade, convidamos você a contemplar o 
mundo à sua volta. O que vê? A começar pelas plantas, uma variedade de tamanhos, 
cores e formas, cada uma delas com sua função, com seu cheiro característico, que 
despertam os diferentes sentidos daqueles que os percebem, pois, a percepção é 
subjetiva. 
De norte a sul de nosso país encontramos riquezas imensuráveis da 
biodiversidade, contidas não só na vegetação, ou animais dos mais comuns aos mais 
raros, como ainda na face de cada pessoa. Rostos que revelam os diferentes tipos 
de sentimentos contidos no desenhar de seus traços, na expressão corporal, que de 
alguma maneira demonstram uma identidade própria. 
4
A individualidade expressa por cada um, ou seja, a sua forma de ser, 
de aprender, de representar e utilizar o conhecimento, resulta de sua 
história e dos valores culturais nos quais o indivíduo está imerso. A 
cultura e o contexto oferecem os símbolos, os produtos simbólicos, 
os diferentes sistemas simbólicos que se conectam com o sistema 
nervoso do indivíduo no momento da aprendizagem. Assim, cada 
palavra, frase ou história, vistas como entidades simbólicas, são 
interpretadas e reconhecidas de acordo com seus significados 
existentes na cultura (MORAES, 2010, p. 178).
Valorizamos as diferentes culturas, contidas não somente num determinado 
grupo social, mas pertencente a cada indivíduo. Cada ser, com suas particularidades, 
entende o mundo por meio de seus contextos. Cada qual com sua história, com sua 
identidade, formando uma consciência coletiva que podemos chamar de sociedade.
FIGURA 1 - DIVERSIDADE
FONTE: Disponível em: <http://www.trilogiacontemporanea.com.br/>. Acesso em: 9 maio 2016.
Falar de diversidade envolve também entender as multiculturas, que vêm se 
tornando cada vez mais comuns na constituição das atuais sociedades. Para esclarecer 
como se formam essas multiculturas, podemos citar os imigrantes que colonizaram 
as regiões brasileiras. Também um exemplo recente que ocorreu no ano de 2010, 
a imigração de alguns haitianos ao Brasil após sofrerem com um terremoto em seu 
país, uma tragédia que deixou 150 mil mortos e muitos em estado de total pobreza. 
O governo brasileiro, com o apoio das empresas, ofereceu trabalho e os mesmos 
direitos que cidadãos brasileiros possuem, garantindo o acesso à saúde e ao ensino. 
Esse acolhimento envolveu não só recebê-los fisicamente no espaço concedido, como 
também envolvê-los em nossa cultura, todavia, há uma adaptação de ambas as partes 
que deverá ser construída com o tempo.
5
Outro exemplo da constituição das multiculturas vem ocorrendo na Alemanha. 
O país concedeu a entrada de imigrantes da Síria, África e Oriente Médio, refugiados 
da guerra, que de um lado abrigou as pessoas vítimas desse sofrimento e, de outro, 
causou problemas, aumentando a violência no seu próprio país, pois não se pensou 
numa política para essa integração. 
A partir desses exemplos, queremos que você entenda a diferença entre 
multicultural e multiculturalismo, pois são termos que envolvem as discussões 
pertinentes à diversidade e que divergem de acordo com a concepção de cada autor.
Multicultural, segundo Hall (2003, p. 50), é um termo qualitativo e:
Descreve as características sociais e os problemas de governabilidade 
apresentados por qualquer sociedade na qual diferentes comunidades 
culturais convivem e tentam construir uma vida em comum, ao 
mesmo tempo em que retêm algo de sua identidade “original”. 
Ambos os exemplos dos países acima citados trazem a integração de países e 
culturas diferentes, que é a ideia de sociedades multiculturais. No entanto, essa prática 
deve estar acompanhada de ações e estratégias políticas que apoiem na prática toda 
essa diversidade, a isso chamamos de multiculturalismo. 
Em contrapartida, o termo “multiculturalismo” é substantivo. Refere-se 
às estratégias e às políticas adotadas para governar ou administrar problemas de 
diversidade e multiplicidade gerados pelas sociedades multiculturais.
Perceba que a complexidade da diversidade absorve vários fatores, entre eles 
a formação da identidade do indivíduo, ou de um determinado grupo e a sua expressão 
coletiva. Nesse sentido, acendemos uma discussão para abrangermos a diversidade, 
não só no contexto das diferenças, mas num conjunto que desenha todo esse cenário 
intercultural, anunciado no sistema educativo, político e governamental, sendo os 
desafios atuais da sociedade.
2.1 EDUCAÇÃO, POLÍTICA E O DIREITO À IGUALDADE
Pautados nos direitos humanos, entendemos que todos têm o direito à 
educação. A partir daí enfrentamos um desafio. Quem são todos? Ora, todos são todos, 
independentemente de questões relativas à etnicidade, ao gênero, à religião, entre 
outros. Então, devemos saber lidar com as diferenças em sala de aula, respeitando o 
individualismo de cada sujeito sem torná-lo diferente, não é? No entanto, eis o grande 
desafio, entender o sujeito em seu processo individual e coletivo ao mesmo tempo. 
E ainda, como ensinar considerando as diferentes formas de aprender, representar e 
utilizar o conhecimento, sem enxergar os indivíduos como uma coletividade social?
6
Como, então, pensar numa educação centrada apenas no indivíduo 
sem levar em consideração as relações e as interconexões recíprocas 
que ocorrem entre os diferentes sujeitos? (...) Piaget, Paulo Freire, 
Gardner e Papert são unânimes em reconhecer que o conhecimento 
decorre das interações produzidas entre o sujeito e o objeto, de 
uma interação solidária entre ambos, que se constrói por força da 
ação do sujeito sobre o meio físico e social e pela repercussão dessa 
ação sobre o sujeito. Reconhecem a existência de uma dimensão 
individual e, ao mesmo tempo, coletiva, dinâmica, sistêmica e aberta 
entre sujeito e objeto e sujeitos entre si (MORAES, 2010, p. 161).
Os pensadores, citados por Moraes (2010), pugnam pelo entendimento do 
sujeito ser entendido na ambiguidade do individual e do coletivo, respeitando as formas 
diferentesque se expressam nos contextos e de como se aglutinam nos grupos de 
convívio formando uma consciência coletiva. O que representam essas diferenças para 
a sociedade? Veremos o que nos diz Santos (1999, p. 26):
Nos planos econômico, social, político e das relações pessoais, 
"diferença" tem significado, em nosso país, quase sempre de 
"desigualdade"; ou mais exatamente: as diferenças étnicas, culturais, 
fenotípicas, serviram de marcas entre desiguais sociais. No plano 
da cultura, porém, a aplicação dessa equivalência (diferença = 
desigualdade) confunde os partidários da "democracia", levando-os 
a postular o fim das diferenças como garantia de igualdade. Eis o que 
pensaria um "democrata" bem-intencionado: "nossos alunos serão 
iguais a nós quando não forem diferentes”. 
A partir dessa reflexão, podemos conjeturar que a problemática da diversidade 
não está relacionada às diferenças, mas à desigualdade e à exclusão. Nesse sentido, 
“(...) temos o direito a ser iguais quando a diferença nos inferioriza, temos o direito a 
ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza” (SANTOS, 1999, p. 62). O 
autor alerta para a necessidade do reconhecimento à diferença, como parte essencial 
da singularidade humana, não abrindo mão da igualdade de direitos e condições.
Essa complexidade que envolve cultura e educação vem sendo debatida por Hall 
(2003, p. 43), quando afirma que a cultura não apenas é herança, mas uma construção 
coletiva em processo.
A cultura é uma produção. Tem sua matéria-prima, seus recursos, 
seu “trabalho produtivo”. Depende de um conhecimento da tradição 
enquanto “o mesmo em mutação” e de um conjunto efetivo de 
genealogias. Mas o que esse “desvio através de seus passados” faz 
é nos capacitar através da cultura, a nos produzir a nós mesmos de 
novo, como novos tipos de sujeitos. Portanto, não é uma questão 
do que as tradições fazem de nós, mas daquilo que nós fazemos de 
nossas tradições. Paradoxalmente, nossas identidades culturais, em 
qualquer forma acabada, estão à nossa frente. A cultura não é uma 
questão de ontologia, de ser, mas de se tornar. 
7
Conforme o pensamento do autor, podemos dizer que a diversidade cultural 
no contexto escolar deve ser compreendida pelo mesmo viés, vinculado a tradições, 
porém, em processo de transformação na ação coletiva, ou seja, o aprendiz deve ser 
respeitado pela bagagem cultural que traz, mas no contato com o outro haverá novas 
formas de entender o mundo, criando laços culturais, ampliando significados de vida. 
E é esse o grande desafio do educador ao estar à frente das diferentes identidades, 
lidando com sua coletividade. 
Quando Habermas (1983, p. 22) discute que “ninguém pode edificar a sua 
própria identidade independentemente das identificações que os outros fazem dele”, 
nos reforça que somos construídos por uma coletividade, e com isso devemos cuidar 
para que essa coletividade não sufoque ou discrimine um específico indivíduo. 
É isso que acontece quando entra num grupo “homogêneo” alguém com 
características - sejam elas físicas ou culturais - diferentes. No caso de ser em 
ambiente escolar, deve o educador saber lidar com essa situação, não permitindo que 
rótulos ou discriminações façam parte de um grupo em formação. Os valores como a 
ética e o respeito ao próximo devem ser eixo norteador no sentido de combater ações 
discriminatórias, bem como colaborar para a formação cidadã do sujeito. Eis que surge 
aqui outro desafio da diversidade, o de educar para a cidadania num ambiente plural 
que é a escola. Como formar cidadãos que zelam pelos seus direitos e deveres, que 
contribuem para uma sociedade justa e equilibrada, num mundo globalizado?
Educar para a cidadania global requer a compreensão da multiculturalidade, 
o reconhecimento da interdependência com o meio ambiente e a criação de espaço 
para o consenso entre os diferentes segmentos da sociedade. Nesse sentido, a escola 
deve preocupar-se em “(...) educar para a diversidade dos outros, saber que somos 
diferentes e que cada um tem o direito de ser diferente, único e singular, o que exige um 
aprofundamento no respeito pelo outro e na compreensão do outro” (MORAES, 2010, p. 
225).
Nesse contexto, Taylor (1994, p. 58) esclarece que: 
(...) um indivíduo ou um grupo de pessoas podem sofrer um verdadeiro 
dano, uma autêntica deformação se a gente ou a sociedade que 
os rodeiam lhes mostram como reflexo uma imagem limitada, 
degradante, depreciada sobre ele. (...) a projeção sobre o outro de 
uma imagem inferior ou humilhante pode deformar e oprimir até o 
ponto em que essa imagem seja internalizada.
Para você entender melhor o que quer dizer essa projeção de imagem e os 
danos que ela poderá causar a alguém ou a um grupo, analise a seguir o que expressa 
a pesquisa desenvolvida pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), no 
ano de 2009, apontando o percentual de respondentes com algum nível de preconceito:
8
GRÁFICO 1 - ABRANGÊNCIA DA ATITUDE PRECONCEITUOSA
FONTE: Brasil (2009)
De acordo com esta instituição de pesquisa, o preconceito e as práticas 
discriminatórias ocorrem no ambiente escolar, e envolvem não só alunos, como todos 
os atores que dele fazem parte. Nesse aspecto, cabe refletir que, se o preconceito se 
instaura na consciência dos próprios professores ou funcionários de uma determinada 
escola, como educar para a diversidade, se as práticas divergem da teoria? 
As pessoas não assumem que são preconceituosas. Contudo, 
estão predispostas a manter distância social de outros grupos. 
Seria oportuno iniciar e potencializar um processo de mudança no 
ambiente escolar para promover a diversidade por meio de um plano, 
envolvendo: 
• Ações para disseminação de informações (condição necessária, 
mas não suficiente para a promoção de mudanças). 
• Ações específicas e pontuais que visem à mudança de 
comportamento. 
• Principalmente, no longo prazo, ações para a mudança de valores 
dos agentes escolares em relação ao preconceito e à discriminação 
(BRASIL, 2009, s.p.)
De acordo com o resultado e a conclusão da pesquisa apresentada pela 
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas em 2009, as pessoas não se julgam 
preconceituosas, mas suas ações representam a discriminação. É o exemplo de quem 
diz “não tenho nada contra, porém não quero contato”. Essa questão é muito complexa, 
pois envolve a subjetividade do indivíduo. Alguns acham que tal comportamento não 
define uma prática discriminatória, já outros julgam que sim. Cabe refletirmos que, à 
medida que nos afastamos dessas pessoas socialmente não aceitas, entramos no 
círculo do preconceito e da discriminação, embora que muitos não concordem.
Verifiquem agora como os próprios professores vêm sofrendo ações 
discriminatórias quanto ao seu conhecimento de acordo com suas características:
9
GRÁFICO 2 - ÍNDICE DE CONHECIMENTO DE PRÁTICAS DISCRIMINATÓRIAS COM PROFESSORES (ESCALA 
VARIA ENTRE 0 E 100)
FONTE: Brasil (2009)
Como você pode analisar, as pessoas dentro da própria escola acabam julgando, 
ou nivelando o grau de conhecimento do professor de acordo com sua cor, etnia, poder 
aquisitivo, sexualidade, gênero, condição física e de moradia. O preconceito maior se 
expressa no professor negro, pobre ou homossexual. Não consideram seu grau de 
estudo, formação, empenho, leituras, entre outros, mas julgam pelas características, na 
maior parte, física.
Percebam a seguir como este quadro se altera: quando se trata de funcionários, 
o grau de conhecimento de práticas discriminatórias sofridas por funcionários se 
expressa um pouco diferente, analisem:
GRÁFICO 3 - ÍNDICE DE CONHECIMENTO DE PRÁTICAS DISCRIMINATÓRIAS COM FUNCIONÁRIOS (ESCALA 
VARIA ENTRE 0 E 100)
FONTE: Brasil (2009)
10
Neste caso, o gráfico aponta para maior índice de preconceito e práticas 
discriminatórias com idosos, homossexuais e mulheres. No entanto, não é tão simples 
compreendermos as razões pelas quais os preconceitos concorrem para ações 
discriminatórias, devemos antes entender a raiz dessaproblemática.
3 CULTURA E PRECONCEITO: UMA CONSTRUÇÃO 
SOCIAL 
Pode-se considerar que uma forma de discriminação já ocorria desde os 
tempos primórdios, época em que os indivíduos lutavam apenas pela sua sobrevivência. 
Você já deve ter ouvido a expressão “os melhores sobrevivem”. Nossos antepassados 
necessitavam batalhar pelo seu próprio alimento, enfrentando uma série de perigos na 
natureza. Confrontavam-se com animais selvagens, com oscilação do tempo, frio, calor, 
tempestades, chuvas, sem os recursos que hoje possuímos para nos protegermos. Em 
busca do sustento, pessoas com algum tipo de defiência, acabavam fazendo longas 
caminhadas pois não eram aceitos pelos grupos de convívio, esses eram abandonados 
ou mesmo mortos.
Perceba que esta ação é um tipo de preconceito primário, pois por uma 
questão de sobrevivência, o ser humano não tinha valor, ele era apenas o caçador.
Lembramos também dos escravos na antiga Grécia, numa época em que só 
tinha prestígio quem vivia no ócio, quem exercia o trabalho braçal não era considerado 
um cidadão. Mais tarde, esse preconceito se propagou por uma questão de estética 
e poder e não só por uma questão de sobrevivência.
Academico(a), você já ouviu falar da “raça ariana”?
Esse termo surgiu dos termos “indo-germânico” e “indo-europeu”, substituídos 
depois por ariano, fundamentado no evento de os povos que invadiram a Índia e cuja 
língua era o sânscrito se chamarem “árias” (COMAS, 1960). Acompanhe a explicação da 
discriminação a partir da suposta raça ariana:
11
QUADRO 1 - RAÇA ARIANA E O PRECONCEITO
FONTE: Comas (1960, p. 38)
Hitler pensava que a superioridade ariana estava sendo ameaçada 
por casamentos mistos. Se isto acontecesse, acreditava que a maior 
civilização do mundo poderia desaparecer em virtude do processo 
de miscigenação.  Ainda que soubesse que outras raças/etnias 
iriam resistir a esse processo, acreditava que cabia aos arianos o 
dever de controlar o mundo, o que comprovaria sua tese racista e 
preconceituosa. Isto seria difícil e a força teria que ser utilizada, mas 
poderia acontecer (MACHADO, 2009, s.p.)
Vejam que o preconceito e a discriminação foram ao ponto de envolver a 
economia, afastando os judeus dos negócios, conforme representa a foto a seguir:
FIGURA 2 - PRECONCEITO AO JUDEU EM DEFESA À RAÇA ARIANA
FONTE: Machado (2009, s.p.) 
12
Entendam que os desafios atuais da diversidade têm raízes no passado, por isso 
é uma questão de consciência coletiva. Nesse sentido, quando se trata de diversidade, 
há uma ampla compreensão que abarca estudos mais complexos para circundar maior 
entendimento do assunto. Compete aqui não se estender, mas apresentar significados 
dos estudos que envolvem este tema, segundo o quadro a seguir:
QUADRO 2 - CONTEXTOS DA DIVERSIDADE
Aculturação Globalização Multiculturalismo Aldeia global
O processo de 
aculturação se 
dá pelo contato 
de duas ou mais 
matrizes culturais 
diferentes, isto 
é, pela interação 
social entre 
grupos de culturas 
diferentes, sendo 
que todos, ou 
um deles, sofrem 
mudanças, tendo 
como resultado 
uma nova cultura 
(RIBEIRO, 2016, 
s.p.)
A globalização 
entendida como 
um processo 
histórico, 
simultaneamente 
social, econômico, 
político e cultural, 
no qual se 
movimentam 
indivíduos, povos 
e governos, 
sociedades e 
culturas, línguas e 
religiões, nações 
e continentes, 
formas de espaço e 
possibilidades dos 
tempos (FEITOSA 
2016, s.p.)
O multiculturalismo 
surge das 
lutas pelo 
reconhecimento de 
outras formas de 
saberes, diferentes 
e silenciadas ao 
longo da história 
e a cada dia 
mais suprimidas 
pelo processo 
de globalização 
hegemônica 
(KRETZMANN, 
2007, p. 11)
Aldeia global quer 
dizer que o progresso 
tecnológico está 
reduzindo todo o 
planeta à situação 
de uma aldeia, ou 
seja, que as pessoas 
têm a possibilidade 
de se intercomunicar 
diretamente umas 
com as outras, 
independentemente 
da distância (SILVA 
e ALVARENGA, 2019, 
p. 140)
FONTE: Adaptado de Ribeiro (2016), Feitosa (2016), Kretzmann (2007), Silva e Alvarenga (2009).
O processo de aculturação não significa abandono de uma cultura em detrimento 
a outra, mas o acolhimento da outra cultura como parte de seu contexto cultural. Vimos 
muito isso na culinária oriental trazida ao Brasil, nas comidas típicas de outros países ou 
regiões brasileiras que contribuem com suas músicas, vestuários, danças, entre outros.
A globalização envolve um contexto mundial com propósito de expandir a 
questão econômica, política, social, cultural e tecnológica. A comunicação tecnológica 
foi o alvo de toda essa expansão. 
13
Já o termo multiculturalismo carece de mais aprofundamento para sua 
elucidação, pois seu significado ainda vem causando distorções entre alguns teóricos. 
Diante disso, traremos o conceituado autor deste assunto, Hall (2003, p. 50), que nos 
esclarece, sustentando que:
Pode ser útil fazer aqui uma distinção entre o “multicultural” e o 
“multiculturalismo”. Multicultural é um termo qualificativo. Descreve 
as características sociais e os problemas de governabilidade 
apresentados por qualquer sociedade na qual diferentes comunidades 
culturais convivem e tentam construir uma vida em comum, ao 
mesmo tempo que que retêm algo de sua identidade “original”. Em 
contrapartida, o termo “multiculturalismo” é substantivo. Refere-se 
às estratégias e às políticas adotadas para governar ou administrar 
problemas de diversidade e multiplicidade gerados pelas sociedades 
multiculturais. (...) Ambos os termos são hoje interdependentes, 
de tal forma que é praticamente impossível separá-los. Contudo, o 
“multiculralismo” apresenta algumas dificuldades específicas.
De acordo com o autor, a multicultura refere-se a diferentes grupos sociais, 
enquanto que o multiculturalismo denota estratégias políticas para lidar com 
problemas sociais específicos. Nesse sentido, Hall (2003) sugere diferentes tipos de 
multiculturalismo, uma vez que há diferentes grupos sociais e seus mais variados 
problemas. O autor classificou ainda seis tipos de multiculturalismo, cada um com sua 
concepção, são eles:
QUADRO 3 - DIFERENTES CONCEPÇÕES DE MULTICULTURALISMO
Multiculturalismo
Conservador
Multiculturalismo
Crítico ou 
Revolucionário
Multiculturalismo
Liberal
Pugna pela assimilação 
da diferença às 
tradições e aos 
costumes da maioria.
Prioriza o poder, o 
privilégio, a hierarquia 
das opressões e 
os movimentos de 
resistência.
Integra os diferentes 
grupos culturais o mais 
rápido possível a uma 
sociedade majoritária, 
numa concepção de 
cidadania individual e 
universal.
14
Multiculturalismo
Pluralista
Multiculturalismo
Comercial
Multiculturalismo
Corporativo
Assegura as diferenças 
grupais em termos 
culturais e concede 
direitos de grupo 
distintos a diferentes 
comunidades dentro 
de uma certa ordem 
política comunitária. 
Parte do pressuposto 
de que se as diferenças 
entre pessoas numa 
comunidade são 
reconhecidas, não 
haverá mais problemas 
no consumo privado
Foca na solução dos 
problemas culturais da 
minoria, atendendo aos 
interesses do centro.
FONTE: Adaptado de Hall (2003)
Hall (2003) apontou em seus estudos as divergentes posições e concepções que 
vêm provocando grandes discussões entre teóricos quando se trata do multiculturalismo. 
Por hora, cabe compreendermos que o termo multiculturalismo expressa um conceito 
amplo e complexo dos problemas atuais da diversidade. 
Passamos agora a entender o conceito de aldeia global, que, como visto 
no Quadro 1, representa o encurtamento da distância entre pessoas pelos meios 
tecnológicos. Toda essa globalização, trazida pelas mídias, tem um propósito bem 
acentuado quando se trata de capitalismo, criticamente debatida a seguir:
Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão 
instantânea de notícias realmente informa as pessoas. A partir 
desse mito e do encurtamento das distâncias – para aquelesque 
realmente podem viajar – também se difunde a noção de tempo e 
espaço contraídos. É como se o mundo houvesse se tornado, para 
todos, ao alcance da mão. Um mercado avassalador dito global é 
apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando, na 
verdade, as diferenças locais são aprofundadas. Há uma busca de 
uniformidade, ao serviço dos atores hegemônicos, mas o mundo se 
torna menos unido, tornando mais distante o sonho de uma cidadania 
verdadeiramente universal. Enquanto isso, o culto ao consumo é 
estimulado (SANTOS, 2000, p.9).
A “aldeia global” é uma das problemáticas da diversidade cultural, uma vez 
que tem a tendência de aglutinar e homogeneizar modos de ser e entender o mundo. 
De acordo com Santos (2000), há interesses fortemente econômicos ao consumo de 
recursos tecnológicos que vendem a ideia de aproximação, mas que na realidade é 
uma outra forma de exclusão, uma vez que ainda não é a maioria que tem o acesso 
tecnológico. 
Vamos refletir agora sobre uma questão ENADE de 2008, que trata de uma das 
problemáticas da diversidade, a educação escolar e a desigualdade social.
15
QUESTÃO ENADE 2008
A relação entre educação escolar e desigualdade social vem sendo estudada 
pela Sociologia há mais de um século. Diferentes autores e diversas correntes de 
pensamento explicam os complexos mecanismos dessa relação. Mesmo considerando 
as grandes diferenças existentes entre países e épocas, a escolarização progressiva da 
população:
(A) Vem acompanhada de um aumento das exigências educacionais do mercado 
de trabalho.
(B) Garante empregabilidade compatível com o nível de instrução. 
(C) Proporciona acesso ao mercado de trabalho devido à diminuição da 
competitividade. 
(D) Está relacionada às crises econômicas e favorece o desemprego.
(E) Gera equanimidade entre segmentos sociais e diminuição de conflitos 
culturais. 
Tipo de questão: escolha simples, com indicação da alternativa correta. 
Alternativa correta: A 
Comentários: 
Talvez aquilo que melhor defina a Sociologia da Educação como campo de 
conhecimento seja a relação entre a ação dos dispositivos e aparatos educacionais 
e as transformações da sociedade. A escola, sem dúvida, é a principal forma de 
institucionalização desse processo, atuando diretamente na formação individual 
e coletiva e articulando estratégias de ensino, instrução, formação, socialização e 
capacitação, entre tantos outros. Desde seu surgimento como disciplina, em meados 
do século XIX, no âmbito da sociedade europeia, um dos principais focos da Sociologia 
da Educação é a análise da implicação da educação escolar na produção, reprodução 
ou superação das desigualdades sociais e culturais da população. 
O enunciado da questão destaca esse aspecto, chamando a atenção para o 
fato de que diferentes correntes de pensamento, através da expressão de inumeráveis 
intelectuais, se preocupam com a investigação dos diferentes níveis, formas e naturezas 
dessa implicação. Cada um, orientado pela particularidade dos seus componentes 
teóricos e compreensivos acerca da realidade, formula suas explicações. Entretanto, 
LEITURA
COMPLEMENTAR
16
a raiz da questão dá destaque para a ideia de que há unanimidade entre eles, a 
despeito de suas diferenças. A partícula “mesmo”, no início do período, suplanta o fator 
condicionante no sentido de significar “ainda que”, ou seja, no sentido de que, para além 
das diferenças geográficas e históricas que contingenciam os postulados teóricos, algo 
há em comum entre eles. 
O foco proposto, como elemento de referência para esse ponto em comum, é 
apresentado na segunda oração da frase, “a escolarização progressiva da população”, a 
partir do que é solicitado ao respondente que complete o pensamento. 
A alternativa A é a única que se atém a um dado de realidade factível e, portanto, 
é a alternativa correta. Seu tom é prosaico e despretensioso, redundando em uma 
constatação óbvia e aparentemente sem importância. Há uma relação de continuidade, 
embora não determinista: “a escolarização progressiva da população vem acompanhada 
de um aumento das exigências educacionais do mercado de trabalho” e não postula o 
que vem antes ou depois, o que determina o que. A expressão “vem acompanhada” 
indica uma condição de indissociabilidade entre as premissas, ou seja, afirma que 
uma coisa (a escolarização progressiva) vem acompanhada da outra (o aumento das 
exigências educacionais). Por vezes, o aumento da complexidade no mundo do trabalho 
faz aumentar as exigências educacionais para seu acesso e, em consequência, isso 
demanda um aumento da escolarização da população; por vezes, é a escolarização 
progressiva da população que vai empurrar o nível de exigência do mercado de trabalho. 
A segunda alternativa tenta forçar uma conclusão improvável, uma vez que 
a garantia da empregabilidade não deriva do aumento da escolaridade da população. 
De certa forma, considerando o argumento já destacado na alternativa anterior, até 
poderíamos dizer que esse aumento de escolarização vai fazer aumentar as exigências 
do mercado e exigir progressiva compatibilidade com o nível de instrução. No entanto, 
não é verdade que garanta empregabilidade em alguma instância. 
A alternativa (C) faz uma afirmação incorreta quando aponta a “diminuição da 
competitividade” como correlata à “escolarização progressiva da população”. Bem ao 
contrário: o aumento da escolarização aumenta a competitividade ao possibilitar acesso 
ao mercado de trabalho a cada vez mais pessoas com nível elevado de escolarização. 
A quarta alternativa sugere dois aspectos que, embora relacionados entre si 
(as crises econômicas e o desemprego), não têm correspondência com a premissa 
inicial (a escolarização progressiva da população). Ao contrário, de modo geral é factível 
considerar que o aumento da escolaridade é um fator que favorece a autonomia laboral 
da população, independente das condições de oferta de empregos (aqui entendidos 
como postos formais de trabalho). As condições de empregabilidade mantêm relações 
de dependência com inúmeros outros fatores que não apenas as condições objetivas 
da qualificação profissional do trabalhador. De modo geral, as crises econômicas e 
o desemprego andam juntos, mas não há nenhuma relação evidente entre elas e a 
escolarização progressiva da população.
17
Por fim, a última alternativa peca pela associação de duas assertivas que não 
mantêm correlação entre si (a equanimidade entre os segmentos sociais e a diminuição 
dos conflitos culturais) e pela pretensão de associá-las à escolaridade. Muito embora se 
pretenda que a escolarização progressiva contribua para a diminuição da desigualdade 
social através da equiparação das condições de acesso da população às mesmas 
benesses sociais, sabemos que isso não representa a equalização social idealizada.
 A escolarização progressiva da sociedade proporciona, talvez, uma relativa 
equilibração em termos do repertório das pessoas no nível do conhecimento disciplinar 
processado no âmbito da escola. Podemos até mesmo considerar que a escola viabiliza 
acesso às noções e às habilidades necessárias para o exercício de competências laborais 
que permitem, em consequência, a geração das condições materiais necessárias para 
o aumento da qualidade de vida. Não podemos dizer que isso significa “equanimidade 
entre segmentos sociais”. Igualmente, não podemos afirmar que os conflitos culturais 
têm relação direta com a escolarização: as diferenças culturais existem antes e para 
além da homogeneização pretendida pela escolarização. Ainda que o aumento da 
escolaridade pretenda um aumento dos níveis de compreensão acerca da diversidade 
cultural e, dessa maneira, resulte em uma ampliação do espectro de tolerância, não 
existe uma condição automática e necessária de correspondência entre uma coisa e 
outra.
FONTE: Disponível em: <http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/enade/pedagogia2008.pdf>. Acesso em: 18 jul. 
2016.
18
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• • Independentede questões relativas à etnicidade, ao gênero e à religiosidade, todo 
sujeito tem o direito à educação e ao respeito às suas diferenças.
• Os desafios atuais da diversidade têm raízes no passado, por isso é uma questão de 
consciência coletiva. As pessoas não assumem que são preconceituosas. Contudo, 
estão predispostas a manter distância social de outros grupos.
• A cultura não apenas é herança, mas uma construção coletiva em processo.
• As multiculturas envolvem os problemas de governabilidade apresentados por 
qualquer sociedade na qual diferentes comunidades culturais convivem.
• O processo de aculturação não significa abandono de uma cultura em detrimento a 
outra, mas o acolhimento da outra cultura como parte de seu contexto cultural.
• A globalização envolve um contexto mundial com propósito de expandir a questão 
econômica, política, social, cultural e tecnológica. A comunicação tecnológica foi o 
alvo de toda essa expansão. 
• O multiculturalismo refere-se às estratégias e às políticas adotadas para governar 
ou administrar problemas de diversidade e multiplicidade gerados pelas sociedades 
multiculturais.
RESUMO DO TÓPICO 1
19
RESUMO DO TÓPICO 1
1- QUESTÃO ENADE PEDAGOGIA 2014
Da visão dos direitos humanos e do conceito de cidadania fundamentado no 
reconhecimento das diferenças e na participação dos sujeitos, decorre uma identificação 
dos mecanismos e processos de hierarquização que operam na regulação e produção 
de desigualdades. Essa problematização explicita os processos normativos de distinção 
dos alunos em ração de características intelectuais, físicas, culturais, sociais e 
linguísticas, estruturantes do modelo tradicional de educação escolar.
BRASIL, MEC. Política nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2008, p. 6 
(adaptado)
As questões suscitadas no texto ratificam a necessidade de novas posturas docentes, 
de modo a atender a diversidade humana presente na escola. Nesse sentido, no que diz 
respeito a seu fazer docente frente aos alunos, o professor deve:
I. desenvolver atividades que valorizem o conhecimento historicamente elaborado pela 
humanidade e aplicar avaliações criteriosas com o fim de aferir, em conceitos ou 
notas, o desempeno dos alunos.
II. instigar ou compartilhar as informações e a busca pelo conhecimento de forma 
coletiva, por meio de relações respeitosas acerca dos diversos posicionamentos dos 
alunos, promovendo o acesso às inovações tecnológicas.
III. planejar ações pedagógicas extraescolares, visando ao convívio com a diversidade; 
selecionar e organizar os grupos, a fim de evitar conflitos.
IV. realizar práticas avaliativas que evidenciem as habilidades e competências dos alunos, 
instigando esforços individuais para que cada um possa melhorar o desempenho 
escolar.
V. utilizar recursos didáticos diversificados, que busquem atender a necessidade de 
todos e de cada um dos alunos, valorizando o respeito individual e coletivo.
É correto apenas o que se afirma em:
A) I e III.
B) II e V.
C) II, III e IV.
D) I, II, IV e V.
(E) I, III, IV e V.
FONTE: Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2014/36_pedago-
gia.pdf> Acesso em: 4 jun. 2016.
AUTOATIVIDADE
20
21
EDUCAÇÃO INTERCULTURAL
1 INTRODUÇÃO
A perspectiva intercultural surge da necessidade de dar um novo rumo ao 
que propõe o monoculturalismo, que defende a ideia do compartilhamento dos povos 
em uma mesma cultura e do multiculturalismo, a qual entende as diversas culturas, 
porém só as considera se forem necessárias à coletividade. Tanto o monoculturalismo 
quanto o multiculturalismo compartilham visões que, para os defensores da concepção 
intercultural, podem gerar mais exclusões. Nesse sentido, a perspectiva intercultural 
emerge da complexidade de atuar nos conflitos entre essas duas visões e promover 
relações das identidades sociais e suas diferenças, como também dar base para que 
estas relações sejam recíprocas e estabeleçam um grau de criticidade e solidariedade.
Nessa esteira direcionaremos os debates a seguir, procurando entender as 
relações étnico-raciais.
2 EDUCAÇÃO PARA RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS 
A diversidade abrange um olhar sobre as diferenças e suas ressignificações na 
prática escolar. Sobre esse contexto, há muitas questões não resolvidas que trazem 
significativos problemas de ordem social, política e econômica, como, por exemplo, a 
discriminação racial, a xenofobia, a intolerância correlata, podendo gerar no ambiente 
escolar uma série de problemas, como o bullying, a violência verbal, a física, as 
dificuldades de aprendizagem, a baixa autoestima, os problemas de relacionamento, 
entre outros.
Todavia, não é de hoje que vem se tentando conscientizar sobre os direitos 
humanos, sobretudo aos mais fragilizados.
Lembrando a Resolução 1997/74, de 18 de abril de 1997, da Comissão 
de Direitos Humanos, a Resolução 52/111, de 12 de dezembro, da 
Assembleia Geral, e as subsequentes resoluções daqueles órgãos 
concernentes à convocação da Conferência Mundial contra o 
Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata e 
lembrando, também, as duas Conferências Mundiais de Combate ao 
Racismo e à Discriminação Racial, ocorridas em Genebra em 1978 e 
1983, respectivamente; observando com grande preocupação que, 
a despeito dos esforços da comunidade internacional, os principais 
objetivos das três Décadas de Combate ao Racismo e à Discriminação 
Racial não foram alcançados e que um número incontável de seres 
humanos continuam, até o presente momento, a serem vítimas 
de várias formas de racismo, discriminação racial, xenofobia e 
intolerância correlata (...) (BRASIL, 2001).
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
22
A discriminação cultural e racial não é uma problemática atual, ela nos 
acompanha na história e, conforme historiadores, surgiu de interpretações deturpadas 
com a finalidade de manipular opinião e justificar a escravidão. Como é o caso da 
interpretação da teoria de Charles Darwin (1809-1882).
(...) principalmente entre as nações europeias do final do século 
XIX e início do século XX, que recorreram às teorias evolucionistas 
para justificar a nova expropriação no continente africano, através 
do Imperialismo. Os indivíduos envolvidos nesse neocolonialismo 
carregaram o pensamento de Darwin com valores morais e passaram 
a associar as características físicas e intelectuais dos negros numa 
escala evolutiva, na qual estavam na base e os brancos no topo do 
processo evolutivo (TEIXEIRA, CAMPOS, GOELZER, 2014, s.p). 
O princípio da colonização africana e o descobrimento da América e do caminho 
para as Índias pelo Pacífico abriram margem para preconceitos de raça e cor. No Brasil, 
o sistema de escravidão enraizou uma cultura de discriminação de raças, que até hoje 
respinga na sociedade, mesmo após a abolição dos escravos.
A Lei Áurea de 1888, em 13 de maio, limitou-se em apenas libertar os escravos, 
sem amparo e sem sustento, pois eles não tinham para onde ir e muito menos um 
trabalho, sendo que alguns até regressavam às grandes fazendas, pois não dispunham 
do básico para viver. 
FIGURA 3 - ESCRAVOS LIBERTOS
FONTE: Disponível em: <http://migre.me/u2wqn>. Acesso em: 25 jul. 2016.
23
Percebam que a ausência de uma política que valorizasse o futuro dos negros 
escravos ocasionou sérios problemas, que se refletem até os dias atuais. Esses escravos 
não tinham para onde ir, passando assim a ocupar locais de risco, sofrendo fome, 
discriminação e violência. 
(...) após a assinatura da Lei Áurea, não houve uma orientação 
destinada a integrar os negros às novas regras de uma sociedade 
baseada no trabalho assalariado. Esta é uma história de tragédias, 
descaso, preconceitos, injustiças e dor. Uma chaga que o Brasil 
carrega até os dias de hoje (MARINGONI, 2011, s.p).
Hoje estamos colhendo os frutos da estrutura política de uma época em 
que os direitos humanos não estavam em pauta. O mais alarmante é que pesquisa 
desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (IPEA), em 2011, ressalta 
que a discriminação para com o negro aqui no Brasil é du plamente sofrida, por sua 
situação socioeconômica e por sua cor de pele. Se já não bastasse o preconceito da cor, 
ainda precisam conviver com o preconceito por sua situação econômica, fato este que 
só aumenta as desigualdades sociais no país.
Estudo desenvolvido por Ciconello (2008) aponta que as desigualdades sociais 
partem principalmente da discriminação racial.
Essas desigualdades são resultado não somente da dis criminação 
ocorrida no passado, mas também de um processo ativo de 
preconceitos e estereótipos raciais que legitimam, quotidianamente, 
procedimentos discrimina tórios (CICONELLO, 2008, p. 13).
Você acredita que é possível erradicar a discrepância social aqui no Brasil? 
Algumas ações indicam que isso é possível. Essa cultura discriminatória vem sendo 
combatida não só aqui no Brasil, como em todo o mundo.
Medidas estão sendo tomadas com o objetivo de resgatar valores e culturas 
perdidos por práticas discriminatórias; exemplo disso é a Lei n. 9.394, Art. 26-A, de 20 
de dezembro de 1996.
Nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, oficiais e 
particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura 
Afro-Brasileira.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo 
incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos 
negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação 
da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas 
áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro -Brasileira 
serão ministrados no âmbito de todo o currí culo escolar, em especial 
nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras 
(BRASIL, 2003).
24
Como você viu, há amparo na lei, que tenta, de alguma forma, trazer esses 
conhecimentos que fizeram parte um dia da vida de nossos antepassados, com o intuito 
de resgatar a cultura, pois é considerado um patrimônio da história mundial. A valorização 
desta cultura é uma questão de inclusão, de ética e compromisso com gerações 
castigadas pela discriminação. Por conta disso, há programas desenvolvidos pelo 
governo que tentam suprir essa “deficiência” nas escolas. O Programa Ética e Cidadania, 
construindo valores na escola e na sociedade, é um Programa de Desenvolvimento 
Profissional Continuado desenvolvido pelo MEC, que tem por objetivo criar subsídios 
para um trabalho voltado à democracia, à ética, à cidadania e à justiça.
Para isso, propõe a criação dos Fóruns Escolares de Ética e de 
Cidadania nas escolas, nos municípios e nos estados, e buscará 
instrumentalizar a ação dos profissionais da educação envolvidos em 
sua implementação nas escolas participantes, por meio de recursos 
didáticos e materiais pedagógicos adequados (BRASIL, 2007, p. 4).
Esses programas defendem a reeducação de uma sociedade mais justa e 
democrática. No entanto, é preciso entender que os programas por si só não educam, 
muito menos alteram práticas discriminatórias. Somos nós, os envolvidos com a 
educação, em parceria com as políticas públicas, que acionamos os programas.
Uma pesquisa relevante para este estudo, promovida pelo Ministério da 
Educação (MEC) por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetiza ção e 
Diversidade (SACAD) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
Anísio Teixeira, é a Pesquisa Nacional “Diversidade na Escola Sumário Executivo”, que 
objetivou responder o que já se cogitava nas comunidades, a respeito da discriminação 
e sua relação com o desempenho escolar dos alunos. Os resultados demonstraram que 
nas escolas em que há práticas preconceituosas e discriminatórias há maior tendência 
para o baixo rendimento escolar. De acordo com Brasil (2009, p. 12):
A literatura e experiências mostram que a mudança desse 
ambiente discriminatório marcadamente dissi mulado leva muitos 
e muitos anos, possivelmente até gerações. No entanto, é preciso 
iniciar e potencializar esse processo por meio de ações corajosas, 
envolvendo disseminação de informações (condição necessária, 
mas não suficiente para a promoção de mudanças), reali zação de 
ações específicas e pontuais, implementação de planos que visem à 
mudança de comportamento e, principalmente, a longo prazo, ações 
que promovam a mudança de atitudes dos agentes escolares em 
relação à percepção da diversidade.
A partir dessa pesquisa, ponderamos sobre a responsabilidade da escola de 
reconhecer e valorizar os sujeitos negados, tornando possível o respeito às diferenças. 
Todavia, o desafio de articular currículos e conteúdos a uma prática para a diversidade 
pode parecer uma tarefa complexa para alguns professores. Nesse sentido, esclarece 
Candau (2011, p. 342):
25
Esta tarefa passa por processos de diálogo entre diferentes 
conhecimentos e saberes, a utilização de pluralidade de linguagens, 
estratégias pedagógicas e recursos didáticos, a promoção de 
dispositivos de diferenciação pedagógica e o combate a toda forma 
de preconceito e discriminação no contexto escolar.
A inclusão como prática que valoriza a diversidade dos saberes é ainda uma 
conquista. Para alcançá-la é necessário alterar os currículos, capacitar os professores e 
todos os envolvidos com a educação, inclusive os pais e a comunidade, pois é preciso 
romper o preconceito instaurado na sociedade, e esse é um desafio de todos e para 
todos. 
Nesse contexto, uma das questões desenvolvida para o ENADE (Exame Nacional 
de Desempenho de Estudante) de 2014 para o curso de Pedagogia aborda o tema em 
discussão, a qual demonstra a preocupação do Estado em envolver no currículo da 
Educação Básica estudos sobre uma cultura bastante fragilizada.
ENADE PEDAGOGIA 2014
A Educação Básica, por constituir um momento privilegiado em que a igualdade 
cruza com a equidade, tomou a si a finalização legal do atendimento a determinados 
grupos sociais, como pessoas portadoras de necessidades educacionais especiais e 
os afrodescendentes, que devem ser sujeitos de uma desconstrução de estereótipos, 
preconceitos e discriminações, tanto pelo papel do socializador da escola quanto pelo 
seu papel de ensino-aprendizagem do conhecimento científico. 
FONTE: CURY, C. R. J. A educação básica como direito. Caderno de Pesquisa, v. 38, n. 134, maio/ago. 
2008, p. 300 (adaptado). 
O texto acima confirma o que preconiza a Lei nº 10.639/2003, a qual altera o 
art. 26 da Lei nº 9.394/1996 (LDB) no que se refere aos conteúdos curriculares para a 
Educação Básica. Tomando como referência o texto apresentado e o conteúdo da Lei 
nº 10.639/2003, avalie as afirmações a seguir:
I. O ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena deve fazer parte do cotidiano 
das escolas de maneira articulada com as disciplinas ofertadas.
II. Os estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, públicos e privados, 
conforme previsto na Lei nº 10.639/2003, devem priorizar o estudo da história e da 
cultura afro-brasileira e indígena na áreas de educação artística e geografia.
III. No ensino de história e de cultura afro-brasileira e indígena devem ser incluídos, 
entre outros aspectos, conhecimentos relativos à cultura negra brasileira e ao 
papel do negro na formação da sociedade nacional.
IV. No ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena deve-se destacar a 
contribuição dos negros nas áreas social, econômica e política de história do Brasil.
26
É correto apenas o que se afirma em:
A I.
B II e IV.
C I, II e III.
D I, III e IV.
E II, III e IV.
Resposta correta: D
FONTE: Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2014/36_pedago-
gia.pdf>. Acesso em: 13 maio 2016.
RESPOSTA COMENTADA PROVA ENADE: Acesse agora mesmo com seu 
smartphone através do QrCode e aproveite o vídeo da questão:
Conforme apontam as opções I, II e IV, podemos perceber que há um olhar 
atencioso por parte das políticas públicas em educação, no respeitoà diversidade em 
seu conceito amplo. Essa preocupação faz surgir também novas leis e programas que 
atendem essa problemática abrigada de preconceitos, discriminações e agressões a 
um povo oprimido, seja por uma característica cultural, física, linguística ou de gênero. 
Constatado na Lei nº 13.005 do Art. 2º, inciso III, no qual estabelece a eliminação das 
desigualdades no âmbito educativo, promovendo a cidadania e a erradicação da 
discriminação. Consta também neste mesmo artigo, inciso X, a ascensão dos princípios 
na valorização aos direitos humanos, no que tange à diversidade e à sustentabilidade 
socioambiental. Na continuidade da análise da Lei, rege o artigo 7 que:
§ 4º Haverá regime de colaboração específico para a implementação 
de modalidades de educação escolar que necessitem considerar 
territórios étnico-educacionais e a utilização de estratégias que 
levem em conta as identidades e as especificidades socioculturais 
e linguísticas de cada comunidade envolvida, assegurada a consulta 
prévia e informada a essa comunidade (BRASIL, 2014, p. 46)
A preocupação também se estende à população isolada, como se confirma 
no Artigo 8, inciso II, no qual institui o atendimento às demandas específicas do povo 
do campo e dos grupos indígenas e quilombolas, assegurando o direito à educação 
e a diversidade cultural. Nesse sentido, a miscigenação humana vem sendo pauta de 
constantes debates e os conceitos sobre o assunto se ressignificam em função das 
ideias dos diferentes autores quanto à noção de raça e diferenças raciais. 
27
Pesquisas educacionais têm demonstrado quanta influência exerce a questão 
do preconceito entre gêneros e raças no desempenho escolar, bem como na formação 
da identidade. Diante dessa realidade, torna-se imprescindível o cuidado com a 
postura do profis sional da educação, em especial aquele que está diariamente com o 
aluno, colaborando (positivamente ou não) para a construção de sua identidade. Essa 
identidade implica uma relação com as diferenças.
Práticas que valorizem a diversidade, com respeito à identidade de cada sujeito, 
representam um trabalho pautado numa concepção de valores humanos, que prima 
pela cidadania, em busca do respeito às etnias e suas diferenças culturais; as diferenças 
sociais e econômicas. Portanto, não é suficiente falar do respeito se nas atitudes 
é manifestado o preconceito. O docente e todo o ambiente educativo precisam 
conscientizar-se para que a ação esteja coerente com o discurso. Nesse sentido, 
devemos compreender, segundo Mantoan (2003, p. 53):
A escola, para muitos alunos, é o único espaço de acesso aos 
conhecimentos. É o lugar que vai proporcionar-lhes condições de 
se desenvolverem e de se tornarem cida dãos, alguém com uma 
identidade sociocultural que lhes conferirá oportunidades de ser e 
de viver dignamente.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais consta que “para viver democrati-
camente em uma sociedade plural, é preciso respeitar os diferentes grupos e culturas 
que a constituem” (BRASIL, 1997, p. 27). Os PCN trazem a seguinte informação a respeito 
da pluralidade cultural:
A sociedade brasileira é formada não só por diferentes etnias, como 
por imigrantes de diferentes países. Além disso, as migrações 
colocam em contato grupos dife renciados. [...] O grande desafio da 
escola é investir na superação da discriminação e dar a conhecer a 
riqueza representada pela diversidade etnocultural que compõe o 
patrimônio sociocultural brasileiro, valorizando a traje tória particular 
dos grupos que compõem a sociedade. Nesse sentido, a escola deve 
ser local de diálogo, de aprender a conviver, vivenciando a própria 
cultura e respeitando as diferentes formas de expressão cultural 
(BRASIL, 1997, p. 27).
Conferimos também que a Lei nº 13.005, a qual aprova o novo PNE (Plano 
Nacional de Educação), prevê metas e estratégias para o período de 2014/24, que 
têm impacto no cumprimento de ações que envolvem a valorização da diversidade 
nos aspectos culturais, sociais, pautados nos direitos humanos. A partir daí, conforme 
consta na meta 7 deste mesmo plano, buscam a promoção da qualidade da educação, 
com avanço do andamento escolar e na aprendizagem, atingindo as consequentes 
médias nacionais para o Ideb: 
28
QUADRO 4 - MÉDIAS NACIONAIS PARA O IDEB (META 7 DO PNE)
IDEB 2015 2017 2019 2021
Anos iniciais 
do Ensino 
Fundamental
5,2 5,5 5,7 6,0
Anos finais 
do Ensino 
Fundamental
4,7 5,0 5,2
5,5
Ensino Médio 4,3 4,7 5,0
5,2
FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/pne-meta-7-691920.shtml>. 
Acesso em: 14 maio 2016
Para atingir tal meta, pontuou-se a necessidade de estabelecer estratégias, 
sendo que apresentaremos no decorrer deste tópico somente as que estão relacionadas 
à diversidade:
7.1)  estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa, 
diretrizes pedagógicas para a Educação Básica e a base nacional 
comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e 
desenvolvimento dos alunos para cada ano do Ensino Fundamental 
e Médio, respeitada a diversidade regional, estadual e local 
(OBSERVATÓRIO DO PNE, 2013, s.p., grifos nossos).
Conforme destacamos na estratégia acima, há o reconhecimento de que para 
elevar os índices educativos é necessário o respeito à diversidade, seja ela regional, 
estadual ou local, pois a diferença de regiões ou mesmo municípios implica variações 
linguísticas, de contextos sociais e modos de vida diferenciados. Entretanto, é o fazer 
de cada professor em sua sala de aula que proverá essa ação em prol da qualidade e 
igualdade na educação. Cabendo ainda ao professor compreender que:
A cultura de um povo envolve seus modos de viver, seus sistemas 
de valores e crenças, seus instrumentos de trabalho, seus tipos 
de organização social, seja ela familiar, econômica, educacional, 
trabalhista, institucional, política ou religiosa, além de todas as 
dimensões éticas e estéticas, bem como seus modos de pensar e 
fazer (MORAES, 2010, p. 121).
Para tanto, os projetos educacionais devem apresentar uma perspectiva 
inclusiva, que direcione o aprendiz a evoluir com a correspondência dos diferentes 
saberes e culturas.
29
Conforme o Observatório do PNE (2013, s.p.), “desenvolver indicadores 
específicos de avaliação da qualidade da educação especial, bem como da qualidade 
da educação bilíngue para surdos”, é uma estratégia pautada nos direitos humanos, que 
defende a educação para todos. No vislumbre da qualidade, devemos ter em mente que 
o desafio é grande e necessita do apoio não somente do governo e atores educativos, 
mas dos docentes e comunidade envolvida.
7.13) garantir transporte gratuito para todos os estudantes da 
educação do campo na faixa etária da educação escolar obrigatória, 
mediante renovação e padronização integral da frota de veículos, 
de acordo com especificações definidas pelo Instituto Nacional de 
Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO -, e financiamento 
compartilhado, com participação da União proporcional às 
necessidades dos entes federados, visando a reduzir a evasão 
escolar e o tempo médio de deslocamento a partir de cada situação 
local (OBSERVATÓRIO DO PNE, 2013, s.p., grifos nossos).
Essa ação colabora para, além do acesso ao estudante do campo à educação, a 
valorização de uma cultura do campo, aproximando os contextos sociais, promovendo 
a diversidade como forma de aprendizagem e integração de culturas. Assim, segundo 
o Observatório do PNE (2013, s.p.), deve-se “desenvolver pesquisas de modelos 
alternativos de atendimento escolar para a população do campo que considerem as 
especificidades locais e as boas práticas nacionais e internacionais”.
Ao reintegrar a população do campo, deve-se dispor de estratégias que valorizem 
o seu contexto, considerando as condições locais, com base numa perspectiva inclusiva. 
Todavia, é necessário aprender a aprender, tanto a população do campo quanto a 
urbana, numa relação intercultural.
É preciso colocar o conhecimento à disposiçãodo maior número 
possível de pessoas, criando um ambiente que seja não só de 
comunicação, mas que também atue como ferramenta instigadora, 
que colabore para uma reflexão crítica, para o desenvolvimento da 
pesquisa, que facilite uma aprendizagem contínua, permanente e 
autônoma. (MORAES, 2010, p. 121).
Trazer aos conteúdos escolares a cultura indígena e afro-brasileira é permitir o 
reconhecimento da nossa própria história, valorizando nosso passado, compreendendo 
nosso presente, buscando assim contribuir para uma sociedade inclusiva e mais 
humana.
7.25) garantir nos currículos escolares conteúdos sobre a história 
e as culturas afro-brasileira e indígena e implementar ações 
educacionais, nos termos das Leis n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, 
e 11.645, de 10 de março de 2008, assegurando-se a implementação 
das respectivas diretrizes curriculares nacionais, por meio de ações 
colaborativas com fóruns de educação para a diversidade étnico-
racial, conselhos escolares, equipes pedagógicas e a sociedade civil 
(OBSERVATÓRIO DO PNE, 2013, s.p., grifos nossos).
30
Nesse sentido, o combate à discriminação começa por uma educação 
consciente e crítica. Para tanto, é necessário o entendimento global de nossa história, 
que por muitos anos foi camuflada sutilmente pelos livros didáticos de uma época. 
Hoje, com a globalização tecnológica, a informação corre numa velocidade em tempo 
real. O que acontece neste instante o mundo recebe em questão de um estalar de 
dedos. É por isso que formar cidadãos críticos frente a essa nova era tecnológica é tão 
necessário quanto urgente, pois se antes conhecíamos a história pelos livros didáticos, 
pelo contexto, muitas vezes limitados do autor, hoje se conhece pelas mídias e, sendo 
assim, há muita informação distorcida, manipulada e questionável. 
7.26) consolidar a educação escolar no campo de populações 
tradicionais, de populações itinerantes e de comunidades 
indígenas e quilombolas, respeitando a articulação entre os 
ambientes escolares e comunitários e garantindo: o desenvolvimento 
sustentável e preservação da identidade cultural; a participação da 
comunidade na definição do modelo de organização pedagógica e 
de gestão das instituições, consideradas as práticas socioculturais 
e as formas particulares de organização do tempo; a oferta bilíngue 
na educação infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, 
em língua materna das comunidades indígenas e em língua 
portuguesa; a reestruturação e a aquisição de equipamentos; 
a oferta de programas para a formação inicial e continuada de 
profissionais da educação; e o atendimento em educação especial. 
(OBSERVATÓRIO DO PNE, 2013, s.p., grifos nossos).
Implementar uma política de inclusão é muito mais que permitir o acesso aos 
sujeitos negados, é pensar e estruturar condições para que essa inclusão saia do papel 
e verdadeiramente se aplique. Para tanto, esta estratégia preconiza o respeito à rotina 
da população tanto do campo, quanto indígena e quilombolas, organizando situações 
de aprendizagem que se articulem junto às culturas dessas comunidades, desde a 
estruturação física até a pedagógica, atendendo assim à diversidade.
7.27)  desenvolver currículos e propostas pedagógicas 
específicas para educação escolar para as escolas do campo 
e para as comunidades indígenas e quilombolas, incluindo os 
conteúdos culturais correspondentes às respectivas comunidades 
e considerando o fortalecimento das práticas socioculturais e da 
língua materna de cada comunidade indígena, produzindo e 
disponibilizando materiais didáticos específicos, inclusive 
para os alunos com deficiência (OBSERVATÓRIO DO PNE, 2013, 
s.p., grifos nossos).
Esta estratégia enfatiza uma educação sensível aos contextos de cada cultura, 
suas especificidades e demandas. Valoriza práticas que fortalecem a língua materna, 
que por muitos anos foi desvalorizada por conta de um sistema de currículo único e 
desarticulado da realidade. Hoje corre-se atrás dos prejuízos que um sistema educativo 
trouxe para comunidades mais fragilizadas. É preciso elevar a qualidade conforme a 
meta 7 estabelece, porém:
31
As políticas e as estratégias adotadas voltadas para melhorias 
da qualidade educativa devem estar estritamente adaptadas ao 
contexto local, serem flexíveis no sentido de incorporar as mudanças 
necessárias requeridas pelo contexto e pela cultura local. A busca da 
qualidade educativa envolve a existência de processos que facilitem 
os mais diferentes diálogos, não apenas entre alunos, professores e 
comunidade escolar, mas também o diálogo do homem e da mulher 
com o seu contexto, com a sua realidade, com a cultura rica em 
sistemas simbólicos. É a qualidade do diálogo entre o sujeito e o seu 
mundo que o torna um sujeito histórico (MORAES, 2010, p.196).
Acompanhe a seguir a leitura complementar que trata dos desafios de uma 
educação intercultural, pautada nos direitos humanos: 
32
EDUCAÇÃO INTERCULTURAL E DIREITOS HUMANOS: CONSTRUINDO CAMINHOS 
Estamos, como educadores, desafiados a promover processos de desconstrução 
e de desnaturalização de preconceitos e discriminações que impregnam, muitas vezes, 
com caráter difuso, fluido e sutil, as relações sociais e educacionais que configuram os 
contextos em que vivemos.
A naturalização é um componente que faz em grande parte invisível e 
especialmente complexa esta problemática, que invade e povoa nossos imaginários 
individuais e sociais com relação aos diferentes grupos socioculturais. Trata-se de 
questionar esta realidade. Também é fundamental desvelar e questionar os sentidos 
de igualdade e diferença que permeiam os discursos educativos. Outro aspecto 
imprescindível é problematizar o caráter monocultural e o etnocentrismo que, explícita 
ou implicitamente, estão presentes na escola e impregnam os currículos escolares. 
Perguntar-nos pelos critérios utilizados para selecionar e justificar os conteúdos 
escolares. 
Desestabilizar a pretensa “universalidade” dos conhecimentos, valores e 
práticas que configuram as ações educativas e promover o diálogo entre diversos 
conhecimentos e saberes. Estamos desafiados também a reconhecer e a valorizar 
as diferenças culturais, os diversos saberes e práticas, e a afirmar sua relação com o 
direito à educação de todos. Reconstruir o que consideramos “comum” a todos e todas, 
garantindo que nele os diferentes sujeitos socioculturais se reconheçam, possibilitando 
assim que a igualdade se explicite nas diferenças que são assumidas como comum 
referência, rompendo dessa forma com o caráter monocultural da cultura escolar. Outro 
aspecto que consideramos fundamental se relaciona com o resgate dos processos de 
construção das identidades culturais, tanto no nível pessoal como coletivo.
Um elemento importante nesta perspectiva são as histórias de vida dos sujeitos 
e das diferentes comunidades socioculturais. É importante que se opere com um 
conceito dinâmico e histórico de cultura, capaz de integrar as raízes históricas e as 
novas configurações, evitando-se uma visão das culturas como universos fechados e 
em busca do “puro”, do “autêntico” e do “genuíno”, como uma essência preestabelecida 
e um dado que não está em contínuo movimento. 
Um último núcleo de desafios que gostaria de assinalar tem como eixo 
fundamental promover experiências de interação sistemática com os “outros”. Para 
sermos capazes de relativizar nossa própria maneira de situarmo-nos diante do mundo 
LEITURA
COMPLEMENTAR
33
e atribuir-lhe sentido, é necessário que experimentemos uma intensa interação com 
diferentes modos de viver e se expressar. Não se trata de momentos pontuais, mas 
da capacidade de desenvolver projetos que suponham uma dinâmica sistemática 
de diálogo e construção conjunta entre diferentes pessoas e/ou grupos de diversas 
procedências sociais, étnicas, religiosas, culturais etc. 
Também estamos chamados a favorecer processos de “empoderamento”, tendo 
como ponto de partida liberar a possibilidade, o poder, a potência que cada pessoa

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