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06-Serviços públicos, licitações e contratos administrativos

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DESCRIÇÃO
O estudo dos institutos jurídicos dos serviços públicos, licitações e contratos administrativos.
PROPÓSITO
A compreensão do tema referente aos serviços públicos, às licitações e aos contratos
administrativos é indispensável para todos aqueles que desejam atuar em searas profissionais
que envolvam a Administração Pública, seja na representação de um ente público, nas suas
mais diversas facetas da Administração Direta ou Indireta, ou de particulares que com essa se
relacionam de maneira formal.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos, ou acesse via internet:
Constituição da República Federativa do Brasil de 1998 (CF/1988);
Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993;
Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002;
Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006;
Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995;
Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995;
Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004;
Lei nº 12.232, de 29 de abril de 2010;
Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011; e
Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Listar conceito, características, titularidade, princípios, formas de remuneração e execução,
modalidades, concessão e permissão dos serviços públicos
MÓDULO 2
Descrever natureza, fundamentos, princípios, hipóteses de dispensa e inexigibilidade,
modalidades, procedimentos, anulação, revogação, infrações e crimes administrativos das
licitações
MÓDULO 3
Aplicar conceito, normatividade, sujeitos, características, espécies, cláusulas exorbitantes,
extinção e sanções nos contratos administrativos
INTRODUÇÃO
No presente conteúdo, serão abordados:
SERVIÇOS PÚBLICOS
LICITAÇÕES
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Os serviços públicos, em suma, abrangem o plexo de atividades atribuídas, mesmo que sem
exclusividade, ao Estado, de modo que satisfaçam, de maneira direta ou indireta, pretensões
sociais garantidas pelo nosso ordenamento jurídico.
Nessa seara, é por intermédio de determinados procedimentos que a Administração elege
aquele a quem ela irá delegar a prestação do serviço público, qual seja, a licitação, cuja etapa
final é a celebração de um contrato administrativo. A dinâmica de licitações e contratos
administrativos, contudo, é muito mais ampla, tendo muitas outras funções que não afetam a
prestação de serviços públicos, servindo, sim, como mecanismos propiciadores da
concretização da vontade negocial do Estado.
MÓDULO 1
 Listar conceito, características, titularidade, princípios, formas de remuneração e
execução, modalidades, concessão e permissão dos serviços públicos
SERVIÇOS PÚBLICOS – CONCEITO
Antes de abordarmos o conceito de serviços públicos em si, devemos compreender que o
instituto nada mais significa do que o conjunto de certas atividades. E que atividades seriam
essas? As atividades prestacionais, pelas quais se empregam recursos escassos, tendo
como finalidade a satisfação de necessidades humanas, ou seja, uma atividade de natureza
econômica.
Seriam então os serviços públicos uma atividade econômica como outra qualquer ou haveria
distinções?
Vejamos uma distinção:
ATIVIDADES ECONÔMICAS
ATIVIDADE ILÍCITA
ATIVIDADES ECONÔMICAS
As atividades econômicas em sentido estrito seriam aquelas de titularidade do setor privado, só
podendo ser exercidas pelo Estado em três hipóteses:
Quando a lei definir tais atividades como necessárias aos imperativos da segurança
nacional.
Quando a lei definir tais atividades como necessárias ao coletivo relevante.
Nos demais casos em que a Constituição de 1988 (CF/1988) assim dispuser.
ATIVIDADE ILÍCITA
Já a atividade ilícita seria toda aquela cuja legislação veda seu exercício.
Tendo sido compreendidas essas duas espécies (atividade econômica em sentido estrito e
atividade ilícita), partamos para a última das espécies, o serviço público.
O serviço público não se trata de uma atividade econômica com um traço distintivo das demais
pela sua própria natureza, mas, sim, em virtude de tal atividade ter sido considerada em
determinado momento histórico, na CF/1988 ou na lei, como de suma importância aos olhos da
coletividade, não sendo possível legar a sua satisfação aos mecanismos tradicionais da livre-
iniciativa privada (ARAGÃO, 2013).
Munidos da noção geral por trás dos serviços públicos, podemos partir para sua efetiva
conceituação. A questão é turva, não havendo ainda na doutrina nacional um consenso acerca
do tema. No entanto, uma das formas de classificar os sentidos de serviço público extraíveis da
CF/1988 é aquela na qual as concepções existentes, de acordo com Aragão (2013, p. 120-
124), poderiam ser divididas da seguinte forma:
 
Imagem: Pixabay
CONCEPÇÃO AMPLÍSSIMA
O serviço público seria toda e qualquer prestação do Estado, ou teria como sentido a própria
Administração Pública (tal concepção remete à escola clássica francesa dos serviços públicos).
 
Imagem: Pixabay
CONCEPÇÃO AMPLA
O serviço público corresponderia às atividades prestacionais do Estado em geral voltadas à
coletividade, independentemente da titularidade, mesmo quando não for possível cobrar
individualmente de seus destinatários. Não se inserem aqui apenas o exercício do poder de
polícia – atividade restritiva da liberdade privada – e o fomento – atividade de incentivo para
que a atuação privada se dê na maneira idealizada pela Administração.
 
Imagem: Pixabay
CONCEPÇÃO RESTRITA
O serviço público abarca as atividades do Estado prestadas a determinados indivíduos e cuja
fruição possa ser individualizada – ou seja, aqui não são consideradas como públicos os
serviços uti universi.
 
Imagem: Pixabay
CONCEPÇÃO RESTRITÍSSIMA
É oriunda de uma interpretação conjunta dos arts. 145, II, e 175 da CF/1988, que estabelecem
que os serviços públicos devem ser remunerados por taxa ou tarifa – ou seja, apenas os
serviços que pudessem ter uma contraprestação individualizada e quantificada, e cuja
titularidade fosse exclusiva do Estado. Para além dos serviços uti universi, aqui também
restariam excluídos os serviços sociais, visto que sua titularidade não é exclusiva do Estado.
UTI UNIVERSI
Serviços públicos gerais prestados à coletividade como um todo.
Tem prevalecido no Brasil uma concepção ampla, considerando serviço público toda atividade:
Clique nas setas para ver o conteúdo. Objeto com interação.
Que vise à satisfação de necessidades individuais ou coletivas que atendam a um direito
fundamental.
Cuja responsabilidade por sua prestação foi atribuída pela CF/1988 ou pela lei dentro das
possibilidades constitucionalmente previstas ao Estado.
Que obrigatoriamente assim o provenha ou garanta seu provimento por terceiros.
Sob regime jurídico, ao menos parcialmente, de direito público.
SERVIÇOS PÚBLICOS –
CARACTERÍSTICAS
A doutrina majoritária no Brasil entende que três seriam os elementos, ou características, que
comporiam os serviços públicos:
SUBJETIVO
O serviço público é atribuído, por força de lei ou da própria CF/1988, ao Estado, podendo ser
prestado direta ou indiretamente pelos particulares por meio de delegação (por concessão ou
javascript:void(0)
permissão).
FORMAL
Refere-se ao regime jurídico ao qual o serviço público é prestado, uma escolha que sempre
recai sobre o legislador, ou seja, deve-se verificar o que a lei prevê para cada caso.
 
Como regra, quando os serviços prestados não tiverem uma natureza comercial ou industrial,
então o regime jurídico será de direito público. Já quando os serviços prestados tiverem
natureza comercial ou industrial, então teremos a incidência de um regime híbrido, que ora
pode ser predominantemente privado ora predominantemente público. Porém, sempre incidirão
sobre as entidades prestadoras de serviços públicos os mesmos princípios que incidem sobre
a Administração Pública, o que sempre conferirá um regime jurídico, ao menos parcialmente,
de direito público.
MATERIAL
O serviço público se trata de uma atividade que busca o atingimento do interesse público
primário, o bem-estar da coletividade, estando sempreatrelado, mesmo que de maneira
indireta, à satisfação de um direito fundamental.
SERVIÇOS PÚBLICOS – CLASSIFICAÇÃO
A doutrina classifica os serviços públicos no tocante a diversos critérios, como veremos a
seguir.
QUANTO AOS DESTINATÁRIOS: UTI SINGULI E
UTI UNIVERSI
Os serviços públicos uti singuli são aqueles que têm por finalidade a satisfação de
determinados usuários, ou seja, a sua fruição é individualizada e quantificável, podendo-se
mensurar quais foram os beneficiários daquele serviço, e em que nível cada um deles usufruiu
da prestação.
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UTI SINGULI
São os que têm usuários determinados e utilização particular e mensurável para cada
destinatário, como ocorre com o telefone, a água e a energia elétrica domiciliares
(MEIRELLES, 2007).
 EXEMPLO
Podemos citar o fornecimento de água, luz elétrica, gás, transporte público, telefonia. A forma
de remuneração de tais serviços pode se dar por tarifa, no caso de regime contratual – quando
prestado por delegatários, ou diretamente pelo Estado, mas sem o exercício do poder de
autoridade estatal –, ou por taxa, no caso de regime tributário – prestação direta por parte do
Estado, no exercício da autoridade estatal.
 
Foto: Pixabay
Os serviços públicos uti universi são os prestados à coletividade, sem a possibilidade:
DE SE INDIVIDUALIZAR OS USUÁRIOS.
&
DE QUANTIFICAR A FRUIÇÃO POR CADA UM DELES
Em se tratando de serviços indivisíveis, o seu custeio será realizado, via de regra, por meio de
impostos. São exemplos: a iluminação pública e o saneamento.
 
Foto: Pixabay
QUANTO AO OBJETO: ADMINISTRATIVOS,
COMERCIAIS (OU INDUSTRIAIS) E SOCIAIS
Quanto ao objeto, os serviços públicos podem ser:
 
Imagem: Shutterstock.com
ADMINISTRATIVOS
São aqueles serviços orgânicos à própria Administração Pública, ou seja, que são prestados
para suprir suas necessidades internas ou visando conceber serviços externos a ser prestados
ao público (por exemplo, imprensa oficial para divulgação de atos administrativos).
 
Imagem: Shutterstock.com
COMERCIAIS OU INDUSTRIAIS
São aqueles destinados ao atendimento das necessidades coletivas da ordem econômica,
podendo ser prestados direta ou indiretamente pelo Estado.
 
Imagem: Shutterstock.com
SOCIAIS
São aqueles em que é indispensável que o Estado atue para atender às necessidades
coletivas de caráter social (vinculadas aos direitos fundamentais sociais). Tais serviços, vale
destacar, não possuem titularidade exclusivamente estatal, ou seja, os particulares (iniciativa
privada) podem concorrer para a sua prestação sem que seja necessária qualquer delegação
(concessão ou permissão) por parte do Estado, bastando, por vezes, mera autorização. São
exemplos: saúde (art. 199 da CF/1988), educação (art. 209 da CF/1988), assistência social
(art. 204, I, in fine, e II da CF/1988) e previdência social (art. 202 da CF/1988).
QUANTO À TITULARIDADE: PRÓPRIOS OU
IMPRÓPRIOS
No que tange à titularidade, os serviços públicos podem ser:
 
Foto: Shutterstock.com
PRÓPRIOS
São os serviços nos quais consta o requisito da publicatio (publicização). Em suma, atendem
aos interesses da coletividade e o Estado se responsabiliza pela sua prestação, direta ou
indiretamente (por meio de concessão ou permissão).
 
Foto: Shutterstock.com
IMPRÓPRIOS
Trata-se dos serviços de interesse social não titularizados (não com exclusividade) pelo
Estado, ou seja, atividades privadas que, em virtude de sua relevância para a coletividade, são
apenas reguladas pelo Estado, mas exercidas pela iniciativa privada. Para exercer tais serviços
(apenas virtualmente públicos), devem os particulares: requerer a devida autorização; observar
a regulamentação setorial; e se submeter à fiscalização por parte do Estado. Ou seja, a
denominação serviços públicos, em verdade, seria imprópria. A única similaridade dessas
atividades com os serviços públicos é que ambas atentam ao interesse geral. São exemplos:
serviço de táxi, serviço de despachante.
QUANTO AO MODO DE EXECUÇÃO:
DELEGÁVEIS OU INDELEGÁVEIS
Com relação ao modo de execução, os serviços públicos podem ser:
 
Foto: Pixabay
DELEGÁVEIS
São aqueles cujo ordenamento jurídico dispõe que podem ser prestados tanto pelo Estado
quanto pelos particulares (por exemplo, serviço de transporte coletivo, serviço funerário etc.).
 
Foto: Pixabay
INDELEGÁVEIS (ESSENCIAIS)
São aqueles que devem ser prestados diretamente pelo Estado, não admitindo a sua
delegação aos particulares (por exemplo, serviços de segurança nacional e interna, serviço
judiciário etc.).
TITULARIDADE
A titularidade dos serviços públicos pode ser exclusiva ou não do Estado (ARAGÃO, 2013, p.
154-155), que, entretanto, será sempre responsável por assegurar a sua prestação (de
maneira direta ou indireta).
Quanto à titularidade exclusiva ou concorrente (não exclusiva):
EXCLUSIVA
Entre os serviços de titularidade exclusiva do Estado, temos aqueles que somente podem ser
prestados pelos particulares mediante delegação (concessão ou permissão).
CONCORRENTE (NÃO EXCLUSIVA)
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javascript:void(0)
Já aqueles onde a titularidade é concorrente, ou não exclusiva, basta aos particulares mera
autorização e consequente submissão ao poder de polícia estatal quanto à fiscalização do
cumprimento de normas setoriais.
PRINCÍPIOS
A doutrina nacional costuma elencar cinco princípios próprios ao instituto dos serviços públicos:
 
Foto: Pixabay
CONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
Os serviços públicos não devem ser interrompidos. Isso não impede, entretanto, a suspensão
da prestação em relação a alguns usuários que não cumpram os requisitos técnicos para
receber a prestação, como o fornecimento de energia elétrica, que pode ser suspenso no caso
de o usuário não dispor do aparelhamento adequado para se conectar ao sistema público de
distribuição. Já no caso dos serviços públicos uti singuli e compulsórios (ex.: taxa de
bombeiro), sua remuneração se dá por meio de tributo (taxa), ou seja, não há opção por parte
do particular em contratar ou não a prestação do serviço, e em virtude disso não é lícita a
interrupção em caso de inadimplemento – para eles, a Fazenda Pública deve se utilizar dos
seus meios próprios de cobrança da dívida. Também é permitida a interrupção do serviço, após
aviso prévio, por questões de ordem técnica, ou sem aviso prévio, em virtude de eventos
inesperados e emergenciais.
 
Foto: Shutterstock.com
IGUALDADE DOS USUÁRIOS, OU UNIFORMIDADE, OU
NEUTRALIDADE
Todos os usuários que satisfaçam os requisitos técnicos para a prestação do serviço público
devem ser igualmente atendidos e tratados, apenas sendo permitida a diferenciação entre os
usuários na medida em que suas diferenças impactem na prestação (ex.: cobrança de tarifas
maiores para caminhões e menores para automóveis de passeio em rodovias operadas por
concessionários).
 
Foto: Pixabay
MUTABILIDADE DO REGIME JURÍDICO OU DA
ATUALIDADE OU DA FLEXIBILIDADE
Segundo esse princípio, o regime de prestação serviço deve se adaptar às mudanças sociais e
tecnológicas que afetam a sua prestação. Desse modo, de forma a manter o serviço público
sempre atual, e se alcançar a melhor prestação possível, beneficiando também os interesses
mais recentes da coletividade, concede-se a prerrogativa de alteração unilateral dos contratos
de concessão de serviços púbicos por parte do poder público concedente.
 
Foto: Shutterstock.com
MODICIDADE TARIFÁRIA
Os serviços públicos devem ser remunerados a preços módicos, não sendo a finalidade de sua
prestação a produção de riquezas. Ademais, o valor cobrado de seu usuário deve ser
proporcional ao custo do serviço prestado. Desse modo, permite-se que o maior número de
pessoas possa se tornar beneficiário de serviços públicos. Há de se destacar que o legislador
poderá eventualmente estabelecer a gratuidade para certos serviços públicos ou a isenção
para alguns segmentos de usuários (ex.: transporte público gratuito para idosos).
 
Foto:Pixabay
UNIVERSALIDADE OU GENERALIDADE
Os serviços públicos devem ser disponibilizados ao maior número de pessoas possível. Esta
deve ser uma meta constante: ampliar a base de seus potenciais beneficiários. Observa-se a
incidência de tal princípio em setores regulados, nos quais as agências reguladoras impõem
aos delegatários de serviço público metas de universalização (ex.: a atuação da Agência
Nacional de Telecomunicações – Anatel – em relação às concessionárias de serviço de
telefonia).
No vídeo a seguir, o professor Filipe Fonseca comenta sobre serviços públicos, suas
características fundamentais e seus princípios. Vamos assistir!
REMUNERAÇÃO
Os serviços públicos podem ser:
 
Imagem: Shutterstock.com
Gratuitos
São, em regra, os sociais, tais como os serviços de educação, de saúde e de apoio a grupos
em vulnerabilidade socioeconômica.
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Imagem: Shutterstock.com
Remunerados
São aqueles em que se exige um pagamento por parte do usuário em virtude do seu gozo.
Nos serviços públicos remunerados, a remuneração varia:
Clique nas setas para ver o conteúdo. Objeto com interação.
Em sendo um serviço público compulsório e uti universi, será remunerado por imposto (ex.:
serviço de limpeza pública consistente em varrição, capinação dos logradouros públicos etc.).
Em sendo um serviço público compulsório e uti singuli, será remunerado por taxa (ex.: serviço
de coleta individual regular dos resíduos sólidos).
Em sendo um serviço público cuja fruição seja facultativa, então a remuneração se dará por
tarifa (ex.: serviço de coleta de lixo extraordinário, para aqueles usuários que produzem
resíduos em alta quantidade e superior à produção normal).
CONCESSÃO E PERMISSÃO
Os serviços públicos podem ser prestados de forma direta (centralizada) ou indireta
(descentralizada), por meio de descentralização por outorga ou por delegação.
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Tanto a concessão quanto a permissão encontram a sua fonte normativa primária na própria
CF/1988, vide art. 175, caput. Do referido artigo, extraem-se alguns princípios aplicados às
concessões que devem contar na lei reguladora do instituto:
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Obrigatoriedade de licitação
Regime jurídico específico
Direito dos usuários
Política tarifária
Obrigação de manter serviço adequado
MODALIDADES
A concessão de serviços públicos é uma forma de prestação indireta, por meio de delegação
negocial. Em suma, estas seriam as modalidades de concessão:
Concessão comum (regulada pela Lei nº 8.987/1995)
• concessão de serviços públicos; e 
• concessão de serviços públicos precedida de obra pública.
&
Concessão especial/parceria público-privada (PPP) (regulada pela Lei nº 11.079/2004)
• concessão patrocinada; e 
• concessão administrativa.
CONCESSÃO COMUM
AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA
O art. 175 da CF/1988 diz que incumbe ao poder público prestar o serviço público “na forma da
lei”. A doutrina majoritária entende que:
Clique nas setas para ver o conteúdo. Objeto com interação.
Quando o serviço for prestado pela Administração Pública Indireta, em virtude do princípio da
reserva legal, é necessária autorização legal na lei que criou ou autorizou a criação da
entidade.
Quando o serviço for prestado por particular, em virtude do art. 2º da Lei nº 9.074/1995, deve
haver prévia autorização legislativa (também estabelecendo as condições da delegação),
dispensada lei autorizativa nos casos de saneamento básico e limpeza urbana e nos já
referidos na CF/1988, nas constituições estaduais e nas leis orgânicas do Distrito Federal e
municípios.
REMUNERAÇÃO
O concessionário, em regra, será remunerado pela cobrança de tarifa (espécie do gênero
preço público) do usuário, que terá como valor aquele constante da proposta vencedora da
licitação, garantida ao concessionário a preservação de seu valor ao longo do tempo pelas
regras de revisão e reequilíbrio econômico-financeiro previstas na Lei nº 8.987/1995, no edital
de licitação e no respectivo contrato de concessão.
 
Foto: Pixabay
Deve-se destacar que a jurisprudência admite a cobrança de “tarifas básicas”, que seriam um
valor mínimo cobrado do usuário, mesmo que ausente o uso do serviço, em virtude dos custos
de disponibilização do serviço. Esse é o caso, por exemplo, dos serviços de telefonia fixa (vide
Súmula 356 do STJ) e de saneamento.
Adicionalmente, conforme previsto no art. 11 da Lei, o poder concedente (Administração
Pública) poderá prever no edital de licitação, em favor do concessionário, a possibilidade de
outras fontes de remuneração provenientes de receitas alternativas, com vistas a favorecer a
modicidade das tarifas.
SÚMULA 356 DO STJ
É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa.
LICITAÇÃO
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O procedimento licitatório é regido pelos arts. 14 a 22 da Lei nº 8.987/1995, e apenas
subsidiariamente pela Lei nº 14.133/2021. Vejamos:
MODALIDADE DA LICITAÇÃO
A modalidade indicada na lei é a concorrência ou diálogo competitivo (arts. 2º, II e III, e 14),
sendo também obrigatória para os estados, Distrito Federal e municípios.
No tocante à privatização de estatais federais (com a respectiva outorga de nova concessão ou
prorrogação da vigente), a Lei nº 9.074/1995 determinou a modalidade leilão de quotas ou
ações, devendo ser leiloada uma quantidade mínima de quotas ou ações que assegure a
transferência do controle da empresa.
 
De forma excepcional, a doutrina reconhece a possibilidade de delegação de serviços públicos
sem a realização de licitação, em alguns dos casos de dispensa e no caso de inexigibilidade.
EMPRESAS ESTATAIS COMO LICITANTES
A Lei nº 14.133/2021, em seu art. 1º, § 1º, expressamente afastou a sua aplicação às estatais.
Ademais, as empresas estatais já não estavam sujeitas ao regime da Lei nº 8.666/1993,
mesmo diante da previsão contida no parágrafo primeiro de seu art. 1º, visto que a Lei nº
13.303/2016 (“Lei das Estatais”) passou a disciplinar, em seus arts. 28 a 84, a realização de
licitações e contratos no âmbito das empresas públicas e sociedades de economia mista,
deixando a cargo da Lei nº 8.666/1993 apenas uma aplicação subsidiária, ou quanto às normas
penais e aos critérios de desempate.
 
Em relação ao procedimento licitatório, a Lei nº 9.074/1994, em seu art. 32, trouxe novo
permissivo de dispensa de licitação para as estatais, que participando de concorrência para
concessão e permissão de serviço público na condição de licitantes necessitem colher preços
de bens ou serviços fornecidos por terceiros, e, assim, assinar pré-contratos.
CONTRATO DE CONCESSÃO COMUM
As cláusulas essenciais ao contrato de concessão estão previstas no art. 23 da Lei nº
8.987/1995.
 
Imagem: Shutterstock.com
PRAZO
Os contratos de concessão de serviço público devem respeitar o prazo estabelecido nos arts.
2º, II e III, 18, I e 23, I da Lei nº 8.987/1995. O prazo máximo deve ser estabelecido por
legislação específica de cada ente federativo, ou não existindo, pelo próprio poder concedente.
 
Imagem: Shutterstock.com
PRORROGAÇÃO DO CONTRATO
• Apenas por decisão da Administração Pública concedente, não sendo possível a prorrogação
em virtude de lei. 
• Apenas quando a possibilidade esteja prevista de maneira objetiva e criteriosa no edital e na
minuta de contrato – à exceção da prorrogação como medida de recomposição do equilíbrio
econômico-financeiro do contrato.
 
Imagem: Shutterstock.com
SUBCONTRATAÇÃO
É permitida, porém a concessionária mantém a responsabilidade exclusiva pela correta
prestação do serviço (art. 25, § 1º, da Lei nº 8.987/1995).
 
Imagem: Shutterstock.com
SUBCONCESSÃO
Ocorrerá quando: 
• Houver previsão no contrato. 
• O poder concedente autorizar. 
• For realizada licitação na modalidade concorrência (art. 26, § 2º, da Lei nº 8.987/1995)
 
Imagem: Shutterstock.com
TRANSFERÊNCIA DA CONCESSÃO OU DO CONTROLE
ACIONÁRIO DA CONCESSIONÁRIA
É possível após anuênciado poder concedente (art. 27 da Lei nº 8.987/1995), desde que a
nova concessionária atenda a todos os requisitos técnicos e venha a aderir os termos do
contrato de concessão.
INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO EM VIRTUDE
DE INADIMPLEMENTO DO USUÁRIO
A doutrina e a jurisprudência majoritária são no sentido de que é possível a suspensão do
serviço público nessa hipótese, em vista que a Lei nº 8.987/1995 (art. 6º, § 3º, II) é considerada
norma especial em relação ao Código de Defesa do Consumidor (CDC) (art. 22 da Lei nº
8.078/1990).
Duas, entretanto, são as hipóteses em que mesmo havendo inadimplemento por parte do
usuário a prestação do serviço público não poderá ser interrompida:
Quando o usuário for o próprio poder público na condição de prestador de serviços essenciais
à população.
OU
Quando houver risco de lesão ao núcleo rígido de direitos fundamentais dos particulares (ex.:
fornecimento de energia elétrica para pessoa que sobrevive com auxílio de aparelhos médicos
elétricos).
“As concessionárias somente podem deixar de fornecer energia elétrica a entes públicos
inadimplentes quando não houver prejuízo à continuidade dos serviços públicos essenciais.
Isso porque o interesse da coletividade deve ser ponderado ante a aplicação das disposições
normativas que possibilitam a interrupção do fornecimento de energia elétrica quando, após
aviso, permanecer inadimplente o usuário” (STJ, Primeira Turma, AgInt no REsp 1814096/SE,
rel. min. Sérgio Kukina, DJe 11/11/2019).
EXTINÇÃO DA CONCESSÃO
As formas de extinção constam do art. 35 da Lei nº 8.987/1995:
 
Imagem: Shutterstock.com
ADVENTO DO TERMO CONTRATUAL
Fim do prazo da concessão.
 
Imagem: Shutterstock.com
ENCAMPAÇÃO
Retomada do serviço pelo poder concedente, por razões de interesse público, dependente de
lei autorizativa específica, e após quitação de indenizações à concessionária.
 
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CADUCIDADE
Inexecução total ou parcial do contrato de concessão, constatada mediante a instauração de
processo administrativo, e declarada por meio de decreto, sendo pagas eventuais indenizações
em razão de reversibilidade de bens somente a posteriori.
 
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RESCISÃO
Inadimplemento do contrato pelo poder concedente; não havendo acordo, declara-se por
sentença judicial – vale destacar que a concessionária não pode alegar a “exceção do contrato
não cumprido”, visto o princípio da continuidade dos serviços públicos, cabendo a suspensão
da execução do serviço apenas quando amparada por decisão judicial liminar, em hipóteses
em que a própria sobrevivência da concessionária esteja ameaçada pelo inadimplemento.
 
Imagem: Shutterstock.com
ANULAÇÃO
Extinção em virtude de ilegalidade no procedimento licitatório ou contrato de concessão, sendo
declarada pela via de processo administrativo, em função do poder de autotutela da
Administração Pública, pela via judicial. Na hipótese de a concessionária não ter colaborado
para a ilegalidade e ter agido de boa-fé, deve ser indenizada pelo poder concedente, vide art.
59 da Lei nº 8.666/1993.
 
Imagem: Shutterstock.com
FALÊNCIA OU EXTINÇÃO DA CONCESSIONÁRIA
Para além das hipóteses previstas na lei, deve-se admitir ainda a extinção do contrato por:
DISTRATO (ACORDO ENTRE AS PARTES)
MOTIVO DE FORÇA MAIOR
DESAPARECIMENTO DO OBJETO DO CONTRATO
REVERSIBILIDADE DOS BENS AFETOS AO SERVIÇO
PÚBLICO PRESTADO
Trata-se da transferência ao poder concedente, ao término do contrato de concessão, dos bens
do concessionário que estejam afetos à continuidade do serviço público concedido (arts. 35 e
36 da Lei nº 8.987/1995).
Tais bens, entretanto, devem ser indicados tanto no edital quanto no contrato de concessão
(arts. 18, X e XI, e 23 da Lei nº 8.987/1995). Quanto a tal evento, deve-se aferir quais bens não
foram amortizados pela execução do serviço até o fim do termo contratual, para que então se
proceda à indenização da concessionária.
RESPONSABILIDADE CIVIL
Na forma do disposto no art. 37, § 6º, da CF/1988, as concessionárias se submetem ao regime
de responsabilidade civil objetiva, sendo a vítima da conduta ilegal cometida usuária ou não do
serviço público prestado.
CONCESSÃO ESPECIAL
A Lei nº 11.079/2004 consagrou o instituto da PPP. Trata-se de solução adotada em vista:
Clique nas setas para ver o conteúdo. Objeto com interação.
Do esgotamento dos recursos financeiros do Estado para cumprir com a prestação de serviços
públicos e realização de grandes obras.
Da demanda por uma prestação eficiente da atividade, que efetivamente remunerasse os
custos pelo seu adimplemento.
Do princípio da subsidiariedade, onde seria priorizada a atuação do Estado apenas em searas
essenciais não atendidas de maneira adequada e suficiente pela iniciativa privada.
ESPÉCIES DE CONCESSÃO ESPECIAL
Vejamos:
CONCESSÃO PATROCINADA
CONCESSÃO ADMINISTRATIVA
CONCESSÃO PATROCINADA
“É a concessão de serviços públicos ou obras públicas de que trata a Lei nº 8.987/1995,
quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do
parceiro público ao parceiro privado” (art. 2º, parágrafo primeiro). Ou seja, aqui o parceiro
privado (concessionária) é remunerado por tarifa e dinheiro do orçamento público, podendo
ainda incidir as demais formas previstas no art. 6º da lei.
CONCESSÃO ADMINISTRATIVA
“É o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja usuária direta ou
indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens” (art. 2º, §
2º, da lei nº 8.987/1995). Aqui a concessionária não é remunerada por tarifa, mas apenas por
verbas advindas do orçamento público. Tem-se como objeto de concessão a prestação de
serviços públicos ou serviços administrativos (atividades privadas) ao Estado. Quando tem
como objeto a prestação de serviços públicos, a Administração Pública é apenas uma usuária
indireta, sendo a coletividade a usuária direta do serviço. Quando o objeto for a prestação de
serviços administrativos, a Administração pública se torna a usuária direta e a coletividade
usuária indireta dos serviços.
PERMISSÃO
Com o advento da CF/1988, mais especificamente em virtude da redação de seu art. 175,
parágrafo único, previu-se que a permissão de serviços públicos deveria levar em conta “o
caráter especial de seu contrato”.
Mais ainda, a Lei nº 8.987/1995 estabeleceu, em seu art. 40, que a permissão de serviço
público deveria ser formalizada mediante “contrato de adesão”, ou seja, segundo o
ordenamento jurídico, a natureza da permissão de serviços públicos seria de contrato
administrativo de adesão, tal qual o contrato de concessão.
Decorre do texto legal definidor de ambos os institutos, incisos II e IV do art. 2º da Lei nº
8.987/1995, apenas três diferenças:
1
A concessão pode ser contratada apenas com pessoa jurídica ou com consórcio de empresas,
enquanto a permissão pode ser contratada também com pessoa física, mas não com consórcio
de empresas.
2
A modalidade de licitação no tocante à concessão deve ser a concorrência ou o diálogo
competitivo, e em relação à permissão pode ser adotada qualquer modalidade.
3
Precariedade do instrumento que formaliza a permissão, o que parece contraditório visto a sua
natureza contratual.
 ATENÇÃO
Veja que, mesmo se considerássemos a permissão como um contrato por prazo
indeterminado, o Código Civil (CC), em seu art. 720, ainda assim condicionaria a resilição ao
aviso prévio de 90 dias. Portanto, a resilição do contrato de permissão pela Administração
Pública, mesmo que por razões de interesse público, a obrigaria a indenizar o permissionário.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AS PPP CONSTITUEM MODALIDADE CONTRATUAL INTRODUZIDA NO
ORDENAMENTO JURÍDICO PÁTRIO COMO ESPÉCIES DO GÊNERO
CONCESSÃO, NOS TERMOS DA LEI FEDERAL Nº 11.079/2004. ASSIM, DE
ACORDO COM O MARCO LEGAL VIGENTE DESDE ENTÃO:
A) Os contratos de concessão de serviços públicos que envolvem o pagamento de tarifa pelo
usuário e contraprestaçãopecuniária pelo poder público enquadram-se como concessão
patrocinada, admitindo, ainda, aportes de recursos pelo parceiro público destinados a
investimentos em bens reversíveis.
B) A denominada concessão administrativa substituiu a anterior concessão comum, que era
regida exclusivamente pela Lei Federal no 8.987/1995, tendo sido introduzidas disposições
contratuais obrigatórias para todas as concessões, tais como prazo contratual mínimo de 5 e
máximo de 35 anos.
C) Restou vedada a assunção, pelo poder público, de riscos contratuais decorrentes de caso
fortuito ou força maior, que passam a ser alocados obrigatoriamente ao parceiro privado,
assegurando-se a este o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato apenas na hipótese de
álea econômica extraordinária.
D) Estabeleceu-se um valor mínimo para os contratos de concessão patrocinada e concessão
comum, de R$10.000.000,00 (dez milhões de reais), abaixo do qual somente se admite a
contratação sob a forma de concessão administrativa.
E) Restou expressamente vedado o pagamento de contraprestação pelo poder público antes
da fruição integral do serviço objeto da concessão patrocinada, sendo autorizado aporte de
recursos pelo poder público, no ritmo de execução de obras, apenas na modalidade concessão
administrativa.
2. O FORNECIMENTO DE ÁGUA:
A) É um serviço de utilidade pública, uti universi e delegável.
B) Pode ter a respectiva taxa alterada pelo concessionário, que poderá considerar aspectos
mercadológicos para estabelecer o novo patamar a ser cobrado.
C) É um serviço de utilidade pública que não pode ser prestado por pessoa jurídica de direito
privado que não integre a Administração Pública.
D) Não poderá gerar cobrança vinculada de tarifa mínima, sendo imperiosa a correspondência
com o efetivo consumo.
E) Poderá gerar cobrança distinta de acordo com as categorias de usuários e faixas de
consumo.
GABARITO
1. As PPP constituem modalidade contratual introduzida no ordenamento jurídico pátrio
como espécies do gênero concessão, nos termos da Lei Federal nº 11.079/2004. Assim,
de acordo com o marco legal vigente desde então:
A alternativa "A " está correta.
 
A PPP é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa.
Conforme prevê o art. 2º, parágrafo 1º, da Lei nº 11.079/2004, “concessão patrocinada é a
concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987/1995, quando
envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro
público ao parceiro privado”.
2. O fornecimento de água:
A alternativa "E " está correta.
 
Essa opção reproduz a literalidade da Súmula nº 407 do STJ: “É legítima a cobrança da tarifa
de água, fixada de acordo com as categorias de usuários e as faixas de consumo”.
MÓDULO 2
 Descrever natureza, fundamentos, princípios, hipóteses de dispensa e
inexigibilidade, modalidades, procedimentos, anulação, revogação, infrações e crimes
administrativos das licitações
LICITAÇÕES
É o procedimento administrativo ao qual a Administração Pública (Direta e Indireta) e demais
indicados na Lei nº 14.133/2021 devem fazer valer com o fim de garantir a seleção da proposta
mais vantajosa para contratação com a Administração Pública.
 
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Sobre os destinatários da referida Lei Geral de Licitações, cabe realizar ressalva no tocante às
empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividades econômicas,
que a partir da promulgação da Lei nº 13.303/2016 passaram a contar com a lei especial sobre
o tema.
 ATENÇÃO
Vale salientar que, em 1º de abril de 2021, foi publicada a “Nova Lei de Licitações” ou “Novo
Estatuto de Licitações” (Lei nº 14.133/2021), que, em seu art. 189, estabeleceu que tal lei deve
ser aplicada às hipóteses previstas na legislação que façam referência expressa à Lei nº
8.666/1993, à Lei nº 10.520/2002 (Lei do Pregão) e aos arts. 1º a 47-A da Lei nº 12.462/2011
(Lei do Regime Diferenciado de Contratações – RDC).
Quanto ao seu âmbito de aplicação, a referida lei (art. 1º, parágrafo 1º) expressamente excluiu
sua incidência em relação às empresas públicas, sociedades de economia mista e suas
subsidiárias.
A licitação possui natureza jurídica de procedimento administrativo (conjunto ordenado de
documentos e ações que embasam uma decisão administrativa e atos de execução
subsequentes).
A regra da licitação possui fundamento constitucional nos seguintes artigos:
1
22, XXVII
Competência privativa da União para legislar sobre normas gerais de licitações e contratações.
2
37, XXI
Estabelece a licitação como regra para contratação pela Administração Pública, cabendo
exceções dispostas em lei.
3
173, PARÁGRAFO 1º, III
Atribui ao legislador a função de elaborar o estatuto jurídico das estatais econômicas, que
deverá dispor sobre licitação.
Igualmente, possui fundamentação infraconstitucional no âmbito de várias leis, tais como:
LEI Nº 8.666/1993
LEI 8.987/1995
LEI Nº 10.520/2002
LEI Nº 11.079/2004
LEI COMPLEMENTAR Nº 123/2006
LEI Nº 12.462/2011
LEI Nº 13.303/2016
LEI Nº 14.133/2021
LEIS INSTITUIDORAS DAS AGÊNCIAS REGULADORAS, QUE
TRAZEM REGRAS ESPECÍFICAS DE LICITAÇÃO NO ÂMBITO
DE TAIS SETORES REGULADOS
PRINCÍPIOS
Incidem sobre a licitação todos os princípios elencados no art. 37, caput (legalidade,
impessoalidade, moralidade e publicidade) e XXI (isonomia dos concorrentes) da CF/1988. Tais
princípios são classificados como gerais, visto que incidem sobre todas as atividades
administrativas. Adicionalmente, existem princípios específicos do instituto jurídico licitação,
previstos no art. 3º da Lei nº 8.666/1993 e no art. 5º da Lei nº 14.133/2021.
Quanto ao princípio da isonomia, devemos aplicá-lo às licitações sob seu prisma material
(substancial), ou seja, o tratamento dispensado aos licitantes deve ser igualitário no sentido de
“não discriminatório”, o que não impede de tratar os diferentes de maneira diferenciada, na
medida em que se desigualem – mais especificamente quando o tratamento diferenciado visar
promover, de forma proporcional, um fim eleito pela lei e constitucionalmente acolhido.
 EXEMPLO
Podemos citar o “tratamento diferenciado” dispensado às micro e pequenas empresas (art.
146, III, “d”, e art. 179 da CF/1988) e às cooperativas.
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA LICITAÇÃO
PRINCÍPIO DA COMPETITIVIDADE
Deve-se promover, o tanto quanto possível, o caráter competitivo da licitação, de forma a
alcançar a proposta mais vantajosa para a Administração Pública.
 ATENÇÃO
Deve-se atentar para o fato de que algumas propostas, por mais vantajosas que possam
parecer, conduzem à desclassificação do licitante. Esse é o caso das propostas com preços
manifestamente inexequíveis.
A esse respeito:
A Lei nº 8.666/1993, em seu art. 48, inciso II e parágrafo primeiro, traz um critério para
definição do que seria a proposta com preço inexequível apenas para o caso das “licitações de
menor preço para obras e serviços de engenharia”.
Já a Lei nº 14.133/2021 trata da questão em seu art. 59, inciso III e parágrafo quarto, trazendo
critério para licitação de “obras e serviços de engenharia”.
PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO
CONVOCATÓRIO
O art. 41 da Lei nº 8.666/1993 estabelece que “a Administração não pode descumprir as
normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada”, em complemento à
redação do art. 3º da lei.
Do mesmo modo, o art. 43, inciso V, ainda prevê que o “julgamento e [a] classificação das
propostas [deverão estar] de acordo com os critérios de avaliação constantes do edital”.
Vale salientar que, assim como a Administração, os licitantes devem respeitar as disposições
contidas no instrumento convocatório, que serve como garantia a ambas as partes acerca das
regras estabelecidas para reger o procedimento. 
 
A sua inobservância conduz à nulidade do procedimento sempre que importar em prejuízo ao
interesse coletivo ou aos demais licitantes, podendo, entretanto,ser superados eventuais vícios
formais não advindos de má-fé e que não importem em tais danos.
PRINCÍPIO DO PROCEDIMENTO FORMAL
O art. 4º da Lei nº 8.666/1993 estabelece que aqueles que participem de licitação promovida
pelos órgãos ou entidades da Administração Pública Direta e Indireta têm direito público
subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento estabelecido na lei, podendo qualquer
cidadão acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar ou
impedir a realização dos trabalhos.
Veja que a observância do procedimento formal estabelecido pela Lei não se confunde com
exigência de excesso de formalismo. Há, portanto, um movimento na legislação para
flexibilização de certas formalidades, de forma a promover maior competitividade aos certames.
 EXEMPLO
O art. 12, inciso IV da Lei da PPP, prevê que “o edital poderá prever a possibilidade de
saneamento de falhas, de complementação de insuficiências ou ainda de correções de caráter
formal no curso do procedimento, desde que o licitante possa satisfazer as exigências dentro
do prazo fixado no instrumento convocatório”.
PRINCÍPIO DO SIGILO DAS PROPOSTAS
Trata-se de diferimento do princípio da publicidade (visto que o conteúdo das propostas será
público apenas no momento da abertura). O parágrafo 3º do art. 3º da Lei nº 8.666/1993, diz
que o conteúdo da proposta, até a sua abertura, deverá ser sigiloso.
O sigilo das propostas visa promover a competição entre os concorrentes, de modo que não
haja qualquer ancoragem da proposta de um em relação ao do outro.
 ATENÇÃO
Há que se observar que na Lei do Pregão (Lei nº 11.079/2004) há a possibilidade de o edital
prever que as propostas sejam escritas, porém não sigilosas, seguidas de lances em viva voz
(art. 12, III, “b”). Isso também ocorre com o novo regulamento do pregão eletrônico (Decreto nº
10.024/2019).
A Lei nº 14.133 traz como exceção ao princípio da publicidade as hipóteses de informações
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, na forma da lei (art. 13,
caput) – tal texto já constava da CF/1988.
Para além da exceção, ainda temos o diferimento (realização em um momento futuro):
Quanto ao conteúdo das propostas – ou seja, o princípio do sigilo das propostas.
&
Quanto ao orçamento da Administração, mediante decisão fundamentada – trata-se do “sigilo
do orçamento” (incisos I e II, do parágrafo único do art. 13).
PRINCÍPIO DO JULGAMENTO OBJETIVO E OS
CRITÉRIOS DE JULGAMENTO (“TIPOS DE
LICITAÇÃO”)
As propostas apresentadas pelos licitantes devem ser julgadas segundo critérios objetivos
elencados na Lei que rege o procedimento.
O art. 45 da Lei nº 8.666/1993 estabelece quatro critérios a serem previamente estabelecidos
no ato convocatório:
MELHOR PREÇO
MELHOR TÉCNICA
TÉCNICA E PREÇO
MAIOR LANCE OU OFERTA
Em havendo empate entre os licitantes, o vencedor será definido por meio de sorteio. Deve-se
ressaltar que tais critérios não são aplicáveis a duas modalidades de licitação:
CONCURSO
&
PREGÃO
Já a Lei nº 14.133/2021 trouxe seis critérios de julgamento:
1
Menor preço (art. 34)
2
Maior desconto (art. 34)
3
Melhor técnica ou conteúdo artístico (art. 35)
4
Técnica e preço (arts. 34 e 36-38)
5
Maior retorno econômico (art. 39)
6
Maior lance, no caso de leilão (art. 33, V)
O critério “maior lance” fica restrito à modalidade leilão e o “maior retorno econômico” é
aplicável aos contratos de eficiência.
PRINCÍPIO DA ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA
Ao final do procedimento licitatório, em não sendo constatada qualquer ilegalidade, a
Administração Pública deve (à exceção de justa motivação) adjudicar (entregar) o objeto da
licitação ao licitante vencedor, garantindo que, caso seja celebrado contrato para a execução
do objeto licitado, o será com o licitante vencedor.
 ATENÇÃO
O que existe aqui é o direito subjetivo do licitante vencedor de não ser preterido em relação aos
demais licitantes, o que não se confunde com a obrigatoriedade de a Administração
efetivamente celebrar o contrato (nesse sentido, o parágrafo 3º, do art. 90 da Lei nº
14.133/2021, deixa clara a opção da Administração de não convocar o licitante vencedor para
assinar o contrato).
Três podem ser as razões a justificar a não celebração do contrato por parte da Administração:
Clique nas setas para ver o conteúdo. Objeto com interação.
Existência de ilegalidade no procedimento licitatório, o que conduz à sua anulação.
Por motivos supervenientes de interesse público, o que conduz à sua revogação.
Em virtude de o licitante vencedor, após devidamente convocado, não comparecer para assinar
o contrato, o que levará à revogação da licitação ou convocação do segundo colocado.
Cabe, por fim, salientar que a revogação da licitação pode ocorrer em qualquer de suas
fases.
No vídeo a seguir, o professor Filipe Fonseca fala sobre o conceito de licitação e seus
princípios mais importantes. Vamos assistir!
DISPENSA
Em primeiro lugar, devemos diferenciar dispensa de licitação de licitação dispensada.
A licitação dispensada (dispensa legal) é aquela a que se referem as alíneas do inciso I do
art. 17 da Lei nº 8.666/1993 ao tratar da alienação de bens pertencentes à Administração
Pública, que, em regra, está subordinada à existência de interesse público devidamente
justificado, à avaliação prévia e ao procedimento licitatório na modalidade concorrência para
imóveis e leilão para móveis.
Os bens imóveis pertencentes aos órgãos da Administração Direta, às autarquias e às
fundações públicas adicionalmente dependerão de prévia autorização legislativa, visto que tais
entidades são constituídas (inclusive seu patrimônio) por lei.
 
Foto: Pixabay
 ATENÇÃO
A licitação, entretanto, deverá ser dispensada apenas nas hipóteses listadas nas alíneas dos
incisos I e II do referido artigo. Veja que aqui temos um rol taxativo, e que não cumpre ao
administrador fazer juízo de discricionariedade sobre dispensar ou não a licitação, visto que tal
dispensa já fora imposta pelo legislador.
A Lei nº 14.133/2021 trata da dispensa legal nas alíneas dos incisos I e II de seu art. 76, sendo
a modalidade leilão aplicada para qualquer caso, bem móvel ou imóvel, e independentemente
do valor do bem.
A dispensa de licitação (dispensa discricionária) é tratada no art. 75 da Lei nº 14.133/2021,
sendo listada em seus incisos todas as hipóteses em que existe a viabilidade de se promover a
licitação. Ainda assim, o administrador público poderá dispensar a sua realização.
A diferença aqui é que temos critérios de conveniência e oportunidade pautando a tomada
de decisão do administrador, que não se encontra vinculado pelo legislador para além do rol
taxativo disposto nos incisos do artigo mencionado.
INEXIGIBILIDADE
O art. 74 da Lei nº 14.133/2021 diz que é inexigível licitação quando houver inviabilidade de
competição. Ademais, o dispositivo normativo traz rol exemplificativo de hipóteses de
inexigibilidade, que podem ser divididas em duas categorias:
QUANTITATIVA
&
QUALITATIVA
Vejamos:
Quantitativa: Quando os materiais, equipamentos ou gêneros só possam ser fornecidos por
produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, sendo, porém, vedada a preferência
de marca.
Na exclusividade absoluta, a licitação é sempre inexigível; já na relativa ela somente será
inexigível caso atestada a exclusividade na praça em que ocorrerá a licitação.
Qualitativa: Nos casos em que for impossível definir o melhor produto a ser adquirido ou
serviço a ser prestado, por ausência de critérios objetivos de valoração.
 EXEMPLO
A contratação de um artista para um show de final de ano em um município qualquer.
 
Foto: Marcos Moura / Prefeitura de Fortaleza.
 Alcione no show de réveillon na cidade de Fortaleza, na passagem de 2018 para 2019.
A Lei nº 14.133/2021, em seu art. 74, traz rol exemplificativo com cinco hipóteses, sendo duas
delas inovadoras em relação à antiga lei:
 
Foto: Unsplash.com
Objetos que devam oupossam ser contratados por meio de credenciamento.
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Foto: Unsplash.com
Aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de localização tornem
necessária sua escolha (vejam que essa hipótese, na Lei nº 8.666/1993, era de licitação
dispensável).
MODALIDADES DE LICITAÇÃO
A Lei nº 8.666/1993, em seu art. 22, traz cinco modalidades de procedimentos para a
realização da licitação:
CONCORRÊNCIA
TOMADA DE PREÇOS
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CONVITE
CONCURSO
LEILÃO
Adicionalmente:
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A Lei nº 10.520/2002 regula o pregão.
Decreto nº 10.024/2019 regula na forma eletrônica (pregão eletrônico).
A Lei nº 9.986, em seu art. 32, por sua vez, estabelece a modalidade consulta.
O regime diferenciado de contratação, modalidade prevista pela Lei nº 12.462/2011.
O art. 22 da Lei nº 8.666/1993, em seu § 8º, proíbe “a criação de outras modalidades de
licitação ou a combinação das referidas” no artigo. O que se veda no citado dispositivo
normativo é a criação sem disposição legal.
Algumas modalidades devem ser obrigatoriamente adotadas de acordo com o valor da
contratação – é o que dispõe o art. 23, incisos I e II –, sendo que tais valores restaram
atualizados pelo Decreto no 9.412/2018.
Quanto ao tema, a Lei nº 14.133/2021 trouxe cinco modalidades (art. 28):
PREGÃO
CONCORRÊNCIA
CONCURSO
LEILÃO
DIÁLOGO COMPETITIVO
 SAIBA MAIS
A Administração pode ainda se servir dos “procedimentos auxiliares” previstos no art. 78 da lei
(parágrafo primeiro do art. 28), quais sejam: credenciamento, pré-qualificação, procedimento
de manifestação de interesse, sistema de registro de preços e registro cadastral. 
 
Dessa forma, deixaram de existir tomada de preços, convite e RDC, e surgiu a modalidade do
diálogo competitivo.
PREGÃO
O pregão tradicional se encontrava previsto na Lei nº 10.520/2002, tratando-se de modalidade
“facultativa” (sendo obrigatório apenas em alguns regulamentos de entidades da federação)
para aquisição de bens e serviços comuns por parte da Administração Direta e Indireta de
quaisquer dos entes federados.
Já na Lei nº 14.133/2021, o pregão passou a ser, como regra, modalidade “obrigatória” (art. 6º,
XLI), tendo apenas uma exceção: nos casos de serviços comuns de engenharia, admite-se o
pregão ou a concorrência (art. 6º, XXXVIII).
 
Foto: Pixabay
São bens e serviços comuns, para os fins e efeitos da Lei nº 14.133/2021, aqueles cujos
padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio
de especificações usuais no mercado (qualquer que seja o valor contratado).
Destaca-se ainda que pela própria natureza do objeto da licitação (bens e serviços comuns) o
tipo de licitação adotado na Lei nº 8.666/1993 para o pregão é o “menor preço”.
No âmbito federal, essa modalidade se encontra regulamentada, na forma presencial, pelo
Decreto nº 3.550/2000, e na forma eletrônica, pelo Decreto nº 10.024/2019. Os Estados,
Municípios e o Distrito Federal, observando o disposto na Lei nº 10.520/2002, também devem
regulamentar a matéria.
 SAIBA MAIS
Uma característica diferenciadora do leilão em relação à concorrência é que aqui há a
chamada inversão de fases em relação ao que dispõe a Lei nº 8.666/1993 (quanto à Nova Lei
de Licitações, essa é a regra – vide seu art. 17) porque a fase de julgamento das propostas é
prévia à fase de habilitação dos licitantes.
Desse modo, somente após a definição do licitante vencedor é que se analisará se ele é
habilitado a adjudicar o objeto da licitação. Em suma, o procedimento do pregão se dá da
seguinte forma:
 
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Publicação do edital.
 
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Apresentação e julgamento das propostas em sessão pública.
 
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O autor da oferta de valor mais baixo e os autores das ofertas com preços até 10% superiores
àquela poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor (caso
não haja pelo menos três ofertas dentro da margem de 10%, a nova competição se dará entre
os ofertantes das três melhores propostas, independentemente dos valores ofertados).
 
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Ao fim da fase de julgamento, tem-se início a fase de habilitação do licitante vencedor.
 
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Estando habilitado, declara-se vencedor o licitante que ofertou a melhor proposta, adjudicando-
se a ele o objeto da licitação.
 
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Com a análise da regularidade do certame, a Administração Pública homologa o resultado da
licitação.
No tocante ao pregão, também se deve ressaltar que a Lei nº 10.520/2002 veda, em seu art.
5º, a exigência de:
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Garantia da proposta.
Aquisição do edital de licitação como condição para participação no certame.
Pagamento de taxas e emolumentos, salvo os referentes a fornecimento do edital, não
superiores ao custo de sua reprodução gráfica, e aos custos de utilização de recursos de
tecnologia da informação, quando for o caso.
Em relação à modalidade na forma eletrônica, será obrigatória em relação aos processos
competitivos realizados a distância, em sessão pública por meio da internet, pelos órgãos da
Administração Pública Federal Direta, pelas autarquias, pelas fundações e pelos fundos
especiais (art. 1º, parágrafo 1º, do Decreto nº 10.024/2019).
 
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Comparando o pregão presencial e eletrônico, no tocante ao objeto licitado, temos que o
Decreto nº 3.555/2000, que regulamenta o pregão presencial, em seu art. 5º, prevê que tal
modalidade não se presta à contratação de:
OBRAS
SERVIÇOS DE ENGENHARIA
LOCAÇÕES IMOBILIÁRIAS
ALIENAÇÕES EM GERAL
 ATENÇÃO
O Decreto nº 10.024/2019, que regulamentava o pregão eletrônico, não veda o pregão para a
contratação de serviços de engenharia, só para os demais objetos aqui listados. 
 
Interessante notar também que o Decreto nº 10.024/2019, em seu art. 7º, estabelece como
critério de julgamento (tipo de licitação) o “menor preço” ou “maior desconto”, sendo este último
critério uma inovação em relação aos critérios existentes ao tempo de seu advento.
MODOS DE DISPUTA
A Lei nº 8.666/1993 não previa expressamente os modos de disputa. No entanto, podemos
dizer que a modalidade concorrência adota o modo fechado, enquanto o pregão (Lei nº
10.520/2002) adota o modo aberto.
A Lei nº 12.462/2011 (RDC) já mencionava expressamente os modos aberto e fechado em
seus arts. 16 e 17.
Com o advento da Lei nº 14.133/2021, passou-se a prever na (nova) Lei Geral de Licitações os
dois modos de disputa em seu art. 56:
ABERTO
Hipótese em que os licitantes apresentarão suas propostas por meio de lances públicos e
sucessivos, crescentes ou decrescentes.
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FECHADO
Hipótese em que as propostas permanecerão em sigilo até a data e hora designadas para sua
divulgação.
REGIMES DE EXECUÇÃO
Em seu art. 6º, incisos VII e VIII, a Lei nº 8.666/1993 estabelece que dois podem ser os
regimes de execução:
 
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DIRETA
A que é feita pelos órgãos e pelas entidades da Administração, por meios próprios.
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INDIRETA
A que o órgão ou entidade contrata com terceiros sob qualquer um dos seguintes regimes: (i)
empreitada por preço global; (ii) empreitada por preço unitário; (iii) empreitada integral; e (iv)
tarefa. Adicionalmente, tanto a Lei nº 12.462/2011 (Lei do RDC), em seu art. 8º, V, quanto a Lei
nº 13.303/2016 (Lei das Estatais), em seu art. 42, VI, preveem uma quinta espécie, a (v)
contratação integrada. Mais ainda, a Lei das Estatais previa um sexto regime, da (vi)
contratação semi-integrada (art. 42, V).
A Lei nº 14.133/2021 (Lei de Licitações) inovou ao prever em seu art. 46 os seguintes regimes
de execução indireta:
1
Empreitada por preço global
2
Empreitada por preço unitário
3
Empreitada integral
4
Contratação por tarefa
5
Contratação integrada6
Contratação semi-integrada
7
Fornecimento e prestação de serviço associado
PROCEDIMENTOS
A licitação é um procedimento administrativo em que existe a interação do ente público com
agentes privados, com a formalização por meio da produção e juntada de documentos. De
forma a organizar e regrar tal procedimento, instaura-se um processo administrativo, com uma
fase interna e outra externa.
 SAIBA MAIS
Vale salientar que a Lei nº 8.666/1993 não trazia qualquer artigo expresso enumerando as
fases da licitação, sendo que a doutrina elencava uma fase interna (até a divulgação do
instrumento convocatório) e uma fase externa (onde sucessivamente acontecia divulgação do
instrumento convocatório, habilitação, julgamento, homologação e adjudicação).
Já a Lei nº 14.133 prevê de maneira expressa todas as fases em seu art. 17:
1
Preparatória
2
De divulgação do edital de licitação
3
De apresentação de propostas e lances, quando for o caso
4
De julgamento
5
De habilitação
6
Recursal
7
De homologação
Ademais, a lei ainda prevê que, definido o resultado do julgamento, a Administração poderá
negociar condições mais vantajosas com o primeiro colocado (fase de negociação), vide art.
61. Tal previsão já existia, como uma faculdade, na Lei nº 10.520/2002 (pregão), vide art. 4º,
XVII.
Quanto à ordem das fases da licitação, vale o apontamento de que a Lei nº 14.133 inverteu a
ordem de julgamento e habilitação, a exemplo do que já faziam a Leis do Pregão e do RDC –
chamando esse rito de procedimental comum, inerente às modalidades concorrência e
pregão (art. 29).
Entretanto, a lei ainda permite que a fase de habilitação preceda a fase de julgamento –
inversão de fases – “mediante ato fundamentado” (vide parágrafo 1º do art. 17). Já as demais
modalidades seguirão o rito procedimental especial, tendo cada uma delas o seu próprio rito.
Vejamos:
FASE INTERNA
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Em resumo, trata-se da fase em que existe apenas a atuação da Administração Pública, com a
preparação para a realização do certame abarcando tudo o que ocorre antes da publicação do
instrumento convocatório.
FASE EXTERNA
Cumpridos todos os requisitos exigidos na fase interna, e estando aprovado o edital de
licitação, dá-se início à fase externa e seus trâmites.
PUBLICAÇÃO DO INSTRUMENTO
CONVOCATÓRIO
Com a publicação do instrumento convocatório (edital ou carta convite), a Administração
torna pública a sua vontade de contratar, dando ciência a todos os interessados dos termos
que balizarão a referida contratação.
HABILITAÇÃO
Trata-se da fase em que a Administração Pública, mediante a análise dos documentos trazidos
pelos licitantes, averigua se estão aptos (possuem as condições técnicas, pessoais e
financeiras) a contratar:
JULGAMENTO DAS PROPOSTAS
CLASSIFICAÇÃO
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HOMOLOGAÇÃO
Após o julgamento e a classificação das propostas, e tendo se sagrado o licitante vencedor do
certame, os autos do processo são encaminhados pela comissão para autoridade competente
para que delibere sobre a homologação (aprovação do procedimento) e adjudicação do objeto
da licitação.
É preciso lembrar que a autoridade competente somente poderá revogar a licitação por
razões de interesse público em decorrência de fato superveniente devidamente comprovado,
pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou
provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado (art. 49).
ADJUDICAÇÃO
Após a homologação, a mesma autoridade competente adjudica (atribui) ao vencedor o objeto
da licitação. Não há aqui discricionariedade para a Administração (ato vinculado). Sendo
homologado o seu resultado, deve a Administração proclamar (ato declaratório) que o objeto
da licitação está sendo entregue ao licitante vencedor.
A adjudicação produz alguns efeitos:
Clique nas setas para ver o conteúdo. Objeto com interação.
O licitante vencedor (adjudicatário) passa a ter o direito subjetivo a, caso a Administração
prossiga para a contratação, que o faça nos termos da proposta vencedora.
O licitante vencedor se vincula a todos os encargos estabelecidos tanto no edital quanto na sua
proposta vencedor.
O licitante vencedor se sujeita às penalidades previstas no edital e a perder as garantias
oferecidas, caso não assine o contrato dentro do prazo e condições estabelecidas.
A Administração passa a ficar impedida de contratar o objeto licitado com qualquer outro que
não o licitante vencedor.
 ATENÇÃO
Veja, que, apesar de a Administração ser obrigada a adjudicar o objeto do contrato ao licitante
vencedor, ela possui discricionariedade para efetivamente contratar ou não o adjudicatário (que
apenas pode exigir não ser preterido na hipótese de a Administração resolver contratar o objeto
da licitação).
ANULAÇÃO
A anulação é um ato que decorre do poder-dever de autotutela da Administração, ou ainda de
decisão de outro Poder (Legislativo ou Judiciário) quando do exercício de controle externo,
produzindo efeitos ex tunc (retroativos à data da ilegalidade). Identificada a ilegalidade, a
autoridade competente deve anular o certame.
 
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Como regra, a anulação não gera dever de indenizar o licitante vencedor, com exceção da
hipótese na qual a ilegalidade foi cometida pela própria Administração (art. 59 e parágrafo
único da Lei nº 8.666/1993). 
 
Caso já tenha sido assinado o contrato, e se descubra ilegalidade no procedimento de licitação,
a declaração de nulidade do procedimento contamina igualmente o contrato.
Por fim, frisa-se que deve ser garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa previamente
ao desfazimento do processo de licitação.
REVOGAÇÃO
Conforme já descrito, ao contrário da anulação, a revogação é uma discricionariedade de
desfazimento do procedimento por motivo de conveniência e oportunidade, resultante de fato
superveniente devidamente comprovado (art. 71, II e §2º, da Lei 14.133).
A lei também assegura o direito de prévia manifestação dos interessados para o caso de
revogação, e não apenas para o de anulação (§ 3º do art. 71).
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
São violações de normas internas da Administração, ilícitos de natureza administrativa. A Lei nº
8.666/1993 apenas previu infrações administrativas no tocante aos contratos administrativos
(art. 87), mas não em relação ao procedimento licitatório.
Tal fato, de maneira alguma, impede que, no caso de constatadas irregularidades, a
Administração culpe o particular responsável pelo seu cometimento. Isso, inclusive, é
corroborado com o advento da Lei nº 12.846/2013 (Lei Anticorrupção), vide art. 5º, IV e alíneas
a até g.
A Lei nº 14.133/2021 (Nova Lei de Licitações) trata do tema nos seus arts. 155 a 163.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. DETERMINADO ÓRGÃO PÚBLICO PRETENDE REALIZAR DUAS
CONTRATAÇÕES. A PRIMEIRA REFERE-SE À AQUISIÇÃO DE BENS
PRODUZIDOS NO PAÍS POR MAIS DE UMA EMPRESA, OS QUAIS,
CONFORME PARECER DE COMISSÃO ESPECIALMENTE DESIGNADA
PELA AUTORIDADE MÁXIMA DO ÓRGÃO RESPONSÁVEL PELA
CONTRATAÇÃO, ENVOLVEM, CUMULATIVAMENTE, ALTA
COMPLEXIDADE TECNOLÓGICA E DEFESA NACIONAL. A SEGUNDA
REFERE-SE A SERVIÇOS DE PUBLICIDADE E DIVULGAÇÃO, QUE,
CONFORME MANIFESTAÇÃO DO ÓRGÃO TÉCNICO RESPONSÁVEL
PELA CONTRATAÇÃO, SÓ PODEM SER PRESTADOS POR EMPRESAS DE
NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO. NESSA HIPÓTESE, DE ACORDO COM A
NOVA LEI DE LICITAÇÕES (LEI Nº 14.133/2021), A PRIMEIRA
CONTRATAÇÃO:
A) Dispensa a licitação, e a segunda pode ser feita por inexigibilidade de licitação.
B) Dispensa a licitação, mas, para a segunda, a lei veda a inexigibilidade.
C) Pode ser feita diretamente por inexigibilidade de licitação, mas a segunda exige licitação.
D) Precisa ser feita por meio de licitação, mas a segunda a dispensa.
E) Precisa ser feita por meio de licitação, assim como a segunda.
2. SOBRE O PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO
CONVOCATÓRIO, QUE INFORMA A LICITAÇÃO, PODE-SE AFIRMAR QUE
ELE:
A) Deve ser observado com mitigação do formalismode modo a possibilitar que sejam
superados eventuais vícios formais que não importem prejuízo ao interesse coletivo ou aos
demais licitantes.
B) Significa a inexistência de discricionariedade administrativa na licitação, dado que as
cláusulas e condições da convocação são estabelecidas em lei.
C) Não tem natureza absoluta, e sua observância poderá ser dispensada quando se faça
necessário para assegurar a escolha da proposta mais vantajosa pela Administração.
D) Tem natureza absoluta e deve ser observado em consonância com o formalismo estrito que
caracteriza o procedimento licitatório.
E) Apenas os licitantes devem respeitar as disposições contidas no instrumento convocatório,
podendo a Administração Pública, visando ao atingimento do interesse público, adotar
parâmetros de julgamento ou procedimentos não contidos no edital ou carta-convite.
GABARITO
1. Determinado órgão público pretende realizar duas contratações. A primeira refere-se à
aquisição de bens produzidos no país por mais de uma empresa, os quais, conforme
parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão
responsável pela contratação, envolvem, cumulativamente, alta complexidade
tecnológica e defesa nacional. A segunda refere-se a serviços de publicidade e
divulgação, que, conforme manifestação do órgão técnico responsável pela contratação,
só podem ser prestados por empresas de notória especialização. Nessa hipótese, de
acordo com a Nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021), a primeira contratação:
A alternativa "B " está correta.
 
A opção está em conformidade com o disposto nos arts. 75, inciso XXVIIIIV, alínea f, e 74,
inciso IIIII, ambos da Lei Federal nº 14.133/2021.
2. Sobre o princípio da vinculação ao instrumento convocatório, que informa a licitação,
pode-se afirmar que ele:
A alternativa "A " está correta.
 
Como o princípio da vinculação ao instrumento convocatório não pode ser visto de forma
absoluta (de fato, princípio algum possui caráter absoluto porque é da natureza dos princípios a
aplicação em maior ou menor grau, a depender da situação fática em que se balizam), sendo
possível que o formalismo do procedimento seja mitigado, em certos casos, desde que daí não
advenham prejuízos aos licitantes ou ao interesse público, e desde que o vício formal não
tenha advindo de má-fé.
MÓDULO 3
 Aplicar conceito, normatividade, sujeitos, características, espécies, cláusulas
exorbitantes, extinção e sanções nos contratos administrativos
CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO E SUAS
ESPÉCIES
As manifestações de vontade da Administração se dão de forma:
UNILATERAL
(atos administrativos)
BILATERAL
(contratos da Administração)
PLURILATERAL
(consórcios e convênios)
A atividade de contratar é sempre uma discricionariedade da Administração Pública e ao
executá-la estará diante de uma atividade administrativa.
Em virtude disso, eventual legislação que condicione a celebração de contrato pela
Administração à prévia autorização da legislação será inquinada de vício de
inconstitucionalidade.
No tocante aos contratos e ajustes bilaterais celebrados pela Administração, eles são de duas
espécies:
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
CONTRATOS PRIVADOS DA ADMINISTRAÇÃO
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
São os contratos típicos da Administração, atraindo a incidência de normas especiais de direito
público, aplicando-se apenas supletivamente os princípios da teoria geral dos contratos e as
disposições de direito privado (art. 54 da Lei nº 8.666/1993; e art. 89 da Lei nº 14.133/2021).
CONTRATOS PRIVADOS DA ADMINISTRAÇÃO
São os contratos em que os poderes público e particular se encontram em condição de relativa
igualdade (horizontalidade), sendo o regime jurídico incidente predominantemente privado,
aplicando-se apenas no que couber as cláusulas exorbitantes – ou seja, apenas quando as
partes elegerem conjuntamente, por expressa previsão contratual, a incidência de tais
cláusulas.
Eis a principal diferença dos contratos administrativos para os contratos privados da
Administração: o regime jurídico, que aqui é predominantemente público e lá é privado. E é
justamente em virtude desse regime público que existe um desbalanceamento entre a relação
dos poderes público e particular, quando celebram contratos administrativos, sendo um
exemplo desse desnível a presença das cláusulas exorbitantes.
SUJEITOS
Conforme os arts. 2º, parágrafo único, e 6º, XIV e XV, da Lei nº 8.666/1993; e art. 6º, VII e VIII,
da Lei nº 14.133/2021, dois são os sujeitos (ou partes) do contrato administrativo:
A Administração Pública (contratante)
&
Particular (contratado)
Quanto à possibilidade de ambas as partes do contrato serem entidades pertencentes à
Administração Pública, existem duas posições na doutrina:
 
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Haveria tal possibilidade em virtude da própria natureza das partes contratantes (CARVALHO
FILHO, 2014, p. 177).
 
Imagem: Shutterstock.com
Não haveria tal possibilidade, visto que o ajuste entre pessoas pertencentes à Administração
Pública não possuiria caráter contratual, mas, sim, de convênio ou consórcio. Oliveira (2016, p.
457) entende que haveria uma única exceção: o caso de uma pessoa administrativa contratar
com empresa estatal que presta atividade econômica em regime de concorrência com
empresas privadas, visto que nesse caso seria possível a caracterização das prerrogativas em
favor do ente federado.
Em relação às entidades integrantes da Administração Pública que possuem personalidade de
direito privado (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações estatais de
direito privado), poderiam elas se valer do instituto do contrato administrativo para pactuar com
particulares? Duas são as posições na doutrina:
POSIÇÃO 1
Há aqueles que entendem que apenas a Administração Pública Direta e entidades de direito
público da Administração Indireta poderiam celebrar contratos administrativos (PEREIRA
JUNIOR, 2007, p. 616).
Nesse sentido, o Estatuto das Estatais (Lei nº 13.303/2016), que se aplica às empresas
públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias, de todas as entidades da
federação, estabelece em seu art. 68 que os contratos firmados pelas estatais com aqueles
que fornecem serviços, materiais ou executam obras regem-se pelos preceitos de direito
privado, ao contrário do que ocorre com os contratos administrativos.
Adicionalmente, os seus arts. 72 e 81 estabelecem que tais contratos somente poderão ser
alterados por acordo entre as partes, ou seja, o particular não é obrigado a se submeter às
condições impostas unilateralmente pelo ente administrativo, sendo mais um elemento que
descaracterizaria os contratos firmados pelas estatais como contratos administrativos.
POSIÇÃO 2
As entidades de direito privado pertencentes à Administração Pública, quando imbuídas da
prestação de serviços públicos, poderão celebrar contratos administrativos (para consecução
de tais serviços) (OLIVEIRA, 2016, p. 458).
CARACTERÍSTICAS
As características dos contratos administrativos derivam de seu regime jurídico
predominantemente público, como veremos a seguir.
PRESENÇA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA
CONDIÇÃO DE PODER PÚBLICO
A entidade administrativa figura nos contratos administrativos como parte pública, dotada de
prerrogativas (cláusulas exorbitantes) que lhe permitam buscar o atingimento do interesse
público primário.
OBEDIÊNCIA À FORMA PREVISTA EM LEI
(FORMALISMO)
Como regra, justamente por lidar com a administração da “coisa pública”, a lei impõe alguns
formalismos para a concretização do contrato administrativo, como a inclusão de certas
“cláusulas necessárias” (art. 55, da Lei nº 8.666/1993, e § 1º e 2º, do art. 89 c/c 92, da Lei nº
14.133/2021) e a forma escrita do contrato (art. 60, parágrafo único, da Lei nº 8.666/1993 e art.
91, da Lei nº 14.133/2021).
A Lei nº 14.133/2021, porém, previu que é possível o contrato verbal “de pequenas compras ou
de prestação de serviços de pronto pagamento, assim entendidosaqueles de valor não
superior a R$10.000,00” (art. 95, parágrafo 2º).
 
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FINALIDADE PÚBLICA
O atuar administrativo, por atos ou contratos, deverá sempre almejar a realização do interesse
público.
NATUREZA PERSONALÍSSIMA (INTUITO
PERSONAE)
Os contratos cuja lei tenha imposto a exigência de realização de licitação prévia devem ser
cumpridos (em regra) pelo licitante vencedor, visto que ele foi escolhido em razão de suas
condições pessoais asseguradas quando de sua habilitação.
BILATERALIDADE
Em se tratando de um contrato, é preceito de sua constituição a manifestação de vontade de
ambas as partes, em que cada qual assume obrigações perante a outra. Há, entretanto,
diferentes graus de exercício da vontade do particular em relação aos contratos
administrativos, visto que:
Grande parte de suas cláusulas são inegociáveis, cabendo ao particular meramente aderir
aos seus termos, as chamadas “cláusulas regulamentares” (ou de serviço), que especificam o
objeto a ser contratado, a forma de prestação/fornecimento, prazo etc.

Outra parcela é composta das “cláusulas econômicas”, que regem o preço, reajuste etc., tendo
o particular capacidade de influenciar na formatação dessa parte do contrato.
 ATENÇÃO
Vale lembrar que, em relação aos atos administrativos, apenas a vontade da Administração é
levada em conta, sendo formatados unicamente pelo ente público – por isso a sua
característica de unilateralidade.
COMUTATIVIDADE
As partes possuem obrigações equivalentes e estabelecidas de forma prévia à execução do
objeto contratual. Desse modo, o equilíbrio econômico que tangencia o contrato deve ser
mantido durante toda a sua execução, o chamado princípio constitucional do equilíbrio
econômico-financeiro do contrato (art. 37, XXI, da CR/1988). Nesse sentido, o contrato deve
prever cláusulas de reajustamento e repactuação.
DESEQUILÍBRIO ENTRE OS CONTRATANTES
(PRESENÇA DE CLÁUSULAS EXORBITANTES)
As partes contratantes se encontram em posição de desigualdade, visto que as cláusulas
exorbitantes conferem à Administração poderes de unilateralmente:
• Alterar o contrato 
• Extinguir o contrato 
• Fiscalizar sanções 
• Aplicar sanções 
• Ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do
contrato nas hipóteses de: (i) risco à prestação de serviços essenciais; e (ii) necessidade de
acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, inclusive após extinção
do contrato (art. 58 da Lei nº 8.666/1993; e art. 104 da Lei nº 14.133/2021).
INSTABILIDADE (MUTABILIDADE)
O poder público tem a prerrogativa de alterar o contrato, unilateralmente, para melhor
adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado ao
equilíbrio econômico-financeiro (art. 58, I da Lei nº 8.666/1993), mais especificamente em duas
hipóteses:
Quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica
aos seus objetivos.
&
Quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou
diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por essa lei (art. 65, I da Lei nº
8.666/1993 e art. 104, I da Lei nº 14.133/2021).
 ATENÇÃO
Deve-se ressaltar que a prerrogativa de modificação unilateral pela Administração se refere
apenas às cláusulas regulamentares (de serviço), não se aplicando às cláusulas econômicas
(financeiras).
Tal prerrogativa se mostra necessária de modo que a Administração possa adequar o contrato
a eventuais mudanças na realidade social, política e/ou econômica.
No vídeo a seguir, o professor Filipe Fonseca aborda os contratos administrativos e suas
principais características. Vamos assistir!
ESPÉCIES
Vejamos as espécies de contratos:
 
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CONTRATOS DE OBRA PÚBLICA
São aqueles cujo objeto consiste na construção, reforma, fabricação, recuperação ou
ampliação de bem público, realizada por execução direta ou indireta.
 
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CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
A Lei nº 8.666/1993, em seu art. 6º, II, define serviço como “toda atividade destinada a obter
determinada utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto,
instalação, montagem, operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte,
locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais”. A Lei nº 14.133 trouxe
definição mais sintética em seu art. 6º, IX.
 
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CONTRATOS DE FORNECIMENTO (COMPRAS)
São os contratos para aquisição de bens móveis para a consecução das atividades
administrativas: aquisição de materiais de escritório para as repartições públicas, materiais
médicos para postos e hospitais públicos, equipamentos para escolas etc.
A Lei nº 14.133/2021 define “compra”, em seu art. 6º, X, como a “aquisição remunerada de
bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente, considerada imediata aquela com
prazo de entrega de até 30 (trinta) dias da ordem de fornecimento”.
 
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CONTRATOS DE CONCESSÃO E PERMISSÃO
A concessão é o contrato administrativo que transfere aos particulares faculdades cuja
titularidade pertence ao poder público.
Duas são as espécies dos contratos de concessão: 
(i) concessões de serviços públicos; e 
(ii) concessões de uso de bem público.
CLÁUSULAS EXORBITANTES
Conforme já visto, a presença das cláusulas exorbitantes, ou cláusulas de privilégios, constitui
um dos traços mais marcantes dos contratos administrativos.
Tais privilégios configuram o “regime jurídico de direito público”.
ALTERAÇÃO UNILATERAL DO OBJETO DO
CONTRATO
Trata-se de prerrogativa prevista no inciso I do art. 58, da Lei nº 8.666/1993, e no inciso I do
art. 124, da Lei nº 14.133/2021, podendo a Administração modificá-los, unilateralmente,
quando:
Clique nas setas para ver o conteúdo. Objeto com interação.
Houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica a seus
objetivos.
Quando for necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou
diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos pela lei, e respeitados os direitos
do contratado.
A norma, entretanto, não pode servir como justificativa para abusos e ilegalidades por parte do
administrador público (art. 126 da Lei nº 14.133/2021). Sua função é conferir maleabilidade ao
contrato para adaptá-lo a novas circunstâncias, de modo a preservar a busca pela promoção
da finalidade pública. Sendo assim, a alteração unilateral deve ser sempre motivada e
respeitar a formalização de um termo aditivo (art. 132 da Lei nº 14.133/2021).
RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO
Já o inciso II do art. 58 da Lei nº 8.666/1993 confere à Administração a prerrogativa, quanto
aos contratos administrativos, de rescindi-los unilateralmente. Do mesmo modo, o art. 137 da
Lei nº 14.133/2021 elenca os motivos para “extinção do contrato” – segundo nova
nomenclatura. Antes usava-se o termo “rescisão” –, ao qual deverá ser formalmente motivada
nos autos do processo, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
O art. 138, I, atribui à Administração o poder de extinguir o contrato por ato unilateral e escrito
(exceto no caso de descumprimento decorrente de sua própria conduta), a qual deverá ser
precedida de autorização escrita e fundamentada da autoridade competente e reduzida a termo
no respectivo processo (parágrafo 1º), tendo como consequências o descrito no art. 139 da
nova lei (recomendamos a leitura dos arts. 137 a 139).
FISCALIZAÇÃO DO CONTRATO
Conforme dispõe o art. 177 da Lei nº 14.133/2021 (no mesmo sentido do que já previa o art. 67
da Lei nº 8.666/1993):
A EXECUÇÃO DO CONTRATO DEVERÁ SER
ACOMPANHADA E FISCALIZADA POR 1 (UM) OU MAIS
FISCAIS DO CONTRATO, REPRESENTANTES DA
ADMINISTRAÇÃO ESPECIALMENTE DESIGNADOS
CONFORME REQUISITOS ESTABELECIDOS NO ART. 7º
DESTA LEI, OU PELOS RESPECTIVOS SUBSTITUTOS,
PERMITIDA A CONTRATAÇÃO DE TERCEIROS PARA
ASSISTI-LOS E SUBSIDIÁ-LOS COM INFORMAÇÕES
PERTINENTES A ESSA

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