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ALESP ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SÃO PAULO Analista Legislativo CONCURSO PÚBLICO Nº 01/2022 CONTEÚDO DIGITAL NOÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO CÓD: OP-012MR-22 7908403519040 NOÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO 1. Princípios Orçamentários. Diretrizes Orçamentá Rias. Processo Orçamentário. Métodos, Técnicas E Instrumentos Do Orçamento Públi- co; Normas Legais Aplicáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Receita Pública: Categorias, Fontes, Estágios; Dívida Ativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 3. Despesa Pública: Categorias, Estágios. Restos A Pagar. Despesas De Exercícios Anteriores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 4. Lei Federal Complementar Nº 101/2000 E Suas Alterações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 NOÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO 1 PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS. DIRETRIZES ORÇAMENTÁ- RIAS. PROCESSO ORÇAMENTÁRIO. MÉTODOS, TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DO ORÇAMENTO PÚBLICO; NORMAS LEGAIS APLICÁVEIS Tradicionalmente o orçamento é compreendido como uma peça que contém apenas a previsão das receitas e a fixação das despesas para determinado período, sem preocupação com pla- nos governamentais de desenvolvimento, tratando-se assim de mera peça contábil - financeira. Tal conceito não pode mais ser admitido, pois, conforme vimos no módulo anterior, a interven- ção estatal na vida da sociedade aumentou de forma acentuada e com isso o planejamento das ações do Estado é imprescindível. Hoje, o orçamento é utilizado como instrumento de planeja- mento da ação governamental, possuindo um aspecto dinâmico, ao contrário do orçamento tradicional já superado, que possuía caráter eminentemente estático. Para Aliomar Baleeiro, o orçamento público “é o ato pelo qual o Poder Executivo prevê e o Poder Legislativo autoriza, por certo período de tempo, a execução das despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei”. A função do Orçamento é permitir que a sociedade acom- panhe o fluxo de recursos do Estado (receitas e despesas). Para isto, o governo traduz o seu plano de ação em forma de lei. Esta lei passa a representar seu compromisso executivo com a socie- dade que lhe delegou poder. O projeto de lei orçamentária é elaborado pelo Executivo, e submetido à apreciação do Legislativo, que pode realizar altera- ções no texto final. A partir daí, o Executivo deve promover sua implementação de forma eficiente e econômica, dando trans- parência pública a esta implementação. Por isso o orçamento é um problema quando uma administração tem dificuldades para conviver com a vontade do Legislativo e da sociedade: devido à sua força de lei, o orçamento é um limite à sua ação. Em sua expressão final, o orçamento é um extenso conjunto de valores agrupados por unidades orçamentárias, funções, pro- gramas, atividades e projetos. Com a inflação, os valores não são imediatamente compreensíveis, requerendo vários cálculos e o conhecimento de conceitos de matemática financeira para seu entendimento. Isso tudo dificulta a compreensão do orçamento e a sociedade vê debilitada sua possibilidade de participar da elaboração, da aprovação, e, posteriormente, acompanhar a sua execução. Pode-se melhorar a informação oferecida aos cidadãos sem dificultar o entendimento, através da técnica chamada análise vertical, agrupando as receitas e despesas em conjuntos (ativi- dade, grupo, função), destacando-se individualmente aqueles que tenham participação significativa. É apresentada a partici- pação percentual dos valores destinados a cada item no total das despesas ou receitas. Em vez de comunicar um conjunto de números de difícil entendimento ou valores sem base de compa- ração, é possível divulgar informações do tipo “a prefeitura vai gastar 15% dos seus recursos com pavimentação”, por exemplo. Uma outra análise que pode ser realizada é a análise hori- zontal do orçamento. Esta técnica compara os valores do orça- mento com os valores correspondentes nos orçamentos ante- riores (expressos em valores reais, atualizados monetariamente, ou em moeda forte). Essas técnicas e princípios de simplificação devem ser apli- cados na apresentação dos resultados da execução orçamentá- ria (ou seja, do cumprimento do orçamento), confrontando o previsto com o realizado em cada período e para cada rubrica. Deve-se apresentar, também, qual a porcentagem já recebida das receitas e a porcentagem já realizada das despesas. É fundamental que a peça orçamentária seja convertida em valores constantes, permitindo avaliar o montante real de recur- sos envolvidos. Uma outra forma de alteração do valor real é através das margens de suplementação. Para garantir flexibilidade na exe- cução do orçamento, normalmente são previstas elevadas mar- gens de suplementação, o que permite um uso dos recursos que modifica profundamente as prioridades estabelecidas. Com a indexação orçamentária mensal à inflação real, consegue-se o grau necessário de flexibilidade na execução orçamentária, sem permitir burlar o orçamento através de elevadas margens de su- plementação. Pode-se restringir a margem a um máximo de 3%. Não basta dizer quanto será arrecadado e gasto. É preciso apresentar as condições que permitiram os níveis previstos de entrada e dispêndio de recursos. No caso da receita, é importante destacar o nível de evolu- ção econômica, as melhorias realizadas no sistema arrecadador, o nível de inadimplência, as alterações realizadas na legislação, os mecanismos de cobrança adotados. No caso da despesa, é importante destacar os principais custos unitários de serviços e obras, as taxas de juros e demais encargos financeiros, a evolução do quadro de pessoal, a po- lítica salarial e a política de pagamento de empréstimos e de atrasados. Os resultados que a simplificação do orçamento geram são, fundamentalmente, de natureza política. Ela permite transfor- mar um processo nebuloso e de difícil compreensão em um con- junto de atividades caracterizadas pela transparência. Como o orçamento passa a ser apresentado de forma mais simples e acessível, mais gente pode entender seu significado. A sociedade passa a ter mais condições de fiscalizar a execução orçamentária e, por extensão, as próprias ações do governo mu- nicipal. Se, juntamente com esta simplificação, forem adotados instrumentos efetivos de intervenção da população na sua ela- boração e controle, a participação popular terá maior eficácia. Os orçamentos sintéticos, ao apresentar o orçamento (ou partes dele, como o plano de obras e os orçamentos setoriais) de forma resumida, fornecem uma informação rápida e acessí- vel. A análise vertical permite compreender o que de fato in- fluencia a receita e para onde se destinam os recursos, sem a “poluição numérica” de dezenas de rubricas de baixo valor. Fun- ciona como um demonstrativo de origens e aplicações dos re- cursos da prefeitura, permitindo identificar com clareza o grau de dependência do governo de recursos próprios e de terceiros, a importância relativa das principais despesas, através do escla- recimento da proporção dos recursos destinada ao pagamento do serviço de terceiros, dos materiais de consumo, encargos fi- nanceiros, obras, etc. A análise horizontal facilita as comparações com governos e anos anteriores. A evidenciação das premissas desnuda o orçamento ao pú- blico, trazendo possibilidades de comparação. Permite pergun- tas do tipo: “por que a prefeitura vai pagar x por este serviço, se o seu preço de mercado é metade de x ?”. Contribui para esclarecer os motivos de ineficiência da prefeitura nas suas ati- vidades-meio e naexecução das políticas públicas. NOÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO 2 Apesar dos muitos avanços alcançados na gestão das contas públicas no Brasil, a sociedade ainda não se desfez da sensação de caixa preta quando se trata de acompanhar as contas públi- cas. A gestão das contas públicas brasileiras passou por me- lhorias institucionais tão expressivas que é possível falar-se de uma verdadeira revolução. Mudanças relevantes abrangeram os processos e ferramentas de trabalho, a organização institu- cional, a constituição e capacitação de quadros de servidores, a reformulação do arcabouço legal e normativo e a melhoria do relacionamento com a sociedade, em âmbito federal, estadual e municipal. Os diferentes atores que participam da gestão das finan- ças públicas tiveram suas funções redefinidas, ampliando-se as prerrogativas do Poder Legislativo na condução do processo de- cisório pertinente à priorização do gasto e à alocação da despe- sa. Esse processo se efetivou fundamentalmente pela unificação dos orçamentos do Governo Federal, antes constituído pelo or- çamento da União, pelo orçamento monetário e pelo orçamento da previdência social. Criou-se a Secretaria do Tesouro Nacional, em processo em que foram redefinidas as funções do Banco do Brasil, do Banco Central e do Tesouro Nacional. Consolidou-se a visão de que o horizonte do planejamento deve compreender a elaboração de um Plano Plurianual (PPA) e, a cada ano, uma Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que por sua vez deve preceder a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA). Introduziu-se o conceito de responsabilidade fiscal, reco- nhecendo-se que os resultados fiscais e, por consequência, os níveis de endividamento do Estado, não podem ficar ao sabor do acaso, mas devem decorrer de atividade planejada, consubstan- ciada na fixação de metas fiscais. Os processos orçamentário e de planejamento, seguindo a tendência mundial, evoluíram das bases do orçamento-programa para a incorporação do conceito de resultados finalísticos, em que os recursos arrecadados de- vem retornar à sociedade na forma de bens e serviços que trans- formem positivamente sua realidade. A transparência dos gastos públicos tornou-se possível gra- ças à introdução de modernos recursos tecnológicos, propician- do registros contábeis mais ágeis e plenamente confiáveis. A execução orçamentária e financeira passou a contar com faci- lidades operacionais e melhores mecanismos de controle. Por consequência, a atuação dos órgãos de controle tornou-se mais eficaz, com a adoção de novo instrumental de trabalho, como a introdução do SIAFI e da conta única do Tesouro Nacional, acompanhados de diversos outros aperfeiçoamentos de ferra- mentas de gestão. Evolução histórica dos princípios orçamentários constitu- cionais Resultado da experiência histórica da gestão dos recursos públicos, os princípios orçamentários foram sendo desenvolvi- dos pela doutrina e pela jurisprudência, permitindo às normas orçamentárias adquirirem crescente eficácia. Assim, os princípios, sendo enunciados em sua totalidade de maneira genérica que quase sempre se expressam em lingua- gem constitucional ou legal, estão entre os valores e as normas na escala da concretização do direito e com eles não se confun- dem. Os princípios representam o primeiro estágio de concreti- zação dos valores jurídicos a que se vinculam. A justiça e a se- gurança jurídica começam a adquirir concretitude normativa e ganham expressão escrita. Mas os princípios ainda comportam grau elevado de abstra- ção e indeterminação. Os princípios financeiros são dotados de eficácia, isto é, pro- duzem efeitos e vinculam a eficácia principiológica, conducente à normativa plena, e não a eficácia própria da regra concreta, atributiva de direitos e obrigações. Assim, os princípios não se colocam, pois, além ou acima do Direito (ou do próprio Direito positivo); também eles - numa visão ampla, superadora de concepções positivistas, literalista e absolutizantes das fontes legais - fazem parte do complexo ordenamental. Não se contrapõem às normas, contrapõem-se tão-somente aos preceitos; as normas jurídicas é que se dividem em normas- -princípios e normas-disposições. Resultado da experiência histórica da gestão dos recursos públicos, os princípios orçamentários foram sendo desenvolvi- dos pela doutrina e pela jurisprudência, permitindo às normas orçamentárias adquirirem crescente eficácia, ou seja, que pro- duzissem o efeito desejado, tivessem efetividade social, e fos- sem realmente observadas pelos receptores da norma, em es- pecial o agente público. Como princípios informadores do direito - e são na verdade as idéias centrais do sistema dando-lhe sentido lógico - foram sendo, gradativa e cumulativamente, incorporados ao sistema normativo. Os princípios orçamentários, portanto, projetam efeitos so- bre a criação - subsidiando o processo legislativo -, a integração - possibilitando a colmatagem das lacunas existentes no orde- namento - e a interpretação do direito orçamentário, auxiliando no exercício da função jurisdicional ao permitir a aplicação da norma a situação não regulada especificamente. Alguns desses princípios foram adotados em certo momen- to por condizerem com as necessidades da época e posterior- mente abandonados, ou pelo menos transformados, relativiza- dos, ou mesmo mitigados, e o que ocorreu com o princípio do equilíbrio orçamentário, tão precioso ao estado liberal do século XIX, e que foi em parte relativizado com o advento do estado do bem estar social no período pós guerra. Nos anos oitenta e noventa, em movimento pendular, o princípio do equilíbrio orçamentário foi revigorado e dada nova roupagem em face dos crescentes déficits estruturais advindos da dificuldade do Estado em financiar os extensos programas de segurança social e de alavancagem do desenvolvimento econô- mico. Nossas Constituições, desde a Imperial até a atual, sempre deram tratamento privilegiado à matéria orçamentária. De maneira crescente, foram sendo incorporados novos princípios orçamentários às várias cartas constitucionais regula- doras do Estado brasileiro. Instaura-se a ordem constitucional soberana em nosso Im- pério, e a Carta de 1824, em seus arts.171 e 172, institui as pri- meiras normas sobre o orçamento público no Brasil . Estatui-se a reserva de lei - a aprovação da peça orçamen- tária deve observar regular processo legislativo - e a reserva de parlamento - a competência para a aprovação é privativa do Poder Legislativo, sujeita à sanção do Poder Executivo - para a aprovação do orçamento. NOÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO 3 Insere-se O PRINCÍPIO DA ANUALIDADE, ou temporalida- de- significa que a autorização legislativa do gasto deve ser re- novada a cada exercício financeiro - o orçamento era para viger por um ano e sua elaboração competência do Ministro da Fa- zenda, cabendo à Assembléia-Geral - Câmara dos Deputados e Senado - sua discussão e aprovação. Pari passu com a inserção da anualidade, fixa-se o PRINCÍ- PIO DA LEGALIDADE DA DESPESA - advindo do princípio geral da submissão da Administração à lei, a despesa pública deve ter prévia autorização legal. Entretanto, no período de 1822 a 1829, o Brasil somente teve orçamentos para a Corte e a Província do Rio de Janeiro, não sendo observado o PRINCÍPIO DA UNIVER- SALIDADE - o orçamento deve conter todas as receitas e despe- sas da entidade, de qualquer natureza, procedência ou destino, inclusive a dos fundos, dos empréstimos e dos subsídios. O primeiro orçamento geral do Império somente seria apro- vado oito anos após a Independência, pelo Decreto Legislativo de 15.12.1830, referente ao exercício 1831-32. Este orçamento continha normas relativas à elaboração dos orçamentos futuros, aos balanços, à instituição de comissões parlamentares para o exame de qualquer repartição pública e à obrigatoriedade de os ministros de Estado apresentarem relató- rios impressos sobre o estado dos negócios a cargo dasrespec- tivas pastas e a utilização das verbas sob sua responsabilidade. A reforma na Constituição imperial de 1824, emendada pela Lei de 12.08.1834, regulou o funcionamento das assembléias legislativas provinciais definindo-lhes a competência na fixação das receitas e despesas municipais e provinciais, bem como re- grando a repartição entre os municípios e a sua fiscalização. A Constituição republicana de 1891 introduziu profundas al- terações no processo orçamentário. A elaboração do orçamento passou à competência privativa do Congresso Nacional. Embora a Câmara dos Deputados tenha assumido a respon- sabilidade pela elaboração do orçamento, a iniciativa sempre partiu do gabinete do ministro da Fazenda que, mediante en- tendimentos reservados e extra-oficiais, orientava a comissão parlamentar de finanças na confecção da lei orçamentária. A experiência orçamentária da República Velha revelou-se inadequada. Os parlamentos, em toda parte, são mais sensíveis à criação de despesas do que ao controle do déficit. A reforma Constitucional de 1926 tratou de eliminar as distorções observadas no orçamento da República. Buscou-se, para tanto, promover duas alterações significativas: a proibição da concessão de créditos ilimitados e a introdução do princípio constitucional da exclusividade, ao inserir-se preceito prevendo: “Art. 34. § 1º As leis de orçamento não podem conter disposi- ções estranhas à previsão da receita e à despesa fixada para os serviços anteriormente criados. Não se incluem nessa proibi- ção: a) a autorização para abertura de créditos suplementares e para operações de crédito como antecipação da receita; b) a determinação do destino a dar ao saldo do exercício ou do modo de cobrir o deficit.” O PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE, ou da pureza orçamen- tária, limita o conteúdo da lei orçamentária, impedindo que nela se pretendam incluir normas pertencentes a outros cam- pos jurídicos, como forma de se tirar proveito de um processo legislativo mais rápido, as denominadas “caudas orçamentá- rias”, tackings dos ingleses, os riders dos norte-americanos, ou os Bepackungen dos alemães, ou ainda os cavaliers budgetai- res dos franceses. Prática essa denominada por Epitácio Pessoa em 1922 de “verdadeira calamidade nacional”. No dizer de Ruy Barbosa, eram os “orçamentos rabilongos”, que introduziram o registro de hipotecas no Brasil e até a alteração no processo de desquite propiciaram. Essa foi a primeira inserção deste princí- pio em textos constitucionais brasileiros, já na sua formulação clássica, segundo a qual a lei orçamentária não deveria conter matéria estranha à previsão da receita e à fixação da despesa, ressalvadas: a autorização para abertura de créditos suplemen- tares e para operações de crédito como antecipação de receita; e a determinação do destino a dar ao saldo do exercício ou do modo de cobrir o déficit. O princípio da exclusividade sofreu duas modificações na Constituição de 1988. Na primeira, não mais se autoriza a inclu- são na lei orçamentária de normas sobre o destino a dar ao saldo do exercício como o fazia a Constituição de 1967. Na segunda, podem ser autorizadas quaisquer operações de crédito, por antecipação de receita ou não. A mudança refletiu um aprimoramento da técnica orçamen- tária, com o advento principalmente da Lei 4.320, de 1964, que regulou a utilização dos saldos financeiros apurados no exercí- cio anterior pelo Tesouro ou entidades autárquicas e classificou como receita do orçamento o produto das operações de crédito. A Constituição de 1934 restaurou, no plano constitucional, a competência do Poder Executivo para elaboração da proposta, que passou à responsabilidade direta do Presidente da Repúbli- ca. Cabia ao Legislativo a análise e votação do orçamento, que podia, inclusive, ser emendado. Além disso, a Constituição de 1934, como já mencionado anteriormente, estabelecia que a despesa deveria ser discrimi- nada, obedecendo, pelo menos a parte variável, a rigorosa es- pecialização. Trata-se do PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO, ou especiali- dade, ou ainda, da discriminação da despesa, que se confunde com a própria questão da legalidade da despesa pública e é a razão de ser da lei orçamentária, prescrevendo que a autoriza- ção legislativa se refira a despesas específicas e não a dotações globais. O princípio da especialidade abrange tanto o aspecto quali- tativo dos créditos orçamentários quanto o quantitativo, vedan- do a concessão de créditos ilimitados. Tal princípio só veio a ser expresso na Constituição de 1934, encerrando a explicitação da finalidade e da natureza da despe- sa e dando efetividade à indicação do limite preciso do gasto, ou seja, a dotação. Norma no sentido da limitação dos créditos orçamentários permaneceu em todas as constituições subseqüentes à reforma de 1926, com a exceção da Super lei de 1937. O princípio da especificação tem profunda significância para a eficácia da lei orçamentária, determinando a fixação do mon- tante dos gastos, proibindo a concessão de créditos ilimitados, que na Constituição de 1988, como nas demais anteriores, en- contra-se expresso no texto constitucional, art. 167, VII (art. 62, § 1º, “b”, na de 1969 e art. 75 na de 1946). Pode ser também de caráter qualitativo, vedando a trans- posição, remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para ou- tro, como hoje dispõe o art. 167, VI (art. 62, §1º, “a”, na de 1969 e art. 75 na de 1946). Ou, finalmente pode o princípio referir-se ao aspecto tem- poral, limitando a vigência dos créditos especiais e extraordiná- rios ao exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que reabertos nos limites dos seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente, ex vi do atual art. 167, § 2º (art. 62, § 4º, na de 1969 e sem previsão na de 1946). NOÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO 4 Exceção a este princípio basilar foi a Constituição de 1937, que previa a aprovação pelo Legislativo de verbas globais por ór- gãos e entidades. A elaboração do orçamento continuava sendo de responsabilidade do Poder Executivo - agora a cargo de um departamento administrativo a ser criado junto à Presidência da República - e seu exame e aprovação seria da competência da Câmara dos Deputados e do Conselho Fiscal. Durante o Estado Novo, entretanto, nem mesmo essa prerrogativa chegou a ser exercida, uma vez que as casas legislativas não foram instaladas e os orçamentos do período 1938-45 terminaram sendo elabo- rados e aprovados pelo Presidente da República, com o asses- soramento do recém criado Departamento Administrativo do Serviço Público-DASP. O período do Estado Novo marca de forma indelével a au- sência do estado de direito, demonstrando cabalmente a impor- tância da existência de uma lei orçamentária, soberanamente aprovada pelo Parlamento, para a manutenção da equipotência dos poderes constituídos, esteio da democracia. A Constituição de 1946 reafirmaria a competência do Poder Executivo quanto à elaboração da proposta orçamentária, mas devolveria ao Poder Legislativo suas prerrogativas quanto à aná- lise e aprovação do orçamento, inclusive emendas à proposta do governo. Manteria, também, intactos os princípios orçamentários até então consagrados. Sob a égide da Constituição de 1946 foi aprovada e sancionada a Lei nº 4.320, de 17.03.64, estatuindo “Normas Gerais de Direito Financeiro para a elaboração e con- trole dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Mu- nicípios e do Distrito Federal”. Verdadeiro estatuto das finanças públicas, levando mais de dez anos sua tramitação legislativa, tal lei incorporou importan- tes avanços em termos de técnica orçamentária, inclusive com a introdução da técnica do orçamento-programa a nível federal. A Lei 4.320/64, art. 15, estabeleceu que a despesa fosse discrimi- nada no mínimopor elementos. A Constituição de 1967 registrou pela primeira vez em um texto constitucional o PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ORÇAMEN- TÁRIO. O axioma clássico de boa administração para as finanças públicas perdeu seu caráter absoluto, tendo sido abandonado pela doutrina o equilíbrio geral e formal, embora não se deixe de postular a busca de um equilíbrio dinâmico. Inserem-se neste contexto as normas que limitam os gastos com pessoal, acolhi- das nas Constituições de 67 e de 88 (CF art. 169) e a vedação à realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital (CF art. 167, III). Hoje não mais se busca o equilíbrio orçamentário formal, mas sim o equilíbrio amplo das finanças públicas. O grande princípio da Lei de Responsabilidade Fiscal é o princípio do equilíbrio fiscal. Esse princípio é mais amplo e trans- cende o mero equilíbrio orçamentário. Equilíbrio fiscal signifi- ca que o Estado deverá pautar sua gestão pelo equilíbrio entre receitas e despesa. Dessa forma, toda vez que ações ou fatos venham a desviar a gestão da equalização, medidas devem ser tomadas para que a trajetória de equilíbrio seja retomada. Os PRINCÍPIOS DA UNIDADE E DA UNIVERSALIDADE tam- bém sofreriam alterações na Constituição de 1967. Esses princí- pios são complementares: todas as receitas e todas as despesas de todos os Poderes, órgãos e entidades devem estar consigna- das num único documento, numa única conta, de modo a evi- denciar a completa situação fiscal para o período. A partir de 1967, a Constituição deixou de consignar expres- samente o mandamento de que o orçamento seria uno, inserto no texto constitucional desde 1934. Coincidentemente, foi nes- sa Constituição que, ao lado do orçamento anual, se introdu- ziu o orçamento plurianual de investimentos. Desta maneira, introduziu-se um novo PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL-ORÇA- MENTÁRIO, O DA PROGRAMAÇÃO - a programação constante da lei orçamentária relativa aos projetos com duração superior ao exercício financeiro devem observar o planejamento de mé- dio e longo prazo constante de outras normas preordenadoras. Sem ferir o princípio da unidade, por se tratar de instrumento de planejamento, complementar à autorização para a despesa contida na lei orçamentária anual, ou o princípio da universa- lidade, que diz respeito unicamente ao orçamento anual, veio propiciar uma ligação entre o planejamento de médio e longo prazo com a orçamentação anual. O Orçamento Plurianual de Investimentos - OPI não chegou a ter eficácia, não encontrando abrigo na Constituição de 1988, que estabeleceu, ao invés, um plano plurianual (PPA). Não obstante o fato das Constituições e normas a ela in- feriores alardearem os princípios da universalidade e unidade orçamentária, na prática, até meados dos anos oitenta, parcela considerável dos dispêndios da União não passavam pelo Orça- mento Geral da União - OGU. O orçamento discutido e aprovado pelo Congresso Nacional não incluía os encargos da dívida mo- biliária federal, os gastos com subsídios e praticamente a totali- dade das operações de crédito de responsabilidade do Tesouro, como fundos e programas. Tais despesas eram realizadas auto- nomamente pelo Banco Central e Banco do Brasil por intermé- dio do denominado “Orçamento Monetário-OM” E “Conta-mo- vimento”, respectivamente. Ainda tinha-se o Orçamento-SEST, que consistia no orçamento de investimento das empresas pú- blicas, de economia mista, suas subsidiárias e controladas direta ou indiretamente pela União. Todos estes documentos eram aprovados exclusivamente pelo Presidente da República. Somente a partir de 1984, com a gradativa inclusão no OGU do OM, extinção da “conta-movi- mento” no Banco do Brasil e de outras medidas administrati- vas, coroadas pela promulgação da carta constitucional de 1988, passou-se a dar efetividade ao princípio da unidade e universa- lidade orçamentária. A aplicação do PRINCÍPIO DA UNIDADE foi elastecido na Constituição de 1988, embora o art. 165 § 5º diga “A lei orça- mentária anual compreenderá”, porquanto deixou de fora do orçamento fiscal as ações de saúde e assistência social, tipica- mente financiadas com os recursos ordinários do Tesouro, para compor com elas um orçamento distinto, em relação promíscua com as prestações da Previdência Social. Esta última sim, e somente esta, merecedora de tratamento em documento separado, observadas em seu âmbito a unidade e a universalidade, já que se trata de um sistema distinto de prestações e contraprestações de caráter continuado, que deve manter um equilíbrio econômico- financeiro auto-sustentado. Outra inovação da Constituição de 1988 foi o orçamento de investimentos das empresas estatais. Não há aqui, entretanto, quebra da unidade orçamentária, uma vez que se trata, obvia- mente, de um segmento nitidamente distinto do orçamento fis- cal, a não ser no que se refere àquelas unidades empresariais dependentes de recursos do Tesouro para sua manutenção, caso em que devem ser incluídas integralmente no orçamento fiscal, como vem ocorrendo por força de disposições contidas na últimas LDOs. NOÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO 5 A adoção do Orçamento de Investimento nas empresas nas quais a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital com direito a voto, nos termos do art. 165, § 5º, corres- pondeu a um avanço na aplicação do princípio da universalidade dos gastos, ainda que excluídos os dispêndios relativos à manu- tenção destas entidades. O PRINCÍPIO DA NÃO AFETAÇÃO DE RECEITAS determi- na que essas não sejam previamente vinculadas a determinadas despesas, a fim de que estejam livres para sua alocação racional, no momento oportuno, conforme as prioridades públicas. A Constituição de 1967 o adotou, relativamente aos tri- butos, ressalvados os impostos únicos e o disposto na própria Constituição e em leis complementares. A Carta de 1988, por sua vez, restringe a aplicação do prin- cípio aos impostos, observadas as exceções indicadas na Consti- tuição e somente nesta, não permitindo sua ampliação median- te lei complementar. A emenda constitucional revisional nº 1, de 1994, ao criar o Fundo Social de Emergência-FSE e desvincular, ainda que so- mente para os exercícios financeiros de 1994 e 1995, 20% dos impostos e contribuições da União, demonstrou a necessidade de se permitir a flexibilidade na alocação dos recursos na elabo- ração e execução orçamentária. A Constituição de 1988 inovou em termos de constituciona- lização de princípios regentes dos atos administrativos em geral e aplicando-os à matéria orçamentária, elevando a nível cons- titucional os PRINCÍPIOS DA CLAREZA E DA PUBLICIDADE, a exemplo do previsto no art. 165, § 6º - que determina que o projeto da lei orçamentária venha acompanhado de demonstra- tivo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decor- rentes de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia - e no art. 165, §3º - que estipula a publicação bimestralmente de relatório resumido da execução orçamentária. Princípios Orçamentários Os princípios orçamentários básicos para a elaboração, exe- cução e controle do orçamento público, válidos para todos os poderes e nos três níveis de governo, estão definidos na Cons- tituição Federal de 1988 e na Lei nº 4.320/1964, que estatui normas gerais de direito financeiro, aplicadas à elaboração e ao controle dos orçamentos. Princípio Orçamentário da Unidade De acordo com este princípio previsto no artigo 2º da Lei nº 4.320/1964, cada ente da federação (União, Estado ou Municí- pio) deve possuir apenas um orçamento, estruturado de manei- ra uniforme. Tal princípio é reforçado pelo princípio da “unidade de cai- xa”, previsto no artigo 56 da referida Lei, segundo o qual todas as receitas e despesas convergem para um fundo geral (conta única), a fim de se evitar as vinculações de certos fundos a fins específicos. O objetivo é apresentar todas as receitas e despesas numa só conta,a fim de confrontar os totais e apurar o resultado: equilíbrio, déficit ou superávit. Atualmente, o processo de inte- gração planejamento-orçamento tornou o orçamento necessa- riamente multi-documental, em virtude da aprovação, por leis diferentes, de vários documentos (Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA), uns de planejamento e outros de orçamento e programas. Em que pese tais documentos serem distintos, inclusive com da- tas de encaminhamento diferentes para aprovação pelo Poder Legislativo, devem, obrigatoriamente ser compatibilizados entre si, conforme definido na própria Constituição Federal. O modelo orçamentário adotado a partir da Constituição Fe- deral de 1988, com base no § 5º do artigo165 da CF 88 consiste em elaborar orçamento único, desmembrado em: Orçamento Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento da Empresas Es- tatais, para melhor visibilidade dos programas do governo em cada área. O artigo 165 da Constituição Federal define em seu parágrafo 5º o que deverá constar em cada desdobramento do orçamento: “§ 5º –A lei orçamentária anual compreenderá: I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital so- cial com direito a voto; III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.” Princípio Orçamentário da Universalidade Segundo os artigos 3º e 4º da Lei nº 4.320/1964, a Lei Orça- mentária deverá conter todas as receitas e despesas. Isso pos- sibilita controle parlamentar sobre todos os ingressos e dispên- dios administrados pelo ente público. “Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as recei- tas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações de crédito por antecipação da receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros. Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos do Governo e da administração centraliza- da, ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o disposto no artigo 2°.” Tal princípio complementa-se pela “regra do orçamento bruto”, definida no artigo 6º da Lei nº4.320/1964: “Art. 6º.Todas as receitas e despesas constarão da lei de or- çamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.” Princípio Orçamentário da Anualidade ou Periodicidade O orçamento deve ser elaborado e autorizado para um de- terminado período de tempo, geralmente um ano. No Brasil, o exercício financeiro coincide com o ano civil, conforme dispõe o artigo 34 da Lei nº 4320/1964: “Art. 34.O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.” Observa-se, entretanto, que os créditos especiais e extra- ordinários autorizados nos últimos quatro meses do exercício podem ser reabertos, se necessário, e, neste caso, serão incor- porados ao orçamento do exercício subseqüente, conforme es- tabelecido no § 3º do artigo 167 da Carta Magna. NOÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO 6 Princípio Orçamentário da Exclusividade Tal princípio tem por objetivo impedir a prática, muito co- mum no passado, da inclusão de dispositivos de natureza di- versa de matéria orçamentária, ou seja, previsão da receita e fixação da despesa. Previsto no artigo 165, § 8º da Constituição Federal, estabelece que a Lei Orçamentária Anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despe- sa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e a contratação de operações de cré- dito, inclusive por antecipação de receita orçamentária (ARO), nos termos da lei. As leis de créditos adicionais também devem observar esse princípio. Princípio Orçamentário do Equilíbrio Esse princípio estabelece que o montante da despesa au- torizada em cada exercício financeiro não poderá ser superior ao total de receitas estimadas para o mesmo período. Havendo reestimativa de receitas com base no excesso de arrecadação e na observação da tendência do exercício, pode ocorrer solicita- ção de crédito adicional. Nesse caso, para fins de atualização da previsão, devem ser considerados apenas os valores utilizados para a abertura de crédito adicional. Conforme o caput do artigo 3º da Lei nº 4.320/1964, a Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. Assim, o equilíbrio orçamentário pode ser obtido por meio de operações de crédito. Entretanto, conforme estabelece o ar- tigo 167, III, da Constituição Federal é vedada a realização de operações de crédito que excedam o montante das despesas de capital, dispositivo conhecido como “regra de ouro”. De acordo com esta regra, cada unidade governamental deve manter o seu endividamento vinculado à realização de investimentos e não à manutenção da máquina administrativa e demais serviços. A Lei de Responsabilidade Fiscal também estabelece regras limitando o endividamento dos entes federados, nos artigos 34 a 37: “ Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da dívida pública a partir de dois anos após a publicação desta Lei Complementar. Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fun- do, autarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e ou- tro, inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente. § 1º Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as ope- rações entre instituição financeira estatal e outro ente da Fede- ração, inclusive suas entidades da administração indireta, que não se destinem a: I – financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes; II – refinanciar dívidas não contraídas junto à própria insti- tuição concedente. § 2º O disposto no caput não impede Estados e Municípios de comprar títulos da dívida da União como aplicação de suas disponibilidades. Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma insti- tuição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo. Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe institui- ção financeira controlada de adquirir, no mercado,títulos da dívida pública para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União para aplicação de recur- sos próprios. Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão ve- dados: I – captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido, sem prejuízo do disposto no § 7 o do art. 150 da Cons- tituição; II – recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma da legislação; III – assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação assemelhada, com fornecedor de bens,mercado- rias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não se aplicando esta vedação a empresas estatais de- pendentes; IV – assunção de obrigação, sem autorização orçamentá- ria, com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços.” Princípio Orçamentário da Legalidade Tem o mesmo fundamento do princípio da legalidade apli- cado à administração pública, segundo o qual cabe ao Poder Pú- blico fazer ou deixar de fazer somente aquilo que a lei expressa- mente autorizar, ou seja, se subordina aos ditames da lei. A Constituição Federal de 1988, no artigo 37 estabeleceos princípios da administração pública, dentre os quais o da legali- dade e, no seu art. 165 estabelece a necessidade de formaliza- ção legal das leis orçamentárias: “ Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabele- cerão: I – o plano plurianual; II – as diretrizes orçamentárias; III – os orçamentos anuais.” Princípio Orçamentário da Publicidade O princípio da publicidade está previsto no artigo 37 da Constituição Federal e também se aplica às peças orçamentá- rias. Justifica-se especialmente no fato de o orçamento ser fixa- do em lei, e esta, para criar, modificar, extinguir ou condicionar direitos e deveres, obrigando a todos, há que ser publicada.Por- tanto, o conteúdo orçamentário deve ser divulgado nos veículos oficiais para que tenha validade. Princípio Orçamentário da Especificação ou Especialização Segundo este princípio, as receitas e despesas orçamentá- rias devem ser autorizadas pelo Poder Legislativo em parcelas discriminadas e não pelo seu valor global, facilitando o acom- panhamento e o controle do gasto público. Esse princípio está previsto no artigo 5º da Lei nº 4.320/1964: “Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações glo- bais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pes- soal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras [...]” O princípio da especificação confere maior transparência ao processo orçamentário, possibilitando a fiscalização parlamen- tar, dos órgãos de controle e da sociedade, inibindo o excesso NOÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO 7 de flexibilidade na alocação dos recursos pelo poder executivo. Além disso, facilita o processo de padronização e elaboração dos orçamentos, bem como o processo de consolidação de contas. Princípio Orçamentário da Não-Afetação da Receita Tal princípio encontra-se consagrado, como regra geral, no inciso IV, do artigo 167, da Constituição Federal de 1988, quan- do veda a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa: “Art. 167. São vedados: [...] IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destina- ção de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, res- pectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º des- te artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); [...] § 4º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recur- sos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contra garantia à União e para paga- mento de débitos para com esta. (Incluído pela Emenda Consti- tucional nº 3, de 1993).” As ressalvas são estabelecidas pela própria Constituição e estão relacionadas à repartição do produto da arrecadação dos impostos (Fundos de Participação dos Estados – FPE e dos Mu- nicípios – FPM e Fundos de Desenvolvimento das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste), à destinação de recursos para as áre- as de saúde e educação, além do oferecimento de garantias às operações de crédito por antecipação de receitas. Trata-se de medida de bom-senso, uma vez que possibili- ta ao administrador público dispor dos recursos de forma mais flexível para o atendimento de despesas em programas priori- tários. No âmbito federal, a Constituição reforça a não-vinculação das receitas por meio do artigo 76 do Ato das Disposições Cons- titucionais Transitórias – ADCT, ao criar a “Desvinculação das Receitas da União – DRU”, abaixo transcrito: “Art. 76. É desvinculado de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2011, 20% (vinte por cento) da arrecadação da União de impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico, já instituídos ou que vierem a ser criados até a referida data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais. § 1º O disposto no caput deste artigo não reduzirá a base de cálculo das transferências a Estados, Distrito Federal e Municí- pios na forma dos arts. 153, § 5º; 157, I; 158, I e II; e 159, I, a e b; e II, da Constituição, bem como a base de cálculo das desti- nações a que se refere o art. 159, I, c, da Constituição. § 2º Excetua-se da desvinculação de que trata o caput deste artigo a arrecadação da contribuição social do salário-educação a que se refere o art. 212, § 5 o, da Constituição.” Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), Lei Orçamentária Anual (LOA), outros planos e progra- mas. O Orçamento Público, em sentido amplo, é um documento legal (aprovado por lei) contendo a previsão de receitas e a esti- mativa de despesas a serem realizadas por um Governo em um determinado exercício, geralmente compreendido por um ano. No entanto, para que o orçamento seja elaborado corretamen- te, ele precisa se basear em estudos e documentos cuidadosa- mente tratados que irão compor todo o processo de elaboração orçamentária do governo. No Brasil (Orçamento Geral da União) inicia-se com um tex- to elaborado pelo Poder Executivo e entregue ao Poder Legisla- tivo para discussão, aprovação e conversão em lei. O documento contém a estimativa de arrecadação das receitas federais para o ano seguinte e a autorização para a realização de despesas do Governo. Porém, está atrelado a um forte sistema de planeja- mento público das ações a realizar no exercício. O Orçamento Geral da União é constituído de três peças em sua composição: o Orçamento Fiscal, o Orçamento da Segurida- de Social e o Orçamento de Investimento das Empresas Estatais Federais. Existem princípios básicos que devem ser seguidos para ela- boração e controle dos Orçamentos Públicos, que estão defini- dos no caso brasileiro na Constituição, na Lei 4.320/64, no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na recente Lei de Responsabilidade Fiscal. É no Orçamento que o cidadão identifica a destinação dos recursos que o governo recolhe sob a forma de impostos. Ne- nhuma despesa pública pode ser realizada sem estar fixada no Orçamento. O Orçamento Geral da União (OGU) é o coração da administração pública federal. DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS No Brasil, as principais normas jurídicas relativas ao Orça- mento Público encontram-se contidas nos seguintes dispositivos legais: ● Constituição Federal da República, de 1988, nos seus arti- gos 163 a 169 (Capítulo II – Das Finanças Públicas); ● Lei Federal nº 4.320/64 – Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balan- ços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal; ● Lei Complementar nº 101/2000– Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF–Estabelece Normas de Finanças Públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providên- cias; ●Portaria nº 42/99 do Ministério do Planejamento, Orça- mento e Gestão –Atualiza a discriminação da despesa por fun- ções de que trata a Lei 4.320/64,estabelece os conceitos de função, subfunção, programa, projeto, atividade, operações es- peciais, e dá outras providências; ● Portaria Interministerial nº163/2001 da Secretaria do Te- souro Nacional– STN e Secretaria de Orçamento Federal – SOF, consolidada com as Portarias 212/2001, 325/2001 e 519/2001. ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. O Estado Nacional, por meio de seus órgãos administrativos, é o ente responsável pela gestão da máquina pública, e, mais recentemente, pela consecução do bem-estar social da popu- lação, sobretudo no que diz respeito à execução da política de atendimento de suas necessidades básicas. Nesse sentido, o legislador constitucional originário houve por bem traçar objetivos a serem alcançados pelo Estado brasi- leiro, estabelecendo-osno art. 3º da Carta Magna, a saber: «Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livra, justa e solidária; NOÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO 8 II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as de- sigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discrimina- ção.” Muito mais do que um rol casuístico, o citado dispositivo legal é, na verdade, uma norma constitucional dirigente, pois presta-se a estabelecer um plano para a evolução política do Es- tado, ocupando-se, assim, não com uma situação presente, mas com um ideal futuro, visto que condiciona a atividade estatal à sua concreta realização. Tais objetivos constituem, por assim dizer, as razões funda- mentais para a existência do planejamento e do orçamento no âmbito do setor público, pois estes mecanismos são as principais ferramentas para a consecução de políticas condizentes com as exigências de uma sociedade democrática e participativa, cujos membros devem ser partes integrantes do processo de gestão dos recursos públicos. A origem da palavra orçamento é de origem italiana: “orza- re”, que significa “fazer cálculos”. Lembra o professor CELSO RIBEIRO BASTOS que a finalidade última do orçamento “é de se tornar um instrumento de exercí- cio da democracia pelo qual os particulares exercem o direito, por intermédio de seus mandatários, de só verem efetivadas as despesas e permitidas as arrecadações tributárias que estiverem autorizadas na lei orçamentária” O citado jurista conclui afirmando que “o orçamento é, por- tanto, uma peça jurídica, visto que aprovado pelo legislativo para vigorar como lei cujo objeto disponha sobre a atividade fi- nanceira do Estado, quer do ponto de vista das receitas, quer das despesas. O seu objeto, portanto, é financeiro” Definindo como jurídica a natureza do orçamento, tem-se que o mesmo encontra fundamento constitucional nos arts. 165 a 169. Vamos conferir: CAPÍTULO II DAS FINANÇAS PÚBLICAS Seção II DOS ORÇAMENTOS Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. § 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da admi- nistração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. § 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. § 3º - O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o en- cerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária. § 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional. § 5º - A lei orçamentária anual compreenderá: I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital so- cial com direito a voto; III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. § 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e des- pesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. § 7º - Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas fun- ções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional. § 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estra- nho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluin- do na proibição a autorização para abertura de créditos suple- mentares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei. § 9º - Cabe à lei complementar: I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de dire- trizes orçamentárias e da lei orçamentária anual; II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos. Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adi- cionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacio- nal, na forma do regimento comum. § 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Sena- dores e Deputados: I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos nes- te artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presi- dente da República; II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacio- nal e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58. § 2º - As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimen- tal, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional. § 3º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias; II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: a) dotações para pessoal e seus encargos; b) serviço da dívida; c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou III - sejam relacionadas: NOÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO 9 a) com a correção de erros ou omissões; ou b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. § 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamen- tárias não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual. § 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta. § 6º - Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual serão enviados pelo Pre- sidente da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º. § 7º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o disposto nesta seção, as demais normas relativas ao processo legislativo. § 8º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa. Art. 167. São vedados: I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei or- çamentária anual; II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiaiscom finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destina- ção de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, res- pectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspon- dentes; VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados; VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º; IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa. X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Gover- nos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pa- gamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de des- pesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 § 1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade. § 2º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigên- cia no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente. § 3º - A abertura de crédito extraordinário somente será ad- mitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade públi- ca, observado o disposto no art. 62. § 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recur- sos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contragarantia à União e para paga- mento de débitos para com esta. Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamen- tárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei com- plementar a que se refere o art. 165, § 9º. Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá ex- ceder os limites estabelecidos em lei complementar. § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de re- muneração, a criação de cargos, empregos e funções ou altera- ção de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contra- tação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orça- mentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista. § 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previs- tos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de ver- bas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites. § 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências: I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; II - exoneração dos servidores não estáveis. § 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da deter- minação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motiva- do de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. § 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente a um mês de re- muneração por ano de serviço. NOÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO 10 § 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos ante- riores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, em- prego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. § 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º. Da análise dos citados dispositivos depreende-se a institui- ção de uma moderna estrutura, que abre amplas possibilidades de integração das esferas referentes ao planejamento e à ques- tão orçamentária (esta tomada numa acepção de instrumento de apoio à consecução dos respectivos programas de governo). Com efeito, para a gestão de recursos públicos, conside- rando principalmente as finalidades últimas do Estado, mister a existência de um estudo prévio consolidado sobre o montante da receita e o quantitativo de despesas necessários à execução do plano de ação governamental. Dessa necessidade foi que sur- giu o orçamento, cujo conceito prestar-se a espelhar a situação financeira de um país em determinado período de tempo. Importante ressaltar que nos Estados que adotam a forma federativa a repartição de competências observa, antes de tudo, a autonomia dos entes federados. Tal característica encontra- -se presente, inclusive, no tocante ao orçamento, de modo que União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios podem e devem definir seus orçamentos, levando em conta suas prio- ridades e características. Isso, contudo, não impede que alguns aspectos de interesse geral exijam ações conjuntas que acabam por criar uma interdependência e, por conseguinte, exigir uma coordenação entre os orçamentos. O Orçamento Geral da União (OGU) prevê todas as receitas e fixa todas as despesas do Governo Federal, referentes aos Po- deres Legislativo, Executivo e Judiciário. As despesas fixadas no orçamento são cobertas com o pro- duto da arrecadação dos impostos federais, como o Imposto de Renda (IR) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), bem como das contribuições, como a Contribuição para Financiamen- to da Seguridade Social (Cofins). Além das receitas tributárias, os gastos do governo podem ainda ser financiados por operações de crédito - que nada mais são do que o endividamento do Te- souro Nacional junto ao mercado financeiro interno e externo. As receitas são estimadas pelo governo. Por isso mesmo, elas podem ser maiores ou menores do que foram inicialmente previstas. Se a economia crescer durante o ano mais do que se esperava, a arrecadação com os impostos tende a aumentar. O movimento inverso também pode ocorrer. Com base na receita prevista, são fixadas asdespesas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Depois que o Orça- mento é aprovado pelo Congresso, o governo passa a gastar o que foi autorizado. Se a receita do ano for superior à previsão inicial, o governo encaminha ao Congresso um projeto de lei so- licitando autorização para incorporar e executar o excesso de arrecadação. Nesse projeto, definem-se as despesas que serão custeadas pelos novos recursos. Se, ao contrário, a receita cair, o governo fica impossibilitado de executar o orçamento na sua totalidade, o que exigirá corte nas despesas programadas, cons- tituindo o chamado “contingenciamento”. PLANEJAMENTO PÚBLICO O plano plurianual (PPA) estabelece os projetos e os progra- mas de longa duração do governo, definindo objetivos e metas da ação pública para um período de quatro anos. A LDO tem a finalidade precípua de orientar a elaboração dos orçamentos fiscal e da seguridade social e de investimento das empresas estatais. Busca sintonizar a Lei Orçamentária Anu- al - LOA com as diretrizes, objetivos e metas da administração pública, estabelecidas no PPA. De acordo com o parágrafo 2º do art. 165 da CF, a LDO: - compreenderá as metas e prioridades da administração pública, incluindo as despesas de capital para o exercício finan- ceiro subsequente; - orientará a elaboração da LOA; - disporá sobre as alterações na legislação tributária; e - estabelecerá a política de aplicação das agências financei- ras oficiais de fomento. O orçamento anual visa concretizar os objetivos e metas propostas no PPA, segundo as diretrizes estabelecidas pela LDO. A proposta da LOA compreende os três tipos distintos de orçamentos da União, a saber: a) Orçamento Fiscal: compreende os poderes da União, os Fundos, Órgãos, Autarquias, inclusive as especiais e Fundações instituídas e mantidas pela União; abrange, também, as empre- sas públicas e sociedades de economia mista em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto e que recebam desta quaisquer recursos que não sejam provenientes de participação acionária, pagamentos de serviços prestados, transferências para aplicação em programas de financiamento atendendo ao disposto na alínea “c” do inciso I do art. 159 da CF e refinanciamento da dívida externa; b) Orçamento de Seguridade Social: compreende todos os órgãos e entidades a quem compete executar ações nas áreas de saúde, previdência e assistência social, quer sejam da Admi- nistração Direta ou Indireta, bem como os fundos e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; compreende, ainda, os demais subprojetos ou subatividades, não integrantes do Pro- grama de Trabalho dos Órgãos e Entidades mencionados, mas que se relacionem com as referidas ações, tendo em vista o dis- posto no art. 194 da CF; e c) Orçamento de Investimento das Empresas Estatais: previsto no inciso II, parágrafo 5º do art. 165 da CF, abrange as empresas públicas e sociedades de economia mista em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. O processo orçamentário compreende as fases de elabora- ção e execução das leis orçamentárias – PPA, LDO e LOA. Cada uma dessas leis tem ritos próprios de elaboração, aprovação e implementação pelos Poderes Legislativo e Executivo. Vamos verificar como ocorre o processo orçamentário em cada uma de suas fases. ORÇAMENTO ANUAL: Na lei orçamentária anual (LOA) estão estimadas as receitas que serão arrecadadas durante o ano e definidas as despesas que o governo espera realizar com esses recursos, conforme aprovado pelo Legislativo. A LOA contém três orçamentos, pre- vistos na Constituição Federal: o orçamento fiscal, o orçamento da seguridade social (previdência, assistência e saúde) e o orça- mento de investimentos das empresas estatais. NOÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO 11 01) PROJETO DE LEI: O projeto de lei orçamentária é ela- borado pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF) e encami- nhado ao Congresso Nacional pelo Presidente da República. O Executivo possui exclusividade na iniciativa das leis orçamentá- rias. Composto pelo texto da lei, quadros orçamentários conso- lidados e anexos dos Orçamentos Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento das Empresas Estatais, o projeto de lei deve ser encaminhado para apreciação do Congresso Nacional até 31 de agosto de cada ano. Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto é publicado e encaminhado à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMO. A Resolução nº. 01, de 2006 – CN regula a tramitação legislativa do orçamento. Para conhecer o conteúdo do projeto e promover o debate inicial sobre a matéria, a CMO realiza audiências públicas com Ministros ou representantes dos órgãos de Planejamento, Orça- mento e Fazenda do Executivo e com representantes das diver- sas áreas que compõem o orçamento. Nessa oportunidade os parlamentares começam a avaliar a proposta apresentada e têm a possibilidade de ouvir tanto as autoridades governamentais como a sociedade. 02) RELATÓRIO DA RECEITA: Cabe ao relator da receita, com o auxílio do Comitê de Avaliação da Receita, avaliar, inicialmen- te, a receita prevista pelo Executivo no projeto de lei orçamentá- ria. O objetivo é verificar se o montante estimado da receita está de acordo com os parâmetros econômicos previstos para o ano seguinte. Caso encontre algum erro ou omissão, é facultado ao Legislativo reavaliar a receita e propor nova estimativa. O relator da receita apresenta suas conclusões no Relatório da Receita. Esse documento deve conter, entre outros assuntos, o exame da conjuntura macroeconômica e do impacto do endi- vidamento sobre as finanças públicas, a análise da evolução da arrecadação das receitas nos últimos exercícios e da sua estima- tiva no projeto, o demonstrativo das receitas reestimadas e os pareceres às emendas apresentadas. O Relatório da Receita deve ser aprovado pela CMO. O re- lator da receita pode propor atualização do Relatório da Recei- ta aprovado pela CMO, no caso de alterações nos parâmetros utilizados para a projeção ou na legislação tributária ocorridas durante a tramitação do projeto no Congresso. O prazo máximo para propor alterações é de até dez dias após a votação do últi- mo relatório setorial. 03) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado para ser o relator-geral do projeto de lei orçamentária deve elabo- rar Relatório Preliminar sobre a matéria, o qual, aprovado pela CMO, passa a denominar-se Parecer Preliminar. Esse parecer es- tabelece os parâmetros e critérios a serem obedecidos na apre- sentação de emendas e na elaboração do relatório pelo relator- -geral e pelos relatores setoriais. O Relatório Preliminar é composto de duas partes. A primei- ra parte – geral – apresenta análise das metas fiscais, exame da compatibilidade com o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentárias e a lei de responsabilidade fiscal, avaliação das despesas por área temática, incluindo a execução recente, entre outros temas. A segunda parte – especial – contém as regras para a atuação dos relatores setoriais e geral e as orientações específicas referentes à apresentação e apreciação de emendas, inclusive as de relator. Define, também, a composição da Reser- va de Recursos a ser utilizada para o atendimento das emendas apresentadas. Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emendas por parlamentares e pelas Comissões Permanentes das duas Ca- sas do Congresso Nacional. 04) EMENDAS: As emendas à despesa são classificadas como de remanejamento, de apropriação ou de cancelamento. Emenda de remanejamento é a que propõe acréscimo ou inclusão de dotações e, simultaneamente, como fonte exclusiva de recursos, a anulação equivalente de dotações constantes do projeto, exceto as da Reserva de Contingência. Com isso, somen- te poderá ser aprovada com a anulação das dotações indicadas na própria emenda, observada a compatibilidade das fontes de recursos. Emenda de apropriaçãoé a que propõe acréscimo ou inclu- são de dotações e, simultaneamente, como fonte de recursos, a anulação equivalente de valores da Reserva de Recursos ou outras dotações definidas no Parecer Preliminar. Emenda de Cancelamento é a que propõe, exclusivamente, a redução de dotações constantes do projeto. A emenda ao projeto que propõe acréscimo ou inclusão de dotações somente será aprovada se: I) estiver compatível com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias; II) indicar os recursos necessários; III) não for constituída de várias ações que devam ser objeto de emendas distintas; e IV) não contrariar as normas regimentais sobre a matéria. Não serão aprovadas emendas em valor superior ao solicitado, ressalvados os casos de remanejamento entre emendas indivi- duais, respeitado o limite global. As bancadas estaduais no Congresso Nacional e as comis- sões permanentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputa- dos podem apresentar emendas ao projeto nas matérias direta- mente ligadas às suas áreas de atuação. Cada parlamentar pode apresentar até 25 emendas indivi- duais, no valor total definido pelo Parecer Preliminar. Os rela- tores somente podem apresentar emendas para corrigir erros e omissões de ordem técnica e legal, recompor, total ou par- cialmente, dotações canceladas e atender às especificações do Parecer Preliminar. 05) CICLO SETORIAL: O projeto de lei orçamentária anual é divido em 10 áreas temáticas, com o objetivo de dar atenção às particularidades dos diversos temas que permeiam a proposta, como educação, saúde, transporte, agricultura, entre outros. Para cada área temática é designado um relator setorial, que deve avaliar o projeto encaminhado, analisar as emendas apre- sentadas e elaborar relatório setorial com as suas conclusões e pareceres. Os Relatores Setoriais devem debater o projeto nas Comis- sões Permanentes, antes de apresentar o relatório, podendo ser convidados, na oportunidade, representantes da sociedade civil. Na elaboração dos relatórios setoriais, serão observados, estritamente, os limites e critérios fixados no Parecer Prelimi- nar. O Relator deve verificar a compatibilidade do projeto com o PPA, a LDO e a Lei de Responsabilidade Fiscal, a execução or- çamentária recente e os efeitos dos créditos adicionais dos últi- mos quatro meses. Os critérios utilizados para a distribuição dos recursos e as medidas adotadas quanto às obras e serviços com indícios de irregularidades graves apontadas pelo TCU também devem constar do relatório. Os relatórios setoriais são discuti- dos e votados individualmente na CMO. NOÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO 12 06) CICLO GERAL: Após a aprovação dos relatórios setoriais, é tarefa do Relator Geral compilar as decisões setoriais em um único documento, chamado Relatório Geral, que será submetido à CMO. O papel do relator geral é verificar a constitucionalidade e legalidade das alocações de recursos e zelar pelo equilíbrio regional da distribuição realizada. No relatório geral, assim como nos setoriais, são analisa- dos a compatibilidade do projeto com o PPA, a LDO e a Lei de Responsabilidade Fiscal, a execução orçamentária recente e os efeitos dos créditos adicionais dos últimos quatro meses. Os critérios utilizados pelo relator na distribuição dos recursos e as medidas adotadas quanto às obras e serviços com indícios de irregularidades graves apontadas pelo TCU também devem constar do relatório. Integram, ainda, o Relatório Geral os relatórios dos Comitês Permanentes e daqueles constituídos para assessorar o relator geral. As emendas ao texto e as de cancelamento são analisadas exclusivamente pelo relator geral, que sobre elas emite parecer. A apreciação do Relatório Geral, na CMO, somente terá início após a aprovação, pelo Congresso Nacional, do projeto de plano plurianual ou de projeto de lei que o revise. O Relatório Geral é lido, discutido e votado no plenário da CMO. Os Congressistas podem solicitar destaque para a vota- ção em separado de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres propostos pelo Relator. O relatório aprovado em de- finitivo pela Comissão constitui o parecer da CMO, o qual será encaminhado à Secretaria-Geral da Mesa do Congresso Nacio- nal, para ser submetido à deliberação das duas Casas, em sessão conjunta. 07) AUTÓGRAFOS E LEIS: O parecer da CMO é submetido à discussão e votação no Plenário do Congresso Nacional. Os Congressistas podem solicitar destaque para a votação em se- parado de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres aprovados na CMO. Esse requerimento deve ser assinado por um décimo dos congressistas e apresentado à Mesa do Congres- so Nacional até o dia anterior ao estabelecido para discussão da matéria no Plenário do Congresso Nacional. Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO para a re- dação final. Recebe o nome de Autógrafo o texto do projeto ou do substitutivo aprovado definitivamente em sua redação final assinado pelo Presidente do Congresso, que será enviado à Casa Civil da Presidência da República para sanção. O Presidente da República pode vetar o autógrafo, total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento. Nesse caso, comunicará ao Presidente do Se- nado os motivos do veto. A parte não vetada é publicada no Diário Oficial da União como lei. O veto deve ser apreciado pelo Congresso Nacional. DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS A lei de diretrizes orçamentárias - LDO define as metas e prioridades do governo para o ano seguinte, orienta a elabora- ção da lei orçamentária anual, dispõe sobre alterações na legis- lação tributária e estabelece a política das agências de desen- volvimento (Banco do Nordeste, Banco do Brasil, BNDES, Banco da Amazônia, etc.). Também fixa limites para os orçamentos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público e dispõe sobre os gastos com pessoal. A Lei de Responsabilidade Fiscal remeteu à LDO diversos outros temas, como política fiscal, con- tingenciamento dos gastos, transferências de recursos para en- tidades públicas e privadas e política monetária 01) PROJETO DE LEI: O projeto de LDO (PLDO) é elaborado pela Secretaria de Orçamento Federal e encaminhado ao Con- gresso Nacional pelo Presidente da República, que possui ex- clusividade na iniciativa das leis orçamentárias. Composto pelo texto da lei e diversos anexos, o projeto de lei deve ser encami- nhado ao Congresso Nacional até 15 de abril de cada ano. Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto inicia a trami- tação legislativa, observadas as normas constantes da Resolução nº. 01, de 2006 – CN. O projeto de lei é publicado e encaminha- do à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscali- zação – CMO. 02) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado para ser o relator do projeto de diretrizes orçamentárias (PLDO) deve, primeiramente, elaborar Relatório Preliminar sobre o projeto, o qual, aprovado pela CMO, passa a denominar-se Parecer Preli- minar. Esse parecer estabelece regras e parâmetros a serem ob- servados quando da análise e apreciação do projeto, tais como: I) condições para o cancelamento de metas constantes do projeto; II) critérios para o acolhimento de emendas; e III) disposições sobre apresentação e apreciação de emen- das individuais e coletivas. Além disso, o parecer preliminar avalia os cenários econô- mico-fiscal e social, bem como os parâmetros macroeconômicos utilizados na elaboração do projeto e as informações constantes de seus anexos, com o objetivo de promover análises prévias ao conteúdo apresentado. Como complemento à análise inicial, a CMO realiza audiência pública com o Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, antes da apresentação do Relatório Preli- minar. Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emendas por parlamentares e pelas Comissões Permanentes da Câmara e do Senado. 03) EMENDAS: Após aprovado o parecer preliminar, abre-se prazo para a apresentação de emendas ao projeto de lei de
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