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Hormônios: Sinalizadores Químicos do Corpo

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Julia Jordão 
Maiara- TXXII 
 
 
O sistema nervoso central (formado por 
encéfalo e medula espinal) é ativado por sensores 
na periferia que mandam informações sobre 
inúmeros fatores, como a volemia, natremia, 
pressão arterial, temperatura corporal, etc. Com a 
informação, o sistema nervoso central emite 
estímulos efetores que promoverão alterações 
funcionais do corpo. 
Para isso, o SNC utiliza substancias 
químicas que são sinalizadores químicos, 
chamados de primeiros mensageiros porque 
levam a primeira informação às células. Essas 
substâncias são chamadas de hormônios. 
Os hormônios são responsáveis por 
diversas funções corporais consideradas 
contínuas e de longo prazo. Processos que estão 
principalmente sob controle hormonal incluem 
metabolismo, regulação do meio interno 
(temperatura, balanço hídrico e de íons), 
reprodução, crescimento e desenvolvimento. Os 
hormônios agem nas suas células-alvo de três 
maneiras básicas: controlando a taxa de reações 
enzimáticas, controlando o transporte de íons ou 
moléculas através de membranas celulares ou 
controlando a expressão gênica e a síntese 
proteica. 
sabemos que moléculas que atuam como 
hormônios são secretadas não apenas por 
glândulas 
endócrinas clássicas, mas também por células 
endócrinas isoladas (hormônios do sistema 
endócrino difuso), por neurônios (neuro-
hormônios) e, ocasionalmente, por células do 
sistema imune (citocinas). 
➔ Hormônios podem ser classificados como: 
- Proteicos e Peptídicos (aminoácidos unidos). Ex: 
ADH, APN 
- Esteróides ou esteroidais (derivados do 
colesterol). Ex: progesterona, Aldosterona. 
- Amínicos (modificações em um único 
aminoácido, triptofano ou tirosina) T3, T4 
Todo hormônio atua sobre uma célula alvo, 
e para isso, a célula alvo precisa possuir 
receptores específicos para o hormônio. Alguns 
aminoácidos do hormônio possuem afinidade por 
alguns aminoácidos do receptor. 
Existem limites fisiológicos em que o corpo 
deve manter os hormônios. Os limites superior e 
inferior existem para quaisquer variáveis do corpo, 
e quanto menos o intervalo entre eles, mais 
importante a variável. Os sistemas trabalham para 
manter as variáveis do corpo dentro dos limites. 
Os hormônios são medidos e reconhecidos 
pelos sensores do corpo na concentração de 
ng/ml, pg/ml; e funcionam por mecanismos de 
feedback/retroalimentação negativo/a ou 
positivo/a. 
Ao reconhecerem alteração na 
concentração dos hormônios, os sensores emitem 
informações às glândulas produtoras para que 
elas intensifiquem ou inibam a produção dos 
mesmos. 
Os receptores de temperatura, por 
exemplo, vão acionar mecanismos 
comportamentais e endógenos caso esteja calor, 
fazendo o indivíduo buscar um ambiente fresco, 
aumentando a sudorese e diminuindo a atividade 
metabólica para gerar menor calor. 
Hormônios podem atuar localmente, na 
célula alvo, ou sistemicamente. 
➔ Localmente (o hormônio atua nas células 
alvo) a ação pode ser: 
- Autócrina: antes de ser liberado, o hormônio atua 
na própria célula produtora 
- Parácrina: a célula produz um hormônio que será 
usado pelas células vizinhas após ser liberado no 
interstício 
➔ Sistemicamente (o hormônio vai para a 
corrente sanguínea) a ação pode ser: 
- Endócrina: uma glândula endócrina produz o 
hormônio e libera-o na corrente sanguínea até 
chegar à célula alvo 
- Neurócrina: a célula nervosa produz o hormônio 
que vai ser liberado na corrente sanguínea até 
chegar à célula alvo 
Obs: um hormônio pode ter ação autócrina e 
parácrina, mas a “maioria” dos hormônios não 
tem ação neurócrina e endócrina. 
➔ HORMÔNIOS PROTEICOS E 
PEPTÍDICOS: 
• Síntese 
Ocorre síntese proteica por meio de transcrição 
e tradução 
O peptídeo inicial originado de um ribossomo é 
uma proteína grande e inativa, conhecida como 
pré-pró-hormônio. Os pré-pró-hormônios contêm 
uma ou mais cópias de um hormônio peptídico, 
uma sequência-sinal que direciona a proteína ao 
lúmen do retículo endoplasmático rugoso e 
outras sequências de peptídeos que podem ou 
não possuir atividade biológica. À medida que o 
pré-pró-hormônio inativo se move através do 
retículo endoplasmático, a sequência-sinal é 
removida, criando uma molécula menor, ainda 
inativa, chamada de pró-hormônio. No aparelho 
de Golgi, o pró-hormônio é empacotado em 
vesículas secretoras junto com enzimas 
proteolíticas, que cortam o pró-hormônio, 
originando hormônios ativos e outros 
fragmentos. Esse processo é chamado de 
modificação pós-traducional. As vesículas 
secretoras contendo os peptídeos são 
armazenadas no citoplasma da célula endócrina 
até que a célula receba um sinal que estimule a 
secreção. Neste momento, as vesículas se 
movem para a membrana celular e liberam o seu 
conteúdo por exocitose dependente de cálcio. 
Todos os fragmentos peptídicos criados a partir do 
pró-hormônio são liberados juntos no líquido 
extracelular, em um processo denominado 
cossecreção. 
• Transporte Plasmático 
Maioria livre: não ligados a proteínas 
transportadoras plasmáticas. 
Os hormônios peptídicos são solúveis em água e, 
portanto, geralmente se dissolvem com facilidade 
no líquido extracelular ao serem transportados por 
todo o corpo. A meia-vida dos hormônios 
peptídicos normalmente é bastante curta, na faixa 
de alguns minutos. Se a resposta a um hormônio 
peptídico deve ser mantida por um período de 
tempo maior, o hormônio deve ser secretado de 
forma contínua. 
• Ação nas células alvo 
Ocorre interação com o receptor específico 
localizado na membrana plasmática 
Como os hormônios peptídicos são lipofóbicos, 
eles geralmente não conseguem entrar na célula-
alvo. Em vez disso, ligam-se a receptores 
presentes na superfície da membrana. 
O complexo hormônio-receptor inicia a resposta 
celular por meio de um sistema de transdução de 
sinal. Muitos hormônios peptídicos utilizam o 
sistema de segundo mensageiro do AMPc. Alguns 
receptores de hormônios peptídicos, como os da 
insulina, têm atividade tirosina-cinase ou utilizam 
outras vias de transdução de sinal. 
A resposta das células a hormônios peptídicos 
geralmente é rápida, uma vez que os sistemas de 
segundos mensageiros modificam proteínas 
existentes dentro das células-alvo. 
➔ HORMÔNIOS ESTEROIDES OU 
ESTEROIDAIS: 
Diferentemente dos hormônios peptídicos, que 
são produzidos em tecidos distribuídos por todo o 
corpo, os hormônios esteroides são produzidos 
apenas em alguns órgãos. O córtex da glândula 
suprarrenal, a porção 
externa da glândula 
suprarrenal, produz 
diversos tipos de 
hormônios esteroides. 
Além das gônadas 
(estrogênio, progesterona 
e androgênio), a pele 
(vitamina D), e a placenta. 
• Síntese 
Ocorre a esteroidogênese, 
que utiliza como matéria 
prima o colesterol e é 
auxiliado pelo complexo 
enzimático Citocromo 
P450. Na esteroidogênese 
as enzimas p450/scc do 
citocromo p450 clivam as 
cadeias de carbono 
laterais do colesterol e 
este torna-se 
pregnenolona (hormônio esteroide). 
As células que secretam hormônios esteroides 
possuem uma grande quantidade de retículo 
endoplasmático liso, a organela na qual os 
esteroides são sintetizados. Os esteroides são 
lipofílicos e se difundem facilmente através de 
membranas, tanto para fora da sua célula 
secretora quanto para dentro das células-alvo. 
Essa propriedade também indica que as células 
que secretam esteroides não podem armazenar 
esses hormônios em vesículas secretoras. Em vez 
disso, elas sintetizam seu hormônio quando ele é 
necessário. Quando um estímulo ativa a célula 
endócrina, precursores no citoplasma são 
rapidamente convertidos em hormônio ativo. A 
concentração do hormônio no citoplasma 
aumenta, e os hormônios movem-se para fora da 
célula por difusão simples. 
• Transporte Plasmático 
Maioria não está livre: precisam de proteínas 
transportadoras: albuminas e globulinas. Quando 
ligadoà albumina, o transporte é inespecífico 
(mais de um tipo de hormônio pode ser 
transportado pela proteína). Quando ligado à 
globulina, o transporte é específico (só um tipo de 
hormônio pode ser transportado pela proteína). 
Quando o esteroide está ligado a proteína 
carregadora, que é grande, passa pelo rim e 
fígado e não é excretado nem metabolizado 
devido ao tamanho do conjunto molecular: 
hormônio + proteína carregadora. Estar ligado à 
proteína 
carregadora é o 
que armazena o 
esteroide. 
A ligação de um 
hormônio 
esteroide a uma 
proteína 
carreadora 
protege o 
hormônio da 
degradação 
enzimática, o que 
resulta em um 
aumento da sua 
meia-vida, isso 
também bloqueia 
sua entrada nas 
células-alvo. O 
complexo 
esteroide-
carreador 
permanece fora da célula, uma vez que as 
proteínas carreadoras são lipofóbicas e não 
podem se difundir através da membrana. Apenas 
moléculas do hormônio não ligado podem se 
difundir para dentro da célula-alvo. À medida que 
o hormônio na forma não ligada deixa o plasma, 
os carreadores obedecem à lei da ação das 
massas e liberam o hormônio para que a razão no 
plasma entre a forma não ligada do hormônio e a 
ligada permaneça constante. Os hormônios são 
ativos em quantidades muito pequenas, e apenas 
uma pequena quantidade de esteroide não ligado 
é suficiente para que se produza uma resposta. À 
medida que o hormônio não ligado deixa o sangue 
e entra nas células, mais carreadores liberam seus 
esteroides ligados, de modo que sempre há uma 
certa quantidade de hormônio não ligado no 
sangue pronto para entrar em uma célula. 
• Ação nas células alvo 
Os receptores ficam principalmente no núcleo das 
células alvo, então os hormônios agem 
intracelularmente. As moléculas pré-pró-
hormônios e as pré-hormônios ficam dentro das 
células e ainda não tem função biológica: não é 
biologicamente ativa pois não há receptores que 
as reconheçam. O Pré-pró-hormônio é clivado e 
perde parte de sua estrutura molecular, tornando-
se um pré-hormônio. O pré-hormônio é clivado e 
torna-se um hormônio. Essas partes da estrutura 
molecular perdidas na clivagem possuem funções 
biológicas. 
Os receptores de hormônios esteroides mais bem 
estudados são os encontrados dentro das células, 
tanto no citoplasma quanto no núcleo. O último 
destino dos complexos receptor-hormônio 
esteroide é o núcleo, onde o complexo atua como 
um fator de transcrição, ligando-se ao DNA e 
ativando ou reprimindo (desligando) um ou mais 
genes (Fig. 7.5b 3 ). Os genes ativados geram um 
novo RNAm, que determina a síntese de novas 
proteínas. Qualquer hormônio que altera a 
atividade gênica exerce efeito genômico sobre a 
célula-alvo. 
Quando os hormônios esteroides ativam genes 
para a produção de novas proteínas, normalmente 
existe um intervalo de tempo entre a ligação 
hormônio-receptor e o primeiro efeito biológico 
observável. Esse intervalo pode ser de até 90 
minutos. Consequentemente, os hormônios 
esteroides não medeiam vias reflexas que 
requerem respostas rápidas. 
➔ HORMÔNIOS AMÍNICOS: 
Hormônios derivados de aminoácidos, ou 
amínicos, são moléculas pequenas criadas a partir 
do triptofano ou da tirosina, ambos contendo anéis 
carbônicos em seus grupos R (radical). 
O hormônio da glândula pineal, melatonina, é 
derivado do triptofano, as catecolaminas e os 
hormônios tireoideanos são sintetizados a partir 
da tirosina. As catecolaminas são uma 
modificação de uma única molécula de tirosina. Os 
hormônios tireoideanos são uma combinação de 
duas moléculas de tirosina com átomos de iodo. 
Apesar do precursor comum, os dois grupos de 
hormônios derivados da tirosina têm pouco em 
comum. As catecolaminas (adrenalina, 
noradrenalina e dopamina) são neuro-hormônios 
que se ligam a receptores na membrana das 
células, assim como ocorre com os hormônios 
peptídicos. Os hormônios da tireoide, produzidos 
pela glândula tireoide, a qual tem o formato de 
uma borboleta e se localiza no pescoço, 
comportam-se como hormônios esteroides, com 
receptores intracelulares que ativam genes. 
Como observado anteriormente, os neuro-
hormônios são sinais químicos liberados para o 
sangue por um neurônio. O sistema nervoso 
humano produz três principais grupos de neuro-
hormônios: catecolaminas, produzidas por 
neurônios modificados da medula da glândula 
suprarrenal, neuro-hormônios hipotalâmicos 
secretados pela neuro-hipófise e neuro-hormônios 
hipotalâmicos que controlam a liberação de 
hormônios da adeno-hipófise. Devido ao fato de os 
dois últimos grupos de neuro-hormônios estarem 
associados à glândula hipófise, descrevemos esta 
importante estrutura endócrina primeiro. 
➔ ALÇAS DE RETROALIMENTAÇÃO 
Os princípios da retroalimentação negativa são 
subjacentes à regulação homeostática de, 
praticamente, todos os sistemas de órgãos. Nos 
sistemas endócrinos, retroalimentação negativa 
significa que alguma característica da ação do 
hormônio, direta ou indiretamente, inibe a 
secreção adicional do hormônio. 
Retroalimentação de alça longa significa que o 
hormônio volta a agir por todo o caminho até o eixo 
hipotálamo-hipófise. Existe a terceira 
possibilidade, chamada de retroalimentação de 
alça ultracurta, em que o hormônio hipotalâmico 
inibe sua própria secreção (p. ex., hormônio de 
liberação do hormônio de crescimento [GHRH] 
inibe a secreção de GHRH). 
O resultado real de qualquer versão da 
retroalimentação negativa é que quando os níveis 
de hormônio são considerados (por suas ações 
fisiológicas) adequados ou altos, a secreção do 
hormônio é inibida. Quando os níveis hormonais 
são considerados inadequados ou baixos, a 
secreção do hormônio é estimulada. 
A forma predominante de uma alça de 
retroalimentação fechada entre as glândulas 
endócrinas é a retroalimentação negativa. Em 
uma alça de retroalimentação negativa, o 
“hormônio A” atua em um ou mais órgãos-alvo 
para induzir uma mudança (diminuição ou 
aumento) nos níveis circulantes do “componente 
B”, e a mudança no componente B por sua vez 
inibe a secreção do hormônio A. As alças de 
retroalimentação negativa garantem estabilidade 
por manter um parâmetro fisiológico (p. ex., 
glicose sanguínea) dentro de uma escala normal. 
Também existem poucos exemplos de 
retroalimentação positiva na regulação endócrina. 
Uma alça de retroalimentação positiva, na qual o 
hormônio X aumenta os níveis do componente Y e 
o componente Y estimula a secreção do hormônio 
X, confere instabilidade. Sob o controle de alças 
de retroalimentação positiva, um estímulo é 
recebido e amplificado. Existem duas 
configurações básicas das alças de 
retroalimentação negativas dentro do sistema 
endócrino: uma alça de retroalimentação de 
resposta fisiológica direcionada (mencionada 
simplesmente como “retroalimentação de resposta 
direcionada”) e uma alça de retroalimentação 
direcionada do eixo endócrino. A alça de 
retroalimentação de resposta direcionada é 
observada em glândulas endócrinas que 
controlam os níveis de glicose sanguínea (ilhotas 
pancreáticas), níveis sanguíneos de Ca++ e Pi 
(glândulas paratireoides, rim), osmolaridade e 
volume de sangue (hipotálamo/ neuro-hipófise), e 
Na+, K+ e H+ sanguíneos (zona glomerulosa do 
córtex suprarrenal e células atriais). Na 
configuração da resposta direcionada, a secreção 
de um hormônio é estimulada ou inibida por uma 
mudança no nível de um parâmetro extracelular 
específico (p. ex., um aumento na glicose 
sanguínea estimula a secreção de insulina). Níveis 
hormonais alterados levam a mudanças na 
fisiologia dos órgãos-alvo (p. ex., gliconeogênese 
hepática reduzida, consumo aumentado de 
glicose pelo músculo) que regulam diretamente o 
parâmetro em questão. A mudança no parâmetro 
(i. e., glicose sanguínea reduzida) desta forma 
inibe a secreção adicional do hormônio (i. e., a 
secreção de insulina cai quando a glicosesanguínea diminui). Grande parte do sistema 
endócrino é organizada em eixos endócrinos, 
cada eixo consistindo em hipotálamo, hipófise e 
glândulas endócrinas periféricas. Desta forma, a 
alça de retroalimentação direcionada do eixo 
endócrino envolve uma configuração em três 
níveis. O primeiro nível é representado pelos 
neurônios neuroendócrinos hipotalâmicos que 
secretam hormônios de liberação. Os hormônios 
de liberação estimulam (ou, em alguns poucos 
casos, inibem) a produção e a secreção de 
hormônios tróficos da glândula hipófise (segundo 
nível). Os hormônios tróficos estimulam a 
produção e secreção de hormônios das glândulas 
endócrinas periféricas (terceiro nível). Os 
hormônios produzidos perifericamente, 
denominados hormônios da tireoide, cortisol, 
esteroides sexuais e IGF-1, tipicamente 
apresentam ações pleiotrópicas (p. ex., múltiplos 
efeitos fenotípicos) em diversos tipos celulares. 
Entretanto, na retroalimentação direcionada do 
eixo endócrino, a alça de retroalimentação 
primária envolve a inibição da retroalimentação 
dos hormônios hipofisários trópicos e dos 
hormônios hipotalâmicos liberadores pelo 
hormônio produzido perifericamente. Em 
contraste com a retroalimentação de resposta 
direcionada, as respostas fisiológicas ao hormônio 
produzido perifericamente desempenham apenas 
um papel pequeno na regulação da 
retroalimentação dentro das alças de 
retroalimentação direcionada do eixo endócrino. 
Um aspecto importante dos eixos endócrinos é a 
capacidade de diminuir e aumentar os sinais 
neuronais para modular a liberação dos hormônios 
hipotalâmicos de liberação e desse modo controlar 
a atividade do eixo. Uma contribuição neuronal 
importante aos neurôniossecretores de hormônios 
de liberação vem de outra região do hipotálamo 
chamada de núcleo supraquiasmático (SCN). 
Neurônios SCN impõem um ritmo diário, chamado 
de ritmo circadiano, sobre a secreção dos 
hormônios hipotalâmicos de liberação e dos eixos 
endócrinos que eles controlam (Fig. 37-3). Os 
neurônios SCN representam um relógio circadiano 
intrínseco, como evidenciado pelo fato de 
demonstrarem um pico espontâneo de atividade 
elétrica no mesmo momento em cada 24 a 25 
horas. O ciclo de 24 a 25 horas pode ser “alterado” 
pelo ciclo claro-escuro ambiental normal criado 
pela rotação da Terra de forma que a 
periodicidade do relógio parece ser controlada 
pelo ambiente. A contribuição neural é gerada de 
células retinais especializadas sensíveis à luz que 
são distintas dos bastonetes e cones e por sinais 
para o SCN através do trato retino-hipotalâmico. 
Em condições constantes de luz ou escuro, 
entretanto, o relógio SCN se torna “descontrolado” 
e flutua ligeiramente além do ciclo de 24 horas a 
cada dia. A glândula pineal forma uma ligação 
neuroendócrina entre o SCN e vários processos 
fisiológicos que requerem o controle circadiano. 
Esta glândula minúscula, perto do hipotálamo, 
sintetiza o hormônio melatonina pelo 
neurotransmissor serotonina, o qual tem o 
triptofano como precursor. A enzima considerada 
limitante para a síntese de melatonina é a N-
acetiltransferase. A quantidade e a atividade desta 
enzima na glândula pineal variam 
acentuadamente de maneira cíclica, e responde 
pelo ciclo de secreção da melatonina e seus níveis 
plasmáticos. A síntese de melatonina é inibida 
pela luz e marcadamente estimulada pelo escuro. 
Desta forma, a melatonina pode transmitir a 
informação de que a noite chegou, e as funções 
corporais são reguladas de acordo. A 
retroalimentação de melatonina ao SCN ao 
amanhecer ou ao anoitecer também pode ajudar a 
disparar o relógio dia-noite do SCN de 24 a 25 
horas. A melatonina possui inúmeras outras 
ações, incluindo a indução do sono. Outro 
importante modulador dos neurônios 
hipotalâmicos e da glândula hipófise é o estresse, 
ou como estresse metabólico (p. ex., hemorragia, 
inflamação) ou como estresse emocional (p. ex., 
medo, ansiedade). Grandes estresses físicos ou 
cirúrgicos descontrolam o relógio circadiano e 
causam um padrão persistente e exagerado de 
liberação hormonal que mobiliza os combustíveis 
endógenos, como a glicose e ácidos graxos livres, 
disponibilizando-os para órgãos fundamentais. 
Em contrapartida, os processos de crescimento e 
de reprodução são suprimidos. Além disso, 
citocinas liberadas durante respostas 
inflamatórias ou imunológicas, ou em ambas, 
regulam diretamente a liberação de hormônios 
hipotalâmicos de liberação e hormônios 
hipofisários. 
➔ REGULAÇÃO DOS RECEPTORES 
HORMONAIS 
Para responder, um tecido-alvo deve conter 
receptores específicos que reconhecem o 
hormônio. Esses receptores são acoplados a 
mecanismos celulares que produzem a resposta 
fisiológica. A reatividade do tecido-alvo a um 
hormônio é expressa na relação dose-resposta, 
onde a amplitude da resposta está relacionada à 
concentração de hormônio. À medida que 
aumenta a concentração de hormônio, a resposta, 
em geral, aumenta, e os níveis se estabilizam. A 
sensibilidade é definida como a concentração 
hormonal, que produz 50% da resposta máxima. 
Se mais hormônio for necessário para produzir 
50% da resposta máxima, então, teria ocorrido 
diminuição da sensibilidade do tecido-alvo. Se 
menos hormônio é necessário, teria ocorrido 
aumento da sensibilidade do tecido-alvo. A 
reatividade ou a sensibilidade do tecido-alvo pode 
ser alterada por uma de duas maneiras: alterando 
o número de receptores ou alterando a afinidade 
dos receptores para o hormônio. Quanto maior o 
número de receptores para o hormônio, maior é a 
resposta máxima. Quanto maior a afinidade do 
receptor para o hormônio, maior a probabilidade 
de resposta. A alteração do número ou da 
afinidade dos receptores é chamada regulação 
para baixo ou regulação para cima. A regulação 
para baixo significa que o número de receptores, 
ou a afinidade dos receptores para o hormônio, 
diminuiu. A regulação para cima significa que o 
número, ou a afinidade, dos receptores aumentou. 
Hormônios podem regular para baixo ou para cima 
seus próprios receptores nos tecidos-alvo e, 
ainda, podem regular os receptores para outros 
hormônios. 
As vias de sinalização geralmente são 
caracterizadas por: 1. Passos múltiplos e 
hierárquicos nos quais as proteínas efetoras 
“abaixo” são dependentes e direcionadas por 
receptores “acima”, transdutores e proteínas 
efetoras. Isto significa que a perda ou inativação 
de um ou mais componentes dentro da via leva a 
uma resistência geral ao hormônio, enquanto a 
ativação constitutiva ou a superexpressão dos 
componentes podem guiar a via de uma forma 
desregulada. 2. Amplificação da ligação 
hormônio-receptor inicial. A amplificação pode ser 
tão grande que a resposta máxima a um hormônio 
é obtida com a ligação do hormônio a uma 
pequena porcentagem de receptores. 3. Ativação 
de múltiplas vias, ou pelo menos regulação de 
múltiplas funções celulares, de um evento de 
ligação hormônio-receptor. Por exemplo, a ligação 
de insulina ao seu receptor ativa três vias de 
sinalização separadas. Mesmo em vias bastante 
simples (p. ex., ativação por glucagon da adenilato 
ciclase), eventos anteriores divergentes permitem 
a regulação de múltiplas funções (p. ex., ativação 
pós-traducional do glicogênio fosforilase e 
elevação da transcrição gênica de 
fosfoenolpiruvato carboxicinase). 4. Antagonismo 
por reações constitutivas e de regulação da 
retroalimentação negativa. Isto significa que um 
sinal é amortecido ou terminado (ou ambos) por 
reações opostas e a perda ou o ganho de funções 
por componentes opostos podem causar ativação 
independente do hormônio de uma via específica, 
ou resistência ao hormônio. 
 
➔ Observações importantes: 
• insulina é formada por 2 cadeias: alfa e 
beta, que são ligadas por duas pontes 
dissulfeto entre si e a cadeia alfa se liga a 
ela mesma por uma ponte dissulfeto.• A molécula do colesterol é a mesma, o que 
muda é a proteína carregadora que pode 
ser de baixíssima densidade (VLDL), baixa 
densidade (LDL), densidade intermediária 
(IDL), densidade média (MDL) ou alta 
densidade (HDL) 
• Hormônios masculinos clássicos são na 
maioria esteroides; 
 
• Andrógenos ou androgênios = hormônios 
masculinos 
• Estrógenos ou estrogênios = hormônios 
femininos 
• Progestágenos = predominantemente 
femininos 
• As glândulas endócrinas clássicas são 
hipotálamo, adeno e neurohipófise, 
tireoide, paratireoide, córtex suprarrenal, 
medula suprarrenal, gônadas, placenta e 
pâncreas. O rim também é considerado 
uma glândula endócrina e células 
endócrinas são encontradas ao longo do 
trato gastrointestinal

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