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Adaptação ao Meio Líquido no Projeto Natação no Mar Aluna: Lucia Alves de Oliveira1 Professor Orientador: Edwar Santos Santana2 Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Educação Física para Licenciado em Educação Física (EFL) – Trabalho de Graduação 17/11/2020 RESUMO A natação é um esporte ensinado a partir dos 3, 4 anos de idade, não apenas para recreação e treinamento, mas como sobrevivência. Somos gerados na “água”, porém vivemos no meio terrestre e, apesar disso, a água é para muitos um ambiente completamente diferente. Toda uma vivência terrestre e, de repente ter que se (re)adaptar com o meio líquido, um ambiente inseguro, incerto, pode causar certa estranheza. Tudo que envolve o nadar está dentro do contexto do que você tem a sua volta. Diante disso, a fase de adaptação ao meio líquido deve ser trabalhada de forma a criar um vínculo com a água tão natural quanto a relação que temos com o solo. O papel do Projeto Natação no Mar representa como uma metodologia de ensino para iniciantes pode ajudar nesse processo proporcionando cada vez mais pessoas de todas as idades a estabelecerem o contato natural com o mar de forma concreta e segura. Palavras-chave: Natação em águas abertas; Adaptação ao meio líquido; Projeto Natação no Mar 1. INTRODUÇÃO A natação é uma modalidade esportiva milenar que vem ao longo do tempo evoluindo e se destacando pelos grandes benefícios que ela oferece aos praticantes, se tornando objeto de estudo de muitas pesquisas. Por ser uma atividade esportiva realizada tanto por homens quanto por animais aquáticos, é sem dúvida o mais completo, pois envolve a maior parte dos músculos do corpo durante o exercício. Estudos recentes mostram que a natação melhora a capacidade de raciocínio, alivia os sintomas de doenças cerebrais como o Mal de Alzheimer e promove maior equilíbrio e coordenação motora. Essa atividade física auxilia também no ganho de força e tônus muscular, além do alongamento completo do 1 Licenciada em Educação Física 2 Doutor em Educação, Mestre em Ensino da Saúde e do Ambiente, Pós-Graduado em Gestão de Negócios no Esporte e Graduado em Educação Física corpo, melhora da noção do espaço, fortalecimento cardiorrespiratório e é um excelente exercício para reduzir a ansiedade, o peso, controlar o stress e elevar a autoestima. Existem algumas etapas que compõe o ensino e a aprendizagem na natação e estas etapas podem variar de acordo com a concepção e estudo dos autores. De acordo com Carvalho (1987), para que o aluno comece a aprender a nadar, antes ele precisa estar bem adaptado com o meio líquido, estando seguro de si e sem receios. Assim, é através da adaptação ao meio líquido que ele adquire segurança e experiência para dar continuidade à próxima etapa: o ensino dos nados na natação. Essa fase pode ter um paralelo interessante com o desenvolvimento da alfabetização das palavras, onde a criança é conduzida a uma série de processos que a levará ao objetivo final, que é a leitura e a escrita. Analogamente, podemos levar essa comparação também para a natação: antes de iniciar a aprendizagem das técnicas, a criança deverá passar por um processo fundamental para a evolução na modalidade: a Adaptação ao Meio Líquido. O conceito de adaptação ao meio líquido, usualmente, identifica-se com a 1ª fase da formação do nadador, enquanto outros autores denominam esta fase de “aprendizagem”. Essa é a fase de aquisição das habilidades, cujo desenvolvimento possibilitará ao aluno alcançar diferentes níveis de habilidade em fases posteriores. (CARVALHO, 1994) Também denominada familiarização, ambientação ou adaptação ao meio aquático (AMA), é a primeira e uma das mais importantes fases da aprendizagem da natação. O contato com o novo ambiente deve proporcionar tranquilidade, segurança e alegria para os iniciantes. Nadar deve ser antes de tudo, prazeroso. Culturalmente somos todos ensinados a correr, a caminhar, enfim, uma série de exercícios cardiovasculares fora d’água, e adicionar a natação para uma vida saudável pode ser um prazer a mais. A natação, considerada uma excelente atividade física e muito recomendada por médicos, atende todas as faixas etárias, dado ao fato de possuir poucas restrições aliada a grandes benefícios, sejam físicos, psicológicos e/ou sociais, aumentando a qualidade de vida de quem pratica. De acordo com Damasceno (1992), dentro da água, surgem limitações visuais, tendo em vista que a locomoção se faz com a ajuda da visão e, no ambiente aquático há uma perda de orientação espacial; outro sentido, a audição, é praticamente anulada, as vias nasais e orais ficam obstruídas e o corpo precisa se ajustar a uma nova situação de equilíbrio. Para se alcançar uma boa técnica de nado, saídas e viradas, é primordial que haja anteriormente o ensino de destrezas básicas no desenvolvimento motor da criança ou do adulto que vai iniciar na prática da natação. Esse processo é o que então conhecemos e iremos abordar neste artigo como Adaptação ao Meio Líquido, e como a metodologia desenvolvida pelo Projeto Natação no Mar se tornou referência para o ensino de natação em águas abertas. O objetivo desse estudo é buscar, através da metodologia de ensino de natação em águas abertas, como o aluno, seja de que idade for, se adapta a este meio e como percebe as diferenças e alterações como equilíbrio, respiração além da superação de seus medos. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A NATAÇÃO NA HISTÓRIA A natação é uma atividade tão antiga como a própria humanidade, pois desde o início da sua existência houve a necessidade de se deslocar no meio aquático. Sabe-se que o homem da antiguidade já utilizava o ambiente aquático com muita frequência. Pinturas rupestres e relatos de historiadores e arqueólogos indicam que a prática de atividades no meio líquido remonta desde muitos anos antes de Cristo. Nos tempos antigos, nadar era apenas um meio de sobrevivência, um meio de escapar dos animais ou de caçar. A capacidade de nadar possibilitou avanços em questões relacionadas à sobrevivência e desenvolvimento humano. Possibilitou ainda superar obstáculos (rios e lagos), adquirir alimentos (pesca) ou, mesmo, evitar afogamentos (enchentes ou quedas em rios). Na Grécia antiga, a natação assumiu sua relação com a saúde e o condicionamento físico de guerreiros e atletas. De acordo com Skinner & Thompson (1985) em 460-375 A.C., Hipócrates usava a água no tratamento de doenças nos primeiros tratamentos em SPA, iniciais da expressão latina Salutem Per Acqua (Saúde Pela Água) e os romanos utilizavam as “thermas” para banhos com finalidades recreacionais e curativas. (SKINNER & THOMPSON, 1985) A prática da natação já no Império Romano fazia parte do sistema de educação e, datam dessa época a construção das primeiras piscinas com essa finalidade. Documentos históricos apontam que as termas romanas possuíam piscinas de até 70 metros de comprimento. (SKINNER & THOMPSON, 1985) Durante a Idade Média, as atividades relativas ao corpo são alvo de crítica da Igreja Católica e a natação então perde força. Com o Renascimento e a virada antropocêntrica, a natação volta a ser praticada. Segundo Iguarán (1972), é nesse período que surgem os primeiros escritos referentes à natação, como o livro do alemão NICHOLAS WYMMAN (1538) intitulado "Colymbetes, Sive de arti natandis dialogus et festivus et iucundus lectu" (O nadador ou a arte de nadar, um diálogo festivo e divertido de ler). Como esporte, a natação aparece em competições em meados do século XIX. De acordo com Reyes (1998) e Rodrigues (1997), é na Inglaterra que, em 1828 temos a primeira piscina coberta e, em 1837 a primeira competição organizada tendo com ela a necessidade de criar regras e regulamentar clubes, sendo então o apogeu da história da natação. Os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, em 1896 já apresentavamprovas de 100, 500 e 1.200 metros livres. No entanto, até 1908 não existia uma regulamentação clara a respeito das provas de natação, quando então foi criada a Fédération International de Natation Amateur (F.I.N.A.), com os propósitos de estabelecer regras unificadas para natação, saltos e pólo aquático, além de verificar e validar recordes e dirigir as competições nos Jogos Olímpicos. (FINA, 2000) A NATAÇÃO EM ÁGUAS ABERTAS Nas origens, a natação somente era praticada em locais de águas abertas: rios, lagoas, enseadas, baías e mesmo em mar aberto. No passado, as provas em águas abertas eram individuais e tinham predominantemente mais o caráter de desafio do que competição como conhecemos hoje. Em 24 de agosto de 1875, o capitão inglês Matthew Webb foi o primeiro homem a cruzar o Canal da Mancha, nadando por 21 horas e 45 minutos num percurso de 64 quilômetros entre a Inglaterra e a França, travessia que até os dias de hoje é uma das maiores cobiças dos nadadores de águas abertas. (RODRÍGUEZ, 1997) Bastante curioso, de acordo ainda com o autor Rodriguez (1997), é que já nos Jogos Olímpicos de Paris, em 1900, foram realizadas provas de 100m e 200m livres, 200m costas; 60m submarinos e 200m obstáculos, sendo estas provas disputadas no Rio Sena, considerando-se assim como a primeira competição oficial em águas abertas no mundo. No Brasil, a prática da natação em águas abertas não como atividade física provida de métodos mas como atividade recreativa e terapêutica data de meados da década de 1850, no Rio de Janeiro, quando o banho de mar era apontado como tonificante e fortificante, devido aos princípios salinos além dos efeitos dos exercícios feitos na água. Para Mello (2015), a natação no mar é particularmente útil para "habituar o corpo a uma demora prolongada na água que possa permitir uma maior absorção de princípios salinos. (...) deve-se também levar em conta os bons efeitos do exercício”. A prática da natação competitiva no Brasil tem suas origens nas águas fluminenses, ainda no final da década de 1880, com disputas amigáveis e presença de público às margens das praias na Baía de Guanabara ovacionando o vencedor. Mas o maior marco do início das competições em águas abertas no Brasil foi em 1924, a “Travessia de São Paulo a Nado”, nas ainda pouco poluídas águas do Rio Tietê, um percurso de cerca de 5,5 km, onde dos 63 atletas inscritos, dez eram mulheres, em uma época onde apenas o esporte recreativo era designado às mulheres, como relata a atleta Maria Lenk (1986): O rio Tietê fazia parte da conjuntura que caracterizou a vida do paulista dos anos 1920 e 30, primórdios do desporto [...], quando se encarava a atividade desportiva como manifestação do jovem másculo, que [...] faria uma demonstração de força [...]. À mulher cabia, quando muito, assistir às pugnas esportivas, em que torceria pelo seu galã [...]. (LENK, 1986, p. 39). O evento marcou a construção das primeiras piscinas em São Paulo, inclusive com medidas oficiais para competições, e posteriormente no Rio de Janeiro, onde muitos atletas foram revelados nacional e internacionalmente, e outros tantos atletas que nas últimas décadas deram continuidade a carreira nas águas abertas. Apesar da existência desde o início das décadas de 20 e 30 da prática e competições em águas abertas, o ensino das técnicas ainda era feito apenas nas piscinas. Mas a necessidade de prevenir afogamentos, muito frequentes na época devido ao incentivo para os banhos de mar, era ainda relegado aos “corajosos nadadores” que por suas habilidades enfrentavam as intempéries para realizar salvamentos. (DEVIDE; VOTRE, 2012) De acordo com Szpilman e Mello (2019), nos últimos anos, tanto treinos como competições em águas abertas vem apresentando um aumento no número de incidentes, com ou sem vítimas, por falta de conhecimento das variáveis que o ambiente marítimo apresenta, desde condições meteorológicas - correntes, ondulação e variações de vento, a ambientais, como temperatura e até mesmo presença de animais como águas-vivas, tubarões etc. Um dos principais motivos para a inserção das crianças, o quanto antes, nas aulas de natação se deve à preocupação dos pais com as situações de afogamentos, principalmente, em períodos de férias, quando riscos de acidentes são maiores, a medida em que o contato com a água é mais frequente, seja em praias, lagoas ou piscinas. A motivação para adultos já se verifica, no entanto, no desejo de superar traumas e poder estabelecer um vínculo de brincadeiras com suas próximas gerações, filhos, netos e sobrinhos. PROJETO NATAÇÂO NO MAR – RIO DAS OSTRAS (RJ) O Projeto Natação no Mar teve início no ano de 2005, na cidade de Rio das Ostras (RJ), com o objetivo de ensinar técnicas de natação e de salvamento aos moradores do entorno de praias e lagoas, dando a eles capacidade de prevenir acidentes típicos do ambiente água, quando um grupo de profissionais voluntários que, vendo a necessidade de uma maior interação da comunidade com o mar, decidiram dar aulas na praia. No início, o projeto encontrou uma barreira que foi a falta de bibliografia específica para ensino nesse ambiente. Mesclando a metodologia de ensino de natação em piscina com a observação das adversidades e das facilidades que o mar traz foi sendo então desenvolvida uma metodologia própria, surgindo assim o Projeto Natação no Mar, pioneiro no Brasil como método de ensino de natação no mar e modelo para outras equipes que, ao longo dos anos, surgiram não apenas na cidade de Rio das Ostras mas em todo território brasileiro. De acordo com Izabel Thomas, professora de natação e idealizadora do projeto, o Projeto Natação no Mar envolve não apenas o ensino e a prática da natação, mas possibilita a socialização e inclusão através da atividade esportiva nas ações de prevenção a acidentes no mar, aulas de primeiros socorros e treinamento para competições. Pessoas de diferentes níveis socioculturais e com diferentes aspirações encontram nessas aulas uma ferramenta de conhecimento e interação com a própria sociedade utilizando o mar como meio. Em setembro de 2006, o Projeto Natação no Mar foi apadrinhado pelo ex- atleta olímpico Luiz Lima que, no ano de 2009 levou para a Praia de Copacabana a metodologia, onde até os dias de hoje mantém uma equipe de ensino e treinamento de natação em águas abertas, abrindo as portas para o surgimento de outras assessorias e a divulgação do esporte. No ano de 2008, foi criada a ONG MARE – Associação Meio Ambiente, Respeito e Esporte, braço socioambiental do Projeto Natação no Mar, com atividades de consciência ecológica, promoção da melhora na qualidade de vida e integração e inclusão, que complementam as aulas de natação, mostrando o caráter social do projeto, não apenas no atendimento dos alunos mas de todo seu entorno. A escolha da Praia do Cemitério para o início do projeto e atualmente Praia da Boca da Barra foi e é fundamental por serem praias classificadas como Praias Abrigadas que, parecidas com uma enseada, possuem o mar calmo, praticamente sem ondas, ou com ondas pequenas, correnteza e arrasto bem fracos, exceto, é claro, em dias de ressaca ou vento forte. A profundidade desse tipo de praia também segue a mesma regra das enseadas: aumenta gradativamente e sem interrupções por buracos e alagamares. Essa característica da profundidade possibilita o ensino da natação desde a fase de adaptação ao meio líquido, onde os alunos precisam ainda estar em contato direto com a areia e a água numa altura até o peito para ganho do equilíbrio no meio aquático até o treinamento de alunos que exigem o ensino de técnicas específicas dos quatro nados (crawl, costas, peito e borboleta). O Projeto Natação no Mar possui, desde sua concepção, a característica de ser intergeracional, onde os alunos não são separados por faixa etária e sim por nível de aprendizado,sendo classificado em sua primeira aula dentro das turmas de Adaptação ao Meio Líquido (T1), Iniciação (T2), Aprendizagem (T3) e Aperfeiçoamento (T4). PROCESSO PEDAGÓGICO NA FASE DE ADAPTAÇÃO AO MEIO LÍQUIDO APLICADA NO PROJETO NATAÇÃO NO MAR Diferente de outras espécies como peixes e anfíbios, em que o habitat natural lhes oportunizou os padrões adaptativos das habilidades aquáticas, ou algumas aves e répteis, que ao longo de sua evolução desenvolveram também estratégias características da adaptação ao meio líquido, e ainda alguns mamíferos que se destacam por excelente adaptação aquática, o homem encontra no meio aquático um ambiente estranho, seja na forma de se equilibrar, de respirar, de se deslocar e até mesmo de se situar no tempo e no espaço. (ANDRIES JUNIOR, 2009) Santana et al. (2003), descreve a fase de adaptação ao meio líquido como “um momento de alfabetização aquática cujo objetivo é proporcionar vivências motoras que tenham como consequência a técnica de sobrevivência total em meio líquido”. (SANTANA et al., 2003, p. 64) Geralmente o processo ensino-aprendizagem destinado a natação pauta-se na aprendizagem dos estilos formais da natação, deixando de lado a fase mais essencial desse processo: a adaptação ao meio líquido e a superação do medo, que se constitui num pré-requisito fundamental para a continuidade do ensino. A fase de adaptação ao meio líquido traz para o aluno sintomas naturais de insegurança e ansiedade e, em alguns casos de alunos mais velhos, histórico de traumas, psicológicos ou físicos, que podem ter vindo de acidentes na infância ou mesmo a falta de oportunidade de aprender a nadar mais cedo e, segundo Correa (1999), nesse momento como primeiro contato orientado com o novo meio, “cabe ao professor a sutileza na habilidade de atender às necessidades individuais de seus alunos.” Segundo Machado (2004, p.22) e Andries Junior (2009), a sequência pedagógica moderna divide a fase de adaptação ao meio líquido em familiarização/adaptação ao meio, respiração/imersão, flutuação, propulsão e mergulho elementar. A metodologia de ensino desenvolvida pelo Projeto Natação no Mar, iniciada como um projeto de pesquisa de profissionais de educação física com alunos/moradores do bairro adjacente ao projeto foi, de acordo com Izabel Thomas, elaborada com base no conceito de ensino para a independência, isto é, o aluno após passar por todas as fases de ensino – adaptação ao meio líquido, iniciação, aprendizado e aperfeiçoamento, estará apto a nadar com destreza, enfrentando situações adversas comuns no ambiente marinho. Partindo desse objetivo, a sequência pedagógica que vemos até hoje aplicada é: • Equilíbrio: iniciar a familiarização com o meio líquido, aprender noções de dinâmica marinha, reconhecimento dos tipos de areia e irregularidade do mar para enfim sentir o equilíbrio corporal no novo ambiente; • Respiração: considerada a “alma” do ensino da natação, tendo em vista que a respiração fora da água difere da respiração dentro da água e o aluno nessa etapa precisa sentir a respiração dentro d’água sendo automática; • Descontração Facial: objetiva a eliminação da rigidez facial e a perda do medo da água, com imersões de rosto e corpo, fase esta onde os alunos são orientados a não usar óculos, a fim de sentir a água no rosto com tranquilidade; • Habilidade Aquática: objetivo final da fase de adaptação ao meio líquido quando o aluno passa a ter o poder da água nas mãos, através de mergulhos elementares, deslizes/propulsão de pernas e braços e controle respiratório. O primeiro contato do aluno com o professor para sua aula experimental se dá ainda na areia, onde o profissional questiona se existe algum problema físico ou motor que possa dificultar ou limitar o aprendizado, se o aluno já teve alguma experiência de nado ou se passou por algum trauma e se tem capacidade de entrar na água sem auxílio. Essa fase, segundo Ramaldes (1997), pode ser chamada de fase psicológica e é tão importante quanto o primeiro contato com a água, quando o aluno se relaciona intimamente com o meio, percebendo as diferenças entre o “estar na água e o estar na terra”. A respiração automática, ou seja, o ato de inspirar o ar pelo nariz e expirar pela boca, quando partimos para o ambiente aquático se inverte. Barbosa (2002 apud Bassani, 2013) ressalta esses diferenças como (...) a respiração apresenta as características do mecanismo respiratório no meio terrestre como dominância nasal, sendo um ato reflexo na inspiração e tendo a expiração passiva, já no meio aquático, tem-se a dominância bucal, sendo um ato voluntário em que a inspiração é automática e a expiração ativa. (BARBOSA, 2002 apud BASSANI, 2013) A respiração no meio líquido difere da respiração automática devido a imersão das vias respiratórias. Castro (1979) considera que uma das grandes dificuldades a serem enfrentadas na natação reside na mudança da forma de respirar. Essa mudança deve ser trabalhada porque a respiração, além de proporcionar as trocas gasosas, também exerce uma interferência direta na flutuabilidade e descontração corporal. (ANDRIES JUNIOR, 2009) A partir do momento em que o aluno já entende a diferença do mecanismo de respiração no processo do nadar, o professor já pode iniciar os educativos da fase de adaptação ao meio líquido, dentro do novo ambiente. Respiração, descontração facial/corporal e flutuação são a primeira inserção do aluno no processo de aprendizagem. Uma característica da metodologia do Projeto Natação no Mar são as adaptações nos nomes dos educativos, não apenas para facilitar a linguagem do professor-aluno, mas também uma forma de ensinar através do lúdico e da criatividade. Educativos de flutuação como Estrela do Mar3, Estrela do Céu4, de equilíbrio, respiração e descontração facial como Abre o bocão/Solta o bolão5, Exercício do Pintinho6, são apenas algumas nomenclaturas que, ora foram criadas ora adaptadas por professores do Projeto Natação no Mar ao longo dos anos e que até hoje estão presentes nas aulas e são reconhecidas e utilizadas até mesmo pelos alunos da turma de aperfeiçoamento (T4). De acordo com a professora Izabel Thomas, a estrutura de formação das turmas baseada por habilidade aquática e não por idade possibilita uma pedagogia lúdica sem prejuízo no alcance dos objetivos que são propostos nas tarefas, dessa forma tanto crianças quanto adultos assimilam o conteúdo com prazer e alegria. A metodologia lúdica na fase de adaptação ao meio líquido com a substituição dos nomes técnicos dos nados clássicos por movimentos que se assemelham aos animais, aliado ao chamado método parcial de ensino, onde se aprende as partes para evolução do todo, ou seja, o aluno tem um desenvolvimento progressivo de cada movimento para ao final reunir todo o conjunto facilita o processo de ensino- aprendizado. Com o domínio do equilíbrio e a descontração facial conquistada no meio aquático o aluno passa a trabalhar a propulsão (deslize/deslocamento), ou seja, a “capacidade de locomoção do corpo no meio aquático pela exploração de recursos 3 Estrela do Mar: educativo que tem a finalidade de capacitar o aluno a flutuar em posição de decúbito ventral, ou seja, com a barriga voltada para baixo, olhando para o fundo do mar, com as pernas e braços abertos, onde visualmente se assemelharia a uma estrela do mar. 4 Estrela do Céu: educativo onde o aluno irá flutuar em posição de decúbito dorsal, com a barriga para cima, olhando para o céu. 5 Abre o bocão/solta o bolão: educativo aplicado para descontração facial e controle da respiração, a finalidade é fazer com que o aluno consiga realizar a respiração dentro d’água de forma automática tal como realiza a respiração natural. 6 Pintinho: educativo aplicado com a finalidade de dar equilíbrio vertical ao aluno sem a utilização das mãos. O aluno é orientado a caminhar com aágua do mar na altura máxima da cintura, com as duas mãos para trás, como se fosse imitar um pintinho. próprios, e pela ação conjunta de membros superiores e inferiores.” (ROHLFS, 1999) Considerando que os alunos já estão com uma autonomia de equilíbrio e respiração no meio líquido, já desenvolveram a capacidade de flutuar com e sem material, entram então os educativos para propulsão de membros inferiores, palmateios, propulsão de membros superiores e finalmente mergulho elementar tais como Exercício do Tubarão7, Cachorrinho8, Água-Viva/Lulinha9 e Golfinho10. O método parcial de ensino adotado pelos professores do Projeto Natação no Mar é descrito na literatura de Pusseldi e Ribeiro (2004, p.60), como o ensino partindo desde as atividades de adaptação ao novo meio, imersão, exercícios educativos de recuperação da posição vertical para horizontal e retomada, que permitirão sensações de equilíbrio e levarão à flutuação; posteriormente, os deslocamentos através de deslizes e propulsão com respiração frontal e lateral rudimentar até o controle de ar por apneia através do mergulho elementar. Para Corrêa e Massaud (2007), o professor deve criar situações de desafio e superação para que possa alcançar o objetivo do aluno. O professor deve criar atividades lúdicas que auxiliem na socialização dos alunos e deve oportunizar vivências aquáticas que são importantes para facilitar o domínio da modalidade. (CORREA e MASSAUD, 2007, p.75) A partir da avaliação técnica do professor ao que foi apreendido por cada aluno, seja através de desafios lúdicos ou mesmo avaliativos, o aluno finalmente tem o poder da água nas suas mãos, definição clássica do que seja habilidade aquática. 3. MATERIAL E MÉTODOS Como metodologia, a observação ativa através da condição como professora foi o melhor caminho para abordar a realidade da natação em águas abertas, além da pesquisa bibliográfica embasada por conceituados autores tornaram a experiência da pesquisa abrangente através da teoria e da prática. 7 Tubarão: educativo de deslocamento horizontal, com propulsão de pernas (pernada de crawl) e o rosto dentro d’água (respiração frontal), sem o auxílio das mãos, já que as mesmas estarão posicionadas acima da cabeça, imitando um tubarão. 8 Cachorrinho: educativo considerado nado de sobrevivência, quando o aluno de desloca com propulsão de pernas e a braçada rudimentar puxando a água com braços semiflexionados e mão em formato de concha. 9 Água-Viva: educativo de deslocamento horizontal também chamado de lulinha, com palmateios variados e pernadas propulsivas. 10 Golfinho: educativo de mergulho elementar, quando o aluno já domina a respiração e consegue fazer mergulhos com controle de ar e palmateios para deslocamento. Durante 7 semanas, em aulas ministradas duas vezes por semana, com duração média de 1 hora, em uma turma de 12 alunos entre crianças de 8 anos até adultos de 65 anos, fiz um planejamento com a sequência pedagógica utilizada no Projeto Natação no Mar, desde o trabalho pré-entrada na água até a concretização da habilidade aquática que direciona o aluno a fase seguinte de ensino que é a turma de iniciação (T2). Essa sondagem e avaliação foi realizada qualitativamente analisando os conhecimentos dos alunos nos quesitos: dinâmica marinha, habilidade aquática e propulsão. Além da observação ativa das aulas, realizei discussões com outros professores atuantes no Projeto Natação no Mar, onde pude observar o que cada profissional aborda com mais ênfase, tanto no público adulto quanto infantil na iniciação à natação. Nesse levantamento, pude observar que alguns professores prezam pelas bases da metodologia como conhecer melhor o aluno e verificar seus traumas antes de levá-lo para a adaptação ao meio líquido; outros trabalham bastante a fase de equilíbrio com deslocamentos em pé, caminhando a passos curtos, em marcha e acelerados dentro da água ou então com a progressão dos mergulhos, deslizes, propulsão de pernas e braços, mas sempre obedecendo cada fase no tempo de cada aluno. Apesar da fase de adaptação ao meio líquido ser, dentro da metodologia de ensino das atividades aquáticas a primeira fase pela qual o aluno inicia o aprendizado, esta fase está presente em todos os níveis de ensino (Iniciante, Aprendizado e Aperfeiçoamento), pois adaptar-se ao meio líquido é também o sentir a água nas mãos (ajustar a temperatura corporal à temperatura da água), sentir a água no corpo (descontração facial e corporal necessária para prevenção de choques físicos), especificamente para a prática da natação em águas abertas, devido a ausência de borda ou bloco para saltos, os nadadores em qualquer nível iniciam o deslocamento com mergulhos elementares e, dentro das aulas, os educativos de respiração e flutuação rudimentares da fase deste estudo estão sempre presentes. Por fim, o estudo ocorreu também com alguns alunos de forma randômica, através de conversas não estruturadas onde pude observar desde o interesse em aprender a nadar até as expectativas dentro do Projeto Natação no Mar. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para Barros (2003), a adaptação ao meio líquido é fase inicial do processo de ensino da aprendizagem da natação que visa à ambientação do aluno ao meio líquido levando-o a ter uma intimidade com a água, sentindo-se seguro, e obtendo o domínio das habilidades básicas da natação. Através de uma boa metodologia de adaptação ao meio líquido podemos perceber no aluno a capacidade de adquirir, a seu tempo, uma maior autonomia na água, maior facilidade nos deslocamentos, superação do medo e maior interação entre alunos - professores (MEZZAROBA et al. 2006). Silva, Schutz e Santos (2019) destacam que [...] quando a adaptação é realizada de forma bem sucedida, atuando com a atenção, descontração, segurança e experiência do professor, faz com que o aluno adquira confiança, quebrando assim as barreiras do medo e da insegurança; então ele começa a se soltar e desfrutar do prazer que a água proporciona (SILVA, SCHUTZ e SANTOS, 2019). De acordo com Gomes (1995), é importante salientar, que a adaptação ao meio líquido é a base para outras etapas de ensino da natação, e se esta não for respeitada e bem trabalhada, poderá acarretar traumas ao indivíduo e, talvez a aversão pela natação. Sportmil (2008 apud SILVA, SCHUTZ e SANTOS, 2019) cita que o fator tempo é muito importante e deve ser respeitado por professores, pais, amigos e pela própria pessoa. O plano de aulas desenvolvido foi dividido em 7 “temas”, um a cada semana: sociabilização, com atividades em grupo, jogos e brincadeiras; respiração, onde o aluno tem o primeiro contato com a água, gradativamente, com rápidas imersões; equilíbrio, através de situações de repouso e movimento, o aluno conseguindo entender e controlar o padrão de movimentos; descontração facial que, após o entendimento de que a respiração no meio aquático é fundamental para que o aluno se sinta seguro, o aluno imergindo o rosto na água é capaz de retirá-lo em seguida sem desconforto facial; flutuações, conseguida em decorrência do controle respiratório e noções de equilíbrio; deslocamentos através da propulsão de membros inferiores e superiores e, por fim, mergulhos e saltos que demonstram a habilidade aquática adquirida. A avaliação qualitativa dessas aulas demostrou que o objetivo de ensino com os alunos trabalhados foi alcançado. Entre a avaliação inicial e a final, houve um aumento superior a 50% no entendimento da dinâmica marinha, acima de 70% na habilidade aquática e acima de 60% no desenvolvimento de força através da propulsão de perna, mostrando efetivamente que os alunos avaliados estavam aptos a passar para a turma de iniciação (T2). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A adaptação ao meio líquido é uma experiência impactante para a vida do aluno pelo fato de possibilitar o domínio de todos os movimentos corporaiscapazes de serem realizados em terra agora no meio aquático. Para tal, o professor é o principal responsável pelo sucesso na condução deste processo, a fim de obter o melhor desenvolvimento possível do aluno na água. O sucesso da metodologia se faz presente quando, tanto para o aluno adulto como para o aluno infantil, o ensino através do lúdico, como jogos e brincadeiras, gincanas e musicalização alia o prazer e a alegria ao aprendizado. Para o aluno adulto, que está iniciando muitas vezes vindo de traumas psicológicos, falta de tempo ou oportunidade de aprender a nadar nesse ambiente, até então novo como ensino, traz também ao professor um sentimento de realização profissional, resgatando sua história pessoal de como também aprendeu a nadar unida a como aprender a ensinar. A característica marcante do Projeto Natação no Mar como metodologia de ensino intergeracional e de cunho socioambiental, que busca não só ensinar a nadar mas também a respeitar o seu entorno – pessoas e natureza, através das atividades de educação ambiental, consciência aos cuidados com a saúde, estímulo a prática do esporte trazem a certeza de que a fórmula deu certo. Como profissional de educação física, espero pode contribuir para a história do Projeto Natação no Mar, com um olhar especial para os alunos iniciantes na prática da natação e as suas recompensas pela participação num projeto não apenas esportivo, mas um projeto de amor. REFERÊNCIAS ANDRIES JUNIOR, O.; BOLONHINI, L. Z. Adaptação ao meio líquido: uma proposta de avaliação para a natação. Movimento & Percepção. Espírito Santo do Pinhal, São Paulo, ONLINE, v. 10, n. 15, jul./dez. 2009. Disponível em: http://ferramentas.unipinhal.edu.br/movimentoepercepcao/include/getdoc.php?i d=808&article=304&mode=pdf . Acesso em: 20 set. 2020. ARAÚJO JÚNIOR, B. Natação: saber fazer ou fazer sabendo? Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1993. BARBOSA, T. M. Natação para bebês. A necessidade de uma ação conscientemente dirigida. Revista da Associação Portuguesa de Técnicos de Natação, p. 30-35, 2002. BARROS, R. C. de. O papel do brincar na etapa de adaptação ao meio líquido para adultos. 2003. BASSANI, M. T. Adaptação ao meio líquido com e sem a utilização de flutuadores. 2013. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Educação Física) – Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2013. CASTRO, L. C. C. 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