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1 SEMSA MANAUS Sistema Único de Saúde (SUS): princípios, diretrizes, estrutura e organização; políticas de saúde; ..................................................................................................................................... 1 Estrutura e funcionamento das instituições e suas relações com os serviços de saúde; ... 12 Níveis progressivos de assistência à saúde; ..................................................................... 13 Políticas públicas do SUS para gestão de recursos físicos, financeiros, materiais e humanos; .............................................................................................................................. 17 Sistema de planejamento do SUS: estratégico e normativo; ............................................. 27 Direitos dos usuários do SUS: participação e controle social; ........................................... 39 Ações e programas do SUS; ............................................................................................. 54 Legislação básica do SUS; ............................................................................................... 57 Política Nacional de Humanização; ................................................................................. 100 Constituição Federal de 1988 - Título VIII - artigo 194 a 200; .......................................... 117 Lei nº 8.142/90 (dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências); .................................................................................... 119 Lei nº 8.080/90 (dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências); ...................................................................................................................... 120 RDC nº 63, de 25 de novembro de 2011 (dispõe sobre os requisitos de boas práticas de funcionamento para os Serviços de Saúde); ....................................................................... 120 Resolução CNS nº 553/2017 (dispõe sobre a carta dos direitos e deveres da pessoa usuária da saúde); ........................................................................................................................... 128 RDC nº 36, de 25 de julho de 2013 (institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e dá outras providências); .................................................................................... 136 Organização do Sistema de Saúde do Estado do Amazonas: metas, programas e ações em saúde; ................................................................................................................................. 140 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 2 Olá Concurseiro, tudo bem? Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 01. Apostila (concurso e cargo); 02. Disciplina (matéria); 03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 04. Qual a dúvida. Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até cinco dias úteis para respondê-lo (a). Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! Bons estudos e conte sempre conosco! 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 1 BASES LEGAIS DO SUS1 Diretrizes Conforme a Constituição Federal de 1988, o SUS é definido pelo artigo 198 do seguinte modo: As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada, e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: - Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; - Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; - Participação da comunidade. Princípios Doutrinários e Organizativos Universalidade: "A saúde é um direito de todos", como afirma a Constituição Federal. Naturalmente, entende-se que o Estado tem a obrigação de prover atenção à saúde, ou seja, é impossível tornar todos sadios por força de lei. Significa que o Sistema de Saúde deve atender a todos, sem distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária, sem qualquer custo. Integralidade: a atenção à saúde inclui tanto os meios curativos quanto os preventivos; tanto os individuais quanto os coletivos. Em outras palavras, as necessidades de saúde das pessoas (ou de grupos) devem ser levadas em consideração mesmo que não sejam iguais às da maioria. Equidade: todos devem ter igualdade de oportunidade em usar o sistema de saúde; como, no entanto, o Brasil contém disparidades sociais e regionais, as necessidades de saúde variam. Por isso, enquanto a Lei Orgânica fala em igualdade, tanto o meio acadêmico quanto o político consideram mais importante lutar pela equidade do SUS. Trata-se da igualdade da atenção à Saúde, sem privilégios ou preconceitos. O SUS deve disponibilizar recursos e serviços de forma justa, de acordo com as necessidades de cada um. O que determina o tipo de atendimento é a complexidade do problema de cada usuário. Participação da comunidade: o controle social, como também é chamado esse princípio, foi mais bem regulado pela Lei n.º 8.142. Os usuários participam da gestão do SUS através das Conferências de Saúde, que ocorrem a cada quatro anos em todos os níveis, e através dos Conselhos de Saúde, que são órgãos colegiados também em todos os níveis. Nos Conselhos de Saúde ocorre a chamada paridade, isto é, enquanto os usuários têm metade das vagas, o governo tem um quarto e os trabalhadores outro quarto. Descentralização político-administrativa: o SUS existe em três níveis, também chamado de esferas nacional, estadual e municipal, onde cada uma apresenta comando único e atribuições próprias. Os municípios têm assumido papel cada vez mais importante na prestação e no gerenciamento dos serviços de saúde; as transferências passaram a ser "fundo a fundo", ou seja, baseadas em sua população e no tipo de serviço oferecido, e não no número de atendimentos. Resolubilidade: é a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendimento ou quando surge um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível da sua competência. 1 BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Sistema Único de Saúde. Brasília. CONASS, 2011. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Assistência à Saúde. ABC DO SUS: Doutrinas e princípios. Brasília, 1990. BRASIL, Ministério da Saúde. Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde. O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios. 3. ed. Brasília, 2009. CARVALHO, Antônio Ivo de. Políticas de saúde: fundamentos e diretrizesdo SUS. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração / UFSC. [Brasília]: CAPES: UAB, 2010. Sistema Único de Saúde (SUS): princípios, diretrizes, estrutura e organização; políticas de saúde 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 2 Hierarquização: os serviços de saúde são divididos em níveis de complexidade; o nível primário deve ser oferecido diretamente à população, enquanto os outros devem ser utilizados apenas quando necessário. Regionalização: constitui eixo estruturante do Pacto de Gestão do SUS, o que evidencia a importância da articulação entre os gestores estaduais e municipais na implementação de políticas, ações e serviços de saúde qualificados e descentralizados. Neste processo são identificadas e constituídas as regiões de saúde – espaços territoriais nos quais serão desenvolvidas as ações de atenção à saúde, objetivando alcançar maior resolutividade e qualidade nos resultados, assim como maior capacidade de cogestão regional. Os principais instrumentos de planejamento da regionalização são o Plano Diretor de Regionalização (PDR), o Plano Diretor de Investimentos (PDI) e a Programação Pactuada e Integrada da Atenção à Saúde (PPI). A política de regionalização prevê a formação dos colegiados de gestão regionais que têm a responsabilidade de instituir processo de planejamento regional que defina prioridades e pactue soluções para organizar a rede de ações e serviços de atenção à saúde das populações locais. Municipalização: estratégia que reconhece o município como principal responsável pela saúde de sua população. Municipalizar é transferir para as cidades a responsabilidade e os recursos necessários para exercerem plenamente as funções de coordenação, negociação, planejamento, acompanhamento, controle, avaliação e auditoria da saúde local, controlando os recursos financeiros, as ações e os serviços de saúde prestados em seu território. O princípio da descentralização político-administrativa da saúde foi definido pela Constituição de 1988, preconizando a autonomia dos municípios e a localização dos serviços de saúde na esfera municipal, próximos dos cidadãos e de seus problemas de saúde. Complementariedade do setor privado: a Constituição definiu que, quando por insuficiência do setor público, for necessária a contratação de serviços privados, isso deve se dar sob três condições: - a celebração de contrato, conforme as normas de direito público, ou seja, interesse público prevalecendo sobre o particular; - a instituição privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas técnicas do SUS. Prevalecem, assim, os princípios da universalidade, equidade, etc., como se o serviço privado fosse público, uma vez que, quando contratado, atua em nome deste; - a integração dos serviços privados deverá se dar na mesma lógica organizativa do SUS, em termos de posição definida na rede regionalizada e hierarquizada dos serviços. Dessa forma, em cada região, deverá estar claramente estabelecido, considerando-se os serviços públicos e privados contratados, quem vai fazer o que, em que nível e em que lugar. Dentre os serviços privados, devem ter preferência os serviços não lucrativos, conforme determina a Constituição. Questões 01. (TJ/SP – Enfermeiro Judiciário - VUNESP/2019) A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece que as ações e serviços públicos de saúde integrem uma rede regionalizada e hierarquizada, constituindo um sistema único, que deve ser organizado de acordo com diretrizes, entre elas, (A) a centralização, com protagonismo do município, por meio das unidades básicas de saúde (UBS). (B) a descentralização, com direção única em cada esfera de governo. (C) a centralização, com protagonismo da esfera federal representada pelo Ministério da Saúde. (D) o atendimento integral, com prioridade para as atividades curativas, sem prejuízo dos serviços de atenção primária à saúde. (E) a implantação do programa de Saúde da Família como estratégia para a efetivação da atenção básica à saúde. 02. (Prefeitura de Bombinhas/SC - Enfermeiro - FEPESE/2019) O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, que determina que é dever do Estado garantir saúde a toda população brasileira. Assinale a alternativa correta acerca dos princípios e das diretrizes do SUS. 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 3 (A) São princípios organizativos do SUS: Regionalização e Hierarquização, Descentralização e Comando Único e Participação Popular. (B) A universalização no SUS indica que se deve tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior. (C) A Equidade defende que a saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas e cabe ao Estado assegurar este direito, sendo que o acesso às ações e aos serviços deve ser garantido a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais. (D) A Regionalização e Hierarquização propõe redistribuir poder e responsabilidade entre os três níveis de governo. Com relação à saúde, regionalização objetiva prestar serviços com maior qualidade e garantir o controle e a fiscalização por parte dos cidadãos. (E) A integralidade é um dos princípios do SUS e define que apesar de todas as pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades distintas. 03. (UPA/CS - Técnico em Enfermagem - FUNDEP/2018) Entre os princípios e as diretrizes do SUS, estão (A) a centralização administrativa e a universalidade do acesso. (B) a participação da comunidade na gestão e a centralização administrativa. (C) a universalidade do acesso e a integralidade do atendimento. (D) a independência da gestão e a contratualização do cuidado. 04. (Prefeitura de Canto do Buriti/PI - Assistente Social - Crescer Consultorias/2018) As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas na Constituição Federal e devem ainda obedecer os princípios apontados na Lei 8080/90. Estes princípios do SUS são classificados como doutrinários ou organizativos. São classificados como princípios organizativos do SUS: (A) Descentralização, Hierarquização e Regionalização. (B) Legalidade, Moralidade e Impessoalidade. (C) Integralidade, Universalidade e Equidade. (D) Eficiência, Publicidade e Centralização. 05. (Pref. Guarda Mor/MG – Enfermeiro – REIS & REIS Implica a delimitação de uma base territorial para o sistema de saúde, que leva em conta a divisão político-administrativa do país, mas também contempla a delimitação de espaços territoriais específicos para a organização das ações de saúde, subdivisões ou agregações do espaço político-administrativo. (A) Hierarquização dos serviços de Saúde; (B) Centralização dos serviços de Saúde; (C) Regionalização dos Serviços de Saúde; (D) Integralização dos Serviços de Saúde. 06. (Pref. Apiacá/ES – Enfermeiro-PSF – IDECAN) Em relação aos princípios do SUS, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. ( ) Universalidade: o SUS deve atender a todos, sem distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária, sem qualquer custo. ( ) Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à saúde da população, promovendo ações contínuas de prevenção e tratamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis de complexidade. ( ) Participação social: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando maior atenção aos que mais necessitam. ( ) Equidade: é um direito e um dever da sociedade participar das gestões públicas em geral e da saúde pública em particular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa participação,assegurando a gestão comunitária do SUS. A sequência está correta em (A) V, F, F, F. (B) V, V, F, F. (C) F, V, V, V. (D) F, V, F, V. (E) V, F, V, V. 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 4 07. (SEMSA - Pref. Manaus/AM - Enfermeiro em Saúde Pública – CETRO) Baseado nos preceitos constitucionais, a construção do SUS (Sistema Único de Saúde) norteia-se pelos seguintes princípios doutrinários: I. universalidade: a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão. II. integralidade: cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade. III. equidade: assegurar ações e serviços de todos os níveis de acordo com a complexidade que cada caso requeira, more o cidadão onde morar, sem privilégios e sem barreiras. IV. descentralização: a garantia constitucional de que a população usufruirá das unidades e das entidades representativas das políticas de saúde em todos os níveis, desde o federal até o local. É correto o que está contido em (A) I e IV, apenas. (B) I, III e IV, apenas. (C) I, II, III e IV. (D) I, II e III, apenas. (E) II, III e IV, apenas. 08. (Pref. Piripiri/PI - Enfermeiro – Urgência - INSTITUTO LUDUS) Permitir o acesso à tecnologia de alto custo apenas aos cidadãos que possuam seguros privados de saúde contraria um dos princípios básicos do SUS e significa ausência de: (A) Integridade. (B) Hierarquização. (C) Universalização. (D) Municipalização. (E) Equidade. 09. (Pref. Botucatu/SP - Agente de Saúde Pública – CETRO) A garantia de atenção à saúde a todo e qualquer cidadão e a implicância do dever de prestação de serviços de saúde por parte dos governos municipais, estaduais e federal denominam-se (A) Universalidade. (B) Integralidade. (C) Equidade. (D) Descentralização. (E) Regionalização. 10. (EBSERH/ HUPAA-UFAL - Técnico em Enfermagem - Saúde do Trabalhador – IDECAN) A regionalização, que é um dos princípios do SUS, significa (A) dividir o financiamento da saúde pública no Brasil. (B) responsabilizar os municípios pela oferta de todos os serviços de saúde do SUS. (C) dividir as responsabilidades fiscais da aplicação dos recursos públicos em saúde. (D) organizar os serviços de saúde em cada região para que a população tenha acesso a todos os tipos de atendimento. (E) estabelecer o total de recursos que os Estados e municípios podem receber pelos procedimentos realizados de média e alta complexidade. 11. (EBSERH/ HC-UFPE - Técnico em Enfermagem – IDECAN) O princípio do SUS que se refere à direção única em cada esfera de governo é a (A) integralidade. (B) universalidade. (C) participação da comunidade. (D) descentralização político-administrativa. (E) integração em nível executivo das ações de saúde. Gabarito 01.B / 02. A / 03.C / 04.A / 05.C / 06.B / 07.D / 08.E / 09.A / 10.D / 11.D 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 5 Comentários 01. Resposta: B Conforme a Constituição Federal de 1988, o SUS é definido pelo artigo 198 do seguinte modo: As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada, e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: - Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; - Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; - Participação da comunidade. 02. Resposta: A Conforme a Constituição Federal de 1988, o SUS é definido pelo artigo 198 do seguinte modo: As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada, e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: - Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; - Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; - Participação da comunidade. Hierarquização: os serviços de saúde são divididos em níveis de complexidade; o nível primário deve ser oferecido diretamente à população, enquanto os outros devem ser utilizados apenas quando necessário. Regionalização: constitui eixo estruturante do Pacto de Gestão do SUS, o que evidencia a importância da articulação entre os gestores estaduais e municipais na implementação de políticas, ações e serviços de saúde qualificados e descentralizados. Neste processo são identificadas e constituídas as regiões de saúde – espaços territoriais nos quais serão desenvolvidas as ações de atenção à saúde, objetivando alcançar maior resolutividade e qualidade nos resultados, assim como maior capacidade de cogestão regional. Os principais instrumentos de planejamento da regionalização são o Plano Diretor de Regionalização (PDR), o Plano Diretor de Investimentos (PDI) e a Programação Pactuada e Integrada da Atenção à Saúde (PPI). 03. Resposta: C Universalidade: "A saúde é um direito de todos", como afirma a Constituição Federal. Naturalmente, entende-se que o Estado tem a obrigação de prover atenção à saúde, ou seja, é impossível tornar todos sadios por força de lei. Significa que o Sistema de Saúde deve atender a todos, sem distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária, sem qualquer custo. Integralidade: a atenção à saúde inclui tanto os meios curativos quanto os preventivos; tanto os individuais quanto os coletivos. Em outras palavras, as necessidades de saúde das pessoas (ou de grupos) devem ser levadas em consideração mesmo que não sejam iguais às da maioria. 04. Resposta: A - Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; Hierarquização: os serviços de saúde são divididos em níveis de complexidade; o nível primário deve ser oferecido diretamente à população, enquanto os outros devem ser utilizados apenas quando necessário. Regionalização: constitui eixo estruturante do Pacto de Gestão do SUS, o que evidencia a importância da articulação entre os gestores estaduais e municipais na implementação de políticas, ações e serviços de saúde qualificados e descentralizados. Neste processo são identificadas e constituídas as regiões de saúde – espaços territoriais nos quais serão desenvolvidas as ações de atenção à saúde, objetivando alcançar maior resolutividade e qualidade nos resultados, assim como maior capacidade de cogestão regional. Os principais instrumentos de planejamento da regionalização são o Plano Diretor de Regionalização (PDR), o Plano Diretor de Investimentos (PDI) e a Programação Pactuada e Integrada da Atenção à Saúde (PPI). A política de regionalização prevê a formação dos colegiados de gestão regionais que têm a responsabilidade de instituir processo de planejamento regional que defina prioridades e pactue soluções para organizar a rede de ações e serviços de atenção à saúde das populações locais. 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 6 05. Resposta: C A regionalização são identificadas e constituídas as regiões de saúde – espaços territoriais nos quais serão desenvolvidas as ações de atenção à saúde. 06. Resposta: B A primeira e a segunda afirmativas são verdadeiras. A terceira e a quarta afirmativas foram invertidas, o conceito de Equidade foi colocado na Participação da comunidade e vice-versa, portanto são falsas. 07. Resposta: D A primeira, segunda e terceira afirmativas são verdadeiras. A quarta afirmativa é falsa, pois o princípio da descentralização é preconizar a autonomia dos municípios, isto é, a localização dos serviços de saúde estarão próximos dos cidadãos sendo local e não como informado desde o federal até o local. 08. Resposta: E Trata-se da igualdade da atenção à Saúde, sem privilégios ou preconceitos. O SUS deve disponibilizar recursos e serviços de forma justa, de acordo com as necessidades de cada um. O que determina o tipo de atendimento é a complexidade do problema decada usuário. 09. Alternativa A Significa que o Sistema de Saúde deve atender a todos, sem distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária, sem qualquer custo. 10. Resposta: D A regionalização deve orientar a descentralização das ações e serviços de saúde. Neste processo são identificadas e constituídas as regiões de saúde – espaços territoriais nos quais serão desenvolvidas as ações de atenção à saúde, objetivando alcançar maior resolutividade e qualidade nos resultados, assim como maior capacidade de cogestão regional. 11. Resposta: D Descentralização político-administrativa: O SUS existe em três níveis, também chamado de esferas: nacional, estadual e municipal, cada uma com comando único e atribuições próprias. Estrutura O Sistema Único de Saúde (SUS) é constituído pelo conjunto das ações e de serviços de saúde sob gestão pública. Está organizado em redes regionalizadas e hierarquizadas e atua em todo o território nacional, com direção única em cada esfera de governo. O SUS não é, porém, uma estrutura que atua isolada na promoção dos direitos básicos de cidadania. Insere-se no contexto das políticas públicas de seguridade social, que abrangem, além da Saúde, a Previdência e a Assistência Social. A Constituição brasileira estabelece que a saúde é dever do Estado. Aqui, deve-se entender Estado não apenas como o governo federal, mas como Poder Público, abrangendo a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios. A Lei n.º 8.080/90 determina, em seu artigo 9º, que a direção do SUS deve ser única, de acordo com o inciso I do artigo 198 da Constituição Federal, sendo exercida, em cada esfera de governo, pelos seguintes órgãos: I – no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde; II – no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e III – no âmbito dos municípios, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente. O artigo 196 cita que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Com este artigo fica definida a universalidade da cobertura do Sistema Único de Saúde. O SUS faz parte das ações definidas na Constituição como sendo de “relevância pública”, sendo atribuído ao poder público a sua regulamentação, a fiscalização e o controle das ações e dos serviços de saúde. 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 7 Outros Atos Normativos que estruturaram o SUS Norma Operacional Básica – NOB de 1991: foi criada com a finalidade de disciplinar e padronizar os fluxos financeiros entre as esferas de governo e de combater a propalada ineficiência das redes públicas federal, estadual e municipal, acusadas de ociosas e caras. Podem ser considerados os seguintes efeitos positivos nesse período: - um enorme incremento, sobretudo na esfera municipal, de capacidade institucional e técnica para a gestão da Saúde, inédita na história e na cultura municipal do País; e - a emergência de novos atores sociais na arena da Saúde com peso crescente no processo decisório, como os secretários municipais e os diversos grupos de usuários, por meio dos Conselhos Municipais de Saúde. Norma Operacional Básica – NOB de 1992: tem como objetivos normalizar a assistência à saúde no SUS; estimular a implantação, o desenvolvimento e o funcionamento do sistema; e dar forma concreta e instrumentos operacionais à efetivação dos preceitos constitucionais da saúde. Norma Operacional Básica – NOB de 1993: estabeleceu uma municipalização progressiva e gradual, em estágios, de forma a contemplar os diversos graus de preparação institucional e técnica dos municípios para assumir a gestão da Saúde. A cada estágio correspondia certo número de requisitos gerenciais a serem cumpridos pelo município, ao qual cabia uma autonomia crescente na gestão dos recursos, incluindo os da rede privada contratada. O SUS teve a sua execução descentralizada por níveis de gestão, começando progressivamente pela incipiente, seguida pela parcial e culminando com a semiplena. Essa progressão decorreu do comprometimento de Estados e municípios com a organização da atenção à saúde, com a sua adequação a parâmetros de programação e refletiu em maior autonomia local para dispor de recursos. Na prática, a gestão parcial não gerou maiores consequências. Norma Operacional Básica – NOB de 1996: acelerou a descentralização dos recursos federais em direção aos Estados e municípios, consolidando a tendência à autonomia de gestão das esferas descentralizadas e criou incentivos explícitos às mudanças na lógica assistencial, rompendo com o produtivismo e implementando incentivos aos programas dirigidos às populações mais carentes - como o PACS – Programa de Agente Comunitário da Saúde - e às práticas fundadas em uma nova lógica assistencial, como o PSF - Programa Saúde da Família. Norma Operacional de Assistência à Saúde NOAS/SUS 01/2001: promover maior equidade na alocação de recursos e no acesso da população às ações e serviços de saúde em todos nos níveis de atenção. Norma Operacional de Assistência à Saúde NOAS/SUS 01/2002: amplia as responsabilidades dos municípios na Atenção Básica; estabelece o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior equidade; cria mecanismos para o fortalecimento da capacidade de gestão do Sistema Único de Saúde e procede à atualização dos critérios de habilitação de estados e municípios. Questões 01. (Prefeitura de Angra dos Reis - RJ – Médico Psiquiatria – CEPERJ) A regulamentação da Lei Orgânica da Saúde tem sido efetuada através das chamadas normas operacionais do SUS, sendo que, desde 1991, já foram editadas cinco normas operacionais (NOB 91, NOB 92, NOB 93, NOB 96 e NOAS 01/02). Sobre a Norma Operacional de Assistência à Saúde - NOAS-SUS 01/02 - pode-se fazer a seguinte afirmação: (A) estabelece o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde; (B) reduz as responsabilidades dos municípios na Atenção Básica; (C) instituiu o PAB - Piso da Atenção Básica; (D) cria os níveis de gestão Incipiente, Parcial e Semi-Plena; (E) institui a PPI - Programação Pactuada e Integrada. 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 8 02. (TCE - SE – Enfermeiro – FGV) A partir da Constituição Federal de 1988 várias iniciativas institucionais, legais e comunitárias foram criando as condições de viabilização do direito à saúde, dentre as quais estão as Normas Operacionais Básicas (NOB). A principal finalidade da Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde, a NOB-SUS/96, foi: (A) estabelecer o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior equidade; (B) promover e consolidar o pleno exercício, por parte do poder público municipal e do Distrito Federal, da função de gestor da atenção à saúde dos seus munícipes; (C) instituir o Plano Diretor de Regionalização - PDR como instrumento de ordenamento do processo de regionalização da assistência em cada estado e no Distrito Federal; (D) identificar as necessidades e a proposta de fluxo de referência para outros estados, no caso de serviços não disponíveis no território estadual; (E) instituir a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada (GPAB- A), como uma das condições de gestão dos sistemas municipais de saúde. 03. (HOB – Agente de Administração – CONSUPLAN) “É um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), descrito na Constituição, o qual aborda a saúde como um direito de todos e um dever do Estado.” Trata-se do princípio da (A) participação social; (B) aplicabilidade do SUS; (C) universalidade do SUS; (D) descentralizaçãodo sistema. Gabarito 01.A / 02.B / 03.C Comentários 01. Resposta: A Estabelece o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior equidade. 02. Resposta: B Acelerou a descentralização dos recursos federais em direção aos Estados e municípios, consolidando a tendência à autonomia de gestão das esferas descentralizadas e criou incentivos explícitos às mudanças na lógica assistencial. 03. Resposta: C Na Constituição Federal o artigo 196 cita que “a saúde é direito de todos e dever do Estado. Com este artigo fica definida a universalidade da cobertura do Sistema Único de Saúde. POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE Lucchese2 define Políticas Públicas como conjuntos de disposições, medidas e procedimentos que traduzem a orientação política do Estado e regulam as atividades governamentais relacionadas às tarefas de interesse público. Portanto, as políticas públicas de saúde fazem parte do campo de ação do Estado orientado para a melhoria das condições de saúde da população e consiste em organizar as funções públicas governamentais para a promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e da coletividade. A promulgação da Constituição Federal de 1988 garantiu a efetivação das políticas públicas de saúde como um direito universal e igual para todos, além de promover uma descentralização da gestão entre seus entes federados.3 A política de saúde está inserida em um contexto mais amplo que adotou um modelo de seguridade social (Art. 194 da Constituição Federal) que envolve a saúde, a assistência social, a previdência e estabeleceu que a saúde é direito de todos e dever do Estado. 2 LUCCHESE, Patrícia T. R. (coord.). Políticas Públicas em Saúde Pública. São Paulo: IBIREME/OPAS/OMS, 2002. 3 RONCALLI, Ângelo Giuseppe. O desenvolvimento das políticas de saúde no Brasil e a construção do Sistema Único de Saúde. In: PEREIRA, A. C. Odontologia em saúde coletiva: planejando ações e promovendo saúde. Porto Alegre: Artmed, 2003. 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 9 Além da Constituição Federal é preciso mencionar as leis que regulamentam as políticas públicas de saúde no Brasil. São elas: a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080/90), a lei complementar da Saúde (Lei 8142/90), a Lei Orgânica da Seguridade Social (Lei 8212/91) e a Lei Orgânica da Assistência Social (Lei 8742/93). Como exemplo de Políticas Públicas citaremos: Política Nacional de Assistência Farmacêutica - Deve ser compreendida como política pública norteadora para a formulação de políticas setoriais, entre as quais destacam-se as políticas de medicamentos, de ciência e tecnologia, de desenvolvimento industrial e de formação de recursos humanos, dentre outras, garantindo a intersetorialidade inerente ao sistema de saúde do país (SUS) e cuja implantação envolve tanto o setor público como privado de atenção à saúde; - Trata de um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e ao seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população; - As ações de Assistência Farmacêutica envolvem àqueles referentes à Atenção Farmacêutica, considerada como um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica e compreendendo atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e corresponsabilidades na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida. Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades biopsicossociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde. Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos Garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional. Política Nacional de Atenção Básica Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Política Nacional de Atenção Oncológica O Ministério da Saúde está propondo por meio de portaria instituir a Política Nacional de Atenção Oncológica contemplando ações de Promoção, Prevenção, Diagnóstico, Tratamento, Reabilitação e Cuidados Paliativos, a ser implantada em todas as unidades federadas. A proposta estabelece que a Política Nacional de Atenção Oncológica deva ser organizada de forma articulada com o Ministério da Saúde e com as Secretarias de Saúde dos estados e municípios. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher - Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e a ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro. - Contribuir para a redução da morbidade e da mortalidade femininas no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ciclos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de qualquer espécie. - Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde. 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 10 Política Nacional de Atenção às Urgências - Ampliação do acesso e acolhimento aos casos agudos demandados aos serviços de saúde em todos os pontos de atenção, contemplando a classificação de risco e intervenção adequada e necessária aos diferentes agravos; - Garantia da universalidade, equidade e integralidade no atendimento às urgências clínicas, cirúrgicas, gineco-obstétricas, psiquiátricas, pediátricas e às relacionadas a causas externas (traumatismos, violências e acidentes); - Regionalização do atendimento às urgências com articulação das diversas redes de atenção e acesso regulado aos serviços de saúde; - Humanização da atenção garantindo efetivação de um modelo centrado no usuário e baseado nas suas necessidades de saúde; - Garantia de implantação de modelo de atenção de caráter multiprofissional, compartilhado por trabalho em equipe, instituído por meio de práticas clinicas cuidadoras e baseado na gestão de linhas de cuidado; - Articulação e integração dos diversos serviços e equipamentos de saúde, constituindo redes de saúde com conectividade entre os diferentes pontos de atenção; - Atuação territorial, definição e organização das regiões de saúde e das redes de atenção a partir das necessidades de saúde destas populações, seus riscos e vulnerabilidades específicas; - Participação e controle social dos usuários sobre os serviços; - Fomento, coordenação e execução de projetos estratégicos de atendimento às necessidades coletivas em saúde, de caráter urgente e transitório, decorrentes de situações de perigo iminente, de calamidades públicas e de acidentes com múltiplas vítimas, a partir da construção de mapas de risco regionais e locais e da adoção de protocolos de prevenção, atenção e mitigação dos eventos; Política Nacional de Humanização - Traduzir os princípios do SUS em modos de operar dos diferentes equipamentos e sujeitos da rede de saúde; - Orientar as práticas de atenção e gestão do SUS a partirda experiência concreta do trabalhador e usuário, construindo um sentido positivo de humanização, desidealizando “o Homem”. Pensar o humano no plano comum da experiência de um homem qualquer; - Construir trocas solidárias e comprometidas com a dupla tarefa de produção de saúde e produção de sujeitos; - Oferecer um eixo articulador das práticas em saúde, destacando o aspecto subjetivo nelas presente; - Contagiar, por atitudes e ações humanizadoras, a rede do SUS, incluindo gestores, trabalhadores da saúde e usuários; - Posicionar-se, como política pública: a) nos limites da máquina do Estado onde ela se encontra com os coletivos e as redes sociais; b) nos limites dos Programas e Áreas do Ministério da Saúde, entre este e outros ministérios (intersetorialidade). Política Nacional sobre o Álcool Contém princípios fundamentais à sustentação de estratégias para o enfrentamento coletivo dos problemas relacionados ao consumo de álcool, contemplando a intersetorialidade e a integralidade de ações para a redução dos danos sociais, à saúde e à vida causados pelo consumo desta substância, bem como as situações de violência e criminalidade associadas ao uso prejudicial de bebidas alcoólicas na população brasileira. Questões 01. (SEAD-SE (FPH) – Auxiliar de Necrópsia – CESP) As funções das políticas de saúde pública incluem a coordenação e a organização do programa de atenção à saúde. ( ) Certo ( ) Errado 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 11 02. (SEAD-SE (FPH) – Auxiliar de Necrópsia – CESP) Uma das práticas desenvolvidas no âmbito dessas políticas de saúde é coordenar atividades de vigilância epidemiológica para prevenir surtos de doenças em diferentes regiões do país. ( ) Certo ( ) Errado 03. (SEAD-SE (FPH) – Auxiliar de Necrópsia – CESP) Constitui finalidade dessas políticas estimular o aumento da rede de farmácias privadas no país para a garantia de acesso popular aos medicamentos. ( ) Certo ( ) Errado 04. (CISSUL-MG – Técnico de Enfermagem – IBGP/2017) A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196º, faz afirmações acerca da saúde. Sobre essas afirmações assinale a alternativa INCORRETA. (A) A saúde é direito de todos e dever do Estado. (B) O direito à saúde é garantido mediante políticas sociais e econômicas. (C) As políticas referentes à saúde devem visar à redução do risco de doença e de outros agravos apenas aos menos favorecidos na sociedade. (D) As políticas referentes à saúde devem visar ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação do indivíduo. Gabarito 01.Certo / 02.Certo / 03.Errado / 04.C Comentários 01. Resposta: Certo Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 02. Resposta: Certo As políticas públicas de saúde fazem parte do campo de ação do Estado orientado para a melhoria das condições de saúde da população e consiste em organizar as funções públicas governamentais para a promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e da coletividade. 03. Resposta: Errado Deve ser compreendida como política pública norteadora para a formulação de políticas setoriais, entre as quais destacam-se as políticas de medicamentos, de ciência e tecnologia, de desenvolvimento industrial e de formação de recursos humanos, dentre outras, garantindo a intersetorialidade inerente ao sistema de saúde do país (SUS) e cuja implantação envolve tanto o setor público como privado de atenção à saúde. 04. Resposta: C Lucchese define Políticas Públicas como conjuntos de disposições, medidas e procedimentos que traduzem a orientação política do Estado e regulam as atividades governamentais relacionadas às tarefas de interesse público. Portanto, as políticas públicas de saúde fazem parte do campo de ação do Estado orientado para a melhoria das condições de saúde da população e consiste em organizar as funções públicas governamentais para a promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e da coletividade. A promulgação da Constituição Federal de 1988 garantiu a efetivação das políticas públicas de saúde como um direito universal e igual para todos, além de promover uma descentralização da gestão entre seus entes federados. 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 12 PROCESSOS DE TRABALHO, GESTÃO DA SAÚDE E SUAS RELAÇÕES COM A ESTRUTURA DOS SISTEMAS DE SAÚDE As Redes de Atenção à Saúde (RAS)4 foram criadas como forma de organização dos serviços em arranjos que facilitam o fluxo dos usuários pelos diferentes níveis de atenção e norteiam os profissionais de saúde com vistas a ofertar uma assistência integral e resolutiva. Além das RAS, as linhas de cuidado também são fundamentais para permitir que os princípios de universalidade, equidade e integralidade sejam atingidos, bem como para que os profissionais consigam agir de forma antecipada diante dos riscos identificados, promovendo a saúde, minimizando os danos, tratando e reabilitando quando necessário. O SUS busca um modelo de atenção que garanta a integralidade do cuidado ao usuário ancorado nos seus princípios doutrinários. A implantação das RAS é resultado dessa busca e de vários fatores históricos e sociais analisados ao longo dos anos, sendo uma forma de vincular os serviços de saúde e os gestores em benefício do usuário, já que essas redes beneficiam o desenvolvimento da clínica ampliada, a incorporação de programas e de políticas nacionais de saúde. As RAS se caracterizam pela organização dos serviços de saúde, de forma sistematizada, tendo como objetivo a oferta de maior acesso aos usuários dos serviços, resolutividade das ações, agilidade nos encaminhamentos, integralidade e longitudinalidade do cuidado, além de melhora na comunicação entre os diferentes níveis de atenção. A porta de entrada preferencial do usuário no sistema de saúde brasileiro é a Atenção Primária à Saúde (APS), reconhecida pelos serviços das Unidades Básicas de Saúde (UBS), que devem ordenar o cuidado do usuário por todos os demais serviços da RAS que forem necessários ao longo de seu tratamento, pois é o ponto da rede que está mais próximo do usuário e desenvolve vínculo com ele. As atenções secundária e terciária são outros pontos da RAS responsáveis pelo atendimento de casos mais complexos — por meio do uso de maior densidade tecnológica e profissionais especializados — e correspondem aos serviços de urgência e emergência, às instituições hospitalares, entre outros. Os principais objetivos da RAS são promover a saúde, prevenir o agravo, ofertar ações reabilitadores, curativas e paliativas por meio da garantia de uma assistência qualitativa com utilização dos recursos de forma adequada que resulte em melhora na qualidade de vida da população e na sustentabilidade do sistema (BOUSQUAT et al., 2017). A organização da assistência em redes de atenção facilita o entendimento do usuário sobre os serviços que o acompanham, do profissional de saúde para realizar a referência e contra referência de forma correta, favorecendo a comunicação, e dos gestores para a solicitação e para o investimento dos recursos humanos, financeiros e materiais de acordo com as demandas e características de sua região. Além disso, é necessário ampliar as ações desenvolvidas para além das doenças, entendendo quais situações ou condições aumentam a vulnerabilidade das pessoas daquele território. As linhas de cuidado existentes dentro da RAS têm o papel de definir o fluxo dos usuários e nortear os profissionais de maneira assertiva, definindo quais ações de saúde devem ser desenvolvidas em cada nível de atenção e nos sistemas de apoio para assegurar a qualidade, aumentar a eficiência, minimizar os erros dos profissionais e serviços e aumentar o grau de autonomia e acorresponsabilização do usuário, fornecendo-lhe todas as ferramentas necessárias para promover a sua saúde. São capazes, ainda, de fornecer subsídios para o planejamento, programação e avaliação dos gestores, principalmente com relação a quantos e quais tipos de serviços assistências são necessários para atender as demandas de saúde da população. O principal objetivo das linhas de cuidado é coordenar o fluxo assistencial do usuário por meio do arranjo e da contratualização de serviços que garantirão o cuidado integral do usuário. Os sistemas de informação são uma ferramenta chave nesse processo, pois é partir deles que é possível uma comunicação entre os profissionais de diferentes serviços sobre o mesmo paciente. Esses sistemas podem ser informatizados e integrados à rede de cada município, ou físicos, por meio de referência e contra conferência de papel. O importante é que seja um sistema de apoio à comunicação e de integração dos serviços dos diferentes níveis de atenção. As linhas de cuidado são uma resposta da gestão das três esferas do governo na superação das respostas fragmentadas que ocasionavam danos ao sistema e à saúde do indivíduo. Como porta de 4 JULIÃO, G. G. Gestão de serviços de saúde. Porto Alegre: SAGAH, 2020. Estrutura e funcionamento das instituições e suas relações com os serviços de saúde 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 13 entrada preferencial da RAS e nível básico da atenção, a APS deve ser o ponto inicial das diferentes linhas de cuidado. Cabe à gestão, por sua vez, assegurar os recursos materiais e humanos para que as ações da linha se concretizem. O estudo da situação de saúde da população e a estratificação dos riscos dos grupos e coletividades relacionados aos fatores e condições a que estão expostos são ferramentas de gestão poderosas para a organização da prestação de cuidado, seja ele preventivo, promocional ou assistencial, uma vez que permitem a gestão da condição de saúde, da lista de espera e a realização da auditoria clínica a partir de uma abordagem baseada na população do território, com foco na promoção da saúde e na intervenção precoce para alcançar melhores resultados com menores custos (BRASIL, 2010). As RAS e as linhas de cuidado possibilitam uma atenção integral ao paciente, com qualidade e com custos compatíveis de acordo com as evidências científicas e podem ser entendidas como uma forma de coordenar os processos que envolvem determinada condição de saúde ou doença — desde seu diagnóstico até sua reabilitação. Além disso, incluem a gestão dos riscos individuais e coletivos e passam pela análise do ambiente onde o indivíduo está inserido, pelas ações de vigilância — em que o foco é a identificação precoce de agravos de saúde da população, suas causas e fatores desencadeantes — para propor medidas de controle e eliminação dos riscos de forma assertiva (BRASIL, 2010). Cabe ao gestor o planejamento, a monitorização e a avaliação das ações e serviços oferecidos, de acordo com a demanda apresentada, visando, sempre, a oferta de qualidade, a humanização e a resolutividade. Portanto, deve (BRASIL, 2010): • Atender as expectativas dos usuários; • Garantir o serviço certo ao usuário certo e no tempo certo; • Ampliar a qualidade da assistência ofertada; • Minimizar a fragmentação dos diversos serviços da RAS. A superação dos desafios existentes e o avanço na qualificação da assistência à saúde exigem dos gestores um olhar crítico e uma visão de futuro necessárias para organizar o sistema de saúde. Assim, a forma de organização do sistema precisa considerar os aspectos técnicos, éticos, culturais, e financeiros de cada instância do governo. O que se espera é que a inovação do processo de articulação da RAS resulte em um impacto positivo nos indicadores de saúde da população (BRASIL, 2010). NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE56 Atenção à saúde designa a organização estratégica do sistema e das práticas de saúde em resposta às necessidades da população. É expressa em políticas, programas e serviços de saúde consoante os princípios e as diretrizes que estruturam o Sistema Único de Saúde (SUS). A compreensão do termo ‘atenção à saúde’ remete-se tanto a processos históricos, políticos e culturais que expressam disputas por projetos no campo da saúde quanto à própria concepção de saúde sobre o objeto e os objetivos de suas ações e serviços, isto é, o que e como devem ser as ações e os serviços de saúde, assim como a quem se dirigem, sobre o que incidem e como se organizam para atingir seus objetivos. Numa perspectiva histórica, a noção de atenção pretende superar a clássica oposição entre assistência e prevenção, entre indivíduo e coletividade, que durante muitos anos caracterizou as políticas de saúde no Brasil. Dessa forma, remete-se à histórica cisão entre as iniciativas de caráter individual e curativo, que caracterizam a assistência médica, e as iniciativas de caráter coletivo e massivo, com fins preventivos, típicas da saúde pública. Essas duas formas de conceber e de organizar as ações e os serviços de saúde configuraram dois modelos distintos - o modelo biomédico e o modelo campanhista/preventivista - que marcaram, respectivamente, a assistência médica e a saúde pública, faces do setor saúde brasileiro cuja separação, há muito instituída, ainda representa um desafio para a constituição da saúde em um sistema integrado. 5 http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/Dicionario2.pdf 6 http://www.portaleducacao.com.br/fisioterapia/artigos/33011/niveis-de-atencao-a-saude-no-brasil#ixzz3ac9Bg26r Níveis progressivos de assistência à saúde 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 14 O modelo biomédico, estruturado durante o século XIX, associa doença à lesão, reduzindo o processo saúde-doença à sua dimensão anatomofisiológicas, excluindo as dimensões histórico-sociais, como a cultura, a política e a economia e, consequentemente, localizando suas principais estratégias de intervenção no corpo doente. Por outro lado, desde o final do século XIX, o modelo preventivista expandiu o paradigma microbiológico da doença para as populações, constituindo-se como um saber epidemiológico e sanitário, visando à organização e à higienização dos espaços humanos. No Brasil, os modelos de atenção podem ser compreendidos em relação às condições socioeconômicas e políticas produzidas nos diversos períodos históricos de organização da sociedade brasileira. O modelo campanhista - influenciado por interesses agroexportadores no início do século XX - baseou- se em campanhas sanitárias para combater as epidemias de febre amarela, peste bubônica e varíola, implementando programas de vacinação obrigatória, desinfecção dos espaços públicos e domiciliares e outras ações de medicalização do espaço urbano, que atingiram, em sua maioria, as camadas menos favorecidas da população. Esse modelo predominou no cenário das políticas de saúde brasileiras até o início da década de 1960. O modelo previdenciário-privatista teve seu início na década de 1920 sob a influência da medicina liberal e tinha o objetivo de oferecer assistência médico-hospitalar a trabalhadores urbanos e industriais, na forma de seguro-saúde/previdência. Sua organização é marcada pela lógica da assistência e da previdência social, inicialmente, restringindo-se a algumas corporações de trabalhadores e, posteriormente, unificando-se no Instituto Nacional de Assistência e Previdência Social (INPS), em 1966, e ampliando-se progressivamente ao conjunto de trabalhadores formalmente inseridos na economia (Baptista, 2005). Esse modelo é conhecido também por seu aspecto hospitalocêntrico, uma vez que, a partir da década de 1940, a rede hospitalar passou a receber um volume crescente de investimentos, e a ‘atenção à saúde’ foi-se tornando sinônimo de assistência hospitalar. Trata-se da maior expressão na história do setor saúdebrasileiro da concepção médico-curativa, fundada no paradigma flexneriano, caracterizado por uma concepção mecanicista do processo saúde-doença, pelo reducionismo da causalidade aos fatores biológicos e pelo foco da atenção sobre a doença e o indivíduo. Tal paradigma que organizou o ensino e o trabalho médico foi um dos responsáveis pela fragmentação e hierarquização do processo de trabalho em saúde e pela proliferação das especialidades médicas. Nesse mesmo processo, o modelo campanhista da saúde pública, pautado pelas intervenções na coletividade e nos espaços sociais, perde terreno e prestígio no cenário político e no orçamento público do setor saúde, que passa a privilegiar a assistência médico-curativa, a ponto de comprometer a prevenção e o controle das endemias no território nacional. Ao final da década de 1970, diversos segmentos da sociedade civil - entre eles, usuários e profissionais de saúde pública - insatisfeitos com o sistema de saúde brasileiro iniciaram um movimento que lutou pela ‘atenção à saúde’ como um direito de todos e um dever do Estado. Este movimento ficou conhecido como Reforma Sanitária Brasileira e culminou na instituição do SUS por meio da Constituição de 1988 e posteriormente regulamentado pelas Leis 8.080/90 e 8.142/90, chamadas Leis Orgânicas da Saúde. Em meio ao movimento de consolidação do SUS, a noção de atenção afirma-se na tentativa de produzir uma síntese que expresse a complexidade e a extensão da concepção ampliada de saúde que marcou o movimento pela Reforma Sanitária: “Saúde é a resultante das condições de habitação, alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde”. A partir dessa concepção ampliada do processo saúde-doença, a ‘atenção à saúde’ intenta conceber e organizar as políticas e as ações de saúde numa perspectiva interdisciplinar, partindo da crítica em relação aos modelos excludentes, seja o biomédico curativo ou o preventivista. No âmbito do SUS, há três princípios fundamentais a serem considerados em relação à organização da ‘atenção à saúde’. São eles: o princípio da universalidade, pelo qual o SUS deve garantir o atendimento de toda a população brasileira; o princípio da integralidade, pelo qual a assistência é “entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e colet ivos (...)” (Brasil, 1990); e o princípio da equidade, pelo qual esse atendimento deve ser garantido de forma igualitária, porém, contemplando a multiplicidade e a desigualdade das condições sócio sanitárias da população. Em relação à universalidade, o desafio posto à organização da ‘atenção à saúde’ é o de constituir um conjunto de ações e práticas que permitam incorporar ou reincorporar parcelas da população historicamente apartadas dos serviços de saúde. Da mesma forma, ao pautar-se pelo princípio da integralidade, a organização da ‘atenção à saúde’ implica a produção de serviços, ações e práticas de saúde que possam garantir a toda a população o atendimento mais abrangente de suas necessidades. Já em relação à equidade, a ‘atenção à saúde’ precisa orientar os serviços e as ações de saúde segundo 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 15 o respeito ao direito da população brasileira em geral de ter as suas necessidades de saúde atendidas, considerando, entretanto, as diferenças historicamente instituídas e que se expressam em situações desiguais de saúde segundo as regiões do país, os estratos sociais, etários, de gênero entre outros. Premido, de um lado, pelas tensões geradas por essa pauta de princípios e, de outro, pela convivência com os paradigmas do modelo assistencialista, o SUS organizou a ‘atenção à saúde’ de forma hierarquizada, em níveis crescentes de complexidade. Segundo essa lógica, os serviços de saúde são classificados nos níveis primário, secundário e terciário de atenção, conforme o grau de complexidade tecnológica requerida aos procedimentos realizados. A imagem associada a essa hierarquização é a de uma pirâmide, em cuja base se encontram os serviços de menor complexidade e maior frequência, que funcionariam como a porta de entrada para o sistema. No meio da pirâmide, estão os serviços de complexidade média e alta, aos quais o acesso se dá por encaminhamento e, finalmente, no topo, estão os serviços de alta complexidade, fortemente especializados. Essa tentativa de organizar e racionalizar o SUS, se, por um lado, proporcionou um desenho e um fluxo para o sistema, por outro, reforçou a sua fragmentação e subvalorizou a atenção primária como um lócus de tecnologias simples, de baixa complexidade. Em contraposição, o modelo de atenção pode constituir-se na resposta dos gestores, serviços e profissionais de saúde para o desenvolvimento de políticas e a organização dos serviços, das ações e do próprio trabalho em saúde, de forma a atenderem as necessidades de saúde dos indivíduos, nas suas singularidades, e dos grupos sociais, na sua relação com suas formas de vida, suas especificidades culturais e políticas. O modelo de atenção pode, enfim, buscar garantir a continuidade do atendimento nos diversos momentos e contextos em que se objetiva a ‘atenção à saúde’. Nesse sentido, existem também propostas de atenção dirigidas a grupos específicos que podem ser descritas como políticas voltadas para ‘atenção à saúde’ por ciclo de vida - ‘atenção à saúde’ do idoso, à criança e ao adolescente, ‘atenção à saúde’ do adulto; a portadores de doenças específicas - atenção à hipertensão arterial, diabetes, hanseníase, DST/Aids, entre outras; e também relativas a questões de gênero - saúde da mulher e, mais recentemente, saúde do homem. Essas propostas podem vir associadas a estratégias de centralização política e especialização técnica, historicamente concebidas como programas de saúde que antagonizam com a lógica da integralidade, uma vez que favorecem a fragmentação das políticas e das ações de saúde e buscam uniformizar a intervenção por meio de protocolos técnico-científicos pouco permeáveis às especificidades políticas, sociais e culturais. Ao contrário, argumenta-se que: A complexidade dos problemas de saúde requer para o seu enfrentamento a utilização de múltiplos saberes e práticas. O sentido da mudança do foco dos serviços e ações de saúde para as necessidades individuais e coletivas, portanto para o cuidado, implica a produção de relações de acolhimento, de vínculo e de responsabilização entre os trabalhadores e a população, reforçando a centralidade do trabalho da equipe multiprofissional. (EPSJV, 2005, p. 75) Numa dimensão ético-política, isto significa afirmar que a ‘atenção à saúde’ se constrói a partir de uma perspectiva múltipla, interdisciplinar e, também, participativa, na qual a intervenção sobre o processo saúde-doença é resultado da interação e do protagonismo dos sujeitos envolvidos: trabalhadores e usuários que produzem e conduzem as ações de saúde. Alguns sistemas de saúde se organizam para atender as pessoas segundo níveis de atenção: primário, secundário e terciário. Para se organizar por níveis de atenção eles levam em conta pelos menos três elementos: a) tecnologia material disponível (máquinas e equipamentos de diagnóstico e terapêutica); b) capacitação de pessoal (por exemplo, tempo de formação de cada curso de graduação, gasto do poder público para formar estas pessoas); c) perfil de morbidade da população alvo do sistema (as doenças mais frequentes nesta população). O nível primário é aquele onde estão os equipamentos com menor grau de incorporação tecnológica do sistema. A capacitação de pessoal para este nível apresenta necessidades de uma formação geral e abrangente para atender os eventos mais prevalentes na população (os problemas de saúde mais frequentes). Estima-se que entre 80% a 85% dos casos demandados à atenção primária são passíveisde serem resolvidos neste nível da atenção. Ao nível secundário cabem os equipamentos com grau intermediário de inovação tecnológica e a capacitação de pessoal e, em particular a dos médicos, situa-se em áreas especializadas originárias (clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, pediatria) e outras tais como oftalmologia e psiquiatria. Essas especializações dos profissionais da saúde (como médicos e enfermeiros) requerem dois a três anos após a graduação para atingir a formação que se pretende. Os serviços de atenção 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 16 secundária devem estar aparelhados com pessoal e equipamentos para atender às situações que foram encaminhadas pelo nível primário. O nível terciário concentra os equipamentos com alta incorporação tecnológica, e o pessoal que trabalha necessita de formação especializada mais intensiva, no caso dos médicos até em áreas superespecializadas (neurocirurgia, cirurgia de mão, nefrologia pediátrica, cancerologia, dentre outras) que demandam de três a cinco anos de Residência Médica para obter a capacitação. O nível terciário deve estar aparelhado para atender a situações que o nível secundário não conseguiu resolver e eventos mais raros ou aqueles que demandam assistência deste nível do sistema. Para ofertar uma atenção em saúde mais específica e adequada à saúde foi descentralizada para melhor triar os casos e desafogar centros especializados de alta complexidade de casos de menor urgência ou de fácil resolução. Em síntese, a oferta de saúde passou a ser a nível Primário, Secundário e Terciário, com alguns hospitais já se enquadrando como de nível Quaternário. Classificam-se como de Nível Primário, Secundários e Terciário Nível Primário: - Unidades Básicas de Saúde - Postos de Saúde, Onde se configura a porta de entrada do Sistema Único de Saúde. Nesse nível de atenção são marcados exames e consultas além da realização de procedimentos básicos como troca de curativos. Nível Secundário: - Clínicas e Unidades de Pronto Atendimento, - Hospitais Escolas. Nesses são realizados procedimentos de intervenção bem como tratamentos a casos crônicos e agudos de doenças. Nível Terciário: - Hospitais de Grande Porte: Mantidos pelo estado seja pela rede privada, são realizadas manobras mais invasivas e de maior risco à vida, bem como são realizadas condutas de manutenção dos sinais vitais, como suporte básico à vida. Nesses hospitais, também podem funcionar serviços Nível Quaternário: Estabelecimento de Saúde destinado à Transplante de tecidos, como Pulmão, Coração, Fígado, Rins, dentre outros. Dessa maneira seccionada, pelo menos em tese, a garantia ao acesso em consonância com a gravidade e urgência ficam garantidos ao usuário, garantindo aos usuários do SUS um de seus princípios doutrinários: Integralidade. Questões 01. (Prefeitura de Areial/PB - Psicólogo - CPCON/2021) Os serviços oferecidos pelo SUS – Sistema Único de Saúde, são divididos em dois grupos: o da prevenção e o da assistência. Em cada grupo desses temos os níveis de atendimento definidos em primário, secundário e terciário. De acordo com NASCIMENTO (1999), as atividades tradicionalmente conhecidas como de atuação do psicólogo, a exemplo do atendimento clínico psicoterápico individual ou grupal, psicodiagnóstico, atuação em equipes multiprofissionais, etc., estão definidas no grupo e no nível descrito na alternativa: (A) Prevenção e primária. (B) Assistência e secundária. (C) Assistência e terciária. (D) Assistência e primária. (E) Prevenção e terciária. 02. (Prefeitura de Nossa Senhora de Nazaré/PI – Técnico de Enfermagem – AV MOREIRA/2020) Assinale a alternativa CORRETA quanto a organização dos serviços de saúde: (A) Um paciente que precisa de tratamento quimioterápico poderá recebê-lo no serviço de atenção primária em hospitais com profissionais de saúde treinados. (B) A organização dos serviços de saúde em níveis de atenção primário, secundário e terciário considera a complexidade tecnológica dos procedimentos. 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 17 (C) A vacinação deve ser classificada como um procedimento de atenção secundária, quando for realizada no ambulatório de um hospital. (D) O serviço de atenção secundária é disponibilizado para o trabalhador acidentado atendido no pronto socorro. (E) Um paciente que precisa de tratamento quimioterápico poderá recebê-lo no serviço de atenção terceária em hospitais com profissionais de saúde treinados. Gabarito 01.B / 02.B Comentários 01. Resposta: B Ao nível secundário cabem os equipamentos com grau intermediário de inovação tecnológica e a capacitação de pessoal e, em particular a dos médicos, situa-se em áreas especializadas originárias (clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, pediatria) e outras tais como oftalmologia e psiquiatria. Essas especializações dos profissionais da saúde (como médicos e enfermeiros) requerem dois a três anos após a graduação para atingir a formação que se pretende. Os serviços de atenção secundária devem estar aparelhados com pessoal e equipamentos para atender às situações que foram encaminhadas pelo nível primário. 02. Resposta: B Premido, de um lado, pelas tensões geradas por essa pauta de princípios e, de outro, pela convivência com os paradigmas do modelo assistencialista, o SUS organizou a ‘atenção à saúde’ de forma hierarquizada, em níveis crescentes de complexidade. Segundo essa lógica, os serviços de saúde são classificados nos níveis primário, secundário e terciário de atenção, conforme o grau de complexidade tecnológica requerida aos procedimentos realizados. A GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE7 O SUS foi criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pelas Leis n. 8.080/90 (BRASIL, 1990) e n. 8.142/90 (BRASIL, 1990). A partir daí, vem sendo, socialmente, construído especialmente por meio de Normas Operacionais feitas em consenso pelas três esferas de governo e materializadas em Portarias Ministeriais. Os princípios do SUS, fixados na Constituição Federal em 1988 e detalhados na Lei Orgânica da Saúde (Lei n. 8.080/90 e n. 8.142/90), foram o resultado de um longo processo histórico e social, que buscava interferir nas condições de saúde e na assistência prestada à população brasileira. Os Gestores do SUS em Cada Esfera de Governo O Sistema Único de Saúde vem passando, desde a sua instituição pela Lei Orgânica da Saúde em 1990, por importantes mudanças, principalmente em razão do processo de descentralização das responsabilidades, das atribuições e dos recursos para estados e municípios. A nova concepção do sistema de saúde, descentralizado e administrado democraticamente com a participação da sociedade organizada, prevê mudanças significativas nas relações de poder político e na distribuição de responsabilidades entre o Estado e a sociedade e entre as distintas esferas de governo - nacional, estadual e municipal -, cabendo aos gestores setoriais papel fundamental na concretização dos princípios e das diretrizes da reforma sanitária brasileira. O processo de descentralização em saúde no Brasil envolve não apenas a transferência de serviços, mas também de responsabilidades, poder e recursos da esfera federal para a estadual e a municipal (LECOVITZ; LIMA; MACHADO, 2001). 7 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/para_entender_gestao_sus_v.1.pdf Políticas públicas do SUS para gestão de recursos físicos, financeiros, materiais e humanos 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 18 Para efeito de entendimento das funções no Sistema Único de Saúde, adotam-se os conceitos propostos por Scotti e Oliveira (1995) e adotados pela Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde (NOB 01/1996), abaixo: “Gestão” como a atividade e a responsabilidade decomandar um sistema de saúde (municipal, estadual ou nacional) exercendo as funções de coordenação, articulação, negociação, planejamento, acompanhamento, controle, avaliação e auditoria. Gerência” como a administração de unidade ou órgão de saúde (ambulatório, hospital, instituto, fundação etc.) que se caracteriza como prestador de serviço do SUS. Essa distinção tornou-se necessária em razão de o processo de descentralização do SUS tratar a ação de comandar o sistema de saúde de forma distinta daquela de administrar ou gerir uma unidade de saúde. Isso se deu, em primeiro lugar, em razão do consenso de que a função de gestão é exclusivamente pública e que, portanto, não pode ser transferida nem delegada. Assim, a gestão pública é executada pelos respectivos gestores do SUS, que são os representantes de cada esfera de governo designados para o desenvolvimento das funções do Executivo na área da saúde. A administração ou a gerência, por sua vez, pode ser pública ou privada (CONASS-SUS 20 anos). Para que se possa discutir o papel de cada esfera de governo no SUS, é importante definir quem são os gestores do Sistema Único de Saúde e o que são as funções gestoras no SUS. Os gestores do SUS são os representantes de cada esfera de governo designados para o desenvolvimento das funções do Executivo na saúde: no âmbito nacional, o Ministro da Saúde; no âmbito estadual, o Secretário de Estado da Saúde, e no municipal, o Secretário Municipal de Saúde. A atuação do gestor do SUS efetiva-se por meio do exercício das funções gestoras na saúde. As funções gestoras podem ser definidas como “um conjunto articulado de saberes e práticas de gestão, necessários para a implementação de políticas na área da saúde” (SOUZA, 2002). Pode-se identificar quatro grandes grupos de funções - macrofunções gestoras na saúde. Cada uma dessas compreende uma série de subfunções e de atribuições dos gestores (SOUZA, 2002): a. Formulação de políticas/planejamento; b. Financiamento; c. coordenação, regulação, controle e avaliação (do sistema/redes e dos prestadores públicos ou privados); d. Prestação direta de serviços de saúde. Na macrofunção de formulação de políticas/planejamento, estão incluídas as atividades de diagnóstico da necessidade de saúde, a identificação das prioridades e a programação de ações (SOUZA, 2002). Definir o papel e as atribuições dos gestores do SUS nas três esferas de governo significa identificar as especificidades da atuação no que diz respeito a cada uma dessas macrofunções gestoras, de forma coerente com a finalidade de atuação do Estado em cada esfera governamental, com os princípios e os objetivos estratégicos da política de saúde, e para cada campo da atenção na saúde (promoção da saúde, articulação intersetorial, vigilância sanitária, vigilância epidemiológica, saúde do trabalhador, assistência à saúde, entre outros) (LECOVITZ; LIMA; MACHADO, 2001). Esse processo tem sido orientado pela Legislação do SUS e pelas Normas Operacionais que, ao longo do tempo, têm definido as competências de cada esfera de governo e as condições necessárias para que estados e municípios possam assumir suas funções no processo de implantação do SUS. A Constituição Federal de 1988 estabelece os princípios, as diretrizes e as competências do Sistema Único de Saúde, mas não define especificamente o papel de cada esfera de governo no SUS. Um maior detalhamento da competência e das atribuições da direção do SUS em cada esfera - nacional, estadual e municipal - é feito pela Lei Orgânica da Saúde (Lei n. 8.080/90) (BRASIL, 1990). Atribuições Comuns e Competências Específicas de Cada Esfera de Governo na Gestão do SUS A Lei Orgânica da Saúde estabelece em seu artigo 15 as atribuições comuns das três esferas de governo, de forma bastante genérica e abrangendo vários campos de atuação (BRASIL, 1990). São definidas como atribuições comuns da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, em seu âmbito administrativo: - Definir as instâncias e os mecanismos de controle, de avaliação e de fiscalização das ações e dos serviços de saúde; - Administrar os recursos orçamentários e financeiros destinados, em cada ano, à saúde; - Acompanhar, avaliar e divulgar o nível de saúde da população e as condições ambientais; 1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA 19 - Organizar e coordenar o sistema de informação em saúde; - Elaborar normas técnicas e estabelecer padrões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a assistência à saúde; - Elaborar normas técnicas e estabelecer padrões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador; - Participar na formulação da política e na execução das ações de saneamento básico e colaborar na proteção e na recuperação do meio ambiente; - Elaborar e atualizar periodicamente o Plano de Saúde; - Participar na formulação e na execução da política de formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde; - Elaborar proposta orçamentária do Sistema Único de Saúde (SUS) em conformidade com Plano de Saúde; - Elaborar normas para regular as atividades de serviços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública; - Realizar operações externas de natureza financeira de interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal; - Atender as necessidades coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de calamidade pública ou irrupção de epidemias - para tanto, a autoridade competente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-lhes assegurada justa indenização; - Implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados; - Propor a celebração de convênios, acordos e protocolos internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente; - Elaborar normas técnico-científicas de promoção, proteção e recuperação da saúde; - Promover articulação com os órgãos de fiscalização do exercício profissional e outras entidades representativas da sociedade civil para a definição e o controle dos padrões éticos para pesquisa, ações e serviços de saúde; - Promover a articulação da política e dos planos de saúde; - Realizar pesquisas e estudos na área de saúde; - Definir as instâncias e os mecanismos de controle e fiscalização inerentes ao poder de polícia sanitária; - Fomentar, coordenar e executar programas e projetos estratégicos e de atendimento emergencial. Uma análise geral da Lei n. 8.080/90 permite destacar os seguintes pontos em relação à competência de cada gestor do SUS: Competências da União À direção nacional do Sistema Único de Saúde compete: - Formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição; - Participar na formulação e na implementação das políticas de controle das agressões ao meio ambiente, de saneamento básico e relativas às condições e aos ambientes de trabalho; - Definir e coordenar os sistemas de redes integradas de assistência de alta complexidade, de rede de laboratórios de saúde pública, de vigilância epidemiológica e de vigilância sanitária; - Participar da definição de normas e mecanismos de controle, com órgãos afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; - Participar da definição de normas, critérios e padrões para o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar a política de saúde do trabalhador; - Coordenar e participar na execução das ações de vigilância epidemiológica; - Estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser complementada pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios; - Estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de consumo e uso humano; - Promover articulação com os órgãos educacionais e de fiscalização do exercício profissional,
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