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1 
 
 
 
 
 
 
 
SEMSA MANAUS 
 
 
Sistema Único de Saúde (SUS): princípios, diretrizes, estrutura e organização; políticas de 
saúde; ..................................................................................................................................... 1 
Estrutura e funcionamento das instituições e suas relações com os serviços de saúde; ... 12 
Níveis progressivos de assistência à saúde; ..................................................................... 13 
Políticas públicas do SUS para gestão de recursos físicos, financeiros, materiais e 
humanos; .............................................................................................................................. 17 
Sistema de planejamento do SUS: estratégico e normativo; ............................................. 27 
Direitos dos usuários do SUS: participação e controle social; ........................................... 39 
Ações e programas do SUS; ............................................................................................. 54 
Legislação básica do SUS; ............................................................................................... 57 
Política Nacional de Humanização; ................................................................................. 100 
Constituição Federal de 1988 - Título VIII - artigo 194 a 200; .......................................... 117 
Lei nº 8.142/90 (dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de 
Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área 
da saúde e dá outras providências); .................................................................................... 119 
Lei nº 8.080/90 (dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da 
saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras 
providências); ...................................................................................................................... 120 
RDC nº 63, de 25 de novembro de 2011 (dispõe sobre os requisitos de boas práticas de 
funcionamento para os Serviços de Saúde); ....................................................................... 120 
Resolução CNS nº 553/2017 (dispõe sobre a carta dos direitos e deveres da pessoa usuária 
da saúde); ........................................................................................................................... 128 
RDC nº 36, de 25 de julho de 2013 (institui ações para a segurança do paciente em serviços 
de saúde e dá outras providências); .................................................................................... 136 
Organização do Sistema de Saúde do Estado do Amazonas: metas, programas e ações em 
saúde; ................................................................................................................................. 140 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olá Concurseiro, tudo bem? 
 
Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua 
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do 
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando 
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você 
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. 
 
Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail 
professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou 
questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam 
por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior 
aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 
 
01. Apostila (concurso e cargo); 
02. Disciplina (matéria); 
03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 
04. Qual a dúvida. 
 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, 
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até 
cinco dias úteis para respondê-lo (a). 
 
Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA
 
1 
 
 
 
BASES LEGAIS DO SUS1 
 
Diretrizes 
 
Conforme a Constituição Federal de 1988, o SUS é definido pelo artigo 198 do seguinte modo: As 
ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada, e constituem um 
sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: 
- Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
- Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos 
serviços assistenciais; 
- Participação da comunidade. 
 
Princípios Doutrinários e Organizativos 
 
Universalidade: "A saúde é um direito de todos", como afirma a Constituição Federal. Naturalmente, 
entende-se que o Estado tem a obrigação de prover atenção à saúde, ou seja, é impossível tornar todos 
sadios por força de lei. Significa que o Sistema de Saúde deve atender a todos, sem distinções ou 
restrições, oferecendo toda a atenção necessária, sem qualquer custo. 
 
Integralidade: a atenção à saúde inclui tanto os meios curativos quanto os preventivos; tanto os 
individuais quanto os coletivos. Em outras palavras, as necessidades de saúde das pessoas (ou de 
grupos) devem ser levadas em consideração mesmo que não sejam iguais às da maioria. 
 
Equidade: todos devem ter igualdade de oportunidade em usar o sistema de saúde; como, no entanto, 
o Brasil contém disparidades sociais e regionais, as necessidades de saúde variam. Por isso, enquanto 
a Lei Orgânica fala em igualdade, tanto o meio acadêmico quanto o político consideram mais importante 
lutar pela equidade do SUS. 
Trata-se da igualdade da atenção à Saúde, sem privilégios ou preconceitos. O SUS deve disponibilizar 
recursos e serviços de forma justa, de acordo com as necessidades de cada um. O que determina o tipo 
de atendimento é a complexidade do problema de cada usuário. 
 
Participação da comunidade: o controle social, como também é chamado esse princípio, foi mais 
bem regulado pela Lei n.º 8.142. Os usuários participam da gestão do SUS através das Conferências de 
Saúde, que ocorrem a cada quatro anos em todos os níveis, e através dos Conselhos de Saúde, que são 
órgãos colegiados também em todos os níveis. Nos Conselhos de Saúde ocorre a chamada paridade, 
isto é, enquanto os usuários têm metade das vagas, o governo tem um quarto e os trabalhadores outro 
quarto. 
 
Descentralização político-administrativa: o SUS existe em três níveis, também chamado de esferas 
nacional, estadual e municipal, onde cada uma apresenta comando único e atribuições próprias. Os 
municípios têm assumido papel cada vez mais importante na prestação e no gerenciamento dos serviços 
de saúde; as transferências passaram a ser "fundo a fundo", ou seja, baseadas em sua população e no 
tipo de serviço oferecido, e não no número de atendimentos. 
 
Resolubilidade: é a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendimento ou quando surge 
um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para 
enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível da sua competência. 
 
 
1
BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Sistema Único de Saúde. Brasília. CONASS, 2011. 
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Assistência à Saúde. ABC DO SUS: Doutrinas e princípios. Brasília, 1990. 
BRASIL, Ministério da Saúde. Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde. O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios. 3. ed. Brasília, 
2009. 
CARVALHO, Antônio Ivo de. Políticas de saúde: fundamentos e diretrizesdo SUS. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração / UFSC. 
[Brasília]: CAPES: UAB, 2010. 
Sistema Único de Saúde (SUS): princípios, diretrizes, estrutura e organização; 
políticas de saúde 
 
1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA
 
2 
 
Hierarquização: os serviços de saúde são divididos em níveis de complexidade; o nível primário deve 
ser oferecido diretamente à população, enquanto os outros devem ser utilizados apenas quando 
necessário. 
 
Regionalização: constitui eixo estruturante do Pacto de Gestão do SUS, o que evidencia a importância 
da articulação entre os gestores estaduais e municipais na implementação de políticas, ações e serviços 
de saúde qualificados e descentralizados. 
Neste processo são identificadas e constituídas as regiões de saúde – espaços territoriais nos quais 
serão desenvolvidas as ações de atenção à saúde, objetivando alcançar maior resolutividade e qualidade 
nos resultados, assim como maior capacidade de cogestão regional. Os principais instrumentos de 
planejamento da regionalização são o Plano Diretor de Regionalização (PDR), o Plano Diretor de 
Investimentos (PDI) e a Programação Pactuada e Integrada da Atenção à Saúde (PPI). 
A política de regionalização prevê a formação dos colegiados de gestão regionais que têm a 
responsabilidade de instituir processo de planejamento regional que defina prioridades e pactue soluções 
para organizar a rede de ações e serviços de atenção à saúde das populações locais. 
 
Municipalização: estratégia que reconhece o município como principal responsável pela saúde de 
sua população. Municipalizar é transferir para as cidades a responsabilidade e os recursos necessários 
para exercerem plenamente as funções de coordenação, negociação, planejamento, acompanhamento, 
controle, avaliação e auditoria da saúde local, controlando os recursos financeiros, as ações e os serviços 
de saúde prestados em seu território. 
O princípio da descentralização político-administrativa da saúde foi definido pela Constituição de 1988, 
preconizando a autonomia dos municípios e a localização dos serviços de saúde na esfera municipal, 
próximos dos cidadãos e de seus problemas de saúde. 
 
Complementariedade do setor privado: a Constituição definiu que, quando por insuficiência do setor 
público, for necessária a contratação de serviços privados, isso deve se dar sob três condições: 
- a celebração de contrato, conforme as normas de direito público, ou seja, interesse público 
prevalecendo sobre o particular; 
- a instituição privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas técnicas do SUS. 
Prevalecem, assim, os princípios da universalidade, equidade, etc., como se o serviço privado fosse 
público, uma vez que, quando contratado, atua em nome deste; 
- a integração dos serviços privados deverá se dar na mesma lógica organizativa do SUS, em termos 
de posição definida na rede regionalizada e hierarquizada dos serviços. Dessa forma, em cada região, 
deverá estar claramente estabelecido, considerando-se os serviços públicos e privados contratados, 
quem vai fazer o que, em que nível e em que lugar. 
 
Dentre os serviços privados, devem ter preferência os serviços não lucrativos, conforme determina a 
Constituição. 
 
Questões 
 
01. (TJ/SP – Enfermeiro Judiciário - VUNESP/2019) A Constituição da República Federativa do 
Brasil estabelece que as ações e serviços públicos de saúde integrem uma rede regionalizada e 
hierarquizada, constituindo um sistema único, que deve ser organizado de acordo com diretrizes, entre 
elas, 
(A) a centralização, com protagonismo do município, por meio das unidades básicas de saúde (UBS). 
(B) a descentralização, com direção única em cada esfera de governo. 
(C) a centralização, com protagonismo da esfera federal representada pelo Ministério da Saúde. 
(D) o atendimento integral, com prioridade para as atividades curativas, sem prejuízo dos serviços de 
atenção primária à saúde. 
(E) a implantação do programa de Saúde da Família como estratégia para a efetivação da atenção 
básica à saúde. 
 
02. (Prefeitura de Bombinhas/SC - Enfermeiro - FEPESE/2019) O Sistema Único de Saúde (SUS) 
foi criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, que determina que é dever do Estado garantir 
saúde a toda população brasileira. 
Assinale a alternativa correta acerca dos princípios e das diretrizes do SUS. 
1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA
 
3 
 
(A) São princípios organizativos do SUS: Regionalização e Hierarquização, Descentralização e 
Comando Único e Participação Popular. 
(B) A universalização no SUS indica que se deve tratar desigualmente os desiguais, investindo mais 
onde a carência é maior. 
(C) A Equidade defende que a saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas e cabe ao Estado 
assegurar este direito, sendo que o acesso às ações e aos serviços deve ser garantido a todas as 
pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais. 
(D) A Regionalização e Hierarquização propõe redistribuir poder e responsabilidade entre os três níveis 
de governo. Com relação à saúde, regionalização objetiva prestar serviços com maior qualidade e garantir 
o controle e a fiscalização por parte dos cidadãos. 
(E) A integralidade é um dos princípios do SUS e define que apesar de todas as pessoas possuírem 
direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades distintas. 
 
03. (UPA/CS - Técnico em Enfermagem - FUNDEP/2018) Entre os princípios e as diretrizes do SUS, 
estão 
(A) a centralização administrativa e a universalidade do acesso. 
(B) a participação da comunidade na gestão e a centralização administrativa. 
(C) a universalidade do acesso e a integralidade do atendimento. 
(D) a independência da gestão e a contratualização do cuidado. 
 
04. (Prefeitura de Canto do Buriti/PI - Assistente Social - Crescer Consultorias/2018) As ações e 
serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema 
Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas na Constituição Federal 
e devem ainda obedecer os princípios apontados na Lei 8080/90. 
Estes princípios do SUS são classificados como doutrinários ou organizativos. São classificados como 
princípios organizativos do SUS: 
(A) Descentralização, Hierarquização e Regionalização. 
(B) Legalidade, Moralidade e Impessoalidade. 
(C) Integralidade, Universalidade e Equidade. 
(D) Eficiência, Publicidade e Centralização. 
 
05. (Pref. Guarda Mor/MG – Enfermeiro – REIS & REIS Implica a delimitação de uma base territorial 
para o sistema de saúde, que leva em conta a divisão político-administrativa do país, mas também 
contempla a delimitação de espaços territoriais específicos para a organização das ações de saúde, 
subdivisões ou agregações do espaço político-administrativo. 
(A) Hierarquização dos serviços de Saúde; 
(B) Centralização dos serviços de Saúde; 
(C) Regionalização dos Serviços de Saúde; 
(D) Integralização dos Serviços de Saúde. 
 
06. (Pref. Apiacá/ES – Enfermeiro-PSF – IDECAN) Em relação aos princípios do SUS, marque V 
para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. 
( ) Universalidade: o SUS deve atender a todos, sem distinções ou restrições, oferecendo toda a 
atenção necessária, sem qualquer custo. 
( ) Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à saúde da população, promovendo ações 
contínuas de prevenção e tratamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis de 
complexidade. 
( ) Participação social: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com justiça, de acordo com as 
necessidades de cada um, canalizando maior atenção aos que mais necessitam. 
( ) Equidade: é um direito e um dever da sociedade participar das gestões públicas em geral e da 
saúde pública em particular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa participação,assegurando a gestão comunitária do SUS. 
 
A sequência está correta em 
(A) V, F, F, F. 
(B) V, V, F, F. 
(C) F, V, V, V. 
(D) F, V, F, V. 
(E) V, F, V, V. 
1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA
 
4 
 
07. (SEMSA - Pref. Manaus/AM - Enfermeiro em Saúde Pública – CETRO) Baseado nos preceitos 
constitucionais, a construção do SUS (Sistema Único de Saúde) norteia-se pelos seguintes princípios 
doutrinários: 
I. universalidade: a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão. 
II. integralidade: cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade. 
III. equidade: assegurar ações e serviços de todos os níveis de acordo com a complexidade que cada 
caso requeira, more o cidadão onde morar, sem privilégios e sem barreiras. 
IV. descentralização: a garantia constitucional de que a população usufruirá das unidades e das 
entidades representativas das políticas de saúde em todos os níveis, desde o federal até o local. 
 
É correto o que está contido em 
(A) I e IV, apenas. 
(B) I, III e IV, apenas. 
(C) I, II, III e IV. 
(D) I, II e III, apenas. 
(E) II, III e IV, apenas. 
 
08. (Pref. Piripiri/PI - Enfermeiro – Urgência - INSTITUTO LUDUS) Permitir o acesso à tecnologia 
de alto custo apenas aos cidadãos que possuam seguros privados de saúde contraria um dos princípios 
básicos do SUS e significa ausência de: 
(A) Integridade. 
(B) Hierarquização. 
(C) Universalização. 
(D) Municipalização. 
(E) Equidade. 
 
09. (Pref. Botucatu/SP - Agente de Saúde Pública – CETRO) A garantia de atenção à saúde a todo 
e qualquer cidadão e a implicância do dever de prestação de serviços de saúde por parte dos governos 
municipais, estaduais e federal denominam-se 
(A) Universalidade. 
(B) Integralidade. 
(C) Equidade. 
(D) Descentralização. 
(E) Regionalização. 
 
10. (EBSERH/ HUPAA-UFAL - Técnico em Enfermagem - Saúde do Trabalhador – IDECAN) A 
regionalização, que é um dos princípios do SUS, significa 
(A) dividir o financiamento da saúde pública no Brasil. 
(B) responsabilizar os municípios pela oferta de todos os serviços de saúde do SUS. 
(C) dividir as responsabilidades fiscais da aplicação dos recursos públicos em saúde. 
(D) organizar os serviços de saúde em cada região para que a população tenha acesso a todos os 
tipos de atendimento. 
(E) estabelecer o total de recursos que os Estados e municípios podem receber pelos procedimentos 
realizados de média e alta complexidade. 
 
11. (EBSERH/ HC-UFPE - Técnico em Enfermagem – IDECAN) O princípio do SUS que se refere à 
direção única em cada esfera de governo é a 
(A) integralidade. 
(B) universalidade. 
(C) participação da comunidade. 
(D) descentralização político-administrativa. 
(E) integração em nível executivo das ações de saúde. 
 
Gabarito 
 
01.B / 02. A / 03.C / 04.A / 05.C / 06.B / 07.D / 08.E / 09.A / 10.D / 11.D 
 
 
 
1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA
 
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Comentários 
 
01. Resposta: B 
Conforme a Constituição Federal de 1988, o SUS é definido pelo artigo 198 do seguinte modo: As 
ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada, e constituem um 
sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: 
- Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
- Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços 
assistenciais; 
- Participação da comunidade. 
 
02. Resposta: A 
Conforme a Constituição Federal de 1988, o SUS é definido pelo artigo 198 do seguinte modo: As 
ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada, e constituem um 
sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: 
- Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
- Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços 
assistenciais; 
- Participação da comunidade. 
Hierarquização: os serviços de saúde são divididos em níveis de complexidade; o nível primário deve 
ser oferecido diretamente à população, enquanto os outros devem ser utilizados apenas quando 
necessário. 
Regionalização: constitui eixo estruturante do Pacto de Gestão do SUS, o que evidencia a importância 
da articulação entre os gestores estaduais e municipais na implementação de políticas, ações e serviços 
de saúde qualificados e descentralizados. 
Neste processo são identificadas e constituídas as regiões de saúde – espaços territoriais nos quais 
serão desenvolvidas as ações de atenção à saúde, objetivando alcançar maior resolutividade e qualidade 
nos resultados, assim como maior capacidade de cogestão regional. Os principais instrumentos de 
planejamento da regionalização são o Plano Diretor de Regionalização (PDR), o Plano Diretor de 
Investimentos (PDI) e a Programação Pactuada e Integrada da Atenção à Saúde (PPI). 
 
03. Resposta: C 
Universalidade: "A saúde é um direito de todos", como afirma a Constituição Federal. Naturalmente, 
entende-se que o Estado tem a obrigação de prover atenção à saúde, ou seja, é impossível tornar todos 
sadios por força de lei. Significa que o Sistema de Saúde deve atender a todos, sem distinções ou 
restrições, oferecendo toda a atenção necessária, sem qualquer custo. 
Integralidade: a atenção à saúde inclui tanto os meios curativos quanto os preventivos; tanto os 
individuais quanto os coletivos. Em outras palavras, as necessidades de saúde das pessoas (ou de 
grupos) devem ser levadas em consideração mesmo que não sejam iguais às da maioria. 
 
04. Resposta: A 
- Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
Hierarquização: os serviços de saúde são divididos em níveis de complexidade; o nível primário deve 
ser oferecido diretamente à população, enquanto os outros devem ser utilizados apenas quando 
necessário. 
Regionalização: constitui eixo estruturante do Pacto de Gestão do SUS, o que evidencia a importância 
da articulação entre os gestores estaduais e municipais na implementação de políticas, ações e serviços 
de saúde qualificados e descentralizados. 
Neste processo são identificadas e constituídas as regiões de saúde – espaços territoriais nos quais 
serão desenvolvidas as ações de atenção à saúde, objetivando alcançar maior resolutividade e qualidade 
nos resultados, assim como maior capacidade de cogestão regional. Os principais instrumentos de 
planejamento da regionalização são o Plano Diretor de Regionalização (PDR), o Plano Diretor de 
Investimentos (PDI) e a Programação Pactuada e Integrada da Atenção à Saúde (PPI). 
A política de regionalização prevê a formação dos colegiados de gestão regionais que têm a 
responsabilidade de instituir processo de planejamento regional que defina prioridades e pactue soluções 
para organizar a rede de ações e serviços de atenção à saúde das populações locais. 
 
 
 
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05. Resposta: C 
A regionalização são identificadas e constituídas as regiões de saúde – espaços territoriais nos quais 
serão desenvolvidas as ações de atenção à saúde. 
 
06. Resposta: B 
A primeira e a segunda afirmativas são verdadeiras. A terceira e a quarta afirmativas foram invertidas, 
o conceito de Equidade foi colocado na Participação da comunidade e vice-versa, portanto são falsas. 
 
07. Resposta: D 
A primeira, segunda e terceira afirmativas são verdadeiras. A quarta afirmativa é falsa, pois o princípio 
da descentralização é preconizar a autonomia dos municípios, isto é, a localização dos serviços de saúde 
estarão próximos dos cidadãos sendo local e não como informado desde o federal até o local. 
 
08. Resposta: E 
Trata-se da igualdade da atenção à Saúde, sem privilégios ou preconceitos. O SUS deve disponibilizar 
recursos e serviços de forma justa, de acordo com as necessidades de cada um. O que determina o tipo 
de atendimento é a complexidade do problema decada usuário. 
 
09. Alternativa A 
Significa que o Sistema de Saúde deve atender a todos, sem distinções ou restrições, oferecendo toda 
a atenção necessária, sem qualquer custo. 
 
10. Resposta: D 
A regionalização deve orientar a descentralização das ações e serviços de saúde. Neste processo são 
identificadas e constituídas as regiões de saúde – espaços territoriais nos quais serão desenvolvidas as 
ações de atenção à saúde, objetivando alcançar maior resolutividade e qualidade nos resultados, assim 
como maior capacidade de cogestão regional. 
 
11. Resposta: D 
Descentralização político-administrativa: O SUS existe em três níveis, também chamado de esferas: 
nacional, estadual e municipal, cada uma com comando único e atribuições próprias. 
 
Estrutura 
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) é constituído pelo conjunto das ações e de serviços de saúde 
sob gestão pública. Está organizado em redes regionalizadas e hierarquizadas e atua em todo o 
território nacional, com direção única em cada esfera de governo. O SUS não é, porém, uma 
estrutura que atua isolada na promoção dos direitos básicos de cidadania. Insere-se no contexto das 
políticas públicas de seguridade social, que abrangem, além da Saúde, a Previdência e a Assistência 
Social. 
A Constituição brasileira estabelece que a saúde é dever do Estado. Aqui, deve-se entender Estado 
não apenas como o governo federal, mas como Poder Público, abrangendo a União, os Estados, o Distrito 
Federal e os municípios. 
A Lei n.º 8.080/90 determina, em seu artigo 9º, que a direção do SUS deve ser única, de acordo com 
o inciso I do artigo 198 da Constituição Federal, sendo exercida, em cada esfera de governo, pelos 
seguintes órgãos: 
I – no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde; 
II – no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão 
equivalente; e 
III – no âmbito dos municípios, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente. 
 
O artigo 196 cita que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais 
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e 
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Com este artigo fica definida 
a universalidade da cobertura do Sistema Único de Saúde. 
O SUS faz parte das ações definidas na Constituição como sendo de “relevância pública”, sendo 
atribuído ao poder público a sua regulamentação, a fiscalização e o controle das ações e dos serviços de 
saúde. 
 
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7 
 
Outros Atos Normativos que estruturaram o SUS 
 
Norma Operacional Básica – NOB de 1991: foi criada com a finalidade de disciplinar e padronizar os 
fluxos financeiros entre as esferas de governo e de combater a propalada ineficiência das redes públicas 
federal, estadual e municipal, acusadas de ociosas e caras. Podem ser considerados os seguintes efeitos 
positivos nesse período: 
- um enorme incremento, sobretudo na esfera municipal, de capacidade institucional e técnica para a 
gestão da Saúde, inédita na história e na cultura municipal do País; e 
- a emergência de novos atores sociais na arena da Saúde com peso crescente no processo decisório, 
como os secretários municipais e os diversos grupos de usuários, por meio dos Conselhos Municipais de 
Saúde. 
 
Norma Operacional Básica – NOB de 1992: tem como objetivos normalizar a assistência à saúde no 
SUS; estimular a implantação, o desenvolvimento e o funcionamento do sistema; e dar forma concreta e 
instrumentos operacionais à efetivação dos preceitos constitucionais da saúde. 
 
Norma Operacional Básica – NOB de 1993: estabeleceu uma municipalização progressiva e gradual, 
em estágios, de forma a contemplar os diversos graus de preparação institucional e técnica dos 
municípios para assumir a gestão da Saúde. A cada estágio correspondia certo número de requisitos 
gerenciais a serem cumpridos pelo município, ao qual cabia uma autonomia crescente na gestão dos 
recursos, incluindo os da rede privada contratada. 
O SUS teve a sua execução descentralizada por níveis de gestão, começando progressivamente pela 
incipiente, seguida pela parcial e culminando com a semiplena. Essa progressão decorreu do 
comprometimento de Estados e municípios com a organização da atenção à saúde, com a sua adequação 
a parâmetros de programação e refletiu em maior autonomia local para dispor de recursos. Na prática, a 
gestão parcial não gerou maiores consequências. 
 
Norma Operacional Básica – NOB de 1996: acelerou a descentralização dos recursos federais em 
direção aos Estados e municípios, consolidando a tendência à autonomia de gestão das esferas 
descentralizadas e criou incentivos explícitos às mudanças na lógica assistencial, rompendo com o 
produtivismo e implementando incentivos aos programas dirigidos às populações mais carentes - como 
o PACS – Programa de Agente Comunitário da Saúde - e às práticas fundadas em uma nova lógica 
assistencial, como o PSF - Programa Saúde da Família. 
 
Norma Operacional de Assistência à Saúde NOAS/SUS 01/2001: promover maior equidade na 
alocação de recursos e no acesso da população às ações e serviços de saúde em todos nos níveis de 
atenção. 
 
Norma Operacional de Assistência à Saúde NOAS/SUS 01/2002: amplia as responsabilidades dos 
municípios na Atenção Básica; estabelece o processo de regionalização como estratégia de 
hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior equidade; cria mecanismos para o 
fortalecimento da capacidade de gestão do Sistema Único de Saúde e procede à atualização dos critérios 
de habilitação de estados e municípios. 
 
Questões 
 
01. (Prefeitura de Angra dos Reis - RJ – Médico Psiquiatria – CEPERJ) A regulamentação da Lei 
Orgânica da Saúde tem sido efetuada através das chamadas normas operacionais do SUS, sendo que, 
desde 1991, já foram editadas cinco normas operacionais (NOB 91, NOB 92, NOB 93, NOB 96 e NOAS 
01/02). 
Sobre a Norma Operacional de Assistência à Saúde - NOAS-SUS 01/02 - pode-se fazer a seguinte 
afirmação: 
(A) estabelece o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde; 
(B) reduz as responsabilidades dos municípios na Atenção Básica; 
(C) instituiu o PAB - Piso da Atenção Básica; 
(D) cria os níveis de gestão Incipiente, Parcial e Semi-Plena; 
(E) institui a PPI - Programação Pactuada e Integrada. 
 
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8 
 
02. (TCE - SE – Enfermeiro – FGV) A partir da Constituição Federal de 1988 várias iniciativas 
institucionais, legais e comunitárias foram criando as condições de viabilização do direito à saúde, dentre 
as quais estão as Normas Operacionais Básicas (NOB). 
A principal finalidade da Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde, a NOB-SUS/96, foi: 
(A) estabelecer o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde 
e de busca de maior equidade; 
(B) promover e consolidar o pleno exercício, por parte do poder público municipal e do Distrito Federal, 
da função de gestor da atenção à saúde dos seus munícipes; 
(C) instituir o Plano Diretor de Regionalização - PDR como instrumento de ordenamento do processo 
de regionalização da assistência em cada estado e no Distrito Federal; 
(D) identificar as necessidades e a proposta de fluxo de referência para outros estados, no caso de 
serviços não disponíveis no território estadual; 
(E) instituir a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada (GPAB- A), como uma das condições de 
gestão dos sistemas municipais de saúde. 
 
03. (HOB – Agente de Administração – CONSUPLAN) “É um dos princípios do Sistema Único de 
Saúde (SUS), descrito na Constituição, o qual aborda a saúde como um direito de todos e um dever do 
Estado.” Trata-se do princípio da 
(A) participação social; 
(B) aplicabilidade do SUS; 
(C) universalidade do SUS; 
(D) descentralizaçãodo sistema. 
Gabarito 
 
01.A / 02.B / 03.C 
 
Comentários 
 
01. Resposta: A 
Estabelece o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e 
de busca de maior equidade. 
 
02. Resposta: B 
Acelerou a descentralização dos recursos federais em direção aos Estados e municípios, consolidando 
a tendência à autonomia de gestão das esferas descentralizadas e criou incentivos explícitos às 
mudanças na lógica assistencial. 
 
03. Resposta: C 
Na Constituição Federal o artigo 196 cita que “a saúde é direito de todos e dever do Estado. Com este 
artigo fica definida a universalidade da cobertura do Sistema Único de Saúde. 
 
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE 
 
Lucchese2 define Políticas Públicas como conjuntos de disposições, medidas e procedimentos que 
traduzem a orientação política do Estado e regulam as atividades governamentais relacionadas às tarefas 
de interesse público. Portanto, as políticas públicas de saúde fazem parte do campo de ação do Estado 
orientado para a melhoria das condições de saúde da população e consiste em organizar as funções 
públicas governamentais para a promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e da 
coletividade. 
A promulgação da Constituição Federal de 1988 garantiu a efetivação das políticas públicas de saúde 
como um direito universal e igual para todos, além de promover uma descentralização da gestão entre 
seus entes federados.3 
A política de saúde está inserida em um contexto mais amplo que adotou um modelo de seguridade 
social (Art. 194 da Constituição Federal) que envolve a saúde, a assistência social, a previdência e 
estabeleceu que a saúde é direito de todos e dever do Estado. 
 
2 LUCCHESE, Patrícia T. R. (coord.). Políticas Públicas em Saúde Pública. São Paulo: IBIREME/OPAS/OMS, 2002. 
3 RONCALLI, Ângelo Giuseppe. O desenvolvimento das políticas de saúde no Brasil e a construção do Sistema Único de Saúde. In: PEREIRA, A. C. Odontologia 
em saúde coletiva: planejando ações e promovendo saúde. Porto Alegre: Artmed, 2003. 
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9 
 
Além da Constituição Federal é preciso mencionar as leis que regulamentam as políticas públicas de 
saúde no Brasil. São elas: a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080/90), a lei complementar da Saúde (Lei 
8142/90), a Lei Orgânica da Seguridade Social (Lei 8212/91) e a Lei Orgânica da Assistência Social (Lei 
8742/93). 
 
Como exemplo de Políticas Públicas citaremos: 
 
Política Nacional de Assistência Farmacêutica 
 
- Deve ser compreendida como política pública norteadora para a formulação de políticas setoriais, 
entre as quais destacam-se as políticas de medicamentos, de ciência e tecnologia, de desenvolvimento 
industrial e de formação de recursos humanos, dentre outras, garantindo a intersetorialidade inerente ao 
sistema de saúde do país (SUS) e cuja implantação envolve tanto o setor público como privado de atenção 
à saúde; 
- Trata de um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto 
individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e ao seu uso 
racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, 
bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos 
produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de 
resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população; 
- As ações de Assistência Farmacêutica envolvem àqueles referentes à Atenção Farmacêutica, 
considerada como um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência 
Farmacêutica e compreendendo atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e 
corresponsabilidades na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada 
à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia 
racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de 
vida. Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas 
especificidades biopsicossociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde. 
 
Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos 
 
Garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, 
promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria 
nacional. 
 
Política Nacional de Atenção Básica 
 
Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a 
organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
Política Nacional de Atenção Oncológica 
 
O Ministério da Saúde está propondo por meio de portaria instituir a Política Nacional de Atenção 
Oncológica contemplando ações de Promoção, Prevenção, Diagnóstico, Tratamento, Reabilitação e 
Cuidados Paliativos, a ser implantada em todas as unidades federadas. A proposta estabelece que a 
Política Nacional de Atenção Oncológica deva ser organizada de forma articulada com o Ministério da 
Saúde e com as Secretarias de Saúde dos estados e municípios. 
 
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher 
 
- Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia 
de direitos legalmente constituídos e a ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, 
prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro. 
- Contribuir para a redução da morbidade e da mortalidade femininas no Brasil, especialmente por 
causas evitáveis, em todos os ciclos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de 
qualquer espécie. 
- Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde. 
 
 
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10 
 
Política Nacional de Atenção às Urgências 
 
- Ampliação do acesso e acolhimento aos casos agudos demandados aos serviços de saúde em todos 
os pontos de atenção, contemplando a classificação de risco e intervenção adequada e necessária aos 
diferentes agravos; 
- Garantia da universalidade, equidade e integralidade no atendimento às urgências clínicas, cirúrgicas, 
gineco-obstétricas, psiquiátricas, pediátricas e às relacionadas a causas externas (traumatismos, 
violências e acidentes); 
- Regionalização do atendimento às urgências com articulação das diversas redes de atenção e acesso 
regulado aos serviços de saúde; 
- Humanização da atenção garantindo efetivação de um modelo centrado no usuário e baseado nas 
suas necessidades de saúde; 
- Garantia de implantação de modelo de atenção de caráter multiprofissional, compartilhado por 
trabalho em equipe, instituído por meio de práticas clinicas cuidadoras e baseado na gestão de linhas de 
cuidado; 
- Articulação e integração dos diversos serviços e equipamentos de saúde, constituindo redes de saúde 
com conectividade entre os diferentes pontos de atenção; 
- Atuação territorial, definição e organização das regiões de saúde e das redes de atenção a partir das 
necessidades de saúde destas populações, seus riscos e vulnerabilidades específicas; 
- Participação e controle social dos usuários sobre os serviços; 
- Fomento, coordenação e execução de projetos estratégicos de atendimento às necessidades 
coletivas em saúde, de caráter urgente e transitório, decorrentes de situações de perigo iminente, de 
calamidades públicas e de acidentes com múltiplas vítimas, a partir da construção de mapas de risco 
regionais e locais e da adoção de protocolos de prevenção, atenção e mitigação dos eventos; 
 
Política Nacional de Humanização 
 
- Traduzir os princípios do SUS em modos de operar dos diferentes equipamentos e sujeitos da rede 
de saúde; 
- Orientar as práticas de atenção e gestão do SUS a partirda experiência concreta do trabalhador e 
usuário, construindo um sentido positivo de humanização, desidealizando “o Homem”. Pensar o humano 
no plano comum da experiência de um homem qualquer; 
- Construir trocas solidárias e comprometidas com a dupla tarefa de produção de saúde e produção de 
sujeitos; 
- Oferecer um eixo articulador das práticas em saúde, destacando o aspecto subjetivo nelas presente; 
- Contagiar, por atitudes e ações humanizadoras, a rede do SUS, incluindo gestores, trabalhadores da 
saúde e usuários; 
- Posicionar-se, como política pública: 
a) nos limites da máquina do Estado onde ela se encontra com os coletivos e as redes sociais; 
b) nos limites dos Programas e Áreas do Ministério da Saúde, entre este e outros ministérios 
(intersetorialidade). 
 
Política Nacional sobre o Álcool 
 
Contém princípios fundamentais à sustentação de estratégias para o enfrentamento coletivo dos 
problemas relacionados ao consumo de álcool, contemplando a intersetorialidade e a integralidade de 
ações para a redução dos danos sociais, à saúde e à vida causados pelo consumo desta substância, bem 
como as situações de violência e criminalidade associadas ao uso prejudicial de bebidas alcoólicas na 
população brasileira. 
 
Questões 
 
01. (SEAD-SE (FPH) – Auxiliar de Necrópsia – CESP) As funções das políticas de saúde pública 
incluem a coordenação e a organização do programa de atenção à saúde. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
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11 
 
02. (SEAD-SE (FPH) – Auxiliar de Necrópsia – CESP) Uma das práticas desenvolvidas no âmbito 
dessas políticas de saúde é coordenar atividades de vigilância epidemiológica para prevenir surtos de 
doenças em diferentes regiões do país. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
03. (SEAD-SE (FPH) – Auxiliar de Necrópsia – CESP) Constitui finalidade dessas políticas estimular 
o aumento da rede de farmácias privadas no país para a garantia de acesso popular aos medicamentos. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
04. (CISSUL-MG – Técnico de Enfermagem – IBGP/2017) A Constituição Federal de 1988, em seu 
artigo 196º, faz afirmações acerca da saúde. 
Sobre essas afirmações assinale a alternativa INCORRETA. 
(A) A saúde é direito de todos e dever do Estado. 
(B) O direito à saúde é garantido mediante políticas sociais e econômicas. 
(C) As políticas referentes à saúde devem visar à redução do risco de doença e de outros agravos 
apenas aos menos favorecidos na sociedade. 
(D) As políticas referentes à saúde devem visar ao acesso universal e igualitário às ações e serviços 
para promoção, proteção e recuperação do indivíduo. 
 
Gabarito 
 
01.Certo / 02.Certo / 03.Errado / 04.C 
 
Comentários 
 
01. Resposta: Certo 
Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a 
organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
02. Resposta: Certo 
As políticas públicas de saúde fazem parte do campo de ação do Estado orientado para a melhoria 
das condições de saúde da população e consiste em organizar as funções públicas governamentais 
para a promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e da coletividade. 
 
03. Resposta: Errado 
Deve ser compreendida como política pública norteadora para a formulação de políticas setoriais, entre 
as quais destacam-se as políticas de medicamentos, de ciência e tecnologia, de desenvolvimento 
industrial e de formação de recursos humanos, dentre outras, garantindo a intersetorialidade inerente ao 
sistema de saúde do país (SUS) e cuja implantação envolve tanto o setor público como privado de atenção 
à saúde. 
 
04. Resposta: C 
Lucchese define Políticas Públicas como conjuntos de disposições, medidas e procedimentos que 
traduzem a orientação política do Estado e regulam as atividades governamentais relacionadas às tarefas 
de interesse público. Portanto, as políticas públicas de saúde fazem parte do campo de ação do Estado 
orientado para a melhoria das condições de saúde da população e consiste em organizar as funções 
públicas governamentais para a promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e da 
coletividade. 
A promulgação da Constituição Federal de 1988 garantiu a efetivação das políticas públicas de saúde 
como um direito universal e igual para todos, além de promover uma descentralização da gestão entre 
seus entes federados. 
 
 
 
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12 
 
 
 
PROCESSOS DE TRABALHO, GESTÃO DA SAÚDE E SUAS RELAÇÕES COM A ESTRUTURA 
DOS SISTEMAS DE SAÚDE 
 
As Redes de Atenção à Saúde (RAS)4 foram criadas como forma de organização dos serviços em 
arranjos que facilitam o fluxo dos usuários pelos diferentes níveis de atenção e norteiam os profissionais 
de saúde com vistas a ofertar uma assistência integral e resolutiva. Além das RAS, as linhas de cuidado 
também são fundamentais para permitir que os princípios de universalidade, equidade e integralidade 
sejam atingidos, bem como para que os profissionais consigam agir de forma antecipada diante dos riscos 
identificados, promovendo a saúde, minimizando os danos, tratando e reabilitando quando necessário. 
O SUS busca um modelo de atenção que garanta a integralidade do cuidado ao usuário ancorado nos 
seus princípios doutrinários. A implantação das RAS é resultado dessa busca e de vários fatores históricos 
e sociais analisados ao longo dos anos, sendo uma forma de vincular os serviços de saúde e os gestores 
em benefício do usuário, já que essas redes beneficiam o desenvolvimento da clínica ampliada, a 
incorporação de programas e de políticas nacionais de saúde. 
As RAS se caracterizam pela organização dos serviços de saúde, de forma sistematizada, tendo como 
objetivo a oferta de maior acesso aos usuários dos serviços, resolutividade das ações, agilidade nos 
encaminhamentos, integralidade e longitudinalidade do cuidado, além de melhora na comunicação entre 
os diferentes níveis de atenção. 
A porta de entrada preferencial do usuário no sistema de saúde brasileiro é a Atenção Primária à Saúde 
(APS), reconhecida pelos serviços das Unidades Básicas de Saúde (UBS), que devem ordenar o cuidado 
do usuário por todos os demais serviços da RAS que forem necessários ao longo de seu tratamento, pois 
é o ponto da rede que está mais próximo do usuário e desenvolve vínculo com ele. 
As atenções secundária e terciária são outros pontos da RAS responsáveis pelo atendimento de casos 
mais complexos — por meio do uso de maior densidade tecnológica e profissionais especializados — e 
correspondem aos serviços de urgência e emergência, às instituições hospitalares, entre outros. 
Os principais objetivos da RAS são promover a saúde, prevenir o agravo, ofertar ações reabilitadores, 
curativas e paliativas por meio da garantia de uma assistência qualitativa com utilização dos recursos de 
forma adequada que resulte em melhora na qualidade de vida da população e na sustentabilidade do 
sistema (BOUSQUAT et al., 2017). 
A organização da assistência em redes de atenção facilita o entendimento do usuário sobre os serviços 
que o acompanham, do profissional de saúde para realizar a referência e contra referência de forma 
correta, favorecendo a comunicação, e dos gestores para a solicitação e para o investimento dos recursos 
humanos, financeiros e materiais de acordo com as demandas e características de sua região. Além 
disso, é necessário ampliar as ações desenvolvidas para além das doenças, entendendo quais situações 
ou condições aumentam a vulnerabilidade das pessoas daquele território. 
As linhas de cuidado existentes dentro da RAS têm o papel de definir o fluxo dos usuários e nortear os 
profissionais de maneira assertiva, definindo quais ações de saúde devem ser desenvolvidas em cada 
nível de atenção e nos sistemas de apoio para assegurar a qualidade, aumentar a eficiência, minimizar 
os erros dos profissionais e serviços e aumentar o grau de autonomia e acorresponsabilização do usuário, 
fornecendo-lhe todas as ferramentas necessárias para promover a sua saúde. São capazes, ainda, de 
fornecer subsídios para o planejamento, programação e avaliação dos gestores, principalmente com 
relação a quantos e quais tipos de serviços assistências são necessários para atender as demandas de 
saúde da população. 
O principal objetivo das linhas de cuidado é coordenar o fluxo assistencial do usuário por meio do 
arranjo e da contratualização de serviços que garantirão o cuidado integral do usuário. 
Os sistemas de informação são uma ferramenta chave nesse processo, pois é partir deles que é 
possível uma comunicação entre os profissionais de diferentes serviços sobre o mesmo paciente. Esses 
sistemas podem ser informatizados e integrados à rede de cada município, ou físicos, por meio de 
referência e contra conferência de papel. O importante é que seja um sistema de apoio à comunicação e 
de integração dos serviços dos diferentes níveis de atenção. 
As linhas de cuidado são uma resposta da gestão das três esferas do governo na superação das 
respostas fragmentadas que ocasionavam danos ao sistema e à saúde do indivíduo. Como porta de 
 
4 JULIÃO, G. G. Gestão de serviços de saúde. Porto Alegre: SAGAH, 2020. 
Estrutura e funcionamento das instituições e suas relações com os serviços de 
saúde 
 
1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA
 
13 
 
entrada preferencial da RAS e nível básico da atenção, a APS deve ser o ponto inicial das diferentes 
linhas de cuidado. Cabe à gestão, por sua vez, assegurar os recursos materiais e humanos para que as 
ações da linha se concretizem. 
O estudo da situação de saúde da população e a estratificação dos riscos dos grupos e coletividades 
relacionados aos fatores e condições a que estão expostos são ferramentas de gestão poderosas para a 
organização da prestação de cuidado, seja ele preventivo, promocional ou assistencial, uma vez que 
permitem a gestão da condição de saúde, da lista de espera e a realização da auditoria clínica a partir de 
uma abordagem baseada na população do território, com foco na promoção da saúde e na intervenção 
precoce para alcançar melhores resultados com menores custos (BRASIL, 2010). 
As RAS e as linhas de cuidado possibilitam uma atenção integral ao paciente, com qualidade e com 
custos compatíveis de acordo com as evidências científicas e podem ser entendidas como uma forma de 
coordenar os processos que envolvem determinada condição de saúde ou doença — desde seu 
diagnóstico até sua reabilitação. Além disso, incluem a gestão dos riscos individuais e coletivos e passam 
pela análise do ambiente onde o indivíduo está inserido, pelas ações de vigilância — em que o foco é a 
identificação precoce de agravos de saúde da população, suas causas e fatores desencadeantes — para 
propor medidas de controle e eliminação dos riscos de forma assertiva (BRASIL, 2010). 
 
Cabe ao gestor o planejamento, a monitorização e a avaliação das ações e serviços oferecidos, de 
acordo com a demanda apresentada, visando, sempre, a oferta de qualidade, a humanização e a 
resolutividade. Portanto, deve (BRASIL, 2010): 
• Atender as expectativas dos usuários; 
• Garantir o serviço certo ao usuário certo e no tempo certo; 
• Ampliar a qualidade da assistência ofertada; 
• Minimizar a fragmentação dos diversos serviços da RAS. 
 
A superação dos desafios existentes e o avanço na qualificação da assistência à saúde exigem dos 
gestores um olhar crítico e uma visão de futuro necessárias para organizar o sistema de saúde. Assim, a 
forma de organização do sistema precisa considerar os aspectos técnicos, éticos, culturais, e financeiros 
de cada instância do governo. O que se espera é que a inovação do processo de articulação da RAS 
resulte em um impacto positivo nos indicadores de saúde da população (BRASIL, 2010). 
 
 
 
NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE56 
 
Atenção à saúde designa a organização estratégica do sistema e das práticas de saúde em resposta 
às necessidades da população. É expressa em políticas, programas e serviços de saúde consoante os 
princípios e as diretrizes que estruturam o Sistema Único de Saúde (SUS). 
A compreensão do termo ‘atenção à saúde’ remete-se tanto a processos históricos, políticos e culturais 
que expressam disputas por projetos no campo da saúde quanto à própria concepção de saúde sobre o 
objeto e os objetivos de suas ações e serviços, isto é, o que e como devem ser as ações e os serviços 
de saúde, assim como a quem se dirigem, sobre o que incidem e como se organizam para atingir seus 
objetivos. 
Numa perspectiva histórica, a noção de atenção pretende superar a clássica oposição entre 
assistência e prevenção, entre indivíduo e coletividade, que durante muitos anos caracterizou as políticas 
de saúde no Brasil. Dessa forma, remete-se à histórica cisão entre as iniciativas de caráter individual e 
curativo, que caracterizam a assistência médica, e as iniciativas de caráter coletivo e massivo, com fins 
preventivos, típicas da saúde pública. Essas duas formas de conceber e de organizar as ações e os 
serviços de saúde configuraram dois modelos distintos - o modelo biomédico e o modelo 
campanhista/preventivista - que marcaram, respectivamente, a assistência médica e a saúde pública, 
faces do setor saúde brasileiro cuja separação, há muito instituída, ainda representa um desafio para a 
constituição da saúde em um sistema integrado. 
 
5 http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/Dicionario2.pdf 
6 http://www.portaleducacao.com.br/fisioterapia/artigos/33011/niveis-de-atencao-a-saude-no-brasil#ixzz3ac9Bg26r 
Níveis progressivos de assistência à saúde 
 
1698042 E-book gerado especialmente para JOAO PAULO RODRIGUES MARREIRA
 
14 
 
O modelo biomédico, estruturado durante o século XIX, associa doença à lesão, reduzindo o processo 
saúde-doença à sua dimensão anatomofisiológicas, excluindo as dimensões histórico-sociais, como a 
cultura, a política e a economia e, consequentemente, localizando suas principais estratégias de 
intervenção no corpo doente. Por outro lado, desde o final do século XIX, o modelo preventivista expandiu 
o paradigma microbiológico da doença para as populações, constituindo-se como um saber 
epidemiológico e sanitário, visando à organização e à higienização dos espaços humanos. 
No Brasil, os modelos de atenção podem ser compreendidos em relação às condições 
socioeconômicas e políticas produzidas nos diversos períodos históricos de organização da sociedade 
brasileira. 
O modelo campanhista - influenciado por interesses agroexportadores no início do século XX - baseou-
se em campanhas sanitárias para combater as epidemias de febre amarela, peste bubônica e varíola, 
implementando programas de vacinação obrigatória, desinfecção dos espaços públicos e domiciliares e 
outras ações de medicalização do espaço urbano, que atingiram, em sua maioria, as camadas menos 
favorecidas da população. Esse modelo predominou no cenário das políticas de saúde brasileiras até o 
início da década de 1960. 
O modelo previdenciário-privatista teve seu início na década de 1920 sob a influência da medicina 
liberal e tinha o objetivo de oferecer assistência médico-hospitalar a trabalhadores urbanos e industriais, 
na forma de seguro-saúde/previdência. Sua organização é marcada pela lógica da assistência e da 
previdência social, inicialmente, restringindo-se a algumas corporações de trabalhadores e, 
posteriormente, unificando-se no Instituto Nacional de Assistência e Previdência Social (INPS), em 1966, 
e ampliando-se progressivamente ao conjunto de trabalhadores formalmente inseridos na economia 
(Baptista, 2005). Esse modelo é conhecido também por seu aspecto hospitalocêntrico, uma vez que, a 
partir da década de 1940, a rede hospitalar passou a receber um volume crescente de investimentos, e a 
‘atenção à saúde’ foi-se tornando sinônimo de assistência hospitalar. Trata-se da maior expressão na 
história do setor saúdebrasileiro da concepção médico-curativa, fundada no paradigma flexneriano, 
caracterizado por uma concepção mecanicista do processo saúde-doença, pelo reducionismo da 
causalidade aos fatores biológicos e pelo foco da atenção sobre a doença e o indivíduo. Tal paradigma 
que organizou o ensino e o trabalho médico foi um dos responsáveis pela fragmentação e hierarquização 
do processo de trabalho em saúde e pela proliferação das especialidades médicas. 
Nesse mesmo processo, o modelo campanhista da saúde pública, pautado pelas intervenções na 
coletividade e nos espaços sociais, perde terreno e prestígio no cenário político e no orçamento público 
do setor saúde, que passa a privilegiar a assistência médico-curativa, a ponto de comprometer a 
prevenção e o controle das endemias no território nacional. 
Ao final da década de 1970, diversos segmentos da sociedade civil - entre eles, usuários e profissionais 
de saúde pública - insatisfeitos com o sistema de saúde brasileiro iniciaram um movimento que lutou pela 
‘atenção à saúde’ como um direito de todos e um dever do Estado. Este movimento ficou conhecido como 
Reforma Sanitária Brasileira e culminou na instituição do SUS por meio da Constituição de 1988 e 
posteriormente regulamentado pelas Leis 8.080/90 e 8.142/90, chamadas Leis Orgânicas da Saúde. 
Em meio ao movimento de consolidação do SUS, a noção de atenção afirma-se na tentativa de 
produzir uma síntese que expresse a complexidade e a extensão da concepção ampliada de saúde que 
marcou o movimento pela Reforma Sanitária: 
“Saúde é a resultante das condições de habitação, alimentação, educação, renda, meio ambiente, 
trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde”. 
A partir dessa concepção ampliada do processo saúde-doença, a ‘atenção à saúde’ intenta conceber 
e organizar as políticas e as ações de saúde numa perspectiva interdisciplinar, partindo da crítica em 
relação aos modelos excludentes, seja o biomédico curativo ou o preventivista. 
No âmbito do SUS, há três princípios fundamentais a serem considerados em relação à organização 
da ‘atenção à saúde’. São eles: o princípio da universalidade, pelo qual o SUS deve garantir o atendimento 
de toda a população brasileira; o princípio da integralidade, pelo qual a assistência é “entendida como um 
conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e colet ivos (...)” 
(Brasil, 1990); e o princípio da equidade, pelo qual esse atendimento deve ser garantido de forma 
igualitária, porém, contemplando a multiplicidade e a desigualdade das condições sócio sanitárias da 
população. 
Em relação à universalidade, o desafio posto à organização da ‘atenção à saúde’ é o de constituir um 
conjunto de ações e práticas que permitam incorporar ou reincorporar parcelas da população 
historicamente apartadas dos serviços de saúde. Da mesma forma, ao pautar-se pelo princípio da 
integralidade, a organização da ‘atenção à saúde’ implica a produção de serviços, ações e práticas de 
saúde que possam garantir a toda a população o atendimento mais abrangente de suas necessidades. 
Já em relação à equidade, a ‘atenção à saúde’ precisa orientar os serviços e as ações de saúde segundo 
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o respeito ao direito da população brasileira em geral de ter as suas necessidades de saúde atendidas, 
considerando, entretanto, as diferenças historicamente instituídas e que se expressam em situações 
desiguais de saúde segundo as regiões do país, os estratos sociais, etários, de gênero entre outros. 
Premido, de um lado, pelas tensões geradas por essa pauta de princípios e, de outro, pela convivência 
com os paradigmas do modelo assistencialista, o SUS organizou a ‘atenção à saúde’ de forma 
hierarquizada, em níveis crescentes de complexidade. Segundo essa lógica, os serviços de saúde são 
classificados nos níveis primário, secundário e terciário de atenção, conforme o grau de complexidade 
tecnológica requerida aos procedimentos realizados. A imagem associada a essa hierarquização é a de 
uma pirâmide, em cuja base se encontram os serviços de menor complexidade e maior frequência, que 
funcionariam como a porta de entrada para o sistema. No meio da pirâmide, estão os serviços de 
complexidade média e alta, aos quais o acesso se dá por encaminhamento e, finalmente, no topo, estão 
os serviços de alta complexidade, fortemente especializados. 
Essa tentativa de organizar e racionalizar o SUS, se, por um lado, proporcionou um desenho e um 
fluxo para o sistema, por outro, reforçou a sua fragmentação e subvalorizou a atenção primária como um 
lócus de tecnologias simples, de baixa complexidade. 
Em contraposição, o modelo de atenção pode constituir-se na resposta dos gestores, serviços e 
profissionais de saúde para o desenvolvimento de políticas e a organização dos serviços, das ações e do 
próprio trabalho em saúde, de forma a atenderem as necessidades de saúde dos indivíduos, nas suas 
singularidades, e dos grupos sociais, na sua relação com suas formas de vida, suas especificidades 
culturais e políticas. O modelo de atenção pode, enfim, buscar garantir a continuidade do atendimento 
nos diversos momentos e contextos em que se objetiva a ‘atenção à saúde’. 
Nesse sentido, existem também propostas de atenção dirigidas a grupos específicos que podem ser 
descritas como políticas voltadas para ‘atenção à saúde’ por ciclo de vida - ‘atenção à saúde’ do idoso, à 
criança e ao adolescente, ‘atenção à saúde’ do adulto; a portadores de doenças específicas - atenção à 
hipertensão arterial, diabetes, hanseníase, DST/Aids, entre outras; e também relativas a questões de 
gênero - saúde da mulher e, mais recentemente, saúde do homem. 
Essas propostas podem vir associadas a estratégias de centralização política e especialização técnica, 
historicamente concebidas como programas de saúde que antagonizam com a lógica da integralidade, 
uma vez que favorecem a fragmentação das políticas e das ações de saúde e buscam uniformizar a 
intervenção por meio de protocolos técnico-científicos pouco permeáveis às especificidades políticas, 
sociais e culturais. Ao contrário, argumenta-se que: 
A complexidade dos problemas de saúde requer para o seu enfrentamento a utilização de múltiplos 
saberes e práticas. O sentido da mudança do foco dos serviços e ações de saúde para as necessidades 
individuais e coletivas, portanto para o cuidado, implica a produção de relações de acolhimento, de vínculo 
e de responsabilização entre os trabalhadores e a população, reforçando a centralidade do trabalho da 
equipe multiprofissional. (EPSJV, 2005, p. 75) 
Numa dimensão ético-política, isto significa afirmar que a ‘atenção à saúde’ se constrói a partir de uma 
perspectiva múltipla, interdisciplinar e, também, participativa, na qual a intervenção sobre o processo 
saúde-doença é resultado da interação e do protagonismo dos sujeitos envolvidos: trabalhadores e 
usuários que produzem e conduzem as ações de saúde. 
 
Alguns sistemas de saúde se organizam para atender as pessoas segundo níveis de atenção: 
primário, secundário e terciário. 
Para se organizar por níveis de atenção eles levam em conta pelos menos três elementos: 
a) tecnologia material disponível (máquinas e equipamentos de diagnóstico e terapêutica); 
b) capacitação de pessoal (por exemplo, tempo de formação de cada curso de graduação, gasto do 
poder público para formar estas pessoas); 
c) perfil de morbidade da população alvo do sistema (as doenças mais frequentes nesta população). 
 
O nível primário é aquele onde estão os equipamentos com menor grau de incorporação tecnológica 
do sistema. A capacitação de pessoal para este nível apresenta necessidades de uma formação geral e 
abrangente para atender os eventos mais prevalentes na população (os problemas de saúde mais 
frequentes). Estima-se que entre 80% a 85% dos casos demandados à atenção primária são passíveisde serem resolvidos neste nível da atenção. 
Ao nível secundário cabem os equipamentos com grau intermediário de inovação tecnológica e a 
capacitação de pessoal e, em particular a dos médicos, situa-se em áreas especializadas originárias 
(clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, pediatria) e outras tais como oftalmologia e 
psiquiatria. Essas especializações dos profissionais da saúde (como médicos e enfermeiros) requerem 
dois a três anos após a graduação para atingir a formação que se pretende. Os serviços de atenção 
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secundária devem estar aparelhados com pessoal e equipamentos para atender às situações que foram 
encaminhadas pelo nível primário. 
O nível terciário concentra os equipamentos com alta incorporação tecnológica, e o pessoal que 
trabalha necessita de formação especializada mais intensiva, no caso dos médicos até em áreas 
superespecializadas (neurocirurgia, cirurgia de mão, nefrologia pediátrica, cancerologia, dentre outras) 
que demandam de três a cinco anos de Residência Médica para obter a capacitação. O nível terciário 
deve estar aparelhado para atender a situações que o nível secundário não conseguiu resolver e eventos 
mais raros ou aqueles que demandam assistência deste nível do sistema. 
Para ofertar uma atenção em saúde mais específica e adequada à saúde foi descentralizada para 
melhor triar os casos e desafogar centros especializados de alta complexidade de casos de menor 
urgência ou de fácil resolução. 
Em síntese, a oferta de saúde passou a ser a nível Primário, Secundário e Terciário, com alguns 
hospitais já se enquadrando como de nível Quaternário. 
 
Classificam-se como de Nível Primário, Secundários e Terciário 
 
Nível Primário: 
- Unidades Básicas de Saúde 
- Postos de Saúde, 
Onde se configura a porta de entrada do Sistema Único de Saúde. Nesse nível de atenção são 
marcados exames e consultas além da realização de procedimentos básicos como troca de curativos. 
 
Nível Secundário: 
- Clínicas e Unidades de Pronto Atendimento, 
- Hospitais Escolas. Nesses são realizados procedimentos de intervenção bem como tratamentos a 
casos crônicos e agudos de doenças. 
 
Nível Terciário: 
- Hospitais de Grande Porte: Mantidos pelo estado seja pela rede privada, são realizadas manobras 
mais invasivas e de maior risco à vida, bem como são realizadas condutas de manutenção dos sinais 
vitais, como suporte básico à vida. Nesses hospitais, também podem funcionar serviços 
 
Nível Quaternário: 
Estabelecimento de Saúde destinado à Transplante de tecidos, como Pulmão, Coração, Fígado, Rins, 
dentre outros. 
Dessa maneira seccionada, pelo menos em tese, a garantia ao acesso em consonância com a 
gravidade e urgência ficam garantidos ao usuário, garantindo aos usuários do SUS um de seus princípios 
doutrinários: Integralidade. 
 
Questões 
 
01. (Prefeitura de Areial/PB - Psicólogo - CPCON/2021) Os serviços oferecidos pelo SUS – Sistema 
Único de Saúde, são divididos em dois grupos: o da prevenção e o da assistência. Em cada grupo desses 
temos os níveis de atendimento definidos em primário, secundário e terciário. De acordo com 
NASCIMENTO (1999), as atividades tradicionalmente conhecidas como de atuação do psicólogo, a 
exemplo do atendimento clínico psicoterápico individual ou grupal, psicodiagnóstico, atuação em equipes 
multiprofissionais, etc., estão definidas no grupo e no nível descrito na alternativa: 
(A) Prevenção e primária. 
(B) Assistência e secundária. 
(C) Assistência e terciária. 
(D) Assistência e primária. 
(E) Prevenção e terciária. 
 
02. (Prefeitura de Nossa Senhora de Nazaré/PI – Técnico de Enfermagem – AV MOREIRA/2020) 
Assinale a alternativa CORRETA quanto a organização dos serviços de saúde: 
(A) Um paciente que precisa de tratamento quimioterápico poderá recebê-lo no serviço de atenção 
primária em hospitais com profissionais de saúde treinados. 
(B) A organização dos serviços de saúde em níveis de atenção primário, secundário e terciário 
considera a complexidade tecnológica dos procedimentos. 
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(C) A vacinação deve ser classificada como um procedimento de atenção secundária, quando for 
realizada no ambulatório de um hospital. 
(D) O serviço de atenção secundária é disponibilizado para o trabalhador acidentado atendido no 
pronto socorro. 
(E) Um paciente que precisa de tratamento quimioterápico poderá recebê-lo no serviço de atenção 
terceária em hospitais com profissionais de saúde treinados. 
 
Gabarito 
 
01.B / 02.B 
 
Comentários 
 
01. Resposta: B 
Ao nível secundário cabem os equipamentos com grau intermediário de inovação tecnológica e a 
capacitação de pessoal e, em particular a dos médicos, situa-se em áreas especializadas originárias 
(clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, pediatria) e outras tais como oftalmologia e 
psiquiatria. Essas especializações dos profissionais da saúde (como médicos e enfermeiros) requerem 
dois a três anos após a graduação para atingir a formação que se pretende. Os serviços de atenção 
secundária devem estar aparelhados com pessoal e equipamentos para atender às situações que foram 
encaminhadas pelo nível primário. 
 
02. Resposta: B 
Premido, de um lado, pelas tensões geradas por essa pauta de princípios e, de outro, pela convivência 
com os paradigmas do modelo assistencialista, o SUS organizou a ‘atenção à saúde’ de forma 
hierarquizada, em níveis crescentes de complexidade. Segundo essa lógica, os serviços de saúde são 
classificados nos níveis primário, secundário e terciário de atenção, conforme o grau de complexidade 
tecnológica requerida aos procedimentos realizados. 
 
 
 
A GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE7 
 
O SUS foi criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pelas Leis n. 8.080/90 (BRASIL, 
1990) e n. 8.142/90 (BRASIL, 1990). A partir daí, vem sendo, socialmente, construído especialmente por 
meio de Normas Operacionais feitas em consenso pelas três esferas de governo e materializadas em 
Portarias Ministeriais. 
Os princípios do SUS, fixados na Constituição Federal em 1988 e detalhados na Lei Orgânica da Saúde 
(Lei n. 8.080/90 e n. 8.142/90), foram o resultado de um longo processo histórico e social, que buscava 
interferir nas condições de saúde e na assistência prestada à população brasileira. 
 
Os Gestores do SUS em Cada Esfera de Governo 
 
O Sistema Único de Saúde vem passando, desde a sua instituição pela Lei Orgânica da Saúde em 
1990, por importantes mudanças, principalmente em razão do processo de descentralização das 
responsabilidades, das atribuições e dos recursos para estados e municípios. 
A nova concepção do sistema de saúde, descentralizado e administrado democraticamente com a 
participação da sociedade organizada, prevê mudanças significativas nas relações de poder político e na 
distribuição de responsabilidades entre o Estado e a sociedade e entre as distintas esferas de governo - 
nacional, estadual e municipal -, cabendo aos gestores setoriais papel fundamental na concretização dos 
princípios e das diretrizes da reforma sanitária brasileira. 
O processo de descentralização em saúde no Brasil envolve não apenas a transferência de serviços, 
mas também de responsabilidades, poder e recursos da esfera federal para a estadual e a municipal 
(LECOVITZ; LIMA; MACHADO, 2001). 
 
7 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/para_entender_gestao_sus_v.1.pdf 
Políticas públicas do SUS para gestão de recursos físicos, financeiros, materiais 
e humanos 
 
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Para efeito de entendimento das funções no Sistema Único de Saúde, adotam-se os conceitos 
propostos por Scotti e Oliveira (1995) e adotados pela Norma Operacional Básica do Sistema Único de 
Saúde (NOB 01/1996), abaixo: 
“Gestão” como a atividade e a responsabilidade decomandar um sistema de saúde (municipal, 
estadual ou nacional) exercendo as funções de coordenação, articulação, negociação, planejamento, 
acompanhamento, controle, avaliação e auditoria. 
Gerência” como a administração de unidade ou órgão de saúde (ambulatório, hospital, instituto, 
fundação etc.) que se caracteriza como prestador de serviço do SUS. 
Essa distinção tornou-se necessária em razão de o processo de descentralização do SUS tratar a ação 
de comandar o sistema de saúde de forma distinta daquela de administrar ou gerir uma unidade de saúde. 
Isso se deu, em primeiro lugar, em razão do consenso de que a função de gestão é exclusivamente 
pública e que, portanto, não pode ser transferida nem delegada. Assim, a gestão pública é executada 
pelos respectivos gestores do SUS, que são os representantes de cada esfera de governo designados 
para o desenvolvimento das funções do Executivo na área da saúde. A administração ou a gerência, por 
sua vez, pode ser pública ou privada (CONASS-SUS 20 anos). 
Para que se possa discutir o papel de cada esfera de governo no SUS, é importante definir quem são 
os gestores do Sistema Único de Saúde e o que são as funções gestoras no SUS. 
Os gestores do SUS são os representantes de cada esfera de governo designados para o 
desenvolvimento das funções do Executivo na saúde: no âmbito nacional, o Ministro da Saúde; no âmbito 
estadual, o Secretário de Estado da Saúde, e no municipal, o Secretário Municipal de Saúde. 
A atuação do gestor do SUS efetiva-se por meio do exercício das funções gestoras na saúde. As 
funções gestoras podem ser definidas como “um conjunto articulado de saberes e práticas de gestão, 
necessários para a implementação de políticas na área da saúde” (SOUZA, 2002). 
 
Pode-se identificar quatro grandes grupos de funções - macrofunções gestoras na saúde. Cada uma 
dessas compreende uma série de subfunções e de atribuições dos gestores (SOUZA, 2002): 
a. Formulação de políticas/planejamento; 
b. Financiamento; 
c. coordenação, regulação, controle e avaliação (do sistema/redes e dos prestadores públicos ou 
privados); 
d. Prestação direta de serviços de saúde. 
 
Na macrofunção de formulação de políticas/planejamento, estão incluídas as atividades de diagnóstico 
da necessidade de saúde, a identificação das prioridades e a programação de ações (SOUZA, 2002). 
Definir o papel e as atribuições dos gestores do SUS nas três esferas de governo significa identificar 
as especificidades da atuação no que diz respeito a cada uma dessas macrofunções gestoras, de forma 
coerente com a finalidade de atuação do Estado em cada esfera governamental, com os princípios e os 
objetivos estratégicos da política de saúde, e para cada campo da atenção na saúde (promoção da saúde, 
articulação intersetorial, vigilância sanitária, vigilância epidemiológica, saúde do trabalhador, assistência 
à saúde, entre outros) (LECOVITZ; LIMA; MACHADO, 2001). 
Esse processo tem sido orientado pela Legislação do SUS e pelas Normas Operacionais que, ao longo 
do tempo, têm definido as competências de cada esfera de governo e as condições necessárias para que 
estados e municípios possam assumir suas funções no processo de implantação do SUS. 
A Constituição Federal de 1988 estabelece os princípios, as diretrizes e as competências do Sistema 
Único de Saúde, mas não define especificamente o papel de cada esfera de governo no SUS. Um maior 
detalhamento da competência e das atribuições da direção do SUS em cada esfera - nacional, estadual 
e municipal - é feito pela Lei Orgânica da Saúde (Lei n. 8.080/90) (BRASIL, 1990). 
 
Atribuições Comuns e Competências Específicas de Cada Esfera de Governo na Gestão do SUS 
 
A Lei Orgânica da Saúde estabelece em seu artigo 15 as atribuições comuns das três esferas de 
governo, de forma bastante genérica e abrangendo vários campos de atuação (BRASIL, 1990). 
 
São definidas como atribuições comuns da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, 
em seu âmbito administrativo: 
- Definir as instâncias e os mecanismos de controle, de avaliação e de fiscalização das ações e dos 
serviços de saúde; 
- Administrar os recursos orçamentários e financeiros destinados, em cada ano, à saúde; 
- Acompanhar, avaliar e divulgar o nível de saúde da população e as condições ambientais; 
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19 
 
- Organizar e coordenar o sistema de informação em saúde; 
- Elaborar normas técnicas e estabelecer padrões de qualidade e parâmetros de custos que 
caracterizam a assistência à saúde; 
- Elaborar normas técnicas e estabelecer padrões de qualidade para promoção da saúde do 
trabalhador; 
- Participar na formulação da política e na execução das ações de saneamento básico e colaborar na 
proteção e na recuperação do meio ambiente; 
- Elaborar e atualizar periodicamente o Plano de Saúde; 
- Participar na formulação e na execução da política de formação e desenvolvimento de recursos 
humanos para a saúde; 
- Elaborar proposta orçamentária do Sistema Único de Saúde (SUS) em conformidade com Plano de 
Saúde; 
- Elaborar normas para regular as atividades de serviços privados de saúde, tendo em vista a sua 
relevância pública; 
- Realizar operações externas de natureza financeira de interesse da saúde, autorizadas pelo Senado 
Federal; 
- Atender as necessidades coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo 
iminente, de calamidade pública ou irrupção de epidemias - para tanto, a autoridade competente da esfera 
administrativa correspondente poderá requisitar bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de 
jurídicas, sendo-lhes assegurada justa indenização; 
- Implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados; 
- Propor a celebração de convênios, acordos e protocolos internacionais relativos à saúde, saneamento 
e meio ambiente; 
- Elaborar normas técnico-científicas de promoção, proteção e recuperação da saúde; 
- Promover articulação com os órgãos de fiscalização do exercício profissional e outras entidades 
representativas da sociedade civil para a definição e o controle dos padrões éticos para pesquisa, ações 
e serviços de saúde; 
- Promover a articulação da política e dos planos de saúde; 
- Realizar pesquisas e estudos na área de saúde; 
- Definir as instâncias e os mecanismos de controle e fiscalização inerentes ao poder de polícia 
sanitária; 
- Fomentar, coordenar e executar programas e projetos estratégicos e de atendimento emergencial. 
 
Uma análise geral da Lei n. 8.080/90 permite destacar os seguintes pontos em relação à competência 
de cada gestor do SUS: 
 
Competências da União 
À direção nacional do Sistema Único de Saúde compete: 
- Formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição; 
- Participar na formulação e na implementação das políticas de controle das agressões ao meio 
ambiente, de saneamento básico e relativas às condições e aos ambientes de trabalho; 
- Definir e coordenar os sistemas de redes integradas de assistência de alta complexidade, de rede de 
laboratórios de saúde pública, de vigilância epidemiológica e de vigilância sanitária; 
- Participar da definição de normas e mecanismos de controle, com órgãos afins, de agravo sobre o 
meio ambiente ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; 
- Participar da definição de normas, critérios e padrões para o controle das condições e dos ambientes 
de trabalho e coordenar a política de saúde do trabalhador; 
- Coordenar e participar na execução das ações de vigilância epidemiológica; 
- Estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras, podendo a 
execução ser complementada pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios; 
- Estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle da qualidade sanitária de produtos, 
substâncias e serviços de consumo e uso humano; 
- Promover articulação com os órgãos educacionais e de fiscalização do exercício profissional,

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