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Comentário de Caso_ Tutela de Urgência Carta Arbitral Assistência do Poder Judiciário para Efetivação da Ordem

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Jurisprudência Estatal Nacional Comentada
Tutela de Urgência. Carta Arbitral. Assistência do Poder Judiciário 
para Efetivação da Ordem. Medida de Apoio Deferida pelo Juiz para 
Cooperação por Terceiro
Brasil. Superior Tribunal de Justiça – Recurso Especial 1.798.089/MG 
– Terceira Turma. Relatora Ministra Nancy Andrighi – J. 27.08.2019
Provisional Measure. Arbitral Letter. Assistance from the Courts to Enforce the 
Order. Auxiliary Measure Granted by the Judge to Request Cooperation from a 
Third Party. Superior Tribunal de Justiça. Third Chamber. Special Appeal 
nº 1.798.089/MG. Justice Nancy Andrighi. J. 27.08.2019
SUMÁRIO: I – Julgado; II – Comentário.
i – juLgAdo
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Terceira Turma
Recurso Especial nº 1.798.089 – MG (2019/0045106-9)
Recorrente: Empabra Empresa de Mineracao Pau Branco S/A
Recorrido: Juarez de Oliveira Rabello
Recorrido: Joao Henrique Pereira
Interes.: Green Metals Solucoes Ambientais S.A.
Interes.: Phoenix Mineracao e Comercio Ltda.
Interes.: Lucas Prado Kallas
Interes.: Rachel Marinho de Oliveira Kallas
Interes.: Luis Fernando Franceschini da Rosa
Interes.: Marcia Cristina Zimmer
Interes.: B.L.T. Empreendimentos Imobiliarios Eireli
Ministra Relatora: Nancy Andrighi
Data do Julgamento: 27/08/2019
ementA
RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. ARBITRAGEM. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO E ERRO 
MATERIAL. AUSÊNCIA. MULTA. INTUITO PROTELATÓRIO. AUSÊNCIA. ALCANCE DA CLÁUSULA 
COMPROMISSÓRIA. COMPLEXA REDE CONTRATUAL E DE EMPRESAS. EXPLORAÇÃO DA MINA 
CORUMI. NECESSIDADE DE VERIFICAÇÃO DA PESAGEM DO MINÉRIO. CONSENSUALIDADE DA 
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146 .......................................................................................RBA Nº 67 – Jul-Set/2020 – JURISPRUDÊNCIA ESTATAL NACIONAL COMENTADA
ARBITRAGEM. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO. RESTRITA MARGEM DE INTERPRETAÇÃO DO PODER 
JUDICIÁRIO. RESULTADO ÚTIL DA DECISÃO ARBITRAL.
1. Agravo de instrumento interposto em 28/08/2017. Recurso especial 
interposto em 09/07/2018 e concluso ao gabinete em: 28/02/2019.
2. Ante a ausência de omissão, contradição e erro material, não há vio-
lação ao art. 1.022 do CPC/2015.
3. O fato de o Tribunal de origem ter afastado os argumentos da re-
corrente não significa, necessariamente, que há intuito protelatório por 
parte da recorrente. Na hipótese, a recorrente apontou diversas questões 
relevantes e que exigiu do Tribunal de origem uma longa explicação 
para afastar a presença dos supostos vícios.
4. Como afirmado no julgamento do REsp 1.277.725/AM (Terceira Tur-
ma, DJe 18/03/2013), “admite-se a convivência harmônica das duas ju-
risdições – arbitral e estatal –, desde que respeitadas as competências 
correspondentes, que ostentam natureza absoluta”. Portanto, é aceitável 
a convivência de decisões arbitrais e judiciais, quando elas não se con-
tradizerem e tiverem a finalidade de preservar a efetividade de futura 
decisão arbitral.
5. A determinação de cumprimento de cartas arbitrais pelo Poder Judi-
ciário não constitui uma atividade meramente mecânica. Por mais res-
trita que seja, o Poder Judiciário possui uma reduzida margem de inter-
pretação para fazer cumprir as decisões legalmente exaradas por cortes 
arbitrais. 
6. Na hipótese, não é o fato de supostamente a recorrente pertencer ao 
mesmo grupo econômico das empresas interessadas que pode funda-
mentar a ordem judicial, mas sim o próprio poder investido ao Poder Ju-
diciário de conferir coercibilidade às decisões arbitrais, a fim de garantir-
-lhes seu futuro resultado útil aos participantes daquele procedimento.
7. Recurso especial conhecido e parcialmente provido somente para 
afastar a aplicação da multa prevista no art. 1026, § 2º, do CPC/2015.
Acórdão
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Ter-
ceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das 
notas taquigráficas constantes dos autos Prosseguindo no julgamento, após o 
voto-vista do Sr. Ministro Moura Ribeiro,, por unanimidade, dar parcial pro-
vimento ao recurso especial nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os 
Srs. Ministros Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas Cueva, Marco 
Aurélio Bellizze e Moura Ribeiro votaram com a Sra. Ministra Relatora.
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RBA Nº 67 – Jul-Set/2020 – JURISPRUDÊNCIA ESTATAL NACIONAL COMENTADA ....................................................................................... 147 
Brasília (DF), 27 de agosto de 2019 (Data do Julgamento)
MINISTRA NANCY ANDRIGHI 
Relatora
reLAtório
A EXMA. SRA. MINISTRA NANCY ANDRIGHI (Relator):
Cuida-se de recurso especial interposto por EMPABRA EMPRESA DE MI-
NERACAO PAU BRANCO S/A, exclusivamente com fundamento na alínea “a” 
do permissivo constitucional, contra acórdão do TJ/MG.
Ação: embargos de terceiros opostos pela recorrente contra decisão ju-
dicial que determinou o cumprimento de carta arbitral pelo juízo estatal. Por 
meio da mencionada carta, o tribunal arbitral solicita cumprimento às ordens 
processuais nº 5 e 6 as quais determinam a concessão de acesso dos recorridos 
à Mina Corumi, para que esses participem do processo de pesagem do minério 
que é retirado dessa mina.
Decisão interlocutória: indeferiu o pedido de tutela de urgência formu-
lado pela recorrente, em sede de embargos de terceiro, a fim de que fosse 
suspensa a entrada dos recorridos em seu imóvel e nas instalações da sua sede, 
de forma forçada.
Acórdão: negou provimento ao agravo de instrumento interposto pelo 
recorrente, nos termos da seguinte ementa:
AGRAVO DE INSTRUMENTO – CUMPRIMENTO DA CARTA ARBITRAL PELO 
JUÍZO ESTATAL – INTELIGÊNCIA DO DISPOSTO NO § 1º, DO ART. 69, DO 
CPC – OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE TERCEIRO POR QUEM É CONTROLA-
DA POR PARTE INTEGRANTE DO PROCEDIMENTO ARBITRAL – SUSPENSÃO 
DA ENTRADA DOS AGRAVADOS NO IMÓVEL PERTENCENTE À AGRAVAN-
TE E NAS INSTALAÇÕES DE SUA SEDE, DE FORMA FORÇADA – IMPOSSIBI-
LIDADE – ORDENS EMANADAS PELO ÓRGÃO ARBITRAL – ATUAÇÃO DO 
JUÍZO ESTATAL COMO MERO COOPERADOR DAQUELE.
Nos termos do art. 22-C, da Lei nº 9.307/96, ”o árbitro ou o tribunal arbitral 
poderá expedir carta arbitral para que o órgão jurisdicional nacional pratique ou 
determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato solici-
tado pelo árbitro”, nada mais que isso.
Tendo o Juízo Arbitral determinado o cumprimento de ordens, em imóvel e ins-
talações pertencentes a quem é controlada pela parte integrante do Procedimen-
to Arbitral, cabe ao Poder Judiciário, como um mero cooperador da arbitragem, 
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148 .......................................................................................RBA Nº 67 – Jul-Set/2020 – JURISPRUDÊNCIA ESTATAL NACIONAL COMENTADA
manter aquelas imposições, utilizando-se dos métodos que entender necessá-
rios, nos termos do § 1º, do art. 69, do CPC. (e-STJ, fls. 1459).
Embargos de declaração: interpostos pelo recorrente foram rejeitados, 
com aplicação de multa prevista no § 2º do art. 1.026 do CPC/15, aplicando, 
ainda, por analogia, a base de cálculo prevista no § 2º do art. 81 do CPC/15, 
conforme a ementa abaixo: 
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – AGRAVO DE INSTRUMENTO 
– PRESSUPOSTOS – OMISSÃO – CONTRADIÇÃO – OBSCURIDADE – INE-
XISTÊNCIA – PREQUESTIONAMENTO – IMPOSSIBILIDADE – RECURSO MA-
NIFESTAMENTE PROTELATORIO – APLICAÇÃO DE MULTA À PARTE RECOR-
RENTE. 
Os Embargos de Declaração têm como escopo aperfeiçoar as decisões judiciais 
que tenham pontos omissos, obscuros ou contraditórios, sendo a presença des-
ses vícios o pressuposto para o acolhimento daquele recurso. 
É indevida a declaração do Acórdão, quando, além de inexistentes as alega-
das omissões, os argumentos postos nos Embargos são direcionados a criticar 
o entendimento firmado pela Turma Julgadora e a buscar novo julgamento do 
Recurso anterior.
Ainda que os Embargos de Declaração contenham afirmação do propósito de 
prequestionamento, é necessário que o Julgado apresente alguma das imperfei-ções delineadas no art. 1.022, do Código de Processo Civil.
A oposição do Recurso com propósito manifestamente protelatório dá ensejo à 
aplicação da multa prevista no § 2º, do art. 1.026, do CPC.
Recurso especial: alega violação dos arts. 7º, 9º, 10, 17, 18, 81, § 2º, 
115, I e II, 237, IV, 260, III, § 3º, 267, 489, § 1º, IV, 506, 1022 e 1026, § 2º, 
do CPC/15; 44, 45, 985, 1.210, 1.228, do CC; 1º, 3º, 4º, 5º, 6º e 19, § 2º, e 21, 
§ 2º, e 22-C, da Lei nº 9.307/96; e 4º do Decreto-lei nº 4.657/1942.
Admissibilidade: o recurso foi admitido na origem pelo TJ/MG.
É o relatório.
voto
A EXMA. SRA. MINISTRA NANCY ANDRIGHI (Relator):
O propósito recursal consiste em determinar se o Poder Judiciário ex-
trapolou sua competência, do ponto de vista subjetivo, a ordem contida na 
carta arbitral, ao determinar que a recorrente desse cumprimento à ordem, 
mesmo sem ter participado do procedimento arbitral em curso. Além disso, a 
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RBA Nº 67 – Jul-Set/2020 – JURISPRUDÊNCIA ESTATAL NACIONAL COMENTADA ....................................................................................... 149 
recorrente também alega a ocorrência de negativa de prestação jurisdicional, 
bem como a ilegalidade na aplicação da multa prevista no art. 1.026, § 2º, do 
CPC/2015 pois os embargos de declaração não possuiriam caráter protelatório.
1 DOS CONTORNOS FÁTICOS DA LIDE
Em razão da complexidade dos contornos fáticos da lide, faz-se neces-
sário um maior esforço para seu esclarecimento. Dessa forma, a lide está rela-
cionada a uma disputa sobre a comercialização do minério de ferro oriundo da 
Mina Corumi, que se encontra regulada por instrumentos jurídicos celebrados 
pelos recorridos com a recorrente e com várias outras empresas a ela vincula-
das, societária e contratualmente.
Em 02/05/2007, as partes celebraram o Contrato de Opção para Aqui-
sição de Minério de Ferro, pelo qual a recorrente outorgou aos recorridos a 
opção de compra, com exclusividade, da totalidade do minério de ferro 
extraídos da Mina Corumi. A Intermineração Mineração e Comércio S/A 
(“INTERMINERAÇÃO”), sociedade constituída pela Recorrente, anuiu ao Con-
trato de Opção, por ser titular do direito minerário.
Em contrapartida a essa opção, os recorridos deveriam providenciar so-
lução logística para o escoamento do minério da mencionada mina, que fica 
na Serra do Curral, na região de Belo Horizonte. Em 03/01/2012, os Recorridos 
exerceram a opção, e celebraram o contrato de compra e venda de minério, 
entre a Recorrente e a PHOENIX, uma sociedade constituída pelos recorridos 
para comercialização do minério.
Em 17/2/2012, os recorridos se associaram à empresa Green Metals So-
luções Ambientais S/A (“GREEN METALS”), para a exploração e comerciali-
zação do minério oriundo da Mina Corumi. Nesta data, a GREEN METALS 
adquiriu 20% (vinte por cento) do capital social da PHOENIX. Em 10/2/2014, a 
GREEN METALS adquiriu o restante das quotas e passou a deter a totalidade do 
capital social da PHOENIX. Também foi constituída a SCP Phoenix, sociedade 
em conta de participação, que serviu de veículo de pagamento de parte dos 
valores devidos pela GREEN METALS aos recorridos em razão da venda das 
quotas da Phoenix.
Como parte do valor do negócio, a GREEN METALS se comprometeu a 
pagar aos recorridos o valor fixo de US$ 4,587 por tonelada de minério de ferro 
retirado da Mina Corumi. Para calcular esse valor, os Recorridos estavam auto-
rizados a acompanhar a pesagem do minério de ferro na balança localizada na 
mencionada mina e no sistema eletrônico de controle de pesagem.
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150 .......................................................................................RBA Nº 67 – Jul-Set/2020 – JURISPRUDÊNCIA ESTATAL NACIONAL COMENTADA
No entanto, os recorridos alegam que, a partir de novembro de 2015, a 
GREEN METALS suspendeu os pagamentos mensais desse valor fixo por tone-
lada, o que fundamentou a instauração do Procedimento Arbitral n. 06/16, em 
trâmite na CAMARB – Câmara de Arbitragem Empresarial (Brasil).
Em 16/5/2016, os Recorridos passaram a ser impedidos de acompanhar 
presencialmente as pesagens ocorridas na Mina Corumi.
Como o tribunal arbitral estava ainda em fase de constituição, os recorri-
dos ajuizaram uma ação cautelar preparatória e o juízo da 1ª Vara Empresarial 
da Comarca de Belo Horizonte concedeu decisão liminar para restabelecer o 
direito de acesso às dependências da Mina Corumi.
Por meio da Ordem Processual n. 5, o tribunal arbitral confirmou a limi-
nar judicial concedida na cautelar preparatória, declarando o seguinte:
a cláusula 5.1 do Contrato SCP é muito clara sobre o direito amplo de acesso 
dos [Recorridos] à Mina Corumi” (§17); “a mina continua a ser explorada comer-
cialmente, ainda que por outras pessoas jurídicas” (§19 – grifou-se); “o acesso 
aos [Recorridos] ajuda a preservar a efetividade do procedimento arbitrai, mas 
ao mesmo tempo não causa prejuízo algum aos Requeridos. Não se trata de 
interferência nas atividades da mina, mas mero direito de acesso para acompa-
nhamento e fiscalização das quantidades de minério retiradas” (§21 – grifou-se); 
“a Green Metais é controladora da Intermineração [...] e a Intermineração é a 
titular dos direitos minerários da Mina Corumi (mesmo que o registro do DNPM 
ainda indique a titularidade da Empabra, não há controvérsia sobre a circunstân-
cia de a Empabra ter integralizado capital da Intermineração com estes direitos)” 
(§27); e “a Empabra e a In termineração anuíram plenamente ao Contrato de SCP 
[.1. Assim, não só o direito de acesso dos Requerentes não lhes causa prejuízo, 
como ambos manifestaram concordância expressa” (§28).
Ante a renitência no cumprimento da decisão, os árbitros expediram 
nova ordem (Ordem Processual nº 6), reiterando o teor da decisão anterior.
2 DA NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL 
De forma preliminar, a recorrente afirma haver ofensa ao art. 1.022, I, II 
e III, do CPC/2015 em razão da manutenção dos vícios apontados no acórdão 
que julgou o agravo de instrumento e, como consequência, requer anulação 
do acórdão que julgou os embargos de declaração, com o retorno dos autos ao 
Tribunal de origem para novo julgamento.
Contudo, antes de averiguar o teor do julgamento dos embargos de de-
claração, percebe-se que o Tribunal de origem se esmerou em sua resposta, em 
21 (vinte e uma) laudas de decisão. Nesse julgamento estão apontadas todas as 
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RBA Nº 67 – Jul-Set/2020 – JURISPRUDÊNCIA ESTATAL NACIONAL COMENTADA ....................................................................................... 151 
questões suscitadas pela recorrente, a qual foram devidamente analisadas pelo 
Tribunal mineiro.
Pelo exposto, não se verifica na hipótese a pretensa ofensa ao art. 1.022 
do CPC/2015.
3 DO CARÁTER PROTELATÓRIO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
Ademais, nas razões recursais, a recorrente afirma ser ilegal a imposição 
de multa à recorrente por suposto embargos de declaração protelatórios. Tam-
bém afirma ser ilegal o critério utilizado para a valoração da multa, no valor 
de R$ 4.770,00 (quatro mil, setecentos e setenta reais), equivalente a cinco 
salários-mínimos, com fundamento no art. 80, § 2º, do CPC/2015.
Nesse sentido, o Tribunal de origem afirmou que a oposição dos embar-
gos de declaração opostos pela recorrente causou um injustificável atraso na 
tramitação do processo, o que, por si próprio, indicaria o intuito protelatório.
Contudo, a recorrente apontou diversas questões que entendia configu-
rar vícios do julgamento. O fato de o Tribunal de origem ter afastado a presença 
dos vícios apontados não significa, necessariamente, que há intuito protelatório 
por parte da recorrente.
Ademais, verifica-se que as questões suscitadas pela recorrente são re-
levantes, algumas repetidas nas razões do recurso especial, e, além disso, o 
acórdão julgou esses embargos possui a considerável extensão de 21(vinte e 
uma) laudas, o que indica o cuidado e a necessidade de o Tribunal de origem 
em expressar os motivos pelos quais não constam no acórdão embargado os 
vícios a que se refere o art. 1.022 do CPC/2015.
Dessa forma, deve-se afastar a incidência da multa aplicada pelo Tribu-
nal de origem decorrente da oposição dos embargos de declaração.
4 DA EXTENSÃO SUBJETIVA DA ORDEM DO TRIBUNAL ARBITRAL
Quanto ao alcance da ordem processual e da consequente carta arbitral, 
a recorrente alega que não há qualquer menção a ela e ao suposto controle 
pela GREEN METALS.
Afirma, ainda que a recorrente e a empresa GREEN METALS são duas 
pessoas jurídicas distintas e não há qualquer relação de controle entre elas. 
Desse modo, sustenta que acórdão recorrido extrapolou o limite da jurisdição 
estatal com a ampliação do objeto da carta arbitral.
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152 .......................................................................................RBA Nº 67 – Jul-Set/2020 – JURISPRUDÊNCIA ESTATAL NACIONAL COMENTADA
Contudo, para a correta resolução do recurso em julgamento, deve-se 
ponderar a natureza da relação entre árbitros e Poder Judiciário, tema sempre 
sensível e que, por isso, deve ser tratado com zelo.
4.1 dA hArmoniA entre jurisdição e ArbitrAgem
Embora existem diversas situações em que se discute qual o órgão compe-
tente para o julgamento de alguns litígios – se o Poder Judiciário ou se Tribunal 
Arbitral – não se pode perder de vista que entre ambos deve existir sempre uma 
relação de diálogo e cooperação, e não uma relação de disputa, o que enseja a 
necessidade de uma convivência harmoniosa e de atuação conjunta, para resol-
ver de modo efetivo e eficiente os conflitos postos a julgamento arbitral. 
Como afirmado no julgamento do REsp 1.277.725/AM (Terceira Turma, 
DJe 18/03/2013), “admite-se a convivência harmônica das duas jurisdições – 
arbitral e estatal –, desde que respeitadas as competências correspondentes, 
que ostentam natureza absoluta”.
Não se trata, em absoluto, de uma questão simples. No julgamento do 
CC 111.230/DF (Segunda Seção, DJe 03/04/2014), afirmou-se que o indispen-
sável fortalecimento da arbitragem torna indispensável que se preserve, na 
maior medida possível, a autoridade do árbitro, afirmando ainda que “negar 
tal providência esvaziaria o conteúdo da Lei de Arbitragem, permitindo que, 
simultaneamente, o mesmo direito seja apreciado, ainda que em cognição per-
functória, pelo juízo estatal e pelo juízo arbitral, muitas vezes com sérias possi-
bilidades de interpretações conflitantes para os mesmos fatos”. 
A existência dessa harmonia e cooperação serve a um propósito espe-
cial, que é a efetividade e eficiência das resoluções de conflitos. Em outras 
palavras, é aceitável a convivência de decisões arbitrais e judiciais, quando 
elas não se contradizerem e tiverem a finalidade de preservar a efetividade de 
futura decisão arbitral.
Ademais, essa necessidade de harmonia também se origina na ausência 
de poder coercitivo direto das decisões arbitrais, competindo ao Poder Judi-
ciário a execução forçada do direito reconhecido naquela sede, como afirmado 
em remansosa jurisprudência do STJ:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E FALIMENTAR. RECURSO ESPECIAL. EMBAR-
GOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. 
NÃO OCORRÊNCIA. PEDIDO DE FALÊNCIA. INADIMPLEMENTO DE TÍTU-
LOS DE CRÉDITO. CONTRATO COM CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA. INS-
TAURAÇÃO PRÉVIA DO JUÍZO ARBITRAL. DESNECESSIDADE. 
1 – Ausentes os vícios do art. 535 do CPC, rejeitam-se os embargos de declaração.
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RBA Nº 67 – Jul-Set/2020 – JURISPRUDÊNCIA ESTATAL NACIONAL COMENTADA ....................................................................................... 153 
2 – A convenção de arbitragem prevista em contrato não impede a deflagração 
do procedimento falimentar fundamentado no art. 94, I, da Lei n. 11.101/05.
3 – A existência de cláusula compromissória, de um lado, não afeta a executi-
vidade do título de crédito inadimplido. De outro lado, a falência, instituto que 
ostenta natureza de execução coletiva, não pode ser decretada por sentença 
arbitral. Logo, o direito do credor somente pode ser exercitado mediante provo-
cação da jurisdição estatal.
4 – Admite-se a convivência harmônica das duas jurisdições – arbitral e estatal –, 
desde que respeitadas as competências correspondentes, que ostentam natureza 
absoluta. Precedente.
5 – Recurso especial não provido. 
(REsp 1277725/AM, TERCEIRA TURMA, DJe 18/03/2013) 
RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. ARBITRAGEM. EXECUÇÃO. TÍTULO 
EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. CONTRATO DE LOCAÇÃO. CLÁUSULA COM-
PROMISSÓRIA. EMBARGOS DO DEVEDOR. MÉRITO. COMPETÊNCIA DO 
JUÍZO ARBITRAL. QUESTÕES FORMAIS, ATINENTES A ATOS EXECUTIVOS 
OU DE DIREITOS PATRIMONIAIS INDISPONÍVEIS. COMPETÊNCIA DO JUÍZO 
ESTATAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NATUREZA JURÍDICA. LEI NOVA. 
MARCO TEMPORAL PARA A APLICAÇÃO DO CPC/2015. PROLAÇÃO DA 
SENTENÇA
1. A cláusula arbitral, uma vez contratada pelas partes, goza de força vinculante 
e caráter obrigatório, definindo ao juízo arbitral eleito a competência para di-
rimir os litígios relativos aos direitos patrimoniais disponíveis, derrogando-se a 
jurisdição estatal.
2. No processo de execução, a convenção arbitral não exclui a apreciação do 
magistrado togado, haja vista que os árbitros não são investidos do poder de 
império estatal à prática de atos executivos, não tendo poder coercitivo direto. 
3. Na execução lastreada em contrato com cláusula arbitral, haverá limitação 
material do seu objeto de apreciação pelo magistrado. O Juízo estatal não terá 
competência para resolver as controvérsias que digam respeito ao mérito dos 
embargos, às questões atinentes ao título ou às obrigações ali consignadas (exis-
tência, constituição ou extinção do crédito) e às matérias que foram eleitas para 
serem solucionadas pela instância arbitral (kompetenz e kompetenz), que deve-
rão ser dirimidas pela via arbitral. 
4. A exceção de convenção de arbitragem levará a que o juízo estatal, ao apre-
ciar os embargos do devedor, limite-se ao exame de questões formais do título 
ou atinentes aos atos executivos (v.g., irregularidade da penhora, da avaliação, 
da alienação), ou ainda as relacionadas a direitos patrimoniais indisponíveis, 
devendo, no que sobejar, extinguir a ação sem resolução do mérito.
5. Na hipótese, o devedor opôs embargos à execução, suscitando, além da cláu-
sula arbitral, dúvidas quanto à constituição do próprio crédito previsto no título 
executivo extrajudicial, arguindo a inexistência da dívida pelo descumprimen-
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154 .......................................................................................RBA Nº 67 – Jul-Set/2020 – JURISPRUDÊNCIA ESTATAL NACIONAL COMENTADA
to justificado do contrato. Dessarte, deve-se reconhecer a derrogação do juízo 
togado para apreciar a referida pretensão, com a extinção do feito, podendo o 
recorrido instaurar procedimento arbitral próprio para tanto.
6. O Superior Tribunal de Justiça propugna que, em homenagem à natureza 
processual material e com o escopo de preservar-se o direito adquirido, as nor-
mas sobre honorários advocatícios não são alcançadas por lei nova. A sentença, 
como ato processual que qualifica o nascedouro do direito à percepção dos ho-
norários advocatícios, deve ser considerada o marco temporal para a aplicação 
das regras fixadas pelo CPC/2015.
7. No caso concreto, a sentença fixou os honorários em consonância com o 
CPC/1973. Dessa forma, não obstante o fato de esta Corte Superior reformar o 
acórdão recorrido após a vigência do novo CPC, incidem, quanto aos honorá-
rios, as regras do diploma processual anterior.
8. Recurso especial provido.
(REsp 1465535/SP, QUARTA TURMA, DJe 22/08/2016)
Nessa perspectiva, o diálogo entre juiz e árbitro é fundamental para que 
um procedimento arbitral não possa obstaculizar ou até inviabilizar uma solu-
ção satisfatória ejusta em sede arbitral.
4.2 dA restritA mArgem do poder judiciário 
Nesse sentido, é importante considerar que a determinação de cumpri-
mento de cartas arbitrais pelo Poder Judiciário não constitui uma atividade 
meramente mecânica. Por mais restrita que seja, o Poder Judiciário possui uma 
reduzida margem de interpretação para fazer cumprir as decisões legalmente 
exaradas por cortes arbitrais.
É importante ressaltar que a lide a ser resolvida em sede arbitral depende 
diretamente da possibilidade de os recorridos poderem quantificar o minério 
produzido na mina operada pela recorrente. 
Ademais, percebe-se a existência de uma complexa rede contratual, com 
diversas empresas e pessoas jurídicas distintas envolvidas no negócio comer-
cial que originou o litígio. E, de fato, apenas a recorrente – que opera direta-
mente a mina – não participa do compromisso arbitral. 
Contudo, a impossibilidade de verificar a quantidade de minério produ-
zida na mina em questão pode comprometer significativamente a eficácia de 
uma futura decisão dos árbitros. 
Dessa forma, a determinação feita pelo Tribunal de origem, segundo a 
qual a recorrente deve suportar a vistoria pelos recorridos da quantidade de 
minério produzida pela mina durante o procedimento arbitral, não ofende a 
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necessidade de consensualidade para a validez da cláusula compromissória 
que fundamenta o julgamento arbitral. 
Nessa perspectiva, torna-se infrutífera a discussão acerca do controle 
acionário da recorrente, se este estaria submetido à empresa GREEN METALS 
ou não, pois não residiria neste fato o real fundamento para a obrigatoriedade 
da decisão judicial que permitiu que os recorridos acompanhem presencial-
mente a pesagem do minério produzido pela recorrente.
O próprio tribunal arbitral afasta essa conclusão, ao afirmar que não 
possui elementos suficientes para proferir tal afirmação, conforme manifestado 
na ordem processual nº 9:
34. Por derradeiro, os Requeridos pedem a correção de um alegado erro material 
na OP nº 08, quando a Empabra teria sido referida como controlada da Green 
Metais. O Tribunal Arbitral não pretendeu dizer que a Empabra é controlada 
da Green Metais, até por não ter elementos para tanto, e assim, muito embora 
considere a questão absolutamente irrelevante no contexto dos autos, defere a 
correção pretendida, para que, na 4ª linha do item 52 da OP nº 08, em lugar de 
‹estas controladas›, leia-se ‹estas empresas›.
Dessa forma, não é o fato de supostamente a recorrente pertencer ao 
mesmo grupo econômico das empresas interessadas que pode fundamentar 
a ordem judicial, mas sim o próprio poder investido ao Poder Judiciário de 
conferir coercibilidade às decisões arbitrais, a fim de garantir-lhes seu futuro 
resultado útil aos participantes daquele procedimento.
5 CONCLUSÃO
Forte nessas razões, CONHEÇO do recurso especial e DOU-LHE PAR-
CIAL PROVIMENTO, com fundamento no art. 255, § 4º, III, do RISTJ, somente 
para afastar a aplicação sobre a recorrente da multa prevista no art. 1.026, 
§ 2º, do CPC/2015.
Por fim, não há majoração dos honorários advocatícios, pois não hou-
ve prévia fixação pelo Tribunal de origem, nos termos do art. 85, § 11, do 
CPC/2015.
ii – comentário
INTRODUÇÃO
Trata-se de disputa relacionada à comercialização do minério de ferro 
oriundo da Mina Corumi, que se encontra regulada por instrumentos jurídicos 
celebrados pelos Srs. Juarez de Oliveira Rabello e João Henrique Pereira (“re-
corridos”) com a Empabra – Empresa de Mineração Pau Branco S/A (“Empabra” 
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156 .......................................................................................RBA Nº 67 – Jul-Set/2020 – JURISPRUDÊNCIA ESTATAL NACIONAL COMENTADA
ou “recorrente’) e com várias outras empresas a ela vinculadas, societária e 
contratualmente.
A principal questão jurídica aqui posta diz respeito à atuação do Poder 
Judiciário para efetivação de tutelas de urgência arbitrais, e, mais especifica-
mente, à possibilidade ou não de cooperação de terceiro, o qual não faz parte 
da convenção ou do processo arbitral, por meio de medida de apoio acrescida 
pelo Poder Judiciário ao conceder auxílio para a efetivação de tutelas de ur-
gência arbitrais.
No caso sob análise, o Superior Tribunal de Justiça entendeu ser possível 
ao Poder Judiciário dar apoio à efetivação da decisão arbitral, pois a impossi-
bilidade de verificar a quantidade de minério produzida na mina em questão 
poderia “comprometer significativamente a eficácia de uma futura decisão dos 
árbitros”. Como consequência, entendeu que a determinação feita pelo juízo 
de origem, “segundo a qual a [Empabra] deve suportar a vistoria pelos recorri-
dos da quantidade de minério produzida pela mina durante o procedimento ar-
bitral, não ofende a necessidade de consensualidade para a validez da cláusula 
compromissória que fundamenta o julgamento arbitral”, uma vez que se trata 
de “poder investido ao Poder Judiciário de conferir coercibilidade às decisões 
arbitrais, a fim de garantir-lhes seu futuro resultado útil aos participantes” do 
processo arbitral1.
Como será visto a seguir, os fundamentos e a conclusão apresentados 
pelo Superior Tribunal de Justiça estão corretos e é permitido ao Poder Judiciá-
rio, em casos justificados, valer-se de sua autoridade para determinar a coope-
ração de terceiro para implementação da decisão arbitral2.
1 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DOS PERSONAGENS ENVOLVIDOS NO CASO
Conforme consta de relatório elaborado no acórdão sob análise3, em 
02.05.2007, as partes celebraram o Contrato de Opção para Aquisição de Mi-
nério de Ferro, por meio do qual a Empabra concedeu aos recorridos a opção 
de compra, com exclusividade, da totalidade do minério de ferro extraído da 
Mina Corumi. A Intermineração Mineração e Comércio S/A, sociedade cons-
tituída pela Empabra, anuiu ao Contrato de Opção, por ser titular do direito 
minerário.
1 Páginas 9-11 do acórdão do STJ.
2 As opiniões destes comentários foram emitidas com base nas informações constantes (i) da carta arbitral; (ii) dos 
embargos de terceiro; (iii) da decisão da 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte sobre os embargos 
de terceiro, de 25 de julho de 2017; (iv) do acórdão da 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de 
Minas Gerais, de 1º de fevereiro de 2018; (v) do acórdão sob análise. Todos esses documentos estão públicos e 
disponíveis no site do Superior Tribunal de Justiça.
3 Página 16 do acórdão do STJ.
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Em 03.01.2012, de forma a criar solução logística para o escoamento do 
minério da Mina Corumi, os recorridos exerceram a opção de aquisição de mi-
nério e celebraram contrato de compra e venda de minério entre a Empabra e 
a Phoenix Mineração e Comércio Ltda. (“Phoenix”), uma sociedade constituída 
pelos recorridos para comercialização do minério.
Em 17.02.2012, a Phoenix se associou à empresa Green Metals Soluções 
Ambientais S/A (“Green Metals”), para a exploração e comercialização do mi-
nério oriundo da Mina Corumi.
Em 10.02.2014, a Green Metals adquiriu o restante das quotas e passou 
as deter a totalidade do capital social da Phoenix. Também foi constituída a 
SCP Phoenix, sociedade em conta de participação, que serviu de veículo de 
pagamento de parte dos valores devidos pela Green Metals aos recorridos em 
razão da venda das quotas da Phoenix.
A Green Metals se comprometeu a pagar aos recorridos o valor fixo de 
US$ 4,587 por tonelada de minério de ferro retirado da Mina Corumi. Para cal-
cular esse valor, os recorridos estavam autorizados a acompanhar a pesagem 
do minério de ferro na balançalocalizada na mencionada mina e no sistema 
eletrônico de controle de pesagem.
No entanto, os recorridos alegam que, a partir de novembro de 2015, a 
Green Metals suspendeu os pagamentos mensais desse valor fixo por tonelada, 
o que fundamentou a instauração do processo arbitral.
Em 16.05.2016, os recorridos passaram a ser impedidos de acompanhar 
presencialmente as pesagens ocorridas na Mina Corumi. Como o tribunal arbi-
tral estava ainda em fase de constituição, os recorridos ajuizaram uma deman-
da cautelar antecedente e o juízo da 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo 
Horizonte concedeu decisão liminar para restabelecer o direito de acesso às 
dependências da Mina Corumi.
Por meio da Ordens Processuais nºs 5 e 6, o tribunal arbitral teria con-
firmado a liminar judicial concedida na cautelar antecedente, afirmando o se-
guinte:
– “a cláusula 5.1 do Contrato de SCP é muito clara sobre o direito am-
plo de acesso dos [recorridos] à Mina Corumi” (§ 17);
– “a mina continua a ser explorada comercialmente, ainda que por 
outras pessoas jurídicas” (§19);
– “o acesso aos [recorridos] ajuda a preservar a efetividade do pro-
cedimento arbitral, mas ao mesmo tempo não causa prejuízo algum 
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aos requeridos. Não se trata de interferência nas atividades da mina, 
mas mero direito de acesso para acompanhamento e fiscalização das 
quantidades de minério retiradas” (§ 21);
– “a Green Metals é controladora da Intermineração [...] e a Intermine-
ração é a titular dos direitos minerários da Mina Corumi (mesmo que 
o registro do DNPM ainda indique a titularidade da Empabra, não 
há controvérsia sobre a circunstância de a Empabra ter integralizado 
capital da Intermineração com estes direitos)” (§ 27); e
– “a Empabra e a Intermineração anuíram plenamente ao Contrato de 
SCP. Assim, não só o direito de acesso dos Requerentes não lhes 
causa prejuízo, como ambos manifestaram concordância expressa” 
(§ 28).4
A complexa estrutura contratual, como é comum ocorrer em questões de 
direito minerário, pode ser resumida da seguinte forma:
4 Páginas 10-11 do acórdão do STJ.
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2 A CARTA ARBITRAL EXPEDIDA PELO TRIBUNAL ARBITRAL E AS DECISÕES JUDICIAIS
Em razão da Ordens Processuais nºs 5 e 6, o tribunal arbitral expediu 
carta arbitral com o fim específico de:
Solicitar a Vossa Excelência que: (a) determine que a requerida Green Metals, 
por si ou por suas controladas, tome todas as providências necessárias a as-
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160 .......................................................................................RBA Nº 67 – Jul-Set/2020 – JURISPRUDÊNCIA ESTATAL NACIONAL COMENTADA
segurar o acesso dos requerentes às instalações da Mina Corumi, nos termos 
da cláusula 5.1 do Contrato de SCP, em especial para o acompanhamento das 
pesagens de minério de ferro ali lavrado, fisicamente e por meio de sistema ele-
trônico; sendo certo que: (a.1) o acesso deverá ser viabilizado imediatamente; e 
a.2) os direitos de acesso e acompanhamento são amplos, mas não implicam em 
qualquer direito dos requerentes de interferência nas atividades desenvolvidas 
na Mina Corumi por quem lá estiver atuando; (b) determine que os requeridos 
prestem contas da quantidade de minério de ferro lavrado a partir de 16.05.2016 
até a data da prestação de contas; (c) sob pena de multa diária de R$ 50.000,00 
(cinquenta mil reais) em caso de descumprimento das determinações acima 
referidas.
Para que não haja nenhuma dúvida, constam da carta arbitral como re-
querentes os Srs. João Henrique Pereira e Juarez de Oliveira Rabello e, como 
requeridos, Green Metals Soluções Ambientais S/A, Phoenix Mineração e 
Comércio Ltda., Lucas Prado Kallas, Rachei Marinho de Oliveira Kallas, Luis 
Fernando Franceschini da Rosa, Márcia Cristina Zimmer e B.L.T. Empreendi-
mentos Imobiliários EIRELI.
Em um primeiro momento, o juízo estatal determinou apenas o cumpri-
mento da tutela de urgência arbitral, da forma como proferida.
Em um segundo momento, o juízo entendeu que havia descumprimento 
por parte da Green Metals e, majorando a multa diária, determinou novamente 
a intimação da Green Metals, por si ou por suas controladas, para cumprir a 
ordem, nos seguintes termos:
[...] não é dado ao Juízo Estatal adentrar nas decisões do Juízo Privado se não 
declarada a nulidade do que foi decidido. A verdade é que as partes requeridas 
estão recalcitrantes ao cumprimento das decisões do Juízo Arbitral, pelo que 
imperativo se mostra a interferência estatal para fazê-las cumpridas.
2) Assim, revigoro a decisão lançada no ID 18665213, bem como majoro o 
limite da multa imposta pela MM. Juíza então oficiante, estabelecendo no valor 
de até R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais), continuando a pena diária por 
descumprimento em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).5
Mais uma vez, ainda sem cumprimento voluntário e a pedido dos re-
querentes, o juízo estatal, então, determinou a cooperação de terceiros para 
cumprimento de sua decisão:
Defiro o pedido constante do ID23419497, expeçam-se os mandados em caráter 
de urgência para cumprimento nas sedes das empresas Empabra – Empresa de 
Mineração Pau Branco S/A, Intermineração Comércio de Minério S/A e Elazul 
5 Página 8 dos embargos de terceiro.
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Investimentos e Participações Ltda., nos endereços fornecidos, ficando assinado 
o prazo de 24 (vinte e quatro) horas para a expedição das ordens ora determi-
nadas.6
Em razão da decisão supra, a Empabra apresentou embargos de terceiro.
3 EFETIVAÇÃO DAS TUTELAS DE URGÊNCIA ARBITRAIS: ESCLARECIMENTOS INICIAIS7
No campo do processo estatal, uma vez proferida determinada tutela de 
urgência, essa já segue o seu caminho natural de efetivação8.
Em alguns casos, a mera prolação da decisão é suficiente para tutelar 
provisoriamente a parte, tal como ocorre no caso de tutelas meramente de-
claratória e constitutiva, com a antecipação total ou parcial dos seus efeitos9. 
Em outros casos, precisa-se da prática de atos materiais de efetivação, mesmo 
que sob o regime de execução provisória, para entrega do bem da vida, como 
ocorre com as tutelas condenatória, mandamental e executiva10.
Ou seja, no processo estatal, mesmo nos casos em que são necessários 
atos materiais para efetivação, essas tutelas podem ser efetivadas imediatamen-
te de forma forçada, desde que dentro dos limites territoriais do país onde fo-
ram proferidas.
As tutelas de urgência proferidas por tribunais arbitrais, todavia, não pos-
suem essa característica. Na sua origem, as decisões arbitrais possuem natureza 
distinta das decisões estatais11. A falta de capacidade para impor suas decisões 
6 Página 9 dos embargos de terceiro.
7 Sobre o assunto, cf. CARRETEIRO, Mateus Aimoré. Tutelas de urgência e processo arbitral. São Paulo: RT, 2017. 
p. 285 e ss.
8 As tutelas de urgência (conservatórias ou antecipatórias) produzem efeitos imediatos, ao contrário das sentenças, 
cujos efeitos, em regra, de acordo com a legislação processual brasileira em vigor, permanecem suspensos caso 
haja interposição de apelação (CPC/2015, art. 1.012, caput). O chamado efeito suspensivo, conforme lição de 
José Carlos Barbosa Moreira: “Não faz cessar os efeitos que já se estivessem produzindo, apenas prolonga o estado 
de ineficácia que se encontrava a decisão, pelo simples fato de estar sujeita à impugnação através do recurso” 
(cf. O novo processo civil brasileiro. 23. ed. Rio de Janeiro:Forense, 2005. p. 123). O fato de a antecipação, com 
base em cognição sumária, ser mais efetiva do que decisão proferida com base em cognição exauriente traz em si 
uma aparente contradição. No entanto, essa contradição não se justifica na prática porque a produção imediata de 
efeitos possui a finalidade de exatamente assegurar a efetividade da tutela final (cf. BEDAQUE, José Roberto dos 
Santos. Tutela cautelar e tutela antecipada: tutelas sumárias e de urgência (tentativa de sistematização). 4. ed. 
São Paulo: Malheiros, 2006. p. 379).
9 Por isso é que a doutrina denomina as sentenças decorrentes de pretensões declaratórias ou constitutivas de 
autossuficientes ou autossatisfativas (cf. MARINONI, Luiz Guilherme. Técnica processual e tutela dos direitos. 
São Paulo, RT: 2004. p. 147).
10 Andrea Proto Pisani bem ressalta que “il processo di cognizione è incapace, per adotare una espressione di 
Carnelutti, di adeguare il diritto al fatto, di ridurre le parole ai fatti” (cf. Lezione di diritto processuale civile. 
5. ed. Nápoli: Jovene, 2010. p. 693).
11 Andrea Carlevaris, ao se referir à decisão arbitral, afirma que “essa sarebbe priva proprio di quell’idoneità a 
ricevere attuazione coattiva, che solo la verifica giudiziale è in grado di conferirle” (cf. La tutela cautelare 
nell’arbitrato internazionale. Padova: Cedam, 2006. p. 261).
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(ou seja, de executar ou efetivar medidas constritivas) faz com que essas rece-
bam da doutrina a denominação de leges imperfectae12.
Pode-se dizer, assim, que a autoridade dos tribunais arbitrais para conce-
der tutelas de urgência arbitrais só passa a ser totalmente completa se também 
for reconhecida a possibilidade de sua efetivação, por meio de assistência das 
cortes estatais.
A despeito dessa limitação inerente à origem privada da arbitragem, as 
decisões dos árbitros geralmente possuem certo peso natural. O fato de a arbi-
tragem ter como fonte primária e essencial a manifestação de vontade das par-
tes já faz com que as decisões arbitrais tenham uma “segura eficácia vinculante 
inter partes”13.
Esse peso natural é reforçado pelo princípio da boa-fé objetiva, o qual 
impõe às partes o dever de não frustrar as legítimas expectativas criadas na 
outra a partir do momento no qual se decidiu resolver determinados litígios por 
meio de arbitragem. Desde que se convencionou que o árbitro (e não o juiz es-
tatal) teria jurisdição para resolver eventuais litígios decorrentes de determina-
da relação jurídica, a expectativa foi criada na outra parte e o Direito moderno 
apresenta relevante preocupação com a proteção de expectativas legítimas14.
Assim sendo, antes de se analisar o caso concreto, faz-se essencial al-
guns esclarecimentos iniciais em tese sobre os poderes e limites da atividade 
do Poder Judiciário ao receber pedido de auxílio para efetivação de medidas 
proferidas pelos árbitros.
3.1 impossibiLidAde de revisão peLo poder judiciário do mérito dA tuteLA de urgênciA ArbitrAL
Consequência natural do modelo adotado pelo Direito brasileiro, no 
qual as cortes estatais exercem apenas função de assistência, é que o juiz, 
quando chamado a auxiliar na efetivação das tutelas de urgência proferidas por 
árbitros, não pode exercer papel de revisão da tutela de urgência15.
O objetivo, ao falar-se de impossibilidade de revisão da tutela de urgên-
cia, é evidenciar a proibição de análise do mérito da medida pelo juiz. Confor-
me lição de Joel Figueira Jr., “ao Estado-juiz não é conferido pelo sistema qual-
12 Como pondera Markus Wirth, diante do cenário suíço, mas com validade geral: “With the exception of self- 
-executing declaratory orders [...], interim measures are leges imperfectae since a Swiss arbitral tribunal itself 
has no authority to enforce them” (cf. Interim or preventive measures in support of international arbitration in 
Switzerland. ASA Bulletin, The Hague: Kluwer Law International, v. 18, issue 1, p. 38, 2000).
13 CARLEVARIS, op. cit., p. 490.
14 Idem, ibidem.
15 O vocábulo revisão inclui a possibilidade de (i) manter, (ii) modificar e (iii) revogar a tutela de urgência anteriormente 
concedida.
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quer poder para rever ou modificar a decisão concessiva da tutela emergencial 
proferida em juízo arbitral”16. Essa conclusão decorre de interpretação do 
art. 18 da Lei de Arbitragem, cuja redação veda a revisão do mérito das deci-
sões dos árbitros pelos juízes.
Ainda que não houvesse o artigo supramencionado, a conclusão seria a 
idêntica por simples interpretação lógica. Se fosse possível ao juiz rever a tutela 
de urgência concedida pelo tribunal arbitral, de nada serviria outorgar compe-
tência ao árbitro. Os benefícios da rápida concessão da medida pelo mesmo 
julgador que é responsável pela resolução final do litígio seriam facilmente 
aniquilados e, então, seria melhor manter a visão ultrapassada de competência 
exclusiva das cortes estatais para tutelas de urgência.
Mais uma vez, realizar paralelo com o sistema das cartas precatórias do 
processo estatal facilita a compreensão do assunto. Conforme posicionamento 
pacífico do Superior Tribunal de Justiça, “o juízo deprecado não é o da cau-
sa, mas o simples executor dos atos deprecados, não lhe cabendo perquirir o 
merecimento”17. Como ocorre com o ato deprecado pelo juiz, o ato deprecado 
pelo árbitro por meio da carta arbitral não recebe revisão quanto ao mereci-
mento da medida.
3.2 fundAmentos pArA o poder judiciário recusAr o AuxíLio
O fato de ao juiz ser vedada a revisão do mérito da tutela de urgência 
arbitral não significa, todavia, que ele está obrigado a cumprir toda e qual-
quer solicitação do árbitro. A existência de um ambiente amigável (friendly 
environment) à arbitragem não significa que tudo o que é decidido pelos ár-
bitros está correto ou deve ser simplesmente aceito. É preciso parcimônia e 
isenção para analisar as questões de forma correta. Conforme bem lembra Ali 
Yesilirmak, “a existência de garantias faz o processo mais previsível e por sua 
vez faz a arbitragem mais efetiva”18.
No processo estatal, conquanto seja vedado ao juiz deprecado rever o 
mérito da decisão, permite-se que o cumprimento da carta precatória seja re-
cusado por questões formais19. No processo arbitral, o raciocínio é semelhante, 
16 Cf. Arbitragem, jurisdição e execução. 2. ed. São Paulo: RT, 1999. p. 223.
17 STJ, CC 13728/SP, 1ª Seção, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, J. 08.08.1995, DJ 04.09.1995, fl. 2.
18 Cf. Provisional measures in international commercial arbitration. The Hague: Kluwer Law International, 2005. 
p. 253, n. 6-27 (“The existence of safeguards makes the process more predictable and in turn makes arbitration 
more effective”).
19 “Esta Casa possui orientação pacífica no sentido de que a carta precatória só pode deixar de ser cumprida pelo 
juízo deprecado nas hipóteses previstas no art. 209 do Código de Processo Civil, a saber: I – quando não estiver 
revestida dos requisitos legais; II – quando carecer de competência em razão da matéria ou da hierarquia; 
III – quando tiver dúvida acerca de sua autenticidade” (STJ, CC 76879/PB, 3ª Seção, Relª Min. Maria Thereza de 
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apesar de o escopo da análise ser diferente. Levando-se em consideração que 
a comunidade empresarial deseja que haja algum tipo de controle das decisões 
arbitrais, caberá ao juiz verificar, antes de dar cumprimento à solicitação, se há 
algum vício formal.
Como Carlos Alberto Carmonaafirma, o juiz deve verificar “se a conven-
ção de arbitragem é regular e se os dados recebidos permitem-lhe avaliar (sem-
pre formalmente) se a solicitação preenche os requisitos que levarão ao seu 
cumprimento”20. De forma semelhante, Pedro Batista Martins entende que o 
juiz deve ver se há “algum vício de formalidade insuperável, daqueles que a lei 
comina de nulidade [...] ou que haja violado dispositivo de ordem pública”21.
A Lei Modelo da Uncitral regulou, no seu art. 17-I, de forma bem deta-
lhada, as hipóteses em que as cortes estatais podem recusar auxílio solicitado 
pelo tribunal arbitral. Como o artigo mencionado possui redação longa, não 
parece essencial transcrever integralmente todas as hipóteses. De qualquer for-
ma, os cenários que autorizam a recusa são: (i) os mesmos que autorizam negar 
homologação de sentença arbitral estrangeira (Lei Modelo da Uncitral, art. 36); 
(ii) a falta de caução ordenada pelo tribunal arbitral; (iii) a suspensão ou revoga-
ção da tutela de urgência pelo tribunal arbitral; (iv) inarbitrabilidade da disputa; 
(v) violação da ordem pública.
Guardadas as devidas proporções e com análise cuidadosa, poderia di-
zer-se que o juiz caminhará bem se utilizar como referência, por meio de cog-
nição sumária, o rol do art. 32 da Lei de Arbitragem para esse exame formal, 
antes de determinar a efetivação da medida. Em princípio, os mesmos funda-
mentos que levam à anulação da sentença arbitral poderiam servir de base para 
negar a efetivação da tutela de urgência proferida pelo árbitro22.
A título de exemplo, Gary Born informa que argumento comumente uti-
lizado pela parte contra quem a tutela de urgência foi concedida, para tentar 
evitar a efetivação da medida, é o de que o provimento teria extrapolado o 
campo de jurisdição do tribunal arbitral. A maioria das decisões estatais, to-
davia, rejeitou esse tipo de argumento, sob o fundamento de que os árbitros 
Assis Moura, J. 13.08.2008, DJ 26.08.2008). Cf., ainda, STJ, CC 63940/SP, 1ª Seção, Rel. Min. Castro Meira, 
J. 12.09.2007, DJ 08.10.2007, p. 198.
20 Cf. Arbitragem e processo. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. p. 326.
21 Cf. Da ausência de poderes coercitivos e cautelares do árbitro. In: LEMES, Selma Ferreira; CARMONA, Carlos 
Alberto; MARTINS, Pedro Batista (Coord.). Aspectos fundamentais da lei de arbitragem. Rio de Janeiro: Forense, 
1999. p. 365.
22 Essa opinião é compartilhada por Gary Born, conforme pode-se notar do seguinte trecho: “The same defenses 
to recognition and enforcement are generally available with regard to provisional relief as for final awards. 
That includes, in the arbitral seat, any grounds provided by local law for annulment of an arbitral award and in 
foreign courts, any grounds specified in Article V of the New York Convention for non-recognition of an award” 
(cf. International commercial arbitration. 3. ed. The Hague: Kluwer Arbitration Law, v. II, 2009. p. 2026).
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têm poderes amplos para conceder medidas adequadas ao caso concreto23. 
Especial atenção também deve ser dada pelo juiz a eventuais violações aos 
princípios fundamentais do processo arbitral24.
3.3 medidAs de Apoio ordenAdAs peLo juiz pArA efetivAção dA tuteLA de urgênciA ArbitrAL
Poderia alegar-se que, como o juiz não possui competência para rever o 
mérito da tutela de urgência arbitral, seu papel seria pouco relevante e ao juiz 
seria permitido apenas e tão somente atuar como meio para atribuir imperium 
à medida ordenada pelo árbitro.
Essa conclusão apressada, todavia, ignora um aspecto importante. A par-
tir do momento em que o juiz não encontra hipótese para recusar o auxílio, 
ele está, mesmo que indiretamente, ratificando a legalidade do provimento 
arbitral. E é dever do juiz fazer com que a decisão do árbitro, naquele momen-
to ratificada por ele, seja efetiva como se fosse provimento proferido por ele 
próprio.
Mantendo o mérito da tutela de urgência inalterado, o juiz pode adotar 
todas as medidas necessárias para apoiar a decisão do árbitro.
Tratando-se de efetivação de obrigações de fazer ou não fazer, por exem-
plo, o juiz pode, até mesmo ex officio, incluir medidas de apoio à tutela de ur-
gência arbitral (CPC/2015, art. 536). Por sua vez, o já polêmico art. 139, inciso 
IV, do Código de Processo Civil de 2015 também possui previsão concedendo 
amplos poderes ao juiz para “determinar todas as medidas indutivas, coerci-
tivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumpri-
mento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação 
pecuniária”. Entre as medidas de apoio, pode-se citar, exemplificativamente e 
sempre dependendo do caso concreto, ordem de busca e apreensão, remoção 
de pessoas e coisas, desfazimentos de obras, impedimento de atividade nociva 
e utilização de força policial. Pode-se utilizar, sem nenhuma hierarquia, medi-
das coercitivas e sub-rogatórias para alcançar a tutela específica ou o resultado 
prático equivalente25.
23 Idem, ibidem.
24 Segundo o art. 267 do CPC/2015, “o juiz recusará cumprimento à carta precatória ou arbitral, devolvendo-a com 
despacho motivado quando: I – a carta não estiver revestida dos requisitos legais; II – faltar ao juiz competência em 
razão da matéria ou da hierarquia; III – o juiz tiver dúvida acerca de sua autenticidade”. Como se pode perceber, 
o referido artigo é idêntico ao antigo art. 209 do CPC/1973 e não contribui para disciplinar as reais hipóteses de 
recusa de auxílio do juiz para o caso de tutelas de urgência arbitrais.
25 TALAMINI, Eduardo. Tutela relativa aos deveres de fazer e de não fazer. 2. ed. São Paulo: RT, 2003. p. 268 e ss., 
n. 10.1-11.1.
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Em outras palavras: o juiz pode ordenar todas as medidas de apoio que 
seriam normalmente utilizáveis caso a decisão tivesse sido proferida por ele 
próprio. A partir do momento em que o juiz é instado a auxiliar na efetivação 
da medida proferida pelo árbitro, sem interferir na decisão arbitral, deve exer-
cer seus poderes de autoridade para fazer com que a tutela de urgência arbitral 
seja cumprida de forma efetiva26.
4 DE VOLTA AO CASO CONCRETO: A MEDIDA DE APOIO ACRESCIDA PELO JUÍZO ESTATAL PARA 
COLABORAÇÃO DE TERCEIRO
Como visto antes, da carta arbitral consta que as Ordens Processuais 
nºs 5 e 6 são endereçadas contra as requeridas da arbitragem. O juízo estatal, 
ao determinar o cumprimento da carta arbitral, chancelou a decisão arbitral e 
determinou sua efetivação de forma integral. Com o contínuo descumprimento 
das medidas pelos requeridos, o juízo estatal viu-se obrigado a majorar o limite 
da multa diária. Ainda sem resultado, decidiu determinar a cooperação direta 
da Empabra.
Embora a Empabra tenha tentado se esquivar da cooperação, sob o ar-
gumento de não ser parte do compromisso ou processo arbitral, o juízo estatal 
entendeu que não estaria a impor nenhuma constrição ou ameaça indevida 
à sua esfera jurídica, pois apenas pretendia sua cooperação para a coleta de 
informações:
Empabra mesmo que não sendo parte da carta arbitral, pode e deve ser atingida 
pela ordem judicial para cumprimento da obrigação de fazer, pois a natureza 
jurídica desta é tão somente uma produção antecipada de provas com coleta de 
dados sobre a produção da Mina, situação que não interessa somente a parte 
embargante, mas a todos os envolvidos na cadeia empresarial da qual inegavel-
mente faz parte, ainda que não possa ser classificada nesta fase como controla-
dora ou controlada, mas como integrante de uma relação jurídica.27
Outro aspecto observado pelo juízo deprecado é que a “Empabra e a 
Intermineração anuíram plenamente ao contratode SPC e prestaram declara-
ção de 10.02.2014, sem qualquer ressalva”28, de forma que a colaboração de 
terceiro pretendida não passaria de obrigação já assumida anteriormente.
26 No mesmo sentido: “If national courts are called on to assist in the enforcement process and the defiant party 
still fails to comply, state-backed sanctions involving contempt proceedings, fines and, perhaps in extreme 
cases, imprisonment could follow” (cf. GRENNBERG, Simon; KEE, Christopher; WEERAMANTRY, J. Romesh. 
International commercial arbitration: an Asia-Pacific perspective. Cambridge: Cambridge University, 2011. 
p. 357, par. 7.173).
27 Página 3 da decisão da 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte sobre os embargos de terceiro, de 25 
de julho de 2017.
28 Idem.
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Da mesma forma, o Superior Tribunal de Justiça entendeu ser possível a 
medida de apoio deferida pelo juízo estatal, pois decorre do “poder investido 
ao Poder Judiciário de conferir coercibilidade às decisões arbitrais, a fim de 
garantir-lhes seu futuro resultado útil aos participantes” do processo arbitral.
O fato de a medida de apoio deferida pelo juízo estatal não ser direcio-
nada contra a Empabra, não caracterizando destituição ou turbação da posse, 
tampouco qualquer tipo de constrição na esfera jurídica da Empabra, reforça o 
acerto do acórdão sob análise.
De fato, por mais que as decisões judiciais devam respeitar os limites 
subjetivos da demanda, todos têm o dever de não criar embaraços ao cumpri-
mento das determinações judiciais.
O Código de Processo Civil de 2015 estabelece, no seu art. 77, inciso IV, 
que “são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de 
qualquer forma participem do processo [...] cumprir com exatidão as decisões 
jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua 
efetivação”.
Com essa previsão redigida de forma ampla, explicitou-se, no processo 
estatal, o dever de colaboração que deve haver entre todos os participantes 
para que o processo alcance a sua finalidade de justa eliminação do litígio29. 
Não se pode esquecer que o dever de não criar embaraços à efetivação das 
decisões judiciais refere-se a “qualquer modalidade de tutela jurisdicional e diz 
respeito tanto a decisões antecipatórias quanto finais”30.
Além disso, em razão de previsão expressa do art. 403 do Código de Pro-
cesso Civil de 2015, o terceiro também possui a obrigação de colaborar com 
o Poder Judiciário para, por exemplo, exibir coisa ou documento que esteja 
em seu poder31. Caso não o faça, estará sujeito à busca e apreensão, inclusive 
com auxílio de força policial, “sem prejuízo da responsabilidade por crime de 
desobediência, pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas, 
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar a efetivação da de-
29 Sobre o dever de colaboração sob a perspectiva do processo estatal, mas que pode ser utilizada de forma 
semelhante no processo arbitral, cf. MITIDIERO, Daniel. Colaboração no processo civil. 2. ed. São Paulo: RT, 
2011. p. 69 e ss.
30 BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Código de Processo Civil interpretado. 3. ed. Coord. Antonio Carlos 
Marcato. São Paulo: Atlas, 2008. p. 54. José Carlos Barbosa Moreira, ao lecionar especificamente sobre tutelas 
mandamentais proferidas no processo estatal, afirma que, “em certos casos, bastará ao julgador dirigir a ordem 
a auxiliares do juízo; noutros, terá de endereçá-la a algum órgão da Administração Pública, competente para 
executar o ato (v.g., interditar estabelecimento industrial ou comercial). Não fica excluída, porém, a hipótese 
de determinação a terceiro, pessoa física ou jurídica de direito privado (por exemplo: empresa jornalística, de 
radiodifusão ou de televisão, à qual se ordene suspender a publicação ou a transmissão de anúncio encomendado 
pelo réu” (cf. A sentença mandamental: da Alemanha ao Brasil. In: Temas de direito processual. 7. sér. São Paulo: 
Saraiva, 2001. pp. 67-68).
31 TABOSA, Fábio. Código de Processo Civil interpretado, idem, p. 1087.
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cisão” (CPC/2015, art. 403, parágrafo único). Ou seja, tratando-se de finalidade 
meramente documental, terceiro não pode se negar a colaborar para o devido 
cumprimento das ordens judiciais.
O mesmo não ocorre com os árbitros. Se determinado documento, de 
interesse das partes no processo arbitral, estiver em poder de terceiros, o árbitro 
até pode pedir a sua colaboração, mas o descumprimento da medida ordenada 
não lhe acarretará nenhuma consequência direta32.
CONCLUSÃO
Por tudo que foi exposto, conclui-se que os fundamentos e a conclusão 
apresentados pelo Superior Tribunal de Justiça estão corretos. Em nenhum mo-
mento foi determinada a constrição ou ameaça de constrição de bens ou turba-
ção da posse da Empabra. A medida de apoio, acrescida pelo juízo estatal, teve 
a finalidade única de garantir acesso a informações essenciais para a utilidade 
do provimento arbitral final. A partir do momento em que o juízo estatal recebe 
uma carta arbitral e concede-lhe efetivação, impor medidas de apoio razoáveis 
é consequência natural para fazer valer a sua autoridade.
MaTeUs aiMoré CarreTeiro
Mestre em Direito (LL.M.) pela Columbia Law School (NY, EUA) e em Direito Processual Civil pela 
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Advogado.33
32 Nesse sentido: “A court can effectively compel a party to the proceedings or a third party to produce evidence 
which is considered to be essential in gaining an understanding of the case, or to provide witness testimony” 
(cf. GAILLARD, Emmanuel; FOUCHARD, Philippe; GOLDMAN, Berthold. Fouchard, Gaillard Goldman on 
International commercial arbitration, p. 726, par. 1336).
33 E-mail: mateus.aimore@veirano.com.br.
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