Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ciência social que se ocupa de compreender as relações entre a sociedade e a natureza sob o recorte espacial. Assim, compreender como as sociedades produzem, organizam e diferenciam o espaço é o que constitui a Geografia como ciência. Para compreender as relações sociedade-sociedade e sociedade- natureza que se materializam no espaço geográfico é importante estudar seus recortes conceituais (território, paisagem, lugar e região) e recortes analíticos (as escalas geográficas). Conceitos e categorias que dão identidade a geografia como ciência, como campo disciplinar e epistemológico. Espaço geográfico x paisagem Essência x aparência O primeiro é onde as relações são tecidas, onde as transformações são operadas, onde o homem é o principal ator que configura historicamente esse espaço e o segundo é um fragmento (uma fotografia) desse espaço, o que pode ser observado. Geografia:Geografia: objeto e categoria de análise 1 – Arcabouço conceitual (recorte conceitual)1 – Arcabouço conceitual (recorte conceitual) Espaço geográfico - é o produto das relações entre a sociedade e a natureza e compreende as interações sociais, econômicas, políticas e culturais. É o mais abrangente conceito da geografia, apresenta- se como “um todo” do qual derivam os demais conceitos e com o qual eles se relacionam: território, paisagem, lugar e região. Os outros são, então, um desdobramento do conceito de espaço geográfico. Territórios - recorte do espaço físico formado fundamentalmente a partir de relações de poder de determinado agente. As fronteiras territoriais são essenciais, uma vez que delimitam a área alcançada por essas relações de poder (Estado e outros atores como milícias, tráfico, etc.). Paisagem – é a aparência da realidade geográfica, aquilo que a nossa percepção sensorial capta. Embora as paisagens materializem relações sociais, econômicas e políticas encadeadas pelos grupos sociais, elas nem sempre são percebidas. (Paisagem natural x paisagem humanizada). Lugar - As pessoas vivem no lugar, por isso esse conceito é o ponto de partida para a compreensão do espaço geográfico em escala nacional, regional ou mundial. É no lugar que as pessoas se relacionam, estabelecendo laços afetivos com parentes, amigos, colegas, vizinhos e também com a paisagem. É no lugar que são construídas as relações de cooperação, embora também as de conflito. É nele, portanto, que construímos nossa identidade cultural e socioespacial. Podemos descrevê-lo sinteticamente como o espaço vivido. Quais são os conceitos imprescindíveis para se fazer a análise geográfica? 1. 2. 3. 4. 5. Região - pode ser conceituada como uma determinada área da superfície terrestre, com extensão variável, que apresenta características próprias e particulares que a diferenciam das demais. A região pode ser natural, quando o critério de distinção é a paisagem natural, ou geográfica, se a diferenciação for econômica, política, social ou cultural.. Em outros termos, recorte espacial de uma área da superfície terrestre agrupada segundo algum critério (podendo ser natural, socioeconômico, político, cultural e etc). 2 – As escalas geográficas (recorte analítico)2 – As escalas geográficas (recorte analítico) Importante para estabelecer a relação entre esses diferentes conceitos. • local: exige a operacionalização do conceito de lugar, associado ao conceito de paisagem; • nacional: implica a operacionalização do conceito de território controlado pelo Estado-nação, que pode ser trabalhado também nas esferas estadual ou provincial e municipal; • regional: demanda trabalhar com o conceito de região em extensões variáveis em termos de área; • mundial: abrange todo o globo terrestre; por isso, também é chamada de escala global, pois permite análises socioespaciais bastante panorâmicas e integradas. Protagonismo alemão, num contexto de unificação nacional encampado pela burguesia prussiana Geografia no currículo do Colégio Pedro II 1837 Geografia Tradicional Influenciada pelo positivismo oitocentista e pelo empirismo; Influência das metodologias científicas das ciências duras, o que propiciou análises que naturalizavam os processos sociais. Surge primeiro como geografia escolar Surgimento enquanto campo científico, no contexto de surgimento dos Estados nacionais. Séc. XIX Alexander von Humbolt (1769-1859) Karl Ritter (1779-1859) Ocupou a primeira cátedra de geografia na Universidade de Berlim em 1825. Fundadores da Geografia como ciência, Humboldt e Ritter iniciaram a sistematização de seus fundamentos teórico-metodológicos. Friedrich Ratzel (1844-1904) Um dos principais formuladores da Geografia. Definiu a Geografia como ciência humana, embora na prática a tenha tratado como ciência natural. Considerou a influência que as condições naturais exercem sobre a humanidade como um objeto de estudo da disciplina. • Seus discípulos radicalizaram suas ideias, dando origem ao “determinismo geográfico” • Importante para as primeiras reflexões sobre a Geopolítica Paul Vidal de La Blache (1845-1918) Criticou o método descritivo e defendeu que a Geografia se preocupasse com a relação homem-meio. Nos apresenta o possibilismo ao enfatizar a liberdade humana de moldar a natureza para o seu benefício, defendendo que ela não determina suas condições de existência, mas oferece possibilidades de intervenção. Yves Lacoste (1929) Sua obra "A Geografia – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra'' balançou as estruturas da Geografia tradicional ao denunciá-la como instrumento ideológico a serviço de interesses políticos e econômicos dominantes. Ao mesmo tempo, delineou caminhos para a renovação crítica da disciplina. Milton Santos (1926-2001) Um dos primeiros geógrafos brasileiros a defender a renovação crítica da Geografia. Desenvolveu a reflexão teórica da Geografia brasileira e acabou ganhando o prêmio Vautrin Lud (1994), concedido anualmente em reconhecimento ao trabalho de um eminente geógrafo. A renovação teóricaA renovação teórica • Geografia Cultural (Carl Sauer) - Com forte fundamentação teórica na antropologia, propõe o estudo das "paisagens culturais", no que se refere à análise das características que a cultura de uma sociedade imprime sobre a organização de seu espaço. • Geografia pragmática - propõe um tipo de abordagem geográfica que sirva ao planejamento estratégico de ações. Critica a geografia tradicional ao não pensar a ciência como motor de transformação e intervenção na realidade (Geografia quantitativa, Geografia sistêmica, Geografia comportamental). • Geografia crítica, ou marxista (Yves Lacoste) - Apresenta uma perspectiva mais radical quanto aos usos políticos e econômicos do campo, denunciando a Geografia tradicional como um instrumento dos interesses burgueses. Está inserido no movimento de renovação teórica do campo científico ao questionar a sua neutralidade. quantitativa - uso de modelos matemáticos, estimulado pelo avanço da estatística e da computação, medindo e quantificando os fenômenos no espaço. sistêmica - uso de modelos (sistemas) de representação para explicar os temas geográficos.comportamental - a forma como o homem sente e percebe o espaço em que vive. Por Daniielle Freir
Compartilhar