Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
_________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com ILUSTRÍSSIMO SENHOR DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE ESTADUAL DE TRÂNSITO – DETRAN DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE AKYSON EDUARDO OLIVEIRA ULISSES, brasileiro, solteiro, autônomo, portador do RG 0401703 e CPF 100.164.154-00, residente e domiciliada a Rua Pader Florencio, 31 A, Ilha de Santa Luzia, Mossoró/RN, CEP 59.625-040, neste ato representado por seu advogado (procuração em anexo), vem à presença de Vossa Senhoria, com fundamento na Lei nº 9.503/97, interpor o presente RECURSO ADMINISTRATIVO contra a aplicação de penalidade por suposta infração de trânsito, conforme segue. I – DOS FATOS O Recorrente, em meados de fevereiro de 2022, ao baixar aplicativo do DENATRAN verificou que existia infração de trânsito anotada em seu desfavor, por abordagem supostamente ocorrida em 02/06/2021 às 23:59, na Rua Frei Miguelinho na cidade de Mossoró/RN por supostamente ter se recusado a se submeter a teste de alcoolemia (art. 277/código da infração 7579). Diz o documento baixado, que o Recorrente teria sido notificado no dia 24/06/2021 com prazo para interposição de defesa prévia e/ou identificação do condutor. Acontece que 1) Tal abordagem nunca ocorreu, uma vez que o Recorrente se encontrava em outra cidade conforme provas em anexo; _________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com 2) O Recorrente nunca foi notificado da suposta infração para poder apresentar sua defesa. Contudo, porquanto os documentos obrigatórios da suposta infração se encontram sob o poder do DETRAN/RN, o Recorrente se limitará a provar o alegado por meio das provas de que dispõe. No entanto, é fácil para a Administração averiguar a veracidade dos argumentos do Recorrente, bastando para tanto, consultar a íntegra do processo de infração e todos os documentos correlatos, cujas cópias, desde já se requer II - PRELIMINARMENTE A) AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PESSOAL É cediço que o processo administrativo de trânsito, previsto no Capítulo XVIII do CTB, viceja quando atendido o procedimento estabelecido no artigo 280, o que pode-se verificar de forma mais cristalina, na Resolução do CONTRAN n. 404/12. Outrossim, a lavratura do auto de infração (ou autuação) é o registro formal de um fato típico, devidamente comprovado pela autoridade de trânsito ou seus agentes, para a correspondente imposição da sanção administrativa cabível (em especial a penalidade de multa). E, conseguinte há que prosperar a notificação da multa ao seu possível infrator. Nessa esteira, é notório o entendimento de que o artigo 282 versa sobre a notificação da multa, a sua redação demonstra que se trata da notificação a ser expedida, toda vez que for aplicada uma penalidade de trânsito, o que engloba todas as sanções administrativas constantes do artigo 256 do Código. Extrai-se, portanto que a parte final do caput do dispositivo acima assegure a ciência da imposição da penalidade e, logo, obriga o órgão de trânsito à expedição da notificação. No caso trazido à baila não ocorreu. A necessidade de se certificar de que o Recorrente teve a ciência da imposição da penalidade mesmo que por “qualquer meio tecnológico hábil”, posto que a notificação DEVE garantir a amplitude do direito de defesa incrustado na Constituição Federal. _________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com A Administração pública deve atender, entre outros, ao princípio da legalidade estrita (artigo 37 da Constituição Federal), o que significa dizer que só pode fazer aquilo que está expressamente previsto na norma jurídica; a este respeito, não há qualquer dispositivo legal que assegure o não envio da notificação ao Recorrente, pelo contrário, inclusive é assegurado aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral o direito ao contraditório e à ampla defesa, conforme prescreve o artigo 5º, inciso IV, da Constituição Federal, e para isto há que ser notificado para se defender. Pois, o recurso é uma prerrogativa que assiste a todo cidadão atingido por ato punitivo da administração de trânsito, cabendo a esta deixar bem transparente os canais de apresentação e tramitação. O ato administrativo punitivo relativo à prática infracional de trânsito, precedido de ações que tenham assegurado ao infrator o exercício da defesa prévia, se efetiva a partir do momento em que, comprovadamente, se deu ciência ao apenado. A ciência ao infrator apenado far-se-á através de um dos meios usuais de comunicação: a - notificação pessoal; b - correspondência postal registrada com ou sem "aviso de recebimento"; c - utilização de meios eletrônicos, desde que haja o recebimento da mensagem pelo operador receptor; d - edital publicado em órgão oficial com resumo do ato punitivo, após fracassadas as três formas anteriores de comunicação. O que não ocorreu no caso em comento, logo o proprietário do veículo não foi efetivamente notificado, devendo ser a abertura de novo prazo medida que se impõe, para pagamento da multa com desconto (artigo 284) e/ou para a interposição de recurso administrativo (aliás, a possibilidade de o órgão de trânsito refazer o ato da notificação, consta, atualmente, no artigo 19 da Resolução do CONTRAN n. 404/12). Neste sentido, vale destacar o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, esposado nas Súmulas 346 e 473, que assim consignou: _________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com "A Administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos" e "A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial". (grifei) Ademais, a ausência de notificação atenta contra a Súmula 312 do STJ, a qual dispõe: No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração. Não houve notificação da autuação, muito menos notificação da aplicação da pena. É latente o vício ora em questão, devendo, pois, ser sanado, sem apreciação do mérito da questão. III – DO DIREITO A) AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO – INFRINGÊNCIA À SÚMULA 312 DO STJ O inconformismo do requerente restringe-se à falta de oportunidade para a apresentação de defesa prévia na via administrativa em face das autuações lavradas pelo DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO – DETRAN/RN. Pois, não foi previamente notificado, só tomando ciência das mesmas baixou o aplicativo do DENATRAN em meados de fevereiro de 2022. Conforme entendimento sumulado no verbete n. 312 pelo e. Superior Tribunal de Justiça, que possui a atribuição constitucional de pacificar a interpretação da legislação federal: “No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração.” (grifamos) _________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com O procedimento administrativo para a imposição de multas de trânsito prevê a oportunidade de defesa prévia mediante dupla notificação. Art. 281 e seguintes do Código de Trânsito Brasileiro e Súmula nº 312 doSTJ. O conjunto fático demonstrado nos revela que não foram observadas as normas procedimentais estabelecidas no art. 281 e seguintes do Código de Trânsito Brasileiro, não tendo sido oportunizado ao Recorrente a devida defesa prévia e o contraditório, mediante a primeira notificação da autuação seguida da notificação da penalidade encaminhada ao endereço do infrator. A falta do envio ao infrator/autor da notificação de autuação e da notificação de penalidade, em cumprimento ao art. 281 e seguintes do Código de Trânsito Brasileiro, impõe o acolhimento de seu pleito de anulação da multa de trânsito em testilha. Não bastasse isto assim consigna a RESOLUÇÃO Nº 404 do CONTRAN, senão vejamos: Art. 3º À exceção do disposto no § 5º do artigo anterior, após a verificação da regularidade e da consistência do Auto de Infração, a autoridade de trânsito expedirá, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados da data do cometimento da infração, a Notificação da Autuação dirigida ao proprietário do veículo, na qual deverão constar os dados mínimos definidos no art. 280 do CTB e em regulamentação específica. (grifamos) Além do mais, encontra-se sumulado pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça que para a aplicação da multa de trânsito é necessária a dupla notificação: a notificação prévia de atuação e, posteriormente, a notificação de penalidade (Súmula 312 do STJ). A exigência de dupla notificação em infração de trânsito decorre de interpretação das normas contidas no Código de Trânsito Brasileiro. A ausência da dupla notificação viola a garantia da plena defesa prevista na Constituição da República. _________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com Por este motivo, pautado o agente público na estrita legalidade, deve esta autoridade de trânsito, anular a AUTUAÇÃO POR INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO em comento, pois eivada de vícios que a torna ilegal, porque dela não se origina direitos. B) AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS E REQUISITOS ESSENCIAIS À AUTUAÇÃO Porquanto o Recorrente tem a certeza de que houve algum engano/erro por parte da Administração, funda também o seu direito na ausência de documentos e/ou requisitos essenciais à autuação. Na data e hora da suposta autuação, o Recorrente estava na praia de Tibau/RN, na companhia de sua família, conforme fotografias em anexo. Sendo assim, pugna desde já pela juntada do inteiro teor do processo de autuação, para que se verifique a regularidade da autuação, como por exemplo: B.1) INEXISTÊNCIA DE PROVA DE EMBRIAGUEZ POR OUTROS MEIOS Conforme já decidido por Tribunais Federais, mesmo a multa administrativa por recusa ao teste do bafômetro precisa de outros meios que atestem que o condutor estava em estado de embriaguez: ADMINISTRATIVO. AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. TESTE DO BAFÔMETRO - RECUSA. INEXISTÊNCIA DE PROVA DA EMBRIAGUEZ POR OUTROS MEIOS. AUTO DE INFRAÇÃO - NULIDADE. 1. O art. 277 do CTB dispõe que a verificação do estado de embriaguez, ao menos para cominação de penalidade administrativa, pode ser feita por outros meios de prova que não o teste do etilômetro. 2. A despeito das discussões acerca do art. 277, § 3º, CTB, a jurisprudência exige que a embriaguez esteja demonstrada _________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com por outros meios de prova, não podendo ser decorrência automática da recusa em realizar o teste. 3. Hipótese em que o agente da fiscalização multou o condutor após sua negativa em realizar o teste. O referido auto em questão não descreve minimamente qualquer sinal de ingestão de bebida alcoólica pelo infrator, razão porque não prevalece a presunção de legitimidade do ato administrativo. (TRF-4 - AC: 50046061020154047114 - RS - 5004606- 10.2015.404.7114, Relator: FERNANDO QUADROS DA SILVA, Data de Julgamento: 24/01/2017, TERCEIRA TURMA) O Recorrente foi autuado pelo suposto cometimento de infração de trânsito consistente em Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa, na forma estabelecida pelo art. 277, prevista no artigo 165-A do CTB. Acontece que, mesmo que realmente tivesse sido abordado, o que não o foi, pois estava na cidade de Tibau/RN na data/hora do fato, a mera recusa do condutor em se submeter aos exames de alcoolemia, sem que haja suspeita pautada em elementos plausíveis para desconstituir a presunção de inocência de que milita a seu favor, não é suficiente para sustentar a punição por recusa ao teste do bafômetro. De acordo com a redação do artigo 165-A do CTB, e a lógica que dele se depreende, somente é possível autuar o condutor que se recuse a realizar os testes caso esse apresente sinais externos de influência de álcool -, os quais deverão ser devidamente certificados por meio do Termo próprio, com descrição de todas as características que levam à conclusão e na presença de testemunha idônea, ou outros meios, descritos no art. 277 do CTB. Desse modo, não sendo constatado formalmente que o cidadão conduzia veículo automotor sob sinais externos de álcool ou substância psicoativa, não há infração de trânsito. Destarte, autuar o condutor que não apresenta qualquer ameaça à segurança no trânsito, pela mera recusa em realizar os testes oferecidos pelos agentes de trânsito, configura arbitrariedade. _________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com Assim, a infração aplicada com fundamento no artigo 165-A do CTB, viola frontalmente os Princípios Constitucionais de Liberdade. Ora, somente é possível certificar uma situação quando houver, pelo menos, indícios mínimos de tal estado. Desse modo, não sendo constatado formalmente pelo agente de trânsito qualquer sinal de que o autor estava conduzindo veículo sob efeito de álcool ou substância psicoativa, a autuação pelo artigo 165-A do CTB configura ato arbitrário e sem motivação. Não é demasia relembrar que os atos da Administração devem ser revestir de LEGALIDADE, isto é, devem se dar na forma estritamente prevista na lei (ou em regulamentos). Exorbitado isso, trata-se de ato ilegal. Registre-se, por oportuno, que a penalidade prevista no tipo administrativo em questão é de “multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses”, ou seja, idêntica a da infração ao artigo 165 do CTB, que penaliza a comprovada condução sob influência de álcool ou substância psicoativa. Assim, o artigo 165-A do CTB, quando aplicado de maneira avulsa de qualquer prova do sinal externo de embriaguez do condutor, fere frontalmente o Princípio da Proporcionalidade, na medida em que a reprovação social da infração por mera recusa aos testes de comprovação da alcoolemia é muito menor do que no caso da infração ao artigo 165 do CTB, propriamente, pois nesta hipótese o condutor comprovadamente dirige veículo sob a influência de álcool e/ou substâncias psicoativas, o que hipoteticamente, à luz princípios constitucionais, exigiria maior rigidez no tratamento. Cabe destacar que o artigo 277, § 3º, do CTB continua em vigor, o qual indica outros meios capazes de aferir a embriaguez: Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que, por meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência. § 2º A infração previstano art. 165 também poderá ser caracterizada mediante imagem, vídeo, constatação de sinais _________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora ou produção de quaisquer outras provas em direito admitidas. Ou seja, caberia ao Agente descrever quaisquer outros elementos capazes de aferir a INFLUÊNCIA do ÁLCOOL. O que em momento algum restou evidenciada. Ademais os artigos 3º e 5º da Resolução nº 432/13 do CONTRAN, que dispõe sobre os procedimentos a serem adotados pelas autoridades de trânsito e seus agentes na fiscalização do consumo de álcool, dispõem: Art. 3º A confirmação da alteração da capacidade psicomotora em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência dar-se-á por meio de, pelo menos, um dos seguintes procedimentos a serem realizados no condutor de veículo automotor: I – exame de sangue; II – exames realizados por laboratórios especializados, indicados pelo órgão ou entidade de trânsito competente ou pela Polícia Judiciária, em caso de consumo de outras substâncias psicoativas que determinem dependência; III – teste em aparelho destinado à medição do teor alcoólico no ar alveolar (etilômetro); IV – verificação dos sinais que indiquem a alteração da capacidade psicomotora do condutor. § 1º Além do disposto nos incisos deste artigo, também poderão ser utilizados prova testemunhal, imagem, vídeo ou qualquer outro meio de prova em direito admitido. § 2º Nos procedimentos de fiscalização deve-se priorizar a utilização do teste com etilômetro. § 3º Se o condutor apresentar sinais de alteração da capacidade psicomotora na forma do art. 5º ou haja comprovação dessa situação por meio do teste de etilômetro e houver encaminhamento do condutor para a realização do _________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com exame de sangue ou exame clínico, não será necessário aguardar o resultado desses exames para fins de autuação administrativa. (...) DOS SINAIS DE ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE PSICOMOTORA Art. 5º Os sinais de alteração da capacidade psicomotora poderão ser verificados por: I – exame clínico com laudo conclusivo e firmado por médico perito; ou, II – constatação, pelo agente da Autoridade de Trânsito, dos sinais de alteração da capacidade psicomotora nos termos do Anexo II. § 1º Para confirmação da alteração da capacidade psicomotora pelo agente da Autoridade de Trânsito, deverá ser considerado não somente um sinal, mas um conjunto de sinais que comprovem a situação do condutor. § 2º Os sinais de alteração da capacidade psicomotora de que trata o inciso II deverão ser descritos no auto de infração ou em termo específico que contenha as informações mínimas indicadas no Anexo II, o qual deverá acompanhar o auto de infração. Destaca-se que o Anexo II da referida resolução estabelece informações mínimas que deverão constar no termo mencionado no Auto de Infração, para constatação dos sinais de alteração da capacidade psicomotora pelo agente da Autoridade de Trânsito, sendo que nenhum dos sinais ali previstos foram incluídos no Auto de Infração. Desse modo, não sendo constatado formalmente pelo agente de trânsito qualquer sinal de que o autor estava conduzindo veículo sob efeito de álcool ou substância psicoativa, a autuação pelo artigo 165-A do CTB configura ato arbitrário e sem motivação. _________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com Não obstante, mesmo examinando apenas as disposições dos artigos 277 e 165-A do CTB, fica evidente que o objetivo da reprimenda não é punir quem, sem externar nenhum sinal ou sintoma de que esteja sob a influência de álcool ou outra substância psicoativa, se recuse a se submeter aos testes e exames para apuração da alcoolemia. Se não há suspeita, não há o que ser certificado, tornando-se arbitrária a submissão do condutor ao teste e, portanto, incabível a imputação pela infração do art. 165-A do CTB. Por essa razão, quando optar por fazê-lo é imperioso que se esclareça o porquê da medida, sob pena dessa providência se tornar arbitrária, discriminatória, parcial, tendenciosa e ilegal. Sob essa perspectiva, a mera recusa do condutor em se submeter aos exames de alcoolemia, sem que haja suspeita pautada em elementos plausíveis para desconstituir a presunção de inocência que milita a seu favor, não é suficiente para sustentar a punição prevista no art. 165-A do CTB. Portanto, configura sanção abusiva a aplicação de penalidade tão gravosa à simples recusa do teste do etilômetro, cabendo a anulação aqui pleiteada. VIOLAÇÃO DE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS A invalidação de um ato administrativo por violação dos princípios constitucionais não importa, necessariamente, no exame de mérito, mas sim, da investigação acerca do atendimento dos limites impostos pelo Direito ao administrador quando do exercício de sua discricionariedade. No caso em tela, os fatos narrados, além de não existirem, somente evidenciam a inobservância à lei, ferindo de morte o princípio constitucional da legalidade, que limita e vincula as decisões administrativas, conforme refere Hely Lopes Meirelles: A legalidade, como princípio de administração (CF, art. 37, caput), significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. _________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com A eficácia de toda atividade administrativa está condicionada ao atendimento da Lei e do Direito. É o que diz o inc. I do parágrafo único do art. 2º da lei9.784/99. Com isso, fica evidente que, além da atuação conforme à lei, a legalidade significa, igualmente, a observância dos princípios administrativos. Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o particular significa ‘poder fazer assim’; para o administrador público significa ‘deve fazer assim’."(in Direito Administrativo Brasileiro, Editora Malheiros, 27ª ed., p. 86), No mesmo sentido, leciona Diógenes Gasparini: O Princípio da legalidade significa estar a Administração Pública, em toda sua atividade, presa aos mandamentos da lei, deles não se podendo afastar, sob pena de invalidade do ato e responsabilidade do seu autor. Qualquer ação estatal sem o correspondente calço legal ou que exceda o âmbito demarcado pela lei, é injurídica e expõe à anulação. Seu campo de ação, como se vê, é bem menor que o do particular. De fato, este pode fazer tudo que a lei permite e tudo o que a lei não proíbe; aquela só pode fazer o que a lei autoriza e, ainda assim, quando e como autoriza. Vale dizer, se a lei nada dispuser, não pode a Administração Pública agir, salvo em situação excepcional (grande perturbação da ordem, guerra)” (in GASPARINI, Diógenes, Direito Administrativo, Ed. Saraiva, SP, 1989, p.06) Com efeito, no controle da discricionariedade administrativa, aos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, eficiência devem ser aliados o princípio da razoabilidade e o postulado da proporcionalidade comoparâmetros de ponderação de valores. Dessa forma, somente é válido o auto de infração de trânsito que preenche todos os requisitos estabelecidos na lei de regência, fornecendo ao autuado os elementos necessários e indispensáveis à plenitude de sua defesa. _________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com Portanto, uma vez demonstrado o descumprimento ao devido processo legal e ao princípio da legalidade, tem-se por inequívoco o direito à nulidade do Auto de Infração. DA AUSÊNCIA DE MOTIVIAÇÃO DA DECISÃO QUE MANTEVE A PENALIDADE Os atos administrativos questionados decorrem do genuíno Poder de Império de Estado. Daí por que, embora possam restringir direitos dos administrados em prol da coletividade, hão de ser expedidos de maneira fundamentada, a fim de que, não só o administrado, como também toda a sociedade civil possa manter um controle sobre a sua juridicidade. Em outras palavras, o dever de fundamentação decorre tanto da necessidade de se assegurar a ampla defesa e o devido processo ao administrado, quanto o princípio constitucional da publicidade - pelo qual a cidadania pode exercer o controle da administração, sobretudo a partir da análise dos motivos que deflagram a expedição de atos que limitam direitos dos administrados. Não é em vão, por exemplo, que o artigo 50 da Lei de Processo Administrativo preveja que deve ser fundamentado o ato que: Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I- neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II- imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; Sobre a motivação dos atos jurisdicionais, Diogo de Figueiredo Moreira Neto explana que: Motivar é enunciar expressamente – portanto explícita ou implicitamente – as razões de fato e de direito que autorizam ou determinam a prática de um ato jurídico. O Estado, ao assim decidir, vincula-se tanto ao dispositivo legal invocado como aos fatos sobre os quais se baseou, explícita ou _________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com implicitamente, para formar sua convicção: no Direito Público, portanto, decidir é vincular-se, pois inexistem decisões livres. Os motivos são os pressupostos jurídicos e factuais que fundamentam a aplicação casuística de um comando legal, tanto quando o Estado deva decidir ex of icio, quando deva fazê-lo sob provocação, não importando se o ato de concreção for parcial, definindo, ainda em tese, um resíduo normativo, ou total, alcançando e esgotando o comando legal editado para o caso em hipótese. Como se indicou, o princípio da motivação é instrumental e corolário do princípio do devido processo da lei (art. 5.º, LIV, da Constituição), tendo necessária aplicação às decisões administrativas e às decisões judiciárias, embora se encontre, também, implícito no devido processo de elaboração das normas legais no sentido amplo (cf. arts. 59 a 69 da Constituição e Regimentos das casas legislativas). Por decisão, não se deve entender, porém, qualquer ato administrativo ou judiciário que apenas contenha um mandamento, senão aquele cujo comando aplique uma solução a litígios, controvérsias e dúvidas, conhecendo, acolhendo ou denegando pretensões, através das adequadas vias processuais, ainda que atuando de ofício; essa, a ratio do art. 50 da Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999 (Lei de Processo Administrativo Federal), que impõe à Administração Pública o dever de motivar os atos administrativos que neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses dos administrados. A obrigatoriedade de motivar decisões, tradicional no Direito Processual, geralmente expressa quanto aos atos decisórios jurisdicionais típicos do Poder Judiciário, estendeu-se, com a Carta de 1988, a seus próprios atos administrativos com características decisórias (art. 93, X). Por via de consequência, o princípio da motivação abrange as decisões administrativas tomadas por quaisquer dos demais Poderes, corolário inafastável do princípio do devido processo da lei. Com efeito, se o Poder Judiciário, a quem caberá sempre o controle final da juridicidade de qualquer decisão, está obrigado à motivação das suas decisões administrativas, com mais razão, a ela também estarão os Poderes Legislativo, Executivo e os órgãos constitucionalmente autônomos, cada um em suas respectivas decisões administrativas, pois só assim ficará garantida a efetividade do controle (Curso de direito administrativo: parte introdutória, parte geral e parte especial / Diogo _________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com de Figueiredo Moreira Neto. – 16. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro : Forense, 2014, p.153-154). Em resumo: ato desprovido de motivação é ato insuscetível de compor objeto do controle analítico de legalidade. Logo, se impõe a anulação do auto de infração de trânsito, sob pena de se criar um processo administrativo de nítido cunho inquisitório, na medida em que tolhe o interessado de expender, dialeticamente, os argumentos necessários à pretensão anulatória. III – PEDIDOS Isto posto, e, não tendo havido notificação do Recorrente e inobservância a atos essenciais para a lavratura do auto de infração, requer a) Seja julgado PROCEDENTE o presente recurso, para cancelar a penalidade imposta, nos termos do art. 281, do CTB, anulando todos os seus efeitos; b) Caso o presente recurso não seja julgado em 30 dias, requer a concessão de efeito suspensivo nos termos do Art. 285, § 3º do CTB; c) Requer ainda a cópia integral do processo de autuação, que pode ser enviada para o e-mail: laurianosilveira@hotmail.com. Protesta provar por todos os meio de provas admitidos em direito, inclusive testemunhal, a qual vai arrolada ao fim desta. Pede deferimento. Mossoró, 14 de março de 2022. Lauriano Silveira OAB/RN 7.892 _________________________________________________________ Rua Juvenal Lamartine, n° 300, Centro, Mossoró/RN, CEP 59.600-150 E-mail: laurianosilveira@hotmail.com ROL DE TESTEMUNHAS 1. BRUNO CAMPELO DE OLIVEIRA, com endereço na Rua Jornalista Rafael Negreiros, 48, AP 301, Condomínio Novo Estillo, Bairro Bela Vista, Mossoró/RN.
Compartilhar