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LARA CARVALHO MORAES 1 EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL Linhas cronológicas do tempo: 1) 1500 a 1921; 2) 1923 a 1960; 3) 1964 a 1985 1500 – MARCO HISTÓRICO DA COLONIZAÇÃO Chegada dos portugueses ao Brasil, trazendo doenças que se disseminaram entre a população nativa que não havia tido contato com esses antígenos até então e, portanto, não possuíam imunidade. Exposição ao antígeno = produção de anticorpos. Já existiam doenças comuns no Brasil da época, mas outras foram trazidas para o continente por outros povos. Ex: Febre amarela não era uma doença brasileira, mas sim foi trazida pelos africanos e hoje é encontrada aqui. Isso provocou uma alta taxa de mortalidade dos indígenas que eram usados como mão de obra para exploração dos recursos da terra. Muito assustados, eles passaram a adentrar o interior do país, gerando redução dessa mão de obra e para isso outros povos foram escravizados e trazidos para cá, como os africanos. ▪ Doença tropical comum no Brasil: Malária (região endêmica: norte). ▪ Doenças europeias: Cólera, Peste bubônica, Varíola. ▪ Doenças africanas: Filariose, Febre amarela. Houve um choque entre indígenas, portugueses e africanos que proporcionou uma miscigenação. Marco importante para a saúde e a propagação de doenças pois a partir disso se tem a “união microbiana” – várias doenças unificadas. Na época, tinha-se a ideia de que a doença era uma maldição por algo de ruim que a pessoa tinha feito na vida. Tratamento? Povos diversos com variedade cultural = Vários tipos de tratamentos que não possuíam base científica, eram empíricos. Não era possível fazer um controle sobre a doença porque ela era desconhecida e por isso não havia um tratamento específico. ▪ Índios = Pajés fazendo rituais, pois acreditavam que a doença era um espírito que tinha entrado no corpo e o ritual era necessário para que a pessoa se livrasse dele; chás, plantas, ervas. ▪ Africanos = Curandeiros. ▪ Jesuítas = Santa Casa de Misericórdia. Jesuítas trouxeram da Europa a prática do isolamento e os portugueses implantaram o modelo das Santas Casas de Misericórdia. Era feita uma “separação”, ou seja, quarentena, para isolar quem estava sendo acometido pela doença e para observar a evolução dessa. Não tinha tratamento específico com o intuito de cura, mas sim de dar uma passagem mais tranquila para o indivíduo (“fazer algo pela sua alma”). Isolamento era feito nas Santas Casas de Misericórdia, prestando assistência no sentido de fazer uma caridade pela alma da pessoa. E quem tinha condições de pagar para ter acesso aos recursos? Havia a figura do prático (ou barbeiro) e dos boticários. ▪ Boticários: Eram os farmacêuticos da época, tinham algum conhecimento e faziam as porções (remédios) para os que podiam pagar. ▪ Práticos (barbeiros): Eram aqueles que aprendiam na prática com alguém da família, por exemplo, e acabavam adquirindo o conhecimento e fazendo a propagação desse. Todos tinham acesso? Não! Quem não tinha como pagar ia para as Santas Casas de Misericórdia, aguardando a passagem e entregando a alma para Deus. LARA CARVALHO MORAES 2 Conhecimento da história: Atualmente tem-se o SUS, possibilitando acesso universal à saúde. 1800 – PRIMEIROS INCREMENTOS NA ÁREA DA SAÚDE Vários acontecimentos, sendo um período muito cobrado em provas. 1800: Um médico – Dr. Manuel Vieira da Silva | 1900: Outros dois médicos; cuidado porque nas provas eles invertem os nomes nas questões. Chegada da Família Real ao país em 1808, fazendo-se necessário um controle maior sobre essas doenças. Necessidade de ter um entendimento sobre as doenças que estavam prevalecendo e sobre as que estavam vindo de outros países. D. João VI era um médico português que veio com a comitiva da Família Real e quando chega no país, junto a outras autoridades, começam a pensar em soluções para essa problemática (alta mortalidade, crise econômica, estrangeiros não queriam vir para cá porque pensavam que iriam morrer, nenhum país queria comprar os produtos do Brasil que tinha sua economia com base na exportação, entre outros). Dr. Manuel Vieira da Silva foi uma figura importante que atuou na dificuldade de se controlar as doenças que estavam sendo trazidas e propagadas no Brasil por meio da Separação dos Portos (Controle dos Portos). Para que os povos chegassem ao país precisavam de um meio de transporte que na época eram os navios e os dois principais portos para os navios atracarem no período eram em Salvador e no Rio de Janeiro (duração da viagem de cerca de 3 meses, aglomeração entre povos, alta transmissão de doenças). Solução: Estabelecer regras de Controle dos Portos, fazendo uma “separação” de pessoas: Quem apresenta algum sintoma? Essas pessoas eram isoladas em quarentena em galpões para serem observadas. O pensamento era: Se isolarmos essas pessoas sintomáticas, não haverá transmissão da doença para outras. Isso deu 100% certo? Não. Por quê? Haviam aqueles assintomáticos que só começavam a apresentar os sintomas depois que já tinham entrado no país. E agora? Necessidade de conhecer a doença para controla-la, Dr. Manuel Vieira da Silva estabeleceu alguns conceitos ainda hoje utilizados: Quatro fatores necessários: 1. Conhecer a doença (ex: Dengue) 2. Conhecer o local em que está sendo acometido (ex: Salvador) 3. Conhecer o período correlacionado a ser propício ao desenvolvimento da doença (ex: janeiro = chuvoso) 4. Conhecer o número de casos (ex: Através da Vigilância Epidemiológica) Conceitos: ▪ Endemia: Doença sob controle* pois se conhece os quatro fatores acima descritos: Doença, local, período e número de casos. ▪ Epidemia: Doença sem controle (em um país) ▪ Pandemia: Doença sem controle (em vários países) *Ex: No ano de 2016, tivemos em Salvador cerca de 200 casos de dengue. Questão de concurso: A AIDS é considerada uma pandemia brasileira: Verdadeiro ou Falso? Pandemia brasileira não existe. Pandemia é mundial. Questão de concurso: O câncer é uma pandemia mundial: Verdadeiro ou Falso? Câncer não se tem controle no mundo inteiro, mas ela não é uma nem doença infecciosa e nem transmissível. DOENÇAS INFECCIOSAS LARA CARVALHO MORAES 3 Dr. Manuel Vieira da Silva solicitou ao D. João VI a criação de uma Escola Médica Cirúrgica em 1808. A primeira foi criada em Salvador em 1808 pois era onde tinha um dos portos que recebiam o maior número de navios e de escravos e tinha grande número de casos de doenças necessitando de criar Faculdade para formação de novos médicos numa tentativa de controlar essas doenças. A segunda foi criada no Rio de Janeiro também em 1808. As provas tentam confundir, dizendo que a primeira foi no Rio de Janeiro. 1900 – O INÍCIO DAS POLÍTICAS SANITÁRIAS NO BRASIL Um dos mais cobrados nas provas pois está correlacionado ao que temos hoje (SUS). 1900: Dois médicos – Dr. Oswaldo Cruz (1900) e Dr. Carlos Chagas (1921). Presidente Rodrigues Alves. País estava passando por uma crise econômica e sanitária. No governo do presidente Rodrigues Alves, o médico Oswaldo Cruz (epidemiologista e sanitarista) foi nomeado como diretor do Departamento de Saúde Pública e esteve à frente das principais campanhas de saneamento e urbanização. Para evitar a propagação das doenças, Oswaldo propôs algumas ações, sendo a primeira delas em 1900, o Sanitarismo Campanhista (Campanha de Limpeza), solicitando que o presidente cedesse a ele alguns homens do exército e da polícia para atuarem nessas ações (cerca de 1500 homens) no centro do Rio de Janeiro, limpando as ruas, eliminando lixos e ratos, deslocando a população menos favorecida para locais mais distantes. Sanitarismo: relacionado à limpeza; Campanhista: campanha. Além disso, algumas medidas mais drásticas também foram tomadas, como a Criação do Código Sanitário que previa a desinfecção domiciliar. Logo eles adentravamalgumas casas para conferir a limpeza, o que não foi bem visto pela população. Seu real objetivo era saber se lá existiam pessoas doentes, que seriam removidas pela polícia sanitária para ficarem de quarentena em galpões (basicamente para esperar a morte porque não tinha tratamento para as doenças). Também confiscavam todos os pertences da pessoa, levavam para o meio da rua e colocavam fogo. Além de terem suas casas invadidas, de verem seus entes queridos removidos de casa, também viam seus pertences serem incinerados. Medidas autoritárias geraram revolta da população que começou a se rebelar contra Oswaldo Cruz. O segundo movimento criado foi a Campanha de Vacinação Anti-Varíola, obrigatória para todo território nacional, instituída pela Lei Federal n. 1261 de 31 de outubro de 1904 (Decreto- Lei do Rodrigues Alves). Esse foi o estopim para uma revolta popular devido ao caráter autoritário do processo, ficando conhecida como Revolta da Vacina, ocorrida no Rio de Janeiro em 1904. Quais foram os motivos para a revolta da população? A vacina ainda estava em teste fora do país, sendo somente os pobres inicialmente vacinados e, portanto, eles achavam que aquilo era veneno para matar. O que acontecia no período de 1904 está sendo replicado até hoje, ainda tem pessoas que acham que as vacinas estão implementando chip ou que são veneno para os idosos morrerem e pararem de receber aposentadoria, etc. O que falta?? Educação em saúde. Quais foram os dois movimentos criados por Oswaldo Cruz? 1. 1900 - Sanitarismo Campanhista 1 2 SA N IT A R IS TA EP ID EM IO LO G IS TA LARA CARVALHO MORAES 4 2. 1904 - Campanha de Vacinação Anti-Varíola (tem prova que fala sobre Revolta da Vacina, mas isso não foi o movimento e sim a consequência dele, portanto a alternativa está errada) Em 1921, entrou em cena Dr. Carlos Chagas (pode ser denominado de amigo, sucessor ou aluno de Oswaldo Cruz) que possuía os mesmos ideais (limpeza e vacina são sim necessários), mas que estruturou uma campanha rotineira de educação sanitária, pois faltava informação a população sobre as questões de saúde. Prevenção x Promoção: A vacina é um ato de prevenção, mas não existe prevenção eficaz se não tiver uma educação em saúde/educação sanitária prévia. Posteriormente, no SUS, essa educação sanitária foi chamada de promoção para educar, informar, orientar, conscientizar a população. Não tem como ter uma resposta positiva na prevenção se não trabalhar com promoção antes. Ex: Mês de novembro com alto índice de gravidez, por quê? 9 meses após o carnaval. Campanha de prevenção do governo: Use camisinha. Só a prevenção vai funcionar? Não. Tem que ter promoção de saúde, conscientizando e informando sobre o uso adequado (abrir a camisinha de forma inadequada, furando-a). 1923 – NASCIMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL Lei Eloy Chaves CAPS – Caixas de Aposentadorias e Pensões Ferroviários Preocupação com a propagação das doenças entre os trabalhadores e com a economia do país. Nesse contexto, Eloy Chaves, que estava inserido na política, mas que também era proprietário de várias fazendas, sendo a economia muito baseada no que se plantava, extraia, transportava e exportava (agroexportadora), começou a observar que quando os trabalhadores eram contaminados, ficavam muito tempo afastado pois não havia tratamento específico para as doenças, isso quando não morriam, gerando prejuízos (ex: o café retirado de sua fazendo estragava aguardando ser transportado até os portos). Como solucionar isso? 1923, Eloy Chaves propôs uma lei prevendo a criação de uma caixa para cada companhia ferroviária, regulamentando as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs), restrita a organização trabalhista, os ferroviários, ligada à produção exportadora. Objetivando que os trabalhadores da sua categoria, se fossem acometidos por doenças, tivessem um tratamento adequado e voltassem rapidamente ao trabalho. Era um benefício só relacionado à assistência à saúde? Não. Também dava a oportunidade de o profissional se aposentar com as contribuições que ele pagava ao longo da vida (englobava: invalidez, assistência à saúde, aposentadoria). Era para todos os ferroviários? Não, somente para aqueles com mais de seis meses em que eram sócios obrigatórios das caixas. Eloy Chaves é o pai da Previdência Social. 1923 – CAIXAS DE APOSENTADORIAS E PENSÕES (CAPS): Participação do trabalhador existia, não sendo gratuito. Regime de contribuição era tríplice: Deram certo? Em partes. Porque, de fato, conseguiu evitar a propagação de doenças, principalmente a varíola, mas também gerou muitos problemas para o governo com a população na época. E agora? O que foi feito de errado? INFORMAÇÃO! LARA CARVALHO MORAES 5 1. Os empregados contribuíam com 3% de seu salário mensal 2. A empresa com 1% de sua renda bruta 3. O governo federal com a receita arrecadada através da cobrança de taxas sobre os serviços ferroviários* *Governo participava com uma % sobre as taxas cobradas sobre as ferrovias; não com uma porcentagem de 15% da sua arrecadação total, o que vai ocorrer só mais para frente. Importante saber as porcentagens! 1930 – ERA VARGAS – REVOLUÇÃO DOS 30 IAPS – Institutos de Aposentadorias e Pensões Política do Café com Leite: Vargas queria ser eleito e os dois maiores cartórios eleitorais eram Minas Gerais (maior produtor de leite) e São Paulo (maior produtor de café) na época, fazendo um acordo com esses de beneficiá-los caso fosse eleito; mas quando foi eleito, os maiores benefícios forem concedidos à São Paulo, desencadeando a Revolução dos 30. Após a Revolução dos 30, outras classes (indústria, comércio, marítimos, etc) também passaram a reivindicar essa assistência à saúde pois também tinha lutado para defender seu estado (guerra entre dois estados, evidenciando a necessidade de saúde). Com isso, Vargas incorporou as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPS), criando os Institutos de Aposentaria e Pensões (IAPS). Dessa forma, em junho de 1933, essa assistência foi expandida para além dos ferroviários, sendo criado o primeiro Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM). IAPs = refere-se a todos os institutos que foram criados para várias categorias. Primeiro criado foi o dos Marítimos em 1933. 1930 foi o período de transição de CAPs para IAPs. Nos IAPs, o governo passava a colaborar com 15% do total da receita. *Diferentemente dos CAPs que era sobre taxas sobre as ferrovias. LARA CARVALHO MORAES 6 Governo: CAPs = Rodrigues Alves / IAPs = Vargas. 1945 – O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL (WELFARE STATE) 1945 é marcado pelo final da Segunda Guerra Mundial, surgindo o conceito de Estado do Bem- Estar Social, designando um Estado assistencial que garante padrões mínimos de educação, saúde, habitação, renda e seguridade social para todos os cidadãos. A necessidade de saúde após uma Guerra Mundial fica muito mais evidente! Pensamento Europeu: Os cidadãos vão para Guerra defender sua nação e quando retornam, eles que precisam custear a sua saúde?? Não! O Estado deve prover. Welfare State: Estado se responsabilizando por questões sociais (educação, saúde, segurança, transporte, lazer, etc.) – Questões sociais propostas pela Europa em 1945. Lei 8080/90 – Art. 3 – Fatores condicionantes e determinantes da saúde = alimentação, moradia, transporte, lazer, renda, trabalho, atividade física, etc. Então, pode-se afirmar que em 1945 o Brasil aderiu a todas essas ações sociais propostas na Europa? Nunca. Isso foi uma proposta para que o mundo inteiro se atentasse a essas questões, mas essas nem sempre foram direito da população. Entretanto, existiam vários movimentos sociais no país reivindicando saúde para a população! Pressão social sob o governo brasileiro! Concessão deum benefício que antes não existia: 1949 – SAMDU. 1949 – SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA DOMICILIAR E DE URGÊNCIA (SAMDU) Não confundir com SAMU; SAMDU x SAMU. SAMU atualmente é possibilitado a todos (rico, pobre, contribuinte ou não); SAMDU só para aqueles que eram beneficiados pelos IAPs. O Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Socorro Urgente (SAMDU) foi estabelecido pelo Decreto n. 27.664 de 30 de dezembro de 1949 a todos os assegurados e beneficiários dos Institutos de Aposentadorias e Pensões – IAPs. E quem não fazia parte dessas categorias e nem tinha dinheiro para custear o acesso à saúde? Dependiam de serviços filantrópicos (Santas Casas de Misericórdia). Não tinha nada que se pudesse fazer para evitar a morte desses indivíduos. Só tinha assistência à saúde se fizesse parte de uma dessas 6 categorias (marítimos, ferroviários, bancários, comerciários, industriários, etc.) ou se tivesse dinheiro para custear a ida do médico em casa para atendê-lo. 1953 – CRIAÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE Ações de promoção e prevenção. 1953 teve a Criação do Ministério da Saúde através da Lei n. 1920 de 25 de julho de 1953, que desmembrou o então Ministério da Educação e Saúde em dois ministérios: Saúde; Educação e Cultura. Na prova, a “criação” é a alternativa correta, mas isso foi uma enganação, porque o Ministério da Saúde já existia (junto com o da Educação). Logo o que houve de verdade LARA CARVALHO MORAES 7 foi a separação desses. Como havia uma pressão social em prol de saúde, o governo deu essa resposta (enganando a população com a criação do ministério). Então agora teve saúde para todos? Não! Continuou do mesmo jeito. Ministério da Saúde quando criado era responsável por todas as ações em saúde de forma integral? Não! Erradíssimo. Era responsável somente pelas ações de promoção e prevenção de saúde. Ou seja, se a pessoa estivesse doente: ou tem IAPs, ou tem dinheiro para custear, ou era descartado. Não se relacionava à tratamento! 1960 – LEI ORGÂNICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (LOPS) Não confundir com LOS que é Lei Orgânica da Saúde. Governo começou a perceber que os IAPs arrecadavam dinheiro demais, descontando 3% do salários dos trabalhadores. Pensando nessa arrecadação ($), “enriquecer o governo”, surgiu a ideia de estender o benefício para outras categorias. Criação da Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) em 1960, através da Lei n. 3807 de 26 de agosto, que unificou a legislação referente aos IAPs. Assegurando aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de idade avançada, incapacidade, tempo de serviço, prisão ou morte, bem como prestação de serviços que visem à proteção de sua saúde e concorram para o seu bem-estar. Quem tinha direito agora? Todos que tivessem um contrato em regime de CLT. E quem não tinha direito à LOPS? Os militares, os trabalhadores rurais, os servidores públicos e os empregados domésticos. Saber quem não era beneficiado para as provas! 1964 – O MOVIMENTO DE 64 – DITADURA MILITAR Promoção: Educação em saúde, campanhas de vacinação. / Prevenção: Vacinação propriamente dita. Beneficiários da previdência social: Todos os que exercessem emprego ou qualquer tipo de atividade remunerada, salvo as exceções previstas em lei. Excluídos do regime da lei: 1. Servidores civis (servidores públicos); 2. Militares da União, dos Estados, Municípios e dos Territórios; 3. Trabalhadores rurais assim entendidos, os que cultivam a terra; 4. Empregados domésticos. LARA CARVALHO MORAES 8 20 anos de Ditadura: 1964-1985. Os equívocos na saúde pública no regime autoritário. Antes de 1964 a saúde se baseada em ações de promoção (educação em saúde – Carlos Chagas) e prevenção (vacinação – Oswaldo Cruz) de saúde. Idea de que é melhor prevenir do que deixar a pessoa ter a doença e depois ter que trata-la tentando estabelecer a cura. Há garantia de que existirá a cura? E se houver sequelas? E se o paciente for a óbito? Prevenir é sempre melhor! No regime ditatorial, repressivo e autoritário, utilizando de forças policiais e do exército para se impor, houve uma piora expressiva na saúde pública, ressentida sobretudo pela parcela mais humilde da população. Gov. militar não queria saber de promoção e prevenção, mas sim de uma assistência médica curativista. Por quê? É isso que dá lucro ($)! Valor da consulta, exames, internação, medicamentos, etc. As pessoas teriam que contribuir, beneficiando o governo. Curativo/curativista/assistencial/assistencialista = quando já tem doença! Para a história da saúde pública essa foi a pior fase da história! Foram estabelecidos contratos com a maioria dos médicos e hospitais existentes no país, provocando um efeito cascata com o aumento no consumo de medicamentos e equipamentos médico-hospitalares. Houve a formação de um complexo sistema médico-industrial, curativista/assistencialista. 1966 – FUSÃO DOS IAPS – CRIAÇÃO DO INPS – INSTITUTO NACIONAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL CAPS (Rodrigues Alves) IAPS (Era Vargas) INPS (Ditadura) Não confundir INPS em 1966 com INAMPS em 1977; as provas tentam confundir as datas. Governo começou a observar que os IAPs davam muito lucro e, com isso, o próprio queria controlar essa arrecadação. Para isso houve a ideia da fusão dos IAPs existentes até então em um único instituto. Criação do Instituto Nacional da Previdência Social em 1966 pelo decreto/lei n. 72. Essa medida unificou os benefícios para os trabalhadores em geral, independentemente de sua filiação profissional. Novas categorias profissionais foram incorporadas ao sistema, como trabalhadores rurais, empregados domésticos e autônomos. Isso ocorreu sob o pretexto de “estender o benefício de saúde para todos”, deixando a população feliz. Mas isso de fato ocorreu? Não! A saúde era para todos os que podiam pagar, ou seja, para todos os contribuintes do INPS (que era uma pequena parcela da população). Relembrando: Quem tinha direito à saúde antes do INPS? Os contribuintes das categorias dos IAPs e outros trabalhadores com atividade remunerada e carteira assinada beneficiados pela LOPS, exceto: militares, trabalhadores rurais, domésticos e servidores públicos. INPS = Benefício concedido a TODOS, mas TODOS QUE PUDESSEM PAGAR. O que ocorreu então? Problemas na saúde pública! Considerando que as atividades já não eram mais voltadas para promoção e prevenção e que, além disso, grande parcela da população não podia contribuir com o INPS; ficando totalmente desassistida. Pensamento: “Vamos lucrar muito com a doença da população”. Contraditório: Ex: das 10 pessoas contribuindo, não são todas que usam ao mesmo tempo, sendo poucas delas. Mas e se LARA CARVALHO MORAES 9 todas passarem mal e precisarem ao mesmo tempo? Vai falir. E foi isso que aconteceu, como as ações de prevenção e promoção não estavam sendo realizadas, a demanda aumentou muito (doenças que antes estavam sob controle, ou seja, endêmicas se tornaram epidêmicas). Reinvindicações populares. Caos: Governo pede ajuda a iniciativa privada! A iniciativa privada diz que não tem dinheiro para abrir hospitais, laboratórios, leitos, etc.; para isso o governo “fornece” dinheiro a ela por meio do FAS (ou seja, tirando dinheiro público para a iniciativa privada, que é inadequado). Iniciativa privada visa lucro, ou seja, quanto mais gente doente, melhor. 1974 – CRIAÇÃO DO FAS – FUNDO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO SOCIAL Em 1974, foi criado o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS), que distribuiu recursos para investimento na expansão do setor hospitalar (sendo 79,5% destinados para o setor privado e apenas 20,5% para o setor público). A possibilidade de investimento e o incentivo de um mercado de atenção médica levou a um crescimento próximo de 500% no número de leitoshospitalares privados no período de 69/84, de tal forma que subiram de 74.543 em 69 para 348.255 em 84. Aumento expressivo de número de leitos: pensamento da população: “que bom, dá para internar mais gente”. Isso foi benéfico? Não! A iniciativa privada estava lucrando em cima disso e o bom é não ter gente internada com promoção e prevenção de saúde. Nesse contexto, a iniciativa privada iria querer cada vez mais pessoas doentes ($). Resultado: Crise de 1975. 1975 – A CRISE Pior crise da história; duas grandes epidemias: poliomielite e meningite. O modelo econômico entra em crise por ter priorizado a medicina curativa. A migração de pacientes dos institutos, acrescida de superlotação nos hospitais, gerou insatisfação geral. Doenças antes erradicadas voltaram, as controladas reapareceram em surtos epidêmicos, houve aumento da pobreza, o saneamento e as políticas de habitação populares ficaram em segundo plano. Duas grandes epidemias: Poliomielite e meningite, atingindo principalmente a região nordeste, gerando grande mortalidade na região. Governo não cuidou da população e nesse contexto precisava fazer algo por ela, culminando na criação do PIASS. 1976 – CRIAÇÃO DO PIASS – PROGRAMA DE INTERIORIZAÇÃO DAS AÇÕES DE SAÚDE E SANEAMENTO Bom programa do governo. Decreto n. 78.307 de 24 de agosto de 1976 aprova o Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento no Nordeste para o período de 76-79. Finalidade: Implantar estrutura básica de saúde pública nas comunidades de até 20 mil habitantes e de contribuir para a melhoria do nível de saúde da população da região. INDÚSTRIA DA DOENÇA! QUANTO MAIS DOENÇA, MELHOR! LARA CARVALHO MORAES 10 Delimitação de espaço pela primeira vez na história: população de até 20 mil habitantes. Ações básicas na comunidade, utilizando dela para propagar as informações. Originado no Nordeste. DIRETRIZES BÁSICAS DO PIASS: I – Ampla utilização de pessoal de nível auxiliar, recrutado nas próprias comunidades a serem beneficiadas. II – Ênfase na prevenção de doenças transmissíveis. III – Desenvolvimento de ações de saúde, caracterizadas por serem de baixo custo e alta eficácia. IV – Disseminação de unidades de saúde tipo mini posto. V – Ampla participação comunitária. VI – Desativação gradual de unidades itinerantes de saúde, a serem substituídas por serviços básicos de caráter permanente. SUS teve alguma de suas bases correlacionadas as diretrizes básicas do PIASS! Tais diretrizes do PIASS foram transformados em princípios do SUS no futuro: ⎯ Delimitação de espaço = Regionalização (de menor para maior complexidade); ⎯ Nível auxiliar = População atuando; ⎯ Ações de promoção e prevenção, evitando a doença; ⎯ Ações de saúde deveriam ter baixo custo e alta eficácia no que estava sendo prestado à população; ⎯ Ampliação da participação da comunidade, pois ela sabe o que ela própria necessita; ⎯ Desativação dos serviços que eram prestados de forma temporária, estabelecendo postos fixos para prestação da assistência. 1977 – SISTEMA NACIONAL DE PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL – SINPAS Período de transição com criação do SINPAS e INAMPS. Fusão de 6 IAPS para INPS em 1966; agora se dá a transição do INPS para o INAMPS que nasce dentro do SINPAS. Foi instituído pela lei n. 6439 de 1977, o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – SINPAS, sendo criado o Instituto Nacional de Assistências Médica e Previdência Social – INAMPS, órgão que passou a coordenar todas as ações de saúde no nível médico-assistencial da Previdência Social. INSTITUTO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA MÉDICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - INAMPS INPS = governo prestando a assistência; aumento da demanda; recorrendo a iniciativa privada com FAS; construindo hospitais, com leitos e laboratórios. / INAMPS = participação da iniciativa privada dentro do governo, ou seja, o governo paga pela assistência que a iniciativa privada presta para a população. É bom? Não, a empresa privada visa lucro; quanto mais doente, melhor. Duas grandes epidemias do período: poliomielite e meningite; sendo o nordeste o mais afetado; governo cria o PIAS. Nesse contexto, a iniciativa privada visava expandir a LARA CARVALHO MORAES 11 assistência a essa população antes desassistida (continuava a ter acesso a saúde só quem podia custear). • Qual o instituto criado pela Lei n. 6439 de 1977? INAMPS. 1978 – CONFERÊNCIA DE ALMA-ATA Direcionamento para dar ênfase à assistência primária/básica de saúde. Atenção Primária à Saúde. Ex: Água tratada, saneamento básico, etc.; ver crianças e adultos morrendo por causa de coisas tão simples assim é inadmissível. Não adianta ter uma tecnologia de ponta dentro da medicina, senão ações básicas não são desenvolvidas. Conferência Internacional de Assistência Primária à Saúde, foi realizada em 1978 na cidade de Alma-Ata (Cazaquistão). Entre os temas tratados estavam: ⎯ A participação comunitária; ⎯ A cooperação entre os diferentes setores da sociedade; ⎯ Oposição à privatização e mercantilização da medicina; ⎯ Universalização do direito à saúde; ⎯ Cuidados primários de saúde; ⎯ Integralização das ações; Ampliação do conceito de saúde, não sendo somente ausência de doença; outros múltiplos fatores irão contribuir com a saúde: alimentação, saneamento básico, moradia, lazer, trabalho, etc. Todas as pessoas até então estão tendo direito com a universalização? Não, é só uma proposta até então; continua tendo acesso à saúde só quem pode pagar. Integralidade? Começar com ações básicas e primárias, mas fornecer todas as ações: de baixa, média e alta complexidade. Países compactuaram que até 2000 todas essas ações seriam postas em prática. 1982 – PROGRAMA DE AÇÕES INTEGRADAS DE SAÚDE - PAIS Diretrizes para ações integradas em saúde. 1985 – NOVA REPÚBLICA Evolução histórica acaba em 1985 (de 1500 a 1985). 1986 – VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE 1987 – SISTEMA UNIFICADO E DESCENTRALIZADO DE SAÚDE - SUDES
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