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Copyright© 2021 JESSICA D. SANTOS Revisão: Andrea Moreira Leitura Crítica: Luciana Rodrigues Capa: Jessica Santos Diagramação: Jessica Santos e Evilane Oliveira ___________________________________________ _______________ Dados internacionais de catalogação (CIP) EZRA – HERDEIROS DA MÁFIA – LIVRO 3 1ª Edição 1. Literatura Brasileira. 2. Literatura Erótica. 3. Romance. Título I. ___________________________________________ _______________ É proibida a reprodução total e parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, sem permissão de seu editor (Lei 9.610 de 19/02/1998). Esta é uma obra de ficção, nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação do autor, qualquer semelhança com acontecimentos reais é mera coincidência. Todos os direitos desta edição são reservados pela autora. Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 1º de janeiro de 2009. SUMÁRIO NOTA DA AUTORA SINOPSE PRÓLOGO CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05 CAPÍTULO 06 CAPÍTULO 07 CAPÍTULO 08 CAPÍTULO 09 CAPÍTULO 10 CAPÍTULO 11 CAPÍTULO 12 CAPÍTULO 13 CAPÍTULO 14 CAPÍTULO 15 CAPÍTULO 16 CAPÍTULO 17 CAPÍTULO 18 CAPÍTULO 19 CAPÍTULO 20 CAPÍTULO 21 CAPÍTULO 22 CAPÍTULO 23 CAPÍTULO 24 CAPÍTULO 25 CAPÍTULO 26 CAPÍTULO 27 CAPÍTULO 28 CAPÍTULO 29 CAPÍTULO 30 CAPÍTULO 31 CAPÍTULO 32 CAPÍTULO 33 EPÍLOGO AGRADECIMENTOS SOBRE A AUTORA Olá, tudo bem com você? Se chegou até aqui é por ter interesse em conhecer a história do Ezra e Hailey, e eu agradeço a chance que está dando ao meu livro. Vamos bater um papo rapidinho? No livro do EZRA, para você entender algumas coisas, terá que ler os dois primeiros: KILLZ E AXL. Mas por que está me dizendo isso, autora? É só para que eu leia os anteriores? Não, é apenas para que você tenha conhecimento de algumas coisas que aconteceram com o EZRA E HAILEY nos livros anteriores e possa entender direito a história deles, que é esta aqui. Alguns acontecimentos no livro do Killz e Axl são muito importantes, e se forem deixados para trás talvez você não entenda muita coisa. Saiba que o livro faz parte de uma série e eu sempre deixo algumas lacunas propositalmente, que só devo resolver nos livros seguintes, foi assim em KILLZ e em AXL. Sinto-me no dever de alertá-los. Neste livro você também encontrará pontas soltas, essas que serão resolvidas no livro quatro, que conta a história de Carter, mas não pensem que ficará assim sempre, tudo irá se fechar. As histórias dos irmãos Knight são entrelaçadas, peço que leia com atenção e com a mente bem aberta para que possa compreender o que desejo passar. Obrigada por ter me dado um minutinho da sua atenção, te desejo uma boa leitura e espero que goste do livro! Máfia é uma organização criminosa cujas atividades estão submetidas a uma direção de membros, que sempre ocorre de forma oculta e que repousa numa estratégia de infiltração da sociedade civil e das instituições. Os membros são chamados mafiosos. Quando se fala de máfia, as pessoas relacionam o tema com a Cosa Nostra, a máfia Italiana que se desenvolveu na Sicília e, mais tarde, surgiu nos Estados Unidos. Com o tempo, o termo deixou de se relacionar apenas com a estrutura da máfia siciliana e passou a abranger qualquer organização ou associação criminosa que usa métodos inescrupulosos para fazer prevalecer seus interesses ou para controlar uma atividade. Desta forma, a série Herdeiros da Máfia aborda sua própria máfia, com leis, códigos e condutas próprias, criadas por mim, utilizando-me de licença poética. Não espere ler este livro e ver nele qualquer estrutura verídica, real ou influenciada pela Cosa Nostra, Yakuza ou qualquer outra organização mafiosa conhecida. AVISO A história é um romance dark contemporâneo. Ele contém cenas de violência sexual, linguagem imprópria, agressão física e verbal. O livro é recomendando para maiores de 18 anos. Se você é sensível com esse tipo de leitura não leia. A autora não apoia e nem tolera esse tipo de comportamento. “O monstro coordena toda ação, mas é meu corpo que executa e promove o pavor.” Ezra James Knight era a sombra do homem que um dia foi. Descobertas o fizeram se render à completa escuridão. O coração que um dia bateu foi substituído por um duro, frio e difícil de quebrar. Ezra optou por ser inabalável, egoísta e cruel. Sua vida estava em pedaços, mas jamais deixaria que as pessoas o vissem tão machucado. Suas barreiras se ergueram e ninguém seria capaz de derrubá-las. Muito menos aquela que tanto mentiu e que agora dizia o amar: a gêmea da mãe do seu filho. Hailey Slobodin sempre esteve longe do submundo, mas sua vida mudou após descobrir que tinha um sobrinho e uma irmã gêmea. Porém, não houve tempo para conhecê-la, a máfia acabou com esse desejo quando tirou a vida de Scarlet, deixando-a com um buraco enorme em seu coração e uma criança para criar. A mulher foi atrás de vingança e proteção, mas ela não estava pronta para a atração avassaladora e os perigos que uma aproximação com Ezra poderia causar. Duas pessoas corrompidas, mas de personalidades diferentes. A única coisa que eles têm em comum é um dilema: proteger quem ama, mesmo que para isso precise passar por cima dos próprios princípios. Passaram-se alguns meses desde a fatídica reunião em que foram esclarecidos todos os porquês que levaram a morte da minha irmã e tantas outras. Foi um período muito tenebroso até chegarmos aqui. Nos últimos meses, estou aguardando o retorno de Ezra, que saiu da casa de Killz sem dizer para onde iria assim que terminou a reunião. Agora estou em seu apartamento, aguardando sua volta para poder jogar na sua cara o quanto foi egoísta ter deixado seu filho para trás. Observo Dylan brincando no carpete com os brinquedos que os tios haviam dado. Meu menino está crescendo, uma criança muito dócil e inteligente, nem acredito que já está com sete anos. ― Mãe, os carrinhos que tio Spencer me deu são os mais bonitos ― fala meu menino, seus olhinhos brilhando em minha direção. Toda vez que ele me chama de mãe, meu coração derrete e me seguro para não o encher de beijos, uma vez que não é muito fã. Deve ter herdado a personalidade ranzinza do pai. ― São sim, meu bem ― falo docilmente ao vê-lo sorrir para mim. O nosso amor é recíproco. Como o tempo passa rápido, penso, deixando uma lágrima deslizar em minha bochecha. Eu o peguei no colo e o vi crescer... cuidei dele desde os seus primeiros passos e ouvi suas primeiras palavras. Fui mais mãe do que a minha irmã, apesar de ela ter dado a ele todo auxílio que pôde até seus últimos dias de vida, mas fui eu que estive ao lado de Dy, dei amor e carinho, tudo que um filho precisa de uma mãe. Jamais pensei em ocupar o lugar de Scarlet na vida do pequeno, contudo, quando meus olhos pousaram naquele par de olhos verdes ― tão parecido com o do pai ― me encarando com uma certa curiosidade, eu meu apaixonei, minhas pernas ficaram bambas e meu coração bateu tão forte, que senti como se tivesse acabado de correr uma maratona. Naquele instante eu descobri algo que nunca havia passado por minha mente: meu desejo enorme de ser mãe e proteger um serzinho tão lindo. O que senti por Dylan foi amor à primeira vista. Meu celular começa a tocar ao meu lado, rapidamente eu o pego e vejo o nome de Alessa brilhando na tela. ― Alô ― respondo e me afasto um pouco de Dy para que ele não ouça a nossa conversa. Por mais que seja pequeno, ele é muito inteligente. ― Olá. Tudo bom, Hailey? Liguei para saber como vocês estão? ― Sua voz soa animada. ― Dy está brincando com os seus carrinhos ― meus olhos pousam no pequenino brincando distraidamente ― e eu estou bem, e você... Como está? ― Estou ótima! Hailey, na verdade, eu gostaria de te fazer uma proposta.― Ela está com a voz séria agora. ― E o que seria, Alessa? ― Coloco uma mão na cintura e mordo o lábio, ansiando a sua resposta. ― Pretendo ir à Rússia, estou avaliando tomar à frente, como é o desejo de Viktoria. Segundo ela, o posto de liderança foi designado a mim e... Você aceitaria trabalhar comigo, caso eu faça isso? ― A pergunta me surpreende, nem sei o que responder. ― Você... você... vai à Rússia? ― Faço uma careta. ― Pretendo ir. E se você aceitar ser minha melhor amiga e conselheira, será mais fácil. Preciso de uma pessoa que eu admiro e confio ― diz de maneira confiante. ― Obrigada por isso. Saber que você confia em mim me deixa feliz... Mas tenho Dylan e pretendo voltar para a minha casa o quanto antes ― falo as últimas palavras com pesar. ― Voltar para a sua casa? Você já está em casa, Hailey, sua casa agora é aqui, conosco. Com meu sobrinho e meu irmão. ― Alessa parece estar sendo sincera e carinhosa comigo, mas ainda não me acostumei com o fato de ela ser irmã do Ezra. ― Sua morada é aqui em Londres, sua vida está aqui. ― É estranho ouvir que... você e Ezra são irmãos. ― Reprimo uma risada. ― Aos poucos estou me adaptando com a ideia. ― Faz um tempo que conversei com Ezra, e chegamos à conclusão de que assim que Dy estiver mais próximo dele, eu vou embora. ― Quase não consigo completar a minha fala. ― Não pode, Hailey, o seu sobrinho precisa de você. Além disso, eu preciso de uma amiga. Hai, você salvou a minha vida, quase morreu por mim. ― Jogo a cabeça para trás ao perceber o modo Alessa dramática ativado. ― Talvez eu esteja sendo egoísta ao deixar Dy, mas... é horrível conviver com alguém por quem tenho um sentimento platônico e que só me olha com amargura e desprezo, Alessa. Eu me sinto magoada por tudo. Aprendi a amar o ex da minha irmã gêmea através de uma mentira, e isso tudo me consome, sabe? O seu irmão me fez apagar aquela visão que eu tinha dele. Eu achava que Ezra era um homem maduro, bem centrado, mas me enganei ― falo um pouco mais baixo, enquanto limpo meu rosto molhado pelas lágrimas. ― Dê uma chance para vocês, nem tudo está perdido, querida. ― Nunca houve nós, Lessa. O Ezra está irreconhecível ― confesso, decepcionada. ― Sabe de uma coisa, aceite minha proposta e logo você mostrará a esse ogro quem manda ― fala, tão certa de suas palavras, que até eu gostaria de acreditar nisso. Quando abro minha boca para responder, fico assustada ao ouvir a porta da sala sendo aberta com brutalidade. Meu coração bate descompassadamente e minhas mãos ficam trêmulas, mas um alívio desconhecido me toma quando vejo que é Ezra. Porém, fico desesperada ao notar que o homem está com a camisa branca manchada de sangue. ― Oh meu Deus. O que houve, Ezra? Quem fez isso? Ele está bem machucado, e meu desespero é tanto, que mal ouço Alessa ao fundo, simplesmente finalizo a chamada sem explicação, porque preciso ajudá-lo. Não serei tão insensível em um momento como este. ― Onde estava? Quem fez isso com você? ― sondo- o, correndo até ele, que cambaleia até conseguir se sentar no sofá. Engulo meu orgulho e a vontade louca de deixá-lo sozinho quando ouço sua risada sarcástica. Ele me odeia, posso sentir. Mesmo assim, respiro fundo e procuro não levar para o lado pessoal. ― Pelo menos me deixe cuidar disso ― murmuro, evitando fazer contato visual. Me ajoelho de frente para ele e toco em seu rosto machucado. A sobrancelha esquerda tem um corte profundo, o lábio inferior está partido e o olho direito está começando a ficar roxo. ― Não toque em mim, sua cópia imprestável! Não preciso da sua ajuda, porra! ― grunhe, apertando meus pulsos com força e empurrando meu corpo para trás. Paciência, Hailey. Paciência! ― Precisa sim! Pegue esse seu maldito orgulho e enfie no rabo ― retruco, voltando a olhar os ferimentos. ― Vou procurar alguma coisa para limpar isso. ― Você é surda, caralho? ― Ele parece embriagado. Apesar da arrogância de Ezra, permaneço firme e convicta do que devo fazer no momento, cuidar dos ferimentos dele. Embora tenha muitos hematomas, o desgraçado continua lindo. Merda, acho que sou masoquista. Ele me machuca com palavras, mas eu me continuo aqui, esperando-o. Quando sinto as mãos dele tentando me afastar mais uma vez, somos interrompidos pelo som da campainha. Provavelmente é a Alessa, ela deve ter ficado preocupada. Mas ela não poderia estar aqui em tão pouco tempo. Quem será? ― Não ouse se levantar ― ameaço. ― Desde quando vadias me dão ordens? ― Ele despreza as minhas palavras. ― Vá logo ver quem está tocando essa merda barulhenta e pare de tagarelar. Me afasto do abutre furiosamente, mesmo desejando dar uns tapas na cara dele para ver se os ferimentos ficam piores. Eu entendi que sou superior a Ezra em vários aspectos, e essa ação poderia me levar para o mesmo caminho da minha irmã. E eu não seria louca de correr o risco de me afastar do meu Dylan, pelo menos, não totalmente. Abro a porta e me deparo com uma mulher, que arregala seus olhos ao me ver. ― Sou Fergie ― ela estende a mão em minha direção como se quisesse me cumprimentar, só que eu recuso ―, eu trouxe Ezra. Ele estava impossível hoje e não queria vir embora, mas consegui essa proeza. Ele vem se mantendo bêbado há dias, e arrumou muitas brigas por aí. Eu posso entrar para cuidar dele? ― pergunta de maneira tão gentil, que fico desconfiada das suas intenções. De que buraco essa garota saiu? Fergie é linda, cabelos curtos e cor de caramelo, olhos mel com um tom esverdeado, e, para completar, tem a voz é melosa. A garota é supereducada, suponho que ela tenha sido a razão de Ezra esquecer o caminho de casa. ― Como? ― Dou uma risada alta para esconder a raiva que me corrói. ― A senhora é funcionária dele também? ― questiona, tentando se fazer de inocente. ― Vai morar na porta, Slobodin? ― grita Ezra. ― Está vendo? Meu gatinho precisa de ajuda e você está dificultando as coisas. ― A garota tenta passar por mim. ― Menina, quem você pensa que é para invadir o meu espaço? Dê o fora agora! ― ordeno, empurrando-a para trás. ― E você quem é? Ah, sim. A tia do filho dele, irmã do ex-amor... Nada mais que isso ― diz baixinho enquanto me encara com o ódio refletido em seu olhar, como se o que tivesse dito não passasse de um segredo que Ezra havia soltado sem querer. ― De que buraco você saiu? Acha que sabe tudo da minha vida? Você nem me conhece, pirralha! ― Desvio o olhar para que ela não veja meus olhos marejados. ― Não preciso de muito para saber que é apaixonada por ele ― declara, me fazendo olhar para trás e ver o Knight jogado no tapete vermelho da sala. Quando se tornou tão autodestrutivo? Eu nunca tinha visto Ezra tão acabado. ― Fergie, não é? ― falo com desdém. ― O seu chefe acabou de cair em um sono profundo e duvido que irá acordar. Faz um favor para mim? Dá o fora, sua oferecida. ― Escute aqui, queridinha... Sabe com quem o seu amor esteve esse tempo todo? ― a loira fala em um tom de voz alterado. ― O sr. Knight é só o pai do meu sobrinho, mas estou impressionada com a quantidade de informação que acha que carrega. Felizmente, tenho que cuidar da minha vida ― retruco e me viro para entrar e fechar a porta. ― Alguma vez ele já lhe disse que arrastou uma dançarina do palco pensando que era eu em uma boate? Ele estava morrendo de ciúmes ― ela tenta me provocar ao sorrir. ― Não tem motivo algum para ele me contar uma história tão sem cabimento como essa, como eu disse, sou somente a tia do filho dele. ― Tento soar firme, mas falho miseravelmente. Essa revelação só demonstra a intimidade entre os dois. ― Já pensou que talvez seja comigo que ele queira ficar e não com você? Afinal, estivemos juntos nos últimos meses. Sem contar que quando ele pronuncia seu nome, deixa nítido o nojo que sente, mas, infelizmente, o coitado não pode fazer nada, o pequeno Dy é muito apegado a você. Por enquanto. ― Ela insinua algo que não quero descobrir o que é.― Saia daqui agora, vagabunda! ― Eu seguro em seu braço magro, mas ela se debate e consegue se livrar do meu aperto. ― Até breve, Hailey Slobodin. ― Fergie dá ênfase ao meu nome e segue até o elevador. Simplesmente dou as costas para ela e fecho a porta com força. Vou até Ezra, que resmunga algumas palavras desconexas enquanto mantém seus olhos fechados. Silenciosamente, eu me sento ao seu lado e começo a acariciar seu cabelo castanho-escuro que agora está um pouco mais comprido do que costuma usar. Por alguns minutos, eu choro e sinto uma imensa vontade de arrancar do meu coração o sentimento proibido que carrego desde o dia em que comecei a fingir ser a minha irmã para descobrir os culpados da sua morte. Quando vi Ezra pela primeira vez, descobri que eu fraca, tanto que cheguei ao ponto de amá-lo silenciosamente, e os sentimentos foram aumentando conforme as visitas que ele fazia a Dylan iam crescendo. Me apaixonei pelos seus gestos nobres, e não pela sua posição dentro da máfia. Às vezes, a vontade de fugir é grande, sumir para bem longe e nunca mais poder encará-lo, só que existe algo muito mais importante na minha vida, e não me deixarei cometer uma loucura por um sentimento não correspondido. Se for para suportar as humilhações, assim o farei, mas será pelo meu sobrinho, porque prometi a minha irmã que Dylan ficaria seguro e seria amado enquanto eu vivesse. Dois meses se passaram desde que voltei bêbado para a casa, depois de um bom tempo longe de Hailey. Por fim, decidi retomar a minha vida, ou o que restou dela. Estou aguardando um investidor em meu cassino com o qual me decidi reunir, e não consigo parar de pensar na Slobodin e em todo mal que causei a ela. Definitivamente, eu estava sendo um filho da puta, e, ainda assim, a mulher permaneceu ao meu lado. O que mais me irrita é o fato de ela não se importar mais com o meu toque. Eu sempre percebi que a deixava insegura, desconfortável com a minha presença, mas de uns tempos para cá isso já não acontece mais, provavelmente deve ter arrumado algum homem para satisfazê-la. Quem em sã consciência amaria mais o outro do que a si mesmo? Hailey me ensinou a importância de amar a si próprio, me fez voltar à realidade e acordar para o que me espera. Não será fácil, mas a minha missão precisa ser cumprida, agora tenho um patrimônio a zelar, e além dos meus irmãos, agora tenho uma irmã. Irmã essa que eu não vejo há mais ou menos oito meses. Abandonei a minha família e caí na vida, passei a não voltar para a casa desde a reunião na mansão com meus irmãos, quem esteve comigo todos os dias e noites foi Fergie Luther. Fergie é um doce de mulher que tem uma paixão por mim, e ainda é amiga do meu irmão caçula. De início, antes da irmã de Scarlet aparecer, eu cheguei a sentir algo pela garota, talvez o fato de ela ter um rosto angelical soava tentador aos meus olhos. Por consequência, adotei Fergie como minha propriedade e cuidei dela por muito tempo, mas agora sou eu que recebo seus cuidados, mesmo sabendo que ela tem segundas intenções comigo. No entanto, não tenho em mente afastá-la de mim, mesmo estando ciente de cada pensamento dela. Infelizmente, estou completamente rendido aos encantos de Hailey. De uma coisa eu tenho certeza, nunca irá existir uma mulher que me interesse tanto e me deixe louco, não enquanto houver Hailey Slobodin na jogada. Ela não precisa saber disso, mas a diaba perseguidora provoca sensações loucas em mim a ponto de me deixar intrigado e revoltado por estar quase cedendo o que ambos desejamos. Estou há alguns minutos analisando a planilha de gastos e investimentos dos últimos meses dos meus negócios, que não poderiam estar indo melhor. ― Que maravilha! Visualizo mais uma vez a linha que destaca os 30 milhões de libras, o faturamento dos últimos dois meses. As acompanhantes que contratei estão fazendo com que muitos velhos fodidos deixem um pouco de sua fortuna em meu cassino. Cada dia que passa tem um cliente novo atrás das minhas meninas, que não passam de uma simples companhia para dar sorte para eles no jogo. Mas as garotas, ao contrário de darem sorte, elas os distraem para que percam cada vez mais. Minhas meninas são... ousadas. Sempre saio no lucro, mas, claro, que sempre tem um ou outro que questiona a sua perda, porém isso não impede que o meu império cresça. Ainda com um sorriso em meu rosto, atendo o telefone que começa a tocar. ― Sr. Knight, o senhor Hays já chegou. Posso deixá- lo entrar? ― Sim, Jenny, faça-o entrar ― falo ao fechar o Excel. Ajeito minha gravata, em seguida desligo o computador, não quero ninguém olhando as minhas coisas. Em poucos segundos, ouço as batidas à porta do meu escritório. ― Pode entrar ― ordeno. O homem engravatado e de cabelos grisalhos entra com uma valise nas mãos. Ele tem uma boa aparência e parece bastante curioso com a minha presença. ― Sr. Knight, boa noite ― fala, empolgado. ― Achei muito curioso o seu contato, nunca nenhum Knight fez esse tipo de negócio, estou lisonjeado. ― Boa noite. Sente-se, por favor. ― Aponto para a cadeira. ― Vamos logo ao que interessa. ― Claro, estou aqui apenas para lhe servir ― fala ao se aproximar. O sr. Hays senta-se e, em seguida, pede licença para colocar a maleta na mesa. ― Já aviso que o senhor terá total liberdade de fazer uso das dependências do empreendimento, como também testar todas as mulheres que foram contratadas para trabalhar no local. ― Claro. Como falamos, a minha ideia é ter acesso total às garotas que foram contratadas, testar uma a uma para saber se o serviço prestado é de boa qualidade ou não. Outra coisa, preciso que o senhor me mantenha informado sobre o histórico de cada uma delas de tempos em tempos. Não quero ter dor de cabeça com rebeldes no futuro ― aviso para que depois eu não seja surpreendido. ― Muito menos ter problemas com identidade falsificada, pois bem sabemos que nesse ramo o que mais encontramos é menor se passando por mulheres adultas. ― Sim, senhor ― ele assente. ― Cuidarei para que nada saia diferente do desejado. Passo a mão em minha barba por fazer e encaro o investidor que mexe na maleta e tira uma pasta, me entregando em seguida. ― Este é o contrato. Eu o deixarei aqui, peço que leia cada item das cláusulas e me envie as cópias assinadas para que possamos finalizar a contratação de serviço. ― Certo. ― Abro a pasta e folheio o contrato, e de relance olho uma ou duas cláusulas. ― O endereço do local está registrado no contrato, dando livre acesso caso tenha interesse em conhecer de imediato. As chaves do estabelecimento estão no local, pois ele está em funcionamento. No estabelecimento, o senhor pode procurar a madame Mae Harris, que no momento é a responsável pelas meninas ― esclarece ao fechar a maleta. ― Ok. É só isso? ― pergunto ao guardar o documento na gaveta e trancá-la, guardando a chave em meu bolso. ― Sim, senhor. Obrigado pela sua atenção e pelo seu tempo. Gostaria de lembrar que o local tem um sócio majoritário, e o senhor agora faz parte do conselho dos sócios. Muito em breve marcaremos uma reunião para que vocês se conheçam e possam trocar informações sobre os empreendimentos. ― O homem se levanta e eu o acompanho. ― Certo, aguardo seu contato. ― Me despeço do sr. Hays, pego meu celular e vejo que Killz está me ligando, mas decido ignorar ao guardar o aparelho no bolso. Saio do meu escritório e sigo para o cassino para verificar as salas de jogos. Encontro Alec no meio do corredor me chamando, tudo que eu não preciso agora é me encontrar com ele, então finjo não ouvir e sigo meu caminho, mas como ele é insistente acaba me seguindo. ― E aí, cara, como você está? Você não me parece nada bem ― fala ao se aproximar de mim perto do balcão do bar. ― Estou ótimo, Alec. Agora pare de se meter na porra da minha vida. ― Me viro para ele e lhe dou um olhar mortal. ― Eu só quero o seu bem, Ezra. A maneira como está agindo nãovai mudar em nada a sua vida. Você só vai magoar ainda mais a sua família e seus amigos. Olho para o chefe dos soldados da máfia Knight que me encara não muito satisfeito com as minhas ações. Foda-se ele, eu sei o que melhor para mim. ― Cai fora, Alec. Em momento algum pedi a sua opinião. ― Fecho os punhos e semicerro os olhos. ― Certamente não, mas decidi que daria, gostando ou não. ― Se já falou o que queria, pode levantar seu rabo daí e dar o fora ― falo rispidamente ao fazer um sinal para a bartender gostosa, que atende ao meu chamado sem esconder o quanto deseja me dar a boceta. ― Um uísque cowboy, por favor, Tasha. ― Aproveito a situação para piscar para ela com malícia, que me serve com seus seios quase à mostra no balcão do bar. Não resisto e dou um beijo em cada um, dando um selinho em seus lábios, fazendo com que a moça se afaste toda contente. ― Desde quando está comendo suas funcionárias? ― pergunta Alec, um tanto surpreso. ― Meu irmão comeu a dele, por que eu não posso me divertir com as minhas também? ― Arqueio a sobrancelha. ― Cara, você desceu no meu conceito. Quem diria que o mais certinho dos Knight se tornaria um fodido! ― esbraveja Alec, sua voz sobressaindo ao som do bar. ― Qual é a sua, caralho? Sou seu general, você me deve respeito ― aviso, bebericando o copo de álcool. ― Você realmente é meu chefe, mas antes disso você é meu amigo, e minha obrigação é alertar que as suas atitudes estão bem controversas a sua real personalidade. Acredito que jamais faria o que acabou de fazer em seu juízo perfeito ― diz como se fosse o dono da verdade. ― Essa é a última vez que você se mete em minha vida. E se fizer isso novamente, sua entrada será proibida em meu cassino. Te considero muito, Alec, mas quem manda na minha vida sou eu e ninguém mais. Espero que você não volte aqui, pelo menos não missão. Se for para se divertir estarei disposto a liberar umas fichas para você, como nos velhos tempos. ― Me levanto e dou as costas para ele. Ao deixar Alec sozinho no bar, eu me dirijo até o salão onde está tocando uma música. Muitas pessoas estão pelo local, mas duas mulheres curiosamente chamam a minha atenção ― uma morena e uma loira ―, ambas com corpos incríveis. Não consigo deixar de notar a sensualidade que cada uma delas emana apenas com um mexer dos quadris. Me aproximo um pouco mais e noto os detalhes de cada uma. A morena tem uma silhueta perfeita, cabelos longos e achocolatados. Ela está com um vestido preto que parece ter sido feito exclusivamente para o corpo dela. Já loira chama muito mais a minha atenção. Ela extremamente sensual, mesmo que eu ainda não tenha visto seu rosto. O seu lindo vestido azul me deixa louco, o decote profundo nas costas vai até a cintura, e é curto na medida certa. Preciso descobrir quem é essa mulher, algo me diz que a vi em algum lugar. Sem me importar com os olhares curiosos, vou até a loira e toco a sua cintura. De imediato, ela se vira e, para a minha surpresa e decepção, é Hailey. Ela está muito sexy e deliciosa, do jeito que eu gosto. ― O que faz aqui? ― Minha voz sai em um rosnado. Praguejo baixinho ao notar que a mulher que está com ela é Alessa, que parece desapontada assim que me encara. Sem me importar, continuo olhando para a loira à minha frente. ― Vim fazer o que todos vem fazer em um cassino, Ezra ― a mulher me responde com ousadia. Ela passa a língua nos lábios pintados de vermelho e depois me encarar com a sobrancelha erguida, como se estivesse me desafiando. ― Não me lembro de ter permitido a sua entrada em meu estabelecimento ― falo, invadindo o seu espaço, ficando mais próximo possível. ― Cadê o meu filho? ― Acredito que qualquer um que tenha dinheiro para bancar um jogo ou seja lá o que você oferece aqui tem livre acesso ― Hailey alfineta, jogando seus fios loiros para trás. Eu não perco a oportunidade de olhar para os seus seios. Porra de mulher gostosa. ― E o seu filho está em boas mãos, não se preocupe. Eu prezo pelo bem-estar dele, ao contrário do pai desnaturado que ele tem. Engulo em seco com a sua declaração. ― Quando tiver um tempo irei vê-lo. Tenho trabalhado muito ― declaro, olhando em seus olhos. Por um instante, noto o quanto as minhas palavras a machucam. ― Só não tem tempo para o filho, para a família ― ela praticamente resmunga, como se não quisesse que eu ouvisse. ― O que disse? ― Nada, sr. Knight. Se me der licença, vou procurar alguma coisa mais interessante do que ficar perto do senhor ― fala, fazendo sinal para a minha irmã, que nem mesmo olha para mim. ― Antes de ir, leve isso. Hailey me olha confusa e tenta se afastar de mim, mas eu a seguro e encaro seus olhos cristalinos e seus lábios finos. Deslizo meus dedos em seu rosto e admiro cada parte dele, sorrindo quando ouço a sua respiração acelerar. Para provocá-la ainda mais, beijo o seu pescoço e vou descendo. ― Me deixe ir... seu cretino... ― pede. Balanço a cabeça negando e inspiro o seu perfume, logo em seguida deslizo minha barba em seu pescoço ao roçar meu nariz em sua pele cheirosa. Sua fragrância doce me deixa louco. ― Está vendo como o seu corpo se rende ao meu toque? ― sussurro, mordendo a ponta da sua orelha e soltando devagar. ― Ah... é mesmo? ― Ela roça seus lábios nos meus, logo depois mordisca minha boca e se afasta. Filha da puta provocadora. ― É sim. Admita, Slobodin ― murmuro, já perturbado. ― Quem tem que admitir alguma coisa aqui é você, e não eu ― fala com escárnio. Sentindo que vou enlouquecer, gemo de frustração ao vê-la rir e tirar meus braços que estão ao redor da sua cintura. ― Porra, Hailey, não faça isso ― brado. ― Quando quer me beijar sabe dizer o meu nome corretamente, Ezra? Sinto muito, querido, mas enquanto você me comparar com a minha irmã não vai conseguir nada de mim. Quem sabe eu não fique com pena dessa sua carência e lhe dê um beijo de consolo? ― diz, me dando as costas e balançando sua bunda de um lado para o outro, fazendo com que os babacas que estão jogando poker na mesa mais próxima olhem para seus movimentos sensuais. Penso em ir atrás dela, mas sou impedido por Alessa, que se coloca na minha frente. ― Preciso falar com você. Podemos ter uma conversa civilizada ou vai continuar se comportando como um bundão? ― fala, segurando meu braço. Sua delicadeza encanta a todos, mas eu não estou a fim de cair no jogo dela. ― Seja breve, o cassino está cheio e preciso ficar atento para que ninguém arrume confusão e estrague meus negócios ― falo, tirando sua mão do meu braço. ― Calma... não vim te cobrar nada, quero apenas isso. Fico surpreso quando ela me dá um abraço caloroso, que há muito tempo não sei o que é. Alguns meses se passaram sem que eu tivesse apoio dos meus irmãos. Eu os ignorei como um covarde todo esse tempo, mesmo tendo uma função importante dentro da máfia. Apenas Hailey estava por perto quando eu aparecia bêbado e machucado das brigas que eu arrumava. ― Não faça isso, estamos em público e você é casada. ― Tento afastá-la. ― Sou casada com seu irmão, e você é meu irmão. É uma história confusa, mas estamos em família. ― Rindo lindamente, ela me faz rir também. De toda essa confusão, acabo de perceber que o único benefício que ganhei foi ela, mas ainda não quero assumir essa realidade bruta. ― Pronto, você conseguiu o que queria, agora posso ir embora. ― Retomo a minha postura anterior. ― Tudo bem ― Lessa fica constrangida ―, você pode ir embora já que não quer ficar perto de mim. Eu vim aqui essa noite só para te ver e saber se está tudo bem. Na verdade... quero mais que isso, mas sei esperar. A hora que você quiser, estarei a sua disposição, meu irmão. ― Suas palavras acolhedoras me acertam como um soco no estômago. Não digo nada, só a encaro sem nenhuma expressão. Eu sei que o meu comportamento gélido a afeta. ― Serei sempre a sua irmã, ainda é desconfortável e bem estranho, mas... nunca tive ninguém e agora que sei que o tenho,me conforta bastante. Quero que saiba que eu o amo, apesar de sabermos recentemente da nossa ligação ― Alessa termina de falar, com os olhos marejados. ― Se quiser conversar pode me procurar. Ela toca o meu ombro e eu faço um meneio de cabeça antes de dar as costas e sair andando, deixando-a sem dizer uma palavra sequer. ― Vamos lá, Hailey! Você está muito molenga! ― grita Alessa, me golpeando na costela e me derrubando no tatame. Há dias estamos vindo ao galpão treinar, minha amiga e eu decidimos que precisamos disso. Quanto mais preparadas para uma luta, mais forte estaremos em nossa viagem para a Rússia. ― Você está pegando pesado! ― reclamo, limpando o suor na minha testa. ― Nunca disse que pegaria leve ― diz ela, posicionando os punhos. Seu cabelo achocolatado está preso em duas tranças embutidas, assim como os meus. Minha amiga está tão suada quanto eu, comprovando o nosso esforço nesse treino. ― Malvada! ― brinco, olhando seus movimentos traiçoeiros. A distração de Alessa me ajuda, então eu a golpeio com uma chave de braço. Não faço muita força para não lesionar a articulação do seu cotovelo. ― Eu estava distraída, jogou sujo ― exclama Alessa, se soltando dos meus braços. ― Vejo que hoje é o dia das garotas. ― A voz sexy e divertida me faz fechar os olhos e suspirar. Mais uma prova de que estou precisando de sexo. ― �������! Eu não acredito! ― O grito estridente da minha amiga quase me deixa surda. Ao me levantar, meus olhos recaem rapidamente sobre dois homens gostosos que possuem o porte atrativo. Eles parecem ter acabado de sair do exército, e suas roupas fazem jus aos meus pensamentos. ― O bom filho a casa torna ― fala o ex-segurança dela, fazendo-a sorrir. ― Também senti sua falta. ― Por onde esteve? ― pergunta Alessa, arqueando a sobrancelha escura. ― Há alguns meses estive no Afeganistão, o general Shabir Yusuke precisou dos meus serviços ― revela Enrique enquanto coça a barba, seu sorriso o tempo todo presente. ― Fui esquecido? Fico de queixo caído ao ouvir a voz deliciosa do loiro que acompanha o ex-segurança da minha amiga. Sem vergonha alguma, eu faço uma inspeção no gato, que parece ser bem atrevido. ― Nunca, amigo. Oi, Hailey ― Enrique me cumprimenta, sem graça e desviando os olhos em direção ao amigo. ― Posso me apresentar sozinho, amigo ― o homem corta Enrique, dando um passo à nossa frente. ― Me chamo Joseph Rules, parceiro de guerra desse cara aqui. É um prazer conhecê-la ― galanteia Joseph, me lançando uma piscadela. ― O prazer é todo meu. Sou Hailey Slobodin ― me apresento, estendendo a mão em sua direção. O safado sorri de lado e desliza seus lindos olhos claros pelo meu corpo. ― Gosto da sua ousadia, Hailey, vamos nos dar muito bem. ― Ele retribui o aperto de mão dando um sorriso malicioso... e que sorriso! Certamente muitas calcinhas devem ficar molhadas, como a minha está agora. ― Rapazes, foi ótimo vê-los, mas preciso me trocar, logo mais tenho um compromisso que ainda preciso convencer a Hailey a ir comigo ― fala Alessa, me puxando para perto dela. Confusa, eu a encaro e sou recebida por seu olhar feio. Só me faltava essa, Alessa com ciúmes de mim com o loiro atrevido. ― Tudo bem, depois nos falamos. Dessa vez prometo não sumir sem explicar as razões ― o moreno fala sem tirar os olhos de Lessa. Ela sorri, acredito que esteja muito feliz com a volta do amigo. Talvez seja burrice da minha parte estar de novo no mesmo ambiente que Ezra. Começo a achar que ter me deixado levar pela insistência da Alessa não foi uma boa ideia, mas parece que quanto mais aquele desgraçado finge não se importar, mas eu me preocupo com ele. Eu sei que por trás daquela máscara ainda existe o homem íntegro que ele era antes de descobrir toda a verdade sobre mim e Scar. ― Já disse que você está linda? O meu irmão não sabe o que está perdendo ― constata Alessa, me fazendo rir. ― Ah, ele sabe sim. ― Ajeito meu vestido, que está subindo a cada passo que dou em direção às mesas de jogos. ― Mas é uma pena que não queira aproveitar a minha disponibilidade. ― Nossa, que ousada está Hailey Slobodin. ― A morena gargalha. Só ela para me fazer sorrir nesses momentos de angústia. Mais uma vez estamos no cassino, Alessa acredita que se insistir, Ezra irá cair na real e voltará a ser como era antes, o que eu duvido muito. ― Decidi o rumo que devo tomar em minha vida. ― Lessa me ouve com atenção. ― Não existe só um homem no mundo, além disso, sou uma mulher linda e jovem, mereço conhecer novas pessoas. ― Estou de acordo, mas vocês se gostam e fariam um belo casal ― solta ela, sem vergonha alguma. ― Ele me odeia, tem aversão a mim. Jamais quero ser lembrada ou odiada pelo fato de as pessoas saberem que Scarlet era minha irmã gêmea e acharem que sou igual a ela, ou até pior. ― É complicada essa situação, Hailey, mas pense comigo... ― A verdade dói, eu sei. Mas às vezes preferiria ter morrido no lugar da minha irmã, assim ela estaria, quem sabe, cuidando do filho. ― Suspiro com pesar. ― Por que pensa dessa maneira? Céus, foque aqui, Hai! Scarlet está morta porque mereceu, fez mal para as pessoas, traiu a nossa família. Ela cavou a própria cova ― exclama a mulher furiosamente, seus olhos âmbar me fuzilando. ― Não diga isso. Apesar de tudo, ela também era um ser humano. ― O meu peito fica apertado, minha garganta se fecha e meus olhos ardem, sinto que a qualquer momento posso chorar. Ainda que eu e minha irmã não tenhamos crescido no mesmo lar, e Scar não tenha sido uma boa pessoa, ela não teve culpa de ter sido educada por um homem cruel e sem caráter. Apesar dos pesares, éramos gêmeas, ela era uma pequena parte de mim. A sua dor de antes agora é minha, infelizmente, ter o mesmo rosto da minha irmã é o que me leva a ser condenada pelas pessoas ao meu redor, principalmente Ezra, que não perde uma oportunidade de me punir com suas palavras duras. ― No nosso mundo não existe esse lema, entenda isso. Após a morte de Conan, eu aprendi a duras penas muitas coisas e, acredite, foram muitas... Principalmente quando soube que Viktoria e ele tiveram um caso. ― Sua voz me tira dos meus pensamentos. ― Desculpe por me lamentar... entendo a sua dor ― falo e desvio meus olhos dos dela. ― Vamos parar de pensar no passado. Foco no presente! Alessa me faz sorrir como ninguém. ― Tudo bem, chega de falar de coisas negativas. ― Por fim, me dou por vencida. ― Aonde iremos? Parece que ele não está por aqui. ― Olho o ambiente elegante e movimentado com clientes vips e mulheres os acompanhando circulando pelo local. ― Já sei onde Ezra se encontra ― diz, enquanto me deixa para trás e caminha a passos largos até o bar. Alessa é uma mulher linda, sua beleza atrai muitos olhares masculinos, não é à toa que Axl mata e morre por ela. Admiro o amor deles. ― Uma bela dama sozinha em um cassino é um bom sinal. Estremeço ao ouvir a voz maliciosa. Tenho certeza de que não conheço essa pessoa, mas não tenho uma sensação muito boa. Ignoro o desconhecido e me apresso para ir atrás de Alessa, que conversa com um cara que jamais vi em minha vida. Continuo andando até que o homem de voz maliciosa pega em meu braço, me virando para si e apertando meu corpo ao dele. O que esse homem pensa da vida? Que sou uma das acompanhantes do cassino? Tento me afastar do seu aperto, mas não tenho sucesso. ― Uma mulher gostosa como você precisa de um homem viril como eu. Pode sentir meu volume pressionando em seu corpo? ― fala ele. Continuo me debatendo para afastar o louco de mim. ― O senhor pode, por gentileza, me largar? Ou precisarei chamar a segurança para fazer com que você se ponha em seu lugar? Não trabalho aqui nem tão pouco estou disponível ― enfurecida, falo para o homem, que solta uma gargalhada. ― Qualquer mulher aqui está disponível para mim, e você não é diferente das outras ― em tom esnobe, ele rebate. Minha tentativa de amedrontá-lo falhou,pelo jeito. Viro-me para trás e vejo Alessa vindo em minha direção com um olhar furioso, presumo que algo esteja acontecendo atrás de mim, uma vez que não consigo ver nada, pois o corpo do maluco está bloqueando minha visão. Com mais ousadia ainda, ele aperta minha bunda e eu soco seu peito com força, em uma nova tentativa de me soltar. Rapidamente ele se afasta, então ouço a voz de Ezra, só não consigo entender bem o que diz, pois me encontro atordoada. Ele puxa o homem com brutalidade, que acaba me empurrando e me fazendo bater em uma mesa. Por sorte, Alessa está perto o suficiente para me segurar e evitar a minha queda. Tudo acontece rápido demais, poucas palavras acaloradas e um Ezra furioso saca a Glock, como se não se importasse com a plateia ao redor. ― Guarde isso agora! ― exclamo, preocupada. Assustada, olho para Lessa, mas ela parece estar do lado do irmão quando me segura para que eu não me envolva. Já consigo ver o chão banhando de sangue, e as mãos de Ezra sujas com ele. ― Hamilton e Emery, peguem esse senhor e o levem para a sala. Quero ter uma conversinha com ele em particular. ― O homem, que tem fúria nos olhos, coloca a arma de volta no coldre e faz um sinal com a mão. Dois homens aparecem, já preparados para qualquer comando. ― Está louco? Você sabe quem sou eu? Não ousem me tocar, seus fodidos! ― o desgraçado que não sei o nome grita quando os homens de Ezra o pegam e o arrastam para longe. O que vai acontecer com aquele saco de merda eu não sei, mas imagino que não será nada bom, pois os olhos do Knight demonstram frieza. Cacete, o que aconteceu com Ezra? Ele me encara por alguns instantes sem dizer uma palavra sequer. Murmúrios são ouvidos pelo salão de jogos, porém, ninguém é capaz de recriminar a atitude Ezra. Mas quem seria doido o suficiente para enfrentar um membro importante da máfia inglesa? Eu não seria. ― Venha ― Alessa toca o meu ombro ―, precisamos beber alguma coisa. Você está pálida demais ― conclui com uma tranquilidade que me apavora. Ela realmente está mudada, aceitou seu legado e poder herdado. ― E vocês duas, deem o fora do meu cassino, aqui não é lugar para mulheres como vocês ― ordena Ezra, então nos dá as costas e vai na mesma direção em que os seguranças levaram o homem. ― Vamos embora daqui, a babá do Dylan deve estar preocupada. E eu também enojei desse lugar. Sei que ela só quer minimizar a minha dor, e agradeço por isso. Faz quinze minutos que espero a madame Harris, odeio atrasar meus trabalhos por culpa de pessoas irresponsáveis, precisarei ter uma conversa séria com ela antes que eu inicie esse trabalho. Não desejo gastar tanto e depois ter prejuízo, embora eu tenha dinheiro de sobra. Não aceito trabalhar com pessoas irresponsáveis, e essa madame não está me passando uma boa impressão. Encosto minhas costas no espaldar da cadeira e fecho os olhos, lembrando-me da noite anterior, quando deixei todos os demônios que mantive enjaulados saírem assim que aquele filho da puta ousou tocar em Hailey. Perdi a cabeça totalmente. Minha fúria falou mais alto dentro de mim. Ele pagou um alto preço por ter tocado no que é meu. Sinto-me possessivo em relação a ela. Sinto ciúmes dela. Muito ciúmes. Eu o teria matado naquele salão, mas consegui me controlar antes que eu desse um show. Sinto um soco em meu estômago ao perceber que fico descontrolado só de imaginar que outro homem pode colocar as mãos nela. ― Me deixe ir... Por favor... Eu não sabia que ela era sua mulher... Me perdoe! ― A forma como seus lábios tremem me faz sentir a porra de um sádico. O cuzão, que descobri se chamar Dener Mitchel, está sentado na cadeira com as pernas e os braços presos com correntes, chora e implora por clemência enquanto me delicio com as lágrimas que rolam por seu rosto ensanguentado. ― Por favor... não me machuquem mais... Eu já não aguento mais. ― O homem cospe sangue, em seguida, baixa a cabeça e chora. Estou sentado a poucos metros dele, com meus braços cruzados sobre o peito. Faço um gesto com mão para meus soldados, que voltam a esmurrar o rosto do filho da puta que ousou tocar em Hailey. ― Não... Faça isso... Tenho esposa, só me deixe ir ― fala assim que meus homens param de atingi-lo. ― Não ouvi bem, sr. Mitchel. O que disse? ― pergunto com escárnio antes de me levantar e seguir a passos lentos até ele. Hamilton e Emery se afastam assim que lanço um olhar para eles. ― Minha esposa está grávida, não posso morrer. ― Dener soluça, e eu não consigo segurar a risada amarga. ― Tem mulher, mas estava em meu cassino mexendo com outra? Porra, você é muito fodido. Talvez eu arranque seus olhos ou corte seu pau e enfie na sua boca, para aprender que não deve olhar e nem ficar excitado com mulheres que não te pertencem. O que você acha? ― Enfurecido, seguro seu cabelo com uma mão e puxo sua cabeça para trás enquanto a outra aperta seu pescoço com força suficiente para que ele grite como um maricas. ― Por Deus, eu não sabia. Juro. ― O corpo dele treme, assim como a voz que há pouco era firme e soberba, quando atacou Hailey. O que o medo e a dor fazem com uma pessoa. ― Me traga a faca. ― Emery faz o que mando. ― Matar você será um favor à sua esposa e seu filho ― afirmo com a voz sombria. Aperto com mais força seu cabelo quase grisalho, e Dener arregala os olhos. ― Saiam ― ordeno aos dois homens que simplesmente assentem, deixando-me com meu mais novo brinquedinho. Passo a lâmina afiada em suas pálpebras machucadas, fazendo um caminho lento até as bochechas, desenhando padrões irregulares em sua pele como se ela fosse a porra de uma folha de papel. O corpo do homem chacoalha quando a lâmina alcança os lábios, cortando-o em pequenas fatias verticais. O líquido vermelho escorre por seu rosto e eu me delicio com a cena, mas é a dor que enxergo através de seus olhos que me acalenta e satisfaz. Eu poderia parar e poupar a vida dele, mas não quero, na verdade, não consigo. Estou faminto e minha fome só pode ser saciada com o sofrimento do idiota. É insano, irracional. O demônio em meu interior grita para ser libertado e se alimenta da dor que provoca aos outros, assim como eu. Só vou descansar quando derramar a última gota de sangue de Dener Mitchel. ― Ahhh... Ahhhh... você é louco! ― ele grita. ― Sim, eu sou ― admito sem constrangimento, pois é a verdade. O fodido tenta inutilmente se libertar e me irrita pra caralho. Ainda nem comecei e o babaca acha que pode fugir do seu destino. Ele não vai. A lâmina afiada segue rasgando sua pele até a orelha, contorna o lóbulo, e como um maldito psicopata, espero Dener abrir os olhos para cortá-la com um único movimento. Ele grita desesperadamente, mas até nisso o desgraçado é azarado. Apenas uma parte da cartilagem despenca no chão, como um pedaço de merda. Sangue jorra em cascata, sujando minha camisa limpa. Odeio essa merda. ― Por que está fazendo isso? ― Sua voz é quase um lamento de tão fraca. ― Para você aprender ― respondo friamente, usando o aperto em seu cabelo para virar a cabeça de lado. Preciso de um ângulo melhor, só assim vou finalizar essa porra direito. ― Aprender o quê? ― sussurra. Lágrimas se misturando ao sangue formam pequenas poças em seu rosto. ― Os cinco sentidos. Ergo o braço o suficiente para que o golpe seja eficaz, de cima para baixo, jogando no chão o que restou da sua orelha. Mais gritos, mais sangue, mais dor. O monstro não parece satisfeito, no entanto. Ele quer se saciar e... porra! Eu sou o único que pode dar o que ele quer. ― Audição, paladar, olfato, tato e visão ― murmuro, enquanto Dener enfraquece e chora como um garotinho assustado. Seguro seu queixo com força, enfio a lâmina inteira em sua boca e rasgo sua garganta, fatiando sua língua. Seu corpo estrebucha e se contorce de dor, estimulando a adrenalina que me deixa maluco. Trinco o maxilar, ansioso. Meu braço se agita, empolgado, subindo poucos centímetros acima da cabeçade Dener, apenas para descer mais rápido, mais impetuoso e mortal. Dois golpes rápidos perfuram seus olhos, espetando com fúria um de cada vez. Dentro e fora, rápido e seco, esbulhando os globos oculares que dilatam e sangram. O monstro coordena toda a ação, mas é meu corpo quem executa e promove o pavor. A lâmina pintada de carmim se afunda em suas narinas estreitas impiedosamente, ignorando o tamanho desproporcional, rasgando e abrindo sua carne dura como um bife malpassado. Muito sangue. O fodido é uma fonte de líquido vermelho. Denso e quente. ― Você podia ter olhado para a minha mulher, ouvido o que ela tinha para falar, cheirado seu perfume e até sido educado com ela ― vocifero, enquanto uso a barra da camisa para limpar a faca. ― Mas não deveria ter tocado no que é meu. Agora é tarde, porque nunca mais vai tocar em porra nenhuma. E eu vou garantir isso. Um a um, os dez dedos caem aos pés do monstro. Tato, o último dos sentidos. Finalmente, o monstro está alimentado. Pelo menos por enquanto... Sou arrancado dos meus pensamentos quando a porta preta é aberta. Passo a mão na barba e me ajeito na cadeira. ― O que... ― A mulher me encara, surpresa por eu estar sentado em sua cadeira. Os olhos dela são verde-esmeralda, lindos. Seus cabelos são encaracolados, cachos rebeldes, mas bem cuidados. No geral, a mulher é linda, mas não é meu tipo, acho que nenhuma é quando se está desejando pra caralho outra, porém meu orgulho e instinto de proteção falam mais alto. ― Sou Ezra James ― me apresento ao me levantar, mesmo tendo a certeza de que ela sabe quem sou. Não custa nada clarear a memória dela para que saiba com quem está lidando. Sento-me na cadeira à frente dela e arrasto minha valise para o meu lado, enquanto madame Harris se posiciona onde segundos atrás eu estava acomodado. ― Me perdoe pela demora, sr. Knight, tive um imprevisto ― diz a mulher, em um tom profissional. ― Espero que isso não volte acontecer, não tolero trabalhar com pessoas descompromissadas que acham que podem chegar no horário que bem desejar ― falo friamente, verificando as horas no relógio em meu pulso. Madame Harris arregala os olhos. ― Tenho certeza disso, na noite anterior o senhor fez questão de deixar isso muito claro ― declara, deixando claro que entendeu meu recado. ― Mas podemos ir ao que interessa? ― Já devíamos ter começado ― retruco, impaciente. Pego minha maleta e a coloco sobre a mesa, abrindo-a e tirando uma pasta em seguida. ― O sr. Hays me disse que quer algumas informações sobre as meninas ― comenta, educadamente. ― O que quer saber? Estou à disposição. Sem me conter, lanço um sorriso malicioso a ela quando fixa seus olhos em mim. ― Quero saber tudo sobre elas, desde quais doenças já tiveram até a última coloração de seus cabelos. Dossiê completo de cada uma. ― Folheando minha pasta agora aberta, pego o contrato para darmos início a nossa reunião. ― Não será um problema, já tenho esses dados. Tive o cuidado de coletá-los assim que o sr. Hays me acionou ― fala, abrindo uma gaveta e tirando uma pasta cheia de documentos. ― Aqui, pode conferir as informações das minhas meninas, tem tudo o que precisa saber nesses papéis, sr. Knight. ― Ótimo. Gosto de lidar com pessoas eficientes, madame Harris. ― Abro a pasta e olho atentamente alguns papéis. Mesmo com a cabeça baixa, consigo sentir os olhos da mulher sobre mim, mas simplesmente a ignoro e continuo examinando o relatório, as fotos e fichas de algumas meninas. Todas são lindas, parece que foram escolhidas a dedo. Mas a minha curiosidade sobre as garotas se detém mais na idade e nos exames que andaram fazendo durante o período que estiveram dentro do clube. ― Tudo certo, senhor? ― inquire, curiosa. Não digo nada, só balanço a cabeça e volto a prestar atenção nas folhas. ― Sim ― informo minutos depois, ainda concentrado na pasta. ― Mas vou levar uma cópia de tudo isso. ― Claro! ― responde, tensa. Distraído, volto para a página anterior que deixei passar sem querer e me deparo com a foto de Fergie. A imagem me faz lembrar o quanto a amiga do meu irmão Spencer é linda, parece um anjo. Mas... espera. O que Fergie Luther faz no catálogo do meu novo negócio? E por que tem um nome diferente, assim como o sobrenome? Algo está errado, muito errado. ― Madame, esse é realmente o nome dela? ― pergunto, com os olhos fixos na ficha de Fergie, a garota que venho protegendo há tempos, desde que chegou ao meu cassino. ― Qual? ― indaga a mulher. Ergo a foto de Fergie e ela balança a cabeça em concordância. ― Sim, ela se cadastrou com essa identidade no clube, faz mais ou menos cinco anos. Porra, mil vezes porra. Fergie, aquela garota com ar de inocente, que me conquistou por alguns meses com seu passado triste, já tinha vínculos com coisas do submundo há anos? Antes mesmo de nos conhecermos. ― Entendi. ― Pigarreio para não demonstrar que a notícia havia me deixado surpreso. ― Algum interesse por ela? Se estiver, podemos deixá-la exclusiva para o senhor ― diz a mulher, atenciosa. ― Não. Não tenho nenhum interesse ― respondo com grosseria. Com raiva, passo a mão em meu cabelo e solto um xingamento baixo. ― Tudo bem ― fala, parecendo sem jeito e com o tom de voz um pouco baixo. ― Mas o que me diz da ficha das meninas? Está do seu agrado? As perguntas da mulher só servem para me deixar mais atordoado. Que caralho Fergie está fazendo na ficha do clube? ― Não tenho tempo para me agradar com nada. Quando eu voltar, quero conhecer as garotas pessoalmente ― declaro, recolhendo o que me interessa, a pasta. ― Soube que pretende ficar por aqui, então seja bem- vindo à nossa casa ― a mulher deseja calorosamente. ― Você não é paga para especular a minha vida, trataremos apenas de negócios. ― Lanço um olhar duro para ela, que de imediato concorda. ― C... Claro. ― Assente, tentando não mostrar o quanto ficou afetada com o que falei. ― As portas estarão sempre abertas, senhor. Ignoro o gesto de respeito da mulher e caminho para fora da sala. Quando saio da sala da madame Harris, Dylan aparece em meus pensamentos. Hoje eu o verei, por muito tempo estive afastado do meu filho, que ainda é uma criança e não tem culpa de nada. Ele deve sentir minha falta, ou não, e eu o entendo, me comportei como um covarde quando deveria ter feito meu papel de pai, mesmo tendo agora uma posição que requer muita atenção. Ao me aproximar do salão ouço vozes altas, então mantenho meus passos silenciosos para ver o que está acontecendo, e me deparo com uma cena que não me agrada muito. ― Essa porra está errada! Quando o chefe chegar, ele vai acabar com você ― grita um homem alto e gordo, encostado no balcão. ― E fica esperta que ele pode enfiar uma bala no meio dessa sua boca grande, vadia! O homem está prestes a bater no rosto da jovem de cabelos negros. ― Se atreva a fazer isso ― falo, com a expressão endurecida ― e será a última vez que verá a luz do dia ― acrescento. Ele fixa seus olhos arregalados em mim, enquanto a mulher fica com o corpo ereto, sequer se vira para me encarar. ― Ezra James Knight? O que um Knight faz aqui? ― ele gagueja enquanto o encaro. ― Da próxima vez que eu vir você levantando as mãos para uma das garotas daqui, mando arrancar suas mãos e enfiar dentro do seu rabo gordo. ― Ignoro totalmente a sua pergunta ao ameaçá-lo. ― Me perdoe, senhor... Nunca mais toco em nenhuma garota daqui. ― O homem abaixa a cabeça e passa a mão em seu cabelo loiro-escuro. Satisfeito, eu me aproximo mais das duas pessoas e estranho quando a morena, que ainda se encontra de costas para mim, começa a tremer. ― Saia daqui, garota ― ordeno. ― Sim, senhor ― ela sussurra, correndo para longe com seu corpo trêmulo. Por que essa mulher se rendeu tão rápido às minhas ordens? Ela pareceu tão submissa. Não creio que já tenham espalhado a notícia da minha sociedade no bordel, há algo por trás disso tudo e eu irei descobrir. ― Comose chama? ― pergunto ao homem que antes parecia ter coragem o suficiente para machucar uma pessoa indefesa, mas agora está com a cabeça baixa. ― Matteo, senhor ― diz, levantando a cabeça e me encarando. ― Como sabe quem sou? ― pergunto, cruzando os braços sobre o peito. ― Quem não sabe dos irmãos Knight pelas redondezas de Londres? Todos que sabem dos negócios do submundo conhecem o senhor e a sua família. ― Ele coça a barba, em seguida desvia os olhos para a garrafa de bebida no balcão. ― Não te perguntei sobre a minha família, perguntei o que sabe sobre mim ― rosno, espalmando as mãos na madeira marrom e estreitando os olhos. Quando vejo que a cor foge do seu rosto, eu tenho vontade de rir. Ele está apavorado antes da hora, nem mesmo estou irritado. ― Sei que o senhor, além de ser um Knight, é um Ivanov. É herdeiro de duas máfias, evidentemente poderoso ― revela, com a voz falha. ― Se sabe tanto de mim, leve isso como um aviso. Jamais toque nas mulheres desse lugar, elas estão aqui por livre e espontânea vontade. Não estão aqui para apanhar, e sim para trabalhar. ― Lanço um olhar duro em sua direção e vejo o medo atravessar seu rosto. ― Claro. Peço perdão mais uma vez. ― Matteo balança a cabeça. Vai ser um bom investimento, mas tenho consciência que dará mais trabalho que o cassino, porém, estou disposto a encarar o que vier, afinal de contas, sou Ezra James Knight, herdeiro de Kurtz James Knight, um homem que nunca fugiu de uma boa guerra. ― Espero que tenha entendido o meu recado, caso contrário, serei obrigado a te ensinar como é que se bate em alguém. ― Finjo um sorriso antes de dar as costas para ele e sair do local. Quando entrei no prédio, vi que os homens de Killz estavam fazendo a segurança da noite. Com a cabeça apoiada na porta do meu apartamento, tento tomar coragem para enfrentar Hailey. Por alguns minutos fico com a mão na maçaneta, mas sou surpreendido quando alguém a abre, fazendo meu corpo ir para a frente. ― Oh, merda ― Hailey diz. Desço meus olhos para os trajes dela e engulo em seco, em seguida me recomponho. A mulher à minha frente, com ou sem produção, faz qualquer homem ficar louco, mas essa Hailey de agora me deixa de boca aberta e cheio de ciúmes. Encaro com fascínio a irmã de Scarlet. Com um vestido curto da cor creme, que tem um decote em �, com pedras por ele todo, e os cabelos loiros soltos com uma certa ondulação... porra ela está maravilhosa. Seus lábios pintados em um tom rosa-claro e olhos marcados com grandes cílios realçam a beleza de seus lindos olhos. A tia de Dylan me olha com seriedade, como se estivesse questionando a minha presença no meu próprio apartamento. ― Boa noite. Está de saída? ― Coço a nuca, ainda olhando para ela, porém, não obtenho resposta alguma. ― Pai? ― Dylan grita e vem até mim. Só quando ouço meu filho que percebo a presença da minha irmã. Isso soa tão estranho. ― Oi, garotão. Senti saudades. ― Me agacho para poder abraçá-lo. ― Alessa, o Dy já está pronto, preparei tudo para que possa levá-lo ― avisa Hailey, ainda ignorando a minha pergunta. ― Hailey, podemos nos falar em particular? Coisa rápida. ― Dou um beijo na testa de Dylan, em seguida, Alessa pega na mão dele sem me dizer uma palavra. Fico grato pelo gesto dela em nos permitir falar sem meu filho por perto ― Vamos ali, querido ― minha irmã fala ao se afastar com o menino, que é minha cópia fiel quando eu era pequeno. ― Ezra, depois de tantas tentativas de conversas com você, somente hoje você decidiu tirar um tempo pra falar comigo? Realmente, as pessoas são decepcionantes ― fala com atrevimento, jogando os cabelos para trás. ― Eu só quero conversar, Hailey. ― Fixo meus olhos nos dela, que estão semicerrados em minha direção. Ela está com raiva, conheço-a muito bem. ― Você tem dois minutos, minha carona está chegando e não posso me atrasar ― conclui, andando até o quarto de hóspedes. Ela não me quer no quarto dela e não quer ir até meu quarto também. Silenciosamente, caminho atrás dela sem tirar os olhos da sua bunda maravilhosa. Caralho, essa mulher é gostosa demais. Puto com meus pensamentos fodidos, passo a mão no rosto e solto um palavrão baixinho. Hailey abre a porta e fica de frente para o espelho, então nossos olhos se cruzam por ele. ― Cinquenta segundos, Ezra. Seu tempo está acabando, vai falar ou ficar admirando minha bunda descaradamente? ― ela diz, cheia de raiva. Ah querida, eu poderia fazer os dois, acredite. Penso mil loucuras que desejo fazer com essa mulher, mas decido tomar um caminho diferente. ― O que tenho a dizer é bem interessante. Posso me aproximar de você ou corro risco de ser enforcado? ― falo em tom sério, mas por dentro estou sentindo vontade de rir. ― Estamos próximos o suficiente ― fala, enquanto me aproximo mesmo com a sua negativa. ― Você poderia se virar e me ouvir, loira? ― pergunto em tom baixo ao mesmo tempo em que a vejo me desafiar com seus lindos olhos claros por tê-la chamado de loira. ― Diga logo o que quer, e, por favor, se afaste um pouco. ― Ela dá um passo para trás e abre as mãos na frente do meu peito com a intenção de me afastar, sem sucesso, claro. Aproveito a sua tentativa e a pego pela cintura com carinho, quebrando toda e qualquer barreira que havia entre nós. ― Hailey, eu gosto de você. ― Acaricio sua pele por cima do tecido. Por algum tempo, ficamos nos olhando, mas Hailey de repente fala: ― Gostar todos gostam, Ezra. Não estou entendendo a sua mudança inútil, isso só prova a minha teoria. ― A loira não contém a fúria na voz. ― Está enganada, não sabe dos meus motivos... Não sabe por que não podemos ficar juntos. Ainda. ― Giro nossos corpos e a empurro sobre a cama. Caindo por cima dela, prendo seus movimentos e sinto sua respiração ofegante enquanto nos encaramos profundamente. Não perco tempo antes de a tomar com um beijo desesperado, como se fosse o nosso último. Acaricio seus braços com ternura, tentando demonstrar o que não consigo colocar em palavras. Hailey coloca as mãos em meus cabelos e as desliza para a minha nuca e começa a retribuir o beijo intensamente. Ela está tão inteira, tão entregue. Vagarosamente, subo o seu vestido e paro quando Hailey me empurra para o lado. Não crio resistência, acreditando que virá para cima de mim. Ledo engano, a diaba se levanta e arruma a roupa e os cabelos, depois se vira para mim. ― Retornarei por volta das quatro horas da madrugada, se quiser conversar, esteja aqui nesse horário. Afinal de contas, nada do que fez até agora me interessou ― fala, limpando os lábios borrados de batom. ― Caralho, Hailey! ― urro, frustrado enquanto continuo deitado na cama, com as mãos no rosto. Saindo rebolando, ela bate a porta com força e me deixa furioso na cama, sem saber se devo ir atrás dela ou ficar onde estou. Pego o celular do bolso e mando uma mensagem de texto para Spencer. “Mande três homens seguirem Hailey a distância para que ela não note a presença deles.” Ao terminar de enviar a mensagem, eu me levanto da cama e só neste momento reparo a grande ereção. Porra, a mulher me atiça e depois saí, me deixando de pau duro. “Para quem não queria saber da gêmea está bem possessivo, irmão.” Essa é a resposta de Spencer. Desgraçado! Solto um grunhido e digito para ele, com raiva. “Vá se foder, Spencer. Só faça o que estou mandando.” Em poucos minutos tenho a reposta. “Claro, chefe! Ah, o nome dele é Joseph.” “O quê?” Envio a mensagem com a sobrancelha franzida, sem entender a sua resposta. “A sua lerdeza não me surpreende. Quando perder a Barbie gostosa, não venha choramingar para mim e Carter, seu fodido” Ignorando meu irmão, guardo o celular no bolso e decido encarar Dylan e Alessa. Pego um táxi na esquina do prédio de Ezra, eu não dei o gostinho de dizer que sairia sozinha, na verdade, não devo satisfações a ele. Alessa sugeriu que eu tirasse uma noite para mim, de início achei loucura, mas depoisde pensar melhor, decidi que tentarei dar um rumo para a minha vida, que farei novas escolhas, e nada melhor que uma noite para me divertir. ― Senhora, chegamos ― diz o motorista, me tirando dos meus pensamentos. ― Ah sim. Obrigada. ― Tiro o dinheiro da carteira e entrego a ele antes de sair do carro. Respiro fundo, ajeito meu cabelo e... Vamos lá, Hailey, essa noite é sua! Atentamente, olho para o local na minha frente e sinto o frio na espinha bater. Com as mãos trêmulas, engulo em seco, depois fecho os olhos procurando forças para seguir em frente. A noite está fria e me arrependo por não ter trazido um casaco, mas saí com tanta pressa, que não me lembrei de nada, quer dizer, somente dos lábios de Ezra contra os meus e aqueles lindos olhos esverdeados me encarando como se quisesse mais de mim. ― Boa noite ― a mulher alta e elegante me aborda na entrada do bar. ― A senhora tem reserva? ― Ela me mede dos pés à cabeça. ― A sra. Knight me disse que o lugar é bom para passar o tempo. ― Quando toco no nome da minha amiga, a mulher arregala os olhos negros e depois dá um sorriso sem graça ao me dar passagem. ― Sra. Aubrey ou Alessa? ― ela pergunta, curiosa. Passo a língua entre os lábios e solto um riso baixo, então me viro para encarar a morena, que me olha com a testa franzida. Por que esse súbito interesse dela? Ai, ai, eu sou muito desconfiada. Decido relaxar e responder de uma maneira que cale a boca dela. ― Para você ter saído do lugar e me dado acesso, acredito que só o sobrenome delas já basta para que eu possa me divertir essa noite ― concluindo, dou as costas para a interesseira, porque sei que ela não causará problemas para mim, então sigo o meu caminho. Quando enxergo a pequena pista de dança, abro um sorriso e jogo os cabelos para trás ao me encaminhar para o enorme balcão onde as pessoas conversam e riem alto. Aproximo-me a fim de pedir uma bebida, mas alguém toca no meu ombro. ― Quer dançar, loirinha gostosa? ― o homem bêbado pergunta, encostando seus lábios nojentos em minha orelha. Puta que pariu. O que esses machos escrotos acham que eu sou? Furiosa, eu me viro e semicerro os olhos, pronta para fazer o filho da puta engolir as palavras, mas o rapaz vestido com um avental marrom do outro lado do balcão se manifesta, para a sorte do escroto, pois eu seria capaz de arrancar suas bolas e fazê-lo engolir, uma por uma. ― Brandon, deixe a moça em paz ― o barman pede. O homem baixinho e barbudo solta uma gargalhada. Deus, as confusões estão caindo de paraquedas no meu colo ultimamente. ― Não estou a fim de dançar. Caia fora antes que eu quebre sua cara, otário! ― retruco, me afastando mais do homem. ― Ela é uma leoa, Andrew! ― Brandon, como o barman o chamara, me olha com malícia. ― Está errado, eu sou uma cobra que a qualquer momento pode dar o bote ― falo entredentes, fechando um punho. ― Sr. Percy, deixe a senhora em paz ou serei obrigada a mandar os seguranças o arrastarem para fora daqui ― avisa a mesma mulher que me recepcionou na entrada do bar. O velho tarado recua rapidamente, sorrindo, só então noto que falta um dente naquela boca. ― Obrigada. ― Agradeço a morena e dou alguns passos para longe deles. Começo a reparar ao meu redor e percebo que todos estão me olhando com curiosidade, acabei sendo a atração da noite sem querer. ― As coisas não poderiam estar melhores ― digo baixinho ironicamente antes de colocar um sorriso falso no rosto e respirar fundo. Sinto alguém atrás de mim e viro meu rosto, encontrando o velho encrenqueiro novamente. ― Por que ela é especial aqui? Por acaso é filha do presidente? Me deixe ver... Ela é mulher de um dos mafiosos que dizem ter por aqui, Lindy? ― Brandon ironiza e ri, arrancando risada de alguns no salão. A tal Lindy fica pálida e parece me pedir desculpar com um olhar que me lança. ― Homem, você quer deixar a sua esposa viúva antes da hora? ― ela pergunta, empurrando o homem para longe de mim. O que esses homens têm? Ficam insistindo mesmo quando eu os rejeito. Eles realmente pedem para morrer. Ignoro os burburinhos que preenche o local e sigo até o balcão, sentando-me em uma das banquetas. ― Aquela vagabunda me traiu! Não seria nada doloroso para ela que dissesse que uma loira gostosa me chupou ― o bêbado diz, quase que gritando. Finjo que nada está acontecendo, mas a minha vontade é socá-lo até que fique sem o resto dos dentes. Só que vou manter a calma, não quero sujar minhas lindas mãos de sangue. ― Me dê uma bebida ― peço, passando a mão em meu cabelo. ― Tem preferência, senhora? ― o barman pergunta. Passo meus olhos pelas bebidas, mas não consigo encontrar uma que me agrade. ― A mais forte que tiver por aí ― peço, engolindo a raiva que ferve dentro de mim. Alguns homens acham que as mulheres nasceram para serem submissas, mas eu aprendi, na dor e na marra, que devemos nos amar em primeiro lugar. E por mais que tenhamos sentimentos e o cara seja um grande filho da puta, devemos nos manter firmes e nos valorizar, porque se não fizermos isso, quem o fará? Ninguém. Ter amor- próprio é tudo. Amo Ezra. Deus e a família dele sabem o quanto meus sentimentos são verdadeiros, mas se for para ele ser meu, será, porém, terá que mudar o seu comportamento e ser homem o suficiente para poder me conquistar. ― Aqui ― diz o barman, me entregando o copo de Cranberry Vodka. ― Isso me parece refrescante ― murmuro, ansiosa pela bebida avermelhada que vem acompanhada por algumas pedras de gelo. ― É uma das melhores. ― O rapaz se afasta quando outro cliente o chama. Ao levar o líquido a minha boca, me delicio com o gosto, tanto que vejo algumas pessoas que estão próximas me olhando com cara de espanto. Qual é? Uma mulher não pode tomar algo forte e achar gostoso? Faça-me o favor. ― Oh, porcaria. ― Meu celular vibra na bolsinha, e a única coisa que me vem ao pensamento é meu menino Dylan. Na tela brilha o nome de Lessa. “Deixei Dylan com o pai, recebi uma ligação de Axl dizendo que era urgente. Tive que ir vê-lo, mas não se preocupe que Ezra sabe cuidar do filho. Divirta-se, gata!” Por um instante fico preocupada, mas releio a mensagem e decido aquietar minha bunda no banco. Há alguns meses fiz uma entrevista com uma babá para o meu sobrinho, a coitada quase desistiu de trabalhar para mim quando os Knight, exceto Ezra, vieram com milhares de perguntas para cima dela, mesmo eu já sabendo que tinham levantado a ficha da mulher. Mas, no final das contas, consegui deixar Aurora mais tranquila e a contratei para ficar com Dylan de duas a três vezes na semana. Sorrindo, digito para a minha amiga. “Uma notícia boa essa noite. Te amo, garota” Em poucos instantes, recebo a resposta dela. “Verdade, amiga, mas e aí, como está você? Encontrou algum gato para se divertir?” Cubro a boca com a mão para abafar a risada ao terminar de ler a mensagem que Alessa me enviou, e não demoro muito para responder. “Só encontrei um bêbado tarado, nada mais que isso. É lamentável, eu sei (risos).” Envio a mensagem, divertida, esperando por resposta. Viro o rosto e noto que o bar está mais tranquilo, parece que o senhor safado sumiu do mapa, alguém deve ter dado um jeito nele. Meu celular vibra, e eu o desbloqueio. “Poxa, se eu soubesse teria mandando aquele amigo gostoso do Rique ir aí te animar.” Não contenho a risada alta, logo digito. “Me respeite, sua safada! Cadê o seu marido, hein?” Leio a resposta dela e me engasgo com a minha própria saliva. “Meu marido gostoso está tomando banho, acabamos de transar, mas eu quero mais.” Arqueio a sobrancelha e dou risada enquanto escrevo. “Deixe de ser nojenta! Não quero saber das suas intimidades, eca.” Só alguns minutos depois que meu telefone vibra, me fazendo gargalhar com a sua resposta. “Pelo amor de Deus, Hai! Quem não transa hoje em dia? Você não é nenhuma virgem que eu sei!” Reviro os olhos, mordisco o lábio inferior e volto a teclar. “Faztanto tempo que não sei o que é gozar de verdade, amiga.” Sem esperar a resposta dela, decido aproveitar a noite e desligo o celular, guardando-o em minha bolsa em seguida. ― Uma dama sozinha? Isso é pecado. Fico toda arrepiada ao ouvir a voz extremamente sexy e quente. Joseph Rules. Que homem! Não acredito que Alessa o mandou aqui. Tenho certeza de que a safada estava me sondando para saber se esbarrei no bonitão. ― O... Oi? ― gaguejo sem querer, girando meu corpo no banquinho para admirar a beleza do homem. Descaradamente, passeio meus olhos no corpo do loiro. Ele veste uma calça jeans escura, um suéter mais ajustado ao corpo cor vinho, marcando a sua musculatura. Joseph arqueia a sobrancelha, em seguida, passa a mão na barba por fazer. Não deixo de sorrir abertamente quando sou pega. ― Não se lembra de mim? ― Ele finge estar triste, mas em seguida sorri de lado, o que aumenta o meu sorriso. ― Seu nome é Hailey, certo? ― O amigo de Enrique me lança um olhar tão profundo, que juro que estou respirando com dificuldade. ― Não conheço outra, meu bem ― brinco, e Joseph inclina um pouco a cabeça para trás e dá uma gargalhada. ― Junte-se a mim, sr. Rules ― eu o convido, mostrando o banco disponível ao meu lado. ― Corro o risco de ser morto? ― Joseph inquire, brincalhão, olhando para os cantos do local. ― Ainda tenho muitos desejos para realizar. ― Pensei que um verdadeiro soldado nunca fugia de uma boa guerra ― falo, olhando bem em seus olhos. Em momento algum ele foge do meu olhar, me olha como se estivesse me desafiando. Céus, acho que estamos flertando. ― Antes de entrar em campo preciso saber se ele é minado ― o homem sussurra as últimas palavras com segundas intenções. ― Wow, isso foi intenso! ― exclamo, realmente envergonhada porque seus olhos queimam em cima de mim. Esse cara é bem corajoso, gosto disso. Ele me dá um meio sorriso como se adivinhasse meu pensamento. Constrangida, desvio meus olhos para uma mesa onde tem algumas pessoas se divertindo. O homem me deixou tão sem jeito, que nem tinha percebido que começou a tocar uma música. Não reconheço a cantora, mas a voz é baixa e extremamente sexy combina com o momento. ― Eu sou todo intenso, linda ― quando ele fala, sou obrigada a encará-lo. ― Você não deixa nada passar, certo? ― brinco, jogando a cabeça para trás e gargalhando. ― Por que deixar? Costumo ser bem direto, ficar de rodeios não é comigo. Nesse meio tempo, faço um sinal para o barman, pedindo outra bebida. Neste instante, meu foco é outro. ― Gosto disso. ― Pisco para ele. ― Bom saber. ― Sorri de lado, em seguida muda de assunto. ― Soube que em breve vai trabalhar com Alessa Knight, parece que nos veremos com mais frequência. ― Joseph passa os dedos pelos cabelos. ― Acho que sim. E agora que o Enrique está de volta, a minha amiga se sente mais segura, a amizade deles é linda ― confesso, sorrindo. Ele assente, sério. ― Meu amigo sempre foi corajoso. ― Joseph elogia Enrique, e rapidamente entendo o porquê. ― Conan se foi, mas deixou algo de bom para a sobrinha ― comento baixinho, só para mim, talvez ele nem saiba da história. ― Você não bebe? ― pergunto, só percebendo agora que o barman não nos interrompeu para entregar a minha bebida, ela simplesmente foi colocada ali. ― Não bebo. Só vim conhecer o lugar, ouvi falar bastante daqui ― revela, abrindo um sorrisinho safado. De repente, o ambiente fica pequeno para mim. Nervosa, cruzo e descruzo as pernas algumas vezes. ― O que veio procurar em Londres? ― Minha curiosidade aumenta, então pego meu copo e levo o líquido a minha boca. ― Gosto de conhecer novos ares, e aqui foi uma boa opção ― responde, seus olhos fixos em mim. Coloco o copo no balcão, depois jogo meu cabelo para trás antes de falar: ― Interessante, sr. Rules, temos aqui um aventureiro. ― Sorrio, interessada na nossa conversa. ― Já te disseram que quando sorri fica mais linda ainda? Estou encantado por seu sorriso desde que nos conhecemos. Por acaso é algum tipo de feiticeira, senhorita? Estou prestes a responder quando ouço um pigarreio alto, e sem vontade de me virar para ver quem é, continuo como estou. ― Atrapalho, senhores? Quase caio para trás quando ouço a voz de Spencer, o caçula dos Knight. O que ele faz aqui? Meu Deus... Nem quero imaginar. Me viro e olho para o loiro que está com a cara fechada, mas logo um sorriso perverso aparece. Acabo de perder a paz que me restava. ― Você deve ser o Spencer James Knight ― diz Joseph, se levantando e estendendo a mão para o irmão de Ezra, mas o desgraçado recusa e toma o lugar que antes era do amigo de Enrique. ― Me deixe sozinho com ela, sr. Rules ― Spencer não pede, fala como se fosse uma ordem. O mal-educado sequer olha para Joseph, porque está muito ocupado me vigiando, como se a qualquer momento eu fosse fugir. Maldito seja Ezra, desconfio que tenha um dedo dele nessa história. Ignoro o idiota que agora me dá um sorrisinho convencido e olho para o homem que parece louco para socar a cara do Spencer. ― Claro, sr. Knight, com licença. Até logo, Hailey. ― Joseph me olha como se estivesse pedindo desculpas, mas logo se afasta. Que porcaria! Alessa provavelmente enviou o lindo do Joseph para me fazer companhia, mas então a sombra do Ezra aparece para acabar com tudo. Com raiva, eu me levanto e coloco a mão na cintura. ― O que você quer? Aquele cretino te enviou? ― pergunto, furiosa por ele ter estragado a minha noite. ― Não posso afirmar algo que pode colocar minha vida em risco ― Spencer debocha, piscando para mim. Fico boquiaberta quando ele pega a bebida que era para ser do meu acompanhante e toma de uma vez só. ― Que delícia! ― Você é muito exibido, sabia? Parece que ser babaca está no ��� de vocês! ― Cuspo as palavras, revoltada. ― Especialidade dos filhos de Kurtz James Knight. ― Ele me mede descaradamente com o olhar. ― Diga ao seu irmão que não preciso de babá, sei me cuidar ― reclamo, fazendo sinal para que o barman me traga outra bebida. ― O caso aqui não é esse, loira ― fala, com a expressão endurecida. ― Eu sempre soube que era mais corajosa que a sua irmã, não tem comparação, mas você precisa entender que ainda temos um dos nossos inimigos vivo por aí. Balanço a cabeça em concordância, mas não abro a boca para me pronunciar, simplesmente o observo. ― Lucke é capaz de qualquer coisa para atingir a nossa família. Ainda que você não se sinta parte dela, você é, e pior... você é o ponto fraco do meu irmão e não posso permitir que nada aconteça a você. Hailey, você sabe que é a fraqueza de Ezra, e se ele te perder ficará louco, acredite. ― Sua voz sai meio sombria, me fazendo estremecer. Sem palavras, eu me remexo na cadeira e solto uma respiração profunda. ― Tudo que sou hoje é graças àquele filho da puta que ele é hoje. Sei que nada do que eu diga pode fazer muito sentido para você, mas não posso deixar que fique aqui exposta. Você tem duas opções, vem comigo ou eu fico com você e podemos nos divertir. ― Ele sorri de lado e eu reviro os olhos. ― Tudo bem, vou com você. ― Acabo cedendo ao me lembrar que Dylan ainda precisa de mim, e morrer agora não é a melhor opção. Não faço isso por Ezra, faço pelo meu filho. Dylan é meu filho do coração. ― Boa escolha, loira. Vamos dar o fora daqui. ― Spencer estende a mão para que eu a pegue. ― Preciso pagar a conta ― falo, aceitando a sua mão. ― Lindy, põe na minha conta, baby ― pede o safado, piscando para a mulher que antes me olhava feio e agora mudou totalmente o comportamento para ganhar uma mísera atenção de um dos Knight. ― Pode deixar, querido ― diz, manhosa, batendo os cílios. ― Que vaca! ― Reviro os olhos ao deixar o Knight caçula para trás e seguir para fora do estabelecimento. ― Espere por mim, cunhadinha linda ― grita Spencer para me provocar. Malditos sejam os Knight! Saio do bar com Spencer, a noite tinha tudo para ser ótima até ele aparecer. Entendo os seus motivos
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