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INDICADORES DE SAUDE - UNASUS

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Prévia do material em texto

Este módulo pretende motivar e instrumentalizar o uso dos 
conceitos e ferramentas da Epidemiologia no desenvolvim-
ento de atividades nas Unidades de Saúde, junto às comuni-
dades. Com isso, você poderá desenvolver em sua prática 
cotidiana, a leitura da realidade sociossanitária e de morbi-
mortalidade da população na Unidade de Saúde de seu 
município. 
UNA-SUS
Conceitos e ferram
entas de Epidem
iologia -2010
Saúde da Família
Eixo I - Reconhecimento da Realidade
Secretaria de Estado da Saúde
Santa Catarina
Modalidade a Distância
Especialização em
Módulo 3: Conceitos e ferramentas
 da Epidemiologia
UNA-SUS
ConCeitos e 
ferramentas 
da epidemiologia
 
Módulo 3
GOVERNO FEDERAL
Presidente da República 
Ministro da Saúde 
Secretario de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) 
Diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES) 
Coordenador Geral de Ações Estratégicas em Educação na Saúde 
Responsável Técnico pelo Projeto UNA-SUS 
Consultora do Projeto UNA-SUS 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Reitor Álvaro Toubes Prata 
Vice-Reitor Carlos Alberto Justo da Silva 
Pro-Reitora de Pós-graduação Maria Lúcia de Barros Camargo 
Pró-Reitora de Pesquisa e Extensão Débora Peres Menezes
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Diretora Kenya Schmidt Reibnitz 
Vice-Diretor Arício Treitinger
DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA
Chefe do Departamento Walter Ferreira de Oliveira 
Subchefe do Departamento Jane Maria de Souza Philippi 
Coordenadora do Curso Elza Berger Salema Coelho
COMITÊ GESTOR
Coordenador Geral do Projeto Carlos Alberto Justo da Silva 
Coordenadora do Curso Elza Berger Salema Coelho 
Coordenadora Pedagógica Kenya Schmidt Reibnitz 
 Coordenadora Executiva Rosângela Leonor Goulart 
Coordenadora Interinstitucional Sheila Rubia Lindner 
 Coordenador de Tutoria Antonio Fernando Boing
EQUIPE EaD
Alexandra Crispim Boing
Antonio Fernando Boing
Eleonora Milano Falcão Vieira
Fátima Büchele
Marialice de Mores
Sheila Rubia Lindner
AUTORES
Antonio Fernando Boing, Dr.
Eleonora d’Orsi, Drª
Calvino Reibnitz, Dr.
REVISOR
Marco Aurélio de Anselmo Peres
UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS - UNA-SUS
ConCeitos e 
ferramentas 
da epidemiologia
 
Florianópolis 
Universidade Federal de Santa Catarina
2010
Eixo I 
Reconhecimento da Realidade
©Todos os direitos de reprodução são reservados à Universidade Federal de Santa Catarina. 
Somente será permitida a reprodução parcial ou total desta publicação, desde que citada a fonte. 
Edição, distribuição e informações:
ISBN: 978-85-61682-40-8
Universidade Federal de Santa Catarina
Campus Universitário 88040-900 Trindade – Florianópolis - SC
Disponível em: www.unasus.ufsc.br
Ficha catalográfica elaborada pela Escola de Saúde Pública de Santa Catarina Bibliotecária res-
ponsável: Eliane Maria Stuart Garcez – CRB 14/074
Universidade Aberta do SUS. 
 Conceitos e ferramentas da epidemiologia [Recurso eletrônico] 
/ Universidade Aberta do SUS;, Antonio Fernando Boing, Eleonora d’ 
Orsi, Calvino Reibnitz Júnior. Florianópolis : UFSC, 2010.
97 p. (Eixo 1. Reconhecimento da Realidade).
Modo de acesso: www.unasus.ufsc.br
Conteúdo do Módulo 3. – Conceitos de epidemiologia. – Indicadores 
de saúde. – Sistema de informação em saúde Acessando os sistemas 
de informações em saúde. O uso da epidemiologia no contexto da sua 
unidade de saúde.
ISBN: 978-85-61682-40-8
1.Indicadores de saúde. 2. Sistema de informação. 3. Atenção à 
saúde. 4.Epidemiologia. I. UNA-SUS. II. Boing, Antonio Fernando. III. d’ 
Orsi, Eleonora. IV. Reibnitz Júnior, Calvino V. Título. VI. Série. 
 
 CDU: 361.1
U588i
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL
Coordenadora de Produção Giovana Schuelter
Design Instrucional Isabel Maria Barreiros Luclktenberg, Marcia Melo Bortolato 
Revisão Textual Ana Lúcia P. do Amaral 
Design Gráfico André Rodrigues da Silva, Felipe Augusto Franke 
Ilustrações Aurino Manoel dos Santos Neto, Rafaella Volkmann Paschoal
Design de Capa André Rodrigues da Silva, Felipe Augusto Franke, Rafaella Volkmann Paschoal 
Projeto Editorial André Rodrigues da Silva, Felipe Augusto Franke, Rafaella Volkmann Paschoal 
Revisão Geral Eliane Maria Stuart Garcez
SUMÁRIO
unidade 1 conceitos de epideMiologia ....................................... 13
1.1 Definição de Epidemiologia .......................................................... 13
1.2 Início da Epidemiologia................................................................. 14
1.3 Aplicações da Epidemiologia ........................................................ 15
1.4 Outras Definições ......................................................................... 18
1.5 Medidas de Frequência de Doenças ............................................. 19
RefeRências ......................................................................... 27
unidade 2 indicadoRes de saúde ............................................... 29
2.1 Indicadores de Saúde: Tipos e Aplicações ..................................... 29
2.2 Indicadores de Mortalidade .......................................................... 34
2.2.1 Mortalidade Proporcional por Causas .................................. 34
2.2.2 Mortalidade Proporcional por Idade ..................................... 36
2.2.4 Taxa ou Coeficiente Geral de Mortalidade (CGM) .................. 39
2.2.5 Taxa de Mortalidade Específica por Sexo, Idade ou Causa .... 41
2.2.6 Mortalidade Infantil ............................................................. 42
2.2.7 Mortalidade Materna ........................................................... 47
2.3 Indicadores de Fecundidade ......................................................... 49
2.4 Indicadores de Hospitalizações e Mortes Evitáveis........................ 51
2.4.1 Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária ..... 52
2.4.2 Lista Brasileira de Causas de Mortes Evitáveis 
por Intervenções do Sistema Único de Saúde ....................... 52
RefeRências ......................................................................... 54
unidade 3 sisteMa de infoRMações eM saúde (sis) ...................... 57
RefeRências ......................................................................... 64
unidade 4 acessando os sisteMas de infoRMações eM saúde (sis) .. 67
4.1 Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) ......................... 67
4.2 Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) ............... 72
4.3 Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) ........... 75
4.4 Sistema de Informações Hospitalares 
do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) .......................................... 78
4.5 Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) ......................... 80
4.6 Outros Sistemas de Informações de Saúde................................... 83
4.6.1 Sistema de Informações sobre Orçamento 
Público em Saúde (SIOPS) .................................................... 83
4.6.2 Programa de Atenção à Hipertensão Arterial 
e ao Diabetes Mellitus (HIPERDIA) ........................................ 83
4.6.3 Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) ...... 83
4.6.4 SisPreNatal ....................................................................... 84
4.6.5 Sistema de Informação do Programa 
 Nacional de Imunização (SI-PNI) .......................................... 84
4.6.6 Sistema Nacional de Informações 
Tóxico-Farmacológicas (SINITOX) ......................................... 84
RefeRências ......................................................................... 85
unidade coMpleMentaR o uso da epideMiologia no 
contexto da sua unidade de saúde ............................................ 89
RefeRências ......................................................................... 96
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO
Caro(a) especializando(a),
Seja bem-vindo(a)! Você está iniciando o estudo do módulo de 
Epidemiologia, cujos conceitos e métodos são aplicadosatualmente 
a um amplo espectro de ações de promoção de saúde e prevenção 
de doenças e agravos. Um estudo que inclui doenças crônicas, 
problemas ambientais, socioeconômicos, injúrias e também doenças 
infecciosas que surgiram recentemente, como a AIDS, e outras que 
se intensificaram, como a tuberculose.
Neste módulo, você entrará em contato com uma série de métodos e 
ferramentas que podem ser utilizados para orientar decisões em saúde 
e para contribuir no desenvolvimento e avaliação de intervenções 
voltadas ao controle e à prevenção dos problemas de saúde. 
Iniciaremos conceituando Epidemiologia e conhecendo seus usos e 
aplicações no campo da Saúde Pública. Também conheceremos as 
medidas de frequência de doenças: a incidência e a prevalência. 
Aplicá-las em seu cotidiano profissional é de grande relevância para 
a prática assistencial, em ações de prevenção de doenças e na 
promoção da saúde na sua comunidade.
Também discutiremos alguns importantes indicadores da saúde, 
reforçando a importância do uso de alguns que você já conhece e 
apresentar outro , cujo uso são desejáveis na ESF. Tais indicadores 
podem ser obtidos a partir de Sistemas de Informações em Saúde, 
que, como mostraremos, são de fácil uso e enorme potencial para a 
Equipe de Saúde da Família pensar, avaliar suas ações e estratégias 
desenvolvidas.
Todo o Módulo está direcionado para a aplicação prática e com 
vários exemplos na ESF.
Desejamos que, a cada unidade, você desenvolva novos 
conhecimentos e habilidades para aplicar junto com sua Equipe na 
sua prática em Saúde da Família.
Ementa
O desenvolvimento do processo de reconhecimento da realidade por 
meio de instrumentais epidemiológicos. Sistemas de Informações em 
Saúde. Análise de dados para diagnóstico das situações de saúde.
Objetivos
a) Conceituar Epidemiologia e conhecer as principais medidas de 
frequência de doenças utilizadas na Epidemiologia;
b) Conhecer, aprender a calcular, interpretar e discutir a importância 
dos indicadores de saúde para o seu trabalho na Estratégia 
Saúde da Família;
c) Debater a utilização cotidiana dos indicadores de saúde como 
compromisso de todos os que atuam na Estratégia Saúde da 
Família;
d) Explorar alguns dos principais Sistemas de Informações em 
Saúde, identificando os meios de acessá-los, os indicadores de 
saúde que produzem e suas potencialidades para a Estratégia 
Saúde da Família.
Carga horária: 30hs.
Unidades de Conteúdo:
Unidade 1: Conceitos de Epidemiologia.
Unidade 2: Indicadores de Saúde.
Unidade 3: Sistema de Informações em Saúde (SIS).
Unidade 4: Acessando os Sistemas de Informações em Saúde 
(SIS).
Unidade Complementar: O Uso da Epidemiologia no Contexto da 
sua Unidade de Saúde
PALAVRAS DOS PROFESSORES
Neste módulo você vai entrar em contato com alguns conceitos 
importantes que irão contribuir para o desenvolvimento de suas 
atividades na Unidade de Saúde. Vai perceber que estes conceitos 
são úteis para planejar melhor a coleta, a sistematização e a análise 
dos dados em saúde, na sua unidade e município. Com isso, você 
e sua equipe poderão desenvolver, como prática cotidiana, a leitura 
da realidade sociossanitária e da morbi-mortalidade da população, 
utilizando tais informações para o planejamento local de saúde e a 
avaliação das ações adotadas. As ferramentas e conceitos que serão 
apresentados fazem parte da Epidemiologia. 
Na sua prática cotidiana, junto à Estratégia Saúde da Família você 
certamente se depara com uma série de fichas ou formulários 
eletrônicos que precisa preencher. Ao longo do módulo, vamos 
discutir como transformar esse ato, que em determinado contexto 
pode parecer meramente burocrático, em uma atividade com grande 
potencial de embasar as práticas assistenciais e de promoção de 
saúde que você e sua equipe desenvolvem. Vamos discutir o uso da 
informação para a ação e adentrar em alguns Sistemas de Informações 
em Saúde, com vistas ao seu uso em sua prática profissional no 
âmbito da ESF.
Antonio Fernando Boing, Dr. 
Eleonora d’Orsi, Dra.
Calvino Reibinitz, Dr. 
Unidade 1
 
Módulo 3
Unidade 1 – Conceitos de Epidemiologia 13
1 CONCEITOS DE EPIDEMIOLOGIA
Nesta unidade estudaremos conceitos básicos e os principais usos 
da Epidemiologia. Em seguida, serão abordados os conceitos de 
incidência e prevalência, importantes medidas de frequência de 
doenças e demais eventos relacionados à saúde.
No AVEA está disponível um vídeo com todo o conteúdo desta unidade. 
Recomendamos que você o assista no início dos estudos e que reveja 
ao final, antes de fazer sua autoavaliação.
Ambiente Virtual
1.1 Definição de Epidemiologia
Epidemiologia pode ser definida como a ciência que estuda o processo 
saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição 
e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e 
eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas 
de prevenção, controle ou erradicação de doenças, e fornecendo 
indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e 
avaliação das ações de saúde (ROUQUAYROL e GOLDBAUM, 2003).
Pelo significado da palavra, podemos entender melhor do que se 
trata:
EPI = sobre
DEMO = população
LOGOS = estudo
A Epidemiologia congrega métodos e técnicas de três áreas 
principais de conhecimento: Estatística, Ciências da Saúde e Ciências 
Sociais. Sua área de atuação compreende ensino e pesquisa em 
saúde, avaliação de procedimentos e serviços de saúde, vigilância 
epidemiológica e diagnóstico e acompanhamento da situação de 
saúde das populações. 
Boing, d’Orsi e Reibnitz Conceitos e ferramentas de Epidemiologia14
Você sabe que quem faz os estudos epidemiológicos são os 
epidemiologistas, mas você sabe de que área são estes profissionais? 
Vamos conhecer melhor?
Epidemiologistas são médicos, enfermeiros, dentistas, estatísticos, 
demógrafos, nutricionistas, farmacêuticos, assistentes sociais, 
geógrafos, dentre outros profissionais. Os epidemiologistas trabalham 
em salas de aula, serviços de saúde, laboratórios, escritórios, 
bibliotecas, arquivos, enfermarias, ambulatórios, indústrias e também 
nos mais variados locais de realização de trabalhos de campo.
A epidemiologia tem como princípio básico o entendimento de que 
os eventos relacionados à saúde, como doenças, seus determinantes 
e o uso de serviços de saúde não se distribuem ao acaso entre as 
pessoas. Há grupos populacionais que apresentam mais casos de 
certo agravo, por exemplo, e outros que morrem mais por determinada 
doença. Tais diferenças ocorrem porque os fatores que influenciam 
o estado de saúde das pessoas se distribuem desigualmente na 
população, acometendo mais alguns grupos do que outros (PEREIRA, 
1995).
1.2 Início da Epidemiologia
Alguns autores indicam que a Epidemiologia nasceu com Hipócrates 
na Grécia antiga. Numa época em que se atribuía as doenças, 
as mortes e as curas a deuses e demônios, o médico grego se 
contrapôs a tal raciocínio e difundiu a ideia de que o modo como 
as pessoas viviam, onde moravam, o que comiam e bebiam, enfim, 
fatos materiais e terrenos eram os responsáveis pelas doenças. Foi 
uma proposta revolucionária de se pensar o processo saúde-doença.
No entanto, a maior parte dos pesquisadores aponta o médico 
britânico John Snow como o pai da Epidemiologia. Durante boa parte 
do século XIX e nos séculos anteriores, no campo científico, a teoria 
miasmática1 era a principal forma de explicação das doenças. Porém, 
quando uma violenta epidemia de cólera atingiu Londres em 1854, 
Snow lançou mão de rigoroso método científico e fez uma ampla, 
inovadora e criteriosa pesquisa. Ao final, relatou que as feições clínicas 
da doença revelavam que “o veneno da cólera entra no canal alimentar 
pela boca, e esse veneno seria um ser vivo, específico, oriundo das 
excreções de um paciente com cólera. [...] Assinalou, afinal, que 
o esgotamento insuficiente permitia que os perigosos refugos dos 
pacientes com cólera se infiltrassem no solo e poluíssem poços.” 
(ROSEN,1995). Você sabe o que há de espetacular no raciocínio de 
Snow? Ele relatou a transmissão hídrica de microorganismos sem 
microscópio e 30 anos antes de Robert Koch isolar e cultivar o Vibrio 
Na teoria miasmática, a 
origem das doenças se daria 
a partir da má qualidade do 
ar, oriunda da putrefação 
de corpos humanos e de 
animais e da decomposição 
de plantas. Além disso, os 
miasmas emanavam dos 
dejetos dos doentes, de 
pântanos e lodos. Malária, 
por exemplo, é a junção de 
“mal” e “ar”, mostrando 
a força do pensamento 
miasmático.
1
Unidade 1 – Conceitos de Epidemiologia 15
cholarae!!! O uso da ciência e de ferramentas epidemiológicas salvou 
muitas vidas e ampliou a discussão sobre as causas das doenças. 
Outros nomes importantes na história da epidemiologia foram o de 
John Graunt (1620-1674), pioneiro em quantificar os padrões de 
natalidade e mortalidade; Pierre Louis (1787-1872), utilizando o 
método epidemiológico em investigações clínicas de doenças; Louis 
Villermé (1782-1863), que pesquisou o impacto da pobreza e das 
condições de trabalho na saúde das pessoas; e William Farr (1807-
1883), na produção de informações epidemiológicas sistemáticas para 
o planejamento de ações de saúde (ROSEN, 1994, PEREIRA, 1995).
Você gostaria de conhecer mais sobre a história da epidemiologia e 
da própria saúde pública? O livro: ROSEN, G. Uma história da saúde 
pública. Rio de Janeiro: Hucitec, 1994, é uma leitura muito enrique-
cedora. E para conhecer mais sobre o trabalho revolucionário de John 
Snow, há um livro muito rico sobre essa história: JOHNSON, S. O mapa 
fantasma: como a luta de dois homens contra o cólera mudou o desti-
no de nossas metrópoles. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
Saiba mais
1.3 Aplicações da Epidemiologia
Basicamente, temos três grandes aplicações da Epidemiologia, que 
estudaremos agora.
a) Descrever as condições de saúde da população
Por exemplo, ao final do século XX e cerca de uma década após 
a implementação do SUS, o Ministério da Saúde investigou as 
estatísticas oficiais do Brasil e descreveu o perfil de morbi-mortalidade2 
da população (BRASIL, 2002).
O objetivo principal do Ministério da Saúde foi conhecer de que 
adoeceu e de que morreu a população brasileira no ano 2000 e 
descrever a evolução desses dados durante a década de 1990. A 
título de ilustração, verificou-se que em 1999, no Brasil, morreram, em 
média, 34,6 crianças com menos de um ano de vida para cada 1.000 
que nasceram vivas naquele ano, e tal valor variou de 53,0 óbitos por 
1.000 nascidos vivos na região Nordeste até 20,7/1.000 na região Sul. 
As informações a respeito 
das ações e programas de 
saúde desenvolvidas pelo 
Ministério da Saúde são 
importantes para o plane-
jamento de estratégias de 
atenção da sua comunidade. 
Consulte periodicamente 
este portal e você terá uma 
visão mais global para aten-
der a situações locais.
http://portal.saude.gov.br/
saude/
2
Boing, d’Orsi e Reibnitz Conceitos e ferramentas de Epidemiologia16
Também se pôde observar que, entre 1995 e 1999, a mortalidade por 
AIDS no país caiu 50%; que as principais causas de mortes entre os 
jovens na década de 1990 foram externas (sobretudo acidentes de 
transporte, homicídios e afogamentos); e que os principais motivos 
de internações de idosos foram insuficiência cardíaca, bronquite/
enfisema pulmonar e pneumonia. 
Com base nessas informações, União, Estados e Municípios puderam, 
na época, definir ações estratégicas a serem implementadas de 
acordo com o perfil epidemiológico da população, potencialmente 
com maior efetividade.
b) Identificar quais são os fatores determinantes da situação 
de saúde
Por exemplo, no período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, 
chamou a atenção de profissionais de saúde o elevado número de 
pessoas com neoplasias. Nas unidades hospitalares, a quantidade 
de eventos oncológicos era surpreendente, havendo inúmeros casos 
de enfisema pulmonar e câncer de pulmão. 
O conhecimento vigente na época associava tais ocorrências a, 
sobretudo, armas químicas, alimentação deficiente e poluição. Mesmo 
com esses conhecimentos, as políticas de saúde para diminuir a 
ocorrência do câncer de pulmão não mostravam resultados positivos 
(RICHMOND, 2005).
Foi então que dois pesquisadores, Richard Doll (Figura 1) e Austin 
Hill, ao visitarem, nos hospitais, pacientes com câncer de pulmão, 
perceberam que quase todos relatavam o hábito de fumar. 
Posteriormente, eles acompanharam os hábitos de vida de mais de 
40.000 médicos britânicos e perceberam que no grupo de fumantes 
havia muito mais casos de câncer de pulmão que no de não fumantes 
(DOLL e HILL, 1999).
A partir daí, análises estatísticas mais sofisticadas, novos estudos 
epidemiológicos e investigações laboratoriais comprovaram o que 
hoje é muito claro para nós: fumar cigarro é uma importante causa 
de câncer de pulmão (e outros tumores). Milhões de pessoas foram 
salvas pela aplicação deste conhecimento. 
Outros exemplos são as descobertas de associação entre: elevados 
níveis de colesterol sanguíneo/doença isquêmica do coração; adição 
Figura 1: Richard Doll
Fonte: RICHMOND..., 2010.
Unidade 1 – Conceitos de Epidemiologia 17
de fluoretos aos sistemas de abastecimento público de águas/
redução dos níveis de cáries dentárias; sedentarismo/mortalidade 
cardiovascular e não amamentação materna/mortalidade infantil.
c) Avaliar o impacto das ações e políticas de saúde
Por exemplo, vimos que um dos principais motivos de internação 
entre os idosos é a pneumonia. Outra razão importante é a gripe. 
Preocupado com esta realidade, há alguns anos o Ministério da Saúde 
vem oferecendo gratuitamente a aqueles que têm 60 anos de idade 
ou mais a vacina contra a influenza. Mas será que tantos esforços 
dos profissionais de saúde e o recurso investido para desenvolver 
essa ação apresentaram impacto na população? Ou seja, será que 
ela deve continuar a ser implementada?
A Epidemiologia nos ajuda a responder essas perguntas.
Um grupo de pesquisadores (FRANCISCO; DONALÍSIO; LATORRE, 
2004) procurou responder a estas indagações analisando a evolução 
da hospitalização de idosos por doenças respiratórias no estado de 
São Paulo entre 1995 e 2002.
Foi observado que “houve diminuição dos picos sazonais da proporção 
de internações e das taxas por mil habitantes após a intervenção 
vacinal em ambos os sexos, sugerindo possível impacto das vacinas 
disponibilizadas pelo Programa de Vacinação do Idoso” (FRANCISCO; 
DONALÍSIO; LATORRE, 2004, p. 226). Certamente, novas pesquisas 
devem e continuam sendo executadas e, a partir desses achados 
epidemiológicos, os gestores poderão basear suas decisões.
Você sabe qual a diferença entre pandemia, epidemia e endemia?
Epidemia é a elevação brusca, inesperada e temporária da incidência 
de determinada doença, ultrapassando os valores esperados para a 
população no período em questão. 
Pandemia é a ocorrência epidêmica caracterizada por uma larga 
distribuição espacial, atingindo várias nações.
Endemia refere-se a uma doença habitualmente presente entre os 
membros de um determinado grupo, dentro dos limites esperados, em 
uma determinada área geográfica, por um período de tempo ilimitado 
(MEDRONHO, 2003).
Boing, d’Orsi e Reibnitz Conceitos e ferramentas de Epidemiologia18
1.4 Outras Definições
Vamos continuar e definir alguns termos, e assim você pode ampliar sua 
visão epidemiológica. Para que você continue seu estudo, é necessário 
relembrar o conceito de população. Vamos lá!
População refere-se a grupos humanos definidos pelo seguinte 
conjunto de características comuns: sociais, culturais, econômicas, 
geográficas e históricas.
E as doenças, que tanto afligem a população, o que são?
Doenças são marcadores culturais das sociedades humanas, 
decorrentes da forma como nossa espécie organiza sua vida 
social e da forma como ela convive com outras espécies e com 
o meio ambiente. É possível, assim, compreender como doenças 
“aparecem” e “somem”, e como vão se transformandoao longo do 
tempo. O que se compreende como doença inclui: disfunção física 
ou psicológica; estado subjetivo em que a pessoa percebe não estar 
bem; e um estado de disfunção social que acomete o indivíduo 
quando doente. As doenças não são, portanto, apenas algo 
diagnosticado por profissionais de saúde, mas também fenômenos 
subjetivos autopercebidos.
Mas e quando a população já estiver doente? Como tratá-la? E como 
promover saúde e previnir doenças?
A Clínica se debruça sobre as pessoas doentes para, a partir de um 
conjunto de sinais e sintomas e utilizando equipamentos médicos e 
laboratoriais, realizar o diagnóstico e o tratamento individualmente. 
Já a Epidemiologia se detém em populações inteiras ou em suas 
amostras para, a partir dos indicadores de saúde e outros dados 
epidemiológicos construídos através da coleta de dados e de sua 
análise por métodos estatísticos, realizar o diagnóstico de saúde, 
subsidiando a implementação de medidas de promoção da saúde 
e prevenção de doenças coletivamente (MEDRONHO, 2005, 
ROUQUAYROL e ALMEIDA FILHO, 2003).
Logo, a capacidade de aplicar o método epidemiológico é uma 
habilidade fundamental para todos os trabalhadores de saúde 
que tenham como objetivo reduzir doenças, promover saúde e 
Unidade 1 – Conceitos de Epidemiologia 19
melhorar os níveis de saúde da população, especialmente aqueles 
que trabalham na Estratégia Saúde da Família, que necessariamente 
precisam compreender o todo e as especificidades de uma área do 
conhecimento tão abrangente.
1.5 Medidas de Frequência de Doenças
O que são as medidas de frequência de doenças?
Você viu que descrever as condições de saúde da população, 
medindo a frequência com que ocorrem os problemas de saúde em 
populações humanas, é um dos objetivos da Epidemiologia. Para 
fazer essas mensurações, utilizamos as medidas de incidência e 
prevalência. 
A incidência diz respeito à frequência com que surgem novos casos 
de uma doença num intervalo de tempo, como se fosse um “filme” 
sobre a ocorrência da doença, no qual cada quadro pode conter um 
novo caso ou novos casos (PEREIRA, 1995). É, por conseguinte, 
uma medida dinâmica.
Vejamos como calcular a incidência:
 
Incidência = 
número de pessoas expostas 
ao risco no mesmo período
x constante3
número de casos novos em 
determinado período
Imagine, como exemplo, que, entre 400 crianças cadastradas na 
Estratégia Saúde da Família e acompanhadas durante um ano, foram 
diagnosticados, neste período, 20 casos novos de anemia. 
O cálculo da taxa de incidência será:
 
= 0,05
20
400
que multiplicando por 1.000 (constante) nos 
dará a seguinte taxa de incidência: 50 casos 
novos de anemia por 1.000 crianças no ano.
Como você pode notar, os casos novos, ou incidentes, são aqueles 
que não estavam doentes no início do período de observação, mas 
A constante é uma potência 
com base de 10 (100, 1.000, 
100.000), pela qual se 
multiplica o resultado para 
torná-lo mais “amigável”, ou 
seja, para se ter um número 
inteiro. É muito mais difícil 
compreender uma taxa 
de 0,15 morte por 1.000 
habitantes do que uma taxa 
de 15 mortes por 100.000 
habitantes. Quanto menor 
for o numerador em relação 
ao denominador, maior a 
constante utilizada.
3
Boing, d’Orsi e Reibnitz Conceitos e ferramentas de Epidemiologia20
que adoeceram no decorrer desse período. Para que possam ser 
detectados, é necessário que cada indivíduo seja observado no 
mínimo duas vezes, ou que se conheça a data do diagnóstico. 
Já a prevalência se refere ao número de casos existentes de 
uma doença em um dado momento; é uma “fotografia” sobre a sua 
ocorrência, sendo assim uma medida estática. Os casos existentes 
são daqueles que adoeceram em algum momento do passado, 
somados aos casos novos dos que ainda estão vivos e doentes 
(MEDRONHO, 2005, PEREIRA, 1995).
Existem três tipos de medidas de prevalência:
a) Prevalência pontual ou instantânea
Frequência de casos existentes em um dado instante no tempo 
(ex.: em determinado dia, como primeiro dia ou último dia do ano).
b) Prevalência de período
Frequência de casos existentes em um período de tempo (ex.: 
durante um ano).
c) Prevalência na vida
Frequência de pessoas que apresentaram pelo menos um 
episódio da doença ao longo da vida.
Ao contrário da incidência, para medir a prevalência, os indivíduos 
são observados uma única vez.
Vejamos como calcular a prevalência:
 
Prevalência = 
número de pessoas na 
população no mesmo período
x constante
número de casos existentes 
em determinado período
Voltemos ao exemplo das crianças acompanhadas pela Equipe de 
Saúde da Família. Suponha que em determinada semana todas 
as crianças fizeram exames laboratoriais. Das 400 crianças, foram 
encontradas 40 com resultado positivo para Ascaris lumbricoides. 
Unidade 1 – Conceitos de Epidemiologia 21
Cálculo da prevalência de verminose por Ascaris:
= 0,140
400
que, multiplicado por 100 (constante), 
nos dará a seguinte prevalência: 10 casos 
existentes de verminose por Ascaris a 
cada 100 crianças.
Entre os fatores que influenciam a prevalência de um agravo à 
saúde, excluída a migração, estão a incidência, as curas e os óbitos, 
conforme ilustrado na figura 2.
CASOS 
EXISTENTES
(PREVALÊNCIA)
Figura 2: Fatores que influenciam a prevalência de um agravo à saúde, excluída a migração
Como você pode ver, a prevalência é alimentada pela incidência. Por 
outro lado, dependendo do agravo à saúde, as pessoas podem se curar 
ou morrer. Quanto maior e mais rápida a cura, ou quanto maior e mais 
rápida a mortalidade, mais se diminui a prevalência, que é uma medida 
estática, mas resulta da dinâmica entre adoecimentos, curas e óbitos.
Boing, d’Orsi e Reibnitz Conceitos e ferramentas de Epidemiologia22
Portanto, entre os fatores que aumentam a prevalência, podemos 
citar (PEREIRA, 1995, MEDRONHO, 2005, ROUQUAYROL e 
ALMEIDA FILHO, 2003):
a) a maior frequência com que surgem novos casos (incidência); 
b) melhoria no tratamento, prolongando-se o tempo de 
sobrevivência, porém sem levar à cura (aumento da duração da 
doença).
A diminuição da prevalência pode ser devido à:
a) redução no número de casos novos, atingida mediante 
a prevenção primária (conjunto de ações que atuam sobre os 
fatores de risco e que visam evitar a instalação das doenças 
na população através de medidas de promoção da saúde e 
proteção específica);
b) redução no tempo de duração dos casos, atingida através da 
prevenção secundária (conjunto de ações que visam identificar 
e corrigir, o mais precocemente possível, qualquer desvio da 
normalidade, seja por diagnóstico precoce ou por tratamento 
adequado). O tempo de duração dos casos também pode 
ser reduzido em razão do óbito mais precoce pela doença em 
questão, ou seja, menor tempo de sobrevivência.
Entre os principais usos das medidas de prevalência estão: o 
planejamento de ações e serviços de saúde, previsão de recursos 
humanos, diagnósticos e terapêuticos. Por exemplo, o conhecimento 
sobre a prevalência de hipertensão arterial entre os adultos de 
determinada área de abrangência pode orientar o número necessário 
de consultas de acompanhamento, reuniões de grupos de promoção 
da saúde e provisão de medicamentos para hipertensão na farmácia 
da Unidade de Saúde (PEREIRA, 1995, MEDRONHO, 2005, 
ROUQUAYROL e ALMEIDA FILHO, 2003).
A incidência, por outro lado, é mais utilizada em investigações 
etiológicas para elucidar relações de causa e efeito, avaliar o impacto 
de uma política, ação ou serviço de saúde, além de estudos de 
prognóstico. Um exemplo é verificar se o número de casos novos 
(incidência) de hipertensão arterial sistêmica declinou depois da 
implementação de determinadas medidas de promoção da saúde, 
como incentivo a uma dieta saudável, realização de atividade física e 
combate ao tabagismo no bairro.
A partir de algumas variações do conceito de incidência, podemos 
chegar aos conceitos de:
Unidade 1 – Conceitos de Epidemiologia 23
Mortalidade: é uma medida muitoutilizada como indicador de saúde; é 
calculada dividindo-se o número de óbitos pela população em risco. 
Estudaremos mais sobre essa medida na próxima unidade. 
Letalidade: é uma medida da gravidade da doença, calculada 
dividindo-se o número de óbitos por determinada doença pelo 
número de casos da mesma doença. Algumas doenças apresentam 
letalidade nula, como, por exemplo, escabiose; enquanto para outras, 
a letalidade é igual ou próxima de 100%, como a raiva humana.
As medidas de frequência podem ser expressas como frequências ab-
solutas ou relativas, vamos conhecer melhor suas aplicabilidades.
As frequências absolutas são pouco utilizadas em Epidemiologia, 
pois não permitem medir o risco de uma população adoecer ou morrer 
por determinado agravo. Por exemplo, segundo dados oficiais, o 
número de casos novos de AIDS diagnosticados e notificados em 
2007 foi igual a 1.892 em Santa Catarina e a 2.578 em Minas Gerais 
(BRASIL, 2009). Houve maior número de casos em Minas Gerais do 
que em Santa Catarina, mas isso significa que o risco de adquirir 
AIDS foi maior no estado mineiro? Não, pois a população residente 
em Minas Gerais corresponde a aproximadamente 19,7 milhões, 
enquanto que a de Santa Catarina é de apenas 6,0 milhões de 
habitantes (três vezes menor). 
As frequências relativas são mais utilizadas quando se deseja 
comparar a ocorrência dos problemas de saúde em populações 
distintas ou na mesma população ao longo do tempo. 
No exemplo que vimos acima sobre AIDS em Minas Gerais e Santa 
Catarina, calcular a frequência relativa significa dividir o número de 
casos novos de cada estado pela sua população. Assim, a incidência 
de AIDS em 2007 foi igual a 31,3 casos por 100.000 habitantes em 
Santa Catarina e 13,1 casos por 100.000 habitantes em Minas Gerais.
Reforçando, em via de regra utilizamos as medidas relativas, no entanto 
há momentos em que devemos optar pelas medidas absolutas. Isso 
acontece quando o número de eventos considerados no cálculo 
é muito pequeno. Em tais momentos, variações ao acaso (um ou 
dois casos a mais ou a menos, por exemplo) impactam severamente 
no achado e dificultam comparações entre regiões ou ao longo do 
tempo. Nesses momentos, podem-se calcular medidas relativas a 
Boing, d’Orsi e Reibnitz Conceitos e ferramentas de Epidemiologia24
partir da média de vários períodos para estabilizar pequenos números 
ou analisar dados agregados de várias áreas. Além disso, para 
curtos períodos e com a base populacional estável, podemos usar 
mesmo os números absolutos para a análise da morbi-mortalidade 
(DRUMOND JUNIOR, 2007).
Para fixar bem os conceitos e cálculos de incidência e prevalência, 
vamos ver dois exemplos:
a) Em determinada área de abrangência de uma Equipe de Saúde 
da Família, moravam e eram efetivamente acompanhadas, em 
2009, um total de 4.622 pessoas adultas (idade entre 20 e 59 
anos). Ao verificar os registros de casos de hipertensão arterial 
sistêmica (HAS) existentes nessa população, a equipe identificou 
que, no mesmo ano, havia 1.248 hipertensos. Devemos calcular 
a prevalência ou a incidência? Qual a utilidade dessa informação?
Como se trata de casos existentes, calculamos a prevalência. 
Nesse caso, não se verificou quantos casos novos de HAS 
surgiram, o que caracterizaria incidência, mas se identificou 
quantas pessoas estavam com doença em determinado período, 
ou seja, é uma medida estática (prevalência). E como calculamos 
a prevalência? É bastante simples. Dividimos o número de 
pessoas com a doença pelo total da população e multiplicamos 
por uma constante.
Prevalência = 
4.622
x 100 = 27%
1.248
Com esses dados, podemos comparar se a prevalência de 
hipertensão nessa área (que pode ser um bairro) é parecida com 
o que se observa nos bairros vizinhos, no restante do município, 
no estado ou no país. Valores mais elevados exigirão especial 
atenção da equipe as ações para o controle da doença no bairro 
precisarão ser rediscutidas ou, caso não existam, implementadas. 
Além disso, a medida pode ser utilizada para fazer comparações 
no tempo, ou seja, verificar se a prevalência está aumentando, 
diminuindo ou estabilizou ao longo de meses ou anos.
Unidade 1 – Conceitos de Epidemiologia 25
b) No ano de 2007 moravam em Santa Catarina 580.166 idosos 
(pessoas com 60 anos de idade ou mais). Nessa população foram 
diagnosticados 160 novos casos de tuberculose no mesmo ano. 
Já em 2005, a população era de 507.205 idosos e surgiram 157 
casos novos da doença (BRASIL, 2009). Qual a medida que deve 
ser calculada? Quando o risco de ter tuberculose foi maior em 
Santa Catarina, em 2005 ou em 2007?
Nesse exemplo tratamos de casos novos, assim calculamos 
a incidência. Não se tratou de quantas pessoas estavam com 
tuberculose, mas sim de quantas pessoas novas desenvolveram 
essa doença nos períodos identificados. Como calculamos 
a incidência? Também é simples. Basta dividir o número de 
casos novos surgidos em cada ano pela respectiva população e 
multiplicar por uma constante.
c) Incidência em 2005 = 
507205
x 100000 = 30,95
157
 casos 
novos por 100000 habitantes
d) Incidência em 2007 = 
580166
x 100000 = 27,58
160
casos 
novos por 100000 habitantes
Podemos afirmar que o risco de desenvolver tuberculose entre 
os idosos catarinenses foi maior em 2005 quando comparado 
com 2007. Isso porque a incidência no primeiro ano foi maior 
que em 2007.
Puxar um saiba mais: Para conhecer mais sobre a aplicação do mé-
todo epidemiológico, sobretudo no caso de epidemias, sugerimos o 
filme: E A VIDA continua. Produção de: Sarah Pillsbury e Midge San-
ford. Direção de: Roger Sottiswoode. Intérpretes: Matthew Modine; Phil 
Collins; Anjelica Huston e outros. Estados Unidos da América, 2003. 1 
DVD (141 min). Baseado na obra “And the band played on: politics, 
people, and the AIDS epidemic” de Randy Shilts.
Saiba mais
Boing, d’Orsi e Reibnitz Conceitos e ferramentas de Epidemiologia26
SÍNTESE DA UNIDADE
Nesta unidade abordamos os conceitos básicos e os principais 
usos da Epidemiologia, bem como os conceitos de incidência e 
prevalência, que são as principais medidas de frequência de doenças 
utilizadas em saúde. 
O objetivo proposto nesta unidade foi o de conceituar Epidemiologia, 
conhecer as principais medidas de frequências de doenças utilizadas 
em Epidemiologia e saber calculá-las. Você atingiu o objetivo 
proposto?
Na próxima unidade vamos conhecer detalhadamente os indicadores 
de saúde, avançando, assim, nos nossos estudos de Epidemiologia.
Unidade 1 – Conceitos de Epidemiologia 27
REFERÊNCIAS
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notificação. Brasília, 2009. Disponível em: <http://dtr2004.saude.gov.br/
sinanweb/index.php>. Acesso em: 18 nov. 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. A saúde no Brasil: 
estatísticas essenciais 1990-2000. 2. ed. Brasília, 2002. Disponível em: 
<http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/popup/02_0257.htm>. 
Acesso em: 11 mar. 2010.
DOLL, R.; HILL, A. B. Smoking and carcinoma of the lung: preliminary report 
1950. British Medical Journal, Londres, v. 77, n. 1, p. 84-93, 1999.
DRUMOND JUNIOR, M. Epidemiologia em serviços de saúde: conceitos, 
instrumentos e modos de fazer. In: Campos, G. W. S. et al (Orgs.). Tratado 
de saúde coletiva. Rio de Janeiro: Hucitec, 2007. p. 419-456. (Saúde em 
debate, 170).
FRANCISCO, P. M. S. B.; DONALÍSIO, M. R.; LATORRE, M. do R. D. de 
O. Internações por doenças respiratórias em idosos e a intervenção 
vacinal contra influenza no Estado de São Paulo. Revista Brasileira de 
Epidemiologia, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 220-227, jun. 2004. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v7n2/18.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2010.
MEDRONHO, R. A. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu, 2005.
PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara 
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RICHMOND,C. Sir Richard Doll. British Medical Journal, v. 331, n. 7511, 
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ROSEN, G. Uma história da saúde pública. Rio de Janeiro: Hucitec, 1994.
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ROUQUAYROL, M. Z.; GOLDBAUM, M. Epidemiologia: história natural 
e prevenção de doenças. In: ROUQUAYROL, M. Z; ALMEIDA FILHO, N. 
Epidemiologia & saúde. 6. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2003.

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