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Jurisprudencia - afronta ao direito do cidado

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jusbrasil.com.br
21 de Março de 2022
2º Grau
Tribunal de Justiça do Paraná TJ-PR -
PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO - Recursos -
Agravos - Agravo de Instrumento: AI 0014898-
36.2019.8.16.0000 PR 0014898-
36.2019.8.16.0000 (Acórdão)
Publicado por Tribunal de Justiça do Paraná há 3 anos
Processo
AI 0014898-36.2019.8.16.0000 PR 0014898-36.2019.8.16.0000 (Acórdão)
Órgão Julgador
5ª Câmara Cível
Publicação
12/06/2019
Julgamento
11 de Junho de 2019
Relator
Desembargador Nilson Mizuta
Ementa
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA QUE VISA
OBRIGAR O PODER EXECUTIVO A DESIGNAR E MANTER MAIS
POLICIAIS NA DELEGACIA DE POLÍCIA DE IRATI.
IMPOSSIBILIDADE DE O JUDICIÁRIO ESCOLHER/GERIR AS
POLÍTICAS PÚBLICAS. INTERVENÇÃO AUTORIZADA SOMENTE
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QUANDO COMPROVADA AFRONTA A DIREITOS
FUNDAMENTAIS DO CIDADÃO , DECORRENTE DE INÉRCIA
ABSOLUTA OU MOROSIDADE INJUSTIFICADA DO PODER
EXECUTIVO. SITUAÇÃO NÃO VERIFICADA NO CASO EM TELA.
DÉFICIT DE POLICIAIS. SITUAÇÃO QUE ACOMETE VÁRIAS
UNIDADES POLICIAIS PELO ESTADO. VEDAÇÃO DA RETIRADA
DE SERVIDORES DE UMA COMARCA PARA ATENDIMENTO DE
OUTRA, O QUE GERARIA A TRANSFERÊNCIA DO PROBLEMA.
DECISÃO REFORMADA.
1. Ainda que seja inegável a falta de policiais na Delegacia de Polícia de
Irati, também é inegável que o problema não acomete somente aquela
Comarca, já que é notória a falta de policiais em diversas localidades pelo
Estado. Assim, a determinação para designação de servidores somente
transferiria o problema para outro lugar.
2. Ao menos nesta etapa processual, não deve ser concedida a tutela de
urgência pleiteada pelo Ministério Público, já que o Estado, como se colhe
do Ofício nº 57/2018/SSP, não se mostra totalmente inerte diante dos
problemas apontados, o que impede que o Judiciário adentre no mérito das
políticas públicas adotadas pelo Poder Executivo.
3. Como já decidiu o Superior Tribunal de Justiça: “(...) A sindicabilidade
judicial sobre atos do Poder Executivo deve limitar-se, inicialmente, à
verificação do cumprimento dos princípios da legalidade, legitimidade,
devido processo legal, moralidade, proporcionalidade e razoabilidade. Em
regra, é inviável que o Poder Judiciário aprecie o mérito de políticas
governamentais. Nesse sentido: AgRg no REsp 1.479.614/PR, Rel. Ministro
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 03/03/2015, DJe
10/03/2015. 5. Conquanto se cuide de urgente necessidade de efetivação de
políticas de contenção e prevenção de calamidades públicas, é razoável que
se espere dos Entes Políticos responsáveis a continuidade da
implementação das medidas cabíveis sem a necessidade de intervenção do
Poder Judiciário. Recurso especial improvido.” (STJ - REsp 1518223 / RJ.
Rel. Min. HUMBERTO MARTINS. SEGUNDA TURMA. J.: 09/06/2015.
DJe 19/06/2015) RECURSO PROVIDO. (TJPR - 5ª C.Cível - 0014898-
36.2019.8.16.0000 - Irati - Rel.: Desembargador Nilson Mizuta - J.
11.06.2019)
Acórdão
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Atenção: O texto abaixo representa a transcrição de Acórdão. Eventuais
imagens serão suprimidas. PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO
PARANÁ 5ª CÂMARA CÍVEL - PROJUDI RUA MAUÁ, 920 - ALTO DA
GLORIA - Curitiba/PR - CEP: 80.030-901 Autos nº. 0014898-
36.2019.8.16.0000 Agravo de Instrumento nº 0014898-36.2019.8.16.0000
2ª Vara da Fazenda Pública de Irati Agravante (s): ESTADO DO PARANÁ
Agravado (s): Ministério Público do Estado do Paraná Relator:
Desembargador Nilson Mizuta AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO
CIVIL PÚBLICA QUE VISA OBRIGAR O PODER EXECUTIVO A
DESIGNAR E MANTER MAIS POLICIAIS NA DELEGACIA DE POLÍCIA
DE IRATI. IMPOSSIBILIDADE DE O JUDICIÁRIO ESCOLHER/GERIR
AS POLÍTICAS PÚBLICAS. INTERVENÇÃO AUTORIZADA SOMENTE
QUANDO COMPROVADA AFRONTA A DIREITOS FUNDAMENTAIS
DO CIDADÃO , DECORRENTE DE INÉRCIA ABSOLUTA OU
MOROSIDADE INJUSTIFICADA DO PODER EXECUTIVO. SITUAÇÃO
NÃO VERIFICADA NO CASO EM TELA. DÉFICIT DE POLICIAIS.
SITUAÇÃO QUE ACOMETE VÁRIAS UNIDADES POLICIAIS PELO
ESTADO. VEDAÇÃO DA RETIRADA DE SERVIDORES DE UMA
COMARCA PARA ATENDIMENTO DE OUTRA, O QUE GERARIA A
TRANSFERÊNCIA DO PROBLEMA. DECISÃO REFORMADA. 1. Ainda que
seja inegável a falta de policiais na Delegacia de Polícia de Irati, também é
inegável que o problema não acomete somente aquela Comarca, já que é
notória a falta de policiais em diversas localidades pelo Estado. Assim, a
determinação para designação de servidores somente transferiria o
problema para outro lugar. 2. Ao menos nesta etapa processual, não deve
ser concedida a tutela de urgência pleiteada pelo Ministério Público, já que
o Estado, como se colhe do Ofício nº 57/2018/SSP, não se mostra
totalmente inerte diante dos problemas apontados, o que impede que o
Judiciário adentre no mérito das políticas públicas adotadas pelo Poder
Executivo. 3. Como já decidiu o Superior Tribunal de Justiça: “(...) A
sindicabilidade judicial sobre atos do Poder Executivo deve limitar-se,
inicialmente, à verificação do cumprimento dos princípios da legalidade,
legitimidade, devido processo legal, moralidade, proporcionalidade e
razoabilidade. Em regra, é inviável que o Poder Judiciário aprecie o mérito
de políticas governamentais. Nesse sentido: AgRg no REsp 1.479.614/PR,
Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em
03/03/2015, DJe 10/03/2015. 5. Conquanto se cuide de urgente
necessidade de efetivação de políticas de contenção e prevenção de
calamidades públicas, é razoável que se espere dos Entes Políticos
https://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/834779680/processo-civel-e-do-trabalho-recursos-agravos-agravo-de-instrumento-ai-148983620198160000-pr-0014898-3620198160000-acordao
https://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/834779680/processo-civel-e-do-trabalho-recursos-agravos-agravo-de-instrumento-ai-148983620198160000-pr-0014898-3620198160000-acordao
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/178419072/agravo-regimental-no-recurso-especial-agrg-no-resp-1479614-pr-2014-0116642-1
responsáveis a continuidade da implementação das medidas cabíveis sem a
(STJ -necessidade de intervenção do Poder Judiciário. Recurso especial
improvido.” REsp 1518223 / RJ. Rel. Min. HUMBERTO MARTINS.
SEGUNDA TURMA. J.: 09/06/2015. DJe 19/06/2015) RECURSO
PROVIDO. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Agravo de
Instrumento nº 0014898-36.2019.8.16.0000, do Foro Central da Comarca
da Região Metropolitana de Curitiba,5ª Vara Cível, em que é agravante o
ESTADO DO PARANÁ e agravado o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO
DO PARANÁ. RELATÓRIO O Ministério Público do Estado do Paraná
ajuizou ação civil pública com pedido liminar contra o Estado do Paraná,
com o objetivo de obrigar o Poder Executivo Estadual a designar e manter
quadro de efetivo da Polícia Militar em número suficiente para atender aos
Municípios que integram a Comarca de Irati. Narrou que instaurara
Inquérito Civil n. 0067.18.000510-9, após Ofício encaminhado pelo
Delegado da 4ª Delegacia de Polícia Civil de Irati que relatara inúmeras
deficiências no tocante à estrutura física, material e de pessoal enfrentadas
pela unidade policial. Destacou que a ausência de efetivo acarreta prejuízo à
atividade policial e à prestação do serviço público. Afirmou que a 41ª
Delegacia de Polícia de Irati possui efetivo de apenas três investigadores de
polícia para uma população de aproximadamente 67 mil habitantes. Desde
que o atual delegado assumira suas funções, dois investigadores se
aposentaram e outros dois foram removidos. Argumentou, ainda, que
outras localidades com menor população possuem maior efetivo policial.
Comunicado o fato à Divisão Policial do Interior para ciência e adoção das
providências, o Delegado responsável esclarecera que a Delegacia de Polícia
de Irati está inserida na lista prioritária de obras de 2019, mas não existe
previsão para solução do problema relativo à carência de recursos
humanos. Noticiou que nos dias 7, 8 e 9 de agosto de 2018, a Delegacia de
Polícia suspendera o plantão por causa do afastamento temporário de um
dos investigadores por razões de saúde, pois não seria possível manter o
plantão sem prejuízo do atendimento regular. Asseverou que a designação
de investigador para viabilizar a retomada do plantão no dia 9 de agosto
não obstaculizara a paralisação nos dias 7 e 8 do mesmo mês. Aduziu que,
mantido o atual contexto, toda vez que um dos três investigadores estiver
afastado por motivo de férias ou licença, a prestação do serviço público
referente ao plantão estará comprometida porque não haverá efetivo
suficiente. Sustentou que a composição da escala legal de plantão de 12x36
horas exigiria pelo menos cinco investigadores de polícia e cinco escrivães.
Registrou que o Estado do Paraná possui plena ciência sobre a ausência de
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/200480334/recurso-especial-resp-1518223-rj-2015-0039966-8
https://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/834779680/processo-civel-e-do-trabalho-recursos-agravos-agravo-de-instrumento-ai-148983620198160000-pr-0014898-3620198160000-acordao
https://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/834779680/processo-civel-e-do-trabalho-recursos-agravos-agravo-de-instrumento-ai-148983620198160000-pr-0014898-3620198160000-acordao
efetivo. No entanto, não adotara nenhuma providência concreta para
solucionar o problema. Defendeu que é dever do ente público garantir a
segurança pública, além de não ser possível invocar a reserva do possível
nem o poder discricionário do agente público, por se tratar do mínimo
existencial a ser conferido aos cidadãos. Requereu a concessão da tutela
provisória para que o Estado do Paraná promova “(...) designação imediata
de mais 02 (dois) Investigadores de Polícia e 02 (dois) Escrivães de Polícia,
devidamente concursados, para trabalhar na 41ª Delegacia de Polícia de
Irati, juntamente com os servidores já lotados na referida unidade .
Nopolicial, de modo a possibilitar a prestação ininterrupta do serviço
público referente ao plantão policial” mérito, a confirmação da tutela
provisória de urgência (mov. 1.1). Notificado, o Estado do Paraná se
manifestou em relação ao pedido de tutela de provisória (mov. 10.1). O
magistrado , Dr. Fernando Eugênio Martins de Paula Santos Lima, deferiu
a quo “(...) a liminar pretendida, a fim de determinar ao Estado do Paraná
que promova a designação de mais 01 investigador e 02 escrivães de polícia
devidamente concursados para trabalhar na 41ª Delegacia de Polícia de
Irati, juntamente com os servidores já lotados na referida unidade policial,
mantendo pelo menos 05 servidores de cada cargo, de modo a possibilitar a
prestação ininterrupta do serviço público referente ao plantão policial, sob
pena de (mov. 12.1).incidência de multa diária no valor de R$ 5.000,00”
Contra essa decisão foi dirigido este recurso. Sustentou o Estado do Paraná
não ser possível remanejar servidores para atender a Comarca de Irati, uma
vez que a dificuldade de recursos humanos não é exclusiva desta comarca e
existem outras delegacias em operação com o mínimo necessário de
servidores. Salientou que o remanejamento somente transferiria o
problema para outras delegacias. Registrou que um dos escrivães lotados
em Irati foi removido para a Comarca de Cândido de Abreu a pedido do
próprio Delegado Titular da unidade, que informou que a redução não
traria prejuízos à unidade policial. Asseverou que a contratação de novos
servidores exige dotação orçamentária e planejamento para não ocorram
interferências em outros setores da economia pública. Aduziu que o
administrador deve distribuir os recursos humanos postos à sua disposição
de acordo com os princípios que regem a Administração Pública.
Argumentou que, na condição de garantidor da segurança pública, não
descumpriu seu dever constitucional. Destacou que a simples nomeação de
servidores não é suficiente para sanar os problemas da segurança pública.
Arguiu que o efetivo abaixo do ideal não significa omissão estatal, mas
exige organização administrativa para que seja executada a atividade.
Defendeu que a decisão agravada configura ofensa ao princípio da
separação dos poderes, pois interfere no âmbito da discricionariedade
administrativa do Poder Público. Reputou que a decisão judicial que
considera apenas a realidade local não tem a possibilidade de aferir os reais
contornos do equacionamento da política de segurança pública em todo o
território estadual. Afirmou que a ordem judicial viola a Lei de
Responsabilidade Fiscal, na medida em que exige a criação de plano de
remanejamento de servidores e implica em despesa não prevista no
orçamento anual. Registrou, ainda, a ofensa aos artigos 20 e 22 da Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB, pois a decisão
judicial desconsidera suas consequências práticas e as dificuldades
enfrentadas pelo gestor público. Requereu a concessão de efeito suspensivo.
No mérito, a reforma da decisão agravada. O efeito almejado foi concedido
(mov. 5.1). O Ministério Público apresentou as contrarrazões pugnando
pelo não provimento do Agravo (mov. 12.2). A douta Procuradoria Geral de
Justiça, representada pelo eminente Procurador de Justiça, Dr. Edson Luiz
Peters, manifestou-se pelo não provimento do recurso (mov. 17.1). VOTO
Antes de adentrar no mérito, cumpre verificar a admissibilidade do agravo,
pois de acordo com o Novo Código de Processo Civil, cabe ao relator do
recurso exercer o juízo de admissibilidade recursal. O recurso atende aos
requisitos de admissibilidade, pois tempestivo (intimação em 17/02/2018 –
mov. 20.1 – Autos nº 0000955-47.2018.8.16.0206; interposição do recurso
em 04/04/2019 – mov. 1.1 – AI), isento de preparo, instruído com as peças
obrigatórias, interposto por parte legítima, e inexistentes as causas
impeditivas ou restritivas ao direito do recorrer. No mérito, merece
acolhida. Trata-se de Agravo de Instrumento interposto pelo Estado do
Paraná contra r. decisão que, nos autos de ação civil pública promovida
pelo Ministério Público contra o ora agravante, deferiu a liminar almejada
para determinar a designação de 01 investigador e 02 escrivães de polícia
devidamente concursados para trabalhar na 41ª Delegacia de Polícia de
Irati, além daquelas já lotados na unidade policial, sob pena de multa diária
de R$ 5.000,00. Conforme consignado na análise sumária do presente
recurso, postula o autor a tutela provisória de urgência satisfativa, jáque
busca antecipar os efeitos da futura sentença de mérito. Devem, desse
modo, estar presentes os pressupostos do art. 300 do NCPC/2015, quais
sejam, a e o “probabilidade do direito” “perigo da .demora” A Constituição
da República – CRFB/1988, ao mesmo tempo em que estabelece a
"harmonia e entre os Poderes da República (art. 2º, CRFB/1988), cria
também elementos para que estaindependência" independência não
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/102628/lei-de-responsabilidade-fiscal-lei-complementar-101-00
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15
https://www.jusbrasil.com.br/processos/299625629/processo-n-0000955-4720188160206-do-tjpr
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28894057/artigo-300-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641831/artigo-2-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
prejudique o atendimento efetivo das necessidades públicas, notadamente
quando relativas a direitos essenciais presentes na Carta Magna. A
intervenção do Poder Judiciário em políticas públicas deve ocorrer de
forma cautelosa, e somente poderá ser determinada quando houver
afronta a direitos fundamentais do cidadão , decorrente da inércia
absoluta ou morosidade injustificada do Poder Executivo, sob pena de
afronta à separação de poderes. Nesse sentido: “DIREITO
CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO
EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. POLÍTICAS PÚBLICAS. RESERVA
INDÍGENA. PRESERVAÇÃO DA POSSE. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
SEPARAÇÃO DOS PODERES. NÃO CARACTERIZAÇÃO. PRECEDENTES.
1. O Supremo Tribunal Federal já assentou a possibilidade, em casos
emergenciais, de implementação de políticas públicas pelo Poder
Judiciário, ante a inércia ou morosidade da Administração, como medida
assecuratória de direitos fundamentais . Precedentes. (...)” (RE 554446
AgR, Relator (a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em
04/04/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-072 DIVULG 13-04-2018
PUBLIC 16-04-2018) Significa dizer, em síntese, que a resposta oferecida
pelo Judiciário, adequada à Constituição e concretizadora de direitos
fundamentais , somente deverá ser levada a efeito quando estiver diante de
violação a direitos fundamentais por causa da omissão do administrador
público. Inserindo tal entendimento ao caso em tela, contrapondo o acervo
probatório carreado ao processo, conforme verificado na análise de
cognição sumária, não se constata a completa omissão do administrador
público na adoção de medidas necessárias para assegurar o efetivo mínimo
de servidores públicos na 41ª Delegacia de Polícia de Irati. No Ofício n.
57/2018, a Secretaria de Estado da Segurança Pública, por intermédio da
Divisão Policial do Interior, esclareceu que: “(...) tramitam os protocolos
clínicos integrados 13.461.784-5 e 14.615.842-0, que tratam,
respectivamente, de solicitações para abertura de concurso público para o
provimento de cargos vagos nas classes iniciais de Papiloscopista e
Investigador de Polícia”e, ainda, que “o Exmo. Governador do Estado
autorizou a realização de concurso público para o provimento de 100 (cem)
vagas para a classe inicial do cargo de Escrivão de Polícia, cujos
procedimentos iniciais para dar seguimento ao certame encontram-se em
.andamento” Além disso, informou que “atualmente a Polícia Civil do
Paraná conta com (...) 2701 (dois mil setecentos e um) cargos de
Investigador de Polícia ocupados, estando vagos 1.694 (mil seiscentos e
noventa e quatro); 676 (seiscentos e setenta e seis) cargos de Escrivão de
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/25360154/recurso-extraordinario-re-554446-rs-stf
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
Polícia, estando vagos 724 (setecentos e vinte e (mov. 1.20).quatro)” O
déficit total de servidores da Polícia Civil, consideradas todas as carreiras
policiais, é de mais de 3.300 (três mil e trezentos) policiais (mov. 10.2).
Ainda assim, o Delegado Divisional Dr. Valmir Soccio, em resposta ao
Ofício n. 64/2018, da Vara Criminal de Irati, esclareceu “foi removido o
investigador de Polícia Lincoln Fernando da Luz em data de 4 de dezembro
do corrente, para a referida unidade, visando amenizar os problemas de
falta de servidores conforme exposto pelo Delegado Titular da Comarca de
Irati. (...) Cabe ressaltar que esta Divisão não dispõe de servidores para
novas designações sem grave prejuízo de outra Unidade Policial, vez que
atualmente a (mov. 10.2).carência de servidores atinge quase a totalidade
do Estado (...).” Sobre essa designação, o Delegado de Polícia Paulo César
Eugênio Ribeiro, lotado na Comarca de Irati, noticiou que “foi designado o
investigador Lincoln Fernando da Luz para prestar serviços de natureza
administrativa na unidade policial. (...). Não obstante, em contato
telefônico com a 13ª Subdivisão Policial, foi-me informado que cederão 1
investigador de polícia para cumprimento de escala de plantão nas
segundas-feiras e terças-feiras até o retorno de férias do investigador dessa
unidade. Diante do estabelecido, a princípio, haverá provisoriamente a
escala de plantão policial nas segundas, terças, quintas, sextas, sábados e
domingos. Sendo que, até o momento, somente às quartas-feiras ainda não
foi possível a (mov. 8.4).manutenção do plantão policial.” Sem desprezo aos
relatos do Delegado de Polícia Paulo César Eugênio Ribeiro (mov. 1.38) e
do Investigador Roberto Marsal Yamaki de Carvalho (mov. 1.42), cujo teor
demonstra a preocupação com o adequado atendimento à população de
Irati e a insuficiência do quantitativo de servidores atualmente lotados
naquela Comarca, infelizmente a situação não destoa daquela que é
usualmente enfrentada por diversas localidades do interior do Estado e
mesmo da Capital. Com efeito, a situação que envolve o quadro deficitário
de policiais civis não destoa daquela encontrada em outras áreas de
prestação de serviço público, como saúde e educação. Essa situação conduz
à judicialização das políticas públicas e exige uma resposta do Poder
Judiciário adequada à Constituição da República, para assegurar os
direitos fundamentais desprezados pelo Poder Público. A judicialização
da política, contudo, não se confunde com o ativismo judicial, tampouco
permite que a vontade do julgador substitua o debate político e a atuação
do Administrador Público, a quem incumbe a tarefa de distribuir o material
humano que possui da melhor maneira possível, sem descuidar dos
princípios que regem a Administração Pública. Sobre a distinção entre
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
judicialização da política e ativismo judicial, esclarece Lênio Luiz Streck: “A
questão da judicialização (da política), portanto, está ligada ao
funcionamento (in) adequado das instituições, dentro do esquadro
institucional traçado pela Constituição. Quanto maior a possibilidade de se
discutir, no âmbito judicial, a adequação ou não da ação governamental
lato sensu em relação aos ditames constitucionais, maior será o grau de
judicialização a ser observado. É por isso que afirmo, como já o fiz em
outras oportunidades, que a judicialização é contingencial. Ela depende de
vários fatores que estão ligados aofuncionamento constitucional mente
adequado das instituições. O ativismo judicial, por outro lado, liga-se à
resposta que o Judiciário oferece à questão objeto de judicialização. No
caso específico da judicialização da política, o ativismo representa um tipo
de decisão na qual a vontade do julgador substitui o debate político (seja
para realizar um pretenso “avanço”, seja para manter o status
quo).”(STRECK, Lênio Luiz. Entre o ativismo e a judicialização da política:
a difícilIn “ concretização Do direito fundamental a uma decisão judicial
constitucionalmente Adequada”. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/311850191_Entre_o_ativismo_
e_a_judicializacao_da_politica_a_dificil_concretizacao_do_direito_fund
amental_a_uma_decisao_judicial_constitucionalmente_adequada -
acesso em 4.4.2019). Esclarece o autor, ainda, que “Há uma pergunta
fundamental que deve ser feita e que pode dar um indicador se a decisão é
ativista ou não: a decisão (uma determinada decisão), nos moldes em que
foi proferida, pode ser repetida em situações similares? Sendo a resposta
um “não”, há fortes indícios de que estejamos a (op. cit).ingressar no
perigoso terreno do ativismo” Em suma: a decisão judicial deve ser
universalizável, isto é, sua concessão deve ser possível em todas as
situações que envolvam circunstâncias idênticas. Sob a ótica da lição
doutrinária, conclui-se que a decisão proferida pelo magistrado ,
aparentemente, nãoa quo atende à concretização do direito fundamental à
segurança pública. Ao revés, somente assegura um quantitativo mínimo de
policiais civis na Comarca de Irati e o seu resultado não poderá ser
estendido para outras Comarcas em idêntica situação, porquanto não
possuirá o Estado do Paraná efetivo humano suficiente para dar
atendimento a todas as demandas judiciais que exigem o mínimo de
servidores em todas as delegacias existentes no território estadual. Com
efeito, caso o Estado do Paraná seja demandado em outra localidade,
poderá ter de deslocar servidores atualmente lotados em Irati para dar
atendimento a outra decisão judicial, sempre sob o risco de multa
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
cominatória. Registre-se, por derradeiro, que não se pretende retirar do
ente público o seu dever constitucional de garantir a segurança pública, que
deve ser assegurada não apenas por meio do provimento de cargos, mas de
outras medidas como a construção de cadeias, melhoria de instalações,
investimentos em tecnologia e etc. Afirma-se, tão-somente, que a forma
escolhida pelo Ministério Público, e acatada pelo douto Magistrado
singular, não se presta para dar cumprimento ao direito constitucional
porque, por simples palavras, somente transfere o problema para outra
localidade. Do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Agravo de
Instrumento interposto pelo ESTADO DO PARANÁ, para revogar a decisão
agravada que terminava a designação “(...) de mais 01 investigador e 02
escrivães de polícia devidamente concursados para trabalhar na 41ª
Delegacia de Polícia de Irati, juntamente com os servidores já lotados na
referida unidade policial, mantendo pelo menos ”.05 servidores de cada
cargo Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 5ª Câmara Cível do
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em
julgar pelo (a) Provimento do recurso de ESTADO DO PARANÁ. O
julgamento foi presidido pelo (a) Desembargador Leonel Cunha, com voto,
e dele participaram Desembargador Nilson Mizuta (relator) e
Desembargador Carlos Mansur Arida. 11 de junho de 2019 Desembargador
Nilson Mizuta Juiz (a) relator (a)
Disponível em: https://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/834779680/processo-civel-e-do-
trabalho-recursos-agravos-agravo-de-instrumento-ai-148983620198160000-pr-0014898-
3620198160000-acordao
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