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jusbrasil.com.br 21 de Março de 2022 2º Grau Tribunal de Justiça do Paraná TJ-PR - PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO - Recursos - Agravos - Agravo de Instrumento: AI 0014898- 36.2019.8.16.0000 PR 0014898- 36.2019.8.16.0000 (Acórdão) Publicado por Tribunal de Justiça do Paraná há 3 anos Processo AI 0014898-36.2019.8.16.0000 PR 0014898-36.2019.8.16.0000 (Acórdão) Órgão Julgador 5ª Câmara Cível Publicação 12/06/2019 Julgamento 11 de Junho de 2019 Relator Desembargador Nilson Mizuta Ementa AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA QUE VISA OBRIGAR O PODER EXECUTIVO A DESIGNAR E MANTER MAIS POLICIAIS NA DELEGACIA DE POLÍCIA DE IRATI. IMPOSSIBILIDADE DE O JUDICIÁRIO ESCOLHER/GERIR AS POLÍTICAS PÚBLICAS. INTERVENÇÃO AUTORIZADA SOMENTE https://tj-pr.jusbrasil.com.br/ https://tj-pr.jusbrasil.com.br/ https://www.jusbrasil.com.br/processos/223353617/processo-n-0014898-3620198160000-do-tjpr https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=agravo+de+instrumento https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=impossibilidade+de+o+judici%C3%A1rio+escolher%2Fgerir+as+pol%C3%ADticas+p%C3%BAblicas QUANDO COMPROVADA AFRONTA A DIREITOS FUNDAMENTAIS DO CIDADÃO , DECORRENTE DE INÉRCIA ABSOLUTA OU MOROSIDADE INJUSTIFICADA DO PODER EXECUTIVO. SITUAÇÃO NÃO VERIFICADA NO CASO EM TELA. DÉFICIT DE POLICIAIS. SITUAÇÃO QUE ACOMETE VÁRIAS UNIDADES POLICIAIS PELO ESTADO. VEDAÇÃO DA RETIRADA DE SERVIDORES DE UMA COMARCA PARA ATENDIMENTO DE OUTRA, O QUE GERARIA A TRANSFERÊNCIA DO PROBLEMA. DECISÃO REFORMADA. 1. Ainda que seja inegável a falta de policiais na Delegacia de Polícia de Irati, também é inegável que o problema não acomete somente aquela Comarca, já que é notória a falta de policiais em diversas localidades pelo Estado. Assim, a determinação para designação de servidores somente transferiria o problema para outro lugar. 2. Ao menos nesta etapa processual, não deve ser concedida a tutela de urgência pleiteada pelo Ministério Público, já que o Estado, como se colhe do Ofício nº 57/2018/SSP, não se mostra totalmente inerte diante dos problemas apontados, o que impede que o Judiciário adentre no mérito das políticas públicas adotadas pelo Poder Executivo. 3. Como já decidiu o Superior Tribunal de Justiça: “(...) A sindicabilidade judicial sobre atos do Poder Executivo deve limitar-se, inicialmente, à verificação do cumprimento dos princípios da legalidade, legitimidade, devido processo legal, moralidade, proporcionalidade e razoabilidade. Em regra, é inviável que o Poder Judiciário aprecie o mérito de políticas governamentais. Nesse sentido: AgRg no REsp 1.479.614/PR, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 03/03/2015, DJe 10/03/2015. 5. Conquanto se cuide de urgente necessidade de efetivação de políticas de contenção e prevenção de calamidades públicas, é razoável que se espere dos Entes Políticos responsáveis a continuidade da implementação das medidas cabíveis sem a necessidade de intervenção do Poder Judiciário. Recurso especial improvido.” (STJ - REsp 1518223 / RJ. Rel. Min. HUMBERTO MARTINS. SEGUNDA TURMA. J.: 09/06/2015. DJe 19/06/2015) RECURSO PROVIDO. (TJPR - 5ª C.Cível - 0014898- 36.2019.8.16.0000 - Irati - Rel.: Desembargador Nilson Mizuta - J. 11.06.2019) Acórdão https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=situa%C3%A7%C3%A3o+n%C3%A3o+verificada+no+caso+em+tela https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=d%C3%A9ficit+de+policiais https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=situa%C3%A7%C3%A3o+que+acomete+v%C3%A1rias+unidades+policiais+pelo+estado https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=decis%C3%A3o+reformada https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/178419072/agravo-regimental-no-recurso-especial-agrg-no-resp-1479614-pr-2014-0116642-1 https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=rel https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=min https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=segunda+turma https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/200480334/recurso-especial-resp-1518223-rj-2015-0039966-8 https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=rel https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=min https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=humberto+martins https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=segunda+turma https://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/834779680/processo-civel-e-do-trabalho-recursos-agravos-agravo-de-instrumento-ai-148983620198160000-pr-0014898-3620198160000-acordao https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=irati https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=rel Atenção: O texto abaixo representa a transcrição de Acórdão. Eventuais imagens serão suprimidas. PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ 5ª CÂMARA CÍVEL - PROJUDI RUA MAUÁ, 920 - ALTO DA GLORIA - Curitiba/PR - CEP: 80.030-901 Autos nº. 0014898- 36.2019.8.16.0000 Agravo de Instrumento nº 0014898-36.2019.8.16.0000 2ª Vara da Fazenda Pública de Irati Agravante (s): ESTADO DO PARANÁ Agravado (s): Ministério Público do Estado do Paraná Relator: Desembargador Nilson Mizuta AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA QUE VISA OBRIGAR O PODER EXECUTIVO A DESIGNAR E MANTER MAIS POLICIAIS NA DELEGACIA DE POLÍCIA DE IRATI. IMPOSSIBILIDADE DE O JUDICIÁRIO ESCOLHER/GERIR AS POLÍTICAS PÚBLICAS. INTERVENÇÃO AUTORIZADA SOMENTE QUANDO COMPROVADA AFRONTA A DIREITOS FUNDAMENTAIS DO CIDADÃO , DECORRENTE DE INÉRCIA ABSOLUTA OU MOROSIDADE INJUSTIFICADA DO PODER EXECUTIVO. SITUAÇÃO NÃO VERIFICADA NO CASO EM TELA. DÉFICIT DE POLICIAIS. SITUAÇÃO QUE ACOMETE VÁRIAS UNIDADES POLICIAIS PELO ESTADO. VEDAÇÃO DA RETIRADA DE SERVIDORES DE UMA COMARCA PARA ATENDIMENTO DE OUTRA, O QUE GERARIA A TRANSFERÊNCIA DO PROBLEMA. DECISÃO REFORMADA. 1. Ainda que seja inegável a falta de policiais na Delegacia de Polícia de Irati, também é inegável que o problema não acomete somente aquela Comarca, já que é notória a falta de policiais em diversas localidades pelo Estado. Assim, a determinação para designação de servidores somente transferiria o problema para outro lugar. 2. Ao menos nesta etapa processual, não deve ser concedida a tutela de urgência pleiteada pelo Ministério Público, já que o Estado, como se colhe do Ofício nº 57/2018/SSP, não se mostra totalmente inerte diante dos problemas apontados, o que impede que o Judiciário adentre no mérito das políticas públicas adotadas pelo Poder Executivo. 3. Como já decidiu o Superior Tribunal de Justiça: “(...) A sindicabilidade judicial sobre atos do Poder Executivo deve limitar-se, inicialmente, à verificação do cumprimento dos princípios da legalidade, legitimidade, devido processo legal, moralidade, proporcionalidade e razoabilidade. Em regra, é inviável que o Poder Judiciário aprecie o mérito de políticas governamentais. Nesse sentido: AgRg no REsp 1.479.614/PR, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 03/03/2015, DJe 10/03/2015. 5. Conquanto se cuide de urgente necessidade de efetivação de políticas de contenção e prevenção de calamidades públicas, é razoável que se espere dos Entes Políticos https://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/834779680/processo-civel-e-do-trabalho-recursos-agravos-agravo-de-instrumento-ai-148983620198160000-pr-0014898-3620198160000-acordao https://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/834779680/processo-civel-e-do-trabalho-recursos-agravos-agravo-de-instrumento-ai-148983620198160000-pr-0014898-3620198160000-acordao https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/178419072/agravo-regimental-no-recurso-especial-agrg-no-resp-1479614-pr-2014-0116642-1 responsáveis a continuidade da implementação das medidas cabíveis sem a (STJ -necessidade de intervenção do Poder Judiciário. Recurso especial improvido.” REsp 1518223 / RJ. Rel. Min. HUMBERTO MARTINS. SEGUNDA TURMA. J.: 09/06/2015. DJe 19/06/2015) RECURSO PROVIDO. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Agravo de Instrumento nº 0014898-36.2019.8.16.0000, do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba,5ª Vara Cível, em que é agravante o ESTADO DO PARANÁ e agravado o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ. RELATÓRIO O Ministério Público do Estado do Paraná ajuizou ação civil pública com pedido liminar contra o Estado do Paraná, com o objetivo de obrigar o Poder Executivo Estadual a designar e manter quadro de efetivo da Polícia Militar em número suficiente para atender aos Municípios que integram a Comarca de Irati. Narrou que instaurara Inquérito Civil n. 0067.18.000510-9, após Ofício encaminhado pelo Delegado da 4ª Delegacia de Polícia Civil de Irati que relatara inúmeras deficiências no tocante à estrutura física, material e de pessoal enfrentadas pela unidade policial. Destacou que a ausência de efetivo acarreta prejuízo à atividade policial e à prestação do serviço público. Afirmou que a 41ª Delegacia de Polícia de Irati possui efetivo de apenas três investigadores de polícia para uma população de aproximadamente 67 mil habitantes. Desde que o atual delegado assumira suas funções, dois investigadores se aposentaram e outros dois foram removidos. Argumentou, ainda, que outras localidades com menor população possuem maior efetivo policial. Comunicado o fato à Divisão Policial do Interior para ciência e adoção das providências, o Delegado responsável esclarecera que a Delegacia de Polícia de Irati está inserida na lista prioritária de obras de 2019, mas não existe previsão para solução do problema relativo à carência de recursos humanos. Noticiou que nos dias 7, 8 e 9 de agosto de 2018, a Delegacia de Polícia suspendera o plantão por causa do afastamento temporário de um dos investigadores por razões de saúde, pois não seria possível manter o plantão sem prejuízo do atendimento regular. Asseverou que a designação de investigador para viabilizar a retomada do plantão no dia 9 de agosto não obstaculizara a paralisação nos dias 7 e 8 do mesmo mês. Aduziu que, mantido o atual contexto, toda vez que um dos três investigadores estiver afastado por motivo de férias ou licença, a prestação do serviço público referente ao plantão estará comprometida porque não haverá efetivo suficiente. Sustentou que a composição da escala legal de plantão de 12x36 horas exigiria pelo menos cinco investigadores de polícia e cinco escrivães. Registrou que o Estado do Paraná possui plena ciência sobre a ausência de https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/200480334/recurso-especial-resp-1518223-rj-2015-0039966-8 https://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/834779680/processo-civel-e-do-trabalho-recursos-agravos-agravo-de-instrumento-ai-148983620198160000-pr-0014898-3620198160000-acordao https://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/834779680/processo-civel-e-do-trabalho-recursos-agravos-agravo-de-instrumento-ai-148983620198160000-pr-0014898-3620198160000-acordao efetivo. No entanto, não adotara nenhuma providência concreta para solucionar o problema. Defendeu que é dever do ente público garantir a segurança pública, além de não ser possível invocar a reserva do possível nem o poder discricionário do agente público, por se tratar do mínimo existencial a ser conferido aos cidadãos. Requereu a concessão da tutela provisória para que o Estado do Paraná promova “(...) designação imediata de mais 02 (dois) Investigadores de Polícia e 02 (dois) Escrivães de Polícia, devidamente concursados, para trabalhar na 41ª Delegacia de Polícia de Irati, juntamente com os servidores já lotados na referida unidade . Nopolicial, de modo a possibilitar a prestação ininterrupta do serviço público referente ao plantão policial” mérito, a confirmação da tutela provisória de urgência (mov. 1.1). Notificado, o Estado do Paraná se manifestou em relação ao pedido de tutela de provisória (mov. 10.1). O magistrado , Dr. Fernando Eugênio Martins de Paula Santos Lima, deferiu a quo “(...) a liminar pretendida, a fim de determinar ao Estado do Paraná que promova a designação de mais 01 investigador e 02 escrivães de polícia devidamente concursados para trabalhar na 41ª Delegacia de Polícia de Irati, juntamente com os servidores já lotados na referida unidade policial, mantendo pelo menos 05 servidores de cada cargo, de modo a possibilitar a prestação ininterrupta do serviço público referente ao plantão policial, sob pena de (mov. 12.1).incidência de multa diária no valor de R$ 5.000,00” Contra essa decisão foi dirigido este recurso. Sustentou o Estado do Paraná não ser possível remanejar servidores para atender a Comarca de Irati, uma vez que a dificuldade de recursos humanos não é exclusiva desta comarca e existem outras delegacias em operação com o mínimo necessário de servidores. Salientou que o remanejamento somente transferiria o problema para outras delegacias. Registrou que um dos escrivães lotados em Irati foi removido para a Comarca de Cândido de Abreu a pedido do próprio Delegado Titular da unidade, que informou que a redução não traria prejuízos à unidade policial. Asseverou que a contratação de novos servidores exige dotação orçamentária e planejamento para não ocorram interferências em outros setores da economia pública. Aduziu que o administrador deve distribuir os recursos humanos postos à sua disposição de acordo com os princípios que regem a Administração Pública. Argumentou que, na condição de garantidor da segurança pública, não descumpriu seu dever constitucional. Destacou que a simples nomeação de servidores não é suficiente para sanar os problemas da segurança pública. Arguiu que o efetivo abaixo do ideal não significa omissão estatal, mas exige organização administrativa para que seja executada a atividade. Defendeu que a decisão agravada configura ofensa ao princípio da separação dos poderes, pois interfere no âmbito da discricionariedade administrativa do Poder Público. Reputou que a decisão judicial que considera apenas a realidade local não tem a possibilidade de aferir os reais contornos do equacionamento da política de segurança pública em todo o território estadual. Afirmou que a ordem judicial viola a Lei de Responsabilidade Fiscal, na medida em que exige a criação de plano de remanejamento de servidores e implica em despesa não prevista no orçamento anual. Registrou, ainda, a ofensa aos artigos 20 e 22 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB, pois a decisão judicial desconsidera suas consequências práticas e as dificuldades enfrentadas pelo gestor público. Requereu a concessão de efeito suspensivo. No mérito, a reforma da decisão agravada. O efeito almejado foi concedido (mov. 5.1). O Ministério Público apresentou as contrarrazões pugnando pelo não provimento do Agravo (mov. 12.2). A douta Procuradoria Geral de Justiça, representada pelo eminente Procurador de Justiça, Dr. Edson Luiz Peters, manifestou-se pelo não provimento do recurso (mov. 17.1). VOTO Antes de adentrar no mérito, cumpre verificar a admissibilidade do agravo, pois de acordo com o Novo Código de Processo Civil, cabe ao relator do recurso exercer o juízo de admissibilidade recursal. O recurso atende aos requisitos de admissibilidade, pois tempestivo (intimação em 17/02/2018 – mov. 20.1 – Autos nº 0000955-47.2018.8.16.0206; interposição do recurso em 04/04/2019 – mov. 1.1 – AI), isento de preparo, instruído com as peças obrigatórias, interposto por parte legítima, e inexistentes as causas impeditivas ou restritivas ao direito do recorrer. No mérito, merece acolhida. Trata-se de Agravo de Instrumento interposto pelo Estado do Paraná contra r. decisão que, nos autos de ação civil pública promovida pelo Ministério Público contra o ora agravante, deferiu a liminar almejada para determinar a designação de 01 investigador e 02 escrivães de polícia devidamente concursados para trabalhar na 41ª Delegacia de Polícia de Irati, além daquelas já lotados na unidade policial, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00. Conforme consignado na análise sumária do presente recurso, postula o autor a tutela provisória de urgência satisfativa, jáque busca antecipar os efeitos da futura sentença de mérito. Devem, desse modo, estar presentes os pressupostos do art. 300 do NCPC/2015, quais sejam, a e o “probabilidade do direito” “perigo da .demora” A Constituição da República – CRFB/1988, ao mesmo tempo em que estabelece a "harmonia e entre os Poderes da República (art. 2º, CRFB/1988), cria também elementos para que estaindependência" independência não https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/102628/lei-de-responsabilidade-fiscal-lei-complementar-101-00 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15 https://www.jusbrasil.com.br/processos/299625629/processo-n-0000955-4720188160206-do-tjpr https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28894057/artigo-300-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641831/artigo-2-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 prejudique o atendimento efetivo das necessidades públicas, notadamente quando relativas a direitos essenciais presentes na Carta Magna. A intervenção do Poder Judiciário em políticas públicas deve ocorrer de forma cautelosa, e somente poderá ser determinada quando houver afronta a direitos fundamentais do cidadão , decorrente da inércia absoluta ou morosidade injustificada do Poder Executivo, sob pena de afronta à separação de poderes. Nesse sentido: “DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. POLÍTICAS PÚBLICAS. RESERVA INDÍGENA. PRESERVAÇÃO DA POSSE. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. NÃO CARACTERIZAÇÃO. PRECEDENTES. 1. O Supremo Tribunal Federal já assentou a possibilidade, em casos emergenciais, de implementação de políticas públicas pelo Poder Judiciário, ante a inércia ou morosidade da Administração, como medida assecuratória de direitos fundamentais . Precedentes. (...)” (RE 554446 AgR, Relator (a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 04/04/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-072 DIVULG 13-04-2018 PUBLIC 16-04-2018) Significa dizer, em síntese, que a resposta oferecida pelo Judiciário, adequada à Constituição e concretizadora de direitos fundamentais , somente deverá ser levada a efeito quando estiver diante de violação a direitos fundamentais por causa da omissão do administrador público. Inserindo tal entendimento ao caso em tela, contrapondo o acervo probatório carreado ao processo, conforme verificado na análise de cognição sumária, não se constata a completa omissão do administrador público na adoção de medidas necessárias para assegurar o efetivo mínimo de servidores públicos na 41ª Delegacia de Polícia de Irati. No Ofício n. 57/2018, a Secretaria de Estado da Segurança Pública, por intermédio da Divisão Policial do Interior, esclareceu que: “(...) tramitam os protocolos clínicos integrados 13.461.784-5 e 14.615.842-0, que tratam, respectivamente, de solicitações para abertura de concurso público para o provimento de cargos vagos nas classes iniciais de Papiloscopista e Investigador de Polícia”e, ainda, que “o Exmo. Governador do Estado autorizou a realização de concurso público para o provimento de 100 (cem) vagas para a classe inicial do cargo de Escrivão de Polícia, cujos procedimentos iniciais para dar seguimento ao certame encontram-se em .andamento” Além disso, informou que “atualmente a Polícia Civil do Paraná conta com (...) 2701 (dois mil setecentos e um) cargos de Investigador de Polícia ocupados, estando vagos 1.694 (mil seiscentos e noventa e quatro); 676 (seiscentos e setenta e seis) cargos de Escrivão de https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/25360154/recurso-extraordinario-re-554446-rs-stf https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 Polícia, estando vagos 724 (setecentos e vinte e (mov. 1.20).quatro)” O déficit total de servidores da Polícia Civil, consideradas todas as carreiras policiais, é de mais de 3.300 (três mil e trezentos) policiais (mov. 10.2). Ainda assim, o Delegado Divisional Dr. Valmir Soccio, em resposta ao Ofício n. 64/2018, da Vara Criminal de Irati, esclareceu “foi removido o investigador de Polícia Lincoln Fernando da Luz em data de 4 de dezembro do corrente, para a referida unidade, visando amenizar os problemas de falta de servidores conforme exposto pelo Delegado Titular da Comarca de Irati. (...) Cabe ressaltar que esta Divisão não dispõe de servidores para novas designações sem grave prejuízo de outra Unidade Policial, vez que atualmente a (mov. 10.2).carência de servidores atinge quase a totalidade do Estado (...).” Sobre essa designação, o Delegado de Polícia Paulo César Eugênio Ribeiro, lotado na Comarca de Irati, noticiou que “foi designado o investigador Lincoln Fernando da Luz para prestar serviços de natureza administrativa na unidade policial. (...). Não obstante, em contato telefônico com a 13ª Subdivisão Policial, foi-me informado que cederão 1 investigador de polícia para cumprimento de escala de plantão nas segundas-feiras e terças-feiras até o retorno de férias do investigador dessa unidade. Diante do estabelecido, a princípio, haverá provisoriamente a escala de plantão policial nas segundas, terças, quintas, sextas, sábados e domingos. Sendo que, até o momento, somente às quartas-feiras ainda não foi possível a (mov. 8.4).manutenção do plantão policial.” Sem desprezo aos relatos do Delegado de Polícia Paulo César Eugênio Ribeiro (mov. 1.38) e do Investigador Roberto Marsal Yamaki de Carvalho (mov. 1.42), cujo teor demonstra a preocupação com o adequado atendimento à população de Irati e a insuficiência do quantitativo de servidores atualmente lotados naquela Comarca, infelizmente a situação não destoa daquela que é usualmente enfrentada por diversas localidades do interior do Estado e mesmo da Capital. Com efeito, a situação que envolve o quadro deficitário de policiais civis não destoa daquela encontrada em outras áreas de prestação de serviço público, como saúde e educação. Essa situação conduz à judicialização das políticas públicas e exige uma resposta do Poder Judiciário adequada à Constituição da República, para assegurar os direitos fundamentais desprezados pelo Poder Público. A judicialização da política, contudo, não se confunde com o ativismo judicial, tampouco permite que a vontade do julgador substitua o debate político e a atuação do Administrador Público, a quem incumbe a tarefa de distribuir o material humano que possui da melhor maneira possível, sem descuidar dos princípios que regem a Administração Pública. Sobre a distinção entre https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 judicialização da política e ativismo judicial, esclarece Lênio Luiz Streck: “A questão da judicialização (da política), portanto, está ligada ao funcionamento (in) adequado das instituições, dentro do esquadro institucional traçado pela Constituição. Quanto maior a possibilidade de se discutir, no âmbito judicial, a adequação ou não da ação governamental lato sensu em relação aos ditames constitucionais, maior será o grau de judicialização a ser observado. É por isso que afirmo, como já o fiz em outras oportunidades, que a judicialização é contingencial. Ela depende de vários fatores que estão ligados aofuncionamento constitucional mente adequado das instituições. O ativismo judicial, por outro lado, liga-se à resposta que o Judiciário oferece à questão objeto de judicialização. No caso específico da judicialização da política, o ativismo representa um tipo de decisão na qual a vontade do julgador substitui o debate político (seja para realizar um pretenso “avanço”, seja para manter o status quo).”(STRECK, Lênio Luiz. Entre o ativismo e a judicialização da política: a difícilIn “ concretização Do direito fundamental a uma decisão judicial constitucionalmente Adequada”. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/311850191_Entre_o_ativismo_ e_a_judicializacao_da_politica_a_dificil_concretizacao_do_direito_fund amental_a_uma_decisao_judicial_constitucionalmente_adequada - acesso em 4.4.2019). Esclarece o autor, ainda, que “Há uma pergunta fundamental que deve ser feita e que pode dar um indicador se a decisão é ativista ou não: a decisão (uma determinada decisão), nos moldes em que foi proferida, pode ser repetida em situações similares? Sendo a resposta um “não”, há fortes indícios de que estejamos a (op. cit).ingressar no perigoso terreno do ativismo” Em suma: a decisão judicial deve ser universalizável, isto é, sua concessão deve ser possível em todas as situações que envolvam circunstâncias idênticas. Sob a ótica da lição doutrinária, conclui-se que a decisão proferida pelo magistrado , aparentemente, nãoa quo atende à concretização do direito fundamental à segurança pública. Ao revés, somente assegura um quantitativo mínimo de policiais civis na Comarca de Irati e o seu resultado não poderá ser estendido para outras Comarcas em idêntica situação, porquanto não possuirá o Estado do Paraná efetivo humano suficiente para dar atendimento a todas as demandas judiciais que exigem o mínimo de servidores em todas as delegacias existentes no território estadual. Com efeito, caso o Estado do Paraná seja demandado em outra localidade, poderá ter de deslocar servidores atualmente lotados em Irati para dar atendimento a outra decisão judicial, sempre sob o risco de multa https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 cominatória. Registre-se, por derradeiro, que não se pretende retirar do ente público o seu dever constitucional de garantir a segurança pública, que deve ser assegurada não apenas por meio do provimento de cargos, mas de outras medidas como a construção de cadeias, melhoria de instalações, investimentos em tecnologia e etc. Afirma-se, tão-somente, que a forma escolhida pelo Ministério Público, e acatada pelo douto Magistrado singular, não se presta para dar cumprimento ao direito constitucional porque, por simples palavras, somente transfere o problema para outra localidade. Do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Agravo de Instrumento interposto pelo ESTADO DO PARANÁ, para revogar a decisão agravada que terminava a designação “(...) de mais 01 investigador e 02 escrivães de polícia devidamente concursados para trabalhar na 41ª Delegacia de Polícia de Irati, juntamente com os servidores já lotados na referida unidade policial, mantendo pelo menos ”.05 servidores de cada cargo Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 5ª Câmara Cível do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar pelo (a) Provimento do recurso de ESTADO DO PARANÁ. O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargador Leonel Cunha, com voto, e dele participaram Desembargador Nilson Mizuta (relator) e Desembargador Carlos Mansur Arida. 11 de junho de 2019 Desembargador Nilson Mizuta Juiz (a) relator (a) Disponível em: https://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/834779680/processo-civel-e-do- trabalho-recursos-agravos-agravo-de-instrumento-ai-148983620198160000-pr-0014898- 3620198160000-acordao Documentos Recomendados Superior Tribunal de Justiça Jurisprudência • há 7 anos Superior Tribunal de Justiça STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL: AgRg no REsp 1479614 PR 2014/0116642-1 ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. INTERVENÇÃO ESTATAL. DOMÍNIO ECONÔMICO. COMÉRCIO EXTERIOR. IMPORTAÇÃO. COCO RALADO. REGRAS. DISTRIBUIÇÃO. LICENÇAS. LEILÃO. IMPUGNAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. EXAME. PODER JUDICIÁRIO. MÉRITO. ATO ADMINISTRATIVO. POLÍTICA GOVERNAMENTAL. 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