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DT I Unidade 5 Interpretação, Integração e Aplicação do Direito do Trabalho 24 08 2018 (1)

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24
CENTRO UNIVERSITÁRIO UDF
DIREITO DO TRABALHO I
1º SEMESTRE 2018
Professor José Roberto Freire Pimenta
UNIDADE V
Carga horária: 4 horas-aula
Interpretação, Integração e Aplicação do Direito do Trabalho
Aspectos gerais e peculiaridades trabalhistas. Aplicação do Direito do Trabalho no tempo e no espaço.
Bibliografia básica: Curso de Direito do Trabalho. DELGADO, Maurício Godinho. São Paulo: LTr, 17ª edição, obra revista, atualizada e ampliada, conforme Lei nº 13.467/17 e MPr nº 808/17
Sumário. Livro I – Introdução e parte geral. Capítulo VII – Interpretação, Integração e Aplicação do Direito do Trabalho (p. 256-289). 
I – INTRODUÇÃO
- o que é o Direito? É o conjunto de princípios, regras e institutos, revestidos de coerção estatal, que imprimem certa direção à conduta humana (quer alterando, vedando ou sancionando certas práticas, quer estimulando ou garantindo sua reprodução). Tem, portanto, caráter atuante sobre a vida social e referência permanente à vida concreta, sendo resultante dela e sobre ela incidindo para produzir efeitos (de forma dialética, portanto)
- para atuar de modo eficiente sobre a vida social, o operador do Direito tem que se valer de três operações específicas e combinadas: a interpretação jurídica, a integração jurídica e a aplicação jurídica:
a) a interpretação é o processo analítico de compreensão e determinação do sentido e extensão da norma jurídica em exame;
b) a integração consiste no processo lógico de suprimento das lacunas percebidas nas fontes principais do Direito em face de um caso contreto, através do recurso a fontes normativas subsidiárias;
c) a aplicação, por fim, é o processo de incidência e adaptação das normas jurídicas às situações concretas.
- todas essas operações, apesar de suas especificidades, têm pontos de contato entre si e, referindo-se obviamente ao mesmo fenômeno jurídico e a idêntica ou semelhante situação fática, mantêm-se estreitamente interconectadas de forma sucessiva, dependendo o resultado de uma do desenvolvimento alcançado na operação anterior
II – INTERPRETAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO
1. A interpretação no conhecimento humano
- no conhecimento humano em geral, interpretação é o processo intelectual pelo qual se busca compreender e desvelar um determinado fenômeno ou realidade de natureza ideal ou fática; por intermédio desse processo intelectual, o agente busca uma aproximação e conhecimento da realidade circundante que é seu objeto
- toda cultura humana (e todo o conhecimento correspondente) resulta de um processo de interpretação, menos sofisticada e subjetiva (no folclore, no senso comum e nas artes em geral) ou mais sofisticada (com regras mais rígidas, objetivas e sistemáticas de exame da realidade, como na ciência)
- embora mesmo na ciência seja impossível descolar o cientista-intérprete dos condicionamentos socioeconômicos e culturais a que necessariamente se acha integrado (em especial nas Ciências Sociais), a meta é construir, mesmo aqui, um conhecimento mais objetivo, mais sistemático, mais universal, mais rigoroso e passível de controle sobre os fenômenos objeto de exame: a essa qualidade superior é que se confere o nome de ciência
2. A interpretação no Direito
- no Direito, a interpretação atua em dois momentos fundamentais: 
a) na fase pré-jurídica, no instante da elaboração da norma de Direito, instante tipicamente político, quando se gestam e se concretizam em norma jurídica ideários e propostas de conduta e de organização socialmente construídas e defendidas por seus autores;
b) na fase propriamente jurídica, quando a norma já foi elaborada e está em vigor, quando é necessário que o operador do Direito compreenda o seu sentido e sua extensão, para sua aplicação ao caso concreto
2.1 – Interpretação na fase de construção da norma
- esta fase é de enorme relevância quando se pretende alterar ou reformar um sistema normativo; para começar, parte-se da interpretação do sistema de normas em vigor para, paralelamente, criticar-se intelectualmente este mesmo sistema (crítica jurídica e, principalmente, política), buscando-se identificar e denunciar contradições e incongruências na legislação a se modificar, parte por parte; 
- foi exatamente o que aconteceu nos últimos anos, para desaguar na Reforma Trabalhista da Lei nº 13.467/2017 mas, agora, continua em andamento, desta vez por parte dos doutrinadores e operadores do Direito contrários, no todo ou em parte, à Reforma
- São características da fase pré-jurídica a procura e o desvelamento das contradições e equívocos do sistema jurídico a se modificar, suas falhas e lacunas, seu desajuste a valores que, politicamente, considera-se que a sociedade erigiu como relevantes no momento histórico em que se desenvolve esta crítica pré-jurídica
2.2 – Interpretação do Direito construído
- ao contrário do momento pré-jurídico ou político da interpretação, em que prepondera a crítica ao sistema normativo em vigor, aqui, na fase propriamente jurídica (em que se examina as normas em vigor não para alterá-las mas sim para bem aplicá-las), prepondera a sua interpretação (isto é, a reprodução ou a descoberta intelectual daquilo que já foi normativamente proposto e estabelecido
- na análise da norma ou do conjunto de normas jurídicas, busca-se não a sua contradição com aquilo que, para o operador jurídico, deve ser ou com outras partes do sistema jurídico, mas sim sua congruência e organicidade integradas, dentro do conjunto do sistema jurídico em vigor 
- pesquisa-se, no preceito normativo objeto da operação intelectual interpretativa, a noção que faça sentido, tenha coerência e seja eficaz
- enquanto na fase pré-jurídica ou política prepondera a fórmula da contradição, na fase propriamente jurídica da interpretação prepondera a fórmula da coerência
- nesta fase, pesquisa-se a coerência racional e lógica da norma enfocada ao conjunto do sistema jurídico e ao conjunto do processos sociopolítico que responde por sua criação e reprodução
- naturalmente, este processo intelectual não é arbitrário nem subjetivo – ao contrário, submete-se a um conjunto de regras objetivas, sistemáticas e universais que visam produzir um resultado mais rigoroso e passível de controle que o produto da simples criatividade pessoal de cada operador jurídico; em síntese, busca-se reduzir o subjetivismo no processo de interpretação do Direito posto, em direção ao maior objetivismo possível
- a esse segmento especializado da Ciência do Direito que busca construir um instrumental teórico para garantir um patamar mais elevado, sofisticado e correto de concretização da interpretação jurídica, capaz de qualifica-la como científica, dá-se o nome de Hermenêutica Jurídica 
3. Hermenêutica jurídica
3.1 – Distinções relevantes:
a) distinção entre hermenêutica e interpretação
- interpretação, no Direito, é a compreensão e a reprodução intelectual de uma dada realidade conceitual ou normativa; “é a determinação do sentido e alcance das expressões de Direito” (CARLOS MAXIMILIANO)
- Hermenêutica Jurídica, por sua vez, é a ciência (ou ramo da Ciência do Direito) que trata do processo de interpretação das normas jurídicas; ela é o conjunto de princípios, teorias e métodos aplicáveis ao processo de compreensão e reprodução intelectual do Direito (isto é, ao processo de interpretação do Direito); ela apreende e fixa os critérios que devem reger a interpretação (a qual os absorve e concretiza na dinâmica interpretativa)
- em síntese, a interpretação é um processo, enquanto a Hermenêutica Jurídica é a ciência voltada a estudar o referido processo, estabelecendo e sistematizando os princípios, as teorias e os métodos de sua concretização
b) distinção entre interpretação e integração
- as duas figuras não se confundem: embora a integração não dispense uma prévia dinâmica interpretativa (pois apenas depois de se compreender o sentido e a extensão das normas em exame é que se poderá concluir se existe ou não lacuna das fontes centrais ou principais do sistema jurídico a preencher, mediante o recurso a fontes normativas de caráter supletivo– processo que é a própria definição de integração – ver os artigos 126 do CPC de 1973 e 140 do CPC de 2015)
- os instrumentos da integração jurídica são:
	a) a analogia (autointegração) – EXPLICAR a diferença
b) os princípios jurídicos, a doutrina, a equidade, os costumes e o Direito comparado (heterointegração)
- a integração forma uma totalidade coerente e específica, inconfundível com o processo de interpretação e que é constituída pelo seguinte e sucessivo conjunto de operações:
	a) pesquisa do sistema;
	b) descoberta da lacuna;
	c) eleição de uma fonte supletiva pertinente;
	d) preenchimento da lacuna pela aplicação da norma subsidiária.
c) distinção entre interpretação e aplicação da norma
- é clara a diferença entre ambas: 
a) a aplicação é o momento de adequação concreta da norma sobre o caso objetivamente figurado, quando ocorre a incidência da norma sobre o caso concreto; é a operação final da tríade interpretação-integração (esta só quando necessária)-aplicação
b) a interpretação é instrumento para a correta aplicação do Direito, ao proceder à delimitação do sentido e da extensão da norma em questão, mas com ela não se confunde
- enquanto a interpretação determina o que deve ser em decorrência da norma jurídica a ser aplicada ao caso concreto (ou seja, o seu conteúdo ideal), a aplicação torna realidade, no campo do ser, aquele comando normativo (ou seja, ela concretiza a norma jurídica)
d) distinção entre interpretação extensiva e analogia
- são figuras mais próximas, mas a primeira está dentro da atividade de interpretação, enquanto a segunda é modalidade de integração (autointegração)
- isto quer dizer que a analogia é aplicada em casos de lacuna (ou seja, quando a norma analogicamente aplicada não trata da situação fática em questão, mas sobre ela incide porque esta é substantivamente semelhante à que é objeto da referida norma (ubi eadem ratio, ibi eadem legis dispositio[footnoteRef:1]); pela analogia, a norma incide além de suas fronteiras – ou seja, ela é aplicada a situação por ela não enfocada; [1: Tradução: “Onde existe a mesma razão, aí se aplica o mesmo dispositivo legal”] 
- no Direito do Trabalho, é exemplo de operação analógica a hora de sobreaviso: prevista no artigo 244, § 2º, da CLT para o ferroviário[footnoteRef:2], passou a incidir, por construção jurisprudencial, sobre a situação semelhante vivida pelos eletricitários (Súmula nº 229 do TST[footnoteRef:3]) e, em geral, para os demais trabalhadores em regime similar de sobreaviso (Súmula nº 428, I e II, do TST[footnoteRef:4]) [2: CLT: “Art. 244. As estradas de ferro poderão ter empregados extranumerários, de sobre-aviso e de prontidão, para executarem serviços imprevistos ou para substituições de outros empregados que faltem à escala organizada.                      (Restaurado pelo Decreto-lei n º 5, de 4.4.1966) 
(...)
 § 2º Considera-se de "sobre-aviso" o empregado efetivo, que permanecer em sua própria casa, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço. Cada escala de "sobre-aviso" será, no máximo, de vinte e quatro horas, As horas de "sobre-aviso", para todos os efeitos, serão contadas à razão de 1/3 (um terço) do salário normal.”                       (Restaurado pelo Decreto-lei n º 5, de 4.4.1966) ] [3: “Súmula nº 229 do TST
SOBREAVISO. ELETRICITÁRIOS (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Por aplicação analógica do art. 244, § 2º, da CLT, as horas de sobreaviso dos eletricitários são remuneradas à base de 1/3 sobre a totalidade das parcelas de natureza salarial.”] [4: “Súmula nº 428 do TST
SOBREAVISO APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 244, § 2º DA CLT (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012  
I - O uso de instrumentos telemáticos ou informatizados fornecidos pela empresa ao empregado, por si só, não caracteriza o regime de sobreaviso. 
II - Considera-se em sobreaviso o empregado que, à distância e submetido a controle patronal por instrumentos telemáticos ou informatizados, permanecer em regime de plantão ou equivalente, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço durante o período de descanso”.] 
- a interpretação extensiva, por sua vez, é adotada pelo intérprete sem que este ultrapasse o teor substancial da norma aplicada e a situação fática para a qual ela foi editada, embora além do seu enunciado formal específico (buscando extrair o máximo potencial de sentido e de abrangência da mesma); aqui, o operador jurídico estabelece, pela via da interpretação, que o sentido essencial da norma em exame é mais amplo do que aquele resultante de seu enunciado formal (“o legislador disse menos do que sem dúvida pretendeu dizer”); aqui, o operador do Direito permanece dentro das fronteiras básicas da incidência da norma (não se trata de integração, que pressupõe a existência de lacuna, portanto) 
- no Direito do Trabalho, é exemplo de interpretação extensiva a aplicação do disposto no artigo 486, caput, da CLT[footnoteRef:5] sobre o tipo legal do factum principis sobre autoridade distrital, embora ele se refira expressamente apenas à autoridade federal, estadual e municipal [5: CLT: “Art. 486 - No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei ou resolução que impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo responsável.”                          (Redação dada pela Lei nº 1.530, de 26.12.1951)] 
- há restrições, na Hermenêutica Jurídica, ao uso indiscriminado tanto da analogia quanto da interpretação extensiva:
a) nas leis e normas penais (e, no Direito do Trabalho, nas normas relativas à justa causa);
b) nas leis e normas fiscais (e, no Direito do Trabalho, nas normas relativas a recolhimentos sindicais);
c) nas leis e normas que estabelecem exceções, inclusive benéficas – art. 1.090 do CC/1916; art. 114 do CC/2002 (e, no Direito do Trabalho, as normas coletivas de trabalho benéficas ou restritivas, a sentença normativa, as cláusulas contratuais e as normas de regulamento empresarial)
e) distinção entre analogia e indução
- na analogia, identificam-se semelhanças relevantes entre figuras ou categorias componentes de espécies distintas, para fazer incidir, sobre a outra, a norma que trata de apenas uma das figuras ou categorias consideradas 
- na indução, no entanto, o operador do Direito, por processo lógico, com base no resultado de suas observações efetuadas sobre algumas das figuras de uma mesma espécie, ele extende o disposto em uma norma jurídica a todas as demais figuras daquela mesma espécie; ele é, portanto, um processo lógico-comparativo entre algumas figuras ou categorias componentes da mesma espécie, para permitir a aplicação da mesma norma a todas as figuras ou categorias integrantes da referida espécie com base naquele elemento ou qualidade comum (EXEMPLO?)
3.2 – Função da interpretação jurídica
– interpretar a norma jurídica é apreender-lhe e reproduzir-lhe o conteúdo e extensão; é determinar com exatidão seu verdadeiro sentido, os vários elementos de sua compreensão e todos os casos a que se extende sua aplicação
- para Radbruch, a interpretação visa fixar o sentido objetivamente válido de um preceito jurídico; diferenciar texto e norma
- há duas dimensões diversas, sucessivas e de certa forma contrapostas da atividade do intérprete da norma jurídica: a operação interpretativa não se resume simplesmente em pensar de novo aquilo que já foi pensado por outrem (o legislador, que desempenha o papel jurígeno – criador do Direito – original), mas também saber pensar até o fim aquilo que já começou a ser pensado por outrem (papel adequador da norma jurídica a todas as situações sobre as quais ela deve incidir e que não tenham sido expressamente previstas pelo legislador) 
- interpretar, para o Direito, seria, em primeiro lugar, a operação de revelação do sentido da norma, isto é, de reproduzir o pensamento contido na norma(“pensar de novo”) mas também, em segundo lugar, a operação de adequação do sentido da norma ao processo cultural no qual ela incide e opera 
- os sistemas jurídicos contemporâneos têm criado distintos e combinados mecanismos de racionalização da interpretação jurídica, para torna-la mais igualitária, universal e menos dependente da criatividade individual anárquica de cada intérprete da mesma norma:
a) a jurisprudência, como síntese das decisões judiciais já centralizadas pelos Tribunais de segundo grau e Superiores
b) os métodos de uniformização jurisprudencial nos próprios Tribunais (e, mais recentemente, os seus precedentes, produzidos dentro e fora dos incidentes de julgamento de demandas e de recursos repetitivos)
c) os métodos de uniformização de jurisprudência interpretativa da Constituição pelas Cortes Supremas e Constitucionais (no Brasil, as Súmulas Vinculantes e os julgamentos de recursos extraordinários com repercussão geral)
d) a concepção – e a prática – da interpretação jurídica como objeto de uma ciência – a Hermenêutica Jurídica e não como construção pessoal criativa própria de cada intérprete conclusivo do Direito
3.3 – Tipologias da interpretação jurídica
- as tipologias se constroem pelo método de classificação, a partir de um ou mais elementos ou critérios eleitos como parâmetros para a comparação e o consequente agrupamento dos objetos 
- há três tipologias fundamentais de interpretação do Direito: 
a) segundo o critério da origem da interpretação efetuada;
 
b) segundo o critério dos resultados (ou extensão dos resultados);
c) segundo o critério dos meios (ou métodos) utilizados no processo de interpretação jurídica
A) Tipologia segundo a origem da interpretação – para esta classificação, há três tipos de interpretação: a autêntica, a jurisprudencial e a doutrinária
- a interpretação autêntica é aquela feita pelo mesmo órgão que editou a norma jurídica a ser interpretada (por exemplo, a interpretação de diploma legal efetuada pelo próprio Poder Legislativo que o produziu, através de nova lei); a norma interpretativa, para ser válida, deve ser da mesma hierarquia da primeira norma a ser interpretada; além disso, os efeitos dessa interpretação através de nova norma não podem retroagir para prejudicar direitos adquiridos, atos jurídicos perfeitos ou coisas julgadas produzidas sob o império da lei anterior (no Brasil, é o que estabelece o artigo 5º, XXXVI, da CF/88)
- a interpretação jurisprudencial é a produzida pelos Tribunais a partir da reiteração de decisões similares tomadas em face de casos semelhantes (para o Direito Romano, jurisprudência é a autoridade das coisas decididas judicialmente de modo similar); no common law, é relevantíssimo o papel dos precedentes como fonte do Direito, o que os países dos sistemas romano-germânicos ainda não reconheceram com a mesma amplitude e centralidade (ver, no entanto, o CPC de 2015 e, principalmente, seus artigos 926 e 927); com o novo papel normativo dos princípios reconhecido pelo Constitucionalismo Social e pelo póspositivismo predominantes após o fim da Segunda Guerra Mundial, a interpretação jurisprudencial assumiu relevo incontestável, que originalmente já tinha no campo justrabalhista, mesmo antes da promulgação da Constituição de 1988
- a interpretação doutrinária, por fim, é a produzida pelos juristas, pesquisadores e estudiosos do Direito; embora não tenha qualquer valor vinculativo (ou vinculante), é importante contribuição à interpretação conclusiva do Direito 
B) Tipologia segundo os resultados da interpretação (diferenciando a extensão dos resultados atingidos pela operação interpretativa) – para esta tipologia, também há três tipos de interpretação: a declarativa, a extensiva e a restritiva
- a interpretação declarativa (ou literal) é a que conclui que a transparente e evidente tradução da expressão linguística (isto é, da literalidade) da norma jurídica corresponde à exata vontade e ao preciso sentido da norma (ou seja, a todo o seu conteúdo, sem necessidade de sua ampliação ou de sua restrição por esforço interpretativo) – in claris, cessat interpretativo; para esse tipo de interpretação, o resultado por ele obtido identifica o enunciado formal (o texto) e o conteúdo da norma
- a interpretação extensiva é aquela que conclui que o texto (a transparente expressão linguística) da norma jurídica traduz de forma insuficiente seu real conteúdo (isto é, o exato sentido objetivado por ela, norma); em outras palavras, a razão (ratio legis) e a vontade da norma (mens legis) não se encontram inteiramente expressas e, por conseguinte, satisfeitas pela fórmula linguística (pelo texto) adotada pelo legislador – dixit minus quam volut, ou seja, ele disse menos do que desejou dizer; nesses casos, pela interpretação extensiva da norma, o intérprete ampliará o sentido do texto legal formal expresso, para alcançar o sentido real e efetivo da norma
- a interpretação restritiva, por fim, é a que conclui que a transparente expressão linguística da norma jurídica examinada (isto é, o seu texto) é mais ampla que seu exato sentido objetivado pelo legislador; este, assim, teria dito mais do que o pretendido (dixit plus quam voluit); nesses casos, caberá ao intérprete restringir o sentido do texto formal expresso, para alcançar o real e efetivo sentido da norma (CC: os negócios benéficos serão interpretados restritivamente)
C) Tipologia segundo os métodos de interpretação
- essa classificação, elaborada de acordo com os meios (ou métodos) utilizados no processo interpretativo, aponta a existência dos seguintes tipos de interpretação do Direito: a gramatical, a lógica, a sistemática, a teleológica e a histórica (examinadas no tópico seguinte)
3.4 – Principais métodos de exegese do Direito
A) Interpretação gramatical (ou linguística)
- é a modalidade de interpretação mais tradicional e originária; é a interpretação fundada nas regras e métodos da linguística e filologia 
- parte do exame da literalidade do texto normativo e das palavras que o compõem, buscando o sentido que resulta diretamente do significado próprio e literal das palavras do texto normativo e fazendo do vocábulo o instrumento básico da interpretação
= se tomado isoladamente, esse método, diante do óbvio reducionismo formalístico que impõe ao processo de interpretação, apresenta claras limitações e distorções – a riqueza do processo de interpretação do Direito não se evidencia por inteiro pela simples tradução literal das palavras lançadas nos textos normativos
- ademais, há aparentes antinomias formais na legislação que não podem ser superadas se o intérprete se mantiver nos estritos parâmetros da interpretação gramatical
- por outro lado, essas corretas críticas ao método de interpretação gramatical não permitem que se dispense integralmente os instrumentos interpretativos propiciados por ele – é que nenhum método de interpretação de textos normativos pode abrir mão dos instrumentos da gramática, linguística e filologia como pontos de partida para a leitura e a compreensão desses textos (que, em outras palavras, constituem o primeiro mecanismo de aproximação do intérprete ao texto legal considerado, embora o processo interpretativo não possa, de fato, limitar-se a esse método restrito
B) Interpretação lógica (ou racional)
- esse método busca o significado, a coerência e a harmonia do texto legal, através do uso de técnicas de lógica formal;
- ele parte do suposto, que tem como válido, de que a lei, após produzida, encarna uma vontade própria (ratio legis ou mens legis) distinta da ideia de que ela é mera exteriorização psíquica de uma pessoa ou entidade (mens legislatoris)
- pesquisa-se, por esse método, o pensamento contido na lei, ainda que exteriorizado em fórmula linguística ambígua, obscura ou inadequada
C) Interpretação sistemática
- esse método caracteriza-se pela busca da harmonização do sentido da norma com o conjunto do sistema jurídico, produzindo uma interpretação vinculada e em harmonia com o conjunto do sistema de Direito
- por seu intermédio, oprocesso lógico de interpretação passa a operar em campo mais vasto, pois se investiga também a tendência normativa hegemônica nas diversas normas e nos vários diplomas legais existentes sobre matérias correlatas, tendência esta que será uma das premissas centrais implícitas àquela norma
- por esse método, busca-se integrar o texto interpretado no conjunto normativo correspondente da ordem jurídica, ficando mais claro o seu caráter transformador, retificador ou continuativo, perante o conjunto da ordem jurídica dentro da qual ela será inserida
D) Interpretação teleológica (ou finalística)
- esse método busca subordinar o processo interpretativo aos fins que essa norma jurídica objetiva alcançar; 
- é a partir do encontro dos fins sociais objetivados pela legislação em exame que se avançará na interpretação dessa norma
- o intérprete, ao determinar os objetivos visados pela legislação, evita a adoção de resultados interpretativos que inviabilizem ou conspirem a concretização desses fins pretendidos pela norma jurídica 
- na atualidade, preconiza-se a utilização sucessiva e combinada dos métodos até aqui expostos: partindo-se do método gramatical (ou linguístico), ao mesmo tempo pesquisa-se o “pensamento contido na lei” (a mens legis ou ratio legis – interpretação lógica), integrando-se o texto interpretado no conjunto normativo pertinente da ordem jurídica (interpretação sistemática) e levando em conta os fins sociais objetivados pela legislação em exame (interpretação teleológica); assim, o método gramatical converge com o critério combinado e simultâneo lógico-sistemático e teleológico 
E) Interpretação histórica
- esse método, de forma isolada, é de duvidosa utilidade
- ele consistiria na reconstituição da occasio legis no momento de sua interpretação (na pesquisa das necessidades e intenções jurídicas presentes no instante da elaboração da norma), para compreender-se sua razão de ser, seus fins e a vontade efetiva do legislador que a editou
- no entanto, se compreendido como critério de reprodução de parâmetros rígidos emergentes do passado que condicionarão a interpretação presente e futura da norma, ele não terá real valor científico, pois acarretará a ossificação da norma e a cristalização do fenômeno jurídico
- porém, se ele for compreendido como um instrumento de ajuda ou apoio à interpretação, através da reunião de dados históricos como meros subsídios informativos, ele pode ser útil; ainda assim, sempre terá validade limitada: é que o operador jurídico – principalmente o intérprete – volta-se ao presente e ao futuro, e não ao passado – deve o intérprete sempre reproduzir o pensamento contido na norma, adequando-o ao processo sociocultural hegemônico no instante (histórico) da interpretação	 
3.5 – Sistemas teóricos de interpretação
- as distintas propostas de interpretação de textos normativos (as escolas de hermenêutica jurídica) podem ser classificadas a partir de um critério fundamental: a qual dos dois pólos da equação interpretativa básica (reprodução e adequação) elas dão maior ou menor prioridade:
a) em primeiro lugar, estão aqueles sistemas que priorizam o pólo da reprodução do teor da norma e elimina-se – se possível - qualquer atividade de adequação do teor da norma, procurando, assim, reduzir ao mínimo o campo de atuação do intérprete, proclamando-se que este deve ser extremamente fiel ao texto formal da lei. É o caso da Escola da Hermenêutica Tradicional e da Escola Francesa da Exegese; in claris, cessat interpretatio
b) em segundo lugar, figuram as vertentes que procuram um maior equilíbrio entre os pólos da reprodução e da adequação no processo de interpretação. São a Escola Histórico-Evolutiva e a Escola da Interpretação Científica;
c) em terceiro lugar, finalmente, situam-se as vertentes que enfatizam a atividade de adequação da norma, no momento de sua interpretação, ampliando, para tanto, o papel do intérprete em sua atividade e na consequente aplicação do Direito. É, principalmente, o que faz a Escola do Direito Livre.
A) Escola da Hermenêutica Tradicional
- interpretação inspirada na cultura jurídica romana em sua fase jurídica menos desenvolvida, quando se restringia a interpretação jurídica à procura do sentido literal da linguagem da norma (ou seja, da palavra e textos normativos);
- com a recepção do Direito Romano na passagem da Idade Média para o Renascentismo na Europa continental (dando origem aos sistemas romano-germânicos), foi reavivado o prestígio da Hermenêutica Tradicional, a qual passou a considerar os textos jurídicos romanos algo pleno e acabado, limitando-se a explicar, literalmente, esses textos (foi o que fizeram os glosadores, que se limitavam a acrescentar aos mesmos as glosas, isto é, comentários marginais ou interlineares limitados a traduzir fielmente a sua expressão linguística)
B) Escola Exegética Francesa
- nasceu em decorrência das codificações; especialmente o Código Civil napoleônico de 1804, passou-se a considerar a lei codificada o produto do triunfo da razão
- nesse contexto, a interpretação deveria ser, exclusivamente, a explicação da lei escrita – esta (a lei) seria a fonte exclusiva do Direito: em sua palavra estaria insculpida a soberania legislativa, devendo o intérprete buscar nela a razão do legislador (menos que a razão da lei), lançada expressamente no texto legal escrito
- se a lei codificada é perfeito exemplo de sistematicidade e racionalidade, a sua interpretação deve limitar-se às construções silogísticas, não cabendo inserir nela critérios ou questionamentos considerados externos ou artificiais (por exemplo, os fins da norma) ou critérios abstratos (por exemplo, boa-fé)
C) Escola Histórico-Evolutiva
- concebida inicialmente pelo jurista germânico SAVIGNY para contrapor-se frontalmente à escola exegética francesa, sustentou caber ao intérprete aferir a vontade do legislador inserta no texto legal, mas apreendida segundo o momento histórico em que é feita esta interpretação
- ela parte da premissa de que a norma jurídica, a partir do momento de sua edição, não é estática e imutável; ao contrário, tem um desenvolvimento e uma evolução em seu sentido, cabendo ao intérprete exatamente captar essa transformação para, no momento histórico de sua interpretação e aplicação, conferir-lhe o significado correspondente a esta transformação ao longo do tempo – aqui, portanto, os pólos da reprodução e da adequação do sentido da lei convivem em um equilíbrio instável e dinâmico
D) Escola da Interpretação Científica
- esta corrente desenvolveu e sofisticou a Escola proposta por SAVIGNY, com base nas seguintes premissas: a) a lei escrita não é, necessariamente, a fonte exclusiva do Direito; b) é inevitável uma atualização constante do sentido original expresso na norma jurídica
- em consequência, a interpretação deve se dobrar às exigências da dinâmica da vida: a norma interpretada deve ser moldada aos fatos e circunstâncias novas (ou melhor, o sentido extraído da norma pelo intérprete deve resultar da consideração, por este, dos fatos e das circunstâncias novas sobre os quais o texto normativo incide)
- em outras palavras, o intérprete deve extrair do texto legal consequências atuais (ou seja, adequadas às necessidades do momento histórico presente), ainda que não presentes à época da edição da norma pelo legislador – aqui, também, há um maior equilíbrio entre os pólos da reprodução e da adequação do sentido da lei, no instante de sua interpretação
E) Escola da Livre Interpretação
- esta última escola (proposta pelo jurista germânico BÜLOW) parte de uma premissa bem diversa: para ela, o Direito é um fenômeno em constante elaboração, para a qual o juiz contribui com sua experiência e como agente de captação das influências nascidas das forças sociais em constante desenvolvimento
- a consequência disso é investir o juiz de um indisfarçável poder de construir e criar o Direito, a partir da norma legal
- para ela, a melhor maneira de compreensão e aplicação da norma é sua adaptação, pelo juiz, às necessidades do caso concreto,conforme a sua compreensão (daí a ideia de “livre investigação”)
- com essa intensificação do papel do intérprete nesse processo, é ampliada a dimensão da adaptação da norma sobre a mera reprodução de seu sentido, no momento de sua interpretação e aplicação
AVALIAÇÃO DE TODAS ESSAS CORRENTES: ambos os critérios, se extremados, mostram-se inadequados, ora produzindo resultados demasiado conservadores, ora produzindo resultados inovadores demais, mas sempre desequilibrados e distorcidos
3.6 – Especificidade da interpretação justrabalhista
- a interpretação no Direito do Trabalho sujeita-se, essencialmente, ao mesmo tipo de processo imperante em qualquer ramo jurídico existente
- porém, há uma especificidade relevante: o Direito do Trabalho deve sempre ser interpretado sob um modo valorativo (ou axiológico), inspirado na prevalência dos valores e princípios essenciais deste ramo jurídico:
	a) os valores sociais preponderam sobre os valores particulares
	b) os valores coletivos sobre os valores individuais
c) os princípios justrabalhistas devem iluminar o processo interpretativo neste ramo, especialmente o princípio da norma mais favorável
- essa jurisprudência axiológica prevalece apenas no que se refere à leitura e à compreensão da norma jurídica (e de sua hierarquia na ordem jurídica), não abrangendo o terreno dos fatos e sua aferição no âmbito judicial (sendo suficiente para compensar a desigualdade real entre as partes, no Direito Processual do Trabalho, a teoria do ônus da prova, com sua inversão em certos casos, e as várias presunções que lhe são características)
3.7 – Hermenêutica constitucional e Direito do Trabalho
- o desafio de reallzar, no campo do Direito do Trabalho, a dimensão constitucional construída em 1988, enfrenta ainda vários obstáculos:
a) o manejo injustificável do ultrapassado critério da eficácia jurídica das normas constitucionais (classificadas apenas em autoexecutáveis ou não autoexecutáveis) ou o uso incorreto e restritivo da classificação em normas de eficácia contida ou de eficácia limitada 
b) a recusa de conferir efeitos jurídicos reais à função normativa dos princípios jurídicos, inclusive constitucionais
c) a insuficiente utilização do critério hermenêutico da interpretação conforme a Constituição que é antiformalista
d) a ainda insuficiente construção de uma sólida jurisprudência de valores constitucionais, de conteúdo e direção essencialmente sociais
e) a recente reforma trabalhista da Lei nº 13.467/2017
4. Disfunções no processo interpretativo
- o mau uso dos métodos de interpretação e os embaraços acima indicados causam três tipos de disfunções no processo interpretativo:
a) a interpretação por inércia (ou retrospectiva) – aquela que insiste na reprodução do quadro normativo precedente, preservando o critério normativo anterior, ainda que se mostre clara a mudança promovida pela nova norma enfocada, esterilizando o avanço jurídico e cultural por ela ensejado;
b) a interpretação fragmentada – a que se prende a um aspecto isolado, pontual, da norma em exame, de maneira a obter resultado interpretativo nitidamente dissociado do conjunto normativo lógico e sistemático que a caracteriza e a envolve; o ponto residual destacado pelo intérprete é isolado dos demais aspectos normativos existentes, de modo a preponderar no resultado interpretativo empreendido; ao assim proceder, abrem-se injustificáveis cunhas de excepcionalidade na ordem jurídica, ignorando-se todo um conjunto estrutural de princípios e regras constitucionais e/ou legais
c) a interpretação reducionista – caracteriza-se pela diminuição acentuada dos efeitos jurídicos do instituto regulado pela norma através de sua interpretação, seja por distorção nesta, seja pela mudança pontual que foi produzida no instituto por outra norma jurídica ou por interpretação vinculante realizada a seu respeito
- o resultado global dessas disfunções é, em geral, uma interpretação regressiva do Direito (embora a fragmentada também possa parecer progressista, ela é sempre distorcida e equivocada)
III – INTEGRAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO
1. Conceituação
- é consensual, hoje, a existência do princípio da plenitude da ordem jurídica, pelo qual a ordem jurídica sempre terá, necessariamente, uma resposta normativa para qualquer caso concreto posto a exame do operador do Direito
- a integração jurídica é o instrumento ou o processo pelo qual são preenchidas as lacunas normativas verificadas no sistema jurídico diante de um caso concreto, através de mecanismos para assegurar o suprimento das lacunas apresentadas pelas fontes principais do sistema jurídico
- várias leis brasileiras consagram esse princípio e o mecanismo de integração jurídica como cogente para o julgador:
a) a Lei de Introdução ao Direito Brasileiro (LINDB), a antiga Lei de Introdução ao Código Civil de 1916, dispõe a esse respeito em seu artigo 4º[footnoteRef:6]; [6: LINDB (ex- LICC - DECRETO-LEI Nº 4.657, DE 4 DE SETEMBRO DE 1942).: “Art. 4o  Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.”
] 
b) o CPC de 1973, em seu art. 126[footnoteRef:7] e o CPC de 2015, em seu art. 140[footnoteRef:8]; [7: CPC de 1973: “Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito”         (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) 
] [8: CPC de 2015: “Art. 140.  O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único.  O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.”
] 
c) a CLT, em seu artigo 8º, tanto em sua redação original[footnoteRef:9] quanto em sua nova redação decorrente da Reforma Trabalhista da Lei nº 13.467/2017[footnoteRef:10]. [9: CLT: “Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.
Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste.”] [10: CLT: (...) 
1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho.”                 (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)  
] 
2. Tipos de integração jurídica
- há dois tipos de integração jurídica: a autointegração e a heterointegração:
a) a autointegração se faz através do uso de norma supletiva componente das próprias fontes principais do Direito; esta norma só é supletiva por não incidir originariamente sobre o caso concreto enfocado, embora se aplique normalmente e principaliter sobre outros casos semelhantes; ela se faz, portanto, dentro do próprio universo normativo principal do Direito (daí o seu nome); por exemplo, temos a analogia (o principal instrumento da autointegração);
b) a heterointegração ocorre quando o operador jurídico se vale de norma supletiva situada fora do conjunto das fontes principais do Direito (daí o seu nome); essa norma só rege situações fáticas concretas em decorrência da integração; exemplos: todas as fontes subsidiárias citadas nas três leis acima citadas – a LINDB, o CPC e a CLT – costumes e princípios jurídicos gerais, bem como os indicados só pelo artigo 8º da Consolidação do Trabalho – a jurisprudência, os princípios jurídicos constitucionais ou infraconstitucionais compatíveis com o Direito do Trabalho e o Direito Comparado; de forma duvidosa, a CLT também prevê a equidade (ver também, a seu respeito, o parágrafo único do artigo 140 do CPC/2015) e os usos (aqui de forma equivocada, pois estes são mera cláusula contratual e não norma jurídica)3. Procedimento analógico
- analogia, no Direito, é o processo pelo qual se aplica à hipótese não prevista em lei disposição relativa a caso semelhante (ubi eaden ratio, ibi idem jus); pressupõe semelhança de relações ou situações jurídicas, levando ao encontro, no ordenamento jurídico de fórmula normativa semelhante
- tem três requisitos:
a) lacuna – que o fato considerado não tenha sido tratado especificamente pelo legislador, através de uma norma jurídica específica;
b) semelhança da questão controvertida – que exista, na ordem jurídica, norma regulando situação ou relação que apresente ponto de contato, semelhança, coincidência ou identidade;
c) centralidade desse aspecto comum – que este seja o elemento central a autorizar a operação analógica.
- há dois tipos de procedimento analógico:
a) analogia legis – concretizada a partir de uma norma supletiva específica, um claro preceito legal regulador de situação similar ou um caso semelhante;
b) analogia juris – é um procedimento mais complexo, pois a norma a ser aplicada ao caso concreto através desse processo de integração é extraída pelo operador jurídico do conjunto de normas que disciplinam um instituto que tenha pontos fundamentais de contato com aquele que os textos positivos deixaram de contemplar; extrai-se o pensamento dominante de um conjunto de normas, ou em um instituto, ou um acervo de diplomas legislativas, transpondo-o ao caso controvertido, sob a inspiração do mesmo pressuposto
IV – APLICAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO
1. Conceituação
- aplicação do Direito é o processo de realização da incidência da norma jurídica abstrata sobre o caso concreto; consuma-se a incidência do preceito normativo pertinente à situação real examinada
- passa-se do plano abstrato ao plano do concreto, do plano geral ao plano particular – é uma operação de dedução, portanto, partindo-se do geral para o específico
- essa operação, nesta primeira fase, consiste em um silogismo, mediante o qual adota-se a norma jurídica como premissa maior, analisa-se e determina-se o fato ocorrido como premissa menor e, como conclusão, extrai-se o direito devido (a sentença)
- isso não esgota, porém, o processo de aplicação da norma jurídica, devendo esse silogismo abstrato ser combinado com uma vontade concreta permeada por uma necessária sensibilidade jurídico-social (que se revela pela escolha das premissas mais adequadas pelo juiz)
2. Aplicação do Direito do Trabalho no tempo
- o Direito do Trabalho submete-se ao princípio geral que rege o conflito das normas jurídicas no tempo: a nova norma jurídica terá simples efeito imediato, respeitando, assim, o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal de 1988)
- há, fundamentalmente, três efeitos possíveis para a lei nova:
a) efeito retroativo – a lei nova rege as situações jurídicas já consumadas na data de sua edição, sob a égide da lei anterior;
b) efeito imediato – a lei nova rege as situações em curso, ainda em curso ou não consumadas na data da sua vigência;
c) efeito diferido – a lei nova só irá reger as situações futuras, ocorridas em data posterior à da sua promulgação.
- a multiplicidade de fontes normativas e de cláusulas contratuais no Direito do Trabalho torna o tema do direito intertemporal a um só tempo complexo e relevante nesse ramo jurídico
- há, porém, um critério básico e geral informador dos efeitos intertemporais das normas novas na esfera justrabalhista: o princípio da aderência contratual
- por ele, preceitos normativos e cláusulas contratuais tendem a aderir nos contratos individuais de trabalho, mas com intensidade e extensão temporais diferenciadas: a aderência das normas jurídicas tende a ser relativa, enquanto que a aderência das cláusulas contratuais tende a ser absoluta
- quanto às cláusulas contratuais (expressas ou tacitamente convencionadas pelas partes), sua aderência ao contrato individual de trabalho tende a ser absoluta, não podendo ser suprimidas unilateralmente e nem mesmo de forma consensual (CLT, artigo 468, caput[footnoteRef:11]); a jurisprudência estendeu esse entendimento inclusive para as cláusulas previstas em regulamentos empresariais (Súmula nº 51, I, do TST[footnoteRef:12]) [11: CLT: “Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.”
] [12: Súmula nº 51: “NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 163 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. (ex-Súmula nº 51 - RA 41/1973, DJ 14.06.1973)”
] 
- quanto às normas jurídicas, ao contrário, a aderência contratual tende a ser apenas relativa – elas não se incrustam nos contratos de trabalho de modo permanente, ao menos quando se refiram a prestações de trato sucessivo; essas normas produzem efeitos contratuais essencialmente apenas enquanto estejam em vigor – extinta a norma, extinguem-se seus efeitos no âmbito desses contratos; assim, a revogação da norma produz efeitos imediatos.
- ATENÇÃO: FALAR SOBRE OS EFEITOS DA REFORMA TRABALHISTA SOBRE O DIREITO MATERIAL DO TRABALHO, NOS CONTRATOS QUE CONTINUARAM EM CURSO A PARTIR DE 11.11.2017, data da sua vigência
- esse critério de aderência contratual limitada (ou relativa) é claramente aplicável quando se trata de normas jurídicas heterônomas estatais, mas sempre foi polêmico com relação à sentença normativa e a seu equivalente autônomo, as normas coletivas de trabalho
- de início, o TST, por mais de duas décadas, adotou o entendimento da corrente da aderência contratual limitada pelo prazo, através da redação original da sua Súmula nº 277, editada em 1988 quanto às sentenças normativas[footnoteRef:13], ampliada em 2009 para alcançar também as convenções e os acordos coletivos de trabalho, e da OJ nº 322 da SbDI-1 do TST, de 2003[footnoteRef:14] [13: Súmula do TST Nº 277 “Sentença normativa. Vigência. Repercussão nos contratos de trabalho.
As condições de trabalho alcançadas por força de sentença normativa vigoram no prazo assinado, não integrando, de forma definitiva, os contratos.”] [14: Orientação Jurisprudencial da SbDI-1: 322. “ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. CLÁUSULA DE TERMO ADITIVO PRORROGANDO O ACORDO PARA PRAZO INDETERMINADO. INVÁLIDA (DJ 09.12.2003)
Nos termos do art. 614, § 3º, da CLT, é de 2 anos o prazo máximo de vigência dos acordos e das convenções coletivas. Assim sendo, é inválida, naquilo que ultrapassa o prazo total de 2 anos, a cláusula de termo aditivo que prorroga a vigência do instrumento coletivo originário por prazo indeterminado.”
] 
- diante do silencio legal (com breve exceção[footnoteRef:15]), a jurisprudência do TST, a partir de precedentes de sua SDC (o primeiro de 2008), adotou o principio da aderência contratual limitada por revogação, de início consagrado no novo Precedente Normativo 120 da SDC, aprovado pelo Tribunal Pleno em 2011[footnoteRef:16], e em 2012, na nova redação de sua Súmula 277[footnoteRef:17] - este critério, diante da alteração da CF/88 para só admitir o dissídio coletivo de natureza econômica se houver comum acordo, visou manter relativo equilíbrio entre as partes coletivas no momento de nova negociação coletiva sem o risco da pura e simples supressão das conquistas anteriores da categoria profissional [15: Súmula 277: (...) “II - Ressalva-se da regra enunciado no item I o período compreendido entre 23.12.1992 e 28.07.1995, em que vigorou a Lei nº 8.542, revogada pela Medida Provisória nº 1.709, convertida na Lei nº 10.192, de 14.02.2001.”
] [16: Precedente Normativo SDC: Nº 120 “SENTENÇA NORMATIVA. DURAÇÃO. POSSIBILIDADE E LIMITES (positivo) - (Res. 176/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011)A sentença normativa vigora, desde seu termo inicial até que sentença normativa, convenção coletiva de trabalho ou acordo coletivo de trabalho superveniente produza sua revogação, expressa ou tácita, respeitado, porém, o prazo máximo legal de quatro anos de vigência.”
] [17: Súmula nº 277 do TST
CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO OU ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. EFICÁCIA. ULTRATIVIDADE (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - SÚMULA CUJA APLICAÇÃO ESTÁ SUSPENSA NOS TERMOS DA MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA NOS AUTOS DO PROCESSO STF-ADPF Nº 323/DF, REL. MIN. GILMAR MENDES  - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho.
   ] 
- no entanto, em outubro de 2016 o Ministro Gilmar Mendes, monocraticamente, suspendeu os efeitos da nova redação da Súmula nº 277 do TST, ao conceder liminar na ADPF nº 323-DF; poucos meses depois, essa mesma interpretação vedatória foi consagrada expressamente no § 3º do art. 614 da CLT pela Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017), vedando a denominada ultratividade das CCT´s e ACT´s 
3. Aplicação do Direito do Trabalho no espaço
– Aspectos gerais. Critério especial da Lei nº 7.064, de 1982. Lei nº 11.962/2009 – impacto jurídico
- aplica-se sem qualquer dúvida o Direito do Trabalho brasileiro às relações de emprego e conexas, além das outras relações de trabalho legalmente indicadas, que ocorram dentro do espaço interno do território do Brasil
- tratando-se de empregado estrangeiro domiciliado ou residente no exterior, contratado por empresa estrangeira ou nacional para, em caráter provisório, prestar serviços dentro do Brasil, com estipulação de pagamento de salários em moeda estrangeira, ele pode receber tratamento jurídico com algumas especificidades por razões estritamente práticas – ver o Decreto-lei nº 691, de 1969[footnoteRef:18]; [18: Decreto-lei nº 691, de 18.07.69: 
“Art 1º Os contratos de técnicos estrangeiros domiciliados ou residentes no exterior, para execução, no Brasil, de serviços especializados, em caráter provisório, com estipulação de salários em moeda estrangeira, serão, obrigatòriamente, celebrados por prazo determinado e prorrogáveis sempre a têrmo certo, ficando excluídos da aplicação do disposto nos artigos nºs 451, 452, 453, no Capítulo VII do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho e na Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, com as alterações do Decreto-lei nº 20, de 14 de setembro de 1966, e legislação subseqüente. 
        Parágrafo único. A rescisão dos contratos de que trata êste artigo reger-se-á pelas normas estabelecidas nos artigos nºs 479, 480, e seu § 1º, e 481 da Consolidação das Leis do Trabalho. 
        Art 2º Aos técnicos estrangeiros contratados nos têrmos dêste Decreto-lei serão assegurados, além das vantagens previstas no contrato, apenas as garantias relativas a salário-mínimo, repouso semanal remunerado, férias anuais, duração, higiene e segurança do trabalho, seguro contra acidente do trabalho e previdência social deferidas ao trabalhador que perceba salário exclusivamente em moeda nacional. 
        Parágrafo único. É vedada a estipulação contratual de participação nos lucros da emprêsa. 
        Art 3º A taxa de conversão da moeda estrangeira será, para todos os efeitos, a da data do vencimento da obrigação. 
        Art 4º A competência para dirimir as controvérsias oriundas das relações estabelecidas sob o regime dêste Decreto-lei será da Justiça do Trabalho.” ] 
- as questões mais relevantes surgem, porém, em relação aos empregados brasileiros (ou estrangeiros aqui residentes ou domiciliados) que trabalhem no espaço externo do território brasileiro, especialmente em Estados estrangeiros:
	a) durante três décadas, desde meados dos anos de 1980, prevaleceu o entendimento jurisprudencial de que o critério geral regente de conflito de normas no espaço seria também aplicável no Direito do Trabalho: a norma jurídica aplicável a esses contratos de trabalho seria aquela do lugar da execução dos serviços – esse é o critério da territorialidade (lex loci executionis), consagrado pela Convenção do Direito Internacional Privado de Havana, ratificada pelo Brasil (o denominado Código Bustamante); isso restou expressamente consagrado na Súmula nº 207 do TST, editada em 1985[footnoteRef:19]; [19: Súmula 205 do TST: “CONFLITOS DE LEIS TRABALHISTAS NO ESPAÇO. PRINCÍPIO DA "LEX LOCI EXECUTIONIS" (cancelada) - Res. 181/2012, DEJT divulgado em 19, 20 e 23.04.2012
A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por aquelas do local da contratação.” 
] 
	b) ocorre que na mesma década de 1980 foi editado diploma legal (a Lei nº 7.064, de 1982) que, embora restrito às contratações nela mencionadas e além de fixar alguns direitos trabalhistas específicos em seu art. 3º, I[footnoteRef:20], consagrava critério diverso do da territorialidade, determinando a aplicação, nesses casos de conflito entre normas no espaço, do critério ou princípio da norma mais favorável ao trabalhador, sempre que o empregado tivesse sido transferido para laborar no exterior, depois de ter sido contratado no Brasil ou já ter trabalhado em seu território para o mesmo empregador ou respectivo grupo econômico (ou seja, em decorrência de remoções circunstanciais e provisórias) – trata-se do disposto em seu art. 3º, II[footnoteRef:21]; [20: Lei nº 7.064/82: “(...) Art. 3º - A empresa responsável pelo contrato de trabalho do empregado transferido assegurar-lhe-á, independentemente da observância da legislação do local da execução dos serviços:
I - os direitos previstos nesta Lei;” 
] [21: Lei nº 7.064/82: “(...) Art. 3º - A empresa responsável pelo contrato de trabalho do empregado transferido assegurar-lhe-á, independentemente da observância da legislação do local da execução dos serviços:
I - os direitos previstos nesta Lei;
II - a aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em relação a cada matéria.
Parágrafo único. Respeitadas as disposições especiais desta Lei, aplicar-se-á a legislação brasileira sobre Previdência Social, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS e Programa de Integração Social - PIS/PASEP.”
		
	] 
	c) com o advento da Lei nº 11.962, de 06.07.2009, que alterou o artigo 1º da Lei nº 7.064/82 (antes relativo apenas para os empregados transferidos para o exterior ou diretamente contratados para lá laborarem por empresas da área de construção pesada e congêneres) para abranger todos os “trabalhadores contratados no Brasil ou transferidos por seus empregadores para prestar serviço no exterior” (nova redação dada ao art. 1º da primeira lei)
	d) em decorrência da evidente tensão entre o tradicional princípio da territorialidade e o princípio da norma mais favorável ao trabalhador, da gradual mas clara tendência da jurisprudência trabalhista de atenuar o rigor do primeiro princípio e da alteração legislativa ocorrida em 2009, o TST, em 2012, cancelou a Súmula 207 do TST, consagrando implicitamente o critério da prevalência, nesses casos, do segundo princípio.
Brasília, agosto de 2.018.

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