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RESUMO ADMINISTRATIVO 2 1 BENS PÚBLICOS 1 CONCEITO são todos os bens que pertencem às pessoas jurídicas de Direito Público, isto é, União, Estados, Distrito Federal, Municípios, respectivas autarquias e fundações de Direito Público, bem como os que, embora não pertencentes a tais pessoas, estejam afetados à prestação de um serviço público. A gestão desses bens públicos é feita pela administração pública que tem o poder de administrar esses bens, determinar sua utilização conforme sua natureza e destinação, além das obrigações de guardar, conservação e aprimoramento. portanto a gestão dos bens públicos encontra-se umbilicalmente atrelada a utilização e Conservação. 2 CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS I) Quanto à Titularidade: a) federais – art. 20, da CF (o rol não é taxativo); b) estaduais e distritais – art. 26, CF (o rol não é taxativo); c) municipais – não participaram da partilha constitucional. II) Quanto a sua destinação Os bens públicos eles podem ser classificados em bens de uso comum, bens, de uso especial e dominicais, de acordo com o artigo 99 do CC. Os bens de uso comum são aqueles estão à disposição de toda a coletividade, ou seja, eles não necessitam que administração dê um consentimento individualizado para que eles sejam utilizados, é o caso por exemplo das ruas, mares e rios. Os bens especiais estão ligados a execução de algum serviço administrativo, ou seja, estão vinculados à prestação de algum serviço público como por exemplo, os prédios de repartição pública, as universidades públicas e os prédios de hospitais. É importante ressaltar que tanto os bens públicos de uso comum quantos de uso especial são inalienáveis enquanto eles mantiverem essa classificação geral. os bens dominicais ou dominiais os bens dominicais ou dominiais, eles constituem o patrimônio disponível, ou seja, eles podem ser vendidos ou alienados desde que sigam a licitação, eles não possuem uma destinação específica, podemos citar um exemplo que é o caso de terras públicas que não tem nenhuma destinação específica. Vale citar o artigo 102 do Código Civil que fala que os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. 3 REGIME JURÍDICO DOS BENS PÚBLICOS Os bens públicos gozam de um regime de maior proteção e rigor, portanto estão sujeitos à: 3.1. INALIENABILIDADE- preenchidas algumas condições, é possível alienar o bem. Exige-se autorização legislativa quando o bem for imóvel e pertencer a uma pessoa jurídica de direito público, uma declaração de interesse público, avaliação prévia e licitação, sendo essa dispensada em algumas hipóteses expressas no citado dispositivo. Alienação: pode ser realizada pelas formas comuns do direito privado, combinadas com as exigências dos arts. 17 e seguintes da Lei no 8.666/93. a) venda – art. 481 do CC, se imóveis (exige autorização legislativa, interesse público justificado, avaliação prévia e licitação, na modalidade concorrência, excepcionalmente leilão, art. 19) e se móveis (requisitos iguais, com duas diferenças: a autorização legislativa pode ser genérica e admite qualquer modalidade licitatória); b) doação (art. 538 e seguintes do CC) só é possível em caráter excepcional, exigindo autorização legal, avaliação prévia, interesse público justificado, sendo a licitação dispensada; c) permuta (art. 533 do CC) requisitos iguais aos já elencados acima, só diferenciando quanto à licitação, que poderá ser dispensável para atender a situação especial; d) dação em pagamento (art. 356 do CC) requisitos iguais aos elencados acima, exceto RESUMO ADMINISTRATIVO 2 2 quanto à licitação que será inexigível em razão da particularidade do ajuste; e) instrumentos específicos: a concessão de domínio; a investidura; a incorporação; a retrocessão; e o legitimação da posse. Para realizar a alienação de um bem público além da condição de desafetação também se exige os requisitos previsto no art. 17 da Lei nº 8.666/93 – alterada pela lei 11.952/09. – LEI DE LICITAÇÕES Exige-se: autorização legislativa (quando o bem for imóvel e pertencer a uma pessoa jurídica de direito público). uma declaração de interesse público. avaliação prévia e licitação, sendo essa dispensada em algumas hipóteses expressas no citado dispositivo. 3.2 IMPENHORABILIDADE - Os bens públicos são impenhoráveis, a penhora pode ser definida como o ato de apreensão judicial dos bens do devedor para pagar o credor a impossibilidade de penhorar bens públicos, é explicada pela obediência aos requisitos da alienação dos bens públicos e também pelo princípio da continuidade dos serviços públicos. Por exemplo uma escola pública que teve seu prédio penhorado como a continuidade visa a implementação ininterrupta do serviço público a penhorabilidade impediria a prestação do serviço público escolar e por consequência a promoção dos direitos fundamentais. 3.3 IMPRESCRETIBILIDADE - não podem ser adquiridas por meio da usucapião, nesse sentido o STF tem a súmula nº 340, além disso o STJ vem se manifestando que a utilização de bens públicos por particular não caracteriza a posse trata-se de mera detenção, logo esse particular não pode utilizar meios de defesa possessória para proteger a utilização do bem. 3.4 IMPOSSIBILIDADE DE ONERAÇÃO - não podem ser utilizados de forma a assegurar o pagamento da dívida contraída, o motivo disso é inalienabilidade ou alienação condicionada, além da regra do precatório (art. 100 da CF), que regulamenta o pagamento da dívida pública 4 AQUISIÇÃO DE BENS PARA O PATRIMÔNIO PÚBLICO O Poder Público poderá adquirir bens em razão de causas contratuais, fenômenos da natureza ou causas jurídicas. pode ser: a) aquisição originária; • A aquisição originária decorre de um fato jurídico que permite a aquisição da propriedade sem qualquer ônus ou gravame. O que se analisa são os requisitos legais para a obtenção de uma propriedade sem a necessidade da autonomia privada, por isso, de ser um fato jurídico, como ocorre com a usucapião, aluvião, avulsão, dentre outros, o que justifica a autonomia e independência. b) aquisição derivada. • A aquisição derivada é aquela pela qual a autonomia das partes faz com que a propriedade seja transferida de uma pessoa para outra exigindo, a legislação, certas formalidades e solenidades. 4.1 FORMAS DE AQUISIÇÃO: I) contratos: ex. doação, compra e venda, permuta (troca ou escambo), dação em pagamento; II) usucapião; III) desapropriação; IV) acessão natural – art. 1248, CC; V) direito hereditário (testamento e herança jacente); VI) arrematação; VII) adjudicação; VIII) aquisição ex vi legis: a) parcelamento do solo (loteamentos) – Lei 6766/79; b) perdimento de bens - art. 91, I e II do CP e Lei 8.429/92 (Improbidade Administrativa); II) c) reversão – Lei 8987/95; d) abandono de bens móveis ou imóveis - art. 1275, NCC. 5. GESTÃO DE BENS PÚBLICOS A gestão desses bens públicos é feita pela administração pública que tem o poder de administrar esses bens, determinar sua utilização conforme sua natureza e destinação, além das obrigações de guardar, conservação e RESUMO ADMINISTRATIVO 2 3 aprimoramento. portanto a gestão dos bens públicos encontra-se umbilicalmente atrelada a utilização e Conservação. a) comum ou normal – marcam a utilização comum ou normal a generalidade da utilização do bem, a indiscriminação dos administrados no que toca ao uso do bem, a compatibilização do uso com os fins normais a que se destina e a inexistência de qualquer gravame para permitir a utilização. Portanto, deve ser gratuito para não gerar discriminação em razão da condição econômica do administrado; b) especial ou anormal – caracteriza a utilização especial a exclusividade do uso aos que pagam a remuneração ou aos que recebem o consentimento estatal para o uso privativo, portanto, a onerosidade, nos casos de uso especialremunerado e a privatividade, nos casos de uso especial privativo e a inexistência de compatibilidade estrita, em certos casos, entre o uso e o fim a que se destina o bem; c) compartilhada – as pessoas públicas ou privadas, prestadoras de serviços públicos utilizam-se de bens ou espaços ao mesmo tempo, sem que uma exclua ou impeça o uso da outra. 5.1 FORMAS DE UTILIZAÇÃO: a) fins naturais do bem: utilização normal (sem consentimento) e utilização anormal (depende de consentimento); b) generalidade do uso: utilização comum, utilização especial (utilização especial remunerada e utilização especial privativa – como se fosse dono). 5.2 FORMAS DE UTILIZAÇÃO COMUM - é aquele diante do qual todos podem, igualmente, utilizar o bem, dispensando, em regra, manifestação prévia do Poder Público. PRIVATIVA - consiste na utilização, em caráter exclusivo, de um bem público pelo particular, mediante consentimento estatal prévio. I) Autorização de uso de bem público – trata- se de uma utilização especial de bem público feita no interesse do particular, para eventos ocasionais e temporários, feita por ato unilateral, discricionário e precário; II) Permissão de uso de bem público – é forma de utilização especial de bem público feita no interesse do particular e por meio de ato unilateral, discricionário e precário (mais permanente que na autorização); III) Concessão de uso de bem público – formalizada por meio de contrato administrativo com prévio procedimento licitatório, a concessão de uso é uma forma solene de utilização especial de bem público realizada no interesse público somente; IV) Formas de direito privado: a) enfiteuse; b) locação; c) arrendamento; d) comodato (há muita divergência quanto a aplicação ou não de regras de direito privado para estes institutos). 6 AFETAÇÃO/DESAFETAÇÃO - são fatos administrativos dinâmicos que indicam a alteração das finalidades do bem público, considerando a classificação do art. 99 do CC; Afetação – fato administrativo que destina o bem a uma finalidade pública, transformando-o em indisponível, em inalienável. Transforma um bem de dominical para uso comum do povo ou uso especial, o que pode ocorrer por destinação natural, ato administrativo ou lei; Desafetação – fato administrativo que retira a finalidade pública de um bem, eliminando partes de sua proteção, transformando-o em disponível e inalienável, nas condições da lei. Pode transformar um bem de uso comum do povo em dominical, o que depende nesse caso de lei ou ato do Executivo (quanto autorizado por lei). Ou ainda transforma um bem de uso especial em dominical, o que exige lei, ato do Executivo e fato da natureza. RESUMO ADMINISTRATIVO 2 4 Assunto 02 INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA. Conceito Intervenção na propriedade privada é todo ato do Poder Público que retira e restringe compulsoriamente direito dominiais privados ou sujeita o uso de bens particulares em virtude do atendimento aos interesses da comunidade. A intervenção na propriedade privada fundamenta- se na necessidade pública, utilidade pública e no interesse social, devendo vir, portanto, expresso em lei federal que autorize tal ato. Formas intervenção: • restritiva (limitação administrativa, servidão administrativa, requisição, ocupação temporária e tombamento). • supressiva (desapropriação). ✓ LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA: Conceito: impõe obrigações de caráter geral a proprietários indeterminados, em benefício do interesse geral abstratamente considerado, afetando o caráter absoluto do direito de propriedade. Características: imposta por normas gerais e abstratas; representa exercício do poder de polícia; restrições visando conciliar o direito público e o privado (bemestar social); poderá estar ligado a: segurança, salubridade, estética, defesa nacional ou qualquer outro fim em que o interesse da coletividade se sobreponha. Não está sujeita a controle, salvo ato ilegal. Indenização: em regra não se indeniza. ✓ SERVIDÃO ADMINISTRATIVA Conceito: é intervenção na propriedade que implica a instituição de direito real de natureza pública, impondo ao proprietário a obrigação de suportar um ônus parcial sobre o imóvel de sua propriedade, em benefício de um serviço público ou de um bem afetado a um serviço público. Formas De Constituição: por lei, mediante acordo e por determinação judicial, condicionada ao registro nos dois últimos casos. Indenização: é possível a indenização, se houver dano efetivo. São causas extintivas: a) a perda da coisa gravada; b) a transformação da coisa por fato que a torne incompatível com seu destino; c) o desinteresse do Estado; d) a incorporação do imóvel serviente ao patrimônio público. ✓ REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA Fundamento: iminente perigo, art. 5 o inciso XXV, CF. Principais Aspectos: incide sobre bens móveis, imóveis e serviços; justifica-se em tempo de paz e de guerra; competência da União para legislar sobre requisição civil ou militar; procedimento unilateral e autoexecutório; independe da aquiescência do particular; independe da prévia intervenção do PJ; afeta a exclusividade do direito de propriedade. Indenização: em regra oneroso, sendo a indenização a posteriori. Requisição De Bens móveis e fungíveis: atinge a faculdade que tem o proprietário de dispor da coisa segundo sua vontade; implica a transferência compulsória, mediante indenização, para satisfazer a interesse público. ✓ OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA Conceito: é a forma de limitação do Estado à propriedade privada que se caracteriza pela utilização transitória, gratuita ou remunerada de imóvel de propriedade particular, para fins de interesse público. Afeta a exclusividade do direito de propriedade. Essa medida independe de perigo público. Fundamento: art. 5 o , XXIII, e art. 170, III, CF. EX: para pesquisa arqueológica ou de minérios para evitar desapropriação desnecessária (Lei no 3.924/61 – art. 13). ✓ TOMBAMENTO Conceito: o Poder Público como que congela determinado bem, impondo a sua preservação, de acordo com regras adequadas a cada caso, quando sua conservação for de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico, bibliográfico ou artístico (art. 216, § 1 o , da CF e Decreto-Lei no 25/37). Características: é limitação perpétua ao direito de propriedade; coisa tombada pode ser móvel ou imóvel, pública ou privada; em benefício do interesse coletivo; afeta o caráter absoluto do direito de propriedade; trata--se de restrição parcial (se restrição total, é desapropriação); se faz com a inscrição do bem nos chamados Livros do Tombo. Indenização: em regra não há o dever de indenizar, excepcionalmente é possível compensação RESUMO ADMINISTRATIVO 2 5 pecuniária e, se o tombamento impedir o exercício da propriedade, é caso de desapropriação indireta, devendo atender às suas exigências. Competência para legislar: é concorrente. A União edita as normas gerais e os Estados têm a competência complementar (art. 24, inciso VII, CF), sendo comum a competência material (art. 23, inciso III, CF). Obrigações: a coisa tombada continua pertencendo ao proprietário, passando, porém, a sofrer uma série de restrições por se tratar de bem de interesse público. São obrigações positivas entre as quais estão as de: conservar, assegurar direito de preferência a quem tombou, tornar inalienável o bem, se público. As obrigações negativas se resumem em: não pode destruir, demolir ou mutilar; nem retirá-las do país, senão por curto prazo; não exportar, além do dever de suportar a fiscalização. Modalidades: o quanto à constituição ou procedimento: voluntário (art. 7 o – quando o proprietário pedir ou anuir por escrito ou de ofício ou compulsório (art. 5 o ); quanto à eficácia: provisório ou definitivo (art. 10, pu); quanto aosdestinatários: geral ou individual. Procedimento administrativo próprio previsto no Decreto-Lei no 25/37. ✓ DESAPROPRIAÇÃO Conceito: A desapropriação ou expropriação é a transferência compulsória da propriedade do particular ao Poder Público, mediante o pagamento justo e prévio de indenização em dinheiro. Tal ato decorre da supremacia do interesse público e é, portanto, a maior forma de expressão de poder do Público sobre o particular. A desapropriação tem por objetivo transferir o bem desapropriado para a propriedade do Poder Público quando existentes os pressupostos requisitados e o pagamento da indenização. Objeto: Objeto da desapropriação pode ser todos os bens (móveis ou imóveis) e direitos patrimoniais, desde que haja os pressupostos, incluindo o subsolo e o espaço aéreo. Entretanto, excluem-se da desapropriação os direitos personalíssimos e a moeda corrente no país. Elementos: a)aspecto formal – procedimento administrativo; b)sujeito ativo – Poder Público ou seus delegados (concessionária); c)pressupostos – necessidade, utilidade pública e interesse social; d)objeto – perda de um bem (transferência compulsória); e)reposição do patrimônio do expropriado por meio de justa indenização. Modalidades: fase declaratória: o Poder Público manifesta a vontade de desapropriar, utilizando o instrumento Decreto Expropriatório ou lei de efeito concreto. O ato deve conter: fundamento legal, identificação do bem, destinação que vai ser dada ao bem, sujeito passivo e recursos orçamentários. fase executiva: o pagamento e a efetiva entrada no bem. Pode ser: amigável (ocorre quando houver acordo quanto à indenização) ou judicial (utilizada quando não há acordo e quando o proprietário é desconhecido). *** Tredestinação Há certa divergência quanto à conceituação do instituto da tredestinação, mas, segundo a maioria, significa a realização de um ato administrativo com destinação desconforme com o plano inicialmente previsto. Considera-se tredestinação lícita quando, apesar da mudança, persistir uma razão de interesse público para justificar o ato. Sendo assim, o bem expropriado deve ser aplicado para os fins previstos na desapropriação, sob pena de retrocessão, ou de nulidade, por desvio de finalidade. Retrocessão: Para definição deste direito, a doutrina divide-se em três correntes. Parte da doutrina diz tratar-se de um direito real, seguindo, assim, todas as regras e consequências de um direito dessa natureza. De outro lado, alguns doutrinadores defendem a natureza de direito pessoal, em razão da previsão do art. 519 do novo Código Civil que define esse instituto no capítulo dos direitos das obrigações, estabelecendo que: “Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.” Para o terceiro grupo da doutrina, a sua natureza será mista, em partes direito real, e em outras, pessoal, cabendo ao expropriado escolher entre a ação de preferência de natureza real e a ação de perdas e danos, entendimento defendido por Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Assunto 03 INTERVENÇÃO DOMINIO ECONÔMICO DO ESTADO CONCEITO RESUMO ADMINISTRATIVO 2 6 A intervenção do Estado no domínio econômico, é um ato ou medida legal que restringe, condiciona ou tenha por fim suprimir a iniciativa privada em determinada área, visando assim, o desenvolvimento nacional e a justiça social, assegurados os direitos e garantias individuais. ** De acordo com o conhecimento jurídico convencional brasileiro, nosso sistema constitucional reservou à iniciativa privada papel preponderante, e ao poder público, papel residual. Assim, apenas excepcionalmente – isto é, quando a iniciativa privada não puder provê-lo de modo satisfatório –, poderá o estado brasileiro interver de modo direto na economia, ao constituir empresas estatais para concorrer com empresas privadas. Isto seria próprio do modelo de constituição econômica adotado pela constituição de 1988, e, de resto, próprio do capitalismo Especies De Interferência Na Ordem Econômica: ✓ INTERVENÇÃO DIRETA: Há duas formas de exploração direta da atividade econômica pelo Estado. Uma delas é o monopólio, e a outra, embora não esteja prevista expressamente na Constituição, é a necessária, ou seja, quando o exigir a segurança nacional ou interesse coletivo relevante, conforme definidos em lei. Entretanto, apesar da Constituição ter limitado taxativamente as hipóteses em que seria possível a intervenção econômica do Estado, por meio de exercício do poder constituinte derivado reformador, teve certa flexibilização dos referidos monopólios. ✓ INDIRETA De acordo com o art. 174, da Constituição, o Estado tem função de agente normativo e regulador da atividade econômica, exercendo, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. A fiscalização é acontece através do poder de polícia e consiste na verificação se os agentes econômicos privados estão atuando em conformidade com as disposições normativas incidentes sobre as suas respectivas atividades. Podemos compreender que, a intervenção no domínio econômico, disposta pelo artigo 174 da Constituição Federal, é indireta na medida em que o Estado não está atuando na exploração de uma atividade produtiva, mas sim, fiscalizando o equilíbrio do livre mercado e da livre concorrência. FORMAS DE ATUAÇÃO ESTATAL ✓ ESTADO REGULADOR Atua basicamente elaborando normas, reprimindo o abuso do poder econômico, interferindo na iniciativa privada, regulando preços, controlando abastecimento. ESTADO EXECUTOR ✓ Como Estado Executor teria legitimação para atuar indiretamente numa esfera que compete, à priori, à iniciativa privada. Sua finalidade prática é a de evitar e coibir práticas que derivem ou incidam no abuso de poder econômico, como, por exemplo, práticas que tenham de pôr fim a dominação dos mercados, a eliminação da concorrência, ou o aumento arbitrário dos lucros e quando a ação do Estado Regulador não conseguir modificar o estado danoso à sociedade. Pela Constituição Federal como regra geral, a administração direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, bem como suas Autarquias, Fundações Públicas, Agências reguladoras, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista deve atender aos princípios do seu art. 37: Princípios do artigo 37 da CF: Moralidade; Impessoalidade; Legalidade, Publicidade Eficiência - MILPE Assunto 04 PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR – PAD. Conceito O Processo Administrativo Disciplinar (PAD) é o instrumento que objetiva a punição de condutas tidas como ilícitas dentro do procedimento administrativo, nas leis administrativas, buscando manter o bom funcionamento da entidade pública e a coesão moral e ética, RESUMO ADMINISTRATIVO 2 7 não prejudicando a eventual punibilidade no âmbito civil e penal. Desta forma, busca coagir o servidor público a exercer sua função em conformidade com o que se estabelece, tendo, consequentemente, um bom funcionamento dos órgãos e entidades. Pluralidade normativa: competência legislativa dos entes federados O processo administrativo disciplinar tem sua base na Lei 8.112/90, no título V, que estabelece o método pelo qual será dado, sendo obrigatória a promoção de sua apuração imediata, com a formação de uma comissão de servidores, designados por autoridade competente, para tal, de modo que a sindicância não exceda o prazo de 30 dias, que pode ser prorrogado por uma única vez. Tem como fim a punição, com instauração de processo disciplinar, que pode levar inclusive à perda do cargo, a aplicação de advertência, ou o arquivamentodo processo de acordo com o resultado a que chegar a sindicância. os atos praticados na vida privada do servidor não caracterizam, em princípio, ilícitos administrativos sujeitos às sanções disciplinares, salvo nos casos previstos em lei ou se os referidos atos tiverem reflexos ou relação, direta ou indireta, com a função pública. Sindicância administrativa A sindicância administrativa é o processo administrativo preliminar que visa apurar a existência de indícios quanto à infração funcional e à respectiva autoria. Normalmente, a sindicância é caracterizada pelo caráter inquisitório (não litigioso), uma vez que não tem por objetivo principal a aplicação de sanção ao agente, mas apenas busca elementos que servirão de fundamento para instauração do futuro processo disciplinar principal. Portanto, a sindicância pode ser dividida em duas espécies: a) sindicância preliminar ao processo disciplinar principal: destinada à produção de elementos de provas quanto à infração e à autoria, servindo de peça informativa para o processo administrativo principal; b) sindicância como processo sumário de aplicação de sanções: possibilidade de aplicação de sanções leves aos agentes, exigindo-se, neste caso, respeito às garantias da ampla defesa e do contraditório. Fases do PAD após a denúncia, se acatada for, será instaurado o processo disciplinar. A Lei nº 8.112, de 1990, em seu art. 151, raciona o processo administrativo disciplinar em três etapas: A) instauração Será instaurado o processo a partir da publicação da portaria no Diário Oficial da União, que deverá ser realizado pela autoridade competente. A sua publicação constitui ato que autoriza a comissão processante a iniciar seus trabalhos, a qual deverá trazer consigo a designação dos membros da comissão apuradora, o tipo de procedimento a ser realizado, a duração dos trabalhos, o objeto da apuração, entre outros. Esta comissão deverá exercer suas atribuições com independência: sem interferência da autoridade instauradora, e imparcialidade: buscando a verdade real sem preferência pessoal quanto ao acusado, se atendo sempre aos fatos nos documentos dos autos e à portaria instauradora. Sendo RESUMO ADMINISTRATIVO 2 8 ainda assegurado o sigilo necessário à elucidação do caso. B) Inquérito administrativo O inquérito administrativo deverá observar os princípios do contraditório, sempre se assegurando ao acusado o direito à ampla defesa, através dos meios e recursos admitidos em direito (art. 153). Por isso, deve-se fazer uma notificação prévia ao acusado sobre a instauração do processo, assim que a portaria for baixada, para que desde logo se ponha em exercício o direito de defesa. Ao servido acusado é reservado o direito de acompanhar o procedimento pessoalmente ou através de procurador, que não necessariamente deverá ser advogado. Poderá ainda arrolar testemunhas, produzir e requerer provas e outros meios para construir sua defesa. C) Julgamento Após o recebimento do processo, a autoridade julgadora deverá proferir sua decisão no prazo de vinte dias após o recebimento (art. 167). O qual deverá acatar o relatório da comissão, a não ser que as provas difiram do disposto nos autos (art.168). Caso seja observada a ocorrência de vício insanável, a autoridade deverá declarar a nulidade do processo, e no mesmo ato deverá constituir nova comissão para instauração de novo processo administrativo (art. 169). Caso seja verificada que a infração também se tipifica penalmente, o processo disciplinar deverá ser remetido ao Ministério público, para que se proceda com devida ação penal (art. 171). Defesa técnica no PAD e a Súmula Vinculante 5 do STF o acusado tem o direito requerer a produção das provas admitidas pelo ordenamento jurídico para provar a sua inocência. Da mesma forma a Administração tem a prerrogativa de determinar, de ofício, a produção de provas em busca da verdade real. O direito à ampla defesa engloba tanto a autodefesa do particular quanto a defesa técnica exercida por advogado. a Súmula Vinculante 5 do STF pode ser excepcionada em determinados casos, quando será obrigatória a presença do advogado no PAD para juridicidade da sanção disciplinar. É o caso, por exemplo, do PAD instaurado para apurar o abandono do cargo do servidor que não é encontrado pela autoridade administrativa. Nessa hipótese, não haverá autodefesa, pois o acusado não foi encontrado, justificando-se a obrigatoriedade de nomeação de advogado dativo para que exista, ao menos, a defesa técnica no processo, na forma do art. 164, § 2.º, da Lei 8.112/1990. Objetivos do PAD São objetivos do processo administrativo: a) A correspondente investigação e esclarecimento acerca da existência de infração disciplinar por parte do servidor público, e quais foram os meios fáticos em que ela ocorreu; b) A garantia do devido procedimento, com direito a ampla defesa do servidor a quem é imputada a conduta; c) O respaldo, ou fundamentação, da decisão tomada pela autoridade julgadora, para que esta tenha base firme e não possa ser atacada uma vez que correta, ou tomada como mera arbitrariedade em desfavor do servidor. RESUMO ADMINISTRATIVO 2 9 Meios sumários: sindicância, verdade sabida e termo de declaração Os denominados “meios sumários” de apuração de faltas disciplinares, segundo a doutrina tradicional, referem-se às infrações disciplinares de menor gravidade ou às infrações objeto de flagrante na Administração. São espécies de meios sumários: sindicância, verdade sabida e o termo de declarações do infrator. Independentemente da nomenclatura, a potencial aplicação de sanção disciplinar, ainda que de natureza leve, acarreta a necessidade de aplicação dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório. Processo disciplinar e processo penal O poder disciplinar não se confunde com o poder penal do Estado. No poder disciplinar, o Estado exerce atividade administrativa com a finalidade de manter a ordem interna das atividades administrativas por meio de apurações e eventuais sanções aos agentes públicos que descumpriram o Estatuto Funcional ou a legislação vigente, as normas disciplinares, inclusive as sanções, encontram-se previstas na legislação administrativa e são aplicáveis no âmbito do processo administrativo disciplinar, instaurado no interior de qualquer Poder do Estado. As normas penais encontram-se enumeradas na legislação penal e são implementadas exclusivamente pelo Poder Judiciário por meio do processo penal. Em virtude das diferenças apontadas, o ato praticado pelo agente que violar, ao mesmo tempo, a legislação administrativa e penal poderá ser punido nas duas esferas, sem que haja bis in idem. a comunicação de instâncias administrativa e penal pode ser assim demonstrada pelo crime funcional e o não funcional. PRINCÍPIOS DO PAD O processo administrativo, tanto de modo geral quanto especificamente falando, está vinculado aos princípios basilares do Direito Administrativo, como o princípio da legalidade, da impessoalidade e da eficiência, por exemplo. Não apenas os princípios expressamente previstos no art. 37, caput, da Constituição Federal de 1988, mas também os implícitos. Em 1999 foi promulgada a lei 9784, que estabelece as regras básicas sobre os processos administrativos em âmbito federal. É importante ressaltar que a lei não possui caráter nacional, como é, por exemplo, o Código Penal. Os dois objetivos maiores da lei são a proteção dos direitos dos administrados e o melhor cumprimento dos fins da administração. No que se refere aos princípios, é o art. 2º da lei que os enumera de maneira expressa. Não quer dizer, no entanto, que estãolá presentes todos os princípios referentes aos processos administrativos, dado que os específicos da matéria são trazidos basicamente pela doutrina PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE Diferentemente do que acontece no processo levado a cabo pelo poder judiciário no Brasil, que é inerte, ou seja, só age quando provocado, o processo administrativo rege-se pelo princípio da oficialidade, segundo o qual a instauração e a impulsão do processo se dão de ofício. PRINCÍPIO DO INFORMALISMO Este é o princípio segundo o qual a Administração deve buscar a adoção de formas simples, não rígidas, mas que sejam suficientes para dar segurança aos administrados. O fato de adotar formas mais https://jus.com.br/tudo/direito-administrativo RESUMO ADMINISTRATIVO 2 10 simples não pode significar desrespeito aos princípios fundamentais do processo, menos ainda ao princípio mestre da legalidade, mas apenas um distanciamento dos formalismos burocráticos mais próximos dos processos judiciais, o que ajuda na busca da verdade dos fatos. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS Este é o princípio segundo o qual há a possibilidade de aproveitamento dos atos processuais que tenham cumprido sua finalidade, mesmo que estejam presentes vícios de formalidade. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL Segundo este princípio a Administração não está restrita apenas à versão dos sujeitos, podendo e devendo produzir provas, todas possíveis, desde que sejam lícitas, necessárias para seu convencimento PRINCIPIO DA GRATUIDADE Conclusão Portanto observa-se que o processo administrativo disciplinar constitui instrumento de manutenção da integridade da Administração Pública e garantia do servidor público investido em cargo público. Visa a correta observância das normas de direito administrativo que se relacionam ao PAD permitindo que o servidor possa agir com a adequada segurança e liminarmente, pela satisfação do interesse público.
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