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Gestão dos sistemas e serviço de saúde_modulo 1

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1 
 
Disciplina: Gestão dos sistemas e serviço de saúde 
Autora: M.e Mariana Martins Garcia 
Revisão de Conteúdos: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Revisão Ortográfica: Esp Murillo Hochuli Castex 
Ano: 2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em 
cobrança de direitos autorais. 
 
 
 
2 
 
Mariana Martins Garcia 
 
 
 
 
Gestão dos sistemas de serviço de 
saúde 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2019 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
 
3 
 
Editora São Braz 
Rua Cláudio Chantagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Revisão de Conteúdos 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Revisão Ortográfica 
Murillo Hochuli Castex 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
GARCIA, Mariana Martins. 
Gestão dos sistemas de serviço de saúde / Mariana Martins Garcia. – 
Curitiba: Editora São Braz, 2019. 
69 p. 
ISBN: 978-85-5475-394-8 
1.Intervenções. 2. Planejamento. 3. Organização em saúde. 
Material didático da disciplina de Gestão dos sistemas de serviço de saúde – 
Faculdade São Braz (FSB), 2019. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ..................................................................................................... 08 
Aula 1 – Planejamento e programação em saúde ...................................... 09 
Apresentação da Aula 1 ............................................................................ 09 
 1.1 – Desenvolvimento do planejamento em saúde ........................... 09 
 1.2 – Método CENDES-OPAS ............................................................ 10 
 1.3 – Planejamento estratégico ........................................................... 11 
 1.4 – Processos de planejamento e programação .............................. 13 
 1.4.1 – Processo de planejamento .................................................... 13 
 1.4.2 – Programação em saúde ......................................................... 14 
 1.4.3 – Processo e diagnóstico ........................................................... 14 
 1.5 – Diagnóstico situacional............................................................... 14 
 1.5.1 – Estimativa Rápida Participativa .............................................. 15 
 1.6 – Desenho do plano e avaliação do planejamento ........................ 18 
 1.6.1 – Desenho do plano ................................................................... 18 
 1.6.2 – Avaliação do planejamento...................................................... 19 
Conclusão da aula 1 .................................................................................. 21 
Aula 2 – Sistemas de saúde e organização de serviços............................. 22 
Apresentação da aula 2 ............................................................................. 22 
 2.1 – Sistemas de saúde e sistemas de proteção social .................... 22 
 2.1.1 – Conceito de sistemas de saúde .............................................. 22 
 2.1.2 – História da proteção social ...................................................... 23 
 2.1.3 – Proteção social no Brasil ......................................................... 25 
 2.2 – Tipologias de sistema de saúde ................................................. 26 
 2.2.1 – Socialdemocratas ou institucional redistributivo ...................... 26 
 2.2.2 – Corporativistas ou meritocráticos ............................................ 27 
 2.2.3 – Assistencial ou residual ........................................................... 28 
 2.3 – Reformas dos anos 1990 e as novas formas de organização de 
saúde ......................................................................................................... 
28 
 2.3.1 – Constituição Federal de 1988 ................................................. 28 
 2.3.2 – Lei Federal nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 .................... 29 
 2.3.3 – Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011 ............................. 32 
Conclusão da aula 2 ................................................................................... 32 
Aula 3 – Organização das redes de atenção à saúde e Financiamento ..... 33 
Apresentação da Aula 3 ............................................................................ 33 
 
 
6 
 
 3.1 – Conceitos fundamentais ............................................................. 33 
 3.1.1 – Condições de saúde ................................................................ 34 
 3.1.2 – Perfil demográfico do país ...................................................... 36 
 3.1.3 – Redes de atenção à saúde (RAS) ........................................... 38 
 3.2 – Funções e perfil assistencial ...................................................... 38 
 3.2.1 – Estrutura operacional das redes de atenção à saúde e suas 
funções ...................................................................................................... 
 
39 
 3.2.1.1 – Pontos de atenção à saúde secundários e terciários ........... 39 
 3.2.1.2 – Centro de comunicação localizado na atenção primária à 
saúde ......................................................................................................... 
 
39 
 3.2.1.3 – Sistemas de apoio ................................................................ 40 
 3.2.1.4 – Sistemas logísticos .............................................................. 40 
 3.2.1.5 – Sistema de governança da rede ........................................... 40 
 3.2.2 – Perfil assistencial .................................................................... 41 
 3.3 – Fundamentos e diretrizes da Regulação da atenção e Regulação 
do acesso ................................................................................ 
 
41 
 3.3.1 – Regulação em saúde ............................................................... 42 
 3.3.1.1 – Regulação de sistemas de saúde ........................................ 43 
 3.3.1.2 – Regulação da Atenção à saúde ........................................... 43 
 3.3.1.3 – Regulação do Acesso às assistências .................................. 44 
 3.4 – Financiamento e respectivos mecanismos de repassedo SUS.. 46 
 3.4.1 – Lei 8.142/90 ............................................................................. 46 
 3.4.1.1 – Tripartite ............................................................................... 47 
 3.4.2 – Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012 .............. 47 
 3.4.3 – Portaria 3.992, de 28 de dezembro de 2017 .......................... 49 
Conclusão da aula 3 .................................................................................. 49 
Aula 4 – Auditoria dos serviços de saúde e gestão do trabalho e educação 
na saúde .................................................................................................... 
 
50 
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 50 
 4.1 – Auditoria dos serviços de saúde ................................................. 51 
 4.1.1 – História da Auditoria em saúde ............................................... 51 
 4.1.2 – Sistema nacional de auditoria .................................................. 52 
 4.1.3 – Atividades de auditoria no componente estadual ..................... 55 
 4.2 – Gestão do trabalho e educação na saúde ................................... 56 
 4.2.1 – Secretaria de Gestão do trabalho e da educação na saúde 
(SGTES) .......................................................................................... 
 
57 
 
 
7 
 
 4.2.1.1 – Departamento de Gestão e da Regulação do Trabalho em 
saúde (DEGERTS) .................................................................................... 
 
57 
 4.2.1.2 – Departamento de Gestão da Educação na saúde (DEGES). 58 
 4.2.1.3 – Política Nacional de Educação permanente ......................... 59 
 4.2.1.4 – Programa de Qualificação e Estruturação da Gestão do 
trabalho e da Educação no SUS (ProgeSUS) ........................................... 
 
59 
Conclusão da aula 4 ................................................................................... 60 
Conclusão da disciplina ............................................................................. 62 
Índice Remissivo ........................................................................................ 63 
Referências ............................................................................................... 67 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
Prefácio 
 
 Na a disciplina de Gestão dos sistemas e serviços de saúde, será 
enfatizado o planejamento, que é a base para qualquer gestão de sistemas. 
Os movimentos sociais fazem parte da história do ser humano e 
possibilitaram a evolução da proteção social. Essa evolução levou ao 
desenvolvimento de alguns tipos de sistemas de saúde diferentes no mundo e, no 
Brasil, também teve sua evolução até chegar ao Sistema Único de Saúde. 
Falando de SUS, vamos conhecer a estrutura do nosso sistema hoje, com 
base nas legislações que entraram em vigor durante os anos e compreender, 
também, essa forma de estrutura integrada e horizontal, chamada de Redes de 
Atenção à Saúde, e a forma de financiamento e repasse de recursos a partir das 
três esferas de governo. 
Por fim, vamos continuar em outras áreas de gestão pública, a Auditoria 
dos serviços em saúde e a gestão do trabalho e educação em saúde. Cada um 
com sua especificidade, se enquadram nos princípios do SUS quanto à 
descentralização e demais princípios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
Aula 1 – Planejamento e programação em saúde 
 
Apresentação da aula 1 
 
Quando se fala em planejamento, nosso primeiro pensamento é a 
elaboração de um plano, a elaboração de normas e até quais recursos 
financeiros serão necessários. É claro que tudo o que foi dito é necessário, 
porém, o processo de planejamento vai além. É necessário observar a situação 
atual e verificar qual seria a situação ideal e, depois, iniciar a elaboração do plano 
e suas atividades para sair da situação real e chegar até a situação ideal. Assim, 
a primeira questão a se pensar é: onde queremos chegar? Quais objetivos 
queremos alcançar? Para que seja possível entender melhor, serão 
aprofundados os passos do processo do planejamento. 
 
1.1 Desenvolvimento do planejamento em saúde 
 
Para Refletir 
Alice – Poderia me dizer, por favor, qual é o caminho para 
sair daqui? 
Gato – Isso depende muito do lugar para onde você quer ir. 
Alice – Não me importa muito onde. 
Gato – Nesse caso, não importa por qual caminho você vá. 
Diálogo do livro Alice no País das Maravilhas (CARROLL, 
1865) 
 
O diálogo entre Alice e o gato, citado acima, mostra a importância do 
planejamento, pois, se não temos metas e objetivos, ficamos à mercê das 
circunstâncias e dificilmente conseguiremos chegar a algum lugar. 
É claro que planejar não garante totalmente atingir os objetivos, mas nos 
leva mais próximo. Assim, podemos dizer que planejar reduz os riscos de 
incertezas. Da mesma forma, não basta o plano mostrar a situação ideal, é 
necessário mostrar os motivos de hoje não ser a situação ideal e descrever como 
chegar aos objetivos estabelecidos de forma possível. 
 
 
10 
 
No decorrer dos anos, o planejamento em saúde passou por mudanças. 
Inicialmente se utilizava o modelo normativo (CENDES-OPAS) e, depois, foi 
aprimorado, chegando ao desenvolvimento do planejamento estratégico em 
saúde. Vamos entender essa evolução. 
 
1.2 Método CENDES-OPAS 
 
Foi desenvolvido entre 1962 e 1963 pelo Centro de Estudos do 
Desenvolvimento (Cendes), da Universidade Central da Venezuela, para suprir as 
situações apresentadas na Reunião de Punta Del Este, em 1961. Essa instituição 
elaborou um documento denominado “Problemas Conceptuales y Metodológicos 
de la Programação de la Salud” encomendado pela Organização Pan-Americana 
da Saúde (OPAS). Esse documento serviu para dimensionar as necessidade e 
recursos a serem destinados à saúde. 
 
Curiosidade 
Na Reunião de Punta Del Este (1961), encontravam-se 
ministros de Estado dos países da América Latina, que 
estabeleceram um amplo programa de auxílio financeiro 
internacional (Aliança para o Progresso). Para ter acesso a 
esses auxílios, os países teriam de elaborar programas de 
desenvolvimento ligados aos setores: econômico, reforma 
agrária, habitação, educação e saúde. 
 
Esse planejamento trouxe metodologia de gerenciamento de recursos para 
desenvolver ações com maior efetividade, ou seja, estabeleceu critérios objetivos 
para orientar a eleição das prioridades. Porém, esse método era elaborado por 
um planejador (técnico responsável por elaborar os planos) cuja função central 
era tomada de decisões utilizando bases racionais e objetivas, traçando tarefas 
precisas e limites cronológicos. Contudo, esse indivíduo não estava ligado 
diretamente à realidade local, focava o planejamento onde se deve chegar, mas 
não era capaz de identificar os imprevistos que podem ocorrer durante a 
execução do plano. Dessa forma, o planejamento era basicamente normativo, ou 
 
 
11 
 
seja, por meio de normas, com prioridades definidas de forma racional, baseadas 
em critérios definidos no próprio método. 
Esse desenho de planejamento normativo acabou sendo criticado no fim 
dos anos 1970 e início dos anos 1980, quando inicia o desenvolvimento de 
planejamentos estratégicos. 
 
1.3 Planejamento estratégico 
 
O planejamento estratégico começa a ser estudado na década de 1970, 
período histórico no qual países da América Latina estavam iniciando os regimes 
autoritários. Os técnicos que elaboravam os planejamentos normativos passaram 
a rever esse processo e começaram a buscar uma nova forma de elaborar os 
planejamentos em saúde. 
 
Importante 
Os próprios planejadores, que iniciaram no método CENDES-
OPAS, observaram as falhas existentes na visão do 
planejamentonormativo e evoluíram o método de 
planejamento em saúde, tornando-se especialistas e, hoje, 
referência em planejamento estratégico. 
 
 
Nesse primeiro momento, se faz críticas ao planejamento normativo, pois 
ele vem da transposição do planejamento econômico para a saúde, sem 
considerar as nuances dessa área. Na metade da década de 1980, inicia a 
produção de novos métodos, dos quais existem três vertentes básicas, que são: 
 
� Planejamento Estratégico-Situacional (PES): elaborado por Carlos 
Matus na Venezuela. Matus percebe o fracasso do modelo 
normativo e formula o PES, no qual o ator que planeja faz parte da 
realidade e interage com outros atores que também planejam. Esse 
é o método mais usado nos governos para elaboração de 
planejamento em saúde até os dias de hoje. 
 
 
12 
 
� Pensamento Estratégico de Mário Testa, na Argentina. Testa 
identifica que o poder de decisão não deve estar em apenas um 
âmbito, mas insere a necessidade do poder social e a articulação 
entre poder técnico, poder administrativo e poder político. 
� Enfoque Estratégico da Planificação em Saúde, elaborado na 
Escola de Medellin, na Colômbia, tendo sua linha de estudos 
voltada a órgãos internacionais de saúde como OPAS e OMS. 
 
 
 
No enfoque estratégico, o planejamento é feito por atores com 
interesses específicos e visões distintas da realidade, por estar 
inserido na realidade concreta. Dessa forma, cada perspectiva 
trará maior noção da realidade e melhor mediação entre plano 
e ação. 
 
 
 
No Brasil, as reformas de saúde, na década de 1970, foram influenciadas 
pelos movimentos populares de redemocratização, resultando em uma outra 
visão do planejamento em saúde e contribuindo com a construção do campo 
científico de Saúde Coletiva no Brasil. Além disso, as abordagens de 
planejamento estratégico em saúde trouxeram uma nova perspectiva para a 
programação em saúde, que serão abordadas logo mais. 
Por ter atividades mais complexas e com mais atores sociais envolvidos, 
o Planejamento Estratégico continua a fazer parte das organizações de saúde 
públicas e privadas. Para isso, é necessário seguir um processo que vai desde a 
identificação dos problemas até a avaliação dos resultados obtidos. 
 
Vocabulário 
Atores sociais: são os membros de um grupo que atuam 
em uma determinada situação e são capazes de transformá-
la. Para isso, é necessário que o ator tenha capacidade de 
intervenção, controle ou capacidade de mobilizar os recursos 
necessários ao plano e sua aplicação,” (MS M. d., 1999) 
 
 
 
 
13 
 
1.4 Processos de planejamento e programação 
 
Existem diversas abordagens e métodos de planejamento em saúde, que 
são diferentes em relação às etapas, conceitos e marcos teóricos. Porém, devido 
à complexidades e dinâmica do setor saúde, não existe um método de 
planejamento específico que possa ser usado como uma receita de bolo. Na 
verdade, quem planeja deve observar e identificar os métodos que se encaixam 
naquele momento, podendo utilizar mais de um para elaboração do planejamento 
estratégico. 
 
1.4.1 Processo de planejamento 
 
O planejamento Estratégico Situacional (PES) compreende que o futuro 
não é determinístico, dessa forma, o processo de planejamento engloba explorar 
o presente e o futuro para dar racionalidade às ações que serão elaboradas. Por 
isso, as ações devem ser avaliadas continuamente e, quando necessário, 
readaptadas de acordo com os problemas encontrados. 
Durante o planejamento, os atores envolvidos devem dimensionar suas 
atividades tanto a longo quanto a curto prazo. É claro que o grau de incerteza 
aumenta à medida que o período de tempo é maior e, dessa forma, as metas e 
os objetivos perdem suas características quantitativas e passam a ser mais 
qualitativos. Contudo, a característica dinâmica do PES permite a flexibilidade do 
plano para se adaptar aos imprevistos que podem aparecer. 
A configuração do PES é dividida em quatro momentos básicos: 
 
� Momento explicativo: observar os problemas presentes e identificar 
as oportunidades para a ação. Deve-se definir QUAIS problemas e 
POR QUÊ ocorrem; 
� Momento Normativo: definimos os objetivos, as metas, as atividades 
que serão realizadas e os recursos necessários; 
� Momento estratégico: estabelecemos os cursos das ações para 
quem consigam superar as dificuldades e expressando o que pode 
e o que deve ser feito para superar os obstáculos; 
 
 
14 
 
� Momento tático-operacional: esse é o momento de colocar em 
prática o que foi planejado. Em geral, o momento tático tem curto 
prazo, determinando o conjunto de ações para concretizar os 
objetivos fixados nos momentos anteriores, por isso, na saúde pode 
ser entendido como programação. 
 
1.4.2 Programação em saúde 
 
O objetivo principal da programação em saúde é determinar o conjunto de 
ações para alcançar os objetivos e metas descritos no momento estratégico, 
maximizando os recursos necessários. Esse momento tem ações bem definidas e 
possíveis de se quantificar, para poder avaliar se prazos e metas foram 
cumpridos. 
É a execução propriamente dita, por isso, as metas e objetivos devem 
estar bem claras, para que os problemas cotidianos possam ser resolvidos com 
tomadas de decisões mais precisas, quando necessário. 
No Brasil, a programação em saúde atua na combinação da medicina 
preventiva e curativa, dessa forma, as atividades nos serviços de saúde estão 
articuladas ao trabalho comunitário e à atenção médica individualizada, sendo 
influenciadas pelo modelo da história natural da doença. 
 
1.4.3 Processo de diagnóstico 
 
Iniciamos o planejamento com a identificação dos problemas atuais e qual 
a situação do futuro que queremos, em seguida, verificamos os fatores que 
geram esses problemas e, a partir dessa identificação, definimos metas e 
objetivos para alcançar as mudanças desejadas. 
 
1.5 Diagnóstico situacional 
 
A identificação dos problemas atuais é chamada de diagnóstico da 
situação. Analisamos de forma mais profunda todas as informações encontradas 
e utilizamos os conhecimentos e experiências dos atores sobre a realidade em 
questão, buscando os fatores que levam a essa realidade. Assim, identificamos a 
 
 
15 
 
forma mais eficaz de atuar sobre a situação atual para chegarmos até a situação 
futura considerada ideal. Além disso, deve-se avaliar, dentre os problemas 
existentes, quais devemos dar prioridade para intervir. 
É necessário verificar quais dados são importantes e devem ser coletados, 
pois, à medida que os dados não são utilizados, a coleta deles se torna perda de 
tempo, e a falta de dados necessários pode dificultar a elaboração e 
implementação do planejamento. 
O diagnóstico, como parte do processo de planejamento, é considerado 
um instrumento para identificar problemas e verificar as estratégias de 
intervenção, sendo uma ferramenta base para a tomada de decisão. Construímos 
hipóteses iniciais e, à medida que implementamos as propostas podemos 
encontrar as lacunas e redirecionar as atividades. Por ser um processo com 
muitos detalhes, é comum que grande parte do processo de planejamento seja a 
etapa de diagnóstico. 
 
1.5.1 Estimativa Rápida Participativa 
 
Um dos métodos utilizados para o processo de diagnóstico é a Estimativa 
Rápida Participativa (ERP), no qual se identificam as necessidades de saúde de 
grupos distintos, em conjunto com os administradores de saúde e a própria 
população. 
As vantagens desse método são o baixo custo, a rapidez com informações 
específicas da população definida e a sua simplicidade. 
Para que seja realizado, é necessária a coleta de dados pertinentes e que 
reflitam as condições locais e suas situações específicas, envolvendo a 
comunidade na identificação de seus próprios problemas e na busca de soluções 
para eles, conciliando o conhecimento teórico com o saber prático e facilitando a 
tomada de decisão. 
A partir dessa coletade dados, podemos identificar as condições de vida 
da população e a maneira como se distribui pelo território, evidenciando os 
problemas que a afetam e seus determinantes sociais, econômicos e ambientais. 
Quando transportado para o mapa territorial, temos, como resultado, um mosaico 
identificando as necessidades específicas dos grupos existentes e podemos fazer 
sua divisão em áreas menores, denominadas “microáreas de risco”. Assim, essa 
 
 
16 
 
identificação das particularidades evidencia quais são as áreas de maior 
prioridade e permite orientar o planejamento das ações de saúde alcançando 
resultados mais efetivos. 
A ERP utiliza, fundamentalmente, três fontes de dados: 
� Registros escritos, tanto de fontes primárias quanto de secundárias; 
� Entrevistas com informantes-chave; 
� Observação de campo. 
 
Cada etapa deve ser feita de forma cuidadosa e precisa para garantir o 
sucesso do planejamento, por isso, as fontes de dados devem ser confiáveis e 
precisas. Em geral, a organização do ERP se faz em três etapas: 
� Coleta e sistematização dos dados das diferentes fontes: 
preparação dos questionários; seleção e treinamento dos 
pesquisadores; organização da exploração do campo; 
� Sistematização da área: divisão empírica da região em microáreas 
para a distribuição das equipes em campo; 
� Trabalho de campo: inicia-se a observação do território e as 
entrevistas com os informantes-chave, além da análise dos dados 
estatísticos. 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Na cartilha Planejamento em saúde, 
desenvolvida pelo Instituto Para O 
Desenvolvimento Da Saúde – IDS, é 
apresentado um passo a passo detalhado 
de como colocar em prática a ERP, que 
vamos ver em nossa aula, de forma 
resumida. Vale a leitura dessa e de outras 
cartilhas elaboradas para gestores 
municipais de serviços de saúde. 
 
 Para iniciar essa atividade, devemos fazer um cronograma com as 
atividades que devem ser realizadas e o tempo necessário para serem 
 
 
17 
 
desenvolvidas, podendo ser em semanas ou dias. Algumas das atividades que 
podem estar nesse cronograma são: 
� Seleção dos membros da equipe; 
� Treinamento dos membros da equipe; 
� Reconhecimento inicial do campo; 
� Definição das microáreas de risco e das necessidades de saúde; 
� Observação de campo; 
� Seleção dos informantes-chave; 
� Análise dos dados existentes; 
� Elaboração dos questionários; 
� Aplicação dos questionários; 
� Análise do conjunto de dados coletados das distintas fontes. 
 
Essas atividades não precisam ser realizadas nessa ordem, nem seguir 
apenas essas atividades. Durante o processo de diagnóstico, devemos abrir 
possibilidade para visualizar o que realmente é necessário utilizando, como base 
o conhecimento dos atores envolvidos. 
Para realizar a coleta de informações, é necessário formar uma equipe, de 
preferência, multissetorial, para enriquecer o trabalho que será realizado pois, 
assim, terá uma análise por diversos pontos de vista. 
Capacitar essa equipe para que consiga ter atenção e sensibilidade para 
observar os detalhes das microáreas, mas também escolher profissionais que 
tenham perfil como disposição para aprender, saber ouvir os entrevistados e ter 
bom senso na análise das informações. 
 Para a escolha das informações, é necessário que esses profissionais 
consigam identificar, dentro da comunidade, indivíduos capazes de representar o 
ponto de vista coletivo. Em geral, esses indivíduos já têm um papel importante 
nessa comunidade, como professores, líderes comunitários, pastores, padres, 
benzedeiras, donos de comércio local etc. Porém, ter esses indivíduos para 
auxiliar não descarta a necessidade da equipe profissional ser treinada e 
qualificada para estar atenta à área em análise. 
Após essa visita de campo, é possível elencar os dados que devem ser 
coletados, a forma que será desenvolvido o questionário, qual perfil dos 
 
 
18 
 
indivíduos que serão entrevistados etc. Por isso, a elaboração do questionário faz 
parte desse processo diagnóstico e sua aplicação na comunidade também. 
O próximo passo é analisar os dados agrupando os semelhantes como, por 
exemplo, perfil demográfico da população, informações sobre saneamento 
básico, qualidade dos serviços de saúde etc. Dessa forma, conseguimos seguir 
com o planejamento, iniciando o desenho do plano. 
 
1.6 Desenho do plano e avaliação do planejamento 
 
Com os dados em mãos, conseguimos identificar as prioridades da 
microárea, avaliando a situação atual e elaborando as intervenções necessárias 
para chegar a situação ideal. 
Importante 
 
Existem dois pontos importantes em relação aos problemas 
encontrados. Primeiro que, em geral, um problema é 
consequência de outro problema, então, a coleta de dados 
deve ser profunda o suficiente para identificar a causa raiz. 
Dessa forma, a equipe responsável deve conseguir explicar o 
problema encontrado e suas causas para conseguir dar 
continuidade no planejamento. 
 
 
 
1.6.1 Desenho do plano 
 
Chegamos, então, à definição das estratégias de intervenção. Existem 
várias estratégias de intervenção para cada problema identificado, por isso, 
quanto mais aprofundado for o processo diagnóstico, conseguimos encontrar de 
forma mais precisa as causas desses problemas e, consequentemente, elaborar 
o planejamento de forma mais eficaz. Além disso, é importante ter em mente que 
para cada problema encontrado deve ser feito apenas um plano de intervenção. 
Dessa forma, o número de planos está relacionado com o tempo que a equipe 
tem para desenvolver as atividades, por isso, busca-se identificar e selecionar os 
problemas de maior impacto primeiro. Na literatura, você encontrará o termo 
plano de ação para esse conjunto de projetos. 
 
 
19 
 
Com as metas e objetivos definidos, as atividades elaboradas e com o 
cronograma de intervenção estabelecido, é necessário fazer os cálculos dos 
recursos que serão utilizados, desde materiais simples como papel e caneta, até 
quantos profissionais serão necessários, fazendo um balanço entre os recursos 
que temos na situação real e os recursos necessários para chegar à situação 
desejada. 
Para a elaboração das metas e objetivos, podemos contar com a ajuda de 
especialistas na área desejada, mas não podemos esquecer da participação dos 
atores para a tomada de decisão, pois, estes atores conhecem o ambiente em 
que serão implantadas as atividades, tendo conhecimento suficiente para 
identificar o que pode ou não dar certo. 
 
 
Além disso, podemos buscar experiências de outras 
instituições, ou até mesmo outros países podem nos dar uma 
direção, mas não podemos afirmar que conseguiremos propor 
as mesmas atividades, pois cada área tem suas 
particularidades e necessidades, dessa forma, o estudo se faz 
necessário, mas devemos utilizar como orientação e não como 
uma norma pronta que deve ser seguida à risca. 
 
 
 
Com as estratégias de intervenção traduzidas em metas e objetivos e 
elaboradas as atividades necessárias relacionadas em um cronograma e os 
recursos previamente calculados, devemos relacionar os indicadores para avaliar 
os resultados encontrados. Dessa forma, conseguimos verificar se as ações 
estão tendo as respostas esperadas ou se é preciso adaptá-las para chegar aos 
resultados estabelecidos, fazendo, então, a avaliação do plano. 
 
1.6.2 Avaliação do planejamento 
 
Essa avaliação tem como objetivo nortear as atividades em andamento, 
monitorando os resultados encontrados e comparando com os resultados 
considerados na situação ideal, mas também, para justificar as atividades 
desenvolvidas. Ou seja, mostrar para os gestores que os valores investidos 
nesse planejamento estão sendo bem utilizados. Contudo, devemos lembrar que 
 
 
20 
 
essa retroalimentação de informação serve, primeiramente, para os ajustes 
necessários para os objetivos propostos. 
 
Saiba Mais 
Alguns autores descrevem avaliaçãocomo algo 
momentâneo, com o uma “foto” da realidade, em geral, feita 
após um tempo determinado da implantação das ações. Já 
o monitoramento é descrito como uma atividade 
permanente que dura um período de tempo mais 
prolongado, verificando o comportamento em vários 
momentos, que não são, necessariamente, excludentes. 
Você pode monitorar as atividades durante a implantação, 
verificando as tendências para adaptá-las e depois fazer 
uma avaliação mais profunda dos resultados encontrados. 
 
A construção de um modelo de avaliação está relacionada com o desenho 
do plano e os indicadores escolhidos, mas, via de regra, buscam responder 
questões como: 
 
� As intervenções propostas são coerentes com os problemas 
encontrados? 
� Os resultados esperados serão alcançados se os objetivos também 
forem alcançados? 
� Os indicadores propostos medem de forma efetiva os resultados 
esperados? 
� Os problemas identificados serão impactados pelas 
atividades/ações propostas? Em que medida? 
 
Conseguimos observar que elaborar um planejamento não é seguir 
simples normas ou diretrizes, é necessário muito estudo, tanto de conhecimentos 
científicos como da rotina do local que será modificado. Dessa forma, para um 
bom planejamento e programação em saúde, é necessário um acompanhamento 
durante toda a elaboração e implantação das ações, para que seja possível 
 
 
21 
 
identificar e intervir, quando necessário, a fim de alcançar os resultados 
esperados. 
 
Conclusão da aula 1 
 
Com base no que já vimos, podemos entender que planejar é um processo 
para determinar qual caminho seguir para sairmos da situação atual e chegarmos 
até a situação desejada. 
Para isso, conhecer a rotina do local que será implantado o plano é de 
extrema importância e, portanto, é necessário que os atores que fazem parte do 
dia a dia estejam integrados nas tomadas de decisões relacionadas ao 
planejamento. 
Definir as atividades que devem ser tomadas e identificar potenciais 
imprevistos para combatê-los também faz parte do processo de diagnóstico, o 
qual tem extrema importância para coleta de dados. 
Com esses dados em mãos, devemos desenhar o plano com metas e 
objetivos claros, para desenvolver as ações necessárias para se chegar à 
situação considerada ideal. 
Durante a implantação das ações, devemos fazer a avaliação dos 
resultados utilizando indicadores previamente escolhidos, para que consigamos 
obter os resultados esperados, seja mantendo as atividades ou modificando-as 
conforme a avaliação dos indicadores. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Quando pensamos em planejamento já se visualiza um 
grande trabalho, com diversas tarefas e vários atores 
envolvidos. Então, para treinarmos o conceito de 
planejamento, imagine que você deve fazer uma festa de 
aniversário para uma criança de 10 anos. 
Lembre-se que deve descrever todas as atividades; quem 
será responsável por cada uma delas, e fazer um 
cronograma para não se perder. 
 
 
 
22 
 
Aula 2 - Sistemas de saúde e organização de serviços 
 
Apresentação da aula 2 
 
Nesta aula vamos entender o que são Sistemas de Saúde e proteção 
social, como ocorre a evolução e implantação deles pelo mundo, além de 
conhecer como foi a evolução do nosso Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
2.1 Sistemas de saúde e sistemas de proteção social 
 
A busca por sistemas de serviços de saúde pelo ser humano acontece 
desde o momento em que ele percebe a necessidade de proteger sua saúde e 
tratar as suas doenças. Dessa forma, o cuidado consigo e com os demais faz 
com que o homem busque cada vez mais conhecimento sobre as doenças e as 
formas de prevenção e tratamento. Inicialmente, o principal tratamento era isolar 
o doente para que outros não manifestassem a mesma doença, mas atualmente 
a compreensão de que os processos patológicos são mais complexos e 
multicausais fez o ser humano elaborar de forma mais complexa esses cuidados. 
Diante disso, surgem os sistemas de saúde. 
 
2.1.1 Conceito de sistemas de saúde 
 
A definição de Sistemas de Saúde, segundo a Organização Mundial da 
Saúde é: o conjunto de atividades cujo propósito primeiro é promover, restaurar e 
manter a saúde de uma população. 
Independentemente do tipo, os sistemas de saúde têm como objetivos: 
 
� O alcance de um nível ótimo de saúde, distribuído de forma 
equitativa; 
� A garantia de uma proteção adequada dos riscos para os cidadãos; 
� O acolhimento humanizado dos cidadãos; 
� A garantia da prestação de serviços efetivos e de qualidade; 
� A garantia da prestação de serviços com eficiência. 
 
 
 
23 
 
Para chegar até os sistemas de saúde que existem hoje, historicamente, 
há uma grande luta pelo cuidado da saúde de toda a população. Isso ocorre em 
diversos países em diferentes momentos, iniciando com ideias relacionadas à 
proteção social. 
 
2.1.2 História da proteção social 
 
A busca do ser humano pela proteção social é muito antiga, tendo como 
origem a Grécia e a Roma antigas. Nessas civilizações a proteção social tinha a 
característica de pater familiae, ou seja, o patriarca como principal responsável 
pela proteção dos seus familiares. Hoje pensamos em família como a pequena 
instituição de pais e filhos, mas naquela época, a constituição familiar era mais 
ampla, reunindo avós, irmãos, pais, filhos, sobrinhos e os cônjuges, quando 
havia, sendo todos comandados pelo homem mais velho com vigor físico. Os que 
não tinham essa proteção familiar nem tinham condições de se sustentar, 
dependiam de ajuda através da caridade praticada pelos mais ricos. 
Em 1601, na Inglaterra, a Lei dos Pobres (Poor Relief Act) constitui o 
marco em relação a assistência social, pois regulamenta a instituição de auxílios 
e socorros públicos aos que deles necessitavam. Essa lei descreve que os juízes 
da Comarca poderiam cobrar o imposto de caridade, pago pelos que possuíam 
terras, repassando esses valores, por meio dos inspetores nomeados pelos 
juízes para as paróquias da região que passaria, então, aos mais necessitados. 
Continuando nessa tendência de cuidado do menos favorecido, a 
Convenção Nacional francesa, de 1793, elabora a Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão, na qual o artigo 21 descreve o auxílio público como uma 
dívida sagrada, sendo obrigação da sociedade o amparo aos cidadãos infelizes, 
disponibilizando trabalho aos que poderiam trabalhar e assistência aos 
incapacitados. 
MContudo, foi com o crescimento do capitalismo que ocorreu a evolução 
da proteção social. Com o fortalecimento das indústrias e pressão dos próprios 
empregados, alguns empresários buscavam garantir cobertura dos principais 
riscos e necessidades de seus empregados, em alguns casos, com moradia e 
educação mínima para os filhos dos trabalhadores. 
 
 
 
24 
 
Importante 
 
Percebam que, com o passar do tempo, a proteção social e 
assistencial deixa de ser apenas uma questão de princípio do 
ser humano e passa a ser institucionalizada. 
 
 
 
O Estado passa a ter responsabilidade pela gestão e organização da 
proteção social com a iniciativa de trabalhadores independentes, que não 
aceitavam essa supremacia das indústrias sobre sua existência. Com a cobertura 
dos riscos relacionados ao trabalho nas indústrias, esse trabalho passa a ser 
mais atraente e a população sem renda começa a se tornar assalariada. 
Em cada país essas mudanças aconteceram em momentos e 
características diferentes, de acordo com os regimes de governo existentes. 
Entretanto, em todos, o Estado acaba tomando parte desse cuidado social em 
amparo à sua população. 
 
Curiosidade 
A proteção social em que empregados e empregadores 
contribuem, e apenas eles recebem os benefícios é 
chamado por alguns autores de sistema Bismarckiano de 
previdência, já o sistema denominado Beveridgiano tem 
como característica a universalidade, sendo destinado a 
todos os cidadãos. 
 
No final da II Guerra Mundial, essacobertura estatal passa a ser mais 
abrangente, vai além da assistência à saúde e renda durante a velhice. A 
inclusão de cuidados e renda na doença e na invalidez também surgem, além da 
garantia de renda em caso de desemprego, e, em alguns países, acontece a 
inclusão do cuidado com as crianças, habitação e até reciclagem da mão de obra 
desempregada. Em geral, o custeio dessa proteção era tripartite, ou seja, dividida 
entre as três partes envolvidas: empregado, empregador e governo. 
 
 
 
25 
 
2.1.3 Proteção social no Brasil 
 
Entendemos como foi a evolução da proteção social no mundo, no Brasil 
não foi muito diferente. A proteção social inicia com as Santas Casas de 
Misericórdia, fundadas pelo padre jesuíta José de Anchieta e administradas pela 
igreja Católica. Em 1795, é criado o plano Oficial da Marinha para os órfãos e 
viúvas, podendo ser considerado a introdução do conceito de pensão por morte. 
Dom Pedro de Alcântara, em 1821, publicou um decreto que concede aos 
mestres e professores a possibilidade de se aposentar, desde que completassem 
30 (trinta) anos de serviço. 
Nos anos de 1800, surge o início do pensamento sobre a aposentadoria 
com o Montepio (1808) e a Mongeral (1835), ambos organizados por servidores 
públicos. Eram o início de uma previdência privada, assim, os indivíduos se 
associavam e contribuíam para um fundo comum que realizava pagamento de 
benefícios em casos de morte e invalidez, mas eram exclusivos aos funcionários 
públicos. 
O marco da proteção social no Brasil vem com a Lei Eloy Chaves, 
relacionada à previdência social, em 1923. Nesse Decreto Legislativo, ocorre a 
criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) para os empregados das 
empresas ferroviárias. A partir desta, surgem outras leis previdenciárias para 
outros setores, existindo um CAP para cada empresa, que administrava e 
organizava a participação de seus empregados. Já em 1930, ocorre a unificação 
de várias CAPs, criando diversos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP) 
também relacionadas ao tipo de trabalho como marítimos, comerciários, 
bancários etc. Nessa situação, já estavam vinculados às autarquias públicas de 
âmbito nacional, e, com a Constituição Federal de 1934, o custeio passa a ser 
tripartite, inserindo a participação do Estado além do empregado e do 
empregador. Porém apenas na Constituição de 1946 se destaca a cobertura em 
casos de invalidez, morte, velhice, maternidade e doença, inserindo a expressão 
“Previdência Social”. 
A unificação dos IAPs acontece em 1966 com o Decreto-Lei n. 72, de 21 
de novembro, dando origem ao Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). 
Até aqui, a movimentação social estava focada na proteção social relacionada a 
emprego e suas garantias, mas começaram a perceber as dificuldades em 
 
 
26 
 
relação à assistência médica, por isso, em 1977, foi criado o Instituto Nacional de 
Assistência Medica da Previdência Social (INAMPS). Já em 1990, o INPS é 
modificado e se torna o atual Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 
 
Importante 
 
Pode até parecer estranho estarmos falando sobre proteção 
social em um capítulo sobre sistemas de saúde, mas, nessa 
época, a assistência à saúde era exclusiva aos trabalhadores 
e seus dependentes. A população que não tinha emprego era 
amparada pelas casas de caridade. Foi com a Constituição 
Federal de 1988 e a Lei Orgânica da Saúde que essa situação 
começou a mudar. Essas mudanças veremos mais adiante. 
 
 
 
2.2 Tipologias de sistemas de saúde 
 
A evolução dos sistemas de saúde em cada país está relacionada com a 
evolução da proteção social. Dessa forma, cada país tem seu sistema de saúde 
organizado de acordo com a modalidade de intervenção do governo no 
financiamento, na condução da regulação dos setores assistenciais e na 
prestação dos serviços de saúde. 
Os tipos mais encontrados de sistemas de saúde são: 
 
� Social-democratas ou institucional redistributivo; 
� Corporativistas ou meritocráticos; 
� Assistencial ou residual. 
 
2.2.1 Social-democratas ou institucional redistributivo 
 
Esse perfil de sistema tem caráter universal e financiado por impostos, 
tendo como alicerce o princípio da cidadania, garantindo acesso a todos, 
incluindo os que não têm renda, sendo substituído a contribuição de 
empregadores e empregados pelos impostos. 
 
 
27 
 
O Estado é responsável pela prestação dos serviços de saúde, sendo 
proprietário da grande maioria dos hospitais e ambulatórios e os funcionários têm 
cargo público. Os serviços privados que podem existir acabam sendo contratados 
pelo próprio serviço público que consegue, assim, regulamentar e controlar os 
custos desse setor. 
Dentre os países que possuem esse sistema de saúde estão: o Reino 
Unido, Espanha, Dinamarca, Suécia, Grécia, Finlândia, Portugal e Itália. 
 
Importante 
 
Em países socialistas, os sistemas de saúde são financiados e 
centralizados no Estado com acesso universal. Apesar de ter 
características semelhantes ao modelo institucional 
redistributivo, não é possível comparar, pois nesses países 
não é possível desenvolver um setor privado de saúde. 
 
 
 
2.2.2 Corporativistas ou meritocráticos 
 
São sustentados pela contribuição dos empregadores e dos empregados, 
podendo contar com recursos de impostos em alguns casos. Têm origem nas 
Caixas organizadas pelos profissionais, assim, a assistência médica fica 
diretamente relacionada à capacidade financeira do indivíduo, levando a uma 
diferenciação dos cuidados. 
 
Para Refletir 
O que passa pela sua cabeça quando pensa em assistência 
à saúde apenas para pessoas empregadas? Parece 
desigual? Lembre-se de que esse perfil de sistema de 
saúde existe em países desenvolvidos como a Alemanha. 
Nesses países, praticamente toda a população está 
empregada, ou seja, quase 100% da população está 
coberta pelo sistema. 
E agora, continua parecendo desigual? 
 
 
28 
 
 
2.2.3 Assistencial ou residual 
 
O principal exemplo desse tipo de sistema encontra-se nos Estados 
Unidos, onde o Estado se responsabiliza pelos mais necessitados e, 
parcialmente, aos aposentados, deixando que cada indivíduo compre seus 
serviços de saúde. 
Nesse contexto, as pessoas que possuem renda, mesmo que insuficiente 
para pagamento de plano de saúde, não estão cobertas pela assistência 
governamental. 
 
2.3 Reformas dos anos 1990 e as novas formas de organização de saúde 
 
Vimos a importância da luta social por medidas de proteção social no 
mundo e no Brasil e sua evolução. A partir de agora, vamos entender como 
aconteceu a evolução de proteção de saúde e quando deixou de ser vinculada à 
população com emprego e passou a ser universal. 
 
Pesquise 
Entre as décadas de 1970 e 1980 houveram grandes eventos 
importantes para a evolução de conceitos em saúde pública, 
dentre eles estão: 
� “Declaração de Alma Ata” – OMS - 1978 
� 8ª Conferência Nacional de Saúde – 1986 
São marcos importantes que valem a pesquisa para aprofundar 
seu conhecimento. 
 
2.3.1 Constituição Federal de 1988 
 
Para conseguir chegar às mudanças do sistema de saúde, temos que 
começar pela Constituição Federal de 1988, que trouxe a base para a criação do 
SUS. 
 
 
29 
 
Também conhecida como “Constituição cidadã”, ela traz pontos referentes 
à saúde inspirados na 8ª Conferência Nacional da Saúde e estabelece os direitos 
dos usuários, os deveres do estado e as diretrizes da organização do sistema, 
entre outros fundamentos do SUS. 
No capítulo II, o artigo 196 define que "a saúde é direito de todos e dever 
do Estado". Além disso, a Constituição prevê acesso universal e igualitário aos 
serviços e ações de saúde, bem como regionalização e hierarquização, descreve, 
também, sobre participação social, descentralização e participação de cada 
esfera de governo. 
Para regulamentar o Sistema Único de Saúde (SUS), a Constituição 
Federal descreveu a necessidadede leis complementares e ordinárias, por isso, 
foi criada a chamada Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90) e o Decreto nº 7.508, 
de 28 de junho de 2011, que veremos a seguir. 
 
 
Além dessas, foram criadas a Lei 8.142/90, a Emenda 
Constitucional nº 29, de 13 de setembro de 2000 e a Lei 
Complementar nº 14. Mas elas estão relacionadas ao 
financiamento dos serviços, por isso, vamos deixá-las para o 
tópico específico. 
 
 
 
2.3.2 Lei Federal n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990 
 
Essa Lei dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e 
recuperação da saúde, bem como a organização e o funcionamento dos serviços 
correspondentes e de outras providências. Além disso, ela regula as ações e 
serviços de saúde em todo o território nacional, determinando o funcionamento 
não apenas dos serviços públicos, mas também os privados, que têm caráter 
complementar e/ou suplementar nesse sistema. 
 
Para Refletir 
A Lei 8.080/90 permite a existência da iniciativa privada nos 
serviços de saúde como complemento ao serviço público. 
Considerando os dias de hoje, é isso que acontece? Por 
 
 
30 
 
que a realidade não condiz com o proposto na legislação? 
 
Esse modelo de sistema de saúde foi considerado como um novo modelo 
com três características que o definem: 
 
� Nacional: ser um sistema único para todo o país; 
� Descentralização: o gestor desse sistema é o executivo do 
município, com suporte estatual e federal; 
� Novas formas de gestão: participação de vários atores, como os 
prestadores de serviços, trabalhadores, gestores e usuários. 
 
Ela reforça o direito à saúde universal, sendo dever do Estado prover essas 
condições por meio da elaboração e execução de políticas econômicas e sociais, 
para acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde. 
Essa legislação foi incrementada com outras legislações deixando-a mais 
ampla e robusta, como, por exemplo, relacionada ao cuidado da saúde indígena, 
ao direito da parturiente de ter um acompanhante em todo o processo, entre 
outras. 
 
Vocabulário 
Parturiente: que ou quem está em trabalho de parto ou que 
acabou de parir. 
 
 
 
Após a criação do SUS, houve a necessidade de implementar ações 
utilizando normas e portarias ministeriais, como as Normas Operacionais Básicas 
(NOBs) e a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), como 
instrumentos de regulamentação do SUS. 
Porém, mesmo com essas normas, haviam vários problemas principalmente 
relacionados ao financiamento das ações de saúde definindo de forma clara as 
 
 
31 
 
funções de cada esfera de governo. Por isso, foi criado em 2011, o Decreto n. 
7.508 para regulamentando as atividades do SUS. 
 
Tabela 1. Legislações que incrementam a Lei 8.080/90 
 
Legislação Cabeçalho da Legislação 
Decreto nº 1.651, 
de 28 de setembro 
de 1995 
Regulamenta o Sistema Nacional de Auditoria no 
âmbito do Sistema Único 
de Saúde. 
Lei nº 9.836, de 23 
de setembro de 
1999 
Acrescenta dispositivos à Lei no 8.080, de 19 de 
setembro de 1990, que "dispõe sobre as condições 
para a promoção, proteção e recuperação da saúde, 
à organização e o funcionamento dos serviços 
correspondentes e de outras providências", 
instituindo o Subsistema de Atenção à Saúde 
Indígena 
Lei nº 10.424, de 
15 de abril de 2002 
Acrescenta capítulo e artigo à Lei 8.080, que dispõe 
sobre as condições para a promoção, proteção e 
recuperação da saúde, a organização e o 
funcionamento de serviços correspondentes e dá 
outras providências, regulamentando a assistência 
domiciliar no Sistema Único de Saúde. 
Lei nº 11.108, de 7 
de abril de 2005 
Altera a Lei 8.080, para garantir às parturientes o 
direito à presença de acompanhante durante o 
trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, no 
âmbito do Sistema Único de Saúde. 
Lei nº 12.401, de 
2011 
Altera a Lei 8.080, para dispor sobre a assistência 
terapêutica e a incorporação de tecnologia em 
saúde no âmbito do SUS. 
Lei nº 12.466, de 
24 de agosto de 
2011 
Acrescenta arts. 14-A e 14-B à Lei 8.080, que 
“dispõe sobre as condições para a promoção, 
proteção e recuperação da saúde, a organização e 
o funcionamento dos serviços correspondentes e de 
outras providências”, para dispor sobre as 
comissões intergestores do Sistema Único de 
Saúde (SUS), o Conselho Nacional de Secretários 
de Saúde (Conass), o Conselho Nacional de 
Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e 
suas respectivas composições, e dar outras 
providências. 
Lei nº 12.864, de 
24 de setembro de 
2013 
Altera a Lei 8.080, incluindo a atividade física como 
fator determinante e condicionante da saúde 
Lei nº 12.895, de 
18 de dezembro de 
2013 
Altera a Lei 8.080, obrigando os hospitais de todo o 
País a manter, em local visível de suas 
dependências aviso informando sobre o direito da 
parturiente a acompanhante. 
 
 
32 
 
Lei nº 13.097, de 
19 de janeiro de 
2015 
Altera o arts. 23 e 53 da Lei 8.080, permitindo a 
participação de empresas ou de capital estrangeiro 
na assistência à saúde. 
Fonte: elaborada pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019). 
 
2.3.3 Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011 
 
Esse decreto regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para 
dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde, regulamentando o 
planejamento da saúde, a assistência à saúde, à articulação interfederativa, entre 
outras providências. 
Esses elementos estão descritos na lei 8.080/90, pois esse decreto foi 
estabelecido para regulamentar a Lei, trazendo maior clareza em vários aspectos 
e propondo dispositivos para colocar em prática e organizar o sistema. 
Dentre as mudanças que esse decreto trouxe, a mais impactante está na 
estrutura dos níveis de atendimento. No início do SUS, falava-se em três níveis 
de atenção: primária (considerada porta de entrada), secundária e terciária. A 
diferenciação vinha de acordo com os níveis de complexidades. Essa 
complexidade está atrelada às tecnologias aplicadas, porém, essa visão aparenta 
uma simplicidade na atenção primária e a única possibilidade de entrar no SUS, 
se dá por meio dela. Contudo, essa nova legislação traz uma nova visão e um 
novo conceito nessa estrutura, chamado de “Redes de Atenção à Saúde”, que 
veremos com mais detalhes na próxima aula. 
Podemos perceber que as manifestações sociais trouxeram muitos 
benefícios em relação à proteção social e criação de sistemas de saúde em 
diversos países. No Brasil, não foi diferente, essas manifestações deram força 
para a criação de um sistema de saúde universal, independente de profissão e de 
estar ou não empregado, o que é necessário em países com desigualdade social, 
como temos aqui. 
 
Conclusão da aula 2 
 
Nessa aula vimos que o ser humano busca por cuidado e por cuidar dos 
seus semelhantes, levando a luta por direitos relacionados à saúde e à 
 
 
33 
 
necessidade de uma posição dos governos, mesmo que a posição seja intervir 
apenas nos casos de extrema pobreza, como nos Estados Unidos. 
No Brasil, temos a intervenção do Estado com a Constituição Federal de 
1988, e posteriormente com a Lei 8.080/90. Como todo processo de implantação, 
leva tempo, ao longo dos anos temos legislações que atualizam a Lei Orgânica e, 
apenas em 2011, temos o Decreto 7.508 que regulamenta a Lei 8.080, que traz 
mudanças de estruturas e conceitos relacionadas aos níveis de atenção. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Na Lei 8.080 estão descritos os princípios do SUS. Dentre 
eles, 3 são considerados doutrinários, os quais conferem 
legitimidade ao SUS: a universalidade, a integralidade e a 
equidade. Para aprofundar seus conhecimentos, pesquise 
sobre esses três princípios, o que significam e de que forma 
impactam na proteção social. 
 
 
 
Aula 3 – Organização das redes de atenção à saúde e Financiamento 
 
Apresentação da aula 3 
 
Como vimos nas aulas anteriores, o desenvolvimento do cuidado em 
saúde evoluiu muito, tanto em relação ao planejamento,quanto em relação à 
proteção social. Vamos aprofundar mais o nosso conhecimento continuando a 
falar sobre como funciona o sistema de saúde do nosso país, o SUS, sua 
estrutura e sua forma de financiamento. 
 
3.1 Conceitos fundamentais 
 
A inserção do conceito de Redes de Atenção à Saúde vem de estudos 
relacionados com a forma de observar a doença, as características da população, 
 
 
34 
 
as mudanças que aconteceram nos últimos anos e a estruturação do sistema de 
saúde. 
 
 
 
3.1.1 Condições de saúde. 
 
 O termo doença é muito utilizado no nosso dia a dia, mas ele é mais 
comum quando estamos analisando a etiopatogenia, principalmente em estudos 
epidemiológicos. Nesses estudos as doenças são divididas, em geral, em 
transmissíveis e doenças crônicas não transmissíveis. 
 
Vocabulário 
Etiopatogenia: estudo do que provoca uma doença, uma 
patologia, análise especializada das causas que ocasionam o 
desenvolvimento de certas doenças. 
 
 
 
 Porém, na atenção à saúde, essa classificação não é a mais completa, 
pois algumas doenças transmissíveis têm característica de longo período 
podendo necessitar de tratamento pela atenção à saúde, semelhante às doenças 
consideradas crônicas e não transmissíveis, ou seja, não se enquadram em 
nenhum dos dois. 
 Além disso, essa forma de caracterizar a situação se baseia apenas nas 
doenças, mas existem condições fisiológicas que necessitam de cuidados 
profissionais, mas não são consideradas doenças, como a gravidez ou cuidados 
ao recém-nascido. Dessa forma, Mendes (2011) define condições de saúde como 
“as circunstâncias na saúde das pessoas que se apresentam de forma mais ou 
menos persistente e que exigem respostas sociais reativas ou proativas, 
eventuais ou contínuas e fragmentadas ou integradas dos sistemas de atenção à 
 
 
35 
 
saúde”. A condição de saúde pode ser: condições agudas e condições crônicas, 
sendo baseada no tempo de duração dessa situação do paciente. 
 
Para Refletir 
Quando se fala de doença, o foco do profissional é o 
tratamento, tendo, então, um modelo curativo de atenção. 
Quando mudamos o foco para a condição de saúde do 
paciente, mudamos também a forma de atuação, com isso, 
é necessária a mudança no sistema de saúde, que passa 
de modelo fragmentado para um integrado. Conseguem 
perceber a necessidade de passarmos de um modelo 
curativo para um modelo mais complexo? 
 
 
 As Condições de saúde agudas, em geral, são manifestações de doenças 
transmissíveis de curso curto, como gripe, apendicite, ou ainda as condições de 
causas externas, como os traumas. Em geral, essa condição de saúde tem como 
características: 
 
� Iniciam-se repentinamente; 
� Apresentam uma causa simples e facilmente diagnosticada; 
� São de curta duração; 
� Respondem bem a tratamentos específicos, como os tratamentos 
medicamentosos ou as cirurgias. 
 
 Nesses casos, o diagnóstico deve ser rápido e preciso, sendo necessário 
conhecimento e experiência do profissional. Após o tratamento, a pessoa 
restabelece a saúde, podendo voltar à sua rotina de vida. 
 Quando falamos em condições de saúde crônica, é comum pensar em 
doenças como diabetes e câncer, porém, existem outras condições como 
gestação, manutenção do ciclo de vida (acompanhamento do recém-nascido, 
monitoramento da capacidade funcional do idoso), deficiência física (amputação, 
cegueira etc.) que também são consideradas condições de saúde crônicas, pois 
 
 
36 
 
também exigem cuidados dos profissionais da saúde, principalmente da atenção 
básica. Essas condições agudas, não tratadas de forma correta, podem se tornar 
condições crônicas. 
 O início da condição de saúde crônica, em geral, tende a ser mais lento, 
bem como sua evolução, com múltiplas causas, como hereditariedade, estilo de 
vida, exposição a fatores ambientais e a fatores fisiológicos. 
 Por terem longa duração, podem reduzir a capacidade funcional do 
paciente e, consequentemente, afetar a qualidade de vida dele. Essa condição 
pode apresentar, em determinado período de sua história, eventos agudos, 
chamamos então de agudização da condição crônica. 
 
Vocabulário 
Agudização: é quando o portador de doença crônica não é 
cuidadoso e apresenta um quadro agudo. Exemplo: paciente 
portador de diabetes que apresenta uma hiperglicemia sofre 
uma agudização. 
 
 
 
3.1.2 Perfil demográfico do país. 
 
O perfil das condições de saúde no Brasil vai desde a necessidade do 
tratamento e cura de condições infectocontagiosas, que aparecem em países em 
desenvolvimento, até o acompanhamento de doenças crônicas. Isso se dá devido 
à modificação do perfil demográfico, às mudanças nos padrões de consumo e 
nos estilos de vida, a urbanização acelerada e as estratégias mercadológicas em 
nosso país. 
É possível perceber, não só no Brasil, mas em todo o mundo, que a taxa 
de nascimento está diminuindo e a expectativa de vida está aumentando. Com 
isso, as mudanças no perfil das condições e, consequentemente, a necessidade 
de mudar a estrutura e a forma de atendimento na atenção à saúde, 
principalmente, a atenção básica, deixam de ter foco apenas curativo, e passam 
a focar na prevenção e no tratamento das condições crônicas. 
 
 
37 
 
 
 
Perfil demográfico da população brasileira (2017) 
Fonte: IBGE: < https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-age 
Ncia-de-noticias/noticias/20980-numero-de-idosos-cresce-18-em-5-anos-e-ultra 
passa-30-milhoes-em-2017> 
 
No gráfico conhecido como pirâmide demográfica, pode-se observar que a 
taxa populacional de crianças é menor que a de adolescentes, e que a taxa da 
população de idosos acima de 80 está equivalente à de idosos entre 75 e 80 
anos. 
Esse novo perfil demográfico aparece com a diminuição da taxa de 
mortalidade relacionada a doenças infecciosas em pacientes mais jovens e 
jovens adultos, juntamente com a maior exposição aos fatores de risco 
associados às doenças crônicas e o aumento da população idosa e da 
expectativa de vida, por isso, as doenças crônicas tornam-se mais prevalentes. 
Além disso, temos uma baixa taxa de fecundidade e natalidade, ou seja, estão 
nascendo menos crianças. 
O aumento da prevalência de doenças crônicas reduz as atividades de 
trabalho do portador, podendo até levar à falta de emprego. Consequentemente, 
a sociedade em geral sofre com perda de produtividade e de qualidade de vida. 
A atenção básica focada no modelo curativo vem, historicamente, do perfil 
demográfico e epidemiológico que existia no Brasil durante a criação do SUS. 
 
 
38 
 
Porém, esse perfil se modifica com o tempo, e por isso é necessária uma nova 
estruturação na atenção à saúde. 
 
3.1.3 Redes de atenção à saúde (RAS) 
 
Com a visão de se implantar um sistema de saúde mais integrado, as 
redes de atenção têm a finalidade de aproximar os níveis de diversas 
complexidades e substituir a organização piramidal fragmentada. 
A própria Organização Mundial de Saúde recomenda para os países a 
implantação de modelos de assistência mais integrados entre si. O modelo 
tradicional trabalha com níveis de atenção focados na complexidade, 
principalmente tecnológica, de modo que acaba sendo fragmentado com foco nas 
condições agudas ou agudização das condições crônicas. Esse modelo é 
conhecido pela sua característica piramidal. 
O novo modelo de atenção tem uma característica horizontal, tendo a 
unidade básica como centro, em geral, a porta de entrada do usuário, mas não 
exclusiva. Dessa forma, a atenção básica coordena a rede e o cuidado central da 
comunidade, sendo estratégico para garantir acesso equitativo aos serviços de 
saúde e responsável pelo cuidado do usuário do sistema durante todo o processo 
de tratamento e acompanhamento. Além disso, cada ponto, com sua densidade 
tecnológica, não tem necessariamente uma ordem e nem grau de importância, 
sendo todos igualmente importantes para atender as necessidadesdo usuário. 
Essa estruturação horizontal fortalece e, em alguns casos, modifica as funções 
de cada área, bem como seu perfil assistencial. 
 
3.2 Funções e perfil assistencial 
 
Esse modelo de atenção à saúde traz uma mudança na visão dos níveis 
de atenção e solidifica suas funções e o perfil da assistência à saúde. Isso para 
melhorar o atendimento, seguindo os novos padrões descritos pela OMS e se 
adaptando ao novo perfil dos usuários. 
 
 
 
 
 
39 
 
3.2.1 Estrutura operacional das redes de atenção à saúde e suas funções 
 
A estrutura operacional das redes de atenção à saúde possui cinco 
componentes importantes: 
 
� Pontos de atenção à saúde secundários e terciários; 
� Centro de comunicação localizado na atenção primária à saúde; 
� Sistemas de apoio; 
� Sistemas logísticos; 
� Sistemas de governança da rede. 
 
3.2.1.1 Pontos de atenção à saúde secundários e terciários 
 
São os pontos na rede que ofertam os serviços especializados e têm uma 
complexidade tanto tecnológica quanto profissional. Dentre os existentes, 
podemos citar como exemplo os centros ambulatoriais especializados, os lares 
abrigos, os centros de apoio psicossocial, entre outros. Podem se apresentar 
dentro dos hospitais por serem centros de alta densidade tecnológica, podendo 
abranger vários pontos da rede de atenção à saúde. 
 
3.2.1.2 Centro de comunicação localizado na atenção primária à saúde 
 
É o nó central da rede, o qual gera o fluxo e o contrafluxo do sistema de 
serviços de saúde, tendo como local a atenção primária que pode ser a unidade 
de saúde ou, ainda, a própria equipe de atenção primária. Isso porque faz parte 
da equipe estratégica de saúde da família ir até a comunidade, dessa forma, ela 
mesma insere o usuário no sistema de saúde e segue com o seu 
acompanhamento. 
Para ser considerada como centro de comunicação, a atenção primária 
deve ter papel resolutivo na grande maioria dos problemas de saúde da 
população, organizar e coordenar os fluxos e contrafluxos das pessoas pelos 
pontos da rede, além de se responsabilizar e corresponsabilizar pela saúde 
desse usuário em qualquer ponto de atenção que esteja. 
 
 
 
40 
 
3.2.1.3 Sistemas de apoio 
 
Serve exatamente como apoio aos demais pontos da rede, sendo lugares 
institucionais que prestam serviços comuns a esses pontos de atenção à saúde. 
Podem estar relacionados ao apoio diagnóstico e terapêutico, como diagnóstico 
por imagens, endoscopias, exames laboratoriais, entre outros. Dentro desses 
sistemas de apoio há, também, os sistemas de informação com os bancos 
nacionais, regionais e locais, além da assistência farmacêutica relacionada à 
logística do medicamento e das ações relacionadas ao uso racional, elaboração 
de protocolos e a farmacovigilância. 
 
Vocabulário 
Farmacovigilância: ciência e atividades relativas à 
identificação, avaliação, compreensão e prevenção de 
efeitos adversos ou quaisquer problemas relacionados ao 
uso de medicamentos. 
 
 
3.2.1.4 Sistemas logísticos 
 
São considerados soluções tecnológicas que garantem a organização do 
fluxo e contrafluxo utilizando as tecnologias de informação. A utilização do cartão 
do usuário para identificação, o prontuário clínico, o sistema de acesso e os 
sistemas de transportes fazem parte desse componente da rede de atenção à 
saúde. 
 
3.2.1.5 Sistemas de governança da rede 
 
Esse último componente permite a gestão dos demais, envolvendo 
diferentes procedimentos, estratégias e atores para desenvolver essa atividade. 
Essa governança é realizada de forma compartilhada e interfederativa, para 
 
 
41 
 
melhores resultados econômicos e sanitários. Deve ser feita pelas comissões 
Intergestores das três esferas de governo. 
 
3.2.2 Perfil assistencial 
 
O modelo assistencial identificado nas redes de atenção à saúde trata o 
usuário a partir da atenção básica e o acompanha por todo o processo, isso inclui 
desde o atendimento hospitalar até o acompanhamento domiciliar. 
O atendimento primário à saúde, ou atendimento básico, consiste em um 
conjunto de estratégias para a assistência integral e contínua às famílias e à 
comunidade, incluindo ações multiprofissionais. 
O Programa Saúde da Família (PSF), e seu núcleo de apoio, traz essa 
característica de forma evidente. Esse programa foi criado em 1994, hoje é 
conhecido como Estratégia de Saúde da Família (ESF), tendo como 
característica a ampliação da forma de abordagem aos problemas de saúde por 
meio de ações de promoção da saúde, prevenção e tratamento de doenças, 
além, também, da reabilitação das condições de saúde e seus agravos. 
 
Curiosidade 
A introdução dos conceitos do PSF acontece em 1991, com 
a criação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde 
(PACS). O início da reforma no setor saúde serviu para 
aumentar o acesso ao sistema de saúde, com ações de 
prevenção e promoção da saúde. 
 
3.3 Fundamentos e diretrizes da Regulação da atenção e regulação do 
acesso 
O sistema de saúde busca garantir o acesso universal, igualitário, efetivo e 
com serviços de qualidade, para isso, é necessário regulamentar o processo e as 
ações de atendimento, sendo feita pelo Estado por meio da prestação de serviços 
de saúde, da regulação e do financiamento das ações e serviços de saúde. 
 
 
 
42 
 
3.3.1 Regulação em saúde 
 
A regulação do sistema de saúde tem por finalidade garantir a organização 
das redes e do fluxo assistencial, garantir a equidade, o acesso dos usuários, 
disponibilidade e otimização dos recursos, sendo considerada um instrumento de 
gestão. 
A instituição da Política Nacional de Regulação do SUS acontece a partir 
da Portaria n.1.559, de 1 de agosto de 2008, organizando os processos de 
regulação de três formas: 
 
� Regulação de Sistemas de Saúde; 
� Regulação da Atenção à Saúde; 
� Regulação do Acesso à Assistência. 
 
 
Portaria n.1.559, de 1 de agosto de 2008 
 
Institui a Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde - SUS. 
 
 [...] 
 Art. 3º A Regulação de Sistemas de Saúde efetivada pelos atos de 
regulamentação, controle e avaliação de sistemas de saúde, regulação da atenção à saúde 
e auditoria sobre sistemas e de gestão contempla as seguintes ações: 
 
I - Elaboração de decretos, normas e portarias que dizem respeito às funções de 
gestão; 
 
II - Planejamento, Financiamento e Fiscalização de Sistemas de Saúde; 
 
III - Controle Social e Ouvidoria em Saúde; 
 
IV - Vigilância Sanitária e Epidemiológica; 
 
V - Regulação da Saúde Suplementar; 
 
VI - Auditoria Assistencial ou Clínica; e 
 
VII - Avaliação e Incorporação de Tecnologias em Saúde. 
 
[...] 
 
 
 
 
 
43 
 
 
3.3.1.1 Regulação de Sistemas de Saúde 
 
Tem por objetivo definir as macrodiretrizes para regulação da atenção. 
Está baseada nos princípios e diretrizes do SUS, executando ações de 
monitorando, fiscalizando, avaliando, auditoria, avaliação e vigilância dos serviços 
de saúde das três esferas de governo através da elaboração de normas e 
diretrizes. Dessa forma dá suporte a organização do sistema de saúde 
otimizando os recursos disponíveis, qualificando a atenção e o acesso da 
população às ações e aos serviços de saúde 
As ações relacionadas à Regulação de Sistemas de Saúde, estão 
descritas no art 3 º da Portaria 1.559/08 que vimos anteriormente. 
 
3.3.1.2 Regulação da Atenção à Saúde 
 
Para garantir a prestação de serviços à população por meio de ações e 
serviços de saúde a partir da definição de estratégias dinâmicas de 
monitoramento, controle, avaliação, auditoria e atendimento à assistência à 
saúde no âmbito do SUS, conforme pactuação estabelecida no Termo de 
Compromisso de Gestão do Pacto pela Saúde. 
 
Vocabulário 
Pactuação: Ação ou efeito de pactuar, estabelecer um 
pacto, um acordo ou contrato com; parceria. 
 
 
 
A Portaria 1.559/08 descreve também as ações relacionadas à Regulação 
da Atençãoà Saúde, como podemos ver a seguir: 
 
 
 
44 
 
Portaria n.1.559, de 1 de agosto de 2008 
 
Institui a Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde - SUS. 
 
 [...] 
 Art. 4º A Regulação da Atenção à Saúde efetivada pela contratação de serviços 
de saúde, controle e avaliação de serviços e da produção assistencial, regulação do acesso 
à assistência e auditoria assistencial contempla as seguintes ações: 
 
I - cadastramento de estabelecimentos e profissionais de saúde no Sistema de 
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - SCNES; 
 
II - cadastramento de usuários do SUS no sistema do Cartão Nacional de Saúde - 
CNS; 
 
III - contratualização de serviços de saúde segundo as normas e políticas específicas 
deste Ministério; 
 
IV - credenciamento/habilitação para a prestação de serviços de saúde; 
 
V - elaboração e incorporação de protocolos de regulação que ordenam os fluxos 
assistenciais; 
 
VI - supervisão e processamento da produção ambulatorial e hospitalar; 
 
VII - Programação Pactuada e Integrada - PPI; 
 
VIII - avaliação analítica da produção; 
 
IX - avaliação de desempenho dos serviços e da gestão e de satisfação dos usuários - 
PNASS; 
 
X - avaliação das condições sanitárias dos estabelecimentos de saúde; 
 
XI - avaliação dos indicadores epidemiológicos e das ações e serviços de saúde nos 
estabelecimentos de saúde; e 
 
XII - utilização de sistemas de informação que subsidiam os cadastros, a produção e a 
regulação do acesso. 
 
[...] 
 
 
3.3.1.3 Regulação do Acesso à Assistência 
 
Tem por objetivo garantir acesso aos serviços de saúde mais adequados 
às necessidades da população, por meio de atendimentos como consultas, 
urgência, apoio diagnóstico, leitos e terapias. Consiste, então, na qualificação e 
ordenação do fluxo de acesso às ações e serviços de saúde, otimizando os 
 
 
45 
 
recursos disponíveis, promovendo a integralidade e a equidade no acesso e 
utilizando, para isso, diretrizes operacionais e protocolos de regulação. 
Por fim, as ações relacionadas à Regulação do Acesso à Assistência estão 
relacionadas com seus objetivos e também descritas na Portaria 1.559/08: 
 
 
Portaria n.1.559, de 1 de agosto de 2008 
 
Institui a Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde - SUS. 
 
 [...] 
 Art. 5º A Regulação do Acesso à Assistência efetivada pela disponibilização da 
alternativa assistencial mais adequada à necessidade do cidadão por meio de atendimentos 
às urgências, consultas, leitos e outros que se fizerem necessários contempla as seguintes 
ações: 
 
I - regulação médica da atenção pré-hospitalar e hospitalar às urgências; 
 
II - controle dos leitos disponíveis e das agendas de consultas e procedimentos 
especializados; 
 
III - padronização das solicitações de procedimentos por meio dos protocolos 
assistenciais; e 
 
IV - o estabelecimento de referências entre unidades de diferentes níveis de 
complexidade, de abrangência local, intermunicipal e interestadual, segundo fluxos e 
protocolos pactuados. A regulação das referências intermunicipais é responsabilidade do 
gestor estadual, expressa na coordenação do processo de construção da programação 
pactuada e integrada da atenção em saúde, do processo de regionalização, do desenho das 
redes. 
 
[...] 
 
 
Após leitura e comparação das ações de cada forma de regulação, 
podemos perceber que elas se enquadram nos objetivos para o qual foram 
designadas, sendo abrangentes de acordo com a possibilidade e se 
complementando para a regulação do sistema de saúde como um todo. 
Principalmente na Regulação de Sistemas de Saúde, podemos observar 
que existem ações relacionadas à regulamentação do financiamento e é a partir 
dele que se pode desenvolver as atividades das outras ações de regulação, por 
isso, vamos entender como funciona o financiamento e o repasse financeiro do 
SUS. 
 
 
 
46 
 
3.4 Financiamento e respectivos mecanismos de repasse do SUS 
 
“A saúde é direito de todos e dever do Estado...” Esse é o início do art 196 
da Constituição Federal de 1988, e o questionamento que fica é, se o Estado 
deve fornecer acesso à saúde, como ampliar o acesso e como ele pagará por 
isso? 
Por isso, no parágrafo 1 do artigo 198 está descrito que o “Sistema Único 
de Saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da 
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
além de outras fontes”, trazendo, assim, a responsabilidade das três esferas de 
governo em relação ao financiamento da saúde. 
Para regulamentar o SUS foram criadas, em 1990, a Lei 8.080 e a Lei 
8.142, sendo esta última relacionada à participação da comunidade na gestão do 
SUS e descrevendo as transferências intergovernamentais de recursos 
financeiros na área da saúde. 
 
3.4.1 Lei 8.142/90 
 
Criada logo após a Lei 8.080/90, a Lei 8.142/90 se destaca em dois 
aspectos, em primeiro lugar, a participação social na gestão SUS e, em segundo, 
dispõe sobre as transferências intergovernamentais dos recursos financeiros. 
 
Curiosidade 
Essa Lei inicia descrevendo sobre a participação da 
comunidade, sobre os conselhos e as conferências de 
saúde com a participação de múltiplos atores sociais. Vale a 
leitura dela na íntegra! 
 
Essa legislação descreve a alocação dos recursos do Fundo Nacional de 
Saúde, atividades relacionadas às ações em saúde, de forma regular e 
 
 
47 
 
automatizar os municípios, estados e Distrito Federal. Isso para garantir a 
universalidade e integralidade do SUS. 
 
3.4.1.1Tripartite 
 
Fica evidente na legislação a participação em financiamento e em ações 
de serviços de saúde das três esferas de governo, levando a essa característica 
tripartite de financiamento, sendo feita transferência fundo a fundo do Governo 
Federal para o Município. 
Quando os Municípios entenderem ser vantajoso, podem estabelecer 
consórcios para a execução das suas ações em saúde, remanejando entre si os 
recursos. Dessa forma, Municípios pequenos podem complementar suas ações 
em saúde com o auxílio das cidades vizinhas e ajudá-las em suas ações. 
Para que esse repasse aconteça, o Município deve se enquadrar nos 
critérios descritos no artigo 35 da Lei 8.080/90. Porém, esse artigo não estava 
regulamentado em 1990, sendo alterado apenas nos anos 2000, com a Emenda 
Constitucional n. 29, de 13/9/2000. Essa Emenda definiu os percentuais mínimos 
a serem aplicados nas ações e serviços de saúde de 2000 até 2004, havendo um 
aumento real nos investimentos em saúde, porém, ela não define quais e o que 
são consideradas ações e serviços de saúde, gerando alguns problemas de 
interpretação e investimento. 
Por causa dessa dificuldade, foi criada a Lei Complementar nº 141, de 13 
de janeiro de 2012, que dispõe sobre os investimentos de cada esfera de 
governo. 
 
3.4.2 Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012 
 
Essa lei dispõe sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente 
pelas esferas de governo em ações e serviços públicos de saúde, estabelecendo 
os critérios de rateio e transferência, normas de fiscalização, avaliação e controle 
das despesas com saúde. Além disso, ela define o que deve ser considerado 
gastos em saúde, fixando os percentuais mínimos pelas três esferas da seguinte 
forma: 
 
 
48 
 
� União aplicará o valor do ano anterior, acrescido da variação 
nominal do PIB (Produto Interno Bruto) dos dois anos anteriores à 
Lei; 
� Estados devem aplicar 12%; 
� Municípios devem aplicar 15%. 
 
Esses recursos devem ser aplicados em ações e serviços públicos de 
acesso universal, igualitário e gratuito. Sendo esses: 
 
� Atenção integral e universal; 
� Desenvolvimento científico e tecnológico; 
� Compra e distribuição de medicamentos; 
� Gestão do sistema público de saúde, como salários e operação das 
unidades de saúde; 
� Entre outras. 
 
Importante ressaltar

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