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Assistência 
de Enfermagem 
ao Paciente 
Politraumatizado
Epidemiologia do Trauma
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª M.ª Camila Cristina
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Raquel Josefina Oliveira Lima
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Conceito de Trauma;
• Epidemiologia do Trauma;
• Serviço de Atendimento Pré-Hospitalar (APH);
• Educação ao Trauma para Enfermeiros e Atribuições.
Objetivos
• Identificar a prevalência de traumas no Brasil;
• Conhecer as campanhas e estratégias no Brasil para a prevenção do trauma;
• Reconhecer os programas de treinamento específicos na atuação do enfermeiro em emergência.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material 
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você 
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns 
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões 
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e 
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de 
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de 
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de 
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
Epidemiologia do Trauma
Fonte: Getty Im
ages
UNIDADE 
Epidemiologia do Trauma
Conceito de Trauma
A palavra trauma deriva do grego trauma, plural traumatos, traumas, cujo signi-
ficado é descrito como “ferida” (SBAIT, 2016).
A sua terminologia na Medicina possui vários significados que estão associados a 
acontecimentos não previstos e indesejáveis que, atingindo um indivíduo, produzem 
dano ou lesão.
Uma das definições adotadas se refere ao conjunto das perturbações 
causadas subitamente por um agente físico, de etiologia, natureza e ex-
tensão muito variadas, podendo estar situadas nos diferentes segmentos 
corpóreos. Independente de sua melhor definição, o fato é que o trauma 
é uma doença que representa um problema de saúde pública de grande 
magnitude e transcendência no Brasil, que tem provocado forte impacto 
na morbidade e na mortalidade da população. Entre as causas de trauma, 
incluem-se os acidentes e a violência, que configuram um conjunto 
de agravos à saúde que, pode ou não levar a óbito, no qual fazem par-
te as causas ditas acidentais e as intencionais. Esse conjunto de eventos 
consta na Classificação Internacional de Doenças – CID, sob denomina-
ção de causas externas. (SBAIT, 2016, grifo nosso)
Assista ao vídeo sobre os tipos de traumas, disponível em: https://youtu.be/lwLArfR_lbw
O trauma é considerado um evento nocivo e que advém da liberação de formas espe-
cíficas de energia, tais como mecânica, química, térmica, elétrica e de irradiação – além 
de seguir os princípios da Lei de Newton sobre energia e movimento.
Figura 1 – Primeira Lei de Newton, sobre cavitação e transferência de energia
Fonte: Reprodução
Epidemiologia do Trauma
Na atualidade, o Brasil apresenta importantes transformações no padrão de morta-
lidade e morbidade de sua população, decorrendo da redução da mortalidade precoce, 
do aumento da expectativa de vida ao nascer, processo acelerado de urbanização e de 
mudanças socioculturais que correspondem ao aumento de violência, acidentes e de 
doenças transmissíveis (ROUQUAYROL; GURGEL, 2017).
No Brasil o trauma é a primeira causa de morte na população abaixo 
de 40 anos e a segunda (ou terceira) causa de morte na população em 
geral. O número de vítimas fatais situa-se em torno de 150.000 por ano. 
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Pela diversidade dos mecanismos envolvidos e pelo fato de as lesões não 
obedecerem a qualquer padrão definido, o atendimento pode representar 
um desafio complexo que exige experiência e sólida formação por parte 
dos profissionais envolvidos, além de recursos diagnósticos e terapêuticos 
sofisticados e caros. (SUEOKA; ABGUSSEN, 2019)
Em 2017 o Global Burden of Disease divulgou um estudo evidenciando que traumas 
não fatais por quedas e acidentes de trânsito foram responsáveis por incapacidades de 
curto e longo prazo em 226,2 milhões de pessoas. No mundo, 8% são de lesões fatais, 
o que representa 4,48 milhões de pessoas. Tais dados evidenciaram aumento de 2,3% 
em relação aos dados de 2007, com taxa de mortalidade global de 57,9 por 100.000 
habitantes. Em 2017 o trauma foi responsável por 11,9% dos 1,65 bilhão de mortes no 
mundo (LENTSCK et al., 2019).
Tabela 1 – Mortalidade violenta por idades simples
Id
ad
e
Taxas
Id
ad
e
Taxas
Id
ad
e
Taxas
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di
o
Tr
an
sp
or
te
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0 4,7 0,0 4,3 9,0 31 49,3 7,2 32,6 89,2 62 9,1 5,7 24,5 39,3
1 1,0 0,0 3,9 4,9 32 45,5 7,1 30,2 82,8 63 9,1 7,5 26,8 43,5
2 0,8 0,0 3,8 4,7 33 43,2 7,4 29,1 79,7 64 9,1 6,0 25,6 40,6
3 0,6 0,0 3,8 4,4 34 41,4 7,4 31,1 79,9 65 9,2 5,2 22,4 36,8
4 0,6 0,0 4,0 4,6 35 42,2 6,8 31,0 80,0 66 9,5 7,2 27,3 44,0
5 0,9 0,0 3,9 4,8 36 36,7 7,5 29,9 74,1 67 8,7 7,6 25,3 41,6
6 0,8 0,0 3,5 4,3 37 36,0 7,3 28,7 72,1 68 10,2 6,1 26,2 42,6
7 0,6 0,0 3,3 3,9 38 34,5 7,9 26,8 69,2 69 7,5 8,1 27,0 42,6
8 1,0 0,0 4,0 5,0 39 32,6 7,9 28,5 69,0 70 7,8 7,1 23,0 38,0
9 0,7 0,1 3,7 4,5 40 29,0 6,8 25,3 61,1 71 9,5 7,0 31,1 47,6
10 1,1 0,1 4,5 5,7 41 29,7 8,1 27,7 65,5 72 6,7 5,2 24,1 36,0
11 1,2 0,5 4,2 5,8 42 25,6 7,2 27,2 60,0 73 7,2 6,1 30,2 43,5
12 2,4 0,6 3,9 6,9 43 25,3 7,2 26,9 59,3 74 8,1 6,8 24,9 39,7
13 4,0 1,0 5,6 10,6 44 23,8 7,3 27,6 58,8 75 8,1 6,0 32,1 46,2
14 12,3 1,2 7,1 20,6 45 23,6 6,7 30,0 60,4 76 7,7 6,7 30,8 45,2
15 24,2 2,4 9,9 36,4 46 21,6 7,2 27,2 56,0 77 7,5 6,4 30,1 44,1
16 42,2 3,3 16,0 61,5 47 19,8 7,0 26,0 52,8 78 7,4 5,6 35,9 48,9
17 62,1 3,7 21,7 87,4 48 18,9 6,8 25,2 50,9 79 9,4 7,0 38,2 54,5
18 66,7 4,7 28,4 99,8 49 19,0 7,3 27,7 53,9 80 7,9 9,5 29,1 46,5
19 73,0 5,8 36,6 115,3 50 16,4 7,0 25,8 49,3 81 5,5 8,4 36,6 50,6
20 76,3 5,2 37,2 118,7 51 17,3 7,3 26,8 51,5 82 6,1 7,8 28,9 42,7
21 75,0 6,2 42,8 124,0 52 16,0 5,3 22,7 43,9 83 7,5 8,6 32,8 48,9
22 70,2 7,1 37,1 114,3 53 14,4 7,6 26,7 48,8 84 6,4 5,7 31,8 43,8
23 73,1 7,3 37,0 117,4 54 14,3 7,3 24,5 46,1 85 3,9 7,9 32,3 44,1
24 68,9 6,5 38,0 113,4 55 12,3 7,3 25,0 44,6 86 6,4 4,1 32,7 43,1
25 64,3 7,5 37,4 109,2 56 12,7 7,1 25,5 45,4 87 3,9 10,1 29,6 43,6
26 61,7 7,2 33,7 102,6 57 11,5 6,8 26,5 44,9 88 6,6 9,2 25,7 41,5
27 56,1 7,8 34,7 98,5 58 10,3 6,8 23,5 40,6 89 5,5 6,3 37,7 49,5
28 57,5 7,7 32,0 97,2 59 11,1 6,3 26,3 43,6 90 12,0 6,0 26,6 44,6
29 57,3 7,6 34,3 99,1 60 10,8 5,6 23,7 40,0
30 50,6 7,3 31,6 89,4 61 10,4 8,3 27,4 46,1
Fonte: Adaptada de mapadaviolencia.org.br
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UNIDADE 
Epidemiologia do Trauma
Note que os dados referentes à mortalidade violenta que representa a somatória de 
homicídios, suicídios e acidentes de transporte – neste último, além do desfecho fatal 
precisamos considerar as sequelas – são mais incidentes na população juvenil.
Os principais traumas seguidos de óbito na população estão relacionados à lesão em 
estruturas vitais, tais como Sistema Nervoso Central (SNC), coração (tórax) e grandes 
vasos sanguíneos.
Desde 2006 o Ministério da Saúde implantou o Sistema de Vigilância de Violências e 
Acidentes (Viva), no qual há inquéritos periódicos em serviços de urgência e emergência 
na rede assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo considerados “sentinelas” 
para causas externas.
[...] ocorrências em crianças menores de 10 anos nas portas de entrada 
de urgênciaspúblicas, mostram que foram mais frequentes os acidentes 
(95%), que as violências. Em geral, os eventos foram constituídos de ca-
sos leves e que evoluíram para alta. A faixa etária de maior ocorrência de 
acidentes foi de 2-5 anos. Dentre os acidentes predominaram as quedas, 
da própria altura em crianças maiores (6 a 9 anos) e do berço/cama até 
1 ano de idade, seguidas de outros e em terceiro lugar os de transporte. 
Os acidentes de transportes predominaram em crianças de 6-9 anos e a 
bicicleta/velocípedes, triciclos não motorizados e similares foi o meio de 
locomoção da vítima mais frequente nessa faixa etária. As queimaduras 
ocorreram em cerca de 2% e foram mais frequentes no grupo de 0-1 ano. 
As ocorrências foram mais frequentes no domicílio, em crianças do sexo 
masculino e entre aquelas de 2-5 anos de idade. As internações predomi-
naram em crianças menores de 1 ano. (MALTA et al., 2016)
É importante refletir que cada faixa etária concentra uma prevalência de tipos de 
trauma mediante as condições socioculturais de cada grupo e que a Enfermagem precisa 
conhecer a sua região de atenção em saúde.
Leia o artigo intitulado “Diagnósticos de Enfermagem no processo de cuidar no aten-
dimento pré-hospitalar móvel”, disponível em: https://bit.ly/2MyFybC
Serviço de Atendimento 
Pré-Hospitalar (APH)
O serviço de Atendimento Pré-Hospitalar (APH) no Brasil, representado pelo Servi-
ço de Atendimento Móvel às Urgências (Samu) foi implantado visando dar atendimento 
pleno às urgências e emergências no local onde elas ocorrem. 
Samu entrou em vigor através do Decreto n.º 5.055, de 27 de abril de 2004 que dentre 
as suas diretrizes descreve a composição e as competências de cada membro da equipe.
Leia o Decreto n.º 5.055/2004, disponível em: https://bit.ly/3oyjw6c
8
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Anterior à implantação do Samu, o atendimento às emergências era realizado por 
equipes treinadas do Corpo de Bombeiros, efetuando o primeiro atendimento e encami-
nhando as vítimas ao serviço de atenção hospitalar de referência.
Ambulância do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro de 1899: https://bit.ly/2MyqVVu
Com base em dados estatísticos o Governo brasileiro verificou a necessidade de criar 
um programa específico de atendimento a vítimas externas ao ambiente hospitalar, onde 
profissionais treinados poderiam prover atendimento mais amplo e de complexidade ele-
vada, atendimento este que os militares do Corpo de Bombeiros não poderiam efetuar.
A historiografia dos serviços de atendimento em ambiente externo ao hospitalar ou 
pré-hospitalar (APH) revela que a França foi um dos primeiros países a desenvolver 
programas específicos, tal como o Service Mobile d’Urgence et Réanimation (SMUR), 
em 1955, oferecendo, a partir de 1960, capacitação específica ao seu corpo de colabo-
radores. Para organizar a sua estrutura regulamentadora em 1968 surgiu o Service d’A 
Medicale d Urgence (Samu) com a função de coordenar os serviços do SMUR.
Após a criação desse serviço na França, outros países da Europa também desenvol-
veram os seus próprios serviços de APH, sendo seguidos por diversas nações ao redor 
do mundo no decorrer dos anos seguintes. 
O desenvolvimento do serviço brasileiro teve como referência o francês – service 
d’aide médicale urgente –, padronizando o funcionamento de todos os Samu do País, 
uma vez que integra o sistema nacional de saúde da França.
Naquele país há uma central telefônica de atendimento, em que por meio do número 
15 a população tem acesso à solicitação de atendimento. Nessa central os atendimentos 
são realizados por médicos especialistas em emergência e, com base nas informações 
obtidas, fornecem as orientações e determinam o tipo de atendimento que será realizado, 
uma vez que possuem à sua disponibilidade modalidades de atendimento de complexida-
des distintas, utilizando-as de acordo com cada caso (SUEOKA; ABGUSSEN, 2019).
Ao estruturar o APH, o Brasil delineia uma estrutura apenas com profissionais de Saú-
de, possibilitando atendimento de alta complexidade através do suporte avançado à vida.
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Política Nacional
de Atenção às Urgências
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Figura 2 – Pilares da política nacional de atenção às urgências
Fonte: Adaptada de portal.mec.gov.br 
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UNIDADE 
Epidemiologia do Trauma
Leia o artigo intitulado “Aspectos históricos da implantação de um serviço de atendi-
mento pré-hospitalar”, disponível em: https://bit.ly/2Yp4wwM
Tendo como modelo o formato francês de regulação, aqui também houve a compre-
ensão da importância de regulação médica, devendo ter a premissa de que os recursos 
ao atendimento devem ser empregados com critérios médicos precisos e fundamentados 
em princípios éticos e científicos, garantindo, assim, as maiores e mais urgentes neces-
sidades de atendimento (SUEOKA; ABGUSSEN, 2019).
[...] usuário solicita atendimento por intermédio do acesso telefônico gra-
tuito pelo número 192. Tem um componente regulador (Central Médica 
de Regulação) e um componente assistencial (equipe das ambulâncias). 
Na central de regulação, todas as etapas dos atendimentos devem ser 
registradas no computador e gravadas. As chamadas são atendidas por 
telefonista que identifica o paciente e o local da chamada, e transfere o 
atendimento para o regulador médico que pode orientar o paciente por 
telefone ou acionar a equipe assistencial. Para a assistência ao paciente 
as ambulâncias são de dois tipos: Unidades de Suporte Básico (USB), 
com técnico de enfermagem na equipe de saúde; e Unidade de Suporte 
Avançado (USA), ambulância com mais recursos tecnológicos e com mé-
dico e enfermeiro na equipe. As ambulâncias podem ficar baseadas na 
própria central de regulação ou em bases descentralizadas, nos casos de 
Samu metropolitanos ou regionalizados. Compõem a frota em função de 
necessidades regionais as motolâncias, ambulanchas ou embarcações e o 
aeromédico, composto por helicóptero ou avião. (O’DWYER et al., 2017)
As portarias que regulamentam e normatizam a estruturação do serviço de atendi-
mento médico de urgência no País são as seguintes:
Quadro 1 – Portarias que regulamentam a estruturação do Samu
Portaria GM/MS n.º 1.863, 
de 29 de setembro de 2003.
Institui a política de atenção às urgências, a ser implan-
tada nas unidades federais.
Portaria GM/MS n.º 1.864, 
de 29 de setembro de 2003.
Institui o componente pré-hospitalar móvel da política 
nacional de atenção às urgências.
Portaria GM/MS n.º 2.072, 
de 30 de outubro de 2003.
Institui o Comitê Nacional de Atenção às Urgências.
Portaria GM/MS n.º 1.828, 
de 2 de setembro de 2004.
Institui recursos financeiros para a adequação física das 
centrais de regulação médica de urgências nos Estados.
Portaria GM/MS n.º 2.420, 
de 9 de novembro de 2004.
Institui Grupo Técnico para avaliar e recomendar estraté-
gias de intervenção do SUS.
Portaria GM/MS n.º 2.657, 
de 16 de dezembro de 2004.
Estabelece as centrais de regulação médica e o dimen-
sionamento técnico.
Fonte: Adaptado de portal.mec.gov.br 
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Educação ao Trauma para 
Enfermeiros e Atribuições
Os programas de treinamento em traumas específicos para a equipe médica é o 
Advanced Trauma Life Support (ATLS), elaborado nos Estados Unidos e difundido em 
todos os países como referência ao manejo do trauma. Assim, a Enfermagem pode reali-
zar um programa de capacitação denominado Trauma Life Support Courses for Nurses
(TLS for Nurses) e Manobras Avançadas de Suporte ao Trauma (Mast).
Leia sobre o protocolo de atendimento pré-hospitalar do Estado de São Paulo. 
Disponível em: https://bit.ly/3t4hnm6
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) ampara a atuação do profissional por 
meio das seguintes resoluções:
• N.º 375/2011: que dispõe sobre a presença do enfermeiro no atendimento pré e 
inter-hospitalar, em situações de risco conhecido ou desconhecido;• N.º 389/2011: que assegura ao enfermeiro com especialização o direito de re-
gistrar o seu certificado no Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição, 
conferindo legalidade para a sua atuação na área específica do seu exercício profis-
sional (LUCHTEMBERG; PIRES, 2016);
• N.º 225/2002: que dispõe sobre o veto do não cumprimento de prescrição me-
dicamentosa e/ou terapêutica a distância para os profissionais da Enfermagem no 
cumprimento de prescrições médicas via rádio ou telefone em casos de urgência – 
não se aplicando conforme o Artigo 2º.
Resolução Cofen n.º 225, de 28 de fevereiro de 2002, disponível em: https://bit.ly/2MaozfG
A atuação do enfermeiro no Samu envolve atividades de coordenação e educação 
continuada, além de prestar assistência direta ao paciente nas unidades de suporte avan-
çado de vida – tanto terrestres quanto aéreas.
A literatura é farta no que diz respeito à importância dos serviços de 
atendimento móvel de urgência para salvar vidas e, também, para limitar 
danos decorrentes de agravos súbitos, acidentes, violência e desastres. 
Também é plenamente reconhecido que o trabalho profissional da enfer-
magem é fundamental nestes serviços. Nesse cenário, considera-se que 
as situações de urgência e emergência são complexas e imprevisíveis, 
requerendo, portanto, intervenções por profissionais com alto nível de 
formação e que a legislação brasileira inclui na composição da força de 
trabalho da enfermagem profissionais com diferentes graus de forma-
ção, cabendo ao enfermeiro a responsabilidade técnica do trabalho da 
profissão. (LUCHTEMBERG; PIRES, 2016)
As atribuições do enfermeiro no Samu estão pautadas nas dimensões gerencial, assis-
tencial e como instrutor; neste sentido, esses autores apontam que a atuação assistencial 
11
UNIDADE 
Epidemiologia do Trauma
é essencial nas equipes, uma vez que para enfrentar as diversas situações adversas do seu 
dia a dia necessita de preparo, pois assumirá responsabilidades na tomada de decisão. 
Na dimensão administrativa cabe à supervisão a avaliação da equipe de enfermagem a 
fim de buscar contínuo aprimoramento e excelência na assistência prestada, enquanto 
nas fragilidades identificadas é de sua responsabilidade a capacitação dos profissionais 
envolvidos; além disso, é de sua competência a gestão dos recursos materiais da unidade 
móvel. Enquanto instrutor, participa da elaboração de protocolos assistenciais, ensino e 
supervisão dos socorristas (LIMA; CORGOZINHO, 2019).
Assim como dizem os últimos citados, outro estudo aponta que as atividades do en-
fermeiro no Samu estão pautadas no cuidado, na gestão e no ensino; contudo, relatam 
que a assistência – apesar de ser a dimensão de maior significância – não é mencionada 
na sistematização da assistência de enfermagem, privando maior visibilidade à sua atua-
ção profissional (LUCHTEMBERG; PIRES, 2016). 
Dados epidemiológicos são importantes na elaboração de plataformas de atendimento 
à população, sendo serviços aplicados às reais necessidades locais. Assim, o enfermeiro 
é importante ator na elaboração de tais plataformas, desde a formulação inicial, a sua 
implantação, avaliação, assistência e continuidade dos serviços.
Na atualidade existem diferentes cursos para profissionais da Saúde – tanto no âmbito 
privado como público –; de modo que a capacitação é uma exigência legal e fornecida 
pelo próprio serviço de alocação do colaborador, sendo que os centros de Educação podem 
ser locais ou regionais.
Ademais, a política nacional de atenção às urgências se ampara em cinco pilares fun-
damentais: humanização, organização de redes assistenciais, estratégias promocionais, 
regulação médica de urgência, qualificação e educação permanentes. Cabe, então, ao 
enfermeiro se amparar legalmente a fim de delimitar a sua atuação mediante as suas 
competências técnicas ao efetivo cuidado de enfermagem ao paciente vítima de trauma.
12
13
Referências
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avançado PHTLS. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
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p. 1.010-1.018, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artte
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