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Procedimento Operacional Padrão POP/UR/013/2020 VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA Versão 1.0 UNIDADE DE REABILITAÇÃO Procedimento Operacional Padrão POP/UR/013/2020 VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA Versão 1.0 HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ALCIDES CARNEIRO ADMINISTRADO PELA EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES (EBSERH) Rua Carlos Chagas, s/n. Bairro São José| CEP: 58400398 | Campina Grande-PB Telefone: (083) 2101-5500 | Sítio:http://www2.ebserh.gov.br/web/huac-ufcg CARLOS ALBERTO DECOTELLI Ministro de Estado da Educação OSWALDO DE JESUS FERREIRA Presidente da Ebserh HOMERO GUSTAVO CORREIA RODRIGUES Superintendente do HACC-UFCG DAISY FERREIRA RIBEIRO Gerente Administrativo do HUAC-UFCG ALANA ABRANTES NOGUEIRA DE PONTES Gerente de Ensino e Pesquisa do HUAC-UFCG CONSUELO PADILHA VILAR SALVADOR Gerente de Atenção à Saúde do HUAC-UFCG JOÃO VIRGÍNIO DE MOURA Chefe da Unidade de Reabilitação do HUAC-UFCG EXPEDIENTE Serviço de Educação da Unidade de Reabilitação do Hospital Universitário Alcides Carneiro da Universidade Federal de Campina Grande ® 2020, EBSERH. Todos os direitos reservados Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH www.ebserh.gov.br Material produzido pela Unidade de Reabilitação HUAC/UFCG/ EBSERH Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins comerciais. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ministério da Educação POP: Ventilação Não Invasiva– Unidade de Reabilitação – Campina Grande: EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, 2020. 20p. Palavras-chaves: 1 – Protocolos; 2 – Fisioterapia; 3 – Ventilação não invasiva HISTÓRICO DE REVISÕES Data Versão Descrição Gestor do POP Autor/responsável por alterações 18/09/2019 1.0 Trata da padronização dos procedimentos operacionais da Fisioterapia motora ao paciente em internação hospitalar Gerônimo Júnior Stênio Sarmento Gerônimo Júnior Stênio Sarmento Maria Augusta de Moura EBSERH/DE-VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA- Versão 1.0 PROTOCOLO DE FISIOTERAPIA AO PACIENTE EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR Página 5 de 20 Hospital Universitário Alcides Carneiro UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ALCIDES CARNEIRO UNIDADE DE REABILITAÇÃO VENTIÇÃO NÃO INVASIVA POP/UR/VENTIÇÃO NÃO INVASIVA VERSÃO 1.0 1. INTRODUÇÃO Ventilação não invasiva (VNI) refere-se à ventilação com pressão positiva através de uma interface não invasiva (máscara nasal, máscara facial ou tampões nasais), ao invés de uma interface invasiva (tubo endotraqueal, traqueostomia)1. A ventilação não-invasiva é realizada de forma inteiramente espontânea, mediante aplicação de pressão de suporte (contínua ou bi-level) utiliza uma pressão inspiratória (IPAP e ou PSV) e uma pressão positiva expiratória para manter as vias aéreas e os alvéolos abertos para melhorar a oxigenação (EPAP e ou PEEP). Também pode ser empregado somente uma pressão expiratória final contínua nas vias aéreas (CPAP). O seu uso é realizado por meio de interfaces naso-facial2. Como efeitos, a VNI diminui o trabalho muscular e melhora a troca gasosa por recrutamento de alvéolos hipoventilados. Além disso, ela mantém as barreiras de defesa natural, diminui a necessidade de sedação, diminui o período de ventilação mecânica, e ainda pode evitar o processo de intubação orotraqueal e suas complicações, como por exemplo a pneumonia associada à ventilação (PAV)3. 2. OBJETIVO Estabelecer o uso da Ventilação Não Invasiva, apresentando as indicações, contraindicações, e modos de aplicações nos pacientes. 3. ABRANGÊNCIA Aplicável aos setores com pacientes pediátricos com diagnóstico de AME. UTI Adulto ALAS EBSERH/DE-VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA- Versão 1.0 PROTOCOLO DE FISIOTERAPIA AO PACIENTE EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR Página 6 de 20 4. DEFINIÇÕES E ABREVIATURAS VNI: Ventilação Não Invasiva; IPAP: Pressão Positiva Inspiratória; PSV: Ventilação por Pressão de Suporte; EPAP: Pressão Positiva Expiratória; PEEP: Pressão Expiratória Positiva Final; CPAP: Pressão Positiva Contínua; PAV: Pneumonia Associada à Ventilação; AVAPS: Suporte de pressão assegurada de volume médio; PPV: Ventilação de pressão proporcional. IOT: Intubação orotraqueal. 5. RESPONSABILIDADES Da equipe de fisioterapia do HUAC 5.1 Equipe de Fisioterapia 5.1.1 Chefia da Unidade de Reabilitação Aprovar dentro do âmbito da Unidade de Reabilitação o POP elaborado pela equipe; Apresentar este POP para os coordenadores de setores assistenciais para conhecimento e validação do mesmo; Distribuir uma cópia deste POP para os setores de atendimento fisioterapêutico do hospital; Cumprir as proposições contidas neste POP; Fornecer subsídios para que as proposições contidas neste POP possam ser cumpridas. 5.1.2 Coordenação de Fisioterapia da UTI adulto Apresentar este POP para equipe envolvida no procedimento; Cumprir as proposições contidas neste POP; Monitorar e supervisionar o cumprimento das proposições contidas neste POP pelos membros da equipe de fisioterapia; Informar ao chefe da Unidade de Reabilitação sobre o não cumprimento das proposições contidas neste POP por parte de algum membro da equipe de fisioterapia. 5.1.3 Fisioterapeuta assistencial Cumprir as proposições contidas neste POP; Registrar os procedimentos realizados nas fichas de evolução e formulários próprios; EBSERH/DE-VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA- Versão 1.0 PROTOCOLO DE FISIOTERAPIA AO PACIENTE EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR Página 7 de 20 Informar a equipe multidisciplinar sobre as condutas adotadas e discutir intervenções conjuntas; Informar ao coordenador de setor qualquer dificuldade encontrada que comprometa o cumprimento das proposições deste POP. 5.2 Equipe Enfermagem Auxiliar os procedimentos de posicionamento terapêutico. 6. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS 6.1 RECURSO(S) NECESSÁRIO(S) 6.1.1 Recursos Materiais Aparelho gerador de pressão positiva; Interfaces; Monitorização multiparamétrica; Hemogasometria. 6.1.2 Recursos Humanos Fisioterapeuta; Médico; Enfermeiro. 6.2 MODOS VENTILATÓRIOS Os principais modos ventilatórios empregados durante a VNI são1,4: Pressão positiva contínua nas vias áereas (CPAP); Dois níveis de pressão em vias aéreas (bilevel ou binível – Modo S/T [Bipap V60]); Suporte de pressão assegurada de volume médio (AVAPS); Ventilação de pressão proporcional (PPV). Pressão positiva contínua nas vias áereas (CPAP) Os modos ventilatórios avançados (AVAPS e PPV) prometem aumentar a sincronia paciente-ventilador, mas ainda necessitam de mais estudos4. EBSERH/DE-VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA- Versão 1.0 PROTOCOLO DE FISIOTERAPIA AO PACIENTE EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR Página 8 de 20 Modo CPAP No modo CPAP (pressão positiva contínua das vias aéreas), o ventilador funciona como um sistema de fluxo sob demanda, com o paciente disparando todas as respirações e determinando sua temporização, pressão e tamanho. Não é preciso definir sensibilidades de disparo ou ciclagem quando realizados em ventiladores de circuito único4. Dois níveis de pressão em vias aéreas (bilevel ou binível - Modo S/T [Bipap V60]) O modo bilevel atua a partir de dois parâmetros principais: Pressão Positiva Inspiratória (IPAP); Pressão Positiva Expiratória (EPAP); A diferença entre essas pressões determina o nível de pressão de suporte. Este modo oferece respirações controladas por pressão, mandatóriasem ciclos de tempo e respirações espontâneas com suporte pressórico, todas no nível de pressão IPAP2,4. Suporte de pressão assegurada de volume corrente médio assegurado (AVAPS) O modo AVAPS (suporte pressórico com volume corrente médio assegurado) oferece um volume corrente fixo, com variações dos níveis de pressão para atingir o “volume-alvo”, ou seja, o volume alvo é obtido ajustando a pressão aplicada após o incremento da pressão inicial. O modo AVAPS oferece respiração mandatória em ciclos de tempo e respiração espontânea com suporte pressórico4. Em alguns ventiladores a configuração C-Flex opcional permite aprimorar o CPAP tradicional reduzindo a pressão inicial da exalação – período em que os pacientes podem sentir desconforto com o CPAP – e retorná-la ao nível CPAP definido antes do final da exalação4. EBSERH/DE-VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA- Versão 1.0 PROTOCOLO DE FISIOTERAPIA AO PACIENTE EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR Página 9 de 20 Sugestão: Durante a inicialização, a pressão AVAPS aplica uma pressão inspiratória igual a uma das seguintes medidas, a que for maior4: • EPAP + (volume alvo / 60 mL/cmH2O); • EPAP + 8 cmH2O; • P mín. Ventilação de pressão proporcional (PPV)4 A PPV fornece respirações disparadas pelo paciente com pressão proporcional ao esforço do paciente. Quanto maior for o esforço, maior será a pressão inspiratória aplicada. O operador determina a porcentagem de suporte a ser oferecido pela máquina. O ventilador mensura de forma intermitente a complacência e a resistência do sistema respiratório do paciente e instantaneamente gera fluxo e volume baseados nestas variáveis mecânicas e em proporção ao esforço. Assim como PSV na PPV as respirações são espontâneas, o paciente controla a velocidade e o tempo da duração do ciclo respiratório. Não existe volume, pressão ou fluxo alvo apenas limites de pressão e volume que podem ser fornecidos. 6.3 INTERFACES A interface é o dispositivo que ligará o ventilador ao paciente. A sua escolha é fundamental para o sucesso da VNI. Durante a sua escolha, deve-se analisar a eficácia, a morfologia da face e do crânio, o grau de colaboração do paciente, o tipo de pele e eventuais alergias e a posição de dormir. As principais interfaces são1: Máscaras nasais; Ao ajustar a pressão AVAPS mínima e máxima, lembre-se de que o IPAP é ajustado para atingir o valor alvo. Se a pressão alvo calculada estiver fora do intervalo de pressão mínima e máxima, o volume alvo não será atingido4. EBSERH/DE-VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA- Versão 1.0 PROTOCOLO DE FISIOTERAPIA AO PACIENTE EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR Página 10 de 20 Máscaras oronasais; Máscara facial total; Capacete; Peça bucal; Máscaras híbridas. A tabela 1.1 apresenta as principais vantagens e desvantagens de cada tipo de interface. Tabela 1 - Vantagens e desvantagens de cada principal categoria de interfaces em ventilação não invasiva. Interface Vantagens Desvantagens Máscara Nasal Menor risco de aspiração; Menor risco de claustrofobia; Permite a vocalização; Permite a alimentação; Apresenta menor espaço morto; Fácil eliminação de secreção por tosse. Maior vazamento oral; Resistência das narinas ao fluxo; Ressecamento da mucosa nasal e oral. Máscara Oronasal Reduz o vazamento de ar; Correção mais rápida das trocas gasosas; Menor risco de lesão facial comparada à nasal. Maior risco de claustrofobia; Risco de aspiração; Maior risco de inalação de CO2; Risco de asfixia. Máscara Facial Total Reduz o vazamento de ar; Possibilita o uso de pressões maiores; Diminui os pontos de tensão na face. Aumento de espaço morto; Maior risco de claustrofobia; Risco aumentado de aspiração; Dificuldade de vocalizar e se alimentar; Risco de asfixia. Risco de inalação de CO2 Capacete Menor escape aéreo; Elimina o contato com a face do paciente; Mais confortável e adaptável à face com deformidades e/ou fraturas. Risco de inalação de CO2; Grande espaço morto; Alto ruído interno; Risco de asfixia. Peça Bucal Pouca interferência na fala; Espaço morto pequeno; Dispensa fixador cefálico. Precisa de vedamento labial adequado por parte do paciente; Potencial risco de lesão ortodôntica; Favorece ao ressecamento oral. Máscara Híbrida Vantagens iguais da peça bucal; Menor risco de lesão por pressão facial comparada às máscaras nasais. Pouco tolerada aos pacientes que não se adaptam às almofadas nasais; Desvantagens semelhantes à orofacial. 6.4 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES Em não havendo contraindicação (Tabela 2), devem iniciar uso de VNI com dois níveis de pressão os pacientes com incapacidade de manter ventilação espontânea adequada (Volume minuto > 4 lpm, PaCO2 < 50 mmHg e pH > 7,25), com a pressão EBSERH/DE-VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA- Versão 1.0 PROTOCOLO DE FISIOTERAPIA AO PACIENTE EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR Página 11 de 20 inspiratória suficiente para manter um processo de ventilação adequada tendo em vista impossibilitar a progressão para fadiga muscular e/ou parada respiratória5. Tabela 2. Contraindicações a VNI Absolutas (sempre evitar) - Necessidade de intubação de emergência - Parada cardíaca ou respiratória Relativas (analisar caso a caso risco x benefício) - Incapacidade de cooperar, proteger as vias aéreas, ou secreções abundantes - Rebaixamento de nível de consciência (exceto acidose hipercápnica em DPOC) - Falências orgânicas não respiratórias (encefalopatia, arritmias malignas ou hemorragia digestivas graves com instabilidade hemodinâmica) - Cirurgia facial ou neurológica - Trauma ou deformidade facial - Alto risco de aspiração - Obstrução de vias aéreas superiores - Anastomose de esôfago recente (evitar pressurização acima de 20 cmH2O) Tabela 2. Contraindicações a VNI5 O uso de VNI deve ser monitorado por profissional da saúde à beira-leito de 0,5 a 2 horas. Para ser considerado sucesso, devem ser observados5: Diminuição da FR; Aumento do VC; Melhora do nível de consciência; Diminuição ou cessação de uso de musculatura acessória; Aumento da PaO2 e/ou da SpO2; Diminuição da PaCO2 sem distensão abdominal significativa. Quando não há sucesso, recomenda-se imediata IOT e ventilação invasiva. Espera- se sucesso na população hipercápnica com o uso da VNI em 75% dos casos, e nos hipoxêmicos em cerca de 50%5. A ventilação não invasiva pode ser indicada a partir dos valores de referência abaixo: Os pacientes que deterioram ou não melhoram devem ser imediatamente intubados pelo risco de perda de proteção da Via Aérea Inferior e Parada Respiratória5. EBSERH/DE-VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA- Versão 1.0 PROTOCOLO DE FISIOTERAPIA AO PACIENTE EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR Página 12 de 20 PCO2 > 45mmHg; PaO2/FIO2 < 200; PaO2 < 60mmHg em ar ambiente; FR > 30irpm; SPO2 < 90%. Exacerbação doença pulmonar obstrutiva crônica Na exacerbação da DPOC, a VNI pode ser utilizada a partir do modo bilevel, a fim de evitar a necessidade de intubação orotraqueal (IOT) e melhora do prognóstico. Deve ser escolhida como terapia inicial para tratamento da agudização da DPOC (GRAU DE EVIDÊNCIA A). INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES DE VNI DURANTE EXACERBAÇÃO DA DPOC Indicações Insuficiência respiratória; Uso de musculatura acessória e movimento paradoxal; Acidose respiratória moderada a grave (pH<7,35); FR > 25irpm. Contraindicações Apnéia, hipopnéia e instabilidade hemodinâmica (hipotensão e arritmias graves); Incapacidade de proteção de vias áeras: vômitos, rebaixamento de nível de consciência, agitação; Secreção excessiva com riscode aspiração. Tabela 3 Indicações e contraindicações de VNI na exacerbação da DPOC1. Edema pulmonar cardiogênico O uso de VNI diminui a necessidade de IOT nos pacientes que apresentem edema pulmonar cardiogênico, associando com a terapia medicamentosa padronizada, exceto em pacientes com choque ou síndrome coronariana aguda que precisem ser abordados cirurgicamente com urgência (GRAU DE EVIDÊNCIA A)1. Ficou mostrado que a eficácia de VNI utilizando modo Bilevel é semelhante ao modo CPAP no desempenho cardíaco, referindo-se a taxas de IOT, tempo e mortalidade hospitalar. No entanto, o modo Bilevel apresentou benefício maior no quadro respiratório, reduzindo mais rapidamente o trabalho respiratório e a sensação de dispneia6. EBSERH/DE-VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA- Versão 1.0 PROTOCOLO DE FISIOTERAPIA AO PACIENTE EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR Página 13 de 20 Exacerbação Asmática Pode ser utilizada a VNI em conjunto com o tratamento medicamentoso convencional para os pacientes com agudização do processo asmático, objetivando melhorar a limitação do fluxo respiratório e diminuir o esforço respiratório (GRAU DE EVIDÊNCIA B)1. Ficou mostrado que pacientes que receberam VNI, mostraram melhora mais rápida dos sintomas após a administração de VNI por 3 horas consecutivas7. Os pacientes que não apresentarem melhora até a segunda hora de uso, ou pacientes que apresentarem piora clínica a qualquer momento (rebaixamento do nível de consciência, piora da dispneia, e agitação psicomotora) deve ser recomendado a IOT7. Pós-operatório Imediato A VNI pode ser utilizada para o tratamento da insuficiência respiratória hipoxêmica no período pós-operatório imediato de cirurgias abdominais altas e torácicas eletivas. A utilização da VNI no período pós-operatório deve ser utilizada com cautela, respeitando as limitações e contra-indicações para o seu uso. ( GRAU DE EVIDÊNCIA: B)1 No pós-operatório de gastrectomia, desde que haja avaliação criteriosa do paciente e cuidado com a técnica de VNI a ser empregada, o uso de CPAP pode ser usado sendo limitado a 7,5 cmH2 O ou mesmo um IPAP de 15cmH2O e um EPAP de 5cmH2O1. Nas esofagectomias ainda é discutido a utilização da VNI, sendo que alguns estudos já demonstram que uma anastomose pode tolerar pressões superiores as que é transmitida O uso de pressão expiratória de 7-10 cmH2O parece ser o ponto chave do benefício respiratório/hemodinâmico para pacientes com edema agudo dos pulmões de origem cardíaca, tanto durante o uso do CPAP, quanto no modo Bilevel1. O uso de VNI, no edema pulmonar cardiogênico, em modo Bilevel é recomendado com IPAP (delta) de 15cmH2O e EPAP de 5 – 10 cmH2O2 EBSERH/DE-VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA- Versão 1.0 PROTOCOLO DE FISIOTERAPIA AO PACIENTE EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR Página 14 de 20 ao esôfago durante a realização de VNI. As pressões devem ser mantidas, com IPAP no máximo em 15cmH2O e EPAP no máximo em 5cmH2O. Com isso, o custo-benefício da VNI deve ser avaliada individualmente em cada paciente submetido a este tipo de procedimento cirúrgico8,9,10,11. Insuficiência Respiratória Hipoxêmica A VNI pode ser usada na insuficiência respiratória hipoxêmica, porém seu uso deve ter os riscos avaliados (GRAU DE EVIDÊNCIA: B)1. Pacientes Terminais A VNI pode ser usada em pacientes terminais quando a causa da insuficiência respiratória apresentada for potencialmente reversível não sendo somente a evolução final de doença pulmonar ou extrapulmonar. (GRAU DE EVIDÊNCIA: B)1. Pós-extubação Não utilizar VNI como método de resgate na insuficiência respiratória desenvolvida após a extubação (VNI curativa), pois ela pode retardar a reintubação (GRAU DE EVIDÊNCIA: A)1. A VNI pode ser utilizada de forma preventiva a fim de evitar IRpA pós-extubação. Alguns fatores podem ser considerados de risco na extubação, indicando assim a utilização de VNI preventiva (GRAU DE EVIDÊNCIA: B)1,5: Paciente acima de 65 anos; Mais de uma falha no TRE; Insuficência cardíaca crônica; Hipercapnia; Tosse ineficaz ou pouco eficaz; Tempo de ventilação acima de 72 horas; Portador de doenças neuromusculares; Obesos. A VNI deve ser avaliada entre 0,5 e 2 horas. Em caso de falha, deve-se recomendar a IOT Avaliar e discutir com médico cirurgião viabilidade de VNI em cada paciente. EBSERH/DE-VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA- Versão 1.0 PROTOCOLO DE FISIOTERAPIA AO PACIENTE EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR Página 15 de 20 7. PROCEDIMENTO PADRÃO 1. Avaliar indicativos de VNI (anexo I); 1.1. Avaliar indicativos de desconforto respiratório; 1.2. Solicitar gasometria; 1.3. Mensurar indicações e contra indicações. 2. Escolher interface; 3. Ajustar parâmetros ventilatórios; 3.1. Escolher modo ventilatório 3.1.1. BIPAP, CPAP, AVAPS, PPV. 3.2. IPAP (ajuste a partir do VCideal= 6 – 8 ml/Kg) 3.3. EPAP; 3.4. Tempo de subida; 3.5. Tempo de descida; 3.6. Tempo de IPAP máximo; 3.7. Tempo de IPAP mínimo; 3.8. Disparo; 3.9. Rampa. 3.9.1. Início de IPAP e EPAP. 4. Orientar o paciente; 5. Administrar a interface ao rosto do paciente; 5.1. Verificar possíveis escapes e pressão do fixador no rosto do paciente. 6. Monitorar beira-leito: 6.1. 30 minutos: avaliar melhora de variáveis ventilatórias (em caso de falha, indicar IOT junto com médico); 6.1.1. - Diminuição da FR; 6.1.2. - Melhora do nível de consciência; 6.1.3. - Diminuição ou cessação de uso de musculatura acessória; 6.1.4. - Aumento da PaO2 (solicitar gasometria) e/ou da SpO2; 6.1.5. - Diminuição da PaCO2 sem distensão abdominal significativa. 6.2. 01 hora: (em caso de falha, indicar IOT junto com médico); 6.2.1. aplicação de escala HACOR; 6.3. 02 horas: avaliar melhora de variáveis ventilatórias (em caso de falha, indicar IOT junto com médico); 7. Verificar sucesso ou falha de VNI; 7.1. Em caso de falha, discutir com médico plantonista indicação de IOT. VNIfacilitadora: Pode ser utilizada na retirada da VM precoce de pacientes DPOC e cardiopatas; VNIpreventiva: Deve ser feita, imediatamente, nos pacientes pós extubação, principalmente nos hipercápnicos; VNIcurativa: Evitar o uso nos pacientes extubados em até 48h e apresentando IRpA. EBSERH/DE-VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA- Versão 1.0 PROTOCOLO DE FISIOTERAPIA AO PACIENTE EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR Página 16 de 20 8. ÍNDICE PREDITIVO – ESCALA HACOR12 A escala HACOR foi desenvolvida para prever os pacientes que estariam em risco de falha da VNI, de modo que se possa planejar a decisão de implementar IOT. A escala considera as variáveis frequência cardíaca, acidose, estado de alerta, oxigenação e frequência respiratória. A avaliação foi realizada em 1,12,24 e 48 horas. A escala segue abaixo. Variáveis Categorias Pontos Frequência Cardíaca (bpm) ≤120 0 ≥121 1 pH ≥7,35 0 7,30 – 7,34 2 7,25 – 7,29 3 <7,25 4 Glasgow 15 0 13 – 14 2 11 – 12 5 ≤ 10 10 PaO2 / FIO2 ≥201 0 176 – 200 2 151 – 175 3 126 – 150 4 101 – 125 5 ≤100 6 Frequência Respiratória (irpm) ≤30 0 31 – 35 1 36 – 40 2 41 – 45 3 ≥46 4 Escore HACOR > 5, indica um risco de 80% para falha de VNI; A acurácia diagnóstica para a falha da VNI de um escore de HACOR acima de 5 em 1 hora de VNI foi de 81,8% (coorte de teste) e 86% (coorte de validação); A 1 hora da VNI, a razão de chances de falha da VNI é de 1,73 para cada aumento de 1 ponto no escore de HACOR da coorte de teste. EBSERH/DE-VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA- Versão 1.0 PROTOCOLO DE FISIOTERAPIA AO PACIENTE EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR Página 17 de 20 9. FLUXOGRAMAS -PCO2 >45mmHg -PaO2/FIO2 < 200 -PaO2 <60mmHg -FR > 30irpm - SPO2 < 90% Avaliar outras formas O2 suplementar (Ex.:cateter, venturi) - pH > 7,25 Sim Não Não Indicar IOT - Incapacidade de cooperar, proteger as vias aéreas, ou secreções abundantes; - Rebaixamento de nível de consciência (exceto acidose hipercápnica em DPOC); - Falências orgânicas não respiratórias (encefalopatia, arritmias malignas ou hemorragia digestivas graves com instabilidade hemodinâmica); - Cirurgia facial ou neurológica ; - Trauma ou deformidade facial; - Alto risco de aspiração ; - Obstrução de vias aéreas superiores ; - Anastomose de esôfago recente (evitar pressurização acima de 20 cmH2O) Sim Indicar IOT Custo Benefício baixo Custo Benefício adequado (ou) Indicar VNI DPOC -Insuficiência respiratória; -Uso de musculatura acessória e movimento paradoxal; -Acidose respiratória moderada a grave (pH<7,35 e PaCO2>45mmHg); -FR > 25irpm. EAP CPAP = 7 – 10 cmH2O; BiPaP IPAP ≤15 cmH2O; EPAP= 5 – 10 cmH2O; ASMA Pacientes que não apresentarem melhora até a segunda hora de uso, ou apresentarem piora clínica a qualquer momento (rebaixamento do nível de consciência, piora da dispneia, e agitação psicomotora) deve ser recomendado a IOT. POI abd/tor CPAP = 7,5 cmH2O; BIPAP: IPAP ≤15 cmH2O; EPAP= 5 cmH2O; PACIENTES TERMINAIS - Utilizar quando a causa da IRpA for reversível. PÓS-EXTUBAÇÃO -Paciente acima de 65 anos; -Mais de uma falha no TRE; -Insuficência cardíaca crônica; -Hipercapnia; -Tosse ineficaz ou pouco eficaz; -Tempo de ventilação acima de 72 horas; -Portador de doenças neuromusculares; -Obesos (IMC > 30 kg/m2). Avaliar de 0,5 a 2 horas - Diminuição da FR; - Aumento do VC; - Melhora do nível de consciência; - Diminuição ou cessação de uso de musculatura acessória; - Aumento da PaO2 e/ou da SpO2; - Diminuição da PaCO2 sem distensão abdominal significativa. Escala HACOR (1h pós início) Indicar IOT Sucesso da VNI Não Sim EBSERH/DE-VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA- Versão 1.0 PROTOCOLO DE FISIOTERAPIA AO PACIENTE EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR Página 18 de 20 10. REFERÊNCIAS 1. Schettino, GPP; Soares Reis, MA; Galas, F; Franca, S; Okamoto, Valdelis. Ventilação mecânica não invasiva com pressão positiva. III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica. J Bras Pneumol. 2007;33(Supl 2):S 92-S 105. 2. Barbas, CSV; et al. Recomendações brasileiras de ventilação mecânica 2013. Parte I. Rev Bras Ter Intensiva. 2014;26(2):89-121. 3. Raha, L; Garrido, AG; Cruz Jr, RJ. Ventilação não-invasiva: quando utilizar? Rev. Assoc. Med. Bras. vol.51 no.5 São Paulo Sept./Oct. 2005. 4. Philips Medical Systems Ltda. Ventilador Respironics V60: Manual do usuário. 5. Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). Diretrizes Brasileiras de Ventilação Mecânica. 2013 6. Li H, Hu C, Xia J, Li X, Wei H, Zeng X, Jing X. 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Elaborado por: Nomes: Gerônimo Vicente dos Santos Júnior Função: Fisioterapeuta Stênio Sarmento Função: Fisioterapeuta Data: Assinaturas: - - Revisado por: Nome:Maria Augusta de Moura Função: Data: / /2019 Assinatura: Aprovado por: Nome:João Virgínio de Moura Função: Chefe da Unidade de Reabilitação Data: / /2019 Assinatura: https://journal.chestnet.org/issue/S0012-3692(15)X0003-1 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Charlesworth%20M%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=28979413 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Lawton%20T%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=28979413 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Fletcher%20S%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=28979413 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5606437/ http://rdcu.be/oBsj http://rdcu.be/oBsj http://rdcu.be/oBsj https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27812731 EBSERH/DE-VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA- Versão 1.0 PROTOCOLO DE FISIOTERAPIA AO PACIENTE EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR Página 20 de 20 REGISTRO DE TREINAMENTO Declaro que recebi o treinamento para realização dos procedimentos descritos neste PO e me comprometo a realizá-los conforme as instruções recebidas. Data Nome do Treinando Assinatura Carga horária Ass. do Instrutor
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