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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO DISCIPLINA: PRÁTICA SIMULADA E ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV PROFESSORA: THAÍS MIRANDA ALUNA: LILIAN PRATA DE CARVALHO MATRÍCULA: 2018660649 PESQUISA JURISPRUDENCIAL TEMA: QUANTUM INDENIZATÓRIO 1) ACIDENTE DE TRABALHO COM MORTE Processo: E-RR-270-73.2012.5.15.0062 O TST condenou empresa a indenizar viúva e filho de motorista que morreu em acidente rodoviário, sob alegação que a responsabilidade do empregador decorre da exposição do empregado a atividade de alto risco. A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho reconheceu a obrigação da JBS S.A. de indenizar a esposa e os filhos de um motorista carreteiro que morreu em decorrência de acidente rodoviário. O colegiado decidiu, por maioria de votos, que eventual erro humano do empregado está inserido no risco assumido pela empresa. A empresa havia sido isenta de responsabilidade pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas/SP), que considerou que o acidente havia ocorrido por culpa exclusiva do empregado, que invadiu a pista em sentido contrário e colidiu com outro caminhão. Entretanto, a decisão do TRT foi reformada pela Segunda Turma do TST, que, ao julgar o recurso de revista da família, reconheceu a responsabilidade objetiva do empregador e condenou a JBS ao pagamento de R$ 300 mil reais de indenização por dano moral. Segundo o relator do recurso de embargos da empresa à SDI-1, ministro Vieira de Mello Filho, ainda que todas as condições de tráfego estejam favoráveis e o veículo se encontre em http://aplicacao4.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?consulta=Consultar&conscsjt=&numeroTst=270&digitoTst=73&anoTst=2012&orgaoTst=5&tribunalTst=15&varaTst=0062&submit=Consultar boas condições de rodagem, como alegado pela JBS, possível negligência ou imperícia do motorista não impede a responsabilização da empresa, pois a culpa do empregado faz parte do risco da atividade de transporte rodoviário de cargas. O relator destacou que não se está diante de dolo ou de culpa gravíssima da vítima. “O empregado falecido não provocou o acidente que lhe custou a vida de vontade livre e consciente”, afirmou. Ainda de acordo com ministro, também não consta que ele tenha assumido risco desnecessário e alheio à atividade normal de motorista, caracterizando culpa gravíssima. Processo: RR-101842-56.2016.5.01.0342 Indenização à família de eletricista morto eletrocutado é fixada em R$ 150 mil reais. O valor de R$ 300 mil arbitrado nas instâncias anteriores foi considerado excessivo. Em 18/10/2021 a Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho reduziu de R$ 300 mil para R$ 150 mil o valor da indenização por danos morais a ser paga pela A Abreu Beneficiamentos Ltda., de Volta Redonda (RJ), à viúva e aos filhos de um eletricista que morreu eletrocutado durante o serviço. O colegiado ressaltou que, em situações semelhantes, o TST entendeu razoável e proporcional a fixação de valores em patamares inferiores ao arbitrado, no caso, pelas instâncias anteriores. O acidente ocorreu em 2015, alguns meses depois de o eletricista ter sido contratado, quando ele recebeu uma descarga elétrica de 380 volts. Segundo as testemunhas, o supervisor o havia designado para a tarefa sem convocar reunião para verificação das condições de segurança. O juízo da 2ª Vara do Trabalho de Volta Redonda responsabilizou a empregadora, que executa serviços de beneficiamento de aço, e a condenou a pagar pensão mensal de 2/3 da última remuneração do eletricista e reparação de R$ 300 mil por danos morais. O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ) manteve a sentença, levando em conta que o acidente de trabalho fatal havia repercutido intensamente no núcleo familiar do empregado. Segundo o TRT, “o sofrimento pela perda prematura do companheiro e do pai é presumido e incalculável”. No recurso de revista, a empresa sustentou que o valor da condenação não levava em consideração o fato de que não medira esforços para minimizar os prejuízos sofridos pelos familiares, custeando integralmente os tratamentos aos quais foram submetidos, inclusive psicológicos e psiquiátricos, e os medicamentos por eles utilizados. http://aplicacao4.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do;jsessionid=6D486DDD8D96C12825B04CA6824E3C09.vm152?conscsjt=&numeroTst=101842&digitoTst=56&anoTst=2016&orgaoTst=5&tribunalTst=01&varaTst=0342&consulta=Consultar Jurisprudência do TST - O relator, ministro Alexandre Ramos, assinalou que, por um lado, o quadro fático não deixa dúvidas sobre a gravidade do abalo moral sofrido pela família. Por outro, o montante de R$ 300 mil deve ser reduzido para uma quantia mais razoável, de forma a não representar enriquecimento sem causa dos autores da ação nem encargo financeiro desproporcional para a empregadora. O ministro lembrou que o TST já examinou casos análogos de dano moral decorrente do falecimento do empregado por choque elétrico e chegou à conclusão de que é razoável e proporcional a fixação de valores em patamares inferiores ao fixado neste caso, citando diversos julgados. A decisão foi unânime. Incluo ainda na presente pesquisa a ementa dos seguintes julgados: AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA COM AGRAVO. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 . DANO MORAL. ACIDENTE DE TRABALHO. MORTE DO TRABALHADOR. QUANTUM INDENIZATÓRIO. TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA RECONHECIDA. O Regional deu parcial provimento ao recurso da reclamante para majorar a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos morais no montante de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) para a autora. No entanto, constatado que o valor indenizatório aplicável por esta Corte em casos semelhantes está significativamente acima do registrado pela Corte a quo, restou caracterizada a transcendência econômica apta a autorizar o exame da matéria no âmbito desta Corte, na forma estampada pelo art. 896-A da CLT. Relativamente ao quantum indenizatório, a revisão do montante fixado nas instâncias ordinárias somente é realizada nesta extraordinária nos casos de excessiva desproporção entre o dano e a gravidade da culpa, em que o montante fixado for considerado excessivo ou irrisório, não atendendo à finalidade reparatória, caso dos autos. Isso porque o valor indenizatório a título de dano moral estabelecido pelo Regional, no importe de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) para a autora, se mostra muito abaixo das indenizações recentemente mantidas e/ou deferidas por esta Corte envolvendo casos semelhantes em que ocorrido acidente de trabalho com morte do empregado. Assim, considerando não só os fatores que desencadearam o falecimento, mas a gravidade da falta da empresa, a extensão do dano causado, a capacidade econômica das partes, e a idade com que faleceu o trabalhador (46 anos) e, por fim, resguardando o efeito punitivo-pedagógico da condenação, sem contudo, causar enriquecimento sem causa aos autores, majora-se a condenação para que seja pago à autora a indenização por danos morais no valor arbitrado em R$300.000,00 (trezentos mil reais). Agravo não provido. (TST - Ag-ARR: 8012120155090322, Relator: Breno Medeiros, Data de Julgamento: 26/06/2019, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/06/2019) AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA. QUANTUM INDENIZATÓRIO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ACIDENTE DE TRABALHO. MORTE DO TRABALHADOR. R$ 100.000,00 (CEM MIL REAIS) EM BENEFÍCIO DA FILHA DO TRABALHADOR FALECIDO E R$ 200.000,00 (DUZENTOS MIL REAIS) EM FAVOR DA VIÚVA. DIMINUIÇÃO INDEVIDA. Não merece provimento o agravo que não desconstitui os fundamentos da decisão monocrática pela qual este Relator negou provimento ao apelo da reclamada, alicerçando-se, para tanto, nos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, bem como nos artigos 944 e 945 do CPC/2015.Agravo desprovido . (TST - Ag: 109318520165030004, Relator: Jose Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 10/11/2021, 2ª Turma, Data de Publicação: 03/12/2021) AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 13.015/2014. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. ACIDENTE DE TRABALHO. TETRAPLEGIA SEGUIDA DE MORTE DO EMPREGADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO (R$ 300.000,00). REDUÇÃO. Os argumentos expendidos no agravo regimental não são suficientes para desconstituir os fundamentos do despacho agravado, em que se denegou seguimento ao recurso de embargos da reclamada, razão pela qual merece ser mantido por seus próprios fundamentos. Agravo desprovido. (TST - AgR: 1388009420055070007, Relator: Jose Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 01/10/2015, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: 09/10/2015) AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE 1. COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. ACIDENTE DE TRABALHO. MORTE. QUANTUM DEBEATUR . R$200.000,00. RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. MAJORAÇÃO. INVIABILIDADE. NÃO PROVIMENTO. A fixação do quantum debeatur deve orientar-se pelos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, considerando-se, também, outros parâmetros, como o ambiente cultural dos envolvidos, as exatas circunstâncias do caso concreto, o grau de culpa do ofensor, a situação econômica deste e da vítima, a gravidade e a extensão do dano. No caso - em que constatado que o empregado falecido foi vítima de acidente de trabalho quando tentava apagar um incêndio na embarcação , e houve o rompimento da conexão da mangueira do sistema fixo CO2 e consequente vazamento do gás para o interior do compartimento -, o valor da compensação por danos morais no montante de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), destinado ao filho do de cujus, não se mostra desarrazoado, tampouco desproporcional a ensejar a sua majoração. De fato, o Tribunal Regional levou em conta as circunstâncias do caso concreto, sopesando o grau de culpa da reclamada, o caráter pedagógico da medida e a condição financeira do ofensor e do ofendido (filho do de cujus), evitando, ademais, que houvesse enriquecimento sem causa e que a quantia não fosse irrisória. Agravo de instrumento a que se nega provimento. 2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS . NÃO ATENDIMENTO AOS REQUISITOS. ASSISTÊNCIA PELO SINDICATO DA CATEGORIA. AUSÊNCIA . NÃO PROVIMENTO. O direito à percepção dos honorários advocatícios requer o atendimento, de forma conjunta, de ambos os requisitos estabelecidos na Súmula nº 219, quais sejam, estar a parte assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do mínimo legal, ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. Na hipótese, contudo, o Tribunal Regional registra a ausência dos elementos fáticos necessários para o deferimento dos honorários advocatícios, uma vez que o reclamante não se encontra assistido por sindicato da categoria, tampouco comprovou a condição de miserabilidade jurídica. Agravo de instrumento a que se nega provimento. AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA 1. SEGURO DE VIDA. COMPENSAÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ACIDENTE DE TRABALHO. NÃO PROVIMENTO. A percepção do seguro não exclui o direito ao recebimento da compensação por danos morais e não há falar em bis in idem, pois a indenização de que cogita o artigo 7º, XXVIII, da Constituição Federal origina-se na conduta ilícita do empregador, que implica dano ao empregado por dolo ou culpa, e o seguro acidentário é pago em razão dos riscos normais do trabalho, tratando-se, portanto, de parcelas de naturezas jurídicas diversas. Precedentes. Agravo de instrumento a que se nega provimento. (TST - AIRR: 116128020135080017, Relator: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento: 20/04/2016, 5ª Turma, Data de Publicação: 29/04/2016) 2) LESÃO CORPORAL POR ACIDENTE DE TRABALHO RR-377-48.2010.5.08.0106 TST reduz indenização por acidente de trabalho de R$ 1 milhão para R$ 300 mil reais. Considerando os critérios da proporcionalidade e da razoabilidade, a 4ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho reduziu de R$ 1 milhão para R$ 300 mil o valor da indenização que uma microempresa paraense deverá pagar a um empregado que teve de amputar as duas pernas depois de sofrer acidente de trabalho. Segundo o colegiado, o valor da indenização deve levar em consideração a capacidade econômica da empregadora. O acidente ocorreu em setembro de 2009, quando o funcionário trabalhava na maromba, equipamento utilizado para amassar e triturar barro para a cerâmica destinada à fabricação de telhas e tijolos. Segundo o processo, ele subiu na máquina desligada para trocar uma lâmpada, mas um colega a religou para assustá-lo. Com a brincadeira, ele tentou pular do equipamento, mas não conseguiu. Suas pernas foram sugadas por uma correia e esmagadas pela maromba. A empresa foi condenada em primeira instância ao pagamento de R$ 100 mil a título de danos morais, estéticos e materiais, mas o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (PA, AP) aumentou a indenização para R$ 1 milhão — R$ 200 mil por danos estéticos, R$ 300 mil por danos morais e R$ 500 mil por danos materiais. Segundo o TRT, a empresa falhou em adotar medidas de segurança, e os valores seriam compatíveis com os danos sofridos pelo empregado. No recurso de revista, a empresa sustentou que o TRT, “incompreensivelmente e sem lógica nenhuma”, aumentou significativamente a condenação “sem qualquer justificativa”. A medida, segundo argumentou, foi de “extrema dureza”, pois a impossibilitaria de continuar com suas atividades. A empresa assinalou que não havia questionado a condenação imposta pelo juízo de primeiro grau por entender que o fato de o acidente ter sido causado pela brincadeira de um colega de trabalho não a livraria da responsabilidade, pois responde por atos de seus prepostos. “Mas condenar ao valor absurdo de R$ 1 milhão é um despropósito incompreensível e extremamente injusto”, argumentou. O relator do recurso, ministro Caputo Bastos, assinalou que a capacidade econômica das partes é fator relevante para a fixação do valor. “A reparação não pode levar o ofensor à ruína e, tampouco, autorizar o enriquecimento sem causa da vítima”, explicou. “Logo, é extremamente importante, sob o foco da realidade das partes, sem desprezar os fins sociais do Direito e as nuances do bem comum, considerar a perspectiva econômica como critério a ser observado na determinação do valor da compensação por dano moral.” O ministro citou três precedentes em que o TST, em casos extremos envolvendo a morte de empregado, fixou indenizações inferiores com base nesse critério. “Enfatiza-se, nesse aspecto, o fato de a empregadora ser classificada como microempresa, circunstância que deve ser observada, a fim de que o dever de reparação não se torne insustentável a ponto de inviabilizar o seu próprio funcionamento”, destacou. Por unanimidade, a turma deu provimento ao recurso para reduzir o valor da indenização por dano moral e estético para R$ 100 mil e R$ 150 mil, respectivamente, e a indenização por dano material para R$ 50 mil. Processo: RR-2002-22.2014.5.03.0008 Operário que teve a ponta do dedo esmagada tem indenização aumentada. A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho majorou a indenização por danos morais e estéticos a ser paga a um operador de dobradeira da Ferrosider Metalmecânica, de Belo Horizonte (MG), que perdeu a ponta do dedo médio em acidente de trabalho. Para a Turma, os valores fixados nas instâncias inferiores estavam abaixo do padrão médio estabelecido pelo TST em casos análogos. Na reclamação trabalhista, o operário relatou que, ao fazer o procedimento de dobra, a peça com que trabalhava se soltou e atingiu sua mão,esmagando a ponta do dedo médio. Em razão das sequelas permanentes e dos danos estético e moral decorrentes do acidente, ele pediu indenização. Para o juízo da 8ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte (MG), não ficou comprovada a culpa exclusiva do empregado pelo acidente, como alegara a empresa. A perícia constatou o nexo de causalidade entre o acidente e os danos sofridos, com sequelas permanentes e redução de 1% da capacidade de trabalho. Por isso, deferiu indenização por danos morais e estéticos no http://aplicacao4.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?conscsjt=&numeroTst=2002&digitoTst=22&anoTst=2014&orgaoTst=5&tribunalTst=03&varaTst=0008&consulta=Consultar valor de R$ 2 mil cada. O Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG) manteve a sentença. O relator do recurso de revista do empregado, ministro Mauricio Godinho Delgado, explicou que a jurisprudência do TST, nos casos de indenização, revisa os valores de indenização apenas para reprimir montantes “estratosféricos ou excessivamente módicos”. No caso, levando em conta a redução da capacidade de trabalho, o tempo de serviço do empregado (mais de cinco anos), o grau de culpa da empresa e sua condição econômica, os valores fixados pela sentença ficaram aquém das condenações fixadas pelo TST em casos semelhantes. Por unanimidade, a Turma aumentou a indenização para R$ 7 mil a título de dano moral e R$ 7 mil a título de dano estético. Incluo ainda na presente pesquisa a ementa dos seguintes julgados: ACIDENTE DO TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. 1. Diante da ausência de critérios objetivos norteando a fixação do quantum devido a título de indenização por danos morais, cabe ao julgador arbitrá-lo de forma equitativa, pautando-se nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, bem como nas especificidades de cada caso concreto, tais como: a situação do ofendido, a extensão e gravidade do dano suportado e a capacidade econômica do ofensor. Tem-se, de outro lado, que o exame da prova produzida nos autos é atribuição exclusiva das instâncias ordinárias, cujo pronunciamento, nesse aspecto, é soberano. Com efeito, a proximidade do julgador, em sede ordinária, com a realidade cotidiana em que contextualizada a controvérsia a ser dirimida habilita-o a equacionar o litígio com maior precisão, sobretudo no que diz respeito à aferição de elementos de fato sujeitos a avaliação subjetiva, necessária à estipulação do valor da indenização. Conclui-se, num tal contexto, que não cabe a esta instância superior, em regra, rever a valoração emanada das instâncias ordinárias em relação ao montante arbitrado a título de indenização por danos morais, para o que se faria necessário o reexame dos elementos de fato e das provas constantes dos autos. Excepcionam-se, todavia, de tal regra as hipóteses em que o quantum indenizatório se revele extremamente irrisório ou nitidamente exagerado, denotando manifesta inobservância aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, aferível de plano, sem necessidade de incursão na prova. 2. No caso dos autos, o Tribunal Regional, ao manter a sentença que fixara em R$ 30.000,00 (trinta mil reais) o valor da indenização devida por danos morais, levou em consideração a ausência de diligência efetiva da reclamada para evitar acidentes de trabalho com o manuseio da máquina para corte de chapa de aço, o dano sofrido pelo reclamante (lesão no tendão da mão esquerda sendo submetido à cirurgia e à tratamento fisioterápico) e a capacidade econômica do ofensor, resultando observados os critérios da proporcionalidade e da razoabilidade. Hipótese em que não se cogita na revisão do valor da condenação, para o que se faria necessário rever os critérios subjetivos que levaram o julgador à conclusão ora combatida, à luz das circunstâncias de fato reveladas nos autos. 3. Agravo de Instrumento a que se nega provimento. (TST - AIRR: 20118520135150104, Relator: Marcelo Lamego Pertence, Data de Julgamento: 14/12/2016, 1ª Turma, Data de Publicação: 19/12/2016) RECURSO DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO. CONFIGURAÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. QUANTUM ARBITRADO. O TRT registra terem sido comprovados o dano de origem ocupacional, o nexo causal e a culpa empresária no evento danoso. A Corte a quo concluiu que o banco é responsável pelo acidente de trabalho. Quanto à configuração do dano moral, esta Corte tem entendido que é presumida quando verificada a existência de acidente de trabalho ou de doença profissional com responsabilidade do empregador, ou seja, verifica-se in re ipsa (a coisa fala por si mesma), pressupondo apenas a prova do fato, mas não do dano em si. Precedentes. Assim, no caso, não se faz necessária a prova objetiva do sofrimento ou do abalo psicológico, sendo presumível, tendo em vista a ocorrência do acidente de trabalho por culpa do empregador. Relativamente ao valor arbitrado à indenização por dano moral, o TST, conforme o Superior Tribunal de Justiça, adota o entendimento de que o valor das indenizações por danos morais só pode ser modificado nas hipóteses em que as instâncias ordinárias fixaram importâncias fora dos limites da proporcionalidade e da razoabilidade, ou seja, porque o valor é exorbitante ou irrisório, o que não se verifica in casu. Constata-se que o valor da indenização por danos morais arbitrado pelo Tribunal Regional, de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), encontra-se dentro dos critérios de proporcionalidade e razoabilidade, pois levou em consideração a capacidade financeira do banco ofensor e da parte lesada, a gravidade do dano, bem como a finalidade punitiva e pedagógica. Incidência do artigo 896, § 4º, da CLT (Lei nº 9.756/98). Recurso de revista não conhecido. INDENIZAÇÃO. DANOS MATERIAIS. CUMULAÇÃO COM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. A indenização por ato ilícito decorre de responsabilidade civil e o causador do dano deverá responder integralmente por ela. O benefício previdenciário é pago porque o empregado contribuiu mensalmente para a previdência na expectativa de que na ocorrência de um risco coberto pelo seguro social não ficará sem os meios indispensáveis de sobrevivência. Dessa forma, não é possível diminuir o valor da indenização por danos patrimoniais em razão da percepção de benefício previdenciário, ante as finalidades distintas desses institutos. A indenização tem natureza reparatória e a previdência tem caráter securitário. Precedentes. Incide o artigo 896, § 4º, da CLT (Lei 9756/98). Recurso de revista não conhecido. IMPOSTO DE RENDA. AÇÃO DE NATUREZA INDENIZATÓRIA. Não há incidência de imposto de renda na indenização por dano material, consistente em pensão mensal. Este é o entendimento, a contrario sensu, consubstanciado na Orientação Jurisprudencial nº 363, da SBDI- 1 do TST. Não havendo nos autos informação de outras parcelas, que ostentassem natureza remuneratória, deve ser mantida a r. decisão do TRT. Incide o art. 896, § 4º, da CLT (Lei 9756/98). Recurso de revista não conhecido. CONCLUSÃO: Recurso de revista integralmente não conhecido. (TST - RR: 2237320105090018, Relator: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 31/08/2016, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 02/09/2016) 3) ASSÉDIO MORAL Ag 20383-89.2017.5.04.0123 Empresa é condenada a indenizar trabalhador avulso submetido a teste de bafômetro na frente de colegas. A Segunda Turma em julgamento de agravo, manteve a decisão do TRT por entendê- la suficientemente fundamentada quanto à indenização por danos morais, correspondente ao ambiente de trabalho a que estavam expostos os trabalhadores no momento dos testes de "bafômetro", incluído o autor. Considerou que a delimitação do acórdão regional revela que o trabalho do reclamante, sujeito à possibilidade cotidiana de inspeção do teste de "bafômetro"diante de outros trabalhadores e sob ameaça de ter que suportar "chacotas" por parte dos colegas, além da pressão do corte de ponto, em caso de recusa, evidencia um ambiente de trabalho nocivo, em descompasso com a dignidade da pessoa humana, direito personalíssimo. Por essa razão entendeu o Tribunal que estava nítido o abalo moral suportado pelo autor, caracterizado "in re ipsa", o nexo e a culpa do empregador, gerando direito à indenização por danos morais, na forma dos arts. 186 e 927 do Código Civil. Considerou que à extensão do dano, ao grau de culpa do reclamado, e ao caráter pedagógico da medida, fixada no montante indenizatório de R$ 10.000,00 (dez mil reais), aplicado pelo TRT está em conformidade com os princípios da proporcionalidade e https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10718759/artigo-186-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677854/artigo-927-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028078/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 razoabilidade, não havendo justificativa para interferência do TST no quantum indenizatório, mantendo o valor fixado em favor do reclamante. A realização de teste de "bafômetro" - aparelho que mede a concentração de álcool etílico na corrente sanguínea do indivíduo, mediante análise do ar pulmonar profundo - traduz medida de segurança adotada pelo réu, voltada à proteção da saúde de seus empregados. Isso porque, obviamente, trabalhador, para exercer com segurança suas atribuições funcionais, precisa se encontrar em plena condição de higidez física e mental, sob pena de sofrer ou provocar acidentes no ambiente laboral. E é dever da empresa assegurar aos trabalhadores o exercício de seus misteres em ambiente seguro, sem riscos para si e para outrem. Todavia, o contexto dos autos (vídeos depositados em Secretaria) revela que o referido teste não era efetuado reservadamente, como deveria, expondo aqueles submetidos à inspeção cotidiana a "chacotas" por parte de colegas que, embora direcionadas a todos em geral, e não especificamente ao demandante, são suficientes para ocasionar o abalo moral alegado. Além disso, restou claro nas imagens gravadas que, caso o autor se negasse a realizar o exame, teria seu ponto cortado, como forma de pressão, o que caracteriza o assédio moral indenizável. Mantendo assim a decisão agravada em seus próprios termos. AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. DANOS MORAIS. O acórdão regional encontra-se suficientemente fundamentado quanto à indenização por danos morais, correspondente ao ambiente de trabalho a que estavam expostos os trabalhadores no momento dos testes de "bafômetro", incluído o autor, observando-se, na verdade, o inconformismo da parte com a decisão que lhe foi desfavorável, não se cogitando em nulidade por negativa de prestação jurisdicional. Agravo não provido. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. "TESTE DE BAFÔMETRO". EXPOSIÇÃO A CHACOTAS E PRESSÃO. A delimitação do acórdão regional revela que o trabalho do reclamante, sujeito à possibilidade cotidiana de inspeção do teste de "bafômetro" diante de outros trabalhadores e sob ameaça de ter que suportar "chacotas" por parte dos colegas, além da pressão do corte de ponto, em caso de recusa, evidencia um ambiente de trabalho nocivo, em descompasso com a dignidade da pessoa humana, direito personalíssimo. Assim, exsurge nítido o abalo moral suportado pelo autor, caracterizado "in re ipsa", o nexo e a culpa do empregador, gerando direito à indenização por danos morais, na forma dos arts. 186 e 927 do Código Civil. Agravo não provido. VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. "TESTE DE BAFÔMETRO". R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS). A Corte Regional, atenta à extensão do dano, ao grau de culpa do reclamado, e ao caráter pedagógico da medida, fixou o montante indenizatório de R$ 10.000,00 (dez mil reais), decidindo em conformidade com os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não havendo justificativa para interferência desta Corte no quantum indenizatório. Agravo não provido. (TST - Ag: 203838920175040123, Relator: Maria Helena Mallmann, Data de Julgamento: 29/09/2021, 2ª Turma, Data de Publicação: 01/10/2021) Incluo ainda na presente pesquisa a ementa dos seguintes julgados: AGRAVO INTERPOSTO PELO BANCO DO BRASIL S/A . DANOS MORAIS. ASSÉDIO MORAL. QUANTUM DEBEATUR . PROVIMENTO Ante o equívoco no exame do agravo de instrumento, dá-se provimento ao agravo. Agravo a que se dá provimento. AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO PELO BANCO DO BRASIL S/A. DANOS MORAIS. ASSÉDIO MORAL. QUANTUM DEBEATUR . PROVIMENTO. Por prudência, ante possível afronta ao artigo 944 do CC, o destrancamento do recurso de revista é medida que se impõe. Agravo de instrumento a que se dá provimento. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO BANCO DO BRASIL S/A. DANOS MORAIS. ASSÉDIO MORAL. QUANTUM DEBEATUR . PROVIMENTO. A fixação do valor da compensação por dano moral deve orientar-se pelos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, considerando, entre outros parâmetros, o grau de culpa do ofensor, a situação econômica deste e da vítima, a gravidade e a extensão do dano. Nessa trilha, o artigo 944 do Código Civil, no seu parágrafo único, autoriza o juiz a reduzir o valor da compensação quando constatada desproporcionalidade entre o dano sofrido, a culpa do ofensor e o quantum compensatório inicialmente arbitrado. Na hipótese , o egrégio Tribunal Regional entendeu demonstrados os elementos configuradores do dano moral, pela prática de assédio moral por parte do superior hierárquico da reclamante, que se dirigia aos empregados de forma grosseira, em especial à autora por possuir salário superior ao seu. Para o caso, entendeu cabível a condenação do reclamado ao pagamento de compensação por danos morais, no importe de R$ 20.000,00. O referido valor, todavia, mostra-se elevado e desarrazoado em relação a montantes já aplicados em casos análogos, analisados por Turmas deste Tribunal Superior. Assim, impõe-se a fixação do valor da compensação por danos morais em R$ 4.000,00 (quatro mil reais), levando-se em consideração os limites da lide e os precedentes citados que versam sobre hipóteses semelhantes. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento. (TST - RR: 1438004720065020050, Relator: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento: 26/05/2021, 4ª Turma, Data de Publicação: 28/05/2021) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. ASSÉDIO MORAL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. "QUANTUM ARBITRADO". 1. Na hipótese, a Corte Regional reduziu o valor arbitrado em sentença, a título de indenização pelos danos decorrentes de assédio moral, de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) para R$ 5.000,00 (cinco mil reais). 2. A jurisprudência desta Corte Superior, no tocante ao "quantum" indenizatório fixado pelas instâncias ordinárias, vem consolidando orientação de que a revisão do valor da indenização somente é possível quando exorbitante ou insignificante a importância arbitrada a título de reparação de dano moral, em flagrante violação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, o que não se divisa na espécie, consideradas as premissas fáticas constantes do acórdão regional, cujo reexame nesta fase recursal encontra óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de revista de que não se conhece. (TST - RR: 4178120115090004, Relator: Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 18/09/2019, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 20/09/2019) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA. COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. ASSÉDIO MORAL. XINGAMENTO. QUANTUM DEBEATUR. A fixação do valor da compensação por dano moral deve orientar-se pelosprincípios da proporcionalidade e da razoabilidade, considerando, entre outros parâmetros, o grau de culpa do ofensor, a situação econômica deste e da vítima, a gravidade e a extensão do dano. Nessa trilha, o artigo 944 do Código Civil, no seu parágrafo único, autoriza o juiz a reduzir o valor da compensação quando constatada desproporcionalidade entre o dano sofrido, a culpa do ofensor e o quantum compensatório inicialmente arbitrado. Na hipótese, o egrégio Tribunal Regional entendeu demonstrados os elementos configuradores do dano moral, pela prática de assédio moral por parte do empregador, que se dirigia ao autor com tratamento desrespeitoso, utilizando-se de palavras de baixo calão (xingamento) e adjetivos depreciativos. Para o caso, considerando a razoabilidade, a justa reparação e a possibilidade do empregador, decidiu reduzir a condenação de R$10.000,00 (dez mil reais) para R$5.000,00 (cinco mil reais). Considerando-se a capacidade econômica das partes, é possível inferir que, no caso concreto, o valor da indenização levado a efeito pelo egrégio Tribunal Regional - no importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) - foi fixado dentro dos limites da razoabilidade e da proporcionalidade, bem como em consonância com a jurisprudência desta Corte Superior. Precedentes. Assim, não havendo demonstração de conflito com jurisprudência pacificada desta Corte Superior perpetrado pela decisão regional recorrida, não há falar em transcendência política. Não se verifica transcendência econômica, tendo em vista que o valor atribuído à condenação não é considerado elevado para os fins da lei, já que não é suficiente para produzir reflexos gerais, na medida em que não ultrapassa os interesses subjetivos das partes. Quanto ao critério jurídico, verifica-se que não se trata de questão nova em torno da interpretação da legislação trabalhista, mas de matéria examinada de forma reiterada e decidida conforme a iterativa, notória e atual jurisprudência desta Corte Superior. Por fim, não se divisa transcendência social do apelo, uma vez que a discussão em análise não envolve direito social previsto nos artigos 6º ao 11º da Constituição Federal. Nesse contexto, não se vislumbra a transcendência, nos termos do artigo 896-A, § 4º, da CLT. Recurso de revista de que não se conhece. (TST - RR: 10016892420175020022, Relator: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento: 10/06/2020, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/06/2020)
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