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Crédito Bancário em Moçambique

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Crédito Bancário em Moçambique: Será que o Sector Público “expulsa” o Sector
Privado?
Conference Paper · June 2017
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1,694
1 author:
Agostinho Machava
Umeå University
4 PUBLICATIONS   4 CITATIONS   
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All content following this page was uploaded by Agostinho Machava on 20 August 2018.
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https://www.researchgate.net/profile/Agostinho-Machava?enrichId=rgreq-053d347bad0098ccad7664e672c19491-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNzExMjgyMTtBUzo2NjE2NjY1NDI5MjM3NzdAMTUzNDc2NTAwNTI3Mg%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf
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Crédito Bancário em Moçambique: 
Será que o Sector Público “expulsa” o Sector Privado? 
 
 
 
 
 
IX Jornadas Científicas do Banco de Moçambique 
 
 
 
 
 
Por: 
 
Agostinho Raimundo Machava 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maputo, Março de 2017 
 
 
 
 
Índice 
 
Lista de Gráficos ____________________________________________________________ ii 
Lista de Abreviaturas _______________________________________________________ iii 
1. INTRODUÇÃO __________________________________________________________ 1 
2. REVISÃO DE LITERATURA ______________________________________________ 3 
2.1. Enquadramento Teórico ___________________________________________________ 3 
2.1.1. O efeito “expulsão” na Macroeconomia _____________________________________ 3 
2.1.2. Relação entre Crédito ao Sector Público e Crédito ao Sector Privado ______________ 4 
2.2. Estudos Empíricos _______________________________________________________ 5 
2.3. Mercado de Crédito em Moçambique ________________________________________ 6 
2.3.1. Principais Intervenientes no Mercado de Crédito ______________________________ 6 
2.3.2. Algumas Características Relevantes do Mercado de Crédito _____________________ 8 
3. METODOLOGIA _______________________________________________________ 12 
3.1. O Modelo Empírico _____________________________________________________ 12 
3.2. Procedimentos de Estimação ______________________________________________ 15 
3.3. Descrição dos Dados e Fontes _____________________________________________ 16 
4. ANALÍSE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS __________________________ 17 
4.1. Análise de Estacionaridade e cointegração ___________________________________ 17 
4.2. Resultados Empíricos ___________________________________________________ 18 
4.3. Verificação da Robustez dos Resultados _____________________________________ 20 
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES _____________________________________ 22 
BIBLIOGRAFIA __________________________________________________________ 23 
ANEXO A: Evolução das variáveis estudadas ao longo do tempo ____________________ 26 
ANEXO B: Ralação de Causalidade____________________________________________ 27 
ANEXO C: Procedimentos de Estimação________________________________________ 28 
ANEXO D: Funções de Resposta à Impulsos_____________________________________ 29 
ANEXO E: Testes de Diagnóstico _____________________________________________ 30 
ANEXO F: Análise da Eficácia do Modelo ______________________________________ 31 
ANEXO G: Teste para Quebra Estrutural _______________________________________ 32 
 
ii 
 
Lista de Tabelas 
 
Tabela 1: Discrição de Dados e de Fontes ........................................................................................................... 16 
Tabela 2: Sumário Estatístico ............................................................................................................................... 16 
Tabela 3: Teste de raiz unitária de Phillips-Perron .............................................................................................. 17 
Tabela 4: Resultado para o Teste de Limites ........................................................................................................ 18 
Tabela 5: Resultados Empíricos............................................................................................................................ 19 
Tabela 6: Teste de Causalidade de Granger ......................................................................................................... 27 
Tabela 7: Teste de Chow para Quebra Estrutural ................................................................................................ 32 
 
Lista de Gráficos 
Gráfico 1: Instituições de Crédito em Moçambique ............................................................................................... 7 
Gráfico 2: Crédito ao Sector Privado como proporção do PIB (%) ....................................................................... 9 
Gráfico 3: Taxas de Juros de Empréstimo (%) ..................................................................................................... 10 
Gráfico 4: Distribuição do Crédito pelos Sectores Público e Privado, 1999-2016 (Mil Milhões de Meticais) .... 11 
Gráfico 5: Efeitos de tg sobre tc condicionado pelo nível de Crescimento Económico ..................................... 21 
Gráfico 6: Efeitos de tg sobre tc condicionado pelo nível de Inflação ............................................................... 21 
Gráfico 7: Evolução do Crédito ao Sector Privado .............................................................................................. 26 
Gráfico 8: Evolução do Crédito ao sector Público.................................................................................................26 
Gráfico 9: Evolução do crescimento do PIB .................................................................................................. ........26 
 Gráfico 10: Evolução da Inflação ........................................................................................................................ 26 
Gráfico 11: Resposta de tc a choques em tg .................................................................................................... 29 
Gráfico 12: Resposta de tc a choques em  t .................................................................................................... 29 
Gráfico 13: Resposta de tc a choques em tpib ..................................................................................................29 
Gráfico 14: Teste CUSUM .................................................................................................................................... 30 
Gráfico 15: Verificação da Eficiência do Modelo (variáveis em nível) ................................................................ 31 
Gráfico 16: Verificação da Eficiência do Modelo (variáveis na primeira diferença) .......................................... 31 
 
 
 
 
 
 
iii 
 
Lista de Abreviaturas 
 
AIL Activos Internos Líquidos 
AEL Activos Externos Líquidos 
BM Banco de Moçambique 
BVM Bolsa de Valores de Moçambique 
CTA Confederação das Associações Económicas de Moçambique 
CUSUM Cumulative Sum (controle de soma cumulativa) 
CSG Crédito ao Sector Privado 
CSP Crédito ao Sector Público 
FMI Fundo Monetário Internacional 
FPC Facilidade Permanente de Cedência (Taxa de Juro de Política Monetária) 
FRI Funções de resposta a impulsos 
IS-LM Investment–Saving e Liquidity preference–Money supply 
MCE Modelo de Correção de Erro 
MMI Mercado Monetário Interbancário 
PIB Produto Interno Bruto 
KPMG KPMG Moçambique 
USAID United States Agency for International Develpment 
VAR Modelo Vectorial Autoregressivo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iv 
 
Resumo 
 
O presente estudo usou dados trimestrais para analisar a relação entre o crédito ao sector 
público e o crédito ao sector privado em Moçambique com base no modelo de correção de 
erros. O principal objectivo trabalho é testar se existe um efeito “expulsão” do crédito ao 
sector público em relação ao crédito ao sector privado. O outro objectivo do estudo consiste 
em testar se os bancos comerciais em Moçambique preferem conceder crédito ao Governo em 
detrimento do sector privado, situação essa conhecida na literatura económica como 
comportamento de “preguiça” dos bancos comerciais. Os resultados sugerem que ambas as 
hipóteses de “expulsão” e de “preguiça” são rejeitadas. Assim, pode-se afirmar que tanto no 
curto como no longo prazo, o aumento do crédito ao sector público não significa redução do 
crédito ao sector privado. Relativamente à hipótese de “preguiça”, os resultados indicam que 
os bancos comerciais em Moçambique alocam o crédito a ambos os sectores público e 
privado com base nos princípios de diversificação de risco. Os resultados sugerem ainda que o 
crescimento económico tem um impacto positivo na relação entre o crédito ao sector público 
e o crédito ao sector privado, enquanto a inflação tem um impacto negativo. 
 
Palavras-chaves: Moçambique, efeito expulsão, hipótese de preguiça, modelo de correção de erro. 
1 
 
1. INTRODUÇÃO 
O crédito bancário é um instrumento financeiro muito importante para o financiamento de 
actividades de consumo e de investimento dos agentes económicos e, por conseguinte, estimular o 
crescimento económico de um país ou região. O crédito bancário torna-se particularmente 
relevante para economias em vias de desenvolvimento, como é o caso de Moçambique, onde os 
níveis de poupança doméstica são baixos (BM, 2014), em parte, refletindo, os baixos níveis de 
rendimento per-capita. Por outro lado, os sistemas financeiros dos países em vias de 
desenvolvimento são subdesenvolvidos e pouco diversificados, sendo na sua maioria dominados 
por um sector bancário com características oligopolistas (Gigineishvili, 2011). A concentração 
bancária e o elevado risco de crédito (poucas garantias colaterais, aspectos legais, elevada 
informalidade da economia etc.) nessas economias faz com que os bancos comerciais sejam muito 
selectivos no processo de concessão de crédito, comportando-se de forma adversa ao risco, 
conservativa e até “preguiçosa”. O conceito de “preguiça” dos bancos comerciais, que é de grande 
interesse para o presente estudo é explicado no capítulo 2. 
Um estudo da USAID (2007) indica o crédito ao governo como uma das razões do elevado 
custo de crédito em Moçambique, mencionado, por exemplo, que de 2002 a 2004, o crédito ao 
governo em relação ao total do crédito nacional aumentou de 10% para 58%, contribuindo, 
segundo os autores, para a subida das taxas de juros de empréstimos bancários, e consequente 
redução do crédito ao sector privado em relação ao total do crédito nacional de 91% para apenas 
40%. O mesmo estudo avança que a partir de 2005 o cenário inverteu-se, tendo o crédito ao sector 
privado em relação ao total do crédito nacional recuperado para 80%. No entanto, num estudo 
recente, Machava (2017) mostra que apesar da tendência de redução, as taxas de juro de 
empréstimo em Moçambique continuam elevadas em relação à média mundial. Adicionalmente, 
Hassan (2007) sugere que, apesar da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) ser oficialmente a 
taxa de juro de política monetária em Moçambique, as taxas de juro dos bilhetes de Tesouro é a 
referência usada pelos bancos comerciais para definição das taxas de juros de empréstimos. Se este 
for o caso, então o crédito ao governo tem um papel importante na evolução dos empréstimos ao 
sector privado, principalmente se consideramos a conjuntura actual da economia moçambicana, na 
qual o governo tem enfrentado sérias dificuldades em garantir empréstimos junto dos parceiros 
externos para fazer face ao elevado défice orçamental, o que pode significar um aumento da 
procura interna de crédito por parte deste agente económico. O Banco de Moçambique (BM) reage 
2 
 
a esta situação adoptando uma política monetária, restritiva, que tem como base a necessidade de 
absorver a liquidez do mercado para controlar a depreciação do Metical e a inflação. Porém, 
segundo Sengo (2016), o saldo do Crédito Líquido ao Governo cresceu de 23,3 mil milhões de 
Meticais em Dezembro de 2015 para 29,4 mil milhões de Meticais em Fevereiro de 2016, 
representando um crescimento acentuado de 26,2%. Em contrapartida, o crédito ao sector privado 
no mesmo período reduziu em 0,2%. O mesmo autor afirma que, este quadro não incentiva a 
produção; ao contrário, desvia a liquidez do sector privado para o Estado o que poderá provocar 
um efeito “expulsão” do investimento privado. 
O presente estudo propõe-se a analisar empiricamente a relação entre o crédito ao sector 
público e o crédito ao sector privado em Moçambique, no sentido de responder ao seguinte 
problema de pesquisa: qual é o efeito marginal sobre o crédito ao sector privado, do aumento em 
um Metical no crédito ao sector público? O objectivo geral do trabalho proposto é de verificar se 
existe ou não um efeito “expulsão” (crowding-out) do crédito ao sector público em relação ao 
crédito ao sector privado em Moçambique, no período de 2000 a 2016. Especificamente, pretende-
se: (i) testar a hipótese de “preguiça” dos bancos comerciais em Moçambique, no sentido de 
perceber se no mercado de crédito moçambicano, os bancos comerciais dão preferência ao sector 
público (que apesar de proporcionar retornos de empréstimos relativamente mais baixos, é mais 
atractivo por apresentar “risco nulo”) em detrimento do sector privado (cujos empréstimos pagam 
juros maiores, mas que, no entanto, apresentam um risco elevado); (ii) identificar os factores que 
possam contribuir para relação de complementaridade ou substitutibilidade entre o crédito ao 
sector público e o crédito ao sector privado. O conhecimento da relação entre o crédito ao sector 
público e o crédito ao sector privado é relevante tanto do ponto de vista de política monetária 
como de política fiscal pela sua influência no mecanismo de transmissão da política monetária e na 
promoção da actividade económica por via do inestimento nacional, respectivamente. A literatura 
empírica sobre este tema é escassa e não foi possível localizar nenhum estudo que se dedique ao 
caso de Moçambique, significando, que esta, muito provavelmente, seria a primeira contribuição 
na literatura económica com aplicação de dados de Moçambique.O presente estudo está estruturado em cinco capítulos. No segundo capítulo faz-se a revisão 
da literatura, tanto teórica como empírica. A metodologia é descritiva detalhadamente no capítulo 
3. O capítulo 4 reporta os resultados empíricos. As conclusões e recomendações são apresentadas 
no capítulo 5. 
3 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
O presente capítulo está dividido em três secções. A primeira descreve, brevemente, as 
principais teorias económicas sobre a relação entre o crédito ao sector público e o crédito ao sector 
bancário. Na segunda secção são mencionados alguns dos estudos empíricos relevantes sobre o 
tema em análise. Finalmente, a terceira secção descreve algumas das características relevantes do 
mercado de crédito em Moçambique. 
2.1. Enquadramento Teórico 
Esta secção conta com duas subseções. A primeira subsecção descreve brevemente o conceito 
de efeito “expulsão” e analisa as suas implicações no contexto do tema tratado no presente estudo. 
A segunda subsecção debruça-se sobre a relação entre o crédito ao sector público e o crédito ao 
sector privado. 
2.1.1. O efeito “expulsão” na Macroeconomia 
O efeito “expulsão” refere-se a efeitos económicos de acções expansionistas de política fiscal. 
Uma expansão da procura agregada estimulada pelo aumento da despesa pública financiada seja 
por impostos ou por emissão de títulos de dívida pública (Carlson & Spencer, 1975). 
Teoricamente, a hipótese de “expulsão” é analisada dentro do quadro do modelo IS-LM 
inicialmente proposto por Hicks (1937). A análise da hipótese de “expulsão” no contexto do 
modelo IS-LM é fundamentada pela equivalência Ricardiana (Buchanan, 1976) que estabelece que 
o financiamento da despesa pública por dívida pública é equivalente ao financiamento por 
impostos. Dois dos pressupostos fundamentais do modelo IS-LM é a existência de preços flexíveis 
e a oferta fixa de moeda. Assim, no contexto do presente estudo, um acréscimo no crédito ao 
sector público irá necessariamente implicar uma redução no crédito ao sector privado. Este efeito 
“expulsão” pode se manifestar via redução do crédito disponível na economia ou pelo aumento do 
custo de aquisição do mesmo (taxa de juro). Carlson & Spencer (1975) avançam ainda que o 
efeito expulsão pode ser total e parcial. Diz-se que o efeito “expulsão” é total quando o aumento 
do crédito ao sector público em uma unidade monetária provoca uma redução do crédito ao sector 
privado também em uma unidade monetária. No caso em que a redução no crédito ao sector 
privado é inferior ao aumento do crédito ao sector público, diz-se que o efeito “expulsão” é 
parcial. 
 
4 
 
2.1.2. Relação entre Crédito ao Sector Público e Crédito ao Sector Privado 
A palavra crédito provém do latim “credere” e significa acreditar, confiar. É acreditando no 
reembolso do seu capital que os bancos financiam os outros agentes económicos. O crédito é o 
processo de obtenção de recursos (materiais ou financeiros) no presente sem efectuar um 
pagamento imediato, sob a promessa de restituí-los no futuro nas condições previamente 
estabelecidas. O crédito pode se efectuar em diversas modalidades (Buckland & Davis, 1995). No 
entanto, o crédito bancário, é a modalidade de interesse para o presente estudo. O crédito bancário 
(e outras formas de crédito) permite a um produtor compensar o desfasamento entre a produção e 
venda de bens e permite a um consumidor comprar bens com o seu rendimento futuro (Buckland 
& Davis, 1995). Tal como referido por Costa & Manolescu (2004), crédito tem um papel 
importante no processo de acumulação de capital, isto é, transformador financeiro de diversas 
modalidades, prazos e níveis de risco, sendo essencial no funcionamento dos sectores produtivos e 
também às famílias. Neste sentido, os dados financeiros funcionam como um indicador da 
trajetória futura de crescimento económico de um país, influenciando directamente o nível de 
poupança das economias. 
Do ponto de vista económico, o crédito bancário pode ser concedido a indivíduos singulares, a 
empresas financeiras e não financeiras (sector privado), ao Governo (sector público) e aos agentes 
económicos do resto do mundo. Da mesma forma, os agentes económicos nacionais podem obter 
crédito bancário do exterior. No presente estudo, analisa-se a relação entre o crédito ao sector 
público e o crédito ao sector privado. O debate teórico sobre a relação entre crédito ao sector 
público (CSG) e crédito ao sector privado (CSP) é inconclusivo. No entanto existem duas teorias 
dominantes. A primeira é a abordagem da diversificação do risco (Kumhof & Tanner, 2005). 
Segundo esta abordagem, cada unidade monetária de crédito disponibilizado ao sector público 
significa menos uma unidade monetária disponível para oferta de crédito ao sector privado. Neste 
contexto, o Governo é visto como um concorrente do sector privado no acesso ao crédito bancário. 
Alguns críticos a esta abordagem argumentam que no caso de excesso de liquidez, um aumento de 
empréstimos ao sector púbico não irá ter efeitos significativos sobre o crédito ao sector privado. 
Outros defendem ainda que empréstimos “sem risco” ao sector público geram margens de conforto 
que permitem aos bancos comerciais incorrerem a algum risco com empréstimos ao sector 
privado. Neste sentido espera-se uma relação positiva entre o crédito ao sector público e o crédito 
ao sector privado. A segunda teoria é a hipótese de preguiça dos bancos comerciais (Emran & 
Shilpi, 2009). Esta teoria centra-se na constatação de que a possibilidade de crédito sem risco ao 
5 
 
sector público desincentiva os bancos comerciais de realizarem empréstimos de riscos ao sector 
privado ou até de despender recursos para avaliar possibilidades de concessão de empréstimos 
financeiramente viáveis ao sector privado, daí o termo “preguiça”. Assim, o empréstimo de uma 
unidade monetária ao sector público, por parte dos bancos comerciais, pode resultar na “expulsão” 
de mais de uma unidade monetária de crédito ao sector privado. 
2.2. Estudos Empíricos 
Apesar da relevância que este tema tem para o processo de formulação de políticas 
económicas (monetária e fiscal), tal como foi referido anteriormente, há poucos estudos empíricos 
sobre a relação entre o crédito ao sector público e o crédito ao sector privado. De uma forma geral, 
os poucos estudos empíricos usam séries temporais e debruçam-se sobre economias em vias de 
desenvolvimento, excepção feita ao estudo de Emran & Farazi (2009) que analisa dados em painel 
para estudar a relação entre o CSG e o CSP em 60 países da Ásia, médio Oriente, América Latina 
e África (Moçambique não está incluído) com economias em vias de desenvolvimento. Estes 
autores concluem que, em média, por cada unidade adicional de Dólar Americano emprestado aos 
Governos desses países, o crédito privado reduz em mais ou menos 1.40 Dólares. Assim, eles 
confirmam tanto a hipótese de explosão, assim como a hipótese de “preguiça” dos bancos 
comerciais nesse grupo de países. 
Em estudos similares, usando dados do Egipto, Fayed (2012) e Shetta & Kamaly (2014) 
confirmam que o crédito ao sector pública “expulsa” o crédito ao sector privado. No entanto, 
Fayed (2012) chama atenção para o facto de os seus resultados também indicarem que CSG não é 
o único factor conducente à redução do CSP no Egipto, significando que a hipótese de preguiça 
dos bancos comerciais não é rejeitada para o caso do Egipto. Ainda sobre o Egipto, num estudo 
mais recente, Bojanic (2015) confirma os resultados dos estudos anteriores que apontam para a 
observância do efeito “expulsão” do CSG em relação ao CSP. 
Şen & Kaya (2014) estudam o efeito da despesa pública no investimento privado através da 
análise do efeito “expulsão” na Turquia durante o período de 1975 e 2011. Analisando o efeito de 
cada componente de despesa pública sobre o investimento privado, estes autores concluem que, 
porum lado, as transferências correntes, as despesas correntes e as despesas de juros por parte do 
Governo expulsam o investimento privado, e por outro lado, as despesas de capital são 
complementares ao investimento privado. O resultado de complementariedade (correlação 
positiva) entre o CSG e o CSP é igualmente encontrado por Andrade & Duarte (2016) que 
6 
 
aplicaram a técnica de estimação de equações simultâneas usando dados de Portugal. Não foi 
encontrado nenhum trabalho de pesquisa sobre este tema que estude o caso de Moçambique. 
2.3. Mercado de Crédito em Moçambique 
Esta secção esta dividida em duas subsecções. A primeira descreve brevemente os principais 
intervenientes no mercado de crédito em Moçambique e a segunda analisa alguns indicadores do 
mercado de crédito relevantes para o objectivo do presente estudo. 
2.3.1. Principais Intervenientes no Mercado de Crédito 
O processo de distribuição de crédito consiste na alocação das poupanças dos superavitários, 
para os deficitários mediante a intermediação financeira dos bancos comerciais e outras 
instituições de créditos especializadas sob a supervisão e monitoria do Banco de Moçambique e da 
Legislação Moçambicana Os principais intervenientes no mercado de crédito (tanto do lado da 
procura como do lado da oferta) são: 
 
O Banco de Moçambique (Governo) 
 
O principal objectivo do BM definido pela Lei 1/92 de 3 de Janeiro de 1992, é a preservação 
do valor da moeda nacional, o Metical, que consiste em assegurar a estabilidade dos preços e de 
controlar a inflação. Assim, na execução da sua política de crédito, o BM procura evitar a 
circulação excessiva de moeda por forma a manter a inflação estável. A participação do BM no 
mercado de crédito acontece através da através da definição da taxa de juro de politica (a FPC) e 
da influência sobre a liquidez no mercado monetário interbancário (MMI) através das operações 
de mercado aberto, com destaque para os processos de compra e venda de bilhetes de tesouro. É 
precisamente nestas intervenções do BM no MMI que reside o interesse do presente estudo. A 
intervenção do BM no MMI, como um bom cliente pelo baixo risco que apresenta para os bancos 
comerciais pode incentivar os bancos comerciais a investirem em bilhetes de tesouro em 
detrimento de empestar o dinheiro ao sector privado, que apesar de realizar atividades em sectores 
produtivos, apresenta maior risco para os bancos comerciais. Adicionalmente, as taxas de juros de 
bilhetes de tesouro, tal como foi referido por Hassan (2007) acabam se tornando a referência dos 
bancos comerciais nas suas operações de crédito, sendo que em termos práticos, a taxa de juro 
efectiva praticada aos demais agentes económicos será igual à taxa de juro de bilhete de tesouro 
mais um spread adicional para proteger o banco comercial do risco de crédito. 
7 
 
Pode-se mencionar uma terceira forma de participação do BM no mercado de crédito, que 
consiste na supervisão e monitoria das instituições de crédito (na sua maioria bancos comerciais) 
de forma a assegurar que estas estejam a funcionar em linha com os objectivos traçados para a 
politica de crédito no país. 
 
Instituições de Crédito 
 
Segundo dados do BM, o sistema financeiro Moçambicano conta com 41 instituições de 
crédito oficiais, sendo na sua maioria bancos comercias (19), que são, conforme ilustra a Figura 1, 
responsáveis por cerca de 50% das transações realizadas no mercado de crédito Moçambicano. 
 
Gráfico 1: Instituições de Crédito em Moçambique 
 
Fonte: BM, 2017 
 
O gráfico 1 mostra claramente que o mercado de crédito está concentrado no sector da banca 
comercial, ficando evidente que as fontes alternativas de financiamento para as familiais e para as 
empresas são limitadas. Adicionalmente, segundo os resultados da pesquisa sobre o sector 
bancário Moçambicano efectuada pela KPMG (2016), os três maiores bancos comercias a operar 
em Moçambique (de investimentos Portugueses e Sul-africanos) concentram cerca de 80% das 
8 
 
carteiras de crédito do mercado. Portanto, estamos perante um mercado de crédito com 
características oligopolísticas, sendo este um dos factores indicados pelo estudo da USAID (2007) 
como sendo a causa do elevado custo dos empréstimos bancários em Moçambique. 
 
O Sector Privado 
 
O sector privado moçambicano está em franco desenvolvimento, no entanto, ainda enfrenta 
diversos desafios, sendo o acesso ao crédito um dos maiores. Segundo Belchio (2015), as 
empresas a operarem no mercado moçambicano contam com três formas principais de 
financiamento: o crédito bancário (bancos comerciais), o mercado de capitais (Bolsa de Valores 
de Moçambique) e capital de risco. Navalha (2015) indica uma lista de fontes de financiamento 
externo para o sector privado no geral, e para o seguimento de micro, pequenas e médias 
empresas, em particular. No entanto, tal como foi referenciado anteriormente, na prática a 
atividade de concessão de créditos é dominada pelos bancos comercias. 
A dificuldade de acesso ao financiamento bancário por parte das empresas moçambicanas, 
devido aos elevados custos de crédito continua a ser um dos obstáculos ao desenvolvimento do 
sector privado. O estudo da USAID (2007) apresenta uma lista de factores por detrás desta 
situação. No entanto importa mencionar a questão de risco de mercado que esta associada aos 
elevados spreads de taxa de juro que são praticados pelos bancos comerciais. Em relação a este 
aspecto de risco, e por forma a reduzir o problema de assimetria de informação no mercado de 
crédito, o Governo propôs e foi aprovada pela Assembleia da República, a Lei da Central de 
Registo de Informação de Crédito que tem como objectivo autorizar o Governo a estabelecer um 
quadro legal para o estabelecimento de operadores privados nos serviços de centralização de 
informação de crédito (KPMG, 2015). 
2.3.2. Algumas Características Relevantes do Mercado de Crédito 
Esta subsecção destaca alguns indicadores sobre o mercado de crédito em Moçambique, 
recorrendo, em alguns casos, a uma análise comparativa com outros países e/ou grupo de países. 
 
Reduzida oferta de crédito à economia 
 
O gráfico 2 faz uma análise comparativa do peso do crédito no PIB em alguns países e grupo 
de países selecionados em dois momentos temporais (2005 e 2015). No geral, com excepção das 
9 
 
Ilhas Seicheles e da região da África subsaariana, em 2015 o peso do crédito privado no PIB 
aumentou relativamente a 2005 em todas as economias. Em 2015, Moçambique apresentou um 
rácio crédito/PIB de 43.1% que, apesar de ser superior a alguns países da região Austral de África 
e até superior à média do grupo dos países de baixo rendimento, ainda está bem abaixo dos rácios 
médios da África subsaariana (58.3%) e do mundo (175.9%). Estes números, associados à 
característica oligopolística do mercado crédito, conforme analisado na secção anterior, mostram 
que o crédito ao sector privado em Moçambique ainda é escasso. 
 
Gráfico 2: Crédito ao Sector Privado como proporção do PIB (%) 
 
Fonte: Banco Mundial (2017) 
 
Taxas de Juro elevadas 
 
O gráfico 3 compara as taxas de juro de empréstimos bancários de algumas economias 
selecionadas em dois anos (2005 e 2015). Apesar da ligeira redução verificada entre 2005 e 2015, 
os bancos comerciais em Moçambique continuam a apresentar taxas de juros de empréstimo 
elevadas, mesmo em relação a alguns países da região austral de África. Esta situação pode ser, em 
parte, explicada pelos factores mencionados anteriormente, nomeadamente: a escassez de oferta de 
10 
 
crédito no mercado, a dominância dos bancos comerciais no mercado de crédito e a concentração 
do próprio sector bancário. 
 
Gráfico 3: Taxas de Jurosde Empréstimo (%) 
 
Fonte: Banco Mundial (2017) 
 
Aceleração da evolução do crédito ao sector público 
 
O gráfico 4 ilustra a evolução do crédito pelos sectores púbico e privado em Moçambique, no 
período entre 1999 e 2016. O gráfico mostra que o crédito ao sector público tem crescido de forma 
acelerada no subperíodo compreendido entre 2012 e 2016. Dito em outras palavras, durante o 
período em análise, o Governo de Moçambique tem recorrido, de forma crescente, ao crédito 
bancário para financiar parte das suas despensas. Para se inferir se esta situação, de aumento 
contínuo da procura de crédito por parte do governo junto dos bancos comerciais é ou não 
prejudicial ao investimento privado convém realizar-se uma análise econométrica. O capítulo 3, 
que se segue, irá se debruçar sobre este aspecto. 
Importa referir que o novo modelo de gestão de política monetária (controle da oferta monetária 
através de uso de instrumentos indirectos) adoptado pelo BM a partir do ano 2000, obrigou a uma 
11 
 
maior presença da autoridade monetária no MMI por forma a torná-lo gradualmente, um 
instrumento eficaz de regulação da liquidez do sistema bancário e consequentemente do volume de 
crédito disponível no mercado. 
 
Gráfico 4: Distribuição do Crédito pelos Sectores Público e Privado, 1999-2016 (Mil Milhões de Meticais) 
 
Fonte: Banco de Mocambiquel (2017) 
 
Neste sentido, a aceleração que também se verifica na evolução do crédito ao sector público, 
sobretudo a partir de 2012 é, em parte, explicada pela adopção a partir de Agosto de 2011, por 
parte BM, de um conjunto de medidas expansionistas que, entre tantas, consistiram na redução das 
intervenções de esterilização de liquidez no MMI e na revisão em baixa da FPC e o coeficiente de 
reservas obrigatórias. Estas medidas foram tomadas com o intuito de induzir os bancos comerciais 
a reduzirem as suas taxas de juro, de modo a criar espaço para o aumento do crédito ao sector 
privado (BM, 2014). No entanto, a crise económica que Mocambique atravessa, desde os finais de 
2015, desencadeada pela depreciação acentuada do Metical em relação às principais moedas 
internacionais, com particular destaque para o Dólar americano e o Rand Sul-africano, e que tem 
como consequência a subida generalizada e persistente do nível geral de preços, obrigou o BM a 
aplicar medidas de política monetária restritiva com vista a reduzir a liquidez do sistema bancário. 
12 
 
3. METODOLOGIA 
Este capítulo subdivide-se em três secções. A primeira secção descreve o modelo 
econométrico que é usado no estudo. A segunda secção explica os procedimentos de estimação do 
modelo. Na terceira secção faz-se a descrição dos dados usados para a análise empírica. 
3.1. O Modelo Empírico 
 O presente estudo debruça-se sobre relação entre o crédito ao sector público e o crédito ao 
sector privado em Moçambique. A análise empírica começa pela especificação do modelo 
econométrico seguindo a formulação usada no estudo de Emran & Farazi (2009), no entanto com 
algumas alterações, de forma a contornar a disponibilidade limitada, no caso da economia de 
Moçambique, de dados históricos sobre intermediação financeira e qualidade institucional. 
Adicionalmente, diferente da especificação como é no caso de Emran & Farazi (2009), no presente 
estudo, as variáveis sobre o crédito aos sectores público e privado não serão representadas como 
percentagem do produto interno bruto (PIB). O modelo empírico baseia-se na seguinte relação de 
longo prazo especificada em forma semi-log-linear (Benoit, 2011). 
 
 0 1 2 3t t t t tc g pib u         (3.1) 
 
onde 
t
c e 
t
g , ambos na forma de logaritmos naturais, representam o crédito ao sector privado e o 
crédito ao sector público, respectivamente. A designação
t
pib representa a taxa de crescimento do 
produto interno bruto, 
t
 é a taxa de inflação, e finalmente, tu é o termo que estima erro aleatório 
no modelo. O parâmetro de maior interesse é 1 , e sendo analisado em duas vertentes, 
nomeadamente, sinal (positivo ou negativo) e magnitude (tamanho). 
O sinal do parâmetro 1 permite-nos inferir sobre a existência do efeito “expulsão”. Se 1 0  
implica a existência do efeito “expulsão”, o que significa que o aumento do crédito ao sector 
público em um Metical reduz o crédito disponível ao sector privado em “ 1 ” Meticais. No caso 
em que 1 0  conclui-se que o crédito ao sector público e o crédito ao sector privado são 
complementares, significando que os investimentos do governo provenientes do crédito que recebe 
da banca comercial geram um ambiente favorável para o desenvolvimento do investimento 
privado. 
13 
 
A magnitude de 1 é o indicador usado para testar a hipótese de “preguiça” dos bancos 
comerciais. Note, no entanto, que, o teste da hipótese de “preguiça” dos bancos comerciais tem 
como pré-requisito a observância do efeito “expulsão”. Assim, se 1 0  e 1 1  , rejeita-se a 
hipótese de “preguiça”, porque neste caso os bancos comerciais diversificam o risco de crédito 
entre os sectores público e privado (Emran & Farazi, 2009). No caso em que o comportamento dos 
bancos é consistente com a hipótese de “preguiça”, 
1
1  e 1 0  . Um caso extremo, mas pouco 
provável na prática é a situação em que o crédito ao sector público e o crédito ao sector privado 
são bens substitutos perfeitos, ou seja, 1 1  , significando que o efeito diversificação do risco 
contrabalança o efeito “preguiça” dos bancos comerciais. 
Conforme os gráficos 7 e 8 (vide Anexo A) ilustram, as variáveis tc e tg apresentam uma 
evolução com tendência crescente. Do ponto de vista econométrico, o comportamento destas 
variáveis pode ser uma indicação que as mesmas são não estacionárias (tem raiz unitária). Neste 
sentido, tal como Granger & Newbold (1974) explicam, há risco de os resultados obtidos a partir 
desta regressão serem espúrios, salvo se os resíduos da regressão sejam estacionários. Caso os 
resíduos da regressão sejam de facto estacionários, então as variáveis em consideração estão 
relacionadas por um mecanismo chamado de cointegração (Enders, 1995). As variáveis 
cointegradas são analisadas através de modelos de correção de erros (MCE), que pode envolver 
mais de uma equação, dependendo da dinâmica do mecanismo de transmissão entre as variáveis 
envolvidas. Assim, recomenda-se a realização do teste de causalidade de Granger (Granger, 1969) 
para verificar primeiro se a relação de causalidade existe, e depois, se essa relação é unilateral ou 
bilateral. No caso do presente estudo, considera-se que tc ( tg ) causa tg ( tc ) se a previsão dos 
valores do tg ( tc ) for mais precisa com base nos valores históricos de ambos tc ( tg ) e tg ( tc ) do 
que se usados apenas os valores de tc ou de tg , de forma isolada. O teste de causalidade de 
Granger é realizado através da análise de modelos vectoriais auto-regressivos (VAR), conforme se 
segue: 
 
0 1 1 1 1
0 1 1 1 1
... ...
... ...
c c c c c
t t p t p t p t p t
g g g g g
t t p t p t p t p t
c a a g a g b c b c
g a a c a c b g a g v

   
   
       
       
 (3.2) 
14 
 
onde 
0
c
a e 
0
g
a são os interceptos; 
t
 e
t
v são os resíduos; p representa o desfasamento temporal. 
Para o caso da primeira equação em 3.2, a análise consiste no teste da hipótese nula de que tg não 
causa tc ( 0 1 2: ... 0
c c c
p
H b b b   ) contra a hipótese alternativa de que tg causa tc 
(
1 1 2
: ... 0
c c c
p
H b b b   ). Do mesmo modo, para a segunda equação em 3.2, a análise consiste no 
teste de 
0 1 2
: ... 0
g g g
p
H b b b   contra 
1 1 2
: ... 0
g g g
p
H b b b   . Neste caso está-se a testar se tc 
causa ou não tg . Em cada um desses casos, a rejeição da hipótese nula implica a existênciade 
uma relação de causalidade. Se a causalidade for confirmada em ambas as equações, então se deve 
usar um modelo vectorial (sistema de equações) para se analisar as sinergias entre as variáveis. No 
caso se verificar que, a relação de causalidade é unilateral, isto é, vai de tg a tc ou de tc a tg . Os 
resultados deste teste (vide Tabela 6 no Anexo B) indicam que a causalidade é unilateral, indo tg 
a tc . Assim, o processo de modelagem consistirá na construção de um modelo de singular de 
correção de erros (MCE). Neste sentido, a equação 3.1 pode ser transformada para a seguinte 
forma geral de um MCE: 
       
    
   
               0 1 2 3 4 1
1 0 0 0
p qm n
t t n t n t p t q t t
n n k p
c c g pib 
 onde     
 
     
1 1 0 1 2 3t t t t t
c g pib (3.3) 
 
onde 1 é o coeficiente da relação entre tc e tg no curto prazo. As letras m , n , p e q indicam 
os desfasamentos temporais das respectivas variáveis. Este MCE descreve como tc responde às 
mudanças em tg no período t , de modo a restabelecer o equilíbrio no período 1t  através do 
mecanismo de correção de erro (


1t ). Tal como apontado por Harris et al. (1995),  é o 
estimador velocidade de ajustamento de tc à desvios de tg quando as duas variáveis se 
movimentam em direção ao equilíbrio de longo prazo. Caso, realmente exista uma relação de 
cointegração entre tc a tg , então 1< < 0 . Quanto mais  estiver próximo de -1, maior é a 
velocidade de ajustamento. Valores de  próximo de zero significam que o ajustamento ao 
equilíbrio de longo prazo é lento. 
As regressões em 3.1 e 3.3 são estimadas pelo método de mínimos quadrados usando o pacote 
econométrico Microfit 4.1. Caso se verifique algum vestígio de correlação serial, será aplicado o 
procedimento de (Newey & West, 1987) para corrigir os desvios-padrão. 
15 
 
3.2. Procedimentos de Estimação 
O primeiro passo no procedimento na análise de series é identificar a ordem de integração de 
cada variável para aferir se as propriedades de estacionariedade da variável subjacente. O passo 
seguinte consiste em investigar a existência de cointegração entre as variáveis, a fim de rastrear a 
relação de longo prazo entre as variáveis. O procedimento comum é o método de cointegração de 
Johansen (Habibi & Rahim, 2009). No entanto, o presente estudo segue a abordagem de testes de 
limites proposta por Pesaran & Shin (1995) e Pesaran et al. (2001) por três razões: em primeiro 
lugar, é necessário considerar a questão do tamanho da amostra, isto é, esta abordagem é robusta 
para análise de cointegração com amostra pequena (Pesaran et al., 2001); segundo, tal como foi 
mencionado na secção anterior, as equações 3.1 e 3.2 envolvem variáveis macroeconómicas que 
podem não ser estacionárias. Neste contexto, a utilização da abordagem de teste de limites é 
adequada, uma vez que é aplicável independentemente das variáveis envolvidas serem 
estacionárias no nível (integradas de ordem zero) ou estacionarias na primeira diferença 
(integradas de ordem 1). Em terceiro lugar, as quebras estruturais podem afectar o processo de 
cointegração. Torna-se necessário considerar esses efeitos através da inclusão de variáveis dummy 
para as possíveis quebras estruturais. O teste de limites é baseado na construção de um modelo 
autoregressivo de desfasamentos temporais distribuídos com a seguinte forma: 
 
     
     
   
   
         
    
   0 1 2 3 4
1 0 0 0
1 2 3 4
p qm n
t t n t n t p t q
n n p q
t t t t t
c c g pib
c g pib
 (3.4) 
 
No teste de limites, a hipótese nula estabelece que não existe uma relação de longo prazo entre 
as variáveis envolvidas , isto é, as variáveis dependente e independente não se movem juntas em 
direcção ao equilíbrio de longo prazo, o seja: 
0 1 2 3 4
: 0H        . A hipótese alternativa é 
1 1 2 3 4
: 0H        . Para testar estas hipóteses, é usado o F estatístico para determinar a 
significância global do modelo. Pesaran & Smith (2001) fornecem os valores dos limites críticos 
para o teste F, entretanto, uma vez que os valores críticos gerados por Pesaran & Smith (2001) são 
para amostras grandes, são adicionalmente usados os valores simulados por Narayan (2005) que 
gerou limites críticos especificamente para amostras pequenas. Os limites são definidos para cada 
um dos três níveis convencionais de significância (1%, 5% e 10%). O limite inferior é baseado no 
pressuposto de que todas as variáveis são integradas de ordem zero (estacionárias no nível), e o 
limite superior é baseado no pressuposto de que todas as variáveis são integradas de ordem um 
16 
 
(estacionárias na primeira diferença). Se o F-estatístico calculado for menor que o limite inferior 
pode-se concluir que as variáveis não são cointegradas. Se o F-estatístico exceder o limite 
superior, concluímos que as variáveis são cointegradas. Se a F-estatístico observado estiver dentro 
do intervalo estabelecido pelos limites inferior e superior, o teste é inconclusivo. Neste caso, é 
aplicar procedimentos adicionais para inferir sobre a existência ou não de cointegração. 
3.3. Descrição dos Dados e Fontes 
O estudo que se propõe realizar irá consistir numa análise séries temporais de frequência 
trimestral cobrindo o período de 2000 a 2016 (69 observações). As diferentes fontes usadas para a 
obtenção dos dados são mencionadas na Tabela 1. 
 
Tabela 1: Discrição de Dados e de Fontes 
Variável Descrição Fonte 
t
c Crédito ao Sector Público (log) Banco de Moçambique 
t
g Crédito ao Sector Privado (log) Banco de Moçambique 
t
pib Produto Interno Bruto (log) www.oanda.com 
t
 Inflação (%) – medida pela variação do IPC Instituto Nacional de Estatística 
 
As variáveis usadas no estudo (vide descrição estatística na Tabela 2) são: 
 Crédito ao Sector Público (Crédito Líquido ao Governo) - créditos menos depósitos de instituições 
do governo central e demais instituições que dependem do orçamento geral do Estado e o Instituto 
Nacional de Segurança Social (BM, 2017). 
 Crédito ao Sector Privado - Crédito às empresas públicas não financeiras, empresas 
privadas, particulares, outras instituições financeiras não monetárias e organizações 
colectivas sem fins lucrativos ao serviço das famílias (BM, 2017). 
 Produto Interno Bruto - valor a preços de mercado, de todos os bens e serviços produzidos 
por agentes nacionais e estrangeiros no território Moçambicano. 
 Inflação - variação percentual do índice de preços ao consumidor. 
 
Tabela 2: Sumário Estatístico 
Variável Média Desvio-Padrão Min Max 
Crédito ao Sector Público (Mil Milhões de Meticais) 3.95 0.57 4.78 1.90 
Crédito ao Sector Privado (Mil Milhões de Meticais) 4.68 0.45 5.42 4.06 
Produto Interno Bruto (%) 7.16 3.30 0.45 6.3 
Inflação (%) 10.36 6.03 26.35 1.26 
17 
 
4. ANALÍSE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS 
Este capítulo é constituído por três secções. A primeira secção apresenta os resultados dos 
procedimentos seguidos antes da estimação de um modelo de séries temporais. A segunda secção 
reporta os resultados empíricos do estudo. A terceira secção analisa a robustez dos resultados. 
4.1. Análise de Estacionaridade e cointegração 
O primeiro passo, na análise dos dados do presente estudo consistiu na realização de testes de 
raiz unitária. Para tal aplicou-se o teste de Phillips & Perron (1988). Os resultados estão reportados 
na tabela 3. 
Tabela 3: Teste de raiz unitária de Phillips-Perron 
Variável t-estatístico Variável t-estatístico 
t
c -2.008 
t
c -10.214 *** 
t
g -2.392 
t
g -5.377 ** 
t
pib -4.245** 
t
pib -11.046*** 
t
 -2.395 
t
 -4.575** 
Nota: D representa a primeira diferença de cada variável. 
 Rejeição da hipótese nula de raiz unitária no nívelde significância estatística de 1% (***), 5% (**) e 10% (*). 
 
Os resultados na tabela 3 indicam que o crescimento económico é a única variável integrada 
de ordem zero. Tal como se suspeitou na secção 3.1, as demais variáveis são não estacionárias 
quando consideradas no seu nível e estacionárias quando representadas na primeira diferença. 
Note ainda, que nenhuma das variáveis é integrada de ordem 2, assim pode-se aplicar o modelo 
autoregressivo de desfasamentos temporais distribuídos com correção de erros conforme explicado 
por Patterson (2000). 
 Segue-se o teste para verificar se tc e tg movem-se juntas em direcção ao equilíbrio de longo 
prazo. Para o efeito aplicou-se teste de limites conforme descrito na secção 3.2. Note que o teste é 
realizado na equação 3.4 com a inclusão de uma variável dummy para a quebra estrutural 
verificada no quarto trimestre de 2004 conforme indicado pelo resultado do teste de quebra 
estrutural (vide Tabela 7, no Anexo G). Os resultados do teste de limites estão apresentados na 
Tabela 4. 
 
 
18 
 
Tabela 4: Resultado para o Teste de Limites 
Variável dependente: Crédito ao Sector Privado 
Nível de Significância F-estatístico Limite inferior - I(0) Limite superior - I(1) 
10% 
2.853 
 2.45 3.52 
5% 2.86 4.01 
1% 3.74 5.06 
Nota: valores críticos de Narayan (2005) 
 
De uma forma geral, pode-se afirmar que os resultados apresentados na Tabela 4 são 
inconclusivos. O F-estatístico observado (2.853) cai dentro de intervalo de limites quando 
analisado a um nível de significância estatística de 10%. Neste caso diz-se que o teste é 
inconclusivo. Quando considerados o caso de 5% significância estatística, o F-estatístico 
observado é marginalmente inferir (0.007) que o limite inferior, sugerindo deste modo a não 
rejeição da hipótese nula de não cointegração entre tc e tg . Finalmente, para o caso de 1% de 
significância estatística, verifica-se que o F-estatístico observado é claramente inferir que o limite 
inferir, sugerido novamente a não rejeição da hipótese nula. Um dos procedimentos usados para 
inferir sobre o desempenho dos modelos autoregressivo de desfasamentos temporais distribuídos é 
teste de estabilidade dos coeficientes estimados. O resultado do teste CUSUM (Page, 1963), 
apresentados através do Gráfico 14 no Anexo E, indicam que os coeficientes estimados através da 
equação 3.4 são estáveis (CUSUM), e portanto, consistentes. 
4.2. Resultados Empíricos 
 Os resultados empíricos são reportados na Tabela 5. Os Gráficos 15 e 16 no Anexo F mostram 
que o modelo especificado descreve fielmente os dados da amostra, tanto quando as varáveis são 
consideras no nível como quando transformados para a primeira diferença. 
 A evidência empírica sugere que, no curto prazo, o acréscimo de 1 Metical nos empréstimos 
ao sector público está positivamente relacionado com o aumento dos empréstimos ao sector 
privado na ordem de 0.30 centavos de Meticais. No longo prazo, o efeito do acréscimo de 1 
Metical de crédito ao sector público sobre o crédito ao sector privado aumenta para 1.08MT. Neste 
sentido, conclui-se que, tanto no curto prazo como no longo prazo, a hipótese de efeito expulsão é 
rejeitada, visto que o coeficiente que estabelece a relação entre as variáveis de maior interesse tem 
sinal positivo, o que significa que a concessão de crédito ao sector público pelos bancos 
comerciais não prejudica o acesso ao crédito bancário por parte do sector privado. 
19 
 
Tabela 5: Resultados Empíricos 
(Variável dependente: Crédito ao Sector Privado, 
t
c ). 
 Equação (3.1) Equação (3.3) 
1t
c

 0.309** 
(0.118) 
t
g 1.079*** 
(0.120) 
t
g 0.028* 
(0.016) 
t
pib 0.026 
(0.035) 
t
pib 0.006 
(0.008) 
t
 -0.018 
(0.019) 
t
 -0.004 
(0.004) 
 
2004 4Q
b 0.764 
(0.661) 
-0.020* 
(0.010) 
 
const 6.820 
(7.737) 
0.102** 
(0.041) 
 
TCE -0.026* 
(0.014) 
Obs. 69 
2
R 0.46 
 Notas: Erros-padrão entre parênteses; 
 Coeficientes estatisticamente significantes nos níveis *** p<0.01, ** p<0.05; * p<0.1; 
 TCE – termo de correcao de erro 
 
 Estes resultados são reforçados pelas funções de resposta a impulsos (FRI) (Lütkepohl, 2008) 
apresentados nos gráficos 11, 12 e 13 (vide Anexo D), onde se confirma a relação positiva entre o 
crédito ao sector público e o crédito ao sector privado. Consequentemente, a hipótese de 
“preguiça” dos bancos comerciais é igualmente rejeitada, e se aceita a hipótese de que o 
comportamento dos bancos comerciais em Moçambique é consistente com a hipótese de 
diversificação de risco proposta pela abordagem de diversificação de risco. Os resultados do 
presente estudos estão em linha com a evidência empírica dos trabalhos de Şen & Kaya (2014) 
para o caso das transferências correntes, as despesas correntes e das despesas de juros, e Andrade 
& Duarte (2016). 
20 
 
4.3. Verificação da Robustez dos Resultados 
Dado que estamos perante uma amostra pequena, e considerando a não significância 
estatística para as variáveis de controle ( tpib e t ) é conveniente verificar a robustez dos 
resultados reportados na Tabela 5. Para tal, aplica-se o modelo de regressão linear com interação 
de termos no lado direito da regressão que pode ser interpretado como uma regressão linear com 
um coeficiente aleatório (Jaccard & Turrissi,2003). Com este procedimento pretende-se verificar 
primeiro, o sinal da correlacao entre tc e tg , e em segunda instância, a influência das variáveis de 
controle ( tc e tg ) sobre esta correlação. A regressão a ser estimada é: 
 
   0 1 2 3 4 5t t t t t t t t tc g g pib g pib u              (3.5) 
 
onde 0 pé o intercepto, 1 e 2 são os coeficientes da interação entre a variável tg e as variáveis 
de controle, tpib e t , respectivamente. Os parâmetros 4 e 5 medem os efeitos directos das 
variáveis de controle, tpib e t sobre tc . A interpretação dos coeficientes dos modelos lineares 
com interação de termos é mais eficiente quando feita através de análise de efeitos marginais 
(derivativas parciais), sendo relevante analisar o efeito de marginal de tg em tc que é dado por: 
 
 1 2 3
t
t t
t
c
pib
g
   

  

 (3.6) 
 
A equação 3.6 mostra que o efeito de tg em tc é uma função das varáveis de controle 
crescimento económico e inflação, restando agora saber se essas variáveis tem um impacto 
positivo ou negativo sobre esses efeitos marginais. A análise do efeito marginal é feita mantendo 
as demais variáveis explanatórias constantes (Williams, 2016). O cálculo dos efeitos marginal de 
t
g em tc requer a escolha de valores predefinidos de tg e das variáveis de controle tpib e t . Os 
valores normalmente usados, tal como é o caso no presente estudo, são o primeiro quartil, a 
mediana e o terceiro quartil. Os resultados estão apresentados nos Gráficos 5 e 6. Primeiro, em 
ambos os gráficos confirma-se a relação positiva entre tg e tc . Segundo, enquanto o Gráfico 5 
mostra que o tpib reforça a relação entre o tg e tc , o Gráfico 6 mostra que a t têm um impacto 
negativo na relação tg e tc , confirmando deste modo os resultados reportados na Tabela 5. 
21 
 
 
Gráfico 5: Efeitos de tg sobre tc condicionado pelo nível de Crescimento Económico 
5
1
0
1
5
C
ré
d
it
o
 a
o
 S
ec
to
r 
P
ri
v
ad
o
 (
lo
g
)
5 7 9 11 13 15
Crédito ao Sector Público (log)
Cesc. PIB=1% Cesc. PIB=5% Cresc. PIB=7%
 
Nota: Previsões com intervalos de confiança de 95% 
 
 
Gráfico 6: Efeitos de tg sobre tc condicionado pelo nível de Inflação 
5
1
0
1
5
C
ré
d
it
o
 a
o
 S
ec
to
r 
P
ri
v
ad
o
 (
lo
g
)
5 7 9 11 13 15
Crédito ao Sector Público (log)
Inflação=4% Inflação=10% Inflação=20%
 
Nota: Previsões com intervalos de confiançade 95% 
22 
 
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 
O presente estudo usou dados trimestrais para analisar a relação entre o crédito ao sector 
público e o crédito ao sector privado em Moçambique com base no modelo de correção de erros. 
O principal objectivo deste estudo consite em verificar se existe um efeito “expulsão” do crédito 
ao sector público em relação ao crédito ao sector privado. Adicionalmente, o estudo teve por 
objectivo testar se os bancos comerciais em Moçambique preferem conceder crédito ao Governo 
em detrimento do sector privado. Na literatura económica este teste é designado de hipótese de 
“preguiça”. Os resultados sugerem que ambas as hipóteses, de “expulsão” e de “preguiça”, são 
rejeitadas. Assim, pode-se afirmar que tanto no curto como no longo prazo, o aumento do crédito 
ao sector público não significa redução do crédito ao sector privado. Os resultados indicam ainda 
que, os bancos comerciais em Moçambique alocam o crédito a ambos os sectores público e 
privado com base nos princípios de diversificação de risco. Os resultados sugerem ainda que o 
crescimento económico tem um impacto positivo na relação entre o crédito ao sector público e o 
crédito ao sector privado, enquanto a inflação tem um impacto negativo. 
Com base nos resultados acima sumarizados, do ponto de vista monetário, recomenda-se que 
o Banco de Moçambique adopte medidas conducentes à redução custo dos empréstimos bancários, 
em particular, e dos investimentos no sector privado, no geral. Neste contexto, apesar de adequada 
à conjuntura actual da economia moçambicana, a política monetária restritiva seguida pelo Banco 
de Moçambique pode ter um efeito adverso sobre o sector produtivo da economia, e, portanto, um 
efeito negativo sobre a produção. Do ponto de vista de política fiscal, recomenda-se a 
intensificação das atividades de melhoramento do ambiente de negócios e de promoção do 
crescimento do tecido empresarial de forma a torná-lo forte e estável, passando deste modo, a ser 
visto com menor ceptismo por parte dos bancos comerciais. 
Importa, no entanto, realçar que, apesar dos procedimentos econométricos terem indicado a 
necessidade de construir um modelo de correção de erros para descrever os dados analisados, a 
definição de logo prazo, no contexto deste estudo, é limitada devido a restrições de disponibilidade 
de dados (2000-2006). Portanto, os resultados aqui reportados devem ser lidos com alguma 
cautela, principalmente no que se refere a exercícios de previsão macroeconómica. Para além da 
correção desta questão de horizonte temporal, futuras pesquisas sobre este tema podiam analisar o 
efeito expulsão por cada componente da despesa pública tal como procedeu Şen & Kaya (2014) e 
também segregando os dados sobre crédito ao sector público por categorias de governo central, 
distrital e municipal de forma a testar a robustez do resultado da presente pesquisa. 
23 
 
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ANEXO A: Evolução das variáveis estudadas ao longo do tempo 
 
Gráfico 7: Evolução do Crédito ao Sector Privado Gráfico 8: Evolução do Crédito ao sector Público 
3.8
4.0
4.2
4.4
4.6
4.8
5.0
5.2
5.4
5.6
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 
 
Gráfico 9: Evolução do crescimento do PIB Gráfico 10: Evolução da Inflação 
0
4
8
12
16
20
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 
0
5
10
15
20
25
30
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 
 
 
 
 
 
 
27 
 
ANEXO B: Ralação de Causalidade 
 
Tabela 6: Teste de Causalidade de Granger 
Variável dependente 
Testes de 
diagnóstico 
Variável Explicativa 
Crédito ao Sector 
Privado 
Crédito ao Sector 
Público 
Crédito ao Sector Público 
chi2 8.17 
df 2 
Prob > chi2 0.017** 
Crédito ao Sector Privado 
chi2 4.16 
df 2 
Prob > chi2 0.125 
Nota:*** Coeficientes estatisticamente significantes ao nível de 5% 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
ANEXO C: Procedimentos de Estimação 
O Teste de Raiz Unitária de Phillips-Peron 
 
O teste de Phillips & Perron (1988) também chamado de teste Z é baseado no seguinte modelo 
de regressão: 
 
 
0 1t t t
y y  

   (1) 
 
As hipóteses consideradas são: 
 
0
: 1H   
 
1
: 1H  (2) 
 
Segundo Weber (2004), o teste Z usa uma estatística que combina  ˆ 1T   com um ajustamento 
semi-paramétrico para corrigir a correlação serial, tal que: 
 
      2 2 2ˆ 0ˆˆ ˆˆ1 0.5Z T T s        (3) 
 
onde ̂ é a estimação do  na equação 1 pelo método de mínimos quadrados ordenados (MQO) e 
2
ˆ
ˆ

 é o erro padrão;  
12
1
ˆ2
T
tt
s T 


   e ˆ t é o resíduo da equação (1) por MQO; ̂ é uma 
estimativa da densidade espectral com frequência zero de ˆ
t
 (igualmente designada de variância 
de longo prazo de ˆ
t
 ) que é baseado no estimador de covariância, 
1
1
ˆ ˆ ˆ
T
t t t VT v
T  

 
  . 
 
 
 
29 
 
ANEXO D: Funções de Resposta à Impulsos 
 
Gráfico 11: Resposta de tc a choques em tg 
-.02
-.01
.00
.01
.02
.03
.04
.05
.06
50 100 150 200 250 300 350
± 2 Erro Padrão
 
 
Gráfico 12: Resposta de tc a choques em  t 
-.06
-.04
-.02
.00
.02
.04
.06
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
± 2 Erro Padrão
 
 
Gráfico 13: Resposta de tc a choques em tpib 
-.06
-.05
-.04
-.03
-.02
-.01
.00
.01
.02
25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300
± 2 Erro Padrão
 
30 
 
ANEXO E: Testes de Diagnóstico 
O Teste CUSUM 
 
O teste CUSUM (Page, 1963) é realizado através da construção e análise de um gráfico de 
controle. Considere amostras de tamanho 1n  e que 
j
X seja a média da j-ésima amostra. Se 0 é 
o alvo para a média do processo, então o gráfico CUSUM é formado através de: 
 0
1
i
i j
j
C X 

  
Se o processo é estável, 
i
C oscila em torno de 0 . Se o alvo se desloca para 
1 0
  , então 
i
C 
sera instável com tendência positiva. Se 
1 0
  , há uma instabilidade em 
i
C com tendência 
negativa. Para que os valores de 
i
C sejam válidos é preciso estabelecer intervalos de confiança: 
 
 0 1max 0,i i iC x K C
 

      
 0 1max 0,i i iC K x C
 

      
0
i i
C C
 
  , 
0 1
2
K
 
 
 
onde K é o valor de referência; iC

 e iC

 acumulam desvios a partir do valor onde 
0
K . Caso 
0
K , então 0i iC C
 
  . 
Gráfico 14: Teste CUSUM 
 
 Plot of Cumulative Sum of Recursive Residuals 
 The straight lines represent critical bounds at 5% significance level 
-5 
-10 
-15 
-20 
0 
5 
10 
15 
20 
2001Q1 2002Q2 2003Q3 2004Q4 2006Q1 2007Q2 2008Q3 2009Q4 2011Q1 2012Q2 2013Q3 2014Q4 2016Q1 2016Q4 
31 
 
ANEXO F: Análise da Eficácia do Modelo 
 
Gráfico 15: Verificação da Eficiência do Modelo (variáveis em nível) 
 
 
 
Gráfico 16: Verificação da Eficiência do Modelo (variáveis na primeira diferença) 
 
 
 
 
 
 
Valorres da Amostra Valores Estimados 
Tempo (Trimestre) 
-0.02 
-0.04 
0.00 
0.02 
0.04 
0.06 
0.08 
0.10 
2001Q1 2002Q2 2003Q3 2004Q4 2006Q1 2007Q2 2008Q3 2009Q4 2011Q1 2012Q2 2013Q3 2014Q4 2016Q1 
Valores da Amostra Valores estimados 
Tempo (trimestre) 
3.0 
3.5 
4.0 
4.5 
5.0 
5.5 
2001Q1 2002Q2 2003Q3 2004Q4 2006Q1 2007Q2 2008Q3 2009Q4 2011Q1 2012Q2 2013Q3 2014Q4 2016Q1 
32 
 
ANEXO G: Teste para Quebra Estrutural 
 
O teste de quebra estrutural proposto por Chow (1960) consiste na identificação de pontos 
suspeitos de representarem quebras estruturais na amostra em uso. A seguir divide-se a amostra 
em duas sub-amostras (separadas pelo ponto de potencial quebra estrutural). O passo seguinte 
conste na comparação dos coeficientes das regressões das duas sub-amostras. A hipótese nula é de 
que não há quebra estrutural (ou seja, os coeficientes das duas sub-amostras são estatisticamente 
iguais) contra a hipótese alternativa de que há quebra estrutural (i.e., os coeficientes das duas sub-
amostras são estatisticamente diferentes). 
 
Tabela 7: Teste de Chow para Quebra Estrutural 
 Ponto de Quebra Teste Estatístico p-value 
Quarto Trimestre de 2004 
F-estatístico 57.439*** 0.0000 
Rácio log likelihood 72.006*** 0.0000 
Estatística Wald 114.878*** 0.0000 
Nota: indica rejeição da hipótese nula de não existência de quebra estrutural ao nível de 1% de significância estatística 
 
 
 
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