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Adubos e Adubação Apostila Fernanda de Fátima da Silva Devechio UNIFEOB

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APOSTILA DE ADUBOS 
E ADUBAÇÃO 
Engenharia Agronômica 
Fundação de Ensino Octávio Bastos 
 
Professora Dra. Fernanda de Fátima da Silva Devechio 
 
 
 
 
 
2020 
UNIFEOB 
1 
 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 4 
2. NUTRIENTES DE PLANTAS (Malavolta, 2006) ......................................................................... 4 
3. DETERMINAÇÕES E DEFINIÇÕES (Raij, 2011) ....................................................................... 5 
4. INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE DE SOLO (Raij, 2011) ......................................................... 7 
5. REPRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES (Raij, 2011) ................................. 9 
6. ACIDEZ DO SOLO E CALAGEM .............................................................................................. 10 
6.1. Introdução .................................................................................................................................. 10 
6.2. Infertilidade dos solos ácidos ..................................................................................................... 10 
Efeitos da reação do solo .................................................................................................................. 10 
6.3. Origem da acidez do solo (Raij, 2011). ..................................................................................... 11 
6.3.1. Remoção de bases da solução do solo .......................................................................... 12 
6.3.2. Aumento de H+ na solução ............................................................................................ 12 
6.4. Correção da acidez do solo (Souza e Lobato, 2004) .................................................................. 14 
6.5. Mecanismos de neutralização da acidez pelo calcário (Vitti e Domeniconi, 2010)................... 15 
6.6. Corretivos de acidez do solo (Alcarde, 2005) ............................................................................ 16 
6.7. Qualidade dos calcários para correção de acidez ....................................................................... 18 
6.8. Cálculo do PRNT ....................................................................................................................... 19 
6.9. Métodos de recomendação de calagem ...................................................................................... 20 
6.10. Classificação e escolha dos calcários (Raij, 2011)................................................................... 22 
6.11. Aplicação do calcário no solo .................................................................................................. 23 
7. ACIDEZ SUBSUPERFICIAL DO SOLO .................................................................................... 25 
7.1. Uso do gesso na agricultura .................................................................................................. 25 
7.2. Reações simplificadas do gesso no solo................................................................................ 26 
7.3. Utilização do gesso em mistura com calcário ....................................................................... 26 
7.4. Diferenças entre a reação do calcário e do gesso .................................................................. 26 
7.5. Alterações nas características químicas do solo com o uso de gesso .................................... 27 
7.6. Recomendação de gesso........................................................................................................ 28 
8. ADUBOS OU FERTILIZANTES ................................................................................................ 29 
8.1. Definição ............................................................................................................................... 29 
8.2. Formas absorvidas ................................................................................................................ 29 
8.3. Formas expressas .................................................................................................................. 29 
8.4. Mecanismos de absorção de nutrientes ................................................................................. 30 
8.5. Formas de fertilizantes (IPNI, 2012) ..................................................................................... 30 
8.6. Cálculo da aplicação de fertilizantes fluidos ou suspensão de fertilizantes .......................... 35 
2 
 
9. ADUBOS NITROGENADOS ...................................................................................................... 37 
9.1. Introdução ............................................................................................................................. 37 
9.2. Obtenção de adubos nitrogenados (Raij, 2011) .................................................................... 37 
9.3. Principais adubos nitrogenados ............................................................................................. 38 
9.4. Uso eficiente e manejo de fertilizantes nitrogenados (Raij, 2011) ....................................... 40 
10. ADUBOS POTÁSSICOS ......................................................................................................... 41 
10.1. Introdução e obtenção .............................................................................................................. 41 
10.2. Principais fertilizantes potássicos ............................................................................................ 41 
a) Cloreto de potássio (KCl) ......................................................................................................... 41 
b) Sulfato de potássio .................................................................................................................... 41 
10.3. Uso eficiente e manejo de fertilizantes potássicos (Raij, 2011) ............................................... 42 
10.4. Toxidez do cloro ............................................................................................................... 42 
10.5. ADUBAÇÃO EM PASTAGENS ..................................................................................... 44 
10.5.1. Adubação de estabelecimento de pastagens ......................................................................... 44 
10.5.2. Adubação de manutenção de pastagens ............................................................................... 46 
11. ADUBOS FOSFATADOS ....................................................................................................... 48 
11.4. Introdução ......................................................................................................................... 48 
11.5. Classificação ..................................................................................................................... 48 
11 2.1. Bastante solúveis em água e citrato neutro de amônio+água .......................................... 49 
11.2.2. Insolúveis em água e solúveis em ácido cítrico 2% (AC) ................................................. 49 
11.2.3. Insolúveis em água e pouco solúveis em ácido cítrico 2% (AC) ...................................... 49 
11.6. Obtenção de adubos fosfatados ......................................................................................... 49 
11.7. Principais adubos fosfatados ............................................................................................. 50 
a) Superfosfato simples e triplo................................................................................................. 50 
b) Termofosfatos ....................................................................................................................... 50 
c) Fosfatos naturais ...................................................................................................................51 
d) Adubos mistos: Fosfatos de amônio (N e P) MAP e DAP ................................................... 51 
11.8. Uso eficiente e manejo de fertilizantes fosfatados (Raij, 2011) ........................................ 52 
11.8.1. Modo de aplicação de fosfatos solúveis ........................................................................ 52 
11.8.2. Modo de aplicação de fosfatos de baixa solubilidade .................................................. 52 
11.8.3. Efeito da calagem.......................................................................................................... 53 
11.8.4. Influência na reação do solo ......................................................................................... 53 
11.8.5. Umidade do solo ........................................................................................................... 53 
12. ADUBOS CONTENDO MACRONUTRIENTES SECUNDÁRIOS (Raij, 2011) .................. 55 
12.1. Cálcio ................................................................................................................................ 55 
3 
 
12.2. Magnésio ........................................................................................................................... 55 
12.3. Enxofre .............................................................................................................................. 55 
13. ADUBOS CONTENDO MICRONUTRIENTES (Raij, 2011) ................................................ 56 
13.1. Boro (B) ............................................................................................................................ 56 
13.2. Zinco (Zn) ......................................................................................................................... 56 
13.3. Cobre (Cu) ........................................................................................................................ 56 
13.4. Manganês (Mn) ................................................................................................................. 57 
13.5. Molibdênio (Mo) ............................................................................................................... 57 
13.6. Comentários gerais aplicados aos micronutrientes ........................................................... 57 
14. FERTILIZANTES MISTOS E COMPLEXOS (FORMULAÇÕES) ....................................... 58 
14.1. Introdução ......................................................................................................................... 58 
14.2. Formas das fórmulas comerciais ....................................................................................... 59 
14.3. Tipos de formulações ........................................................................................................ 59 
14.4. Relação entre nutrientes .................................................................................................... 59 
15. IMPLEMENTAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES................................................................... 60 
15.1. Adubos simples ................................................................................................................. 61 
15.2. Fórmulas NPK .................................................................................................................. 62 
15.3. Adição de enxofre e de micronutrientes ............................................................................ 62 
16. CALAGEM E ADUBAÇÃO DO MILHO ............................................................................... 63 
17. Leitura complementar 1: Calcário líquido - IAC ...................................................................... 67 
18. Leitura complementar 2: Calcário líquido – SBCS ................................................................... 68 
19. Leitura complementar 3: MANEJO DOS 4C ........................................................................... 70 
20. Leitura complementar 4: Agricultura de precisão a serviço da otimização da adubação. ........ 73 
21. Leitura complementar 5: Perdas de nutrientes do solo ............................................................. 73 
22. Leitura complementar 6: ADUBAÇÃO COM INTELIGÊNCIA E EFICIÊNCIA. ................. 74 
23. TABELAS DE RECOMENDAÇÃO DE ADUBAÇÃO DE CULTURAS ............................ 76 
23.1. Milho para grãos e silagem ............................................................................................... 76 
23.2. Algodão ............................................................................................................................. 78 
23.3. Arroz de sequeiro .............................................................................................................. 79 
23.4. Cana de açúcar .................................................................................................................. 80 
23.5. Cacau e café ...................................................................................................................... 82 
23.6. Feijão ................................................................................................................................. 85 
23.7. Soja ................................................................................................................................... 86 
24. ALGUMAS FÓRMULAS COMERCIAIS............................................................................... 87 
25. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 88 
4 
 
1. INTRODUÇÃO 
A agricultura é a arte de modificar os ecossistemas, e tem como objetivo a produção de 
alimentos, produção de matérias prima para a indústria, produção de excedentes, exportáveis, 
produção de energia renovável, etc. 
O crescimento da agricultura pode ser dado através do crescimento de áreas agrícolas 
ou pelo aumento de produtividade. 
É comum considerar a produção agrícola como atividade dependente de bom senso, 
intuição e experiência. Essas são importantes qualidades em todo agricultor. Entretanto, na 
agricultura competitiva e cada vez mais dependente de insumos diversos e de capital, o espaço 
para improvisações está se restringindo e esta atividade produtiva depende cada vez mais do 
apoio do conhecimento científico (Raij, 2011). 
No trato de sistemas heterogêneos, como é o caso do sistema solo-planta, a 
multiplicidade de fatores envolvidos dificulta a extração de informações de caráter científico, 
isto é, que possam ser generalizadas. Assim a obtenção de informações e o desenvolvimento 
de tecnologia no campo requerem o uso criterioso de métodos científicos que permitam validar 
e generalizar conhecimentos (Raij, 2011). 
Há muito tempo, esgotaram-se as possibilidades do solo suprir naturalmente os 
nutrientes necessários para as produções exigidas para o sustento da humanidade. Sabe-se que 
não há alimentos suficientes em escala global e, consequentemente, grande parte da população 
mundial sofre grave carência alimentar. Para alimentar bem a população, é preciso produzir 
mais alimentos e, para que isso ocorra, os fertilizantes minerais são imprescindíveis. O Brasil 
não escapa a essa verdade universal, além de ser o país que tem se tornado um grande 
fornecedor de produtos agrícolas para outros países (Raij, 2011). 
2. NUTRIENTES DE PLANTAS (Malavolta, 2006) 
Nutriente é todo elemento químico essencial para o desenvolvimento da planta, sem 
ele a planta não consegue completar seu ciclo. 
Em função da quantidade em que são exigidos pelas plantas, classificam-se como: 
- Macronutrientes: Nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio 
(Mg) e enxofre (S). 
- Micronutrientes: Boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), 
molibdênio (Mo), níquel (Ni) e zinco (Zn). 
 
5 
 
3. DETERMINAÇÕES E DEFINIÇÕES (Raij, 2011) 
Solo é a parte superficial intemperizada da crosta terrestre,contendo matéria orgânica 
e organismos vivos, é o meio em que se desenvolvem os vegetais, que dele obtêm, através das 
raízes, água e nutrientes. É um recurso natural fundamental para a produção agrícola, graças a 
um conjunto de atributos e propriedades que lhe permitem sustentar as plantas, fornecendo-
lhes as condições necessárias para o seu desenvolvimento. Trata-se de um material poroso (ou 
seja, com ar), que permite a penetração de raízes e o suprimento de água e nutrientes para as 
plantas. 
O conceito solo deve ser entendido como um sistema heterogêneo envolvendo três 
fases em equilíbrio: sólida, líquida e gasosa, sendo apresentado na Figura 1 o equilíbrio 
adequado entre eles. 
 
Figura 1. Equilíbrio adequado entre as fases do solo (Vitti e Domeniconi, 2010). 
a) Fase gasosa (Vitti e Domeniconi, 2010). 
A fase gasosa é fundamental tanto para a respiração de raízes e de micro-organismos 
como para a mineralização da matéria orgânica. Do ponto de vista de nutrição de plantas, é a 
fase gasosa que fornece O2 para a respiração das raízes e, posteriormente, para a absorção de 
nutrientes, além de fornecer N2 para a fixação biológica. 
b) Fase líquida (Vitti e Domeniconi, 2010). 
Esta fase é constituída por íons e sais dissolvidos, sendo o meio principal em que 
ocorre a maioria dos processos químicos e biológicos e o movimento de minerais no solo, 
representando o fator intensidade no fornecimento de nutrientes para as plantas. 
c) Fase sólida 
As partículas sólidas, em geral com predominância de materiais inorgânicos, são 
representadas por minerais primários e secundários, além da matéria orgânica. Assim, o solo 
pode ser considerado material contendo partículas unitárias de vários tamanhos. A mistura de 
partículas sólidas de diferentes tamanhos condiciona a existência de um volume de poros no 
solo. 
6 
 
Um dos atributos de solos mais importantes para diversos fins é a CTC, que representa 
a quantidade total de cátions (Ca2+, Mg2+, K+, H+, Al3+) que um solo é capaz de reter por 
unidade de volume (em pH 7,0). 
A capacidade de troca iônica dos solos representa, portanto, a graduação da 
capacidade de liberação de vários nutrientes, favorecendo a manutenção da fertilidade por um 
prolongado período e reduzindo ou evitando a ocorrência de efeitos tóxicos da aplicação de 
fertilizantes. Se a maior parte da CTC do solo está ocupada por cátions essenciais como Ca2+, 
Mg2+ e K+, pode-se dizer que esse é um solo bom para a nutrição das plantas. Por outro lado, 
se grande parte da CTC está ocupada por cátions potencialmente tóxicos como H+ e Al3+ este 
será um solo pobre. Um valor baixo de CTC indica que o solo tem pequena capacidade para 
reter cátions em forma trocável; nesse caso, não se devem fazer as adubações e as calagens em 
grandes quantidades de uma só vez, mas sim de forma parcelada para que se evitem maiores 
perdas por lixiviação. 
A seguir, são apresentados atributos pertinentes à CTC, alguns determinados em 
laboratório e outros calculados. 
a) Determinações de laboratório 
Soma de bases (SB) = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+ (**) 
**O sódio (Na) pode ser ignorado em regiões úmidas e distantes do mar. 
Acidez total a pH 7,0: H + Al3+ 
Acidez trocável: Al3+ 
b) Atributos calculados 
Capacidade de troca de cátions (CTC) = SB + (H + Al3+) 
Capacidade de troca de cátions efetiva (CTCef) = SB +Al
3+ 
A CTC é ocupada por uma parte ácida (H + Al3+) e uma parte básica (SB). Um 
conceito muito prático é o de saturação por bases (V%), utilizado na calagem, calculado por: 







CTC
SB
V
*100
 
A saturação por bases (V%) expressa a parte da CTC ocupada por Ca, Mg e K. Ela é 
um excelente indicativo das condições gerais de fertilidade do solo, sendo utilizada até como 
complemento na nomenclatura dos solos. Os solos podem ser divididos de acordo com a 
saturação por bases: solos eutróficos (férteis) = V%≥50%; solos distróficos (pouco férteis) = 
V%<50%. Um índice V% baixo significa que há pequenas quantidades de cátions, como Ca2+, 
Mg2+ e K+, saturando as cargas negativas dos coloides e que a maioria delas está sendo 
neutralizada por H+ e Al3+. 
7 
 
A maioria das culturas apresenta boa produtividade quando no solo é obtido valor V% 
entre 50 e 80% e valor de pH entre 6,0 e 6,5. 
Outro conceito útil é o da saturação por alumínio (m%), que é a porcentagem da CTC 
ocupada por Al. E é diretamente usada para diagnosticar se há necessidade de aplicação de 
gesso em solo. O cálculo 








AlSB
Al
m
*100
 
4. INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE DE SOLO (Raij, 2011) 
A análise de solo fornece as bases para estabelecer as quantidades a aplicar de calcário 
e nutrientes, objetivando não somente elevar ou manter os teores dos elementos no solo em 
faixas adequadas, mas também obter retorno econômico o mais favorável possível. Para isso, 
existem tabelas, preparadas por regiões, com recomendações de correção e adubação 
estabelecidas com base na análise de solo. 
Em São Paulo, a partir de 1996, a publicação que estabeleceu critérios de interpretação 
da análise de solo foi a segunda edição do Boletim Técnico nº 100 do IAC (Raij et al., 1996). 
a) Nitrogênio 
Para o estado de São Paulo, não se tem um critério confiável de recomendação de 
adubação nitrogenada com base na análise do solo. Neste caso, para diversas culturas anuais, 
atualmente é adotado o critério de classes de resposta esperada, associado às recomendações 
por produtividade esperada, deve resultar em adubações mais coerentes com as necessidades 
em cada situação. Para algumas culturas perenes, as classes de resposta esperada ao nitrogênio 
são estabelecidas com base em resultados de teores foliares deste elemento. 
b) Fósforo e potássio 
Os resultados de P e K são divididos em cinco classes de teores e o fósforo para quatro 
grupos de culturas, com exigências crescentes de disponibilidade de P (Quadro 1). 
 
Fonte: Raij e outros (1996, p.9). 
c) Acidez 
8 
 
Os parâmetros relacionados à acidez dos solos, pH e saturação por bases, apresentam 
estreita relação entre si para amostras retiradas da camada arável (Quadro 2). 
 
Fonte: Raij e outros (1996, p.9). 
 
d) Micronutrientes 
Na interpretação da análise química de micronutrientes no solo é importante utilizar 
extratores adequados para avaliar sua disponibilidade (Quadro 4). 
 
Fonte: Raij e outros (1996, p.9). 
 
9 
 
5. REPRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES (Raij, 2011) 
A representação de análises de solos, folhas corretivos e fertilizantes é feita seguindo 
o Sistema Internacional de Unidades (SI). 
5.1. Unidades de representação dos resultados de análises 
a) Solos 
Os resultados de cátions trocáveis, tais como cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), potássio 
(K+), sódio (Na+), alumínio (Al3+), acidez total a pH 7,0, SB, CTC e enxofre (SO4
2-) são 
expressos em mmolc/dm
3. 
Os resultados de fósforo e dos micronutrientes zinco, ferro, manganês, cobre e boro 
são apresentados em mg/dm3. 
Os resultados de matéria orgânica são apresentados em g/dm3. 
A saturação por bases (V) e a saturação por alumínio (m) são expressas em 
porcentagem (%). 
b) Folhas 
A porcentagem (%) deixou de ser usada para macronutrientes, sendo substituída por 
g/kg. 
5.2. Conversão de unidades 
As representações antigas podem ser convertidas nas atuais levando-se em conta as 
relações apresentadas na tabela abaixo. 
Tabela. Fatores de conversão de unidades antigas em unidade dos SI. 
 
Fonte: Baseada em Cantarella, Andrade e Raij (2001). 
 
10 
 
6. ACIDEZ DO SOLO E CALAGEM 
6.1. Introdução 
A primeira pergunta que se faz quando se trata desse assunto é: POR QUE FAZER 
CALAGEM? A resposta é simples: por que os solos são ácidos. Existem duas soluções para o 
problema: adaptar o solo à planta ou vice-versa. Adaptar geneticamente a planta às condições 
do ambiente é interessante, porém demanda tempo e é assunto específico de outras disciplinas. 
Assim a utilizaçãodos corretivos de acidez do solo, torna-se imprescindível à produção 
agrícola, sendo o investimento que maior retorno proporciona, quando comparado à aplicação 
de outras tecnologias (irrigação, sementes melhoradas, tratamento fitossanitário e mesmo a 
adubação). 
Outro motivo para se utilizar esse insumo é que, dos recursos minerais brasileiros, o 
calcário é o mais abundante. 
6.2. Infertilidade dos solos ácidos 
Reação do solo é o grau de acidez ou de alcalinidade de um solo. Um solo que possui 
pH menor que 7,0 apresenta reação ácida, já solos com pH>7,0 apresentam reação alcalina. 
Efeitos da reação do solo 
Do que foi apresentado, pode-se concluir que a reação do solo (ácida, neutra ou 
alcalina) é dada pelas proporções de H+ e OH- na solução do solo. O pH afeta direta e 
indiretamente o crescimento e a produção vegetal. 
a) Disponibilidade de nutrientes 
 
Figura 3. Efeito do pH na disponibilidade dos nutrientes e na solubilidade do alumínio no solo 
(Malavolta, 1985). 
11 
 
A disponibilidade de nutrientes interfere a saturação por bases (Figura 4). 
 
Figura 4. Relação entre pH e porcentagem de saturação por bases de 85 amostras de solos do 
estado de São Paulo (Catani e Gallo, 1955). 
 
A grande maioria dos solos brasileiros apresenta reação ácida, o que confere 
características desfavoráveis ao desenvolvimento das plantas, daí sua infertilidade. Dentre 
essas características, pode-se destacar: 
a) Pobreza em bases trocáveis (K, Ca e Mg) 
b) Baixa capacidade de troca catiônica (CTC) 
c) Teores elevados de alumínio trocável (tóxico) 
d) Níveis tóxicos de manganês (Mn) 
e) Alta capacidade de fixação de fósforo (P) 
f) Baixa disponibilidade de molibdênio (Mo) 
g) Condições inadequadas à vida microbiana, etc. 
6.3. Origem da acidez do solo (Raij, 2011). 
O solo será tanto mais ácido quanto menor a parte da CTC ocupada por cátions básicos 
(Ca, Mg, K e Na). A acidificação do solo consiste na remoção desses cátions do complexo de 
troca catiônica, substituindo-os por alumínio trocável e hidrogênio. 
Há solos naturalmente ácidos devido à pobreza em bases do material de origem ou a 
processos pedogenéticos que favoreceram as perdas de elementos básicos, como potássio (K), 
cálcio (Ca) e magnésio (Mg). 
Outros não são naturalmente ácidos. Em qualquer um dos casos, o processo de 
acidificação se inicia ou se acentua devido à remoção de cátions trocáveis da superfície dos 
colóides. 
12 
 
O processo de acidificação do solo pode ser simplesmente representado por uma 
remoção de cátions básicos do solo e entrada de cátions “ácidos” (H+ e/ou Al3+) nos seus 
lugares. 
A acidificação em termos de fase sólida significa que as cargas negativas do solo vão 
sendo saturadas por H+ e/ou Al3+, o que leva a diminuição do índice de saturação por bases 
(V%). Na verdade, o que se tem é a remoção de bases da solução do solo e a adição de íons H+ 
nesta mesma solução. 
6.3.1. Remoção de bases da solução do solo 
A remoção de bases da solução do solo se dá principalmente por meio de: 
a) Lixiviação 
Com as chuvas ou irrigação forte, desde que ocorram condições para percolação de 
água, ocorrerá arrastamento de cátions na água que percola (portanto ocorrerá lixiviação). 
Esses cátions saem acompanhando ou “arrastados” por ânions da solução. 
b) Remoção pelas colheitas 
Ao absorverem os cátions nutrientes, as plantas estão concorrendo para a acidificação 
do solo. No caso de culturas, a quantidade removida vai depender do tipo de cultivo, do 
sistema de colheita, do tempo que a cultura fica no campo, etc. 
6.3.2. Aumento de H+ na solução 
O balanço entre a liberação de prótons (H+) e sua assimilação por diferentes processos 
deixa a quantidade de íons H+ livres, os quais acidificam o solo. 
Uma das reações químicas mais importantes relacionadas à liberação de prótons (H+) 
no solo é a nitrificação do íon amônio (NH4
+): proveniente da mineralização da matéria 
orgânica ou da adição de fertilizantes nitrogenados amoniacais, consiste na oxidação do N- 
NH4
+ realizada por bactérias, conforme a reação resumida: 
NH4
+ + 2 O2  NO3
- + H+ + H2O 
A acidificação do solo ocorrerá com maior intensidade quanto maior for a entrada de 
H+ nas posições de troca dos cátions removidos dos coloides do solo. (Vitti e Domeniconi, 
2010). 
Com a remoção de bases e ganho de H+, irá ocorrer a acidificação do solo. A 
intensidade da acidez desenvolvida dependerá do seguinte: 
a) Da quantidade de água que percola 
13 
 
Quanto mais intensa e maior a percolação, maior a lixiviação e, com isso, maior acidez 
desenvolvida. A quantidade de água que percola depende não só do volume de água que chega 
ao solo, como também da sua permeabilidade. 
b) Da quantidade de resíduos orgânicos deixados ou levados ao solo 
Quanto maior a quantidade de resíduos orgânicos deixados ou levados ao solo, maior 
a acidificação, pois na decomposição desses resíduos ocorre a formação de ácidos orgânicos e 
inorgânicos e, consequentemente, quanto maior a quantidade de material que for decomposto, 
maior a produção de ácidos. 
c) Do tipo e quantidade de fertilizante mineral empregado 
Existem fertilizantes que quando colocados no solo provocam acidificação. Usando 
como exemplo o sulfato de amônio, verifica-se que esse fertilizante, através da nitrificação, 
promove o aparecimento de H+, conforme a reação simplificada a seguir: 
NH4
+ + O2  NO3
- + 2H+ + H2O 
Também com a lixiviação de NO3
- e remoção das bases, ocorre acidificação. 
Na maioria dos sistemas agrícolas produtivos, a adubação nitrogenada tem sido 
apontada como a principal responsável pelo processo de acidificação do solo, porque os 
fertilizantes contendo amônio ou ureia, que gera amônio por sua hidrólise, são frequentemente 
usados como fontes de nitrogênio. Considerando o sistema de produção, a magnitude da 
acidificação gerada pela adubação nitrogenada pode variar de acordo com o grau de acidez e o 
tipo de solo, a fonte e a dose de nitrogênio empregadas e a periodicidade da aplicação de 
nutriente. Assim, maior cuidado com o controle da acidez do solo, por meio de calagem, será 
necessário quanto maior a dose e a frequência da aplicação de fertilizantes nitrogenados. (Vitti 
e Domeniconi, 2010). 
d) Uso de calcário 
O calcário controla a acidez e daí, em função da quantidade, da qualidade e da 
frequência de aplicação, tem-se uma maior ou menor acidificação. 
e) Poder tampão do solo 
Quando se neutraliza H+ da solução, a fase sólida os repõe, liberando H+ de reserva. 
Tem-se então uma resistência à mudança de pH. A essa resistência denomina-se poder tampão 
do solo. 
O poder tampão é responsável tanto por uma resistência na correção da acidez do solo 
quanto na sua acidificação. 
 
 
14 
 
6.4. Correção da acidez do solo (Souza e Lobato, 2004) 
A correção da acidez superficial e subsuperficial se faz necessária para obter maiores 
produtividades das culturas e maior eficiência no uso da água e nutrientes. Para essa correção, 
o insumo mais barato utilizado para a camada superficial (ou camada arável) do solo é o 
calcário (Figura 5a) e para a camada subsuperficial é o gesso agrícola (Figura 5b). 
 
Figura 5. Exemplos de calcário dolomítico (a) e gesso agrícola (b) 
A prática mais utilizada para correção da acidez na camada arável (0 a 20 cm) do solo 
é a calagem. Para tanto, os materiais mais empregados são rochas calcárias moídas, 
constituídas por mistura de minerais, como a calcita e a dolomita, que são constituídos por 
carbonato de cálcio (CaCO3) e/ou carbonato de magnésio (MgCO3), cujos constituintes 
neutralizam a acidez, fornecendo Ca e Mg. São menos usadas rochas calcárias calcinadas, que 
contém óxidos de cálcio (CaO) e de magnésio (MgO), e os silicatos de cálcio e de magnésio, 
que serão estudados em capítulo separadamente (Vitti e Domeniconi, 2010) 
Os principais benefícios da calagem são: 
1) Adicionar Ca e Mg ao solo, e todos os reflexos doaumento da disponibilidade desses 
nutrientes; 
2) Diminuir a toxidez do alumínio, manganês e eventualmente o ferro; 
3) Diminuir a lixiviação de Ca, Mg e K; 
4) Diminuir a fixação do fósforo; 
5) Elevar o pH, com consequente aumento da disponibilidade de nutrientes: N, P, K, S, 
Mg, Ca e Mo; 
6) Melhorar o aproveitamento dos fertilizantes aplicados. 
(a) (b) 
15 
 
6.5. Mecanismos de neutralização da acidez pelo calcário (Vitti e Domeniconi, 2010) 
A pequena dissolução dos carbonatos (CaCO3 e MgCO3), que ocorre em presença 
de água (H2O) e gás carbônico (CO2), é suficiente para desencadear uma série de reações, 
representadas a seguir, que resultam na neutralização da acidez do solo: 
CaCO3 + H2O  Ca
2+ + HCO3
- + OH- 
a) HCO3- + H+  CO2 + H2O 
b) OH- + H+  H2O 
c) Al3+ + 3 OH-  Al (OH)3 (precipita) 
A hidroxila (OH-) reage com o íon H+ da solução do solo, formando água (H2O). O 
bicarbonato (HCO3
-) reage também com o H+, originando CO2 e H2O. 
É importante destacar que a neutralização da acidez ocorre por meio dos ânions (OH- 
e HCO3
-), que são os receptores de prótons (H+), sem os quais a eliminação da acidez não seria 
possível. 
À medida que as reações se processam, o Ca e Mg do corretivo vão ocupando os 
pontos de troca onde estavam o alumínio e o hidrogênio. 
Para que o calcário produza os efeitos desejáveis, é necessário haver umidade 
suficiente no solo para sua reação. 
A velocidade de reação do calcário depende do grau de acidez do solo, da 
granulometria do corretivo e do grau de intimidade da mistura do calcário com o solo (Raij, 
2011). 
 
16 
 
6.6. Corretivos de acidez do solo (Alcarde, 2005) 
O sucesso da prática da calagem depende fundamentalmente de quatro fatores: da 
dosagem adequada, do produto (ou melhor, das características do corretivo utilizado), da 
localização correta de aplicação e da época adequada (para reação do calcário). 
A dosagem adequada é estabelecida com base na análise de solo, sobre a qual se aplica 
um critério técnico de recomendação da dose. Quanto ao produto, atualmente dispõe-se de 
diversos tipos de corretivos de acidez com características e efeitos diferentes; é necessário 
conhecê-los para se proceder à escolha do produto mais conveniente a cada situação agrícola. 
Finalmente, esses cuidados referidos, isto é, dosagem adequada e corretivo mais conveniente, 
podem ser total ou parcialmente comprometidos por uma aplicação mal feita, o que, a bem da 
verdade, tem sido bastante comum. E por aplicação bem feita de corretivos entende-se 
distribuição e incorporação do produto ao solo bem executadas. 
Corretivos da acidez dos solos são produtos capazes de neutralizar (diminuir ou 
eliminar) a acidez dos solos e ainda carrear nutrientes vegetais ao solo, principalmente cálcio 
e magnésio (Alcarde, 1992). 
Há uma série de materiais que podem ser utilizados como corretivos, entretanto os 
principais são: óxidos, hidróxidos, silicatos e CARBONATOS. O carbonatos são os mais 
utilizados pois são encontrados em maiores quantidades e por isso são mais baratos. 
Classificação dos corretivos de acidez 
Os corretivos de acidez são classificados como: 
a) Calcário: pode ser tradicional, filler ou calcinado. 
Calcário tradicional é o produto obtido pela moagem da rocha calcária. Seus 
constituintes são carbonato de cálcio (CaCO3) e carbonato de magnésio (MgCO3). 
Calcário Filler é a matéria-prima obtida através da moagem fina de calcário, basalto, 
materiais carbonáticos, etc. O calcário libera Ca2+, Mg2+ e CO3
2-; a base química, isto é, 
o componente que proporciona a formação de OH- é o CO3
2- (e posteriormente o HCO3
-
); o CO3
2- é uma base fraca, isto é, a reação de formação de OH- é relativamente lenta e 
parcial; e o OH- produzido neutralizará o H+ da solução, responsável pela sua acidez. 
Calcário calcinado é produto obtido industrialmente pela calcinação parcial do calcário. 
Apresenta-se na forma de pó fino. Sua ação neutralizante é devida à base forte OH- e a 
base fraca CO3
2-. 
 
b) Cal virgem agrícola: produto obtido industrialmente pela calcinação ou queima 
completa do calcário. Seus constituintes são o óxido de cálcio (CaO) e o óxido de magnésio 
17 
 
(MgO) e se apresenta como pó fino. A cal virgem libera Ca2+, Mg2+, OH- e calor; a liberação 
de OH- é imediata e total, o que confere à cal virgem o caráter de base forte; e o OH- produzido 
neutralizará o H+ da solução do solo, responsável pela sua acidez. 
c) Cal hidratada agrícola ou cal extinta: produto obtido industrialmente pela 
hidratação da cal virgem. Seus constituintes são o hidróxido de cálcio - Ca(OH)2 - e o hidróxido 
de magnésio - Mg(OH)2 - e também se apresenta na forma de pó fino. A ação neutralizante da 
cal hidratada é muito semelhante à da cal virgem: a cal virgem “se hidrata” no solo utilizando 
água nele contida, enquanto a cal hidratada é hidratada industrialmente. 
d) Escória básica de siderurgia (Wutke & Gargantini, 1962): subproduto da 
indústria do ferro, do aço e papel. Seus constituintes são o silicato de cálcio (CaSiO3) e o 
silicato de magnésio (MgSiO3) ação neutralizante da escória é muito semelhante à do calcário: 
neste caso, a base química é o SiO3
2- que também é fraca, mas é mais forte que a base CO3
2-. 
e) Carbonato de cálcio: produto obtido pela moagem de margas (depósitos terrestres 
de carbonato de cálcio), corais e sambaquis (depósitos marinhos de carbonato de cálcio, 
também denominados de calcários marinhos). Sua ação neutralizante é semelhante à do 
carbonato de cálcio dos calcários. 
Observações: 
• conforme foi mostrado, uma base é considerada forte ou fraca pela intensidade com 
que coloca o OH- no meio: uma base forte coloca, de imediato, todos os seus OH- no meio, 
enquanto uma base fraca, devido o equilíbrio químico, coloca mais lentamente e em pequenas 
quantidades; 
• pela ação neutralizante dos corretivos de acidez, fica claro que o cálcio e o magnésio 
não são neutralizantes; são nutrientes de plantas. As bases químicas efetivas são CO3
2-, OH- e 
SiO3
2-. Isso significa que carbonatos, hidróxidos e silicatos solúveis corrigem a acidez, como 
BaCO3, Li(OH), Na2SiO3, mas não são corretivos da acidez dos solos. Devido à existência, 
em abundância, de materiais que associam essas bases químicas aos nutrientes cálcio e 
magnésio, estes são os indicados para corrigir a acidez “dos solos”, ou seja, são os corretivos 
da acidez dos solos. 
 
 
18 
 
6.7. Qualidade dos calcários para correção de acidez 
A qualidade do corretivo é função do teor de neutralizante e do tamanho das partículas 
que compõem o calcário. 
a) Teor de neutralizante: quanto maior o conteúdo de carbonato de cálcio (CaCO3) e/ou 
carbonato de magnésio (MgCO3), maior será seu efeito sobre a acidez, ou seja, maior será 
seu poder de neutralização (PN) e portanto, maior será a qualidade do corretivo. 
b) Tamanho das partículas: ou granulometria do material, interfere na reatividade do calcário. 
Quanto menor a partícula, maior será a superfície de exposição da rocha e, 
consequentemente, maior será a reatividade. 
A neutralização da acidez deve levar em conta o teor de neutralizante do corretivo e o 
tamanho das partículas (granulometria). Assim a eficiência dos calcários tem sido feita com 
base no poder de neutralização total (PRNT). 
O PRNT é o poder relativo neutralizante total, e é composto pelo PN (poder 
neutralizante) e pela RE (reatividade das partículas): 







100
)*(
(%)
REPN
PRNT 
O PN indica o potencial químico do corretivo em neutralizar a acidez, já a RE indica 
a velocidade de ação do corretivo na correção da acidez do solo. 
Entretanto, os corretivos, assim como os fertilizantes, são comercializados com base 
em sua concentração de “óxidos” (CaO e/ou MgO), apesar de, na maioria das vezes, o princípio 
ativo ser o carbonato (CaCO3 e/ou MgCO3). Desse modo: 
PN = Eq.CaCO3 = (1,79 * CaO) + (2,48 * MgO) 
A reatividadedas partículas (RE) é muito afetada pela textura do material, com 
partículas de menor tamanho reagindo mais rapidamente. Assim, atribui-se diferentes 
reatividades a diferentes frações granulométricas. A reatividade (RE) de um corretivo deve ser 
calculada por: 
RE = 0,2*x + 0,6*y + z 
Sendo: 
RE = Reatividade do corretivo 
x = porcentagem do material retido na peneira 20; 
y = porcentagem do material retido na peneira 50; 
z = porcentagem do material que passa na peneira 50. 
O material retido na peneira nº 10 não é considerado no cálculo de RE. 
 
19 
 
6.8. Cálculo do PRNT 
a) Características do corretivo A: 
CaO = 25% 
MgO = 16% 
- retido na peneira ABNT nº 10  1% (reatividade zero) 
- passou na peneira 10 e reteve na 20  10% (reatividade 10%) 
- passou na peneira 20 e reteve na 50  39% (reatividade 60%) 
- passou na 50 ---------------------------- 50% (reatividade 100%) 
 
PN = (1,79 * CaO) + (2,48 * MgO) 
PN = (1,79 * 25) + (2,48 * 16) = 44,75 + 39,68 = 84,43  PN = 84,43% 
 
 RE = 0,2*x + 0,6*y + z 
RE = (10*0,20) + (39*0,60) + (50) = 2 + 23,4 + 50  RE = 75,4% 
 
%0,64
100
)4,75*43,84(
100
)*(
(%) 












REPN
PRNT
 
b) Características do corretivo B: 
CaO = 40% 
MgO = 10% 
- retido na peneira ABNT nº 10  0% 
- passou na peneira 10 e reteve na 20  7% 
- passou na peneira 20 e reteve na 50  23% 
- passou na 50 ---------------------------- 70% 
Calcular o PRNT desse corretivo. (=82,0%) 
Considerando os 2 exemplos dados, num período de 3 meses, para as mesmas 
condições, 64% do calcário A reagiu, ou seja, em 1 tonelada de calcário aplicado, 640 kg de 
calcário reagiu. Já o para o calcário B, 82% reagiu em 3 meses. Assim, em culturas que precisa 
de uma neutralização rápida (como em hortaliças), utiliza-se calcários com PRNT mais 
elevados. 
PRNT 45% --------------------------------------60-70%-----------------------------------------130% 
-pastagem culturas anuais hortaliças 
-cultura perene 
(maior efeito residual) 
20 
 
6.9. Métodos de recomendação de calagem 
Necessidade de calagem é a quantidade de corretivo necessária para neutralizar a 
acidez do solo de uma condição inicial até uma condição desejada. A condição desejada 
depende do objetivo que se pretende atingir, do método utilizado e do comportamento das 
culturas em relação à acidez. Há vários métodos de recomendação de calcário em uso no Brasil. 
Vamos nos restringir aos três principais: 
a) Critério baseado na eliminação do Al-trocável e elevação dos teores de Ca e Mg 
(Quaggio, 1983). 
NC (t/ha) = Al * 1,5 e NC (t/ha) = [(2 ou 3) – (Ca2+ + Mg2+)] *1,5, onde: 
 - 2: quando solo arenoso; 3: quando solo argiloso; NC = necessidade de calcário 
Os dois critérios foram muito utilizados em São Paulo, concomitantemente, adotando-
se a recomendação de maior valor. É um método inadequado pois a calagem visa neutralizar 
além do Alumínio, mas sim parte da acidez devida ao H+ não dissociado, de forma a elevar o 
pH e/ou V%. 
 
b) Método do Tampão SMP (Shoemaker et al., 1961). 
Método usado nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 
Por esse método, o pH determinado em suspensão do solo com a solução tampão SMP, 
ou pHSMP, permite estabelecer diretamente as quantidades de calcário a aplicar com base em 
valores calculados ou tabelados. A tabela é construída com base em uma coleção de solos da 
região, estabelecendo-se a relação entre os valores de pH (SMP) e a necessidade de calcário 
para elevar o pH do solo a 6,0. 
c) Métodos baseado na elevação da saturação por bases (Raij, 1996). 
Preconiza a elevação da saturação por bases a valores pré-estabelecidos para 
diferentes culturas, de acordo Raij (1991) e Raij e outros (1996) pela com a seguinte fórmula: 





 

10*
*)12(
)/(
PRNT
CTCVV
hatNC
 
Onde: 
NC é a necessidade de calcário em toneladas por hectare (t/ha) 
V1 é a saturação por bases do solo 
V2 é a saturação por bases desejada, em função da cultura 
CTC (ou T) é a capacidade de troca catiônica do solo 
PRNT é o fator de correção, que leva em conta a qualidade do corretivo 
VANTAGENS: Facilidade dos cálculos e flexibilidade para diferentes culturas. 
21 
 
 
Amostra 
pH M.O P resina K Ca Mg (H+Al) Al SB CTC V 
 g.dm-3 mg.dm-3 mmolc.dm-3 % 
1 4,4 12 17 1,8 11 3 36,9 1 15,8 52,7 30 
2 4,9 6 13 2,1 4 1 34 1 
P1 (0-10) 5,2 20 7 0,4 17 6 18 0 
P1 (20-40) 4,8 16 5 0,2 10 3 27 1 
P2 (0-10) 5,2 19 5 0,4 16 6 19 0 
P2 (20-40) 4,8 16 4 0,2 5 4 20 1 
P3 (0-10) 5,1 21 6 0,4 12 7 22 1 
P3 (20-40) 4,8 20 4 0,3 5 4 22 2 
 
1. Calcule e dê a recomendação da necessidade de calcário para o solo da Amostra 1 da 
análise de solo acima, sabendo-se que a cultura a ser cultivada será o milho (V2 = 70%) e 
que o PRNT do calcário utilizado é igual a 65%. 
hat
PRNT
CTCVV
hatNC /2,3
10*65
7,52*)3070(
10*
*)12(
)/( 




 





 

 
Recomendação: Aplicar em área total, 90 dias antes da semeadura do milho, 3,2 t/ha de 
calcário, incorporando ao solo. Observação: se o PRNT do corretivo for diferente do indicado, 
o cálculo deverá ser refeito. 
2. Calcule e dê a recomendação da necessidade de calcário para o solo da Amostra 2 da 
análise de solo acima, sabendo-se que a cultura a ser cultivada será a soja (V2 = 80%) e 
que o PRNT do calcário utilizado é igual a 80%. 
 
 
22 
 
6.10. Classificação e escolha dos calcários (Raij, 2011) 
Os calcários terão a seguinte classificação quanto ao Óxido de Magnésio (MgO): 
- Calcítico: teor de MgO do calcário for menor que 5% (cinco por cento); 
- Dolomítico: teor de MgO do calcário maior que 5% (cinco por cento). 
Escolha do Tipo de Calcário 
A escolha do tipo de calcário calcítico ou dolomítico deverá ser baseada no teor de 
magnésio no solo e na exigência da cultura quanto ao magnésio. 
a) Para Culturas exigentes em Mg, tais como Hortaliças e Frutíferas e Algodão, o 
teor desse nutriente no solo deverá ser igual ou superior a 8,0 (Mg ≥ 8,0 mmolc .dm-3). 
Deste modo, quando o Mg < 8,0 mmolc .dm-3 posiciona-se o Calcário Dolomítico, 
pois ele apresenta maior teor de Magnésio em sua composição. 
Quando Mg > 8,0 mmolc .dm-3 posiciona-se o Calcário com menor concentração de 
Magnésio, ou seja, o calcítico. 
b) Para Culturas anuais e perenes, o teor desse nutriente no solo deverá ser igual 
ou superior a 5,0 (Mg ≥ 5,0 mmolc .dm-3). 
Deste modo, quando o Mg < 5,0 mmolc .dm-3 posiciona-se o Calcário Dolomítico, 
pois ele apresenta maior teor de Magnésio em sua composição. 
Quando Mg > 5,0 mmolc .dm-3 posiciona-se o Calcário com menor concentração de 
Magnésio, ou seja, o calcítico. 
 
 
23 
 
6.11. Aplicação do calcário no solo 
Para o cálculo da calagem, também se deve considerar o suprimento de magnésio, 
garantindo o mínimo de 4 mmolc/dm
3 de solo para a maioria das culturas, ou 8 mmolc/dm
3 para 
as culturas mais exigentes, tais como banana, algodão, café, citros, etc. 
Em sistemas de rotação, a calagem deve ser preconizada para a cultura de maior 
exigência. Se uma cultura menos exigente for cultivada primeiro, podem ser aplicadas 
quantidades menores, com complementação antes da cultura mais exigente. É importante 
aplicar micronutrientes para evitar efeitos depressivos da calagem. 
a) Antecedência do plantio 
A antecedência na aplicação do calcário é função de sua capacidade de reagir. 
Calcários comuns: devem ser aplicados com 90 dias antes da semeadura ou plantio, 
devido a sua baixa solubilidade. 
Calcários calcinados: podem ser aplicados com antecedência de até 30 dias, pois são 
mais reativos. 
b) Modo de aplicação 
O modo de aplicação varia com a cultura e sistema de cultivo: 
Culturas anuais: 
No plantio convencional, recomenda-se a aplicação a lanço em área total (Figura 6a) e 
incorporação do calcário até 20 cm de profundidade (Figura 6b). O calcário deve ser 
incorporado devido a sua baixa mobilidadeno solo. Portanto, a incorporação promove um 
maior contato com o solo. 
 
Figura 6. Aplicação a lanço de calcário (a) e sua incorporação (b) em áreas agrícolas. 
 
 
 
(a) (b) 
24 
 
Culturas perenes – implantação: deve ser a mesma para culturas anuais. 
Em pomares já formados: aplicar sob a saia das plantas, também chamada de aplicação 
em faixa dos corretivos, na área adubada, evitando a incorporação. Para tanto, utilizam-se 
aplicadores a lanço, porém providos de dispositivo específico para o direcionamento do 
produto em faixa. Tal dispositivo, chamado direcionador, pode regular a largura da faixa bem 
como a posição de colocação do produto. Os fabricantes de equipamentos dispõem desse 
acessório para oferecer aos produtores. (Luz e Otto, 2010). 
 
Pastagens – implantação: deve ser a mesma para culturas anuais. 
Pastagens já formadas: deve-se rebaixar o pasto e depois aplicar em área total (não 
incorporar). 
 
Em sistemas conservacionistas de cultivo: como o de semeadura direta e cultivo 
mínimo, o calcário é aplicado na superfície do solo sem incorporação. Para evitar abaixar 
demasiadamente o pH em superfície e com isso afetar a disponibilidade de nutrientes, 
especialmente os micronutrientes, recomenda-se dividir a aplicação do calcário em 2 ou 3 anos; 
aplicando nesse caso, no máximo 2,5 toneladas por hectare de calcário. 
 
Aplicação em sistemas de rotação: Preconizar a cultura de maior exigência. Se uma 
cultura menos exigente for cultivada primeiro, podem ser aplicadas quantidades menores, 
entretanto com complementação antes da cultura mais exigente 
c) Frequência de aplicação 
A frequência da aplicação de corretivos deve ser norteada pela análise de solo. 
Nas áreas de exploração intensiva: acompanhamento da fertilidade deve ser feito todo 
ano. 
Nas áreas com exploração moderada: a cada 3 a 5 anos. 
A aplicação anual de doses de calcário acima de 4t/ha deve ser evitada, não só por ser 
economicamente inviável, mas também devido a mudanças drásticas nas propriedades 
químicas do solo. Em casos onde haja necessidade, deve-se dividir a aplicação em 2 ou 3 anos. 
 
Dose máxima de aplicação de calcário 
Aplicação anual de doses de calcário acima de 4t/ha deve ser evitada, por ser 
economicamente inviável, promover mudanças drásticas nas propriedades químicas do solo. 
Neste caso, parcelar a aplicação em 2 ou 3 ANOS. 
25 
 
7. ACIDEZ SUBSUPERFICIAL DO SOLO 
7.1. Uso do gesso na agricultura 
As raízes d maior parte das plantas cultivadas não se desenvolvem bem em solos ácidos, 
por duas razões principais: excesso de alumínio ou deficiência de cálcio. 
Os solos podem apresentar problemas de acidez subsuperficial, ou seja, abaixo da 
camada arável (0 a 20 cm), e a incorporação profunda de calcário para controlar essas condições 
nem sempre é viável na lavoura. Assim, camadas mais profundas do solo, abaixo de 25 a 40 
cm, podem continuar com excesso de alumínio tóxico, associado ou não à deficiência de Ca, 
mesmo que se tenha efetuado calagem adequada. 
Consequência: as raízes da maioria das espécies cultivadas iriam desenvolver-se apenas 
na camada superficial do solo. Esse problema aliado à baixa capacidade de retenção de água 
desses solos, podem causar a diminuição na produção das plantas, principalmente nas regiões 
onde é mais frequente a ocorrência de veranicos. 
Gesso Agrícola é originado do ação do ácido sulfúrico sobre a rocha fosfatada, realizada 
com a finalidade de produzir ácido fosfórico, isto quer dizer que o gesso é subproduto da 
fabricação de fertilizantes fosfatados: 
Ca10(PO4)6F2 + 10H2SO4 + 2OH2O  10CaSO4.2H2O + 6H3PO4 + 2HF 
Para cada tonelada de ácido fosfórico produzido, é separado cerca de 4,5 ton. de gesso. 
O ácido fosfórico obtido por esta reação é usado na fabricação do superfosfato tripo 
(SFT), monoamônio fosfato (MAP) e diamônio fosfato (DAP). Quando se produz o SFS, o 
gesso continua no produto final, sendo esta a principal diferença entre os dois super fosfatos: 
o triplo, mais concentrado, não possui gesso, enquanto o simples, com menor teor de P, o 
possui. 
H2SO4 + Ca10(PO4)6F2  Ca(H2PO4)2 + CaSO4 + 2HF 
 (Super Simples - SSP) 
 
 
26 
 
7.2. Reações simplificadas do gesso no solo 
a) Superfície 
CaSO4.2H2O  CaSO4
0  Ca2+ + SO4
2- 
b) Descida/Deslocamento 
Ca2+ + SO4
2- 
 
c) Reações em profundidade - sub-superfície 
CaSO04  Ca
+2 + SO-24 
Solo Al+3 + Ca+2 Solo-Ca+2 + Al+3solução 
1) Al+3 + SO-24  AlSO
+
4 (solução) (não tóxico) 
2) Al+3 + SO-24 + H2O  AlxOHyH2OzSO4 (K) (precipitado - não tóxico) 
De acordo com a reação (1), o Al na forma tri-valente (tóxica) reage com o SO-24, 
modificando a espécie iônica do Al. 
O gesso não corrige a acidez e nem tampouco diminui o Al+3 trocável do solo. A 
função do gesso é alterar a forma iônica do Al (tri-valente e mais tóxica) para uma forma menos 
tóxica. 
7.3. Utilização do gesso em mistura com calcário 
Pode-se aplicar gesso juntamente com o calcário sem problemas para nenhum dos 
materiais. Entretanto deve-se ter atenção à umidade dos materiais. 
O gesso não precisa ser incorporado ao solo. O tempo de reação do gesso é menor que 
o do calcário  não há necessidade de esperar meses para semeadura após a aplicação de gesso. 
7.4. Diferenças entre a reação do calcário e do gesso 
O solo tem cargas dependentes de pH. A reação do calcário aumenta a quantidade de 
OH- (> pH), aumenta a CTC (capacidade de troca catiônica), aumenta a quantidade de cargas 
negativas e também aumenta a capacidade do solo em reter bases (K, Mg e Ca). 
Exemplificando as reações do calcário e do gesso no solo: 
Calagem: CaCO3 + H2O  Ca
2+ + HCO3
- + OH- 
Gessagem: CaSO4  Ca
+2 + SO-24 
No caso do calcário o ânion ou íon acompanhante (CO3
-) reage com a água 
transformando-se em CO2, o qual é perdido para a atmosfera. Assim o Ca
+2, não tendo um 
ânion acompanhante irá lixiviar/deslocar menos no perfil, ficando mais retido na superfície de 
troca ou adsorvido pelas argilas, enquanto que o gesso um ânion acompanhante (SO4) que pode 
ser carreado juntamente com o Ca até as camadas mais profundas do solo. 
27 
 
7.5. Alterações nas características químicas do solo com o uso de gesso 
Com a aplicação de gesso no solo: 
- o sulfato movimenta-se para as camadas inferiores acompanhado por cátions (Ca); 
- o teor de Ca e Mg aumenta e reduz a toxidez por alumínio, melhorando o ambiente do solo 
para as raízes desenvolverem; 
- elevação da saturação por bases (V%) nas camadas subsuperficiais, em consequência da 
lixiviação de bases. 
Quando o gesso é aplicado com critério, nas doses recomendadas para cada tipo de solo, 
não se tem observado movimentação de K e Mg no perfil do solo em níveis que possam trazer 
problemas de perdas desses nutrientes. 
A resposta ao gesso agrícola como melhorador do ambiente radicular em profundidade, 
tem sido observada para a maioria das culturas anuais. 
Essas respostas são atribuídas à melhor distribuição das raízes das culturas em 
profundidade no solo (Figura 7), o que propicia às plantas o aproveitamento de maior volume 
de água (Figura 8) e também maior eficiência na absorção de nutrientes. 
 
Figura 7. Distribuição relativa de raízes de milho no perfil de um latossolo argiloso, sem 
aplicação e com aplicação de gesso. Fonte: Souza et al. (1995). 
 
Figura 8. Utilização relativa da lâmina de água disponível no perfil de um latossolo argiloso, 
pela cultura do milho, após um veranico de 25 dias, por ocasião do lançamento de espigas, em 
parcelas sem aplicação e com aplicação de gesso. Fonte: Souza et al. (1995). 
28 
 
7.6.Recomendação de gesso 
Amostragem do solo em sub-superfície, nas camadas 20 a 40cm ou 25 a 50cm ou 30 a 
60cm. 
Aplicar gesso quando na análise, o solo em sub superfície apresentar: 
a) Ca < 4,0 mmolc/dm3 ou 
b) Al3+ > 5,0 mmolc/dm3 ou 
c) m > 20% 
Então se recomenda (Werner et al., 1996):- Culturas anuais: N.G. (kg/ha) = 50 x % argila ou 5,0 x argila (g.kg-1) 
 - Culturas perenes: N.G. (kg/ha) = 75 x % argila ou 7,5 x argila (g.kg-1 
onde: N.G. é a necessidade de gesso em kg/ha. 
- Cana de açúcar e citros: (Vitti et al., 2004): 
N.G. (toneladas/ha) = [(V2 – V1) x CTC]/500 
V2 = saturação por bases desejada em subsuperfície (50%) 
V1 = saturação por bases atual do solo em subsuperfície 
CTC = capacidade de troca catiônica em subsuperfície em mmolc/dm
3 
 
Exemplo: Calcule e dê a recomendação da necessidade de gesso para o solo da análise 
de solo abaixo, sabendo-se que a cultura a ser cultivada será o milho. 
 
Resposta: 
 
 
 
 
 
 
Recomendação: Aplicar ______________(DOSE) de gesso agrícola a lanço em área total, 
pelo menos _________(TEMPO) dias antes da semeadura do ________________ 
(CULTURA), não é necessário incorporação. 
29 
 
8. ADUBOS OU FERTILIZANTES 
8.1. Definição 
“Adubo ou fertilizante é todo material que, melhorando as propriedades físicas, 
químicas e biológicas do solo, concorre para um aumento da produtividade das culturas.” 
(Malavolta, 1967). 
NECESSIDADE DE ADUBAÇÃO .= (PLANTA - SOLO)ƒ 
Onde: 
PLANTA = exigência da planta (Nutrição mineral da planta) 
SOLO - avaliação química do solo (Fertilidade do solo) 
FATOR ƒ = eficiência: ƒ(diversos fatores: Erosão, Fixação, Volatilização, Lixiviação, etc.) 
8.2. Formas absorvidas 
Os nutrientes em condições normais de cultivo são absorvidos pelas plantas nas 
seguintes formas: 
macronutriente absorvido como micronutriente absorvido como 
nitrogênio NO3
- ; NH4
+ boro H3BO3 
fósforo H2PO4
- ; HPO4
2- cloro Cl- 
potássio K+ cobre Cu2+ 
cálcio Ca2+ ferro Fe2+ 
magnésio Mg2+ manganês Mn2+ 
enxofre SO4
2- molibdênio MoO42- 
 zinco Zn2+ 
Fonte: Malavolta (2006); Raij (1983). 
8.3.Formas expressas 
Ao se tratar de fertilizantes, os nutrientes neles contidos são expressos, por convenção, 
nas seguintes formas: 
macronutriente expresso por micronutriente expresso por 
nitrogênio % N boro % B 
fósforo % P2O5 cloro % Cl 
potássio % K2O cobre % Cu 
cálcio % CaO ou %Ca ferro % Fe 
magnésio % MgO ou %Mg manganês % Mn 
enxofre % S molibdênio % Mo 
 zinco % Zn 
Cabe salientar que as formas químicas de P e K nos fertilizantes não são P2O5 e K2O. 
Mas estes óxidos são as unidades tradicionais utilizadas para representar os nutrientes nos 
fertilizantes. Para converter a forma de óxido para a forma elementar utiliza-se os seguintes 
fatores de conversão: P2O5 x 0,437 = P; P x 2,29 = P2O5 ; K2O x 0,830 = K; K x 1,20 = K2O. 
30 
 
8.4. Mecanismos de absorção de nutrientes 
A absorção de nutrientes do solo pelas raízes se dá por três processos: 
a) Interceptação radicular: o sistema radicular ao se desenvolver, encontra-se com os 
nutrientes, podendo absorvê-los. 
b) Fluxo de massa: a água está constantemente sendo absorvida pelas plantas, movendo-se 
para a superfície das raízes e nelas penetrando. 
c) Difusão: devido à absorção de nutrientes, cria-se um gradiente de concentração na solução 
do solo próximo das raízes, com teores mais baixos próximo e mais altos distante dela, 
ocasionando o movimento por difusão dos nutrientes para raiz. 
8.5. Formas de fertilizantes (IPNI, 2012) 
A forma de fertilizantes a se utilizar, frequentemente é uma das primeiras decisões a 
tomar. As formas disponíveis no mercado são: 
a) Fertilizantes simples 
São os que fornecem um ou mais nutrientes primários. Exemplos: uréia, sulfato de 
amônio (SA), superfosfato simples (SS), superfosfato triplo (ST), fosfato diamônio (DAP), 
fosfato monoamônio (MAP), Cloreto de potássio (KCl). 
 
b) Mistura de grânulo 
Consiste em uma combinação de vários fertilizantes granulados. Cada grânulo contém 
um nutriente (Figura 10). São populares porque se compõe com componentes de menor custo 
e são misturadas com equipamentos relativamente simples e baratos. 
Necessita de atenção especial a possibilidade de segregação dos componentes que pode 
ocorrer durante o transporte e distribuição do material (Figura XX). Por exemplo, mistura de 
Uréia, ST e KCl. 
 
Figura 10. Aplicação de grânulos de fertilizante com diâmetros distintos, pela mesma máquina 
aplicadora, evidenciando o efeito de segregação na aplicação no campo (Luz et al., 2010). 
 
 
 
31 
 
c) Mistura granulada (ou fertilizantes compostos) 
É uma mistura de vários nutrientes dentro de uma única partícula sólida (Figura 11). 
 
 
Figura 11. Distribuição dos grânulos de fertilizantes granulados em mistura de grânulos (a) e 
de fertilizantes compostos em mistura granulada (b). 
 
Cada partícula de fertilizante composto proporciona uma mistura de nutrientes que se 
dissolve no solo e elimina a possibilidade de qualquer segregação de partículas durante o 
transporte e a aplicação. É possível uma distribuição uniforme de micronutrientes em toda a 
zona da raiz. 
 
 
Figura 12. Uniformidade de distribuição de mistura de grânulos comparado com a mistura 
granulada: segregação no processo de distribuição (Luz et al., 2014). 
 
(a) (b) 
32 
 
 
d) Fertilizantes de liberação lenta e de liberação controlada 
Podem ser úteis para melhorar a eficiência do uso de nutrientes. Existem vários 
mecanismos para controlar a liberação de nutrientes de uma partícula de nutriente. O mais 
comum é quando de acrescenta uma capa protetora do polímero S a um fertilizante, a fim de 
controlar a dissolução e liberação de nutrientes. A liberação vai desde umas poucas semanas a 
vários meses. 
Outros fertilizantes de liberação lenta podem ter baixa solubilidade ou resistência a 
decomposição microbiana para controlar a liberação de nutrientes. 
O uso desses produtos deve ser específico para as condições de solo, cultivo e ambiente 
para obter o máximo benefício. O N é o nutriente que mais utiliza a liberação controlada. 
Os inibidores biológicos e químicos se agregam aos fertilizantes em algumas situações 
para melhorar ou alterar momentaneamente reações de solo muito específicas. Os inibidores 
de nitrificação são aditivos que retardam a conversão de amônio a nitrato no solo, o que pode 
reduzir a possibilidade de lixiviação do nitrato ou a desnitrificação. 
Outra classe de aditivos são os inibidores de urease, que podem ser utilizados em 
fertilizantes a base de ureia, para atrasar temporariamente sua transformação em amônio 
mediante a inativação da urease, uma enzima comum no solo. Este atraso pode reduzir as 
perdas de nitrato por volatização de amônia para a atmosfera, especialmente quando a ureia é 
aplicada sobre a superfície do solo. 
33 
 
e) Fertilizantes orgânicos 
Os fertilizantes mais antigos, de uso milenar, são chamados fertilizantes orgânicos, por 
vezes, denominados adubos naturais, em razão de sua origem animal ou vegetal (Raij, 2011). 
Os materiais orgânicos são excelentes fontes de macro e micronutrientes para a nutrição 
vegetal. 
Na maior parte dos fertilizantes orgânicos, o N é o nutriente mais importante. Grande 
parte desse N no esterco está presente em compostos orgânicos que devem ser mineralizados 
por microorganismos do solo em amônio ou nitrato, antes de serem absorvidos pelas plantas. 
As taxas de mineralização estão relacionadas com a atividade microbiana, que varia com as 
propriedades da matéria orgânica (relação C:N, conteúdo de lignina, etc.), fatores ambientais 
(temperatura e umidade) e a incorporação da matéria orgânica. A falta de sincronismo entre a 
liberação de N e absorção pela planta pode conduzir a deficiência de N. 
A riqueza em nutrientes do fertilizante orgânico depende da origem do material e de 
seu manuseio. Assim, o esterco de galinha puro, de aves tratada com ração, certamente será 
mais rico do que o esterco de bovinos tratados com capim de baixo valor nutritivo. Além disso, 
a mistura com as chamada “camas”, preparadas com palha ou outros materiais pobres em 
nutrientes, reduzirá o valor do fertilizanteorgânico. Diversos adubos orgânicos, antes de sua 
utilização, necessitam passar por um processo de “cura” ou de humificação, que consiste em 
fermentação aeróbica. Durante o processo, os micro-organismos atacam os compostos 
orgânicos, havendo considerável desprendimento de gás carbônico e calor. Também podem 
ocorrer perdas de N, reduzidas pela adição de superfosfato simples aos adubos, com o que se 
formam fosfatos e sulfatos de amônio. 
São também considerados adubos orgânicos, os chamados adubos verdes, constituídos 
de leguminosas, que fixam o N atmosférico por intermédio de nódulos existentes nas raízes. 
Algumas vezes, gramíneas incluídas em rotação para produzir matéria orgânica, reciclar 
nutrientes do subsolo para a superfície, manter o solo coberto ou, ainda ajudar no controle da 
erosão ou de plantas invasoras, tem sido chamadas de adubos verdes; porém o termo não é 
correto, visto que adubos devem adicionar nutrientes ao sistema, o que não é o caso. 
A vinhaça pode ser considerada um adubo orgânico líquido, obtido como resíduo de 
destilarias de aguardente e álcool. 
Há uma variedade muito grande de adubos orgânicos além dos citados. Além do 
fornecimento de nutrientes, os adubos orgânicos destacam-se por desempenhar papel 
fundamental e muito importante: o fornecimento de matéria orgânica para melhorar as 
propriedades físicas e biológicas do solo. neste caso, eles tem efeito de condicionador de solo. 
 
34 
 
f) Fertilizantes fluidos 
São populares por permitirem a mistura de vários nutrientes em um líquido homogêneo 
e claro que se pode aplicar de forma uniforme no campo. Os fluídos são fáceis de serem 
manejados e são excelentes veículos para numerosos micronutrientes, herbicidas e produtos 
fitossanitários. 
Nem todos os fertilizantes líquidos são compatíveis entre si quando são misturados. 
Os fertilizantes fluidos existem como soluções límpidas, suspensões ou gás liquefeito 
sob pressão (caso da amônia anidra). A representação das fórmulas é a mesma usada para 
adubos sólidos. Porém, há duas maneiras especiais de aplicação de adubos fuidos que 
necessitam de atenção especial: a aplicação foliar e a fertirrigação. 
A aplicação foliar é realizada aspergindo a solução nutritiva sobre as folhas (Figura 
12). Esta técnica pode ser eficaz para superar ou prevenir uma escassez de nutrientes, ou para 
satisfazer períodos de demanda de pico de nutrientes, quando a absorção pelas raízes pode ser 
insuficiente para atender as necessidades da planta. A nutrição foliar geralmente se considera 
como um complemento da absorção de nutrientes através do sistema radicular. Muitos 
materiais de alta solubilidade utilizam fertilizantes foliares para cobrir possíveis deficiências 
de nutrientes. 
 
Figura 12. Aplicação de fertilizantes líquidos na lavora. 
A solução que se pulveriza sobre a superfície das folhas é, em geral, relativamente 
diluída a fim de evitar danos por salinidade. As etiquetas dos produtos devem ser 
cuidadosamente verificadas para levar o máximo benefício nutricional. 
A fertirrigação consiste na aplicação de fertilizantes fluidos com água de irrigação. Os 
nutrientes mais usados são o N e o S. Se realiza com frequência para reduzir mão de obra e 
melhorar a eficiência do uso de nutrientes. Isso pode ser realizado tanto em sistemas de 
irrigação pressurizados (como por gotejamento, microaspersores, pivôs), assim como irrigação 
por sulco. É importante que os nutrientes utilizados para fertirrigação não causem obstrução do 
equipamento de irrigação. Para melhor distribuição, é aconselhável aplicar os adubos depois 
35 
 
de iniciada a irrigação, sendo interrompida a aplicação desses insumos antes de concluída a 
irrigação, que deve ser encerrada com a aplicação apenas de água. Assim evitam-se tanto as 
perdas por lixiviação, quanto a concentração dos adubos muito perto das raízes ou nas folhas 
das plantas (Raij, 2011). 
Existem muitos fertilizantes excelentes que são compatíveis com qualquer tipo de 
sistema de irrigação. É necessário prestar atenção especial ao acrescentar fertilizantes 
fosfatados a água de irrigação que contenha abundantes quantidades de Ca e Mg, para evitar a 
precipitação química e a obstrução dos tubos e emissores. 
 
g) Suspensão de fertilizantes 
Permitem o uso de materiais de solubilidade inferior dos que se podem utilizar com os 
fertilizantes fluidos. 
Podem levar concentrações mais altas de nutrientes. 
Comumente se utiliza algum tipo de agitação no tanque para manter a suspensão bem 
misturada. 
8.6. Cálculo da aplicação de fertilizantes fluidos ou suspensão de fertilizantes 
1) Em uma lavoura de soja de Dourados/MS, será feita aplicação de manganês da forma de 
fertilizante líquido na dosagem de 1 L/ha. O volume total de aplicação (ou volume de 
calda) para uma adequada distribuição do produto é de 120 L/ha. Sabendo-se que a 
capacidade do tanque do aplicador é de 600L, determine quanto de fertilizante líquido 
deverá ser misturado no tanque para tal aplicação. 
Resolução: 
Dosagem do produto = 1 L/ha 
Volume de aplicação: 120 L/ha 
Capacidade do tanque = 600 L 
Produto no tanque = ?? 
120 L de calda --------------1 L de produto 
600 L de calda -------------- X 
 X = 5 L de produto/ tanque de 600 L 
 
 
 
 
36 
 
2) Na Fazenda Boa Vista, localizada em Limeira/SP, pretende-se realizar uma pulverização 
de fertilizante foliar com Ca e B em laranjeiras. O espaçamento entre as plantas é de 3,8 
m x 7,0 m e o volume de calda será de 67 L para pulverizar 7 lados de plantas. 
a) Qual será o volume de calda utilizada para pulverizar 1 ha da cultura? 
Espaçamento entre plantas: 3,8 m x 7,0 m = 26,6 m2 
Volume de calda = 67 L 
Nº de lados pulverizados: 7  cada planta possui 2 lados, então: 
67 L de calda usados para pulverizar 7 lados  3,5 plantas. 
1 ha = 10.000 m2 
26,6 m2 --------------1 planta 
10.000 m2-------------- X 
 X = 376 plantas/ha 
3,5 plantas --------------67 L de calda 
376 plantas -------------- X 
 X = 7197 L de calda/ha 
b) Sabendo-se que a dose do fertilizante foliar é de 100 mL em 100 L de água, e que a 
capacidade do tanque de pulverização é de 2000 L. Qual (i) a quantidade de fertilizante 
a ser aplicado em cada tanque e (ii) a quantidade total de fertilizante foliar a ser 
aplicado em cada hectare de laranjeira (em L/ha)? 
100 L de água --------------100 mL de fertilizante líquido 
2000 L de água -------------- X 
 X = 2 L de fertilizante/ tanque de 2000L 
2000 L de água --------------2 L de fertilizante 
7197 L de água -------------- X 
 X = 7,2 L de fertilizante /ha 
 
3) O Engenheiro Agrônomo da Fazenda Água Branca em Cordeirópolis/SP, ocupada com 
843 laranjeiras plantadas todas no espaçamento 7 m x 3,5 m, pretende fazer uma aplicação 
via foliar de suspensão de fertilizante a base de boro (B), indicada na dosagem de 50 mL 
de produto comercial/100 L de água. O pulverizador será um turbo-atomizador, com 
tanque de 2000L, aplicando para apenas um dos lados da cultura. O Engenheiro Agrônomo 
responsável verificou que o equipamento percorreu a distância ocupada por 20 plantas em 
2 minutos e que a vazão do equipamento, considerada por ele como suficiente, foi de 90 
L/min. Pergunta-se: 
a) Qual o volume de aplicação (L/ha) que está sendo utilizado? 
b) Qual a quantidade de produto comercial a ser utilizada em um tanque (L)? 
c) Quantos litros de produto (suspensão de fertilizante) deverá ser comprado, caso se 
tenha que aplicar em 36ha? 
37 
 
9. ADUBOS NITROGENADOS 
9.1. Introdução 
O nitrogênio é juntamente com o fósforo e o potássio, um macronutriente primário 
das plantas, sendo o mais abundante no tecido vegetal. A exigência das culturas varia de 80 a 
250 kh/ha de adubo nitrogenado por ciclo, entretanto o aproveitamento pelas plantas raramente 
chega a 50% do que foi aplicado. 
Dentre os fertilizantes, os nitrogenadossão os mais caros em termos de energia 
necessária para produzi-los. 
Desse modo, seja pela dinâmica do N no solo, seja pelo alto custo de produção dos 
fertilizantes, o N é um nutriente que merece máxima atenção. 
9.2.Obtenção de adubos nitrogenados (Raij, 2011) 
Os adubos nitrogenados incluem um produto natural, o salitre do Chile, muito usado 
no passado, mas hoje de pouca importância. Retirado de minas de regiões desérticas do Chile, 
esse adubo é constituído principalmente por NaNO3. 
A maior parte dos fertilizantes nitrogenados fabricados no Brasil e em outros países 
utiliza a amônia (NH3) como matéria prima básica, que é obtida do N do ar combinado com o 
hidrogênio, conforme a reação: 
 
 
A molécula de N2 é muito estável sendo portanto necessárias condições bastante 
drásticas para que a reação se processe, incluindo pressão e temperatura elevadas e presença 
de catalizador. Além disso, o gás hidrogênio (H) é outra matéria prima de difícil obtenção, na 
maior parte dos casos fabricado com gás natural ou derivados do petróleo. 
38 
 
 
9.3. Principais adubos nitrogenados 
a) Sulfato de amônio 
Composição: (NH4)2SO4, sendo: 20% de N (amoniacal) e 24% de S (sulfato). 
 
Vantagens: É um adubo de baixa higroscopicidade, contém alto teor de enxofre, não 
sendo superado neste aspecto por nenhum outro fertilizante, exceto pelo enxofre elementar. 
Desvantagens: teor de N relativamente baixo e elevado poder de acidificação do solo: 
(NH4)2SO4 + O2  2 NO3
- + H2O + 4H+ + SO4
2- 
O sulfato de amônio é utilizado principalmente onde se necessita adicionar N e S para 
satisfazer as necessidades nutricionais de plantas. 
Como a parte nitrogenada está presente na forma de amônio, o sulfato de amônio é 
frequentemente utilizado em solos alagados para a produção de arroz, onde os fertilizantes a 
base de nitrato não é uma boa alternativa devido às perdas por desnitrificação. 
 
 
39 
 
b) Nitrato de amônio 
Composição: 34% de N: 
 - ½ na forma N-NO3
- (imediatamente disponível) 
 - ½ na forma N-NH4
+ (mais lentamente disponível) 
 
Vantagem sobre o sulfato de amônio: maior teor de N. 
Desvantagem: produto com alta higroscopicidade (absorve umidade do ambiente 
empedrando-se, portanto a sacaria do adubo deve ser aberta e logo utilizado) e pode ser 
explosivo. 
c) Ureia 
Composição: CO(NH2)2, sendo 45% de N. 
 
Comportamento no solo: 
CO(NH2)2 + H2O  (NH4)2 CO3  2 NH3 + CO2 + H2O + 2H+ 
O NH3 formado poderá: perder-se por volatilização. O NH4 formado poderá: 
principalmente sofrer nitrificação. 
É o mais importante fertilizante nitrogenado. Embora esteja incluído entre os 
fertilizantes minerais, trata-se de um composto orgânico. 
A ureia é um fertilizante de uso relativamente recente (últimas duas décadas). As 
restrições ao uso diziam respeito a propriedades indesejáveis como sua higrospicidade e perdas 
de N por volatilização quando usado na superfície dos solos. 
Avanços tecnológicos na granulação da uréia atualmente permitiram a produção desse 
adubo com propriedades físicas muito favoráveis. A questão da volatilização da amônia 
proveniente da ureia deve ser resolvida pelo uso adequado do adubo e por inibidores da urease. 
Vantagens: teor elevado de N e preço mais baixo por unidade de peso do nutriente. 
40 
 
9.4.Uso eficiente e manejo de fertilizantes nitrogenados (Raij, 2011) 
Os adubos nitrogenados minerais são solúveis em água, não apresentando problemas 
de disponibilidade para as plantas. A maior preocupação com a adubação nitrogenada é evitar 
perdas, principalmente nas épocas mais chuvosas do ano. A planta absorve N na forma nítrica 
(NO3
-) e na forma amoniacal (NH4
+). Porém a forma N- NO3
- é altamente lixiviada, por ser um 
ânion, sendo aconselhável o parcelamento das doses. 
A forma tradicional de adubar culturas anuais com nitrogênio consiste na aplicação de 
uma pequena quantidade do nutriente por ocasião da semeadura e uma quantidade maior 
posteriormente, em cobertura, quando o sistema radicular já estiver suficientemente 
desenvolvido para absorver o nutriente aplicado. Em culturas perenes, as perdas por lixiviação 
são minimizadas pelo parcelamento do N em três ou quatro aplicações ao longo do ciclo da 
cultura. 
A ureia exige atenção especial pela possibilidade de perdas por volatilização. Essas 
perdas ocorrem devido à formação de carbonato de amônio no processo de hidrólise da ureia. 
Para que a hidrólise ocorra, é necessária a participação de uma enzima denominada urease, que 
é abundante nos solos, de acordo com a seguinte reação: 
CO(NH2)2 + 2 H2O  (NH4)2CO3 
O carbonato de amônio é um sal instável, que se decompõe em amônia e gás carbônico: 
(NH4)2CO3  2NH3 + CO2 + H2O 
Desta forma, se a ureia não for enterrada ou levada para dentro do solo pela chuva, 
podem ocorrer perdas do N na forma de amônia, pelo processo de volatilização. As perdas 
podem ser acentuadas se a ureia for aplicada sobre resíduos vegetais, um problema para 
sistemas de agricultura conservacionista. As perdas são impossíveis de prever e podem até não 
ocorrer ou ocorrer em pequena quantidade, especialmente se chover após a aplicação do 
produto. 
Sulfato de amônio e nitrato de amônio tem reação ácida em soluções aquosas, e por 
isso não perdem amônia por volatilização. Um importante assunto relacionado à eficiência dos 
adubos nitrogenados diz respeito à acidificação dos solos, pois durante as transformações que 
ocorrem no solo, liberam H+, acidificando-o: 
- Sulfato de amônio: (NH4)2SO4 + O2  2 NO3
- + H2O + 4H+ + SO4
2- 
- Uréia: CO(NH2)2 + H2O  (NH4)2 CO3  2 NH3 + CO2 + H2O + 2H+ 
O sulfato de amônio acidifica mais o solo (4 H+) que a ureia (2 H+), daí a importância 
em se fazer a rotação de fertilizantes nitrogenados para diminuir a tendência acidificante dos 
adubos. Além disso, deve ser empregado um programa adequado de calagem. 
 
41 
 
10. ADUBOS POTÁSSICOS 
10.1. Introdução e obtenção 
A importância do potássio para as plantas é notória. O K é exigido em grandes 
quantidades pelas plantas pois é ativador de cerca de 60 enzimas, participando ainda de 
processos fisiológicos complexos como abertura e fechamento dos estômatos, transpiração, 
balanço hídrico e fotossíntese. 
Sendo de ocorrência natural, a obtenção de fertilizantes potássicos consiste na extração 
e purificação dos sais. 
Mais de 95% do consumo de potássio no mundo é feito na forma de KCl, e apenas 5% 
na forma de K2SO4. 
10.2. Principais fertilizantes potássicos 
a) Cloreto de potássio (KCl) 
O KCl é o fertilizante potássico mais utilizado devido ao seu relativo baixo custo. 
Fórmula: KCl (58% de K2O); solúvel em água. Cor: branco a róseo 
 
Baixa higroscopicidade, alto índice salino (116); não apresenta acidez 
b) Sulfato de potássio 
É pouco utilizado no Brasil devido ao seu alto preço. É usado em culturas susceptíveis 
à toxidez de cloro, como o fumo e o abacaxi. 
Fórmula: K2SO4 (48% de K2O e 15% de S); solúvel em água. Cor: branco a cinza 
 
Baixa higroscopicidade, baixo índice salino (46); não apresenta acidez. 
42 
 
10.3. Uso eficiente e manejo de fertilizantes potássicos (Raij, 2011) 
O uso eficiente de adubos potássicos começa com a análise de solo, a determinação de 
doses a aplicar e como fazê-lo. Os adubos potássicos podem ser aplicados na forma sólida e na 
forma líquida. 
a) Para culturas perenes: recomenda-se a aplicação em covas. Observação: devido 
ao alto índice salino e lixiviação, deve-se parcelar doses elevadas. 
b) Para culturas anuais: recomenda-se a aplicação no sulco de semeadura, 5 cm 
abaixo e 5 cm ao lado das sementes, para evitar o problema com o índice salino. 
Para solos que não requerem adições muito altas de K essa aplicação não apresenta 
problemas. Contudo se as adições forem mais elevadas, a aplicação localizada desse nutriente 
pode deprimir as produções de culturas anuais. É provável que acima de 50 kg/ha K2O já seja 
possível esperar problemas

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