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APOSTILA DE ADUBOS E ADUBAÇÃO Engenharia Agronômica Fundação de Ensino Octávio Bastos Professora Dra. Fernanda de Fátima da Silva Devechio 2020 UNIFEOB 1 Sumário 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 4 2. NUTRIENTES DE PLANTAS (Malavolta, 2006) ......................................................................... 4 3. DETERMINAÇÕES E DEFINIÇÕES (Raij, 2011) ....................................................................... 5 4. INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE DE SOLO (Raij, 2011) ......................................................... 7 5. REPRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES (Raij, 2011) ................................. 9 6. ACIDEZ DO SOLO E CALAGEM .............................................................................................. 10 6.1. Introdução .................................................................................................................................. 10 6.2. Infertilidade dos solos ácidos ..................................................................................................... 10 Efeitos da reação do solo .................................................................................................................. 10 6.3. Origem da acidez do solo (Raij, 2011). ..................................................................................... 11 6.3.1. Remoção de bases da solução do solo .......................................................................... 12 6.3.2. Aumento de H+ na solução ............................................................................................ 12 6.4. Correção da acidez do solo (Souza e Lobato, 2004) .................................................................. 14 6.5. Mecanismos de neutralização da acidez pelo calcário (Vitti e Domeniconi, 2010)................... 15 6.6. Corretivos de acidez do solo (Alcarde, 2005) ............................................................................ 16 6.7. Qualidade dos calcários para correção de acidez ....................................................................... 18 6.8. Cálculo do PRNT ....................................................................................................................... 19 6.9. Métodos de recomendação de calagem ...................................................................................... 20 6.10. Classificação e escolha dos calcários (Raij, 2011)................................................................... 22 6.11. Aplicação do calcário no solo .................................................................................................. 23 7. ACIDEZ SUBSUPERFICIAL DO SOLO .................................................................................... 25 7.1. Uso do gesso na agricultura .................................................................................................. 25 7.2. Reações simplificadas do gesso no solo................................................................................ 26 7.3. Utilização do gesso em mistura com calcário ....................................................................... 26 7.4. Diferenças entre a reação do calcário e do gesso .................................................................. 26 7.5. Alterações nas características químicas do solo com o uso de gesso .................................... 27 7.6. Recomendação de gesso........................................................................................................ 28 8. ADUBOS OU FERTILIZANTES ................................................................................................ 29 8.1. Definição ............................................................................................................................... 29 8.2. Formas absorvidas ................................................................................................................ 29 8.3. Formas expressas .................................................................................................................. 29 8.4. Mecanismos de absorção de nutrientes ................................................................................. 30 8.5. Formas de fertilizantes (IPNI, 2012) ..................................................................................... 30 8.6. Cálculo da aplicação de fertilizantes fluidos ou suspensão de fertilizantes .......................... 35 2 9. ADUBOS NITROGENADOS ...................................................................................................... 37 9.1. Introdução ............................................................................................................................. 37 9.2. Obtenção de adubos nitrogenados (Raij, 2011) .................................................................... 37 9.3. Principais adubos nitrogenados ............................................................................................. 38 9.4. Uso eficiente e manejo de fertilizantes nitrogenados (Raij, 2011) ....................................... 40 10. ADUBOS POTÁSSICOS ......................................................................................................... 41 10.1. Introdução e obtenção .............................................................................................................. 41 10.2. Principais fertilizantes potássicos ............................................................................................ 41 a) Cloreto de potássio (KCl) ......................................................................................................... 41 b) Sulfato de potássio .................................................................................................................... 41 10.3. Uso eficiente e manejo de fertilizantes potássicos (Raij, 2011) ............................................... 42 10.4. Toxidez do cloro ............................................................................................................... 42 10.5. ADUBAÇÃO EM PASTAGENS ..................................................................................... 44 10.5.1. Adubação de estabelecimento de pastagens ......................................................................... 44 10.5.2. Adubação de manutenção de pastagens ............................................................................... 46 11. ADUBOS FOSFATADOS ....................................................................................................... 48 11.4. Introdução ......................................................................................................................... 48 11.5. Classificação ..................................................................................................................... 48 11 2.1. Bastante solúveis em água e citrato neutro de amônio+água .......................................... 49 11.2.2. Insolúveis em água e solúveis em ácido cítrico 2% (AC) ................................................. 49 11.2.3. Insolúveis em água e pouco solúveis em ácido cítrico 2% (AC) ...................................... 49 11.6. Obtenção de adubos fosfatados ......................................................................................... 49 11.7. Principais adubos fosfatados ............................................................................................. 50 a) Superfosfato simples e triplo................................................................................................. 50 b) Termofosfatos ....................................................................................................................... 50 c) Fosfatos naturais ...................................................................................................................51 d) Adubos mistos: Fosfatos de amônio (N e P) MAP e DAP ................................................... 51 11.8. Uso eficiente e manejo de fertilizantes fosfatados (Raij, 2011) ........................................ 52 11.8.1. Modo de aplicação de fosfatos solúveis ........................................................................ 52 11.8.2. Modo de aplicação de fosfatos de baixa solubilidade .................................................. 52 11.8.3. Efeito da calagem.......................................................................................................... 53 11.8.4. Influência na reação do solo ......................................................................................... 53 11.8.5. Umidade do solo ........................................................................................................... 53 12. ADUBOS CONTENDO MACRONUTRIENTES SECUNDÁRIOS (Raij, 2011) .................. 55 12.1. Cálcio ................................................................................................................................ 55 3 12.2. Magnésio ........................................................................................................................... 55 12.3. Enxofre .............................................................................................................................. 55 13. ADUBOS CONTENDO MICRONUTRIENTES (Raij, 2011) ................................................ 56 13.1. Boro (B) ............................................................................................................................ 56 13.2. Zinco (Zn) ......................................................................................................................... 56 13.3. Cobre (Cu) ........................................................................................................................ 56 13.4. Manganês (Mn) ................................................................................................................. 57 13.5. Molibdênio (Mo) ............................................................................................................... 57 13.6. Comentários gerais aplicados aos micronutrientes ........................................................... 57 14. FERTILIZANTES MISTOS E COMPLEXOS (FORMULAÇÕES) ....................................... 58 14.1. Introdução ......................................................................................................................... 58 14.2. Formas das fórmulas comerciais ....................................................................................... 59 14.3. Tipos de formulações ........................................................................................................ 59 14.4. Relação entre nutrientes .................................................................................................... 59 15. IMPLEMENTAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES................................................................... 60 15.1. Adubos simples ................................................................................................................. 61 15.2. Fórmulas NPK .................................................................................................................. 62 15.3. Adição de enxofre e de micronutrientes ............................................................................ 62 16. CALAGEM E ADUBAÇÃO DO MILHO ............................................................................... 63 17. Leitura complementar 1: Calcário líquido - IAC ...................................................................... 67 18. Leitura complementar 2: Calcário líquido – SBCS ................................................................... 68 19. Leitura complementar 3: MANEJO DOS 4C ........................................................................... 70 20. Leitura complementar 4: Agricultura de precisão a serviço da otimização da adubação. ........ 73 21. Leitura complementar 5: Perdas de nutrientes do solo ............................................................. 73 22. Leitura complementar 6: ADUBAÇÃO COM INTELIGÊNCIA E EFICIÊNCIA. ................. 74 23. TABELAS DE RECOMENDAÇÃO DE ADUBAÇÃO DE CULTURAS ............................ 76 23.1. Milho para grãos e silagem ............................................................................................... 76 23.2. Algodão ............................................................................................................................. 78 23.3. Arroz de sequeiro .............................................................................................................. 79 23.4. Cana de açúcar .................................................................................................................. 80 23.5. Cacau e café ...................................................................................................................... 82 23.6. Feijão ................................................................................................................................. 85 23.7. Soja ................................................................................................................................... 86 24. ALGUMAS FÓRMULAS COMERCIAIS............................................................................... 87 25. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 88 4 1. INTRODUÇÃO A agricultura é a arte de modificar os ecossistemas, e tem como objetivo a produção de alimentos, produção de matérias prima para a indústria, produção de excedentes, exportáveis, produção de energia renovável, etc. O crescimento da agricultura pode ser dado através do crescimento de áreas agrícolas ou pelo aumento de produtividade. É comum considerar a produção agrícola como atividade dependente de bom senso, intuição e experiência. Essas são importantes qualidades em todo agricultor. Entretanto, na agricultura competitiva e cada vez mais dependente de insumos diversos e de capital, o espaço para improvisações está se restringindo e esta atividade produtiva depende cada vez mais do apoio do conhecimento científico (Raij, 2011). No trato de sistemas heterogêneos, como é o caso do sistema solo-planta, a multiplicidade de fatores envolvidos dificulta a extração de informações de caráter científico, isto é, que possam ser generalizadas. Assim a obtenção de informações e o desenvolvimento de tecnologia no campo requerem o uso criterioso de métodos científicos que permitam validar e generalizar conhecimentos (Raij, 2011). Há muito tempo, esgotaram-se as possibilidades do solo suprir naturalmente os nutrientes necessários para as produções exigidas para o sustento da humanidade. Sabe-se que não há alimentos suficientes em escala global e, consequentemente, grande parte da população mundial sofre grave carência alimentar. Para alimentar bem a população, é preciso produzir mais alimentos e, para que isso ocorra, os fertilizantes minerais são imprescindíveis. O Brasil não escapa a essa verdade universal, além de ser o país que tem se tornado um grande fornecedor de produtos agrícolas para outros países (Raij, 2011). 2. NUTRIENTES DE PLANTAS (Malavolta, 2006) Nutriente é todo elemento químico essencial para o desenvolvimento da planta, sem ele a planta não consegue completar seu ciclo. Em função da quantidade em que são exigidos pelas plantas, classificam-se como: - Macronutrientes: Nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S). - Micronutrientes: Boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni) e zinco (Zn). 5 3. DETERMINAÇÕES E DEFINIÇÕES (Raij, 2011) Solo é a parte superficial intemperizada da crosta terrestre,contendo matéria orgânica e organismos vivos, é o meio em que se desenvolvem os vegetais, que dele obtêm, através das raízes, água e nutrientes. É um recurso natural fundamental para a produção agrícola, graças a um conjunto de atributos e propriedades que lhe permitem sustentar as plantas, fornecendo- lhes as condições necessárias para o seu desenvolvimento. Trata-se de um material poroso (ou seja, com ar), que permite a penetração de raízes e o suprimento de água e nutrientes para as plantas. O conceito solo deve ser entendido como um sistema heterogêneo envolvendo três fases em equilíbrio: sólida, líquida e gasosa, sendo apresentado na Figura 1 o equilíbrio adequado entre eles. Figura 1. Equilíbrio adequado entre as fases do solo (Vitti e Domeniconi, 2010). a) Fase gasosa (Vitti e Domeniconi, 2010). A fase gasosa é fundamental tanto para a respiração de raízes e de micro-organismos como para a mineralização da matéria orgânica. Do ponto de vista de nutrição de plantas, é a fase gasosa que fornece O2 para a respiração das raízes e, posteriormente, para a absorção de nutrientes, além de fornecer N2 para a fixação biológica. b) Fase líquida (Vitti e Domeniconi, 2010). Esta fase é constituída por íons e sais dissolvidos, sendo o meio principal em que ocorre a maioria dos processos químicos e biológicos e o movimento de minerais no solo, representando o fator intensidade no fornecimento de nutrientes para as plantas. c) Fase sólida As partículas sólidas, em geral com predominância de materiais inorgânicos, são representadas por minerais primários e secundários, além da matéria orgânica. Assim, o solo pode ser considerado material contendo partículas unitárias de vários tamanhos. A mistura de partículas sólidas de diferentes tamanhos condiciona a existência de um volume de poros no solo. 6 Um dos atributos de solos mais importantes para diversos fins é a CTC, que representa a quantidade total de cátions (Ca2+, Mg2+, K+, H+, Al3+) que um solo é capaz de reter por unidade de volume (em pH 7,0). A capacidade de troca iônica dos solos representa, portanto, a graduação da capacidade de liberação de vários nutrientes, favorecendo a manutenção da fertilidade por um prolongado período e reduzindo ou evitando a ocorrência de efeitos tóxicos da aplicação de fertilizantes. Se a maior parte da CTC do solo está ocupada por cátions essenciais como Ca2+, Mg2+ e K+, pode-se dizer que esse é um solo bom para a nutrição das plantas. Por outro lado, se grande parte da CTC está ocupada por cátions potencialmente tóxicos como H+ e Al3+ este será um solo pobre. Um valor baixo de CTC indica que o solo tem pequena capacidade para reter cátions em forma trocável; nesse caso, não se devem fazer as adubações e as calagens em grandes quantidades de uma só vez, mas sim de forma parcelada para que se evitem maiores perdas por lixiviação. A seguir, são apresentados atributos pertinentes à CTC, alguns determinados em laboratório e outros calculados. a) Determinações de laboratório Soma de bases (SB) = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+ (**) **O sódio (Na) pode ser ignorado em regiões úmidas e distantes do mar. Acidez total a pH 7,0: H + Al3+ Acidez trocável: Al3+ b) Atributos calculados Capacidade de troca de cátions (CTC) = SB + (H + Al3+) Capacidade de troca de cátions efetiva (CTCef) = SB +Al 3+ A CTC é ocupada por uma parte ácida (H + Al3+) e uma parte básica (SB). Um conceito muito prático é o de saturação por bases (V%), utilizado na calagem, calculado por: CTC SB V *100 A saturação por bases (V%) expressa a parte da CTC ocupada por Ca, Mg e K. Ela é um excelente indicativo das condições gerais de fertilidade do solo, sendo utilizada até como complemento na nomenclatura dos solos. Os solos podem ser divididos de acordo com a saturação por bases: solos eutróficos (férteis) = V%≥50%; solos distróficos (pouco férteis) = V%<50%. Um índice V% baixo significa que há pequenas quantidades de cátions, como Ca2+, Mg2+ e K+, saturando as cargas negativas dos coloides e que a maioria delas está sendo neutralizada por H+ e Al3+. 7 A maioria das culturas apresenta boa produtividade quando no solo é obtido valor V% entre 50 e 80% e valor de pH entre 6,0 e 6,5. Outro conceito útil é o da saturação por alumínio (m%), que é a porcentagem da CTC ocupada por Al. E é diretamente usada para diagnosticar se há necessidade de aplicação de gesso em solo. O cálculo AlSB Al m *100 4. INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE DE SOLO (Raij, 2011) A análise de solo fornece as bases para estabelecer as quantidades a aplicar de calcário e nutrientes, objetivando não somente elevar ou manter os teores dos elementos no solo em faixas adequadas, mas também obter retorno econômico o mais favorável possível. Para isso, existem tabelas, preparadas por regiões, com recomendações de correção e adubação estabelecidas com base na análise de solo. Em São Paulo, a partir de 1996, a publicação que estabeleceu critérios de interpretação da análise de solo foi a segunda edição do Boletim Técnico nº 100 do IAC (Raij et al., 1996). a) Nitrogênio Para o estado de São Paulo, não se tem um critério confiável de recomendação de adubação nitrogenada com base na análise do solo. Neste caso, para diversas culturas anuais, atualmente é adotado o critério de classes de resposta esperada, associado às recomendações por produtividade esperada, deve resultar em adubações mais coerentes com as necessidades em cada situação. Para algumas culturas perenes, as classes de resposta esperada ao nitrogênio são estabelecidas com base em resultados de teores foliares deste elemento. b) Fósforo e potássio Os resultados de P e K são divididos em cinco classes de teores e o fósforo para quatro grupos de culturas, com exigências crescentes de disponibilidade de P (Quadro 1). Fonte: Raij e outros (1996, p.9). c) Acidez 8 Os parâmetros relacionados à acidez dos solos, pH e saturação por bases, apresentam estreita relação entre si para amostras retiradas da camada arável (Quadro 2). Fonte: Raij e outros (1996, p.9). d) Micronutrientes Na interpretação da análise química de micronutrientes no solo é importante utilizar extratores adequados para avaliar sua disponibilidade (Quadro 4). Fonte: Raij e outros (1996, p.9). 9 5. REPRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES (Raij, 2011) A representação de análises de solos, folhas corretivos e fertilizantes é feita seguindo o Sistema Internacional de Unidades (SI). 5.1. Unidades de representação dos resultados de análises a) Solos Os resultados de cátions trocáveis, tais como cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), potássio (K+), sódio (Na+), alumínio (Al3+), acidez total a pH 7,0, SB, CTC e enxofre (SO4 2-) são expressos em mmolc/dm 3. Os resultados de fósforo e dos micronutrientes zinco, ferro, manganês, cobre e boro são apresentados em mg/dm3. Os resultados de matéria orgânica são apresentados em g/dm3. A saturação por bases (V) e a saturação por alumínio (m) são expressas em porcentagem (%). b) Folhas A porcentagem (%) deixou de ser usada para macronutrientes, sendo substituída por g/kg. 5.2. Conversão de unidades As representações antigas podem ser convertidas nas atuais levando-se em conta as relações apresentadas na tabela abaixo. Tabela. Fatores de conversão de unidades antigas em unidade dos SI. Fonte: Baseada em Cantarella, Andrade e Raij (2001). 10 6. ACIDEZ DO SOLO E CALAGEM 6.1. Introdução A primeira pergunta que se faz quando se trata desse assunto é: POR QUE FAZER CALAGEM? A resposta é simples: por que os solos são ácidos. Existem duas soluções para o problema: adaptar o solo à planta ou vice-versa. Adaptar geneticamente a planta às condições do ambiente é interessante, porém demanda tempo e é assunto específico de outras disciplinas. Assim a utilizaçãodos corretivos de acidez do solo, torna-se imprescindível à produção agrícola, sendo o investimento que maior retorno proporciona, quando comparado à aplicação de outras tecnologias (irrigação, sementes melhoradas, tratamento fitossanitário e mesmo a adubação). Outro motivo para se utilizar esse insumo é que, dos recursos minerais brasileiros, o calcário é o mais abundante. 6.2. Infertilidade dos solos ácidos Reação do solo é o grau de acidez ou de alcalinidade de um solo. Um solo que possui pH menor que 7,0 apresenta reação ácida, já solos com pH>7,0 apresentam reação alcalina. Efeitos da reação do solo Do que foi apresentado, pode-se concluir que a reação do solo (ácida, neutra ou alcalina) é dada pelas proporções de H+ e OH- na solução do solo. O pH afeta direta e indiretamente o crescimento e a produção vegetal. a) Disponibilidade de nutrientes Figura 3. Efeito do pH na disponibilidade dos nutrientes e na solubilidade do alumínio no solo (Malavolta, 1985). 11 A disponibilidade de nutrientes interfere a saturação por bases (Figura 4). Figura 4. Relação entre pH e porcentagem de saturação por bases de 85 amostras de solos do estado de São Paulo (Catani e Gallo, 1955). A grande maioria dos solos brasileiros apresenta reação ácida, o que confere características desfavoráveis ao desenvolvimento das plantas, daí sua infertilidade. Dentre essas características, pode-se destacar: a) Pobreza em bases trocáveis (K, Ca e Mg) b) Baixa capacidade de troca catiônica (CTC) c) Teores elevados de alumínio trocável (tóxico) d) Níveis tóxicos de manganês (Mn) e) Alta capacidade de fixação de fósforo (P) f) Baixa disponibilidade de molibdênio (Mo) g) Condições inadequadas à vida microbiana, etc. 6.3. Origem da acidez do solo (Raij, 2011). O solo será tanto mais ácido quanto menor a parte da CTC ocupada por cátions básicos (Ca, Mg, K e Na). A acidificação do solo consiste na remoção desses cátions do complexo de troca catiônica, substituindo-os por alumínio trocável e hidrogênio. Há solos naturalmente ácidos devido à pobreza em bases do material de origem ou a processos pedogenéticos que favoreceram as perdas de elementos básicos, como potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Outros não são naturalmente ácidos. Em qualquer um dos casos, o processo de acidificação se inicia ou se acentua devido à remoção de cátions trocáveis da superfície dos colóides. 12 O processo de acidificação do solo pode ser simplesmente representado por uma remoção de cátions básicos do solo e entrada de cátions “ácidos” (H+ e/ou Al3+) nos seus lugares. A acidificação em termos de fase sólida significa que as cargas negativas do solo vão sendo saturadas por H+ e/ou Al3+, o que leva a diminuição do índice de saturação por bases (V%). Na verdade, o que se tem é a remoção de bases da solução do solo e a adição de íons H+ nesta mesma solução. 6.3.1. Remoção de bases da solução do solo A remoção de bases da solução do solo se dá principalmente por meio de: a) Lixiviação Com as chuvas ou irrigação forte, desde que ocorram condições para percolação de água, ocorrerá arrastamento de cátions na água que percola (portanto ocorrerá lixiviação). Esses cátions saem acompanhando ou “arrastados” por ânions da solução. b) Remoção pelas colheitas Ao absorverem os cátions nutrientes, as plantas estão concorrendo para a acidificação do solo. No caso de culturas, a quantidade removida vai depender do tipo de cultivo, do sistema de colheita, do tempo que a cultura fica no campo, etc. 6.3.2. Aumento de H+ na solução O balanço entre a liberação de prótons (H+) e sua assimilação por diferentes processos deixa a quantidade de íons H+ livres, os quais acidificam o solo. Uma das reações químicas mais importantes relacionadas à liberação de prótons (H+) no solo é a nitrificação do íon amônio (NH4 +): proveniente da mineralização da matéria orgânica ou da adição de fertilizantes nitrogenados amoniacais, consiste na oxidação do N- NH4 + realizada por bactérias, conforme a reação resumida: NH4 + + 2 O2 NO3 - + H+ + H2O A acidificação do solo ocorrerá com maior intensidade quanto maior for a entrada de H+ nas posições de troca dos cátions removidos dos coloides do solo. (Vitti e Domeniconi, 2010). Com a remoção de bases e ganho de H+, irá ocorrer a acidificação do solo. A intensidade da acidez desenvolvida dependerá do seguinte: a) Da quantidade de água que percola 13 Quanto mais intensa e maior a percolação, maior a lixiviação e, com isso, maior acidez desenvolvida. A quantidade de água que percola depende não só do volume de água que chega ao solo, como também da sua permeabilidade. b) Da quantidade de resíduos orgânicos deixados ou levados ao solo Quanto maior a quantidade de resíduos orgânicos deixados ou levados ao solo, maior a acidificação, pois na decomposição desses resíduos ocorre a formação de ácidos orgânicos e inorgânicos e, consequentemente, quanto maior a quantidade de material que for decomposto, maior a produção de ácidos. c) Do tipo e quantidade de fertilizante mineral empregado Existem fertilizantes que quando colocados no solo provocam acidificação. Usando como exemplo o sulfato de amônio, verifica-se que esse fertilizante, através da nitrificação, promove o aparecimento de H+, conforme a reação simplificada a seguir: NH4 + + O2 NO3 - + 2H+ + H2O Também com a lixiviação de NO3 - e remoção das bases, ocorre acidificação. Na maioria dos sistemas agrícolas produtivos, a adubação nitrogenada tem sido apontada como a principal responsável pelo processo de acidificação do solo, porque os fertilizantes contendo amônio ou ureia, que gera amônio por sua hidrólise, são frequentemente usados como fontes de nitrogênio. Considerando o sistema de produção, a magnitude da acidificação gerada pela adubação nitrogenada pode variar de acordo com o grau de acidez e o tipo de solo, a fonte e a dose de nitrogênio empregadas e a periodicidade da aplicação de nutriente. Assim, maior cuidado com o controle da acidez do solo, por meio de calagem, será necessário quanto maior a dose e a frequência da aplicação de fertilizantes nitrogenados. (Vitti e Domeniconi, 2010). d) Uso de calcário O calcário controla a acidez e daí, em função da quantidade, da qualidade e da frequência de aplicação, tem-se uma maior ou menor acidificação. e) Poder tampão do solo Quando se neutraliza H+ da solução, a fase sólida os repõe, liberando H+ de reserva. Tem-se então uma resistência à mudança de pH. A essa resistência denomina-se poder tampão do solo. O poder tampão é responsável tanto por uma resistência na correção da acidez do solo quanto na sua acidificação. 14 6.4. Correção da acidez do solo (Souza e Lobato, 2004) A correção da acidez superficial e subsuperficial se faz necessária para obter maiores produtividades das culturas e maior eficiência no uso da água e nutrientes. Para essa correção, o insumo mais barato utilizado para a camada superficial (ou camada arável) do solo é o calcário (Figura 5a) e para a camada subsuperficial é o gesso agrícola (Figura 5b). Figura 5. Exemplos de calcário dolomítico (a) e gesso agrícola (b) A prática mais utilizada para correção da acidez na camada arável (0 a 20 cm) do solo é a calagem. Para tanto, os materiais mais empregados são rochas calcárias moídas, constituídas por mistura de minerais, como a calcita e a dolomita, que são constituídos por carbonato de cálcio (CaCO3) e/ou carbonato de magnésio (MgCO3), cujos constituintes neutralizam a acidez, fornecendo Ca e Mg. São menos usadas rochas calcárias calcinadas, que contém óxidos de cálcio (CaO) e de magnésio (MgO), e os silicatos de cálcio e de magnésio, que serão estudados em capítulo separadamente (Vitti e Domeniconi, 2010) Os principais benefícios da calagem são: 1) Adicionar Ca e Mg ao solo, e todos os reflexos doaumento da disponibilidade desses nutrientes; 2) Diminuir a toxidez do alumínio, manganês e eventualmente o ferro; 3) Diminuir a lixiviação de Ca, Mg e K; 4) Diminuir a fixação do fósforo; 5) Elevar o pH, com consequente aumento da disponibilidade de nutrientes: N, P, K, S, Mg, Ca e Mo; 6) Melhorar o aproveitamento dos fertilizantes aplicados. (a) (b) 15 6.5. Mecanismos de neutralização da acidez pelo calcário (Vitti e Domeniconi, 2010) A pequena dissolução dos carbonatos (CaCO3 e MgCO3), que ocorre em presença de água (H2O) e gás carbônico (CO2), é suficiente para desencadear uma série de reações, representadas a seguir, que resultam na neutralização da acidez do solo: CaCO3 + H2O Ca 2+ + HCO3 - + OH- a) HCO3- + H+ CO2 + H2O b) OH- + H+ H2O c) Al3+ + 3 OH- Al (OH)3 (precipita) A hidroxila (OH-) reage com o íon H+ da solução do solo, formando água (H2O). O bicarbonato (HCO3 -) reage também com o H+, originando CO2 e H2O. É importante destacar que a neutralização da acidez ocorre por meio dos ânions (OH- e HCO3 -), que são os receptores de prótons (H+), sem os quais a eliminação da acidez não seria possível. À medida que as reações se processam, o Ca e Mg do corretivo vão ocupando os pontos de troca onde estavam o alumínio e o hidrogênio. Para que o calcário produza os efeitos desejáveis, é necessário haver umidade suficiente no solo para sua reação. A velocidade de reação do calcário depende do grau de acidez do solo, da granulometria do corretivo e do grau de intimidade da mistura do calcário com o solo (Raij, 2011). 16 6.6. Corretivos de acidez do solo (Alcarde, 2005) O sucesso da prática da calagem depende fundamentalmente de quatro fatores: da dosagem adequada, do produto (ou melhor, das características do corretivo utilizado), da localização correta de aplicação e da época adequada (para reação do calcário). A dosagem adequada é estabelecida com base na análise de solo, sobre a qual se aplica um critério técnico de recomendação da dose. Quanto ao produto, atualmente dispõe-se de diversos tipos de corretivos de acidez com características e efeitos diferentes; é necessário conhecê-los para se proceder à escolha do produto mais conveniente a cada situação agrícola. Finalmente, esses cuidados referidos, isto é, dosagem adequada e corretivo mais conveniente, podem ser total ou parcialmente comprometidos por uma aplicação mal feita, o que, a bem da verdade, tem sido bastante comum. E por aplicação bem feita de corretivos entende-se distribuição e incorporação do produto ao solo bem executadas. Corretivos da acidez dos solos são produtos capazes de neutralizar (diminuir ou eliminar) a acidez dos solos e ainda carrear nutrientes vegetais ao solo, principalmente cálcio e magnésio (Alcarde, 1992). Há uma série de materiais que podem ser utilizados como corretivos, entretanto os principais são: óxidos, hidróxidos, silicatos e CARBONATOS. O carbonatos são os mais utilizados pois são encontrados em maiores quantidades e por isso são mais baratos. Classificação dos corretivos de acidez Os corretivos de acidez são classificados como: a) Calcário: pode ser tradicional, filler ou calcinado. Calcário tradicional é o produto obtido pela moagem da rocha calcária. Seus constituintes são carbonato de cálcio (CaCO3) e carbonato de magnésio (MgCO3). Calcário Filler é a matéria-prima obtida através da moagem fina de calcário, basalto, materiais carbonáticos, etc. O calcário libera Ca2+, Mg2+ e CO3 2-; a base química, isto é, o componente que proporciona a formação de OH- é o CO3 2- (e posteriormente o HCO3 - ); o CO3 2- é uma base fraca, isto é, a reação de formação de OH- é relativamente lenta e parcial; e o OH- produzido neutralizará o H+ da solução, responsável pela sua acidez. Calcário calcinado é produto obtido industrialmente pela calcinação parcial do calcário. Apresenta-se na forma de pó fino. Sua ação neutralizante é devida à base forte OH- e a base fraca CO3 2-. b) Cal virgem agrícola: produto obtido industrialmente pela calcinação ou queima completa do calcário. Seus constituintes são o óxido de cálcio (CaO) e o óxido de magnésio 17 (MgO) e se apresenta como pó fino. A cal virgem libera Ca2+, Mg2+, OH- e calor; a liberação de OH- é imediata e total, o que confere à cal virgem o caráter de base forte; e o OH- produzido neutralizará o H+ da solução do solo, responsável pela sua acidez. c) Cal hidratada agrícola ou cal extinta: produto obtido industrialmente pela hidratação da cal virgem. Seus constituintes são o hidróxido de cálcio - Ca(OH)2 - e o hidróxido de magnésio - Mg(OH)2 - e também se apresenta na forma de pó fino. A ação neutralizante da cal hidratada é muito semelhante à da cal virgem: a cal virgem “se hidrata” no solo utilizando água nele contida, enquanto a cal hidratada é hidratada industrialmente. d) Escória básica de siderurgia (Wutke & Gargantini, 1962): subproduto da indústria do ferro, do aço e papel. Seus constituintes são o silicato de cálcio (CaSiO3) e o silicato de magnésio (MgSiO3) ação neutralizante da escória é muito semelhante à do calcário: neste caso, a base química é o SiO3 2- que também é fraca, mas é mais forte que a base CO3 2-. e) Carbonato de cálcio: produto obtido pela moagem de margas (depósitos terrestres de carbonato de cálcio), corais e sambaquis (depósitos marinhos de carbonato de cálcio, também denominados de calcários marinhos). Sua ação neutralizante é semelhante à do carbonato de cálcio dos calcários. Observações: • conforme foi mostrado, uma base é considerada forte ou fraca pela intensidade com que coloca o OH- no meio: uma base forte coloca, de imediato, todos os seus OH- no meio, enquanto uma base fraca, devido o equilíbrio químico, coloca mais lentamente e em pequenas quantidades; • pela ação neutralizante dos corretivos de acidez, fica claro que o cálcio e o magnésio não são neutralizantes; são nutrientes de plantas. As bases químicas efetivas são CO3 2-, OH- e SiO3 2-. Isso significa que carbonatos, hidróxidos e silicatos solúveis corrigem a acidez, como BaCO3, Li(OH), Na2SiO3, mas não são corretivos da acidez dos solos. Devido à existência, em abundância, de materiais que associam essas bases químicas aos nutrientes cálcio e magnésio, estes são os indicados para corrigir a acidez “dos solos”, ou seja, são os corretivos da acidez dos solos. 18 6.7. Qualidade dos calcários para correção de acidez A qualidade do corretivo é função do teor de neutralizante e do tamanho das partículas que compõem o calcário. a) Teor de neutralizante: quanto maior o conteúdo de carbonato de cálcio (CaCO3) e/ou carbonato de magnésio (MgCO3), maior será seu efeito sobre a acidez, ou seja, maior será seu poder de neutralização (PN) e portanto, maior será a qualidade do corretivo. b) Tamanho das partículas: ou granulometria do material, interfere na reatividade do calcário. Quanto menor a partícula, maior será a superfície de exposição da rocha e, consequentemente, maior será a reatividade. A neutralização da acidez deve levar em conta o teor de neutralizante do corretivo e o tamanho das partículas (granulometria). Assim a eficiência dos calcários tem sido feita com base no poder de neutralização total (PRNT). O PRNT é o poder relativo neutralizante total, e é composto pelo PN (poder neutralizante) e pela RE (reatividade das partículas): 100 )*( (%) REPN PRNT O PN indica o potencial químico do corretivo em neutralizar a acidez, já a RE indica a velocidade de ação do corretivo na correção da acidez do solo. Entretanto, os corretivos, assim como os fertilizantes, são comercializados com base em sua concentração de “óxidos” (CaO e/ou MgO), apesar de, na maioria das vezes, o princípio ativo ser o carbonato (CaCO3 e/ou MgCO3). Desse modo: PN = Eq.CaCO3 = (1,79 * CaO) + (2,48 * MgO) A reatividadedas partículas (RE) é muito afetada pela textura do material, com partículas de menor tamanho reagindo mais rapidamente. Assim, atribui-se diferentes reatividades a diferentes frações granulométricas. A reatividade (RE) de um corretivo deve ser calculada por: RE = 0,2*x + 0,6*y + z Sendo: RE = Reatividade do corretivo x = porcentagem do material retido na peneira 20; y = porcentagem do material retido na peneira 50; z = porcentagem do material que passa na peneira 50. O material retido na peneira nº 10 não é considerado no cálculo de RE. 19 6.8. Cálculo do PRNT a) Características do corretivo A: CaO = 25% MgO = 16% - retido na peneira ABNT nº 10 1% (reatividade zero) - passou na peneira 10 e reteve na 20 10% (reatividade 10%) - passou na peneira 20 e reteve na 50 39% (reatividade 60%) - passou na 50 ---------------------------- 50% (reatividade 100%) PN = (1,79 * CaO) + (2,48 * MgO) PN = (1,79 * 25) + (2,48 * 16) = 44,75 + 39,68 = 84,43 PN = 84,43% RE = 0,2*x + 0,6*y + z RE = (10*0,20) + (39*0,60) + (50) = 2 + 23,4 + 50 RE = 75,4% %0,64 100 )4,75*43,84( 100 )*( (%) REPN PRNT b) Características do corretivo B: CaO = 40% MgO = 10% - retido na peneira ABNT nº 10 0% - passou na peneira 10 e reteve na 20 7% - passou na peneira 20 e reteve na 50 23% - passou na 50 ---------------------------- 70% Calcular o PRNT desse corretivo. (=82,0%) Considerando os 2 exemplos dados, num período de 3 meses, para as mesmas condições, 64% do calcário A reagiu, ou seja, em 1 tonelada de calcário aplicado, 640 kg de calcário reagiu. Já o para o calcário B, 82% reagiu em 3 meses. Assim, em culturas que precisa de uma neutralização rápida (como em hortaliças), utiliza-se calcários com PRNT mais elevados. PRNT 45% --------------------------------------60-70%-----------------------------------------130% -pastagem culturas anuais hortaliças -cultura perene (maior efeito residual) 20 6.9. Métodos de recomendação de calagem Necessidade de calagem é a quantidade de corretivo necessária para neutralizar a acidez do solo de uma condição inicial até uma condição desejada. A condição desejada depende do objetivo que se pretende atingir, do método utilizado e do comportamento das culturas em relação à acidez. Há vários métodos de recomendação de calcário em uso no Brasil. Vamos nos restringir aos três principais: a) Critério baseado na eliminação do Al-trocável e elevação dos teores de Ca e Mg (Quaggio, 1983). NC (t/ha) = Al * 1,5 e NC (t/ha) = [(2 ou 3) – (Ca2+ + Mg2+)] *1,5, onde: - 2: quando solo arenoso; 3: quando solo argiloso; NC = necessidade de calcário Os dois critérios foram muito utilizados em São Paulo, concomitantemente, adotando- se a recomendação de maior valor. É um método inadequado pois a calagem visa neutralizar além do Alumínio, mas sim parte da acidez devida ao H+ não dissociado, de forma a elevar o pH e/ou V%. b) Método do Tampão SMP (Shoemaker et al., 1961). Método usado nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Por esse método, o pH determinado em suspensão do solo com a solução tampão SMP, ou pHSMP, permite estabelecer diretamente as quantidades de calcário a aplicar com base em valores calculados ou tabelados. A tabela é construída com base em uma coleção de solos da região, estabelecendo-se a relação entre os valores de pH (SMP) e a necessidade de calcário para elevar o pH do solo a 6,0. c) Métodos baseado na elevação da saturação por bases (Raij, 1996). Preconiza a elevação da saturação por bases a valores pré-estabelecidos para diferentes culturas, de acordo Raij (1991) e Raij e outros (1996) pela com a seguinte fórmula: 10* *)12( )/( PRNT CTCVV hatNC Onde: NC é a necessidade de calcário em toneladas por hectare (t/ha) V1 é a saturação por bases do solo V2 é a saturação por bases desejada, em função da cultura CTC (ou T) é a capacidade de troca catiônica do solo PRNT é o fator de correção, que leva em conta a qualidade do corretivo VANTAGENS: Facilidade dos cálculos e flexibilidade para diferentes culturas. 21 Amostra pH M.O P resina K Ca Mg (H+Al) Al SB CTC V g.dm-3 mg.dm-3 mmolc.dm-3 % 1 4,4 12 17 1,8 11 3 36,9 1 15,8 52,7 30 2 4,9 6 13 2,1 4 1 34 1 P1 (0-10) 5,2 20 7 0,4 17 6 18 0 P1 (20-40) 4,8 16 5 0,2 10 3 27 1 P2 (0-10) 5,2 19 5 0,4 16 6 19 0 P2 (20-40) 4,8 16 4 0,2 5 4 20 1 P3 (0-10) 5,1 21 6 0,4 12 7 22 1 P3 (20-40) 4,8 20 4 0,3 5 4 22 2 1. Calcule e dê a recomendação da necessidade de calcário para o solo da Amostra 1 da análise de solo acima, sabendo-se que a cultura a ser cultivada será o milho (V2 = 70%) e que o PRNT do calcário utilizado é igual a 65%. hat PRNT CTCVV hatNC /2,3 10*65 7,52*)3070( 10* *)12( )/( Recomendação: Aplicar em área total, 90 dias antes da semeadura do milho, 3,2 t/ha de calcário, incorporando ao solo. Observação: se o PRNT do corretivo for diferente do indicado, o cálculo deverá ser refeito. 2. Calcule e dê a recomendação da necessidade de calcário para o solo da Amostra 2 da análise de solo acima, sabendo-se que a cultura a ser cultivada será a soja (V2 = 80%) e que o PRNT do calcário utilizado é igual a 80%. 22 6.10. Classificação e escolha dos calcários (Raij, 2011) Os calcários terão a seguinte classificação quanto ao Óxido de Magnésio (MgO): - Calcítico: teor de MgO do calcário for menor que 5% (cinco por cento); - Dolomítico: teor de MgO do calcário maior que 5% (cinco por cento). Escolha do Tipo de Calcário A escolha do tipo de calcário calcítico ou dolomítico deverá ser baseada no teor de magnésio no solo e na exigência da cultura quanto ao magnésio. a) Para Culturas exigentes em Mg, tais como Hortaliças e Frutíferas e Algodão, o teor desse nutriente no solo deverá ser igual ou superior a 8,0 (Mg ≥ 8,0 mmolc .dm-3). Deste modo, quando o Mg < 8,0 mmolc .dm-3 posiciona-se o Calcário Dolomítico, pois ele apresenta maior teor de Magnésio em sua composição. Quando Mg > 8,0 mmolc .dm-3 posiciona-se o Calcário com menor concentração de Magnésio, ou seja, o calcítico. b) Para Culturas anuais e perenes, o teor desse nutriente no solo deverá ser igual ou superior a 5,0 (Mg ≥ 5,0 mmolc .dm-3). Deste modo, quando o Mg < 5,0 mmolc .dm-3 posiciona-se o Calcário Dolomítico, pois ele apresenta maior teor de Magnésio em sua composição. Quando Mg > 5,0 mmolc .dm-3 posiciona-se o Calcário com menor concentração de Magnésio, ou seja, o calcítico. 23 6.11. Aplicação do calcário no solo Para o cálculo da calagem, também se deve considerar o suprimento de magnésio, garantindo o mínimo de 4 mmolc/dm 3 de solo para a maioria das culturas, ou 8 mmolc/dm 3 para as culturas mais exigentes, tais como banana, algodão, café, citros, etc. Em sistemas de rotação, a calagem deve ser preconizada para a cultura de maior exigência. Se uma cultura menos exigente for cultivada primeiro, podem ser aplicadas quantidades menores, com complementação antes da cultura mais exigente. É importante aplicar micronutrientes para evitar efeitos depressivos da calagem. a) Antecedência do plantio A antecedência na aplicação do calcário é função de sua capacidade de reagir. Calcários comuns: devem ser aplicados com 90 dias antes da semeadura ou plantio, devido a sua baixa solubilidade. Calcários calcinados: podem ser aplicados com antecedência de até 30 dias, pois são mais reativos. b) Modo de aplicação O modo de aplicação varia com a cultura e sistema de cultivo: Culturas anuais: No plantio convencional, recomenda-se a aplicação a lanço em área total (Figura 6a) e incorporação do calcário até 20 cm de profundidade (Figura 6b). O calcário deve ser incorporado devido a sua baixa mobilidadeno solo. Portanto, a incorporação promove um maior contato com o solo. Figura 6. Aplicação a lanço de calcário (a) e sua incorporação (b) em áreas agrícolas. (a) (b) 24 Culturas perenes – implantação: deve ser a mesma para culturas anuais. Em pomares já formados: aplicar sob a saia das plantas, também chamada de aplicação em faixa dos corretivos, na área adubada, evitando a incorporação. Para tanto, utilizam-se aplicadores a lanço, porém providos de dispositivo específico para o direcionamento do produto em faixa. Tal dispositivo, chamado direcionador, pode regular a largura da faixa bem como a posição de colocação do produto. Os fabricantes de equipamentos dispõem desse acessório para oferecer aos produtores. (Luz e Otto, 2010). Pastagens – implantação: deve ser a mesma para culturas anuais. Pastagens já formadas: deve-se rebaixar o pasto e depois aplicar em área total (não incorporar). Em sistemas conservacionistas de cultivo: como o de semeadura direta e cultivo mínimo, o calcário é aplicado na superfície do solo sem incorporação. Para evitar abaixar demasiadamente o pH em superfície e com isso afetar a disponibilidade de nutrientes, especialmente os micronutrientes, recomenda-se dividir a aplicação do calcário em 2 ou 3 anos; aplicando nesse caso, no máximo 2,5 toneladas por hectare de calcário. Aplicação em sistemas de rotação: Preconizar a cultura de maior exigência. Se uma cultura menos exigente for cultivada primeiro, podem ser aplicadas quantidades menores, entretanto com complementação antes da cultura mais exigente c) Frequência de aplicação A frequência da aplicação de corretivos deve ser norteada pela análise de solo. Nas áreas de exploração intensiva: acompanhamento da fertilidade deve ser feito todo ano. Nas áreas com exploração moderada: a cada 3 a 5 anos. A aplicação anual de doses de calcário acima de 4t/ha deve ser evitada, não só por ser economicamente inviável, mas também devido a mudanças drásticas nas propriedades químicas do solo. Em casos onde haja necessidade, deve-se dividir a aplicação em 2 ou 3 anos. Dose máxima de aplicação de calcário Aplicação anual de doses de calcário acima de 4t/ha deve ser evitada, por ser economicamente inviável, promover mudanças drásticas nas propriedades químicas do solo. Neste caso, parcelar a aplicação em 2 ou 3 ANOS. 25 7. ACIDEZ SUBSUPERFICIAL DO SOLO 7.1. Uso do gesso na agricultura As raízes d maior parte das plantas cultivadas não se desenvolvem bem em solos ácidos, por duas razões principais: excesso de alumínio ou deficiência de cálcio. Os solos podem apresentar problemas de acidez subsuperficial, ou seja, abaixo da camada arável (0 a 20 cm), e a incorporação profunda de calcário para controlar essas condições nem sempre é viável na lavoura. Assim, camadas mais profundas do solo, abaixo de 25 a 40 cm, podem continuar com excesso de alumínio tóxico, associado ou não à deficiência de Ca, mesmo que se tenha efetuado calagem adequada. Consequência: as raízes da maioria das espécies cultivadas iriam desenvolver-se apenas na camada superficial do solo. Esse problema aliado à baixa capacidade de retenção de água desses solos, podem causar a diminuição na produção das plantas, principalmente nas regiões onde é mais frequente a ocorrência de veranicos. Gesso Agrícola é originado do ação do ácido sulfúrico sobre a rocha fosfatada, realizada com a finalidade de produzir ácido fosfórico, isto quer dizer que o gesso é subproduto da fabricação de fertilizantes fosfatados: Ca10(PO4)6F2 + 10H2SO4 + 2OH2O 10CaSO4.2H2O + 6H3PO4 + 2HF Para cada tonelada de ácido fosfórico produzido, é separado cerca de 4,5 ton. de gesso. O ácido fosfórico obtido por esta reação é usado na fabricação do superfosfato tripo (SFT), monoamônio fosfato (MAP) e diamônio fosfato (DAP). Quando se produz o SFS, o gesso continua no produto final, sendo esta a principal diferença entre os dois super fosfatos: o triplo, mais concentrado, não possui gesso, enquanto o simples, com menor teor de P, o possui. H2SO4 + Ca10(PO4)6F2 Ca(H2PO4)2 + CaSO4 + 2HF (Super Simples - SSP) 26 7.2. Reações simplificadas do gesso no solo a) Superfície CaSO4.2H2O CaSO4 0 Ca2+ + SO4 2- b) Descida/Deslocamento Ca2+ + SO4 2- c) Reações em profundidade - sub-superfície CaSO04 Ca +2 + SO-24 Solo Al+3 + Ca+2 Solo-Ca+2 + Al+3solução 1) Al+3 + SO-24 AlSO + 4 (solução) (não tóxico) 2) Al+3 + SO-24 + H2O AlxOHyH2OzSO4 (K) (precipitado - não tóxico) De acordo com a reação (1), o Al na forma tri-valente (tóxica) reage com o SO-24, modificando a espécie iônica do Al. O gesso não corrige a acidez e nem tampouco diminui o Al+3 trocável do solo. A função do gesso é alterar a forma iônica do Al (tri-valente e mais tóxica) para uma forma menos tóxica. 7.3. Utilização do gesso em mistura com calcário Pode-se aplicar gesso juntamente com o calcário sem problemas para nenhum dos materiais. Entretanto deve-se ter atenção à umidade dos materiais. O gesso não precisa ser incorporado ao solo. O tempo de reação do gesso é menor que o do calcário não há necessidade de esperar meses para semeadura após a aplicação de gesso. 7.4. Diferenças entre a reação do calcário e do gesso O solo tem cargas dependentes de pH. A reação do calcário aumenta a quantidade de OH- (> pH), aumenta a CTC (capacidade de troca catiônica), aumenta a quantidade de cargas negativas e também aumenta a capacidade do solo em reter bases (K, Mg e Ca). Exemplificando as reações do calcário e do gesso no solo: Calagem: CaCO3 + H2O Ca 2+ + HCO3 - + OH- Gessagem: CaSO4 Ca +2 + SO-24 No caso do calcário o ânion ou íon acompanhante (CO3 -) reage com a água transformando-se em CO2, o qual é perdido para a atmosfera. Assim o Ca +2, não tendo um ânion acompanhante irá lixiviar/deslocar menos no perfil, ficando mais retido na superfície de troca ou adsorvido pelas argilas, enquanto que o gesso um ânion acompanhante (SO4) que pode ser carreado juntamente com o Ca até as camadas mais profundas do solo. 27 7.5. Alterações nas características químicas do solo com o uso de gesso Com a aplicação de gesso no solo: - o sulfato movimenta-se para as camadas inferiores acompanhado por cátions (Ca); - o teor de Ca e Mg aumenta e reduz a toxidez por alumínio, melhorando o ambiente do solo para as raízes desenvolverem; - elevação da saturação por bases (V%) nas camadas subsuperficiais, em consequência da lixiviação de bases. Quando o gesso é aplicado com critério, nas doses recomendadas para cada tipo de solo, não se tem observado movimentação de K e Mg no perfil do solo em níveis que possam trazer problemas de perdas desses nutrientes. A resposta ao gesso agrícola como melhorador do ambiente radicular em profundidade, tem sido observada para a maioria das culturas anuais. Essas respostas são atribuídas à melhor distribuição das raízes das culturas em profundidade no solo (Figura 7), o que propicia às plantas o aproveitamento de maior volume de água (Figura 8) e também maior eficiência na absorção de nutrientes. Figura 7. Distribuição relativa de raízes de milho no perfil de um latossolo argiloso, sem aplicação e com aplicação de gesso. Fonte: Souza et al. (1995). Figura 8. Utilização relativa da lâmina de água disponível no perfil de um latossolo argiloso, pela cultura do milho, após um veranico de 25 dias, por ocasião do lançamento de espigas, em parcelas sem aplicação e com aplicação de gesso. Fonte: Souza et al. (1995). 28 7.6.Recomendação de gesso Amostragem do solo em sub-superfície, nas camadas 20 a 40cm ou 25 a 50cm ou 30 a 60cm. Aplicar gesso quando na análise, o solo em sub superfície apresentar: a) Ca < 4,0 mmolc/dm3 ou b) Al3+ > 5,0 mmolc/dm3 ou c) m > 20% Então se recomenda (Werner et al., 1996):- Culturas anuais: N.G. (kg/ha) = 50 x % argila ou 5,0 x argila (g.kg-1) - Culturas perenes: N.G. (kg/ha) = 75 x % argila ou 7,5 x argila (g.kg-1 onde: N.G. é a necessidade de gesso em kg/ha. - Cana de açúcar e citros: (Vitti et al., 2004): N.G. (toneladas/ha) = [(V2 – V1) x CTC]/500 V2 = saturação por bases desejada em subsuperfície (50%) V1 = saturação por bases atual do solo em subsuperfície CTC = capacidade de troca catiônica em subsuperfície em mmolc/dm 3 Exemplo: Calcule e dê a recomendação da necessidade de gesso para o solo da análise de solo abaixo, sabendo-se que a cultura a ser cultivada será o milho. Resposta: Recomendação: Aplicar ______________(DOSE) de gesso agrícola a lanço em área total, pelo menos _________(TEMPO) dias antes da semeadura do ________________ (CULTURA), não é necessário incorporação. 29 8. ADUBOS OU FERTILIZANTES 8.1. Definição “Adubo ou fertilizante é todo material que, melhorando as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, concorre para um aumento da produtividade das culturas.” (Malavolta, 1967). NECESSIDADE DE ADUBAÇÃO .= (PLANTA - SOLO)ƒ Onde: PLANTA = exigência da planta (Nutrição mineral da planta) SOLO - avaliação química do solo (Fertilidade do solo) FATOR ƒ = eficiência: ƒ(diversos fatores: Erosão, Fixação, Volatilização, Lixiviação, etc.) 8.2. Formas absorvidas Os nutrientes em condições normais de cultivo são absorvidos pelas plantas nas seguintes formas: macronutriente absorvido como micronutriente absorvido como nitrogênio NO3 - ; NH4 + boro H3BO3 fósforo H2PO4 - ; HPO4 2- cloro Cl- potássio K+ cobre Cu2+ cálcio Ca2+ ferro Fe2+ magnésio Mg2+ manganês Mn2+ enxofre SO4 2- molibdênio MoO42- zinco Zn2+ Fonte: Malavolta (2006); Raij (1983). 8.3.Formas expressas Ao se tratar de fertilizantes, os nutrientes neles contidos são expressos, por convenção, nas seguintes formas: macronutriente expresso por micronutriente expresso por nitrogênio % N boro % B fósforo % P2O5 cloro % Cl potássio % K2O cobre % Cu cálcio % CaO ou %Ca ferro % Fe magnésio % MgO ou %Mg manganês % Mn enxofre % S molibdênio % Mo zinco % Zn Cabe salientar que as formas químicas de P e K nos fertilizantes não são P2O5 e K2O. Mas estes óxidos são as unidades tradicionais utilizadas para representar os nutrientes nos fertilizantes. Para converter a forma de óxido para a forma elementar utiliza-se os seguintes fatores de conversão: P2O5 x 0,437 = P; P x 2,29 = P2O5 ; K2O x 0,830 = K; K x 1,20 = K2O. 30 8.4. Mecanismos de absorção de nutrientes A absorção de nutrientes do solo pelas raízes se dá por três processos: a) Interceptação radicular: o sistema radicular ao se desenvolver, encontra-se com os nutrientes, podendo absorvê-los. b) Fluxo de massa: a água está constantemente sendo absorvida pelas plantas, movendo-se para a superfície das raízes e nelas penetrando. c) Difusão: devido à absorção de nutrientes, cria-se um gradiente de concentração na solução do solo próximo das raízes, com teores mais baixos próximo e mais altos distante dela, ocasionando o movimento por difusão dos nutrientes para raiz. 8.5. Formas de fertilizantes (IPNI, 2012) A forma de fertilizantes a se utilizar, frequentemente é uma das primeiras decisões a tomar. As formas disponíveis no mercado são: a) Fertilizantes simples São os que fornecem um ou mais nutrientes primários. Exemplos: uréia, sulfato de amônio (SA), superfosfato simples (SS), superfosfato triplo (ST), fosfato diamônio (DAP), fosfato monoamônio (MAP), Cloreto de potássio (KCl). b) Mistura de grânulo Consiste em uma combinação de vários fertilizantes granulados. Cada grânulo contém um nutriente (Figura 10). São populares porque se compõe com componentes de menor custo e são misturadas com equipamentos relativamente simples e baratos. Necessita de atenção especial a possibilidade de segregação dos componentes que pode ocorrer durante o transporte e distribuição do material (Figura XX). Por exemplo, mistura de Uréia, ST e KCl. Figura 10. Aplicação de grânulos de fertilizante com diâmetros distintos, pela mesma máquina aplicadora, evidenciando o efeito de segregação na aplicação no campo (Luz et al., 2010). 31 c) Mistura granulada (ou fertilizantes compostos) É uma mistura de vários nutrientes dentro de uma única partícula sólida (Figura 11). Figura 11. Distribuição dos grânulos de fertilizantes granulados em mistura de grânulos (a) e de fertilizantes compostos em mistura granulada (b). Cada partícula de fertilizante composto proporciona uma mistura de nutrientes que se dissolve no solo e elimina a possibilidade de qualquer segregação de partículas durante o transporte e a aplicação. É possível uma distribuição uniforme de micronutrientes em toda a zona da raiz. Figura 12. Uniformidade de distribuição de mistura de grânulos comparado com a mistura granulada: segregação no processo de distribuição (Luz et al., 2014). (a) (b) 32 d) Fertilizantes de liberação lenta e de liberação controlada Podem ser úteis para melhorar a eficiência do uso de nutrientes. Existem vários mecanismos para controlar a liberação de nutrientes de uma partícula de nutriente. O mais comum é quando de acrescenta uma capa protetora do polímero S a um fertilizante, a fim de controlar a dissolução e liberação de nutrientes. A liberação vai desde umas poucas semanas a vários meses. Outros fertilizantes de liberação lenta podem ter baixa solubilidade ou resistência a decomposição microbiana para controlar a liberação de nutrientes. O uso desses produtos deve ser específico para as condições de solo, cultivo e ambiente para obter o máximo benefício. O N é o nutriente que mais utiliza a liberação controlada. Os inibidores biológicos e químicos se agregam aos fertilizantes em algumas situações para melhorar ou alterar momentaneamente reações de solo muito específicas. Os inibidores de nitrificação são aditivos que retardam a conversão de amônio a nitrato no solo, o que pode reduzir a possibilidade de lixiviação do nitrato ou a desnitrificação. Outra classe de aditivos são os inibidores de urease, que podem ser utilizados em fertilizantes a base de ureia, para atrasar temporariamente sua transformação em amônio mediante a inativação da urease, uma enzima comum no solo. Este atraso pode reduzir as perdas de nitrato por volatização de amônia para a atmosfera, especialmente quando a ureia é aplicada sobre a superfície do solo. 33 e) Fertilizantes orgânicos Os fertilizantes mais antigos, de uso milenar, são chamados fertilizantes orgânicos, por vezes, denominados adubos naturais, em razão de sua origem animal ou vegetal (Raij, 2011). Os materiais orgânicos são excelentes fontes de macro e micronutrientes para a nutrição vegetal. Na maior parte dos fertilizantes orgânicos, o N é o nutriente mais importante. Grande parte desse N no esterco está presente em compostos orgânicos que devem ser mineralizados por microorganismos do solo em amônio ou nitrato, antes de serem absorvidos pelas plantas. As taxas de mineralização estão relacionadas com a atividade microbiana, que varia com as propriedades da matéria orgânica (relação C:N, conteúdo de lignina, etc.), fatores ambientais (temperatura e umidade) e a incorporação da matéria orgânica. A falta de sincronismo entre a liberação de N e absorção pela planta pode conduzir a deficiência de N. A riqueza em nutrientes do fertilizante orgânico depende da origem do material e de seu manuseio. Assim, o esterco de galinha puro, de aves tratada com ração, certamente será mais rico do que o esterco de bovinos tratados com capim de baixo valor nutritivo. Além disso, a mistura com as chamada “camas”, preparadas com palha ou outros materiais pobres em nutrientes, reduzirá o valor do fertilizanteorgânico. Diversos adubos orgânicos, antes de sua utilização, necessitam passar por um processo de “cura” ou de humificação, que consiste em fermentação aeróbica. Durante o processo, os micro-organismos atacam os compostos orgânicos, havendo considerável desprendimento de gás carbônico e calor. Também podem ocorrer perdas de N, reduzidas pela adição de superfosfato simples aos adubos, com o que se formam fosfatos e sulfatos de amônio. São também considerados adubos orgânicos, os chamados adubos verdes, constituídos de leguminosas, que fixam o N atmosférico por intermédio de nódulos existentes nas raízes. Algumas vezes, gramíneas incluídas em rotação para produzir matéria orgânica, reciclar nutrientes do subsolo para a superfície, manter o solo coberto ou, ainda ajudar no controle da erosão ou de plantas invasoras, tem sido chamadas de adubos verdes; porém o termo não é correto, visto que adubos devem adicionar nutrientes ao sistema, o que não é o caso. A vinhaça pode ser considerada um adubo orgânico líquido, obtido como resíduo de destilarias de aguardente e álcool. Há uma variedade muito grande de adubos orgânicos além dos citados. Além do fornecimento de nutrientes, os adubos orgânicos destacam-se por desempenhar papel fundamental e muito importante: o fornecimento de matéria orgânica para melhorar as propriedades físicas e biológicas do solo. neste caso, eles tem efeito de condicionador de solo. 34 f) Fertilizantes fluidos São populares por permitirem a mistura de vários nutrientes em um líquido homogêneo e claro que se pode aplicar de forma uniforme no campo. Os fluídos são fáceis de serem manejados e são excelentes veículos para numerosos micronutrientes, herbicidas e produtos fitossanitários. Nem todos os fertilizantes líquidos são compatíveis entre si quando são misturados. Os fertilizantes fluidos existem como soluções límpidas, suspensões ou gás liquefeito sob pressão (caso da amônia anidra). A representação das fórmulas é a mesma usada para adubos sólidos. Porém, há duas maneiras especiais de aplicação de adubos fuidos que necessitam de atenção especial: a aplicação foliar e a fertirrigação. A aplicação foliar é realizada aspergindo a solução nutritiva sobre as folhas (Figura 12). Esta técnica pode ser eficaz para superar ou prevenir uma escassez de nutrientes, ou para satisfazer períodos de demanda de pico de nutrientes, quando a absorção pelas raízes pode ser insuficiente para atender as necessidades da planta. A nutrição foliar geralmente se considera como um complemento da absorção de nutrientes através do sistema radicular. Muitos materiais de alta solubilidade utilizam fertilizantes foliares para cobrir possíveis deficiências de nutrientes. Figura 12. Aplicação de fertilizantes líquidos na lavora. A solução que se pulveriza sobre a superfície das folhas é, em geral, relativamente diluída a fim de evitar danos por salinidade. As etiquetas dos produtos devem ser cuidadosamente verificadas para levar o máximo benefício nutricional. A fertirrigação consiste na aplicação de fertilizantes fluidos com água de irrigação. Os nutrientes mais usados são o N e o S. Se realiza com frequência para reduzir mão de obra e melhorar a eficiência do uso de nutrientes. Isso pode ser realizado tanto em sistemas de irrigação pressurizados (como por gotejamento, microaspersores, pivôs), assim como irrigação por sulco. É importante que os nutrientes utilizados para fertirrigação não causem obstrução do equipamento de irrigação. Para melhor distribuição, é aconselhável aplicar os adubos depois 35 de iniciada a irrigação, sendo interrompida a aplicação desses insumos antes de concluída a irrigação, que deve ser encerrada com a aplicação apenas de água. Assim evitam-se tanto as perdas por lixiviação, quanto a concentração dos adubos muito perto das raízes ou nas folhas das plantas (Raij, 2011). Existem muitos fertilizantes excelentes que são compatíveis com qualquer tipo de sistema de irrigação. É necessário prestar atenção especial ao acrescentar fertilizantes fosfatados a água de irrigação que contenha abundantes quantidades de Ca e Mg, para evitar a precipitação química e a obstrução dos tubos e emissores. g) Suspensão de fertilizantes Permitem o uso de materiais de solubilidade inferior dos que se podem utilizar com os fertilizantes fluidos. Podem levar concentrações mais altas de nutrientes. Comumente se utiliza algum tipo de agitação no tanque para manter a suspensão bem misturada. 8.6. Cálculo da aplicação de fertilizantes fluidos ou suspensão de fertilizantes 1) Em uma lavoura de soja de Dourados/MS, será feita aplicação de manganês da forma de fertilizante líquido na dosagem de 1 L/ha. O volume total de aplicação (ou volume de calda) para uma adequada distribuição do produto é de 120 L/ha. Sabendo-se que a capacidade do tanque do aplicador é de 600L, determine quanto de fertilizante líquido deverá ser misturado no tanque para tal aplicação. Resolução: Dosagem do produto = 1 L/ha Volume de aplicação: 120 L/ha Capacidade do tanque = 600 L Produto no tanque = ?? 120 L de calda --------------1 L de produto 600 L de calda -------------- X X = 5 L de produto/ tanque de 600 L 36 2) Na Fazenda Boa Vista, localizada em Limeira/SP, pretende-se realizar uma pulverização de fertilizante foliar com Ca e B em laranjeiras. O espaçamento entre as plantas é de 3,8 m x 7,0 m e o volume de calda será de 67 L para pulverizar 7 lados de plantas. a) Qual será o volume de calda utilizada para pulverizar 1 ha da cultura? Espaçamento entre plantas: 3,8 m x 7,0 m = 26,6 m2 Volume de calda = 67 L Nº de lados pulverizados: 7 cada planta possui 2 lados, então: 67 L de calda usados para pulverizar 7 lados 3,5 plantas. 1 ha = 10.000 m2 26,6 m2 --------------1 planta 10.000 m2-------------- X X = 376 plantas/ha 3,5 plantas --------------67 L de calda 376 plantas -------------- X X = 7197 L de calda/ha b) Sabendo-se que a dose do fertilizante foliar é de 100 mL em 100 L de água, e que a capacidade do tanque de pulverização é de 2000 L. Qual (i) a quantidade de fertilizante a ser aplicado em cada tanque e (ii) a quantidade total de fertilizante foliar a ser aplicado em cada hectare de laranjeira (em L/ha)? 100 L de água --------------100 mL de fertilizante líquido 2000 L de água -------------- X X = 2 L de fertilizante/ tanque de 2000L 2000 L de água --------------2 L de fertilizante 7197 L de água -------------- X X = 7,2 L de fertilizante /ha 3) O Engenheiro Agrônomo da Fazenda Água Branca em Cordeirópolis/SP, ocupada com 843 laranjeiras plantadas todas no espaçamento 7 m x 3,5 m, pretende fazer uma aplicação via foliar de suspensão de fertilizante a base de boro (B), indicada na dosagem de 50 mL de produto comercial/100 L de água. O pulverizador será um turbo-atomizador, com tanque de 2000L, aplicando para apenas um dos lados da cultura. O Engenheiro Agrônomo responsável verificou que o equipamento percorreu a distância ocupada por 20 plantas em 2 minutos e que a vazão do equipamento, considerada por ele como suficiente, foi de 90 L/min. Pergunta-se: a) Qual o volume de aplicação (L/ha) que está sendo utilizado? b) Qual a quantidade de produto comercial a ser utilizada em um tanque (L)? c) Quantos litros de produto (suspensão de fertilizante) deverá ser comprado, caso se tenha que aplicar em 36ha? 37 9. ADUBOS NITROGENADOS 9.1. Introdução O nitrogênio é juntamente com o fósforo e o potássio, um macronutriente primário das plantas, sendo o mais abundante no tecido vegetal. A exigência das culturas varia de 80 a 250 kh/ha de adubo nitrogenado por ciclo, entretanto o aproveitamento pelas plantas raramente chega a 50% do que foi aplicado. Dentre os fertilizantes, os nitrogenadossão os mais caros em termos de energia necessária para produzi-los. Desse modo, seja pela dinâmica do N no solo, seja pelo alto custo de produção dos fertilizantes, o N é um nutriente que merece máxima atenção. 9.2.Obtenção de adubos nitrogenados (Raij, 2011) Os adubos nitrogenados incluem um produto natural, o salitre do Chile, muito usado no passado, mas hoje de pouca importância. Retirado de minas de regiões desérticas do Chile, esse adubo é constituído principalmente por NaNO3. A maior parte dos fertilizantes nitrogenados fabricados no Brasil e em outros países utiliza a amônia (NH3) como matéria prima básica, que é obtida do N do ar combinado com o hidrogênio, conforme a reação: A molécula de N2 é muito estável sendo portanto necessárias condições bastante drásticas para que a reação se processe, incluindo pressão e temperatura elevadas e presença de catalizador. Além disso, o gás hidrogênio (H) é outra matéria prima de difícil obtenção, na maior parte dos casos fabricado com gás natural ou derivados do petróleo. 38 9.3. Principais adubos nitrogenados a) Sulfato de amônio Composição: (NH4)2SO4, sendo: 20% de N (amoniacal) e 24% de S (sulfato). Vantagens: É um adubo de baixa higroscopicidade, contém alto teor de enxofre, não sendo superado neste aspecto por nenhum outro fertilizante, exceto pelo enxofre elementar. Desvantagens: teor de N relativamente baixo e elevado poder de acidificação do solo: (NH4)2SO4 + O2 2 NO3 - + H2O + 4H+ + SO4 2- O sulfato de amônio é utilizado principalmente onde se necessita adicionar N e S para satisfazer as necessidades nutricionais de plantas. Como a parte nitrogenada está presente na forma de amônio, o sulfato de amônio é frequentemente utilizado em solos alagados para a produção de arroz, onde os fertilizantes a base de nitrato não é uma boa alternativa devido às perdas por desnitrificação. 39 b) Nitrato de amônio Composição: 34% de N: - ½ na forma N-NO3 - (imediatamente disponível) - ½ na forma N-NH4 + (mais lentamente disponível) Vantagem sobre o sulfato de amônio: maior teor de N. Desvantagem: produto com alta higroscopicidade (absorve umidade do ambiente empedrando-se, portanto a sacaria do adubo deve ser aberta e logo utilizado) e pode ser explosivo. c) Ureia Composição: CO(NH2)2, sendo 45% de N. Comportamento no solo: CO(NH2)2 + H2O (NH4)2 CO3 2 NH3 + CO2 + H2O + 2H+ O NH3 formado poderá: perder-se por volatilização. O NH4 formado poderá: principalmente sofrer nitrificação. É o mais importante fertilizante nitrogenado. Embora esteja incluído entre os fertilizantes minerais, trata-se de um composto orgânico. A ureia é um fertilizante de uso relativamente recente (últimas duas décadas). As restrições ao uso diziam respeito a propriedades indesejáveis como sua higrospicidade e perdas de N por volatilização quando usado na superfície dos solos. Avanços tecnológicos na granulação da uréia atualmente permitiram a produção desse adubo com propriedades físicas muito favoráveis. A questão da volatilização da amônia proveniente da ureia deve ser resolvida pelo uso adequado do adubo e por inibidores da urease. Vantagens: teor elevado de N e preço mais baixo por unidade de peso do nutriente. 40 9.4.Uso eficiente e manejo de fertilizantes nitrogenados (Raij, 2011) Os adubos nitrogenados minerais são solúveis em água, não apresentando problemas de disponibilidade para as plantas. A maior preocupação com a adubação nitrogenada é evitar perdas, principalmente nas épocas mais chuvosas do ano. A planta absorve N na forma nítrica (NO3 -) e na forma amoniacal (NH4 +). Porém a forma N- NO3 - é altamente lixiviada, por ser um ânion, sendo aconselhável o parcelamento das doses. A forma tradicional de adubar culturas anuais com nitrogênio consiste na aplicação de uma pequena quantidade do nutriente por ocasião da semeadura e uma quantidade maior posteriormente, em cobertura, quando o sistema radicular já estiver suficientemente desenvolvido para absorver o nutriente aplicado. Em culturas perenes, as perdas por lixiviação são minimizadas pelo parcelamento do N em três ou quatro aplicações ao longo do ciclo da cultura. A ureia exige atenção especial pela possibilidade de perdas por volatilização. Essas perdas ocorrem devido à formação de carbonato de amônio no processo de hidrólise da ureia. Para que a hidrólise ocorra, é necessária a participação de uma enzima denominada urease, que é abundante nos solos, de acordo com a seguinte reação: CO(NH2)2 + 2 H2O (NH4)2CO3 O carbonato de amônio é um sal instável, que se decompõe em amônia e gás carbônico: (NH4)2CO3 2NH3 + CO2 + H2O Desta forma, se a ureia não for enterrada ou levada para dentro do solo pela chuva, podem ocorrer perdas do N na forma de amônia, pelo processo de volatilização. As perdas podem ser acentuadas se a ureia for aplicada sobre resíduos vegetais, um problema para sistemas de agricultura conservacionista. As perdas são impossíveis de prever e podem até não ocorrer ou ocorrer em pequena quantidade, especialmente se chover após a aplicação do produto. Sulfato de amônio e nitrato de amônio tem reação ácida em soluções aquosas, e por isso não perdem amônia por volatilização. Um importante assunto relacionado à eficiência dos adubos nitrogenados diz respeito à acidificação dos solos, pois durante as transformações que ocorrem no solo, liberam H+, acidificando-o: - Sulfato de amônio: (NH4)2SO4 + O2 2 NO3 - + H2O + 4H+ + SO4 2- - Uréia: CO(NH2)2 + H2O (NH4)2 CO3 2 NH3 + CO2 + H2O + 2H+ O sulfato de amônio acidifica mais o solo (4 H+) que a ureia (2 H+), daí a importância em se fazer a rotação de fertilizantes nitrogenados para diminuir a tendência acidificante dos adubos. Além disso, deve ser empregado um programa adequado de calagem. 41 10. ADUBOS POTÁSSICOS 10.1. Introdução e obtenção A importância do potássio para as plantas é notória. O K é exigido em grandes quantidades pelas plantas pois é ativador de cerca de 60 enzimas, participando ainda de processos fisiológicos complexos como abertura e fechamento dos estômatos, transpiração, balanço hídrico e fotossíntese. Sendo de ocorrência natural, a obtenção de fertilizantes potássicos consiste na extração e purificação dos sais. Mais de 95% do consumo de potássio no mundo é feito na forma de KCl, e apenas 5% na forma de K2SO4. 10.2. Principais fertilizantes potássicos a) Cloreto de potássio (KCl) O KCl é o fertilizante potássico mais utilizado devido ao seu relativo baixo custo. Fórmula: KCl (58% de K2O); solúvel em água. Cor: branco a róseo Baixa higroscopicidade, alto índice salino (116); não apresenta acidez b) Sulfato de potássio É pouco utilizado no Brasil devido ao seu alto preço. É usado em culturas susceptíveis à toxidez de cloro, como o fumo e o abacaxi. Fórmula: K2SO4 (48% de K2O e 15% de S); solúvel em água. Cor: branco a cinza Baixa higroscopicidade, baixo índice salino (46); não apresenta acidez. 42 10.3. Uso eficiente e manejo de fertilizantes potássicos (Raij, 2011) O uso eficiente de adubos potássicos começa com a análise de solo, a determinação de doses a aplicar e como fazê-lo. Os adubos potássicos podem ser aplicados na forma sólida e na forma líquida. a) Para culturas perenes: recomenda-se a aplicação em covas. Observação: devido ao alto índice salino e lixiviação, deve-se parcelar doses elevadas. b) Para culturas anuais: recomenda-se a aplicação no sulco de semeadura, 5 cm abaixo e 5 cm ao lado das sementes, para evitar o problema com o índice salino. Para solos que não requerem adições muito altas de K essa aplicação não apresenta problemas. Contudo se as adições forem mais elevadas, a aplicação localizada desse nutriente pode deprimir as produções de culturas anuais. É provável que acima de 50 kg/ha K2O já seja possível esperar problemas
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