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Enfermagem Integrada unid_2

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Unidade II
5 ASSISTÊNCIA PRIMÁRIA À SAÚDE
5.1 Sistematização da Assistência de Enfermagem na Atenção Básica, 
modelos propostos, acolhimento
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é um método de prestação de cuidados da 
assistência de enfermagem para o alcance dos resultados propostos baseados cientificamente (TANNURE; 
PINHEIRO, 2013). A SAE propicia subsídios para a organização da assistência de enfermagem no que diz 
respeito ao método, pessoal e instrumentos de trabalho, o que torna possível a operacionalização do 
processo de enfermagem. Transforma‑se em um instrumento eficaz de gestão do cuidado também 
em Unidades Básicas de Saúde (UBS), proporcionando assistência e realização de um acolhimento 
humanizado à comunidade através do processo de enfermagem, traduzido num instrumento assistencial 
que inter‑relaciona as informações coletadas durante a consulta de enfermagem com a finalidade de 
constituir o planejamento do cuidado (MATOS; RODRIGUES; RODRIGUES, 2013).
O processo de enfermagem é uma ferramenta importante para a categoria profissional, a partir dele 
o enfermeiro planeja a assistência, considerando a identificação dos problemas de saúde do paciente, 
planeja a intervenção terapêutica, realiza uma avaliação sistematizada da assistência com vistas ao 
alcance de resultados esperados (FONTES; LEADEBAL; FERREIRA, 2010).
O enfermeiro, ao desenvolver a sistematização das suas práticas, deve proporcionar um espaço de 
fala e escuta, reforçando o vínculo entre profissional/usuário. Para tanto, não basta ser competente 
somente na dimensão técnica, é preciso também desenvolver habilidades interpessoais para integrar 
e fortalecer a relação entre o enfermeiro e a sua equipe e deles com o usuário. O desenvolvimento 
de habilidades interpessoais é importante para criar habilidades do pensamento crítico, não devendo 
supervalorizar uma em detrimento da outra (VARELA et al., 2012).
 Observação
A SAE organiza o trabalho profissional quanto ao método de pessoal 
e os instrumentos metodológicos, tornando possível a operacionalização 
do processo de enfermagem, que orienta o cuidado profissional de 
enfermagem e a documentação da prática profissional. Reforçada pela 
Resolução nº 358/2009, do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).
A UBS é considerada a porta de entrada da população à assistência, é ponto estratégico para acolher 
suas necessidades, proporcionando um acompanhamento longitudinal e resolutivo (RODRIGUES; 
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NASCIMENTO; ARAÚJO, 2011). A assistência de saúde é realizada por equipe multiprofissional que utiliza 
seus saberes específicos para atender as necessidades do ser humano, de forma coletiva e individual 
(LEAL; RIBEIRO; AFONSO, 2017).
A comunicação interpessoal tem se mostrado uma excelente ferramenta para o relacionamento dos 
diversos sujeitos envolvidos na construção do plano de cuidados (VARELA et al., 2012). O Conselho Federal 
de Enfermagem (Cofen) determinou a obrigatoriedade da SAE, sendo preconizado em todas as instituições 
de saúde onde ocorra a atuação de um enfermeiro (MEDEIROS; SANTOS; CABRAL, 2012). Há ainda muitos 
estudos e propostas sendo desenvolvidas para a SAE na Atenção Básica (SUHRE et al., 2017).
A atenção primária é uma abordagem que forma a base e determina o trabalho dos demais níveis 
de atenção à saúde. É um dos eixos marcantes a respeito dos cuidados primários em saúde e surgiu em 
1978 com a Declaração de Alma‑Ata, na qual os cuidados primários foram situados como estratégia 
principal do sistema de saúde de um país (COUTINHO; BARBIERI; SANTOS, 2015). Ela organiza e 
racionaliza o uso dos recursos, tanto básicos como especializados, direcionados para a promoção, a 
manutenção e a melhora da saúde (STARFIELD, 2002). Quando os sistemas de saúde de um país estão 
organizados com base na APS (Atenção Primária à Saúde), apresentam melhor desempenho, devido 
principalmente à acessibilidade, integralidade e organização e otimização dos recursos (LIMA, 2011), 
além de apresentarem redução da mortalidade, diminuição dos custos da atenção, maior acesso aos 
serviços, redução das internações e atendimentos de urgência (MENDES, 2013).
No Brasil, o termo utilizado como equivalente à APS é a Atenção Básica (AB). (BRASIL, 2011b). O 
modelo utilizado orientado na APS é a Estratégia Saúde da Família (ESF), que teve início em 1994 e 
foi idealizado, inicialmente, como uma ferramenta de extensão da cobertura assistencial. Atualmente, 
se configura como o maior programa assistencial no País e é considerado como um eixo estratégico 
reorganizador do Sistema Único de Saúde (SUS) e tem sido apontado, por sua extensão e cobertura, 
como um modelo a ser seguido (ABRAHÃO, 2007; MENDES, 2013).
O Ministério da Saúde vem buscando estratégias para adequar os conhecimentos às novas propostas 
de estruturação da atenção primária. A Política Nacional de Humanização (PNH – HumanizaSUS) 
é uma proposta que atua a partir de orientações éticas, clínicas e políticas, que se traduzem em 
arranjos de trabalho. Dentre as estratégias que norteiam esta política, evidencia‑se o acolhimento 
(BRASIL, 2006c). O acolhimento considera toda a situação da atenção a partir das discussões sobre a 
reorientação da atenção à saúde, direcionando a modificação do modelo tecnoassistencial, vai além 
da recepção ao usuário.
Acolher significa humanizar o atendimento (HENNINGTON, 2005). O acolhimento possibilita 
uma reflexão acerca dos processos de trabalho em saúde, pois estabelece uma relação concreta e de 
confiança entre o usuário e o profissional ou a equipe, estando diretamente orientado pelos princípios 
do SUS (BRASIL, 2010d), podendo atender às demandas da sociedade e estabelecer relação com os 
outros serviços de saúde, de maneira regionalizada e hierarquizada. É um recurso destinado a apoiar a 
qualificação do sistema de saúde, possibilita ao usuário o acesso a um cuidado justo e integral, a partir 
do reconhecimento de que esse acesso é um direito humano fundamental (CARVALHO et al., 2008; 
BARALDI; SOUTO, 2011). O acolhimento facilita, dinamiza e organiza o trabalho de forma alcançar a 
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resolutividade do problema (CARDOSO et al., 2009). Aponta‑se o acolhimento como diretriz operacional 
fundamental do modelo assistencial proposto pelo SUS, a fim de garantir não só a acessibilidade universal, 
mas também a qualificação das relações, na qual escuta e atenção às necessidades são fundamentais 
ao processo para que o serviço ofereça uma resposta resolutiva às demandas dos usuários (BREHMER; 
VERDI, 2010).
 Observação
O acolhimento é um conceito utilizado para expressar as relações que 
se estabelecem entre usuário e profissionais na atenção à saúde.
No entanto, no seu princípio inicial, não se trata de uma simples relação de prestação de serviço. 
O acolhimento implica uma relação cidadã e humanizada, de escuta qualificada (BRASIL, 2010d). 
O desenvolvimento do acolhimento propõe a reorganização dos serviços e caracteriza‑se como 
elemento‑chave para promover a ampliação efetiva do acesso à Atenção Básica (AB) e aos demais níveis 
do sistema (RAMOS; LIMA, 2003). Relaciona‑se com o vínculo entre o usuário e o serviço de saúde, 
buscando a adequação do serviço às necessidades, ambiente e cultura dos usuários, respeitando sua 
privacidade, favorecendo a qualificação da assistência prestada e agindo positivamente no estado de 
saúde do indivíduo e da coletividade (LIMA et al., 2007; GUERREIRO; BRANCO, 2011).
Além dos diferentes programas no âmbito da AB, são consideradas boas práticas aquelas realizadas 
no cotidiano das unidades de saúde, que contribuem para a organização do processo de trabalho, 
como: adaptação ou flexibilização dos atos normativosao contexto da unidade, apoio matricial de 
especialidades e realização de visitas domiciliares e de grupos terapêuticos ou de acompanhamento. 
Para os gestores, a escuta seguida de orientação traz satisfação para o usuário e resolubilidade no 
momento em que eles procuram o serviço de saúde. O bom trato ao usuário e o bom relacionamento 
com a comunidade, mesmo sendo indiscutíveis, são valorizados na medida em que esclarecem ao usuário 
as rotinas e procedimentos, fluxos e limites de atendimento (COELHO; JORGE; ARAÚJO, 2009).
Para o estudo do acolhimento, algumas dimensões são propostas. A primeira dimensão tem relação 
com o diálogo, é imprescindível a disponibilidade para uma escuta ativa, qualificada e resolutiva, que 
acolha o outro e as referências que o orientam. A segunda dimensão do acolhimento se refere à postura, 
com a decisão do serviço de dar uma resposta à demanda do usuário, desde uma orientação verbal 
ao atendimento clínico propriamente. A terceira dimensão é da reorganização do serviço de saúde, 
organização interna; o acolhimento‑reorganização é enfatizado a partir de um exercício de planejamento, 
sendo uma gestão colegiada ou uma gestão local autônoma, com apoio técnico‑operacional dos níveis 
regional e central (LIMA et al., 2007; GUERREIRO; BRANCO, 2011).
O acolhimento, nas suas diferentes dimensões, desencadeia transformações no processo de 
trabalho, nas relações estabelecidas nos espaços de cuidado e no âmbito organizacional dos serviços. 
A interconexão da tríade acolhimento‑diálogo, acolhimento‑postura, acolhimento‑reorganização dos 
serviços reconfigura e renova, assim, as ações na AB com o propósito de implementar a política de 
humanização no SUS e consolidar seu modelo de atenção (GUERREIRO; BRANCO, 2011).
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 Observação
Equipes relatam a dificuldade em se fazer, com qualidade, a escuta, 
que exige atenção e disponibilidade, mediante a demanda volumosa e o 
predomínio da lógica médica na prática dos profissionais e a expectativa da 
sociedade. Em alguns casos se restringe a queixas.
6 MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE NO BRASIL – SAÚDE DA FAMÍLIA: 
CONSTRUÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA DE ATENÇÃO À SAÚDE E A ATUAÇÃO DO 
ENFERMEIRO
Atualmente, o PSF (Programa de Saúde da Família) é definido com Estratégia Saúde da Família (ESF), 
em vez de programa, visto que o termo programa aponta para uma atividade com início, desenvolvimento 
e finalização. A ESF é uma estratégia de reorganização da atenção primária e não prevê um tempo para 
finalizar esta reorganização.
Atenção Básica constitui‑se em um conjunto de ações que dão consistência prática ao conceito 
de Vigilância em Saúde, que articula conhecimentos e técnicas provindos da epidemiologia, do 
planejamento e das ciências sociais em saúde, articulando as bases de promoção, proteção e assistência, 
a fim de garantir a integralidade do cuidado (FIGUEIREDO, 2012). A ESF é um modelo que procura 
reorganizar a Atenção Básica de acordo com os preceitos do SUS (BRASIL, 1997a) e com o apoio do 
Núcleo de Assistência à Saúde da Família, Nasf, estrutura vinculada à Atenção Básica de Saúde com 
proposta de ampliar e aperfeiçoar a atenção e a gestão da saúde na ESF, privilegiando a construção de 
redes de atenção e cuidado.
Os cuidados dispensados na Atenção Básica precisam dar conta das necessidades de saúde da 
população, em nível individual e/ou coletivo, de forma que as ações influam na saúde e na autonomia 
das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde da comunidade. A Atenção Básica, principal 
porta de entrada do sistema de saúde, inicia‑se com o ato de acolher, escutar e oferecer resposta 
resolutiva para a maioria dos problemas de saúde da população, minorando danos e sofrimentos 
e responsabilizando‑se pela efetividade do cuidado (BRASIL, 2011b). Para isso, é necessário que o 
trabalho seja realizado em equipe, de forma que os saberes se somem e possam se concretizar em 
cuidados efetivos dirigidos a populações de territórios definidos, pelos quais essa equipe assume a 
responsabilidade sanitária.
Para que toda essa estrutura possa funcionar, dando respostas adequadas às necessidades dos 
usuários, foi criada a Rede de Atenção à Saúde (RAS), que é um conjunto de serviços e equipamentos de 
saúde, num determinado território geográfico, responsável pela oferta de serviços, acompanhamento 
de como estão se relacionando, assegurando dessa forma que a ampliação da cobertura em saúde seja 
acompanhada de uma ampliação da comunicação entre os serviços, para garantir a integralidade da 
atenção (BRASIL, 2011b).
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Algumas maneiras de organização das UBS e realidades socioepidemiológicas foram determinantes 
para fixar o número de habitantes da área adstrita; assim, cada UBS localizada em grandes centros 
urbanos e que não adota a ESF deve acolher no máximo 18 mil habitantes (BRASIL, 2011b). Àquelas 
com ESF recomenda‑se, no máximo, 12 mil habitantes, em que cada equipe deve ser responsável por, no 
máximo, 4 mil pessoas, sendo a média recomendada de 3 mil pessoas ou menos quanto maior o grau de 
vulnerabilidade (BRASIL, 2011b).
Cada equipe de ESF deve ser constituída por, no mínimo, médico generalista ou especialista em 
saúde da família ou médico de família e comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em saúde da 
família, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde, podendo acrescentar a esta 
composição, como parte da equipe multiprofissional, os profissionais de saúde bucal (BRASIL, 2011b).
 Observação
A Estratégia Saúde da Família surgiu como Programa Saúde da 
Família (PSF), que teve início com a implantação do Programa de Agentes 
Comunitários de Saúde (Pacs), principalmente nas regiões Norte e Nordeste 
do país, em 1991, com as finalidades de diminuir as mortalidades infantil e 
materna. O Ministério da Saúde passa a enfocar na família como unidade 
de ação para atender ao novo conceito de saúde, que considera o indivíduo 
como um todo, e não simplesmente ausência de doença.
A equipe de saúde da ESF deve cadastrar‑se em apenas uma equipe, com carga horária de 40 horas 
semanais, sendo 32 horas dedicadas a atividades na equipe de saúde da família, podendo, conforme 
decisão prévia e autorização do gestor, dedicar até 8 (oito) horas do total da carga horária para prestação 
de serviços na rede de urgência do município ou para atividades de especialização em saúde da família, 
residência multiprofissional e/ou de medicina de família e de comunidade, bem como atividades de 
educação permanente e apoio matricial, exceção ao profissional médico (BRASIL, 2011a).
Todos os profissionais envolvidos nas equipes de ESF devem participar do processo de 
territorialização, identificando situações de risco e vulnerabilidade, realizando busca ativa e 
notificando doenças e agravos de notificação compulsória; devem cadastrar famílias e indivíduos. 
Ações educativas, que interfiram no processo de saúde‑doença, devem ser incrementadas, bem 
como o incentivo à mobilização e à participação da comunidade, com o intuito de efetivar o 
controle social (BRASIL, 2011a).
O enfermeiro é o profissional que exerce privativamente a direção dos órgãos de enfermagem e integra 
a estrutura básica de instituições de saúde, pública ou privada, e a chefia de serviço de enfermagem, 
coordenando a atuação do auxiliar e do técnico. Ao enfermeiro cabe atender a saúde dos indivíduos 
e famílias cadastradas, realizando consulta de enfermagem, procedimentos, atividades em grupo e, 
conforme protocolos, solicitar exames complementares, prescrever medicações e gerenciar insumos e 
encaminhar usuários a outros serviços. Cabem a ele também as atividades de educação permanente 
da equipe de enfermagem, bem como o gerenciamento e a avaliação das atividades da equipe, de 
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maneira particular do agente comunitário de saúde (ACS), que ocupa na ESF papel fundamental para a 
manutenção do vínculo entre os usuários e a unidade de saúde.
O médico (BRASIL, 2011a) é um profissional que se ocupa da saúde humana, promovendo saúde, 
prevenindo, diagnosticando e tratando doenças, com competência e resolutividade, responsabilizando‑se 
pelo acompanhamento do plano terapêutico do usuário. Para que possa atender à demanda dos 
indivíduos sob sua responsabilidade, deve realizar atividades programadas e de atenção à demanda 
espontânea, de forma compartilhada, consultas clínicas e pequenos procedimentos cirúrgicos, quando 
indicado na unidade de saúde, no domicílio ou em espaços comunitários, responsabilizando‑se pela 
internação hospitalar ou domiciliar e pelo acompanhamento do usuário. Além disso, o médico deve, em 
um trabalho conjunto com o enfermeiro, realizar e fazer parte das atividades de educação permanente 
dos membros da equipe e participar do gerenciamento dos insumos.
O agente comunitário de saúde (ACS) exerce o papel de elo entre a equipe e a comunidade, devendo 
residir na área de atuação da equipe, vivenciando o cotidiano das famílias/indivíduo/comunidade com 
mais intensidade em relação aos outros profissionais (FORTES; SPINETTI, 2004). É capacitado para reunir 
informações de saúde sobre a comunidade e deve ter condição de dedicar oito horas por dia ao seu 
trabalho. Realiza visitas domiciliares na área adscrito, produzindo dados capazes de dimensionar os 
principais problemas de saúde de sua comunidade. Estudos identificam que o ACS, no seu dia a dia, 
apresenta dificuldade de lidar com o tempo, o excesso de trabalho, a preservação do espaço familiar, o 
tempo de descanso, a desqualificação do seu trabalho e o cansaço físico (MARTINES; CHAVES, 2007). 
A esses profissionais cabe cadastrar todas as pessoas do território, mantendo tais registros sempre 
atualizados, orientando as famílias quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis. Devem 
acompanhá‑las, por meio de visitas domiciliares e ações educativas individuais e coletivas, buscando 
sempre a integração entre a equipe de saúde e a população adscrita à UBS. Devem desenvolver atividades 
de promoção da saúde, de prevenção das doenças e agravos e de vigilância à saúde, mantendo como 
referência a média de uma visita/família/mês ou, considerando os critérios de risco e vulnerabilidade, 
em número maior. A eles cabe:
O acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa Família ou de 
qualquer outro programa similar de transferência de renda e enfrentamento 
de vulnerabilidades implantado pelo Governo Federal, estadual e municipal 
de acordo com o planejamento da equipe (BRASIL, 2011a).
O ACS também é responsável por cobrir toda a população cadastrada, com um máximo de 
750 pessoas por ACS e de 12 ACS por Equipe de Saúde da Família (BRASIL, 2011a).
Ao técnico e auxiliar de enfermagem cabe, sob a supervisão do enfermeiro, realizar procedimentos 
regulamentados no exercício de sua profissão tanto na unidade de saúde quanto em domicílio e outros 
espaços da comunidade, educação em saúde e educação permanente (BRASIL, 2011a).
O cirurgião‑dentista é o profissional de saúde capacitado na área de odontologia, devendo desenvolver 
com os demais membros da equipe atividades referentes à saúde bucal, integrando ações de saúde de 
forma multidisciplinar. A ele cabe, em ação conjunta com o técnico em saúde bucal (TSB), definir o 
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perfil epidemiológico da população para o planejamento e a programação em saúde bucal, a fim de 
oferecer atenção individual e coletiva voltadas à promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais, 
de forma integral e resolutiva. Sempre que necessário, deve realizar os procedimentos clínicos, incluindo 
atendimento das urgências, pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com a fase 
clínica da instalação de próteses dentárias elementares, além de realizar atividades programadas e de 
atenção à demanda espontânea e ao controle de insumos (BRASIL, 2011a). É responsável ainda pela 
supervisão do técnico (TSB) e do auxiliar (ASB) em Saúde Bucal e por participar com os demais profissionais 
da unidade de saúde do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da 
UBS (BRASIL, 2011a).
Ao técnico em saúde bucal (TSB) cabe, sob a supervisão do cirurgião‑dentista, o acolhimento do 
paciente nos serviços de saúde bucal, a manutenção e a conservação dos equipamentos odontológicos, 
a remoção do biofilme e as fotografias e tomadas de uso odontológicos, a limpeza e a antissepsia do 
campo operatório, antes e após atos cirúrgicos, e as medidas de biossegurança de produtos e resíduos 
odontológicos. É importante que esse profissional integre ações de saúde de forma multidisciplinar, 
oferecendo apoio e educação permanente aos ASB, ACS e agentes multiplicadores das ações de promoção 
à saúde nas ações de prevenção e promoção da saúde bucal. O auxiliar em saúde bucal (ASB) realiza 
procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão, como limpeza, assepsia, desinfecção e 
esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho, processa 
filme radiográfico, seleciona moldeiras, prepara modelos em gesso, além das demais atividades atribuídas 
ao TSB (BRASIL, 2011a).
Em um país tão diverso quanto o nosso, seguindo as diretrizes de atender às necessidades 
específicas de cada população, diferentes realidades compõem o cenário da Atenção Básica, 
entre elas as equipes de consultório de rua, a população ribeirinha da Amazônia Legal e Pantanal 
sul‑mato‑grossense e a fluvial.
A equipe de consultórios de rua deve ter articulação com outras do território, como a Unidade Básica 
de Saúde, o núcleo de apoio à Saúde da Família, os Centros de Atenção Psicossocial à Rede de Urgência e 
outras instituições ligadas ao Sistema Único de Assistência Social (Suas). Naqueles municípios ou áreas, 
sem consultórios de rua, o cuidado integral das pessoas nessa situação deve ser de responsabilidade das 
equipes da UBS e dos Nasf do território onde elas estão concentradas (BRASIL, 2011a).
As Equipes de Saúde da Família Ribeirinha (ESFR), cujas atividades são desenvolvidas em Unidades de 
Saúde em localidades da comunidade, o acesso se dá por meio fluvial. Outras são as Equipes de Saúde da 
Família Fluviais (ESFF), cujas equipes desenvolvem sua atividade laboral em Unidades Básicas de Saúde 
Fluviais (UBSF) (BRASIL, 2011a). Ambas devem apresentar composição semelhante à estrutura já discutida, 
sendo que as Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas devem contar ainda com um microscopista, nas 
regiões endêmicas. Já as Equipes de Saúde da Família Fluviais devem levar em conta um técnico de 
laboratório e/ou bioquímico na constituição da equipe multiprofissional, além dos profissionais de saúde 
bucal, à semelhança do que foi descrito anteriormente, sempre associada à realidade epidemiológica e 
às necessidades de saúde da população.
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A organização do Núcleo de Atenção à Saúde da Família (Nasf) está organizado em duas modalidades: 
Nasf 1 e Nasf 2, e a composição de cada uma delas deverá ser definida pelos gestores municipais, a 
partir dos dados epidemiológicos e das necessidades locais e das equipes de saúde que serão apoiadas. 
Os profissionais que compõem o Nasf 1 e 2, segundo o Código Brasileiro de Ocupações – CBO, são: médico 
acupunturista; assistente social; profissional/professor de educação física; farmacêutico; fisioterapeuta; 
fonoaudiólogo; médico ginecologista/obstetra; médico homeopata; nutricionista; médico pediatra; 
psicólogo; médico psiquiatra; terapeuta ocupacional; médico geriatra; médico internista (clínica médica); 
médico dotrabalho; médico veterinário; profissional com formação em arte e educação (arte‑educador); 
e profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na área de saúde com pós‑graduação 
em saúde pública ou coletiva ou graduado diretamente em uma dessas áreas (BRASIL, 2011a). A diferença 
entre o Nasf 1 e o Nasf 2 é quanto à carga horária semanal e ao número de equipes de Saúde da Família 
e/ou equipes de Atenção Básica para populações específicas. Esses núcleos devem funcionar em horário 
de trabalho coincidente com o das referidas equipes que apoiam. A organização e o desenvolvimento do 
processo de trabalho do Nasf dependem de algumas ferramentas já amplamente testadas na realidade 
brasileira, como é o caso do Apoio Matricial, da Clínica Ampliada, do Projeto Terapêutico Singular (PTS) e 
do Projeto de Saúde no Território (PST) (MARTINES; CHAVES, 2007).
• Apoio Matricial: busca mudar o padrão dominante de responsabilidade nas organizações, tem 
por objetivo responsabilizar pessoas por pessoas, e não por processos; constitui‑se na proposta 
do Nasf que se complementa com o processo de trabalho em “equipes de referência” (equipe SF), 
caracterizada pelas tecnologias leves. Produz ação clínica direta com os usuários, pela tecnologia 
leve, caracterizada pela ação técnico‑pedagógica, que produz apoio educativo com e para a equipe.
• Clínica Ampliada se direciona a todos os profissionais que fazem clínica, ou seja, os profissionais 
de saúde na sua prática de atenção aos usuários. Ampliar a clínica significa ajustar os recortes 
teóricos de cada profissão às necessidades dos usuários. Relacionada ao Apoio Matricial, propõe 
a discussão em equipe de casos clínicos, especialmente os mais complexos, é um recurso clínico e 
gerencial importantíssimo.
• Projeto Terapêutico Singular (PTS): compreende propostas de condutas terapêuticas articuladas 
para um sujeito individual ou coletivo, baseando‑se em conclusões de discussão coletiva, com 
apoio matricial, se necessário. Pode ser dedicado a situações mais complexas, com características 
próprias. É uma variação da discussão de “caso clínico”. Resulta da discussão em equipe como o 
compartilhamento de opiniões e saberes na tentativa de ajudar a entender o sujeito, demandando 
cuidados em saúde e respectiva definição de propostas de ações.
• Projeto de Saúde no Território (PST): é uma estratégia das Equipes de Saúde da Família e do 
Nasf para desenvolver ações de saúde em um território, articulando os serviços de saúde com 
políticas sociais, investindo na qualidade de vida e na autonomia das comunidades. O primeiro 
objetivo é uma área e/ou população vulnerável ou em risco. A possibilidade de articulação, 
pactuação e discussão com a sociedade, grupos e indivíduos oferece opções de reformular o 
projeto de saúde para a comunidade. O PST auxilia ainda o fortalecimento da integralidade 
do cuidado à medida que trabalha com ações identificados e solicitados pela comunidade, 
vinculadas à clínica, à vigilância e à promoção da saúde.
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• Programa Saúde na Escola (PSE): tem por objetivo a atenção integral à saúde de crianças, 
adolescentes e jovens do ensino público básico, nas escolas e Unidades Básicas de Saúde, aplicadas 
pelas equipes de saúde da Atenção Básica e educação de forma integrada. A avaliação clínica e 
psicossocial, a promoção e a prevenção são a primeira parte da promoção da saúde ambiental e 
do desenvolvimento sustentável, prevenção das violências, da alimentação saudável e de práticas 
corporais e atividades físicas nas escolas. Propostas de educação para a saúde sexual e reprodutiva, 
a prevenção ao uso de álcool, tabaco e outras drogas são práticas aplicadas por este programa.
 Observação
O enfermeiro atende quaisquer dos ciclos de vida com as propostas 
preventiva e curativa, incluindo todas as raças, etnias e crenças, além de 
não fazerem distinção das orientações sexuais. As atividades são realizadas 
na unidade de saúde, em igrejas, ONGs e escolas, com atendimentos 
individuais e coletivos.
6.1 Atenção Primária à Saúde e a Estratégia Saúde da Família: o território 
no contexto da saúde/visita domiciliária
A visita domiciliar (VD) é uma oportunidade diferente de cuidado, visando à promoção da saúde da 
comunidade com suporte técnico‑científico, com ação que se desenvolve em um espaço fora da unidade 
de saúde. Na prática, o que se observa com maior frequência é a realização da VD para intervir ou 
minimizar o processo saúde‑doença (MENDES, 2009). Utiliza uma tecnologia leve, permitindo o cuidado 
à saúde de forma mais humana, acolhedora, possibilitando o estabelecimento de laços de confiança 
entre os profissionais e os usuários, a família e a comunidade, ampliando o acesso da população às ações 
da saúde no domicílio (TAKAHASHI; OLIVEIRA, 2001).
A ESF prevê a atenção domiciliar à saúde como forma de assistência àqueles que precisam de 
cuidados contínuos, principalmente, como instrumento de diagnóstico local e programação das ações 
a partir da realidade. Um dos principais papéis da VD está no estabelecimento de vínculos com a 
população, bem como seu caráter estratégico para integralidade e humanização das ações; reflete em 
maior responsabilização dos profissionais com as necessidades de saúde da população, de sua vida social 
e familiar (ROMANHOLI; CYRINO, 2012; SAKATA et al., 2007).
A atenção à saúde no domicílio deve construir novas formas de cuidado que considere a realidade 
de vida das pessoas, suas necessidades e limites, sua participação no processo, bem como a integração 
do olhar da equipe multiprofissional (MERHY; FEUERWERKER, 2007). No dia a dia do serviço de saúde, 
o profissional costuma prescrever estilos de vida, hábitos, alimentação, exercícios, medicamentos que 
provocam reações diversas. Nem sempre o profissional está preparado para escutar o usuário, seus 
valores, seus desejos, suas formas de resolver, muitas vezes incompatíveis com algumas prescrições. 
Este processo ainda é mais complexo nos casos de doenças crônicas ou acamados que precisam de 
múltiplos cuidados.
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 Saiba mais
Para conhecer as possibilidades de atuação nas visitas domiciliares, acesse: 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. 
Departamento de Atenção Básica. Caderno de atenção domiciliar/Ministério 
da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2013b. Disponível em: <http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_domiciliar_melhor_casa.pdf>. 
Acesso em: 10 out. 2018.
A organização e o planejamento das VDs são desafios que devem respeitar, além do território, as 
características da população e dos profissionais. O fato de o cuidado em saúde ser produzido num 
território não institucional, o domicílio, pode produzir desconforto, angústia, desafios, mas também 
pode compor alternativas complementares à organização do cuidado. O foco é estabelecer rotinas 
diferenciadas de visita conforme risco/estrato social, presença de agravos crônicos etc. e instituir 
prioridades como forma de aprimorar os serviços prestados pela ESF, que podem facilitar a organização 
das VDs, sem, contudo, se transformarem em regras rígidas que aprisionem esse processo de trabalho 
vivo em rotina normativa (CUNHA, 2013).
A equipe de saúde que realiza as VDs é composta também de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) 
que devem ser um elo entre o serviço e população, um facilitador para a identificação de problemas e 
possibilidades de auxílio ao usuário. Contudo, Jardim e Lancman (2009) afirmam que é preciso considerar 
a complexidade e os desafios possivelmente implicados na dupla inserção dos ACS: o agente e o sujeito, 
simultaneamente. O fato de o ACS trabalhar e viver na comunidade possibilita a compreensão da 
realidade, devendo ter o cuidadopara ser um elo, e não um distanciamento.
A VD, assim como as demais ações de saúde, além de ser registrada nos prontuários, deve alimentar 
os sistemas de informações em saúde, fundamentais para o planejamento e avaliação dessas ações 
(ANDRADE et al., 2014).
 Lembrete
A visita domiciliar (VD) é uma oportunidade diferente de cuidado, ela 
possui ação que se desenvolve em um espaço fora da unidade de saúde.
O território é base das iniciativas e as equipes atuam na identificação de situações de risco social, 
potencializam a consolidação das redes locais, uma vez que a aproximação da população ao serviço de 
saúde a aproxima aos serviços de assistência social e outros. No entanto é preciso que se compreenda 
o território para além de um espaço geográfico e material/econômico, mas social, cultural, com suas 
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dimensões simbólica e imaginária (SÁ, 2009), que condicionam igualmente os problemas de saúde e a 
possibilidade de enfrentá‑los.
Território não deve ser entendido somente como uma área geodemográfica, restrito a delimitações 
de fronteiras entre um bairro ou outro para a formalização de informação de morbimortalidade ou das 
ações da vigilância. É, antes de mais nada, um espaço vivo e dinâmico, sujeito a alterações sociais, não é 
só o conjunto dos setores do censo para a contagem das pessoas, da população. É um espaço “vivo” de 
produção de subjetividades em autonomia (SANTOS, 1996).
Conhecer o território de forma indicada e diferenciada, estabelecendo vínculo com a população, 
compromisso e responsabilidade, oferece a possibilidade de gerir as condições de saúde da população 
(BRASIL, 2010b). Embora complexa, a construção desse processo resulta em um instrumento de 
acompanhamento e avaliação de resultados, estabelecer metas e indicadores com objetivo de melhorar 
a saúde da população, bem como responder com efetividade às suas necessidades (BRASIL, 2012a).
Esse processo de conhecimento do território pode ser construído com base nos seguintes eixos:
a. Informação em saúde para conhecer e caracterizar o território 
em questão e possibilitar um processo de identificação desse espaço 
geográfico pelos diferentes atores sociais envolvidos, a partir da coleta e 
da produção de informações;
b. Produção do cuidado à saúde, com o objetivo de utilizar a elaboração 
comunitária do conhecimento sobre o território (equipamentos sociais, 
esportivos e educacionais) como um espaço para a reflexão dos processos 
de trabalho;
c. Constituição das redes de cuidado, oferecendo múltiplos espaços de 
compartilhamento e construção de cuidado à saúde nos territórios pelo 
estabelecimento de pactuações e de distintos fluxos, permitindo o percurso 
do usuário sobre os pontos de atenção (BRASIL, 2012a).
O serviço de saúde deve levar em conta o conhecimento do território onde se vai atuar, o que 
significa ir além dos muros da Unidade Básica de Saúde (UBS). É fundamental conhecer o território 
que constitui a área de abrangência da unidade de saúde (US) para identificar como vivem, adoecem e 
morrem as pessoas. Para desenvolvermos uma assistência à saúde mais resolutiva, deveremos identificar 
os problemas de saúde mais relevantes e prioritários para a comunidade naquele momento para, a 
partir destes, estabelecermos a proposta de intervenção (MAFRA; CHAVES, 2004). A contínua construção 
do processo de territorialização é a base da discussão e construção do modelo de assistência à saúde 
para aquela comunidade, especificamente. Dados referentes ao contexto econômico, social, cultural e 
epidemiológico local devem ser considerados e reavaliados frequentemente, devido às características 
mutáveis. É vital a participação dos usuários no Conselho Local de Saúde, que é o espaço democrático 
garantido pelos princípios do SUS para apresentar suas opiniões e necessidades.
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7 POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO
A Política Nacional de Humanização – HumanizaSUS (PNH) foi criada pelo Ministério da Saúde, em 
2003, a partir do reconhecimento de experiências inovadoras e concretas que compõem um “SUS que 
dá certo” (MARTINS; LUZIO, 2017).
Podem ser apontados avanços na descentralização e na regionalização da atenção e da gestão da 
saúde, através da ampliação dos níveis de universalidade, equidade, integralidade e controle social. 
De outro lado, a fragmentação e a verticalização dos processos de trabalho enfraqueceram as relações 
entre os diferentes profissionais da saúde e entre estes e os usuários (BRASIL, 2004b).
As iniciativas de humanização para a saúde se apresentam, em geral, de modo vago e associadas 
a atitudes humanitárias, de caráter filantrópico, voluntárias, e não como um direito à saúde. 
Raras vezes o trabalhador é incluído nessas práticas (BRASIL, 2004b). Desta maneira, a humanização 
se define como o aumentar o grau de corresponsabilidade dos diferentes atores que constituem a 
rede SUS, na produção da saúde, implica mudança na cultura da atenção dos usuários e da gestão 
dos processos de trabalho (BRASIL, 2004b).
A Política Nacional de Humanização da atenção e gestão do SUS tem como propósitos (BRASIL, 2004b):
• contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os princípios e as diretrizes da humanização;
• fortalecer iniciativas de humanização existentes;
• desenvolver tecnologias relacionais e de compartilhamento das práticas de gestão e de atenção;
• aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodologias de apoio a mudanças sustentáveis dos 
modelos de atenção e de gestão;
• implementar processos de acompanhamento e avaliação, ressaltando saberes gerados no SUS e 
experiências coletivas bem‑sucedidas.
Com o objetivo de direcionar a implantação das mudanças de humanização, foram propostos três 
macro‑objetivos relacionados a seguir:
• ampliar as ofertas da Política Nacional de Humanização aos gestores e aos conselhos de 
saúde, priorizando a atenção básica/fundamental e hospitalar, com ênfase nos hospitais 
de urgência e universitários;
• incentivar a inserção da valorização dos trabalhadores do SUS na agenda dos gestores, dos 
conselhos de saúde e das organizações da sociedade civil;
• divulgar a Política Nacional de Humanização e ampliar os processos de formação e produção de 
conhecimento em articulação com movimentos sociais e instituições.
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A humanização como estratégia de interferência no processo de produção de saúde leva em 
conta que sujeitos sociais, quando mobilizados, convocados, são capazes de transformar realidades 
transformando‑se a si próprios nesse mesmo processo (BENEVIDES; PASSOS, 2005).
A humanização, como um conjunto de estratégias para alcançar a qualificação da atenção e da 
gestão em saúde no SUS, com a avaliação dos serviços oferecidos, foi possível identificar prioridades na 
Política Nacional de Humanização e estabelecer focos, que são:
• redução de filas e do tempo de espera, com ampliação do acesso;
• atendimento acolhedor e resolutivo, baseado em critérios de risco;
• implantação de modelo de atenção com responsabilização e vínculo;
• garantia dos direitos dos usuários;
• valorização do trabalho na saúde;
• gestão participativa nos serviços.
Pensando nas várias frentes de atuação, cada um tem seu papel proposto, no eixo das instituições 
do SUS, pretende‑se que a PNH faça parte dos planos estaduais e municipais dos vários governos, 
discutidos e aprovados pelos gestores e pelos conselhos de saúde correspondentes (VASCONCELOS; 
MARTINS; MACHADO, 2014).
No eixo da gestão do trabalho, a promoção de ações que assegurem a 
participação dos trabalhadores nos processos de discussão e decisão, 
fortalecendo e valorizando o compromisso com o processo de produção de 
saúde e seu crescimento profissional.
No eixo da educaçãopermanente, indica‑se que a PNH participe da 
elaboração do conteúdo profissionalizante na graduação, na pós‑graduação 
e na extensão em saúde, vinculando‑a aos Polos de Educação Permanente e 
às instituições formadoras.
No eixo da informação/comunicação, sugere‑se a inclusão no debate da 
saúde, visando à ampliação do domínio social sobre a PNH, objetivando a 
maior adesão possível.
No eixo da atenção, propõe‑se democratização da gestão dos serviços e da 
ampliação da atenção integral à saúde, promovendo a intra e a intersetorialidade 
com responsabilização sanitária pactuada entre gestores e trabalhadores.
No eixo do financiamento, propõe‑se a integração de recursos vinculados a 
programas específicos de humanização e outros recursos de subsídio à atenção, 
unificando‑os e repassando‑os fundo a fundo mediante adesão, com compromisso, 
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dos gestores à PNH. No eixo da gestão da PNH, indica‑se a pactuação com as 
instâncias intergestoras e de controle social do SUS, o acompanhamento, o 
monitoramento e a avaliação sistemáticos das ações realizadas, de modo integrado 
às demais políticas de saúde, estimulando a pesquisa relacionada às necessidades 
do SUS na perspectiva da Humanização (BRASIL, 2004b).
Em todas as esferas do SUS há possibilidade de implantação das PNH, na Atenção Básica, com a 
elaboração de projetos de saúde individuais e coletivos para usuários e sua rede social, considerando 
as políticas intersetoriais e as necessidades de saúde; incentivando práticas promocionais de saúde; 
estabelecendo formas de acolhimento e inclusão do usuário que promovam a otimização dos 
serviços, o fim das filas, a hierarquização de riscos e o acesso aos demais níveis do sistema e, ainda, o 
comprometimento com o trabalho em equipe, de modo a aumentar o grau de corresponsabilidade, e 
com a rede de apoio profissional, visando à maior eficácia na atenção em saúde (BRASIL, 2006c).
Também se aplica na urgência e na emergência, nos prontos‑socorros, nos prontos atendimentos, 
na assistência pré‑hospitalar e em outros postos para acolher a demanda por meio de critérios de 
avaliação de risco, garantindo o acesso referenciado aos demais níveis de assistência; comprometer‑se 
com a referência e a contrarreferência, aumentando a resolução da urgência e emergência, provendo 
o acesso à estrutura hospitalar e a transferência segura, conforme a necessidade dos usuários, e definir 
protocolos clínicos, garantindo a eliminação de intervenções desnecessárias e respeitando as diferenças 
e as necessidades do sujeito (VASCONCELOS; MARTINS; MACHADO, 2014).
Todas as propostas atendem aos princípios que merecem ser relembrados, como a transversalidade, 
sendo inserida em todas as políticas e programas propostos pelo SUS. A PNH busca a relação de trabalho, 
pessoas e grupos sem a referência de hierarquia. Reconhece que as especialidades se completam e 
interagem através de quem é assistido, estimulando a corresponsabilidade (BRASIL, 2006c).
Outro princípio é a indissociabilidade entre gestão e assistência, partindo do pressuposto que a 
gestão interfere diretamente na atenção à saúde. Trabalhadores e usuários devem conhecer e participar 
ativamente da gestão e do processo de tomada de decisão nas organizações de saúde e nas ações de 
saúde coletiva. Contempla ainda a participação do usuário e da família no seu próprio cuidado, sendo 
responsável pelo seu tratamento e de seus familiares.
O protagonismo, corresponsabilidade e autonomia são o terceiro princípio. Com a participação na 
construção de propostas de atenção, há maior adesão, os usuários não são só pacientes, os trabalhadores 
não são simples cumpridores de funções, são todos atores responsáveis, que reconhecem a importância 
de sua atuação, autônoma e construtiva (BRASIL, 2010e).
Para que estas propostas saiam do papel ou do discurso e se tornem ação, sugerem‑se métodos de 
inclusão de trabalhadores, usuários e gestores nos processos de trabalho. A comunicação e o espaço 
entre os três grupos de participantes provoca movimento que produz mudança contínua, estimulando 
novos modos de cuidar e de organizar o trabalho, sendo recurso para a produção de saúde, ou seja, a 
inclusão das diferenças nos processos de gestão e cuidado humanizam a assistência.
São estratégias para implantação das PNH:
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7.1 Acolhimento
Identificar no usuário suas expectativas e reais necessidades é a responsabilização do trabalhador/equipe 
pelo usuário, acompanhando‑o desde a sua chegada até a sua saída no serviço de saúde. Ao ouvir sua queixa, 
preocupações e angústias, com uma escuta qualificada, oferece a possibilidade de analisar a demanda, garantindo 
atenção integral, resolutiva e responsável através do envolvimento das redes internas e externas dos serviços, 
como outros serviços de saúde, para continuidade da assistência quando necessário, incluindo sua cultura 
e saberes. Possui articulação com os outros serviços de saúde para garantir a eficácia de encaminhamentos 
(VASCONCELOS; MARTINS; MACHADO, 2014).
7.1.1 Gestão participativa e cogestão
Significa a inclusão de novos sujeitos nos processos de gestão que será exercida por um conjunto 
mais ampliado de sujeitos que compõem a organização, assumindo‑se que todos são gestores de seus 
processos de trabalho.
A PNH distingue arranjos de cogestão em dois grupos: o primeiro diz respeito à organização do espaço 
coletivo de gestão que permita o acordo entre necessidades e interesses de usuários, trabalhadores e 
gestores; o segundo deles refere‑se aos mecanismos que garantem a participação ativa de usuários e 
familiares no cotidiano das unidades de saúde, acompanhando o atendimento das prioridades estabelecidas.
Devem ser garantidas a organização de espaços coletivos de gestão para a produção de acordos e 
pactos entre usuários, trabalhadores e gestores, garantindo o atendimento das necessidades percebidas 
pela comunidade. São exemplos: Colegiados Gestores de Hospitais, Colegiado Gestor da Unidade de 
Saúde, Mesas de Negociação Permanente, Contratos de Gestão, Contratos Internos de Gestão, Câmara 
Técnica de Humanização (CTH), Gerência de Porta Aberta, entre outros. São espaços que permitem a 
experimentação da cogestão na saúde (BRASIL, 2010d).
7.1.2 Ambiência
O espaço físico deve ser acolhedor e propiciar condições para o usuário confiar na assistência, refletindo 
na maior possibilidade de adesão ao tratamento proposto. Organização de espaços saudáveis e acolhedores 
de trabalho traduz um duplo desafio, que é o de sintonizar “o que fazer” com o “como fazer”. A soma de 
diferentes campos do saber e das profissões, tais como dos arquitetos, dos engenheiros, dos médicos, dos 
nutricionistas, dos enfermeiros, dos usuários, entre outros, valoriza o processo de construção coletiva a 
partir de diferentes olhares. Trata‑se, assim, de um modo de fazer que afirme as especificidades do saber 
de cada um em uma relação de interferência para a produção de um objetivo comum, refletindo em um 
ambiente adaptado a cada comunidade, espelhando suas características (BRASIL, 2006c).
7.1.3 Clínica ampliada e compartilhada
Ampliar a clínica é aumentar a autonomia do usuário do serviço de saúde, da família e da 
comunidade. É integrar a equipe de trabalhadores da saúde de diferentes áreas na busca de um 
cuidado e tratamento de acordo com cada caso, individualizado, com a criação de vínculo com 
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o usuário, por adesão à proposta desenvolvida com ele, para ele. A vulnerabilidade e o risco 
do indivíduo são considerados e o diagnóstico é feito não só pelo saber dos especialistas, mas 
também leva em conta a história de quem está sendo cuidado, de modo a possibilitar decisões 
compartilhadas e compromissadas.Usa outros enfoques além da avaliação orgânica, qualifica o 
diálogo e as relações, entendendo‑as como terapêuticas. Responsabiliza o usuário no compromisso 
com sua terapia e doença (BRASIL, 2010e).
7.1.4 Valorização do trabalhador
Dá visibilidade à experiência dos trabalhadores e estimula sua participação na tomada de decisão, 
entende que o trabalhador é quem detém mais informação sobre suas necessidades, acreditando na sua 
capacidade de analisar, definir e qualificar os processos de trabalho (BRASIL, 2006c).
O Programa de Formação em Saúde e Trabalho e a Comunidade Ampliada de Pesquisa segue a 
proposta da clínica ampliada e oferece possibilidades que tornam possível o diálogo, intervenção e 
análise do que gera sofrimento e adoecimento, do que fortalece o grupo de trabalhadores e do que 
propicia os acordos de como agir no serviço de saúde (BENEVIDES; PASSOS, 2005).
7.1.5 Defesa dos direitos dos usuários
Os usuários de saúde possuem direitos garantidos por lei e os serviços de saúde devem incentivar o 
conhecimento desses direitos e assegurar que eles sejam cumpridos em todas as fases do cuidado, desde 
a recepção até a alta. O conhecimento destes direitos oferece espaço de qualificação da relação usuário 
e serviço (BRASIL, 2004b).
7.1.6 Formação e intervenção
As PNH são vivenciadas e reinventadas continuamente por princípio, através de cursos e oficinas 
de formação/intervenção e a partir da discussão dos processos de trabalho. Atendem aos princípios de 
adequação às mudanças constantes de perfil do usuário e demandas de saúde. Em todo o Brasil, os 
trabalhadores são formados técnica e politicamente e reconhecidos como multiplicadores e apoiadores 
da PNH em suas localidades.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a política de humanização, acesse o site a seguir:
BIBLIOTECA VIRTUAL DE SAÚDE. Publicações. Brasília: BVSMS, [s.d.]. 
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/humanizacao/pub_destaques.
php>. Acesso em: 15 out. 2018.
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7.2 Programas de saúde na atenção básica
A Atenção Básica caracteriza‑se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, 
que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, 
a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma 
atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e 
condicionantes de saúde das coletividades (BRASIL, 2012d).
A Atenção Básica ou Atenção Primária à Saúde é conhecida como a “porta de entrada” dos usuários 
nos sistemas de saúde. Seu objetivo é orientar sobre a prevenção de doenças, diagnóstico precoce, 
solucionar os possíveis casos de agravos e direcionar os mais graves para níveis de atendimento de 
maior complexidade (MACHADO; LIMA; VIANA, 2008).
A Atenção Básica é desenvolvida com o mais alto grau de descentralização e capilaridade, ocorrendo 
no local mais próximo da vida das pessoas (BRASIL, 2012d).
No Brasil, há diversos programas governamentais relacionados à Atenção Básica, sendo um deles a 
Estratégia de Saúde da Família (ESF), que leva serviços multidisciplinares às comunidades por meio das 
Unidades Básicas de Saúde (UBS) (MACHADO; LIMA; VIANA, 2008).
A Atenção Básica também envolve outras iniciativas, como: as Equipes de Consultórios de Rua, 
que atendem pessoas em situação de rua; o Programa Melhor em Casa, de atendimento domiciliar; o 
Programa Brasil Sorridente, de saúde bucal; o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs). Tais 
programas são alternativas para melhorar as condições de saúde de suas comunidades.
Quanto aos programas de atenção à saúde, destaca‑se a Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de 
setembro de 2017 (BRASIL, 2017).
Seção I
Das Políticas Gerais de Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde
Art. 2º São políticas gerais de promoção, proteção e recuperação da Saúde:
I – Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), na forma do Anexo I;
II – Política Nacional de Vigilância em Saúde;
III – Política Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados, instituída pela 
Lei nº 10.205, de 21 de março de 2001;
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IV – Política de Saúde Mental, instituída pela Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, na 
forma do Anexo II;
V – Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), na forma do Anexo III;
VI – Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, instituída pelo Decreto 
nº 5.813, de 22 de junho de 2006, na forma do Anexo IV;
VII – Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEPS‑SUS), na forma do Anexo V.
Seção II
Das Políticas de Controle de Doenças e Enfrentamento de Agravos de Saúde
Art. 3º São políticas de controle de doenças e enfrentamento de agravos de saúde:
I – Diretrizes para Vigilância, Atenção e Eliminação da Hanseníase como Problema de 
Saúde Pública, na forma do Anexo VI;
II – Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência, na 
forma do Anexo VII;
III – Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio, na forma do Anexo VIII;
IV – Política Nacional para Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC), na forma do Anexo IX.
Seção III
Das Políticas Voltadas à Saúde de Segmentos Populacionais
Art. 4º São políticas voltadas à saúde de segmentos populacionais:
I – Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), na forma do 
Anexo X;
II – Diretrizes Nacionais para a Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens na 
Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde;
III – Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, na forma do Anexo XI;
IV – Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres (PNAISM);
V – Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, na forma do Anexo XII;
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Unidade II
VI – Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência, na forma do Anexo XIII;
VII – Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, na forma do Anexo XIV;
VIII – Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, na forma do Anexo XV;
IX – Política Nacional para a População em Situação de Rua, instituída pelo Decreto 
nº 7.053, de 23 de dezembro de 2009, na forma do Anexo XVI;
X – Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em Conflito com a 
Lei, em Regime de Internação e Internação Provisória, na forma do Anexo XVII;
XI – Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade 
no Sistema Prisional no Âmbito do SUS (PNAISP), instituída pela Portaria Interministerial 
MS‑MJ nº 1, de 2 de janeiro de 2014, na forma do Anexo XVIII.
Seção IV
Das Políticas de Promoção da Equidade em Saúde
Art. 5º São políticas de promoção da equidade em saúde:
I – Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, na forma do Anexo XIX;
II – Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das 
Águas (PNSIPCFA), na forma do Anexo XX;
III – Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e 
Transexuais, na forma do Anexo XXI.
CAPÍTULO II
DAS POLÍTICAS DE ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE
Seção I
Das Políticas Gerais de Organização da Atenção à Saúde
Art. 6º São políticas gerais de organização da atenção à saúde:
I – Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), na forma do Anexo XXII;
II – Política Nacional de Saúde Bucal (Brasil Sorridente), instituída por pactuação da 
Comissão Intergestores Tripartite (CIT), de 12 de fevereiro de 2004;
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III – Política Nacional para os Hospitais de Pequeno Porte, na forma do Anexo XXIII;
IV – Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP), na forma do Anexo XXIV;
V – Política Nacionalde Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), na forma do 
Anexo XXV;
VI – Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde, na forma do Anexo XXVI;
VII – Política Nacional de Medicamentos (PNM), na forma do Anexo XXVII;
VIII – Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF), instituída pela Resolução 
CNS nº 338, de 6 de maio de 2004, na forma do Anexo XXVIII.
Seção II
Das Políticas de Atenção a Agravos Específicos
Art. 7º São políticas de atenção a agravos específicos:
I – Política de Atenção à Saúde das Pessoas com Transtornos do Espectro do Autismo no 
âmbito da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro 
Autista, instituída pela Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, na forma do Anexo XXIX;
II – Política Nacional de Atenção Integral em Reprodução Humana Assistida, na forma 
do Anexo XXX;
III – Política Nacional de Atenção Cardiovascular de Alta Complexidade, na forma do 
Anexo XXXI;
IV – Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Neurológica, na forma do 
Anexo XXXII;
V – Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Renal, na forma do Anexo XXXIII;
VI – Política Nacional de Atenção de Alta Complexidade em Traumato‑Ortopedia, na 
forma do Anexo XXXIV;
VII – Política Nacional de Atenção em Oftalmologia (PNAO), na forma do Anexo XXXV;
VIII – Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras 
Hemoglobinopatias, na forma do Anexo XXXVI;
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IX – Política Nacional de Atenção Integral em Genética Clínica, na forma do Anexo XXXVII;
X – Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras, na forma do 
Anexo XXXVIII.
CAPÍTULO III
DAS POLÍTICAS DE ORGANIZAÇÃO DO SUS
Art. 8º São políticas de organização do Sistema Único de Saúde (SUS):
I – Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa (ParticipaSUS), na forma do 
Anexo XXXIX;
II – Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, na forma do Anexo XL;
III – Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, aprovada na 2ª Conferência 
Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, realizada em 2004, e na 147ª Reunião 
Ordinária do Conselho Nacional de Saúde, realizada em 6 e 7 de outubro de 2004;
IV – Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde, na forma do Anexo XLI;
V – Política Nacional de Informação e Informática em Saúde (PNIIS), na forma do Anexo XLII.
Fonte: Brasil (2017a).
7.2.1 Hipertensão e diabetes
Entre as políticas propostas, podemos apontar o Hiperdia (Sistema de Gestão Clínica de Hipertensão 
Arterial e Diabetes Mellitus da Atenção Básica), que se destina ao cadastramento e acompanhamento 
de portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus atendidos na rede ambulatorial do Sistema 
Único de Saúde (SUS). Este programa permite gerar informação para aquisição, dispensação e distribuição 
de medicamentos e insumos de forma regular e sistemática a todos os pacientes cadastrados (PORTAL 
DA SAÚDE, 2018).
O impacto epidemiológico causado pela hipertensão arterial sistêmica (HAS) e o diabetes mellitus 
(DM), doenças crônicas, apresentam elevado custo para o serviço de saúde e grande repercussão na 
morbimortalidade, sendo alvo de grandes estudos, investimentos científicos e medidas de adesão ao 
tratamento (PESSOA, 2015).
A HAS é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de 
pressão arterial –PA (PA ≥ 140/90 mmHg). Frequentemente, está associada às alterações funcionais 
e/ou estruturais dos órgãos‑alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e às alterações metabólicas, 
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com aumento do risco para doenças cardiovasculares fatais e não fatais (SOCIEDADE BRASILEIRA DE 
CARDIOLOGIA, 2010).
O relatório da pesquisa Vigitel 2013 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas 
por Inquérito Telefônico), divulgado pelo Ministério da Saúde, aponta a frequência de diagnóstico 
médico prévio de hipertensão arterial de 24,1%, sendo maior em mulheres (26,3%) do que em homens 
(21,5%) (BRASIL, 2015f).
O termo diabetes mellitus (DM) refere‑se a um transtorno metabólico de etiologias heterogêneas, 
caracterizado por hiperglicemia e distúrbios no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, 
resultantes de defeitos da secreção e/ou da ação da insulina (WHO, 1999).
Ainda segundo as estimativas da referida pesquisa, o percentual de indivíduos (≥ 18 anos) que 
referiam diagnóstico médico prévio de diabetes foi de 6,9%, variando entre 6,5% e 7,3%, destacando‑se 
o maior percentual em mulheres, 7,2%, do que em homens, 6,5% (BRASIL, 2015f).
A falta de adesão ao tratamento e poucas ações de saúde voltadas para o controle da hipertensão 
arterial são fatores para o aparecimento de complicações em órgãos ricamente vascularizados, 
denominadas lesões de órgão‑alvo (PESSOA, 2015).
Assim como na fisiopatologia da hipertensão arterial, no diabetes mellitus há intensa relação entre 
fatores genéticos e ambientais que determinam as alterações no metabolismo e a carência absoluta e/ou 
relativa de insulinas, provocando estado de hiperglicemia crônica, no qual os mecanismos de glicogenólise 
e gliconeogênese ganham destaque. A contínua hiperglicemia causa lesão vascular, principalmente nos 
rins, retina e periferia de membros inferiores, levando, com frequência, à hemodiálise, perda da visão e 
amputação de extremidades (PESSOA, 2015).
Tanto para HAS e DM, a promoção e prevenção são fundamentais, tendo como alvo as medidas 
de controle dos fatores ambientais (excesso de peso, sedentarismo, dislipidemia, hipertensão, glicemia 
prévia alterada). A realização de exercício físico regular e a alimentação saudável são medidas práticas 
que, mesmo com componente genético, reduzem o aparecimento e as complicações das DCNT (doenças 
crônicas não transmissíveis) (PESSOA, 2015).
O Hiperdia tem como propostas fundamentais a realização de promoção de saúde, tratamento, 
educação em saúde, diagnóstico precoce, prevenção e rastreamento das complicações, comorbidades e 
estímulo da adesão ao tratamento.
Mesmo acompanhado pelo Hiperdia, o usuário não tem garantia de manter níveis pressóricos 
adequados (SOUZA et al., 2014), reforçando a necessidade de um programa articulado com outros 
serviços de saúde e sociais; no caso dos portadores de hipertensão e diabetes, não é somente distribuindo 
medicamentos que se garante um controle da doença (BOAS et al., 2011).
Entre as várias complicações sérias e dispendiosas que afetam os indivíduos com diabetes, aquelas 
com os pés representam a maior parte. O impacto socioeconômico do pé diabético envolve gastos 
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com tratamentos, internações, incapacitações físicas e sociais, como perda de emprego e produtividade. 
A dor, ansiedade e perda na qualidade de vida também causam grande impacto na vida das pessoas com 
essa patologia e suas famílias, sendo difíceis de quantificar (VIEIRA‑SANTOS et al., 2008).
Programas que associam a educação específica para os pés, sapatos terapêuticos e cuidados com a 
pele e unhas podem reduzir as doenças do pé diabético. A educação, aliada ao exame regular dos pés e 
classificação do risco, pode reduzir a ocorrência das lesões nos pés em até 50% dos pacientes. Os cinco 
pontos básicos de prevenção do pé diabético são: inspeção regular e exame dos pés e dos calçados; 
identificação do paciente de alto risco; educação do paciente, da família e dos profissionais de saúde; 
uso de calçados apropriados e tratamento da patologia não ulcerativa, tais como os calos e as alterações 
patológicas de unhas (PAULA et al., 2016).
O cuidado dos pés diabéticos é complexo, exige colaboração de pacientes e profissionais da 
saúde, para que se possa identificarprecocemente os problemas, e assim evitar o desenvolvimento de 
complicações. Ressalta‑se a importância de ações voltadas para as pessoas portadoras de DM, para a 
identificação precoce e prevenção das complicações. As feridas em extremidade de membros inferiores 
constituem uma complicação frequente e interferem de forma significativa na qualidade de vida do 
portador (PAULA et al., 2016).
7.3 Programa Nacional de Controle da Tuberculose
A tuberculose ainda se configura como um problema de saúde pública. No mundo, segundo a 
Organização Mundial da Saúde (OMS), estima‑se que em 2014 ocorreram cerca de 9,6 milhões de casos 
da doença. Desse total, 80% estão concentrados em 22 países, sendo que o Brasil ocupa a 18ª posição 
nessa classificação (WHO, 2009).
Se os números são preocupantes, a mortalidade por tuberculose é ainda pior. Em 2014, um milhão 
de mortes no mundo foram atribuídas à tuberculose e, no Brasil, cerca de 4.400. O conhecimento dos 
indicadores epidemiológicos é importante para o planejamento de atividades dos programas de controle 
da tuberculose (WHO, 2009).
Do total de óbitos que, em 2014, apresentou a tuberculose como causa básica, 39% não foi registrado. 
Entre o total de óbitos em que a tuberculose surge como causa associada, 38,3% não foi notificado. 
A subnotificação representa uma falha no serviço de vigilância epidemiológica e influencia na permanência 
da cadeia de transmissão da doença (BRASIL, 2011d).
A associação da tuberculose com a infecção pelo HIV e a propagação de cepas resistentes representam 
desafios adicionais em escala mundial (BRASIL, 2016c).
 Observação
A tuberculose é uma doença infectocontagiosa causada pelo 
Mycobacterium tuberculosis, que se aloja no pulmão ou em outras partes 
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do corpo. Vejamos exemplos: como tuberculose miliar (forma mais grave, 
ocorre quando o bacilo entra na corrente sanguínea e chega a todos os 
órgãos, havendo grande risco de meningite); tuberculose óssea (se dá 
quando o bacilo consegue penetrar e se desenvolver nos ossos); tuberculose 
ganglionar (pode acometer os gânglios do tórax, virilha, abdômen ou, mais 
frequentemente, do pescoço); e tuberculose pleural (ocorre quando o bacilo 
afeta a pleura, tecido que reveste os pulmões, causando intensa dificuldade 
em respirar, não é contagioso).
Em 1993, a OMS declarou a TB uma emergência mundial e passou a recomendar a estratégia Dots, 
sigla em inglês que significa tratamento diretamente observado de curta duração, como resposta global 
para o controle da doença. Esta estratégia fundamenta‑se em cinco componentes (WHO, 2009):
• Compromisso político com fortalecimento de recursos humanos e garantia de recursos financeiros, 
elaboração de planos de ação e mobilização social.
• Diagnóstico de casos por meio de exames bacteriológicos de qualidade.
• Tratamento padronizado, com a supervisão da tomada da medicação e apoio ao paciente.
• Fornecimento e gestão eficaz de medicamentos.
• Sistema de monitoramento e avaliação ágil, desde a notificação até o encerramento do caso.
Diagnosticar e tratar correta e prontamente os casos de TB pulmonar são as principais medidas para 
o controle da doença, bem como encontrar precocemente o paciente e oferecer o tratamento adequado, 
interrompendo a cadeia de transmissão da doença (SBPT, 2009).
Entre as estratégias, temos a busca ativa de sintomáticos respiratórios (SR) como atividade de saúde 
pública orientada a identificar precocemente pessoas com tosse por tempo igual ou superior a três 
semanas (sintomático respiratório), consideradas com suspeita de tuberculose pulmonar, visando à 
descoberta dos casos bacilíferos. A busca ativa do SR deve ser realizada permanentemente por todos 
os serviços de saúde (níveis primário, secundário e terciário) (AMERICAN THORACIC SOCIETY, 2005). 
Em populações com alto risco de adoecimento, como a prisional, sugere‑se que a busca seja realizada 
em indivíduos com tosse por tempo igual ou superior a duas semanas, desde que seja garantido o 
suporte laboratorial (BRASIL, 2016c).
Na busca ativa, utiliza‑se como estratégia interrogar sobre a presença e duração da tosse à 
clientela dos serviços de saúde, independentemente do motivo da procura pelo serviço; orientar os SR 
identificados para a coleta do exame de escarro e coletar duas amostras de escarro, uma no momento 
da identificação e outra no dia seguinte; estabelecer fluxo para conduta nos casos positivos e negativos 
à baciloscopia; acompanhar rotineiramente os indicadores sugeridos: proporção de sintomáticos 
respiratórios examinados, proporção de baciloscopias positivas e proporção da meta alcançada 
(AMERICAN THORACIC SOCIETY, 2005).
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O tratamento diretamente observado (TDO) constitui um acompanhamento na forma de administrar 
os medicamentos, sem mudanças no esquema terapêutico: o profissional treinado passa a observar a 
tomada da medicação do paciente, desde o início do tratamento até a sua cura, de todos os diagnosticados, 
pois não é possível predizer os casos que irão aderir ao tratamento (FRIEDEN; SBARBARO, 2007).
O tratamento diretamente observado vai além da deglutição dos medicamentos. É necessário 
construir um vínculo entre o doente e o profissional de saúde e o serviço de saúde. Identifica‑se a 
necessidade de remover as barreiras que impedem a adesão, através da reabilitação social, melhora da 
autoestima e qualificação profissional (BRASIL, 2011d).
A modalidade de TDO a ser adotada deve considerar a realidade do paciente e estrutura de 
saúde. É desejável que a tomada observada seja diária, de segunda a sexta‑feira. No entanto, se a 
opção de três vezes por semana for a única possível, deve ser explicado ao paciente a necessidade 
da tomada diária, incluindo os dias em que o tratamento não será observado. O uso de incentivos 
(lanche, auxílio‑alimentação e outros) e facilitadores de acesso (vale‑transporte) é recomendado como 
motivação para o todo (BRASIL, 2011d).
Para a implementação do TDO, existem as seguintes modalidades de supervisão:
• domiciliar: observação realizada na residência do paciente ou em local por ele solicitado;
• na unidade de saúde: observação em unidades de ESF, UBS, serviço de atendimento de HIV/aids 
ou hospitais;
• prisional: observação no sistema prisional; e
• compartilhada: quando o doente recebe a consulta médica em uma unidade de saúde, e faz o TDO 
em outra, mais próxima em relação ao seu domicílio ou trabalho.
O local de administração do medicamento ou a opção por observação não diária deve dizer respeito 
às dificuldades do doente, e nunca do serviço. Para definir se o tratamento foi observado, convenciona‑se 
que este doente deverá ter tido no mínimo 24 tomadas observadas na fase de ataque e 48 tomadas 
observadas na fase de manutenção (BRASIL, 2016c).
O tratamento tem grande índice de abandono, especialmente pela duração, as reações adversas 
podem ser divididas em dois grandes grupos, reações adversas menores, em que normalmente não é 
necessária a suspensão do medicamento antiTB; e reações adversas maiores, que, em geral, causam a 
suspensão do tratamento. A maioria dos pacientes completa o tratamento sem qualquer reação adversa 
relevante. Os fatores de risco mais referidos para o desenvolvimento de efeitos maiores são: idade maior 
de 40 anos; dependência química ao álcool (ingestão diária de álcool > 80 g); desnutrição (perda de 
mais de 15% do peso corporal); história de doença hepática prévia; e coinfecção pelo vírus HIV, em fase 
avançada de imunossupressão. As reações adversas mais frequentes ao esquema básico são: mudança 
da coloração da urina (ocorre universalmente), intolerância gástrica (40%), alterações cutâneas (20%), 
icterícia (15%) e dores articulares (4%). Deve ser ressaltado que quando a reação adversa corresponde 
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a uma reação de hipersensibilidade grave como plaquetopenia, anemia hemolítica, insuficiência renal, o 
medicamento suspeito não pode ser reiniciado após a suspensão, pois na reintrodução a reação adversa 
é ainda mais grave (BRASIL, 2016c).
A cultura é um método de elevada especificidade e sensibilidade no diagnóstico da TB. Nos casos 
pulmonares com baciloscopia negativa, a cultura do escarro pode aumentar em até 30% o diagnóstico 
bacteriológico da doença. Têm a vantagem de serem os de menor custo e de apresentarem um índice 
de contaminação menor. Os antimicobacterianos testados, em geral, são estreptomicina, isoniazida, 
rifampicina, etambutol e pirazinamida. A identificação da espécie é feita por métodos bioquímicos e 
fenotípicos ou pode ser analisada por meio de técnicas moleculares (SBPT, 2009).
A suscetibilidade à infecção é praticamente universal. A maioria das pessoas desenvolve imunidade 
parcial à doença, cerca de 5% dos indivíduos não conseguem impedir a multiplicação dos bacilos e 
adoecem na sequência da primoinfecção. Outros 5%, apesar de bloquearem a infecção nesta fase, adoecem 
posteriormente por reativação desses bacilos ou em consequência de exposição a uma nova fonte de 
infecção. A competência do sistema imunológico pode interferir no risco de adoecimento, como no HIV. 
Outros fatores relacionados à competência imunológica são doenças ou tratamentos imunodepressores; 
idade – menor do que 2 anos ou maior do que 60 anos; e desnutrição. O período de incubação pode se 
estender por muitos anos, e mesmo décadas, a contar de dois anos da primoinfecção.
A vacina BCG é prioritariamente indicada para crianças de 0 a 4 anos, com obrigatoriedade para 
menores de 1 ano, como dispõe a Portaria nº 452, de 6 de dezembro de 1976, do Ministério da Saúde 
(BRASIL, 2008), e a Portaria nº 3.318, de 28 de outubro de 2010, que institui em todo território nacional 
os calendários de vacinação do Ministério da Saúde (BRASIL, 2010a). Trata‑se de uma vacina atenuada 
e cada dose administrada contém cerca de 200 mil a mais de 1 milhão de bacilos. A administração da 
vacina é intradérmica, no braço direito, na altura da inserção do músculo deltoide. Essa localização 
permite fácil verificação da existência de cicatriz para efeito de avaliação do programa e limita as reações 
ganglionares à região axilar (FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, 2001). Quando administrada, a vacina 
não protege os indivíduos já infectados pelo Mycobacterium tuberculosis nem evita o adoecimento por 
infecção endógena ou exógena, mas oferece proteção a não infectados contra as formas mais graves, 
tais como a meningoencefalite tuberculosa e a tuberculose miliar, na população menor de 5 anos. 
Não está recomendada a segunda dose da vacina BCG no Brasil (Nota Técnica no 66/CGPNI/Devep/SVS/MS, 
de 24 de maio de 2006).
Quanto à biossegurança, há medidas de proteção individual como o uso de máscaras para atendimento 
de SR ou pacientes com tuberculose diagnosticada. Tudo deve ser feito em locais adequados para a 
utilização correta, como barreiras físicas que identifiquem a partir de onde as máscaras têm de ser 
usadas e descartadas adequadamente. É recomendado o uso de máscaras tipo PFF2, padrão brasileiro 
e da União Europeia, ou N95, padrão dos Estados Unidos, para profissionais de saúde ou visitantes 
(acompanhantes) ao entrarem em áreas de alto risco de transmissão (quartos de isolamento respiratório, 
ambulatório para atendimento referenciado de SR, bacilíferos e portadores de TB com suspeita de ou 
resistência comprovada aos fármacos antiTB) (ATS; CDC; IDSA, 2005).
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É necessário treinamento especial para uso das máscaras PFF2 ou N95, uma vez que devem ser 
perfeitamente adaptadas ao rosto do funcionário, elas podem ser reutilizadas desde que estejam 
íntegras e secas.
Para os pacientes com tuberculose pulmonar ou SR com potencial de transmissão, o uso de máscaras 
cirúrgicas é recomendado em áreas onde haja falta de estrutura de ventilação adequada como salas 
de espera e emergências, enquanto se aguarda definição do caso, ou deslocamento de pacientes do 
isolamento para exames ou procedimentos (BRASIL, 2016c).
 Saiba mais
Para informações adicionais sobre cada uma das políticas de saúde, acesse:
BIBLIOTECA VIRTUAL DE SAÚDE. Acervo da Biblioteca. Brasília: BVSMS, 
2017. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br>. Acesso em: 15 out. 2018.
7.4 Políticas de combate à dengue, zika, chikungunya e febre amarela
O Aedes aegypti é um mosquito diminuto de apenas 7 milímetros, de patas e corpo rajados, mas é 
capaz de transmitir doenças diferentes, entre elas se destacam a dengue, o zika vírus, a febre amarela e 
a chikungunya. A doença que se desenvolve depende do vírus que o mosquito carrega. Evidentemente, 
nem todos os mosquitos dessa espécie estão infectados. O mosquito se reproduz velozmente, em especial 
nos dias de verão. O ovo é depositado pela fêmea do mosquito nas paredes dos criadouros, próximo à 
superfície da água. Dos ovos, nascem as larvas; daí, para a proliferação, é um voo (BRAGA; VALLE, 2007).
A descoberta de que a febre amarela era transmitida pelo Aedes aegypti veio de Cuba e das pesquisas 
do cientista Carlos Finlay. No Brasil, o mosquito foi o responsável pela transmissão da febre amarela 
urbana, que assombrou o país no início do século XX. O sanitarista Oswaldo Cruz montou um exército 
com 5 mil agentes, no que ficou conhecido como “brigadas mata‑mosquito”, que visitavam as residências 
lavando caixas d’água, desinfetando ralos e bueiros, limpando telhados e calhas, eliminando qualquer 
suspeita de foco. De acordo com especialistas, isso impulsionou a criação de medidas para a erradicação 
e, em 1955, o Brasil foi considerado pela Organização Pan‑Americana da Saúde (Opas) um país livre do 
Aedes aegypti (LOURENÇO; RODRIGUES, 2017).
Para efeito de definições, a dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. 
No Brasil, foi identificada pela primeira vez em 1986. Estima‑se que 50 milhões de infecções ocorram 
anualmente no mundo (BRAGA; VALLE, 2007).
O zika é outro vírus transmitido pelo mosquito e que foi identificado pela primeira vez no Brasil em abril de 
2015. Ele recebeu a mesma denominação do local de origem de sua identificação em 1947, após detecção em 
macacos sentinelas para monitoramento da febre amarela, na floresta Zika, em Uganda. A febre chikungunya 
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é uma doença transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. No Brasil, a circulação do 
vírus foi identificada pela primeira vez em 2014. Em swahili, chikungunya significa “aqueles que se dobram” 
, um dos idiomas da Tanzânia. Refere‑se à aparência curvada dos pacientes que foram atendidos na primeira 
epidemia documentada, na Tanzânia, entre 1952 e 1953 (VASCONCELOS, 2015).
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por 
mosquitos Aedes aegypti, vetores, e possui dois ciclos de transmissão: silvestre (quando há transmissão 
em área rural ou de floresta) e urbano. O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores 
infectados e não há transmissão direta de pessoa a pessoa (VASCONCELOS, 2015).
Em 2018, até 21 de abril, foram notificados 101.863 casos prováveis de dengue em todo o País, uma redução 
de 20% em relação ao mesmo período de 2017 (128.730). Também houve queda expressiva no número de 
óbitos. A redução foi de 44%, passando de 72 em 2017 para 40 em 2018. A principal forma de transmissão é 
pela picada dos mosquitos Aedes aegypti. Há registros de transmissão vertical (gestante – bebê) e por transfusão 
de sangue. Existem quatro tipos diferentes de vírus do dengue: DEN‑1, DEN2, DEN‑3 e DEN‑4 (BRASIL, 2018).
Em relação à chikungunya,

Outros materiais