Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Teorias e Técnicas Retrospectivas Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª M.ª Grace Vasconcellos Revisão Textual: Aline Gonçalves Nomenclatura dos Componentes Arquitetônicos Nomenclatura dos Componentes Arquitetônicos • Apresentar um resumo dos principais estilos arquitetônicos que ocorreram no Brasil, que geraram arquitetura significativa ao Patrimônio; • Apresentar um glossário com os nomes e as funções de alguns dos elementos arquitetônicos mais comuns nas edificações no Brasil, com a intenção de que, o profissional que lidará com patrimônio e restauro possa identificá-los, reconhecer seu período de uso e, com isso, ter pa- râmetros, para a percepção sobre o estado de originalidade ou de conservação da edificação. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Resumo dos Principais Estilos Arquitetônicos que Ocorreram no Brasil, que Geraram Arquitetura Significativa ao Patrimônio; • Elementos Componentes das Edificações – Glossário. UNIDADE Nomenclatura dos Componentes Arquitetônicos Resumo dos Principais Estilos Arquitetônicos que Ocorreram no Brasil, que Geraram Arquitetura Significativa ao Patrimônio Um profissional envolvido com a preservação e manutenção de patrimônio precisa ter conhecimentos sobre os vários estilos arquitetônicos, suas épocas e características. Tais conhecimentos são fundamentais para que ele possa minimamente identificar em um bem sua origem estilística e seu valor histórico. Aqui, será dado um breve resumo de alguns poucos estilos arquitetônicos/arquitetura que, em linhas gerais, apresentaram repercussões no Brasil, como: • Barroco Mineiro; • Arquitetura Neoclássica; • Arquitetura Neogótica • Arquitetura Eclética; • Arquitetura Art Nouveau; • Arquitetura Art Déco; • Arquitetura Neocolonial. Barroco Mineiro É o modo como é chamado o estilo arquitetônico que ocorreu em Minas Gerais no final do século XVIII e início do XIX, sendo considerado uma versão muito particular e específica do Barroco nascido no século XVII na Itália. Segundo o arquiteto Lúcio Costa (BARROS, 2019), o barroco em Minas Gerais pas- sou por três períodos fundamentais: o Romântico (1695-1715), o Gótico (1720-1740) e o Barroco Mineiro (segunda metade do século XVIII, correspondendo ao “Renascimento”). Existem estudiosos que afirmam que, por volta de 1760, o estilo predominante em Minas Gerais, na escultura, pintura e arquitetura era o Rococó, principalmente pela definição das fachadas quadrangulares das igrejas, com rica ornamentação em seus interiores. Destaque para a Igreja de São Francisco de Assis (1771, Ouro Preto – MG), com projeto básico de fachada, de decoração de relevos e talha dourada de Aleijadinho, a realização de diversos elementos juntamente com outros artistas, como Mestre Ataíde, o maior nome da pintura colonial brasileira, que executou a decoração do teto da nave e a douração do altar-mor. O Barroco Mineiro teve seu principal centro de atuação na antiga Vila Rica, fundada em 1711, hoje chamada Ouro Preto, mas também teve destaque nas cidades de Diamantina, Mariana, Tiradentes, Sabará, São João Del Rei, Congonhas e outras tantas vilas. 8 9 Exemplo da Primeira Fase da arquitetura religiosa barroca em Minas Gerais – Igreja de Santo Amaro, 1727, Santa Bárbara – MG. Disponível em: https://bit.ly/2LcDQMB Figura 1 – Exemplo da Segunda Fase da arquitetura religiosa barroca em Minas Gerais – Igreja Nossa Senhora do Bonsucesso, 1752 a 1758, Caeté – MG Fonte: Wikimedia Commons Figura 2 – Exemplo da Terceira Fase da arquitetura religiosa em Minas Gerais – Igreja de São Francisco de Assis, 1771 a 1890, Ouro Preto – MG Fonte: Wikimedia Commons 9 UNIDADE Nomenclatura dos Componentes Arquitetônicos Conheça mais sobre a Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto, assistindo ao Vídeo “Arquiteturas: Igreja São Francisco de Assis, Ouro Preto – MG “. Disponível em: https://youtu.be/ijP0AQ9O-m8 Arquitetura Neoclássica No final do século XVIII, a cultura greco-romana foi revisitada, discutida e reinventa- da pelo estilo neoclássico, que teve início depois da metade do século XVIII até início do século XIX (aproximadamente, entre 1755 e 1830). Alguns estudiosos creditam o início do estilo ao fenômeno da Revolução Industrial, como uma forma de serem mantidos elementos tradicionais em um mundo que estava rapidamente sendo mudado e reinventado pelos novos métodos produtivos e, conse- quentemente, novos métodos de se viver. O estilo reto, equilibrado e organizado por hierarquias de significados e dimensões traduziu essa necessidade. A arquitetura romana original está viva e presente nos monumentos que resistiram ao tempo, como o Coliseu e o Panteão (Roma). Ainda hoje, a arquitetura neoclássica influencia muitos arquitetos e é reconhecível em diversos edifícios. No Brasil, o estilo teve início no século XIX, influenciado pelo gosto da coroa portuguesa, tornando-se um tipo de “estilo oficial”, sobrepondo em larga escala a tradição barroca. O ensino do estilo foi institucionalizado com a fundação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios (1816). O estilo é inspirado em edifícios antigos, simétricos, austeros, com base em proporcionalidade, disciplina, equilíbrio e racionalismo formais, representados em fachadas retangulares, estruturadas por colunas e coroadas por frontão triangular. Você Sabia? No Brasil, o Teatro de Santa Isabel (1841-1850, Recife) é um raro exemplo de genuína ar- quitetura neoclássica brasileira. Seu nome é uma homenagem à Princesa Isabel. Foi o primeiro teatro no Brasil a ser projetado por um engenheiro civil, o francês Louis Léger Vauthier, contratado, pois em Recife, na época, só havia engenheiros militares, sem qua- lificações para esse tipo de edifício. Este teatro recebeu visitas ilustres como D. Pedro II e foi palco de campanha abolicionista de Joaquim Nabuco. 10 11 Figura 3 – Vista interna do Teatro de Santa Isabel (1841-1850, Recife), projetado seguindo a Arquietetura Neoclássica. Detalhes dos camarotes ricamente decorados Fonte: Wikimedia Commons Arquitetura Neogótica No Brasil, ficou popular a partir da década de 1880. Muito empregado em vários tipos de edifícios, mas, principalmente, em edifícios religiosos. Foi um estilo do século XIX que buscava valorizar e reviver as formas da arquitetura gótica: o uso de arcos ogivais, abóbadas em cruzaria, arcobotantes; pilares esbeltos e muito altos, que distribuem as cargas da estrutura, em substituição às paredes grossas do estilo românico; vitrais coloridos em janelas muito altas e em rosáceas, com a intenção de fazer entrar muita luz no ambiente; estátuas em tamanho realista nas fachadas, contando estórias aos fiéis que não sabiam ler. Você Sabia? As três igrejas neogóticas mais antigas do Brasil são a Igreja de Nossa Senhora do Amparo (1852 – Teresina – PI), a Matriz de Nossa Senhora da Purificação, (1871 – Bom Princípio – RS) e o Santúario de Nossa Senhora Mãe dos Homens (1876 e 1883 – Serra do Caraça – MG). Outras edificações significativas no estilo são: Palácio da Ilha Fiscal (1881 a 1889 – Rio de Janeiro – RJ) e Catedral da Sé (1913 a 1954 – São Paulo – SP). 11 UNIDADE Nomenclatura dos Componentes Arquitetônicos Figura 4 – Detalhe do interior do Santúario de Nossa Senhora Mãe dos Homens (1876 e 1883 – Serra do Caraça – MG), uma das três igrejas Neogótica mais antigas no Brasil Fonte: Wikimedia Commons Arquitetura Eclética O termo arquitetura eclética é usado para indicar o estilo do século XIX que com- binava elementos das arquiteturas clássica, gótica, renascentista, barroca, neoclássica, neorrenascentista, neobarroca, neogótica, neorromânica, neomourisca, art nouveau e neocolonial, aproveitando novas tecnologias, como ferro forjado. Alguns nomes de arquitetos se destacam nesse estilo, como Ramos de Azevedo (São Paulo); Giácomo Palumbo e Gustave Varin (Recife); e Theodeor Wiederspahn (Porto Alegre). Você Sabia? Como alguns poucos exemplos da arquitetura eclética no Brasil, pode-se citar:• Em São Paulo: Theatro Municipal de São Paulo (1911), Pinacoteca do Estado de São Paulo, projeto de Ramos de Azevedo e Domiziano Rossi para ser a sede do Liceu de Artes e Ofícios; Estação da Luz (1895-1901), projeto do arquiteto britânico Charles Henry Driver; • Em Recife: Palácio da Justiça (1924), projeto de Giácomo Palumbo; • Em Porto Alegre: Edifício Previdência do Sul (1913), projeto de Theodor Wiederspahn, engenharia de Rudolf Ahrons.; • Belo Horizonte: Palácio da Liberdade (1897). 12 13 Figura 5 – Estação da Luz (1895-1901 – São Paulo - SP), exemplo da Arquitetura Eclética Fonte: Wikimedia Commons Arquitetura Art Nouveau A arquitetura art nouveau surgiu influenciada pelo movimento estético Arts & Crafts (Artes e Ofícios), surgido na Inglaterra, no final do século XIX, que defendia a obra do artesão-artista, usando motivos decorativos relacionados à natureza executados com ferro e vidro. Os edifícios construídos de acordo com o Art Nouveau, em geral, foram estações ferroviárias, mercados, pavilhões de exposições, coretos ornados em ferro e bronze, chafarizes, vários prédios e residências. Como significativos representantes desse estilo arquitetônico, existem o Mercado Municipal de Manaus (1883 – Manaus – AM), de autoria do arquiteto francês Gustave Eiffel (criador da Torre Eiffel, em Paris), e a antiga mansão residencial da família Álvares Penteado, projetada pelo arquiteto suíço Carlos Eakman (1902 – São Paulo – SP), hoje chamada de Vila Pentado, sede da pós-graduação da FAU-USP (São Paulo – SP), sendo este um dos últimos edifícios Art Nouveau em São Paulo. Arquitetura Art Déco O estilo Art Déco surgiu em Paris em 1903-1904, com edifícios com racionalização dos volumes e racionalização de elementos de ornamentação, com materiais que repre- sentassem modernidade (aço e concreto), com linhas limpas, forma retangular e sem decorações nas fachadas, formados pela composição tripartite clássica (composta por três elementos: base, corpo e coroamento), sendo uma ruptura no estilo Art Nouveau. No Brasil, esse estilo tem grande força entre os anos 1930 e 1940, sendo mais ex- pressivo nas cidades de: 13 UNIDADE Nomenclatura dos Componentes Arquitetônicos • Goiânia: uma cidade planejada pelo engenheiro-arquiteto, urbanista e paisagista Atílio Correia Lima, com fundação em 1933. Os edifícios públicos e marcos da cidade foram projetados no estilo Art Decó pelo arquiteto Armando de Godói; • Rio de Janeiro: Estação Central do Brasil (1943), Estátua do Cristo Redentor (1931; • São Paulo: Viaduto do Chá (após reconstrução em 1938), Estádio do Pacaembu (1940), Edifício Altino Arantes (1947); • Salvador: Elevador Lacerda (1930). Figura 6 – Elevador Lacerda (1930 – Salvador – BA) Exemplo de Arquitetura Art Déco Fonte: Wikimedia Commons Você Sabia? A estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, é a maior escultura Art Déco do mundo. O Cristo Redentor fica no bairro do Alto da Boa Vista (RJ), pesa 1.145 toneladas, tem 30 m de altura, mais 8 m de pedestal, seus braços abertos têm 28 m de largura, é feito de concreto armado e revestido com plaquinhas de pedra-sabão. O projeto é do enge- nheiro-arquiteto brasileiro Heitor da Silva Costa e do pintor Carlos Oswald, construído com o projeto estrutural do escritório parisiense Pelnard, Considere e Caquot. A cabeça, com 4 m de altura, foi esculpida pelo artista franco-polonês Paul Landowski, e enviada por navio para o Brasil. O planejamento teve início em 1922 e foi inaugurado em 12 de outubro de 1931. 14 15 Arquitetura Neocolonial O neocolonial buscava o resgate da arquitetura e motivos decorativos típicos do pe- ríodo colonial. No Brasil, o lançamento do movimento se deu na conferência “A Arte Tradicional no Brasil”, em 1914, na Sociedade de Cultura Artística de São Paulo, pelo arquiteto português Ricardo Severo, que defendia que o verdadeiro estilo brasileiro de- veria ser o colonial português. Severo foi sócio de Ramos de Azevedo. Arquitetos renomados aderiram ao neocolonial, como Victor Dubugras, Heitor de Mello, Archimedes Memoria e até mesmo Lúcio Costa, que projetou algumas casas no Largo do Boticário, no Rio de Janeiro. Alguns edifícios desse estilo são: • Belo Horizonte: Grupo Escolar Pedro II (1926), projeto de Carlos Santos; • Jequié: antigo “Grupo Escolar Castro Alves” (1934), atual sede do Museu Histórico de Jequé – BA; • São Paulo: Igreja Nossa Senhora do Brasil (1940), Faculdade de Direito de São Paulo (1939), Chafariz do Largo da Memória (1922), Daniel Pedro Müller (engenheiro); • Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional (1922), projeto Archimedes Memória; • Teresópolis: Prefeitura de Teresópolis – Palácio Teresa Cristina (1927). Figura 7 – Antigo “Grupo Escolar Castro Alves” (1934 – Jequié – BA), atual sede do Museu Histórico de Jequé Fonte: Wikimedia Commons Elementos Componentes das Edificações – Glossário Dentro de qualquer profissão existem os termos técnicos que precisam ser conheci- dos pelos profissionais e que compõem, portanto, o glossário da profissão. A seguir, serão apresentados, em ordem alfabética, alguns poucos elementos, dos muitos que existem, que fazem parte da constituição de fachadas, telhados e partes 15 UNIDADE Nomenclatura dos Componentes Arquitetônicos internas das edificações, sendo que muitos deles, por vezes, caracterizam a época em que surgiram. • Abóbada » Construção arqueada feita de pedras, tijolos ou concreto, em forma de cunha, destinada a cobrir um espaço apoiando-se sobre paredes, pilares ou colunas; » Qualquer cobertura que tenha forma semelhante a um teto curvilíneo. • Abóbada em cruzaria » Deriva da abóbada de arcos ogivais ou abóbada de arestas; é um elemento arqui- tetônico característico da arquitetura gótica e neogótica, que se vale de nervuras estruturais diagonais compostas pela ligação e pelo cruzamento de arcos ogivais, que suportam e distribuem as cargas sobre pilares compostos. Figura 8 – Detalhe da abóbada em cruzaria no interior da Catedral de Notre Dame (1163 – 1345 – Paris – França) Fonte: Getty Images • Acrotério » Pequeno pedestal sem ornamentos geralmente colocado nas extremidades ou nos vértices dos frontões ou ainda de espaço a espaço nas balaustradas, cuja função é sustentar estátuas ou outras figuras ornamentais; » Ponto mais elevado de um edifício; » Como possível elemento decorativo, pode aparecer como uma cruz, um obelisco ou uma voluta. 16 17 • Aduela » Nome do bloco em cunha que compõe a zona curva de um arco, colocada no sentido radial, com a face côncava para o interior e a convexa para o exterior; » Cada uma das três peças (duas ombreiras e uma padieira) que dão acabamento ao vão de uma passagem, porta ou janela deixado na alvenaria; » Arremate dos vãos de portas ou janelas que guarnece o vão e recebe as dobradiças; » Pontes para travessia de pequenos córregos. No Brasil, são encontradas feitas de estruturas metálicas; » Estruturas pré-fabricadas de concreto armado e que podem apresentar seção transversal retangular, quadrada ou ovoide, com junta rígida tipo macho e fêmea. • Aldraba = Aldrava » Peça móvel de metal em forma de argola, mão ou outro elemento que se prende às portas e serve para bater, chamando a atenção de quem se encontra do lado de dentro. • Algeroz = Rufo » Placa de zinco ou chumbo engastada ao longo do beiral de um telhado com a finalidade de direcionar a água da chuva para a calha; » O mesmo que rufo. • Alpendre = Varanda » Parte da casa que estabelece uma transição gradual entre os espaços internos e externos. As varandas são bastante comuns em arquitetura vernacular, principal- mente em climas tropicais e subtropicais. • Arcobotante » Elemento estrutural construído em forma de meio arco, erguido na parte exterior dos edifícios em estilo gótico e neogótico para apoiar as paredes e abóbadas; » Apoio ou contraforte que apoia uma construção. • Arco ogival » Arco ogival, ou arco quebrado, é um elemento característicoda arquitetura gótica e neogótica, que substituiu o arco pleno (de volta perfeita) utilizado no período Românico. Estruturalmente falando, o arco ogival é composto por dois arcos com fle- cha alta (altura dos arcos) maior que sua largura, o que distribui melhor as forças, aumentando a eficiência do sistema. • Arco pleno = Arco romano » Arco pleno, arco romano, arco de volta perfeita, arco de volta inteira, arco de pleno centro e arco de meio ponto são os nomes dados aos arcos que formam um semicírculo inteiro, tendo suas extremidades apoiadas e sendo fechados por uma única pedra central em forma de cunha (pedra chave), que trava todas as outras em um sistema de distribuição de cargas estável e eficiente. Inicialmente usado na Mesopotâmia, arquitetura etrusca e depois amplamente aplicado na arquitetura romana e renascentista. 17 UNIDADE Nomenclatura dos Componentes Arquitetônicos • Arquitrave » Na arquitetura clássica, representada por uma viga horizontal que repousa direta- mente sobre o capitel das colunas, faz parte do entablamento; » Viga horizontal apoiada diretamente sobre pilares ou colunas, transmitindo para seus pontos de apoio o peso de eventual pavimento superior. • Asna = Tesoura de telhado » Peça triangular de madeira ou ferro colocada na cobertura das edificações para sustentar o telhado, o mesmo que tesoura. • Assoalho = Soalho » Piso com tábuas ou tacos de madeira. • Bacia » Tanque ou recipiente fundo que recebe a água em um chafariz. • Balaustrada » Uma fileira de balaústres que forma um parapeito. • Balaústre » Pequena coluna com base e capitel, disposta em fila nas balaustradas, ligada na parte superior por um corrimão de escada ou por parapeito de sacada e terraço. • Bandeira » Caixilho envidraçado acima das folhas de portas e janelas, geralmente fixa e in- corporada à estrutura da esquadria, destinada a proporcionar maior entrada de luz. Em portas internas, tem a função de iluminar partes da casa sem aberturas para o exterior; » Travessas horizontais, verticais ou radiais – geralmente em madeira ou metálicas –, que servem para impedir a passagem de corpos maiores pelas bandeiras vazadas sem vidro, somente com vãos. • Barrado » Acabamento ou adorno geralmente aplicado em paredes tanto internas quanto externas. • Barrote » Longa peça de madeira, de seção reduzida, usada para fixar assoalhos e forros. • Base » Parte inferior da coluna ou do pilar. • Beiral » Extremidade mais baixa de um telhado que se projeta para fora da prumada da parede externa, com a finalidade de protegê-la da água da chuva ou para gerar sombra, podendo ser um prolongamento da estrutura da cobertura ou apenas fileiras de telhas em balanço. • Bica » Qualquer abertura pela qual jorre água, inclusive a torneira; 18 19 » Fonte pública; » Chafariz. • Cachorro = Mísula » Ornamento saliente preso à parede, estreito na parte inferior e largo na parte superior, que sustenta os beirais de um telhado, um arco de abóbada, uma cornija, uma figura, um busto, um vaso; » Uma fileira de cachorros é designada como “cachorrada”. • Caibro » Elemento estrutural de um telhado que se dispõe da cumieira ao frechal e se re- pete a distâncias regulares, paralelos uns aos outros. Sobre eles, em sentido cru- zado, são fixadas as ripas, frequentemente mais finas, sobre as quais se apoiam e se encaixam as telhas; » Longa peça de madeira, usada para executar a armação para a colocação das tábuas de um forro de madeira. • Calha » Cano aberto no sentido longitudinal, instalado na parte superior de uma edifica- ção, assemelhado a um sulco, feito em diversos materiais (cobre, zinco e outros), usado para captar e escoar águas pluviais que caem do telhado. • Cantaria » Pedra lavrada ou aparelhada em forma geométrica para uso em vários fins nas construções: degraus, revestimentos de paredes, pisos. • Capitel » Parte superior da coluna, pilar ou pilastra a partir de onde tem início o fuste, podendo ser ou não ornamentado. O tipo de decoração do capitel caracteriza o estilo arquitetônico ao qual a coluna, o pilar ou a pilastra pertence: » Estilo Persa: figura de touros alados, antropocéfalas e outras; » Egípcio: flor de lótus; » Lotiforme: flores de lótus fechadas; » Palmiforme: flores de lótus abertas; » Greco-romano: » Dórico: bem rústico, desprovido de base, bem liso e simples; » Jônico: volutas, que são elementos parecidos com chifres de » Carneiros ou papiros parcialmente desenrolados; » Coríntio: folha de acanto; » Compósito: mistura dos estilos coríntio e jónico. » Bizantino: base circular que sustenta a cimalha quadrada; » Românico: motivos antropomórficos; » Gótico: motivos fitomórficos. 19 UNIDADE Nomenclatura dos Componentes Arquitetônicos • Carantonha » Carranca, cara feia. Usada como elemento ornamental em fontes e chafarizes, de onde, geralmente, sai a água. • Cimalha = Cornija » Moldura saliente que arremata a parte superior da fachada de um edifício, ocul- tando o telhado e impedindo que as águas da chuva escorram pela parede; » Moldura nas paredes internas de um edifício, acabamento nos lambris. • Clarabóia » Originalmente, janela no alto da nave nas igrejas góticas; » Abertura, geralmente coberta por caixilho ou cúpula envidraçada, no teto de edi- ficações ou alto de paredes para entrada de luz e ventilação. Pode ser sem vidro, como no Panteão (27 a.C. – 14 d.C.), em Roma. • Coluna » Pilar cilíndrico ou quase cilíndrico. Além de ser usado para a sustentação estrutu- ral de abóbadas e arcos, pode ser usado como ornamento em edifícios e monu- mentos. Composto por base ou pedestal, fuste e capitel. • Concha » Parte côncava de uma fonte que recebe e armazena a água. • Cornija » Moldura saliente que remata a parte superior da fachada de um edifício, ocultando o telhado e impedindo que as águas da chuva escorram pela parede; » Moldura nas paredes internas de um edifício, acabamento nos lambris; » Acabamento superior de lareiras (não pode ser denominado de cimalha). • Coroamento » Ornamento que arremata o topo de um edifício, de um vão ou de um elemento arquitetônico. • Cumieira = Cumeeira » Parte superior do acabamento de um telhado. Parte mais elevada de um telhado, na intersecção de duas águas; » Peça que correspondente à intersecção das águas do telhado na qual se apoiam as extremidades dos caibros das duas águas. • Cunhal » Canto externo formado por duas paredes de um edifício, quina, esquina; » Pilar formado de pedras na junção de paredes convergentes; » Cada uma das pedras que formam quina de pilar que se ligam aos respectivos panos das paredes. • Cúpula » Parte inferior e côncava de uma abóbada hemisférica; » Abóbada, domo. 20 21 • Empena » É a parte superior das paredes externas, acima do forro, fechando o vão formado pelas duas águas da cobertura; » Nas fachadas principais, pode adquirir a forma de frontão. • Entablamento » Na arquitetura clássica, é composto pela cornija, friso e arquitrave; » Conjunto de molduras horizontais que serve de arremate superior a uma fachada. • Escudo » Peça em que se representam brasões de nobreza ou armas nacionais. Usado em fachadas para fins de homenagem ou datação de uma edificação. • Frechal » Em uma estrutura de cobertura, é a viga na qual se pregam os caibros à beira do telhado; » Em uma estrutura de cobertura, é a viga que se assenta sobre o topo da parede e serve de apoio à tesoura, distribuindo as cargas sobre a parede. • Friso » Na arquitetura clássica, é a parte intermediária de um entablamento, localizado entre a arquitrave e a cornija, geralmente ornamentado por pinturas e esculturas em baixo relevo; » Decoração ou qualquer barra ou faixa pintada ou esculpida em uma parede; » Pintura ou escultura feita em baixo relevo em uma barra ou faixa. • Frontão » Conjunto arquitetônico de forma triangular que decora e encima a fachada prin- cipal de um edifício;é constituído de três partes essenciais: a cimalha (base) e as empenas (dois lados que fecham o triângulo); » Característico, originalmente, da arquitetura clássica. • Fuste » Corpo da coluna, pilar ou pilastra entre o capitel e a base. • Gateira » Pequena abertura na parede externa com a finalidade de ventilação e iluminação. • Gradil » Grade que cerca um lugar; » Gradeamento; » Grade baixa. • Mísula = Cachorro » Ornamento saliente preso à parede, estreito na parte inferior e largo na parte superior, que sustenta os beirais de um telhado, um arco de abóbada, uma cornija, uma figura, um busto, um vaso. 21 UNIDADE Nomenclatura dos Componentes Arquitetônicos Figura 9 – As mísulas apoiam o beiral e acima dele está a cimalha Fonte: Wikimedia Commons • Modilhão » Estrutura em forma de “S” para sustentação de elementos horizontais ou apenas como decoração no encontro da parede com o forro; » Pequeno quadrilátero de sustentação de um muro. • Óculo » Abertura circular ou oval em paredes, com o objetivo de permitir a passagem do ar e da luz. • Ornamento = Ornato » Elemento que compõe a edificação tanto externa quanto internamente. Pode ser elaborado em vários formatos, dimensões e temas. Pode ser fundamental ou não existir, dependendo do movimento ao qual a edificação pertença; » Decoração; » Adorno. • Parapeito » Parte da parede onde é apoiada a janela; » Uma peça de pedra, granito ou madeira que integra a parte inferior de uma janela e serve de apoio para quem nela se debruça. • Peitoril » Parapeito; » Parte superior de uma balaustrada onde as pessoas podem se debruçar. • Pendural » Em uma tesoura de telhado, é a peça situada no eixo vertical da estrutura. 22 23 • Pináculo » Ponto mais alto de um edifício ou de uma torre; » Elementos decorativos (em diferentes formatos) nas partes mais elevadas das edi- ficações. • Platibanda » Espécie de mureta, construída na parte mais alta das paredes externas de uma construção para proteger ou ocultar o telhado. Pode ter a função de ornamentar a fachada. No Brasil, tornou-se muito comum desde o século XIX, a fim de mo- dificar as características da concepção original das edificações do estilo colonial português para outros estilos, principalmente para o eclético; » Originalmente, ornamento característico da arquitetura gótica. • Retábulo » Estrutura ornamental em pedra ou talha de madeira (entalhe de madeira) que se eleva na parte posterior de um altar. Dependendo da fase a qual pertença a igreja e, portanto, do estilo, o retábulo pode apresentar: colunas ou pilastras, coroamento em arco, revestimento em talha dourada, policromia e figuras de anjos, ornamentos fitomórficos (com formas de plantas, como cachos de uva, folhas, flores). • Ripa » Peça longa, fina e estreita, que compõe o sistema estrutural de cobertura, fixada sobre os caibros, perpendicularmente a esses, servindo de apoio para as telhas. • Rosácea » Elemento arquitetônico ornamental, circular, com desenhos originados a partir do centro do elemento, podendo ser uma estrutura vazada ou com vidros ricamente coloridos (vitrais), usada inicialmente em edifícios religiosos no período gótico e neogótico. Nessas edificações, seu uso intencionava transmitir, através da luz e cores que entravam pelos vitrais, a relação entre o Homem e o sagrado. • Sacada = Balcão » Plataforma saliente apoiada em uma parede externa ou interna que serve de base para um balcão e de apoio a uma balaustrada. • Sanefa » Barrado; » Tábua horizontal fixada na parede, a partir da qual, se prendem outras perpendi- culares a ela, geralmente na parte interna da edificação. • Seteira » Fresta nas paredes de uma edificação para deixar passar a luz; » Em fortificações, é a abertura nas fachadas usadas para o lançamento de flechas e lanças contra o inimigo. • Sineira » Abertura na parte superior de uma torre, onde estão os sinos. 23 UNIDADE Nomenclatura dos Componentes Arquitetônicos • Sobreporta = Bandeira de porta » Parte fixa acima de uma porta; » Bandeira de porta. • Soleira » Laje de pedra ou peça de madeira que fica abaixo do portal/porta, rente ao piso. • Telhas » Há muitos tipos, feitas de muitos materiais. No caso deste estudo, que busca elementos que estejam em edificações mais antigas no Brasil, as telhas utilizadas durante o período colonial foram as denominadas “telhas de capa e canal”, feitas de barro cozido, com curvatura de meia cana, sendo instaladas na camada infe- rior com a parte côncava para baixo, e na camada superior com a parte convexa para cima, encaixando-se sobre a primeira e criando, dessa forma, um caminho para o escoamento das águas. Por conta do período de sua introdução no País, é conhecida hoje como “telha colonial”. • Terça » Em uma tesoura de telhado, as terças são peças colocadas paralelamente à cumieira, sob os caibros, para que estes não dobrem ou verguem com o peso das telhas. • Tesoura de telhado = Asna » Estrutura treliçada baseada na forma de um triângulo e composta por peças que a tornam rígida e capaz de suportar as cargas provenientes do telhado, trans- mitindo-as, de forma pontual, à estrutura do edifício. Possuem vários tipos de configurações, sendo algumas delas: » Tesoura canga de porco de linha alta; » Tesoura canga de porco de linha alta e baixa; » Tesoura de Pendural; » Tesoura Canga de Porco de Linha Alta. CAIBRO LINHA ALTA FRECHAL Figura 10 – Esquema dos elementos constituintes da Tesoura Canga de Porco de Linha Alta 24 25 • Tesoura Canga de Porco de Linha Alta e Baixa PERNA LINHA ALTA CUMEIRA LINHA BAIXA Figura 11 – Esquema dos elementos constituintes da Tesoura Canga de Porco de Linha Alta e Baixa • Tesoura de Pendural TERÇA ESCORA PENDURAL LINHA DE TESOURA PERNA OU EMPENA FRECHAL CONTRA-FRECHAL ESTRIBO Figura 12 – Esquema dos elementos constituintes da Tesoura de Pendural • Tímpano » Espaço triangular, liso ou ornamentado com esculturas, limitado pelos três lados do frontão; » Pode ser limitado por um ou mais arcos ou por linhas retas; » Muito utilizado em fachadas de igrejas, catedrais e templos em várias épocas. • Torre » Construção redonda, quadrada ou prismática, geralmente muito alta e estreita em relação à base; isolada ou anexa a uma igreja na qual se colocam sinos, campanários; » Usadas também como pontos de observação e de sinalização. • Ombreira » Cada uma das peças verticais componentes dos vãos de portas ou janelas que, encostadas nos lados do vão, dão sustentação às vergas. 25 UNIDADE Nomenclatura dos Componentes Arquitetônicos • Rodapé » Barra de madeira, mármore ou qualquer outro material que se coloca ao longo das paredes na junção com o piso, para dar-lhe proteção e acabamento; » Faixa de madeira que se coloca ao longo da parte inferior das grades de uma janela de sacada. • Verga » Viga de pedra ou madeira com função estrutural, que se apoia nas ombreiras de portas e janelas. Pode ser oculta ou aparente e ornamentada, como elemento cons- tituinte da fachada ou da parte interna, com função decorativa, além da estrutural. • Vitrais » Vitral (do francês vitrail) é um tipo de vidraça usada em vários tipos de edificações, composta por pinturas sobre vidro ou por pedaços de vidros coloridos, unidos por elementos metálicos, com a função de apresentarem cenas cotidianas, de- corações ou momentos religiosos (amplamente usados em edificações religiosas). Usados em várias épocas da história da arquitetura, mas é bastante característico das arquiteturas gótica, momento no qual surgiu e posteriormente na neogótica; aplicados em aberturas amplas e altas, nas catedrais daquele estilo. Figura 13 – Vitrais ornamentando uma Rosácea e outras aberturas abaixo – Detalhe da fachada Sul da Catedral de Notre Dame (1163 – 1345 – Paris – França) Fonte: Getty Images • Volutas » Ornamento em espiral ou em forma de pergaminho enrolado, usado no arremate de capitéis de colunas.Constitui o elemento característico da ordem jônica de capitéis, sendo mais tarde incorporada às colunas da ordem coríntia; » Qualquer motivo decorativo enrolado em espiral ou em forma de pergaminho. 26 27 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Arquiteturas: Igreja São Francisco de Assis, Ouro Preto Este vídeo apresenta uma análise sobre a formação do conjunto arquitetônico da cidade de Ouro Preto; O Barroco Mineiro; alguns monumentos em detalhes. Fala também sobre as obras e representatividade de Aleijadinho e Mestre Ataíde. https://youtu.be/ijP0AQ9O-m8 Palácio da Liberdade – MG Belíssimo exemplar de Arquitetura Eclética (Belo Horizonte – MG). Filme institucional feito para o Governo de Minas Gerais. https://youtu.be/0tb8nZhJl94 Reportagem especial – Estilo Art Decó em Goiânia https://youtu.be/mGs4gbOLSWg Casarões Coloniais do Centro Histórico correm risco de desabar https://youtu.be/9kWVNX3OSYA 27 UNIDADE Nomenclatura dos Componentes Arquitetônicos Referências BARROS, A.; BARROS, J.; MARDEN, S. Restauração do Patrimônio Histórico: uma proposta para a formação de agentes difusores. São Paulo: SENAI-SP Editora, 2019. CHING, F. D. K. Dicionário Visual de Arquitetura. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010. GOMBRICH, E. H. A História da Arte. São Paulo: LTC, 2000. HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa. Elaborado no Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. IPHAN. Manual de Conservação de Telhados. 1999. Disponível em: <http://portal.iphan. gov.br/uploads/publicacao/Man_ConservacaoDeTelhados_1edicao_m.pdf>. Acesso em: 25/08/2020. KAZ, L., LODDI, N., organização. Cristo Redentor: História e Arte de um símbolo do Brasil. Rio de Janeiro:Aprazivel Edições, 2007/2008. 28
Compartilhar