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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS 2 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, des- tacando-se pela oferta de cursos de gradua- ção, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimen- to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem- pre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com cons- ciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui- ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cida- dã para o mercado de trabalho, com ele- vado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. GRUPO MULTIVIX 3 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com Barbosa, Sonia de Oliveira. Currículo Políticas e Práticas / Sonia de Oliveira Barbosa; Viviane Bernadeth Gandra Brandão. – Serra: Multivix, 2018. EDITORIAL Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra 2018 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor Administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Diretor Geral Helber Barcellos da Costa Diretor da Educação a Distância Pedro Cunha Conselho Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões Revisão de Língua Portuguesa Leandro Siqueira Lima Revisão Técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Félix Soares Multivix Educação a Distância Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EaD 4 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei- ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo- dalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprova- da pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo en- tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa- -se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, pro- cura fazer a sua parte, investindo em projetos so- ciais, ambientais e na promoção de oportunida- des para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix 5 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Caro aluno, seja bem-vindo a este material que abordará diferentes aspectos e ques- tões relacionadas ao campo do currículo. A disciplina tem como objetivo propor- cionar ao acadêmico conhecimento e reflexões sobre o currículo e suas políticas e práticas no processo educacional, do planejamento ao processo avaliativo. O currículo é um tema necessário para a área da educação, pois se organiza no centro das atividades docentes. Quando o professor realiza o planejamento da sua aula colo- cando os objetivos a serem atingidos, define um conteúdo, sistematiza as atividades de ensino ou avalia o que foi ensinado, ele está realizando o currículo. Dessa forma, conhecer, estudar e refletir sobre currículo é ação primordial a qualquer profissional inserido na educação, uma vez que precisa ser visto como um instrumento necessá- rio para a condução do processo de ensino-aprendizagem. 6 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Nesse contexto, é importante que você conheça as concepções e teorias do currículo na sociedade, além da contribuição e execução dele nos espaços educacionais por meio do planejamento, legislações, conteúdos e avaliações curriculares. A disciplina encontra-se organizada em seis unidades: • Conhecendo o currículo e as suas teorias. • Tendências pedagógicas e concepções na organização curricular. • Currículo, conhecimento e cultura. • Planejamento curricular. • Avaliação curricular. • Análise das legislações pertinentes sobre o currículo no Brasil. Para que você tenha um bom desenvolvimento nesta disciplina, é importante que participe de todas as atividades e fóruns de discussões e leia os materiais comple- mentares. Objetivos da disciplina • Identificar o currículo como processo social e histórico. • Analisar as diferentes teorias e concepções do currículo. • Discutir a relação entre currículo, conhecimento e cultura. • Compreender o processo de planejamento e avaliação curricular. • Interpretar as legislações pertinentes sobre o currículo no Brasil. 7 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO > FIGURA 1 - Pista de corrida 14 > FIGURA 2 - Igualdade social 16 > FIGURA 3 - Crianças em círculo 17 > FIGURA 4 - Estados Unidos 19> FIGURA 5 - Escola americana 19 > FIGURA 6 - Divisão de tarefas em fábricas 20 > FIGURA 7 - Crianças na escola 21 > FIGURA 8 - Manifestações americanas 22 > FIGURA 9 - Movimento hippie 23 > FIGURA 10 - Problemas sociais 24 > FIGURA 11 - Desigualdade social 24 > FIGURA 12 - Figura 12 – Professor e sala de aula tradicional 26 > FIGURA 13 - Contexto da sala de aula 33 > FIGURA 14 - Professor e alunos 34 > FIGURA 15 - Professora com alunos e o Globo 35 > FIGURA 16 - Sala de aula vazia 36 > FIGURA 17 - Livro e quadro 37 > FIGURA 18 - Professor e alunos na sala de aula 38 > FIGURA 19 - Crianças aprendendo 38 > FIGURA 20 - Professora e alunos na sala de aula 39 > FIGURA 21 - Universo da sala de aula 40 > FIGURA 22 - Crianças estudando 41 > FIGURA 23 - Professores, alunos e pais 42 > FIGURA 24 - Criança na sala de aula. 42 > FIGURA 25 - Criando e aprendendo por meio do lúdico 43 > FIGURA 26 - Professora contando história para alunos 44 > FIGURA 27 - Professora e alunos 45 > FIGURA 28 - Professora acompanhando aluna no quadro 46 > FIGURA 29 - Paris, França 50 LISTA DE FIGURAS 8 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO > FIGURA 30 - Instrumento de uma cultura tradicional 51 > FIGURA 31 - Diferentes etnias 52 > FIGURA 32 - Livros 53 > FIGURA 33 - Escola pública 54 > FIGURA 34 - Tradição chinesa 55 > FIGURA 35 - Povos indígenas 55 > FIGURA 36 - Evolucionismo 56 > FIGURA 37 - Pessoas com bandeiras de diferentes países 57 > FIGURA 38 - Crianças com mãos dadas 58 > FIGURA 39 - Diversas culturas 59 > FIGURA 40 - Diversas crianças 60 > FIGURA 41 - Povos indígenas 61 > FIGURA 42 - Jovens negros 62 > FIGURA 43 - Mão colorida 63 > FIGURA 44 - Figura 16 – Diversas culturas 63 > FIGURA 45 - Diferenças culturais no mundo 64 > FIGURA 46 - Diversas pessoas 65 > FIGURA 47 - Mãos unidas 66 > FIGURA 48 - Diversas mãos ao redor do mundo 67 > FIGURA 49 - Diversidade cultural 68 > FIGURA 50 - Cultura negra 69 > FIGURA 51 - Grupos de alunos na escola 70 > FIGURA 52 - Cultura indígena na escola 70 > FIGURA 53 - Livros. 74 > FIGURA 54 - Alunos na porta da escola. 75 > FIGURA 55 - Reunião 76 > FIGURA 56 - Grupo em reunião. 76 > FIGURA 57 - Escola com poucos alunos. 77 > FIGURA 58 - Professor planejando. 78 > FIGURA 59 - Professora e alunos. 79 > FIGURA 60 - Professora e alunos. 80 > FIGURA 61 - Diversas crianças. 80 > FIGURA 62 - Crianças aprendendo. 81 9 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO > FIGURA 63 - Professor e alunos. 82 > FIGURA 64 - Professora e alunos na sala de aula. 83 > FIGURA 65 - Professora e alunos. 83 > FIGURA 66 - Professora e alunos. 84 > FIGURA 67 - Professora e alunos. 85 > FIGURA 68 - Professora e alunos. 86 > FIGURA 69 - Professor. 87 > FIGURA 70 - Grupo de alunos na escola. 87 > FIGURA 71 - Crianças na escola. 88 > FIGURA 72 - Criança aprendendo as letras. 89 > FIGURA 73 - Crianças na sala de aula. 92 > FIGURA 74 - Crianças na sala de aula. 93 > FIGURA 75 - Crianças sentadas na sala de aula 94 > FIGURA 76 - Alunos na sala de aula. 95 > FIGURA 77 - Aluno fazendo prova. 96 > FIGURA 78 - Livros e um quadro. 96 > FIGURA 79 - Aluno fazendo prova. 97 > FIGURA 80 - Aluna fazendo prova. 98 > FIGURA 81 - Aluna fazendo prova. 98 > FIGURA 82 - Crianças na sala de aula. 99 > FIGURA 83 - Alunos fazendo prova. 100 > FIGURA 84 - Alunos na sala de aula. 101 > FIGURA 85 - Desenho da sala de aula. 101 > FIGURA 86 - Alunos fazendo testes. 102 > FIGURA 87 - Alunos fazendo prova. 103 > FIGURA 88 - Aluna fazendo prova. 104 > FIGURA 89 - Sala de aula. 105 > FIGURA 90 - Prova 105 > FIGURA 91 - Alunos 106 > FIGURA 92 - papéis empilhados 109 > FIGURA 93 - Livro em cima de mesa. 110 > FIGURA 94 - Reunião. 111 > FIGURA 95 - Livro aberto na mesa. 112 10 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO > FIGURA 96 - Espaço físico de uma sala de aula. 113 > FIGURA 97 - Documentos legais. 113 > FIGURA 98 - Documentos legais. 114 > FIGURA 99 - Participação coletiva. 115 > FIGURA 100 - Definição do marco referencial. 116 > FIGURA 101 - Proposta de ação. 117 > FIGURA 102 - Elaboração de documentos. 117 > FIGURA 103 - Contexto de uma sala de aula. 118 > FIGURA 104 - Participação de todos 119 > FIGURA 105 - Documentos. 120 > FIGURA 106 - Documentos de uma escola. 120 > FIGURA 107 - Elaboração regimento escolar. 121 > FIGURA 108 - Cotidiano de sala de aula. 122 > FIGURA 109 - Universo escolar. 122 > FIGURA 110 - Participação de todos. 123 11 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO SUMÁRIO 2UNIDADE 1UNIDADE 1 CONHECENDO O CURRÍCULO E AS SUAS TEORIAS 161.1 HISTÓRIA DO CURRÍCULO 21 1.1.1 TEORIA DO CURRÍCULO 29 CONCLUSÃO 31 2 AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS E CONCEPÇÕES NA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR 36 2.1 CURRÍCULOS FORMAIS E ACADÊMICOS 39 2.1.1 CURRÍCULO DISCIPLINAR E INTEGRADO 46 CONCLUSÃO 50 3 CULTURA E CONHECIMENTO 53 3.1 DIVERSIDADE CULTURAL E EDUCAÇÃO 62 3.1.1 CURRÍCULO E CULTURA 67 CONCLUSÃO 74 4 PLANEJAMENTO CURRICULAR 77 4.1 PLANEJAMENTO CURRICULAR 77 4.2 CURRÍCULO: PLANEJANDO O ENSINO E APRENDIZAGEM 82 4.2.1 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO CURRICULAR EM SALA DE AULA 88 CONCLUSÃO 92 5 AVALIAÇÃO CURRICULAR 95 5.1 AVALIAÇÃO CURRICULAR 95 5.2 O PROCESSO DE AVALIAÇÃO NA ESCOLA 100 5.2.1 ACOMPANHAMENTO AVALIATIVO NO ENSINO – APRENDIZAGEM. 106 CONCLUSÃO 110 3UNIDADE 4UNIDADE 5UNIDADE 12 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 6 LEGISLAÇÕES PERTINENTES AO CURRÍCULO NO BRASIL 112 6.1 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E CURRÍCULO 112 6.2 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 117 6.2.1 REGIMENTO INTERNO ESCOLAR 122 CONCLUSÃO 127 GLOSSÁRIO 128 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 129 6UNIDADE 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO ICONOGRAFIA ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 14 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Identificar o currículo como resultado de uma construção histórica e social. > Definir as diversas teorias e conceitos sobre o currículo. > Demonstrar o processo dinâmico da formulação teórica na área do currículo. UNIDADE 1 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA UNIDADE Neste momento, apresentaremos os conceitos do currículo observando o seu proces- so histórico social. Também analisaremos as diferentes teorias curriculares na área educacional. A partir da fundamentação em autores de referência, você compreen- derá e refletirá sobre o currículo conforme as diversas perspectivas teóricas que subsi- diam as práticas educativas. INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade, você conhecerá o conceito e as diferentes teorias do currículo, um importante instrumento que orienta os profissionais da educação nas práticas edu- cacionais. Além disso, você conhecerá o currículo e como ele se organiza no processo histórico e social de uma sociedade como elemento pedagógico, refletido e elabora- do durantea história da educação e na atualidade. O currículo é um instrumento no qual se expressam as relações existentes no âmbito escolar. Em outras palavras, são todas as ações que perpassam por esse cenário e, consequentemente, estão permeadas de intenções, percepções e escolhas do que se pretende formar por meio dele. Por isso, o currículo se torna norteador da ação escolar como todo. Esta temática envolve poder, sociedade, ideologias e comportamento. Por isso, esse estudo será direcionado a partir da influência histórica do currículo na educação e das suas teorias. Assim, pode-se refletir sobre a prática curricular presente nas escolas, da origem à contemporaneidade. As teorias curriculares fundamentam o trabalho desenvolvido pelas escolas. Sendo assim, cabe às organizações escolares adotarem a percepção teórica que assimile os seus objetivos sobre a educação, pois é por meio da teoria do currículo que as suas metas serão delineadas e possivelmente atingidas. Por isto importância de saberem cada uma das teorias: para aplicá-las posteriormente. 16 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A expectativa é que esta unidade propicie conhecimentos para analisar o que é um currículo, sua importância, história e teorias e perceber as diferentes possibilidades de organização curricular. Como os estudos nessa área direcionam para diferentes problemas relacionados à elaboração e à implementação de currículo, espera-se, também, que lhe ofereça subsídio para construir e melhorar a sua prática, bem como em discussões e alternativas de solução orientadas pelas pesquisas produzidas na área do currículo. Esta unidade está organizada em três tópicos: conhecendo o currí- culo e as suas teorias; história do currículo; e teorias do currículo. 1 CONHECENDO O CURRÍCULO E AS SUAS TEORIAS Antes de iniciar a discussão sobre currículo, tema muito importante no universo edu- cacional, é necessário conhecer o significado e origem dessa palavra. Segundo Santos (2012), o dicionário de língua portuguesa Houaiss conceitua currículo como “progra- ma de um curso ou matérias a ser examinado”, ou seja, é um componente importan- te para orientar e conduzir determinada disciplina ou curso. No entanto, na educação é discutido não apenas como organização das disciplinas, mas também como con- junto de experiências construídas pelos alunos no ambiente escolar, ou fora dele, por meio do acompanhamento de um professor, por exemplo. Etimologicamente, a palavra “currículo” é originária do termo latim curriculum, que significa pista de corrida. Pode-se dizer que essa “corrida” resulta na formação das pessoas. Por isso, uma escola pode formar alunos, e outra, apenas informá-los. Isso depende do que o currículo oferece. No ambiente escolar, portanto, o currículo está envolvido naquilo que os alunos se tornam a partir da construção da sua identidade e subjetividade. 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO FIGURA 1 - PISTA DE CORRIDA Fonte: Shutterstock (2018). Assim, o currículo passa a ser entendido como um percurso a ser feito pelo aluno. E para que isso aconteça, ele deve prever uma mínima estrutura e um planejamento do curso. Observa-se que na história da educação, nos séculos XVI e XVII, cresceu o número de alunos inseridos nas escolas. Com isso, foi necessário maior rigor na organização das metodologias pedagógicas e dos conteúdos ministrados. O currículo na conjuntura atual configurou-se, enquanto construção social, como um dos mecanismos mais importantes da educação. Assim, o conhecimento, o estudo e a reflexão sobre o currículo se transformam em um conteúdo formativo que extra- pola o domínio sobre a temática. É por ele que compreendemos como a educação e suas políticas são concebidas, formuladas e implementadas com eficácia. Desse modo, é necessário saber que há diferentes concepções sobre currículo interligadas a uma construção histórica do termo e expressas por diferenças no modo de conceber, refletir, acompanhar e trabalhá-lo. Por isso, o currículo não é somente um documento impresso das instituições de ensino, mas um documento que reflete todo um complexo de relações sociais de determinado momento his- tórico (APLE, 2006). 18 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO No Brasil, as políticas e propostas curriculares definem a construção de uma concep- ção e processos formativos, como as diretrizes e parâmetros curriculares e as leis específicas que compõem a conjuntura das decisões e escolhas da educação no nos- so país. Percebe-se a contribuição que o currículo desenvolve na educação nacional, no sentido de planejamento e construção de processos formativos educacionais. A sua relevância no contexto político-pe- dagógico pressupõe o zelo na construção devido à complexidade que surge das con- figurações. Isso no momento que é feito uma reflexão do campo e noção curricular, na percepção de separar história, conceitos, perspectivas e práticas, os quais se desen- volvem como um compromisso pedagógi- co e social. Devido a essa conjuntura, é importante en- tender os locais discursivos e elucidativos dos espaços da discussão das diferentes concepções, sem concordar com os danos conceituais e político-pedagógicos provo- cados pelas interpretações que apoiam ex- pressões como: “Professor, você precisa sa- ber e executar essa perspectiva de currículo porque é a melhor.” Para situações assim, é necessário ter cautela. O professor precisa refletir se aquela perspectiva cabe na realidade em que ele está inserido, pois a construção de um currículo tem especifici- dades, porque é uma área que observa o contexto histórico, territorial e subjetivo dos seus alunos. Na atualidade, as concepções de currículo são divididas em dois grupos. O primeiro, denominado eficiente, são ideias compartilhadas pelos educadores que se preocu- pam, principalmente, com os aspectos financeiros da educação. Para eles, o grande obstáculo da educação é educar uma quantidade maior de pessoas com o mínimo de recursos financeiros e, assim, transformá-las de acordo com as demandas do mer- cado de trabalho. O segundo grupo é formado por profissionais que acreditam que o objetivo primordial da educação é a formação humana, ou seja, o desenvolvimento das pessoas. A ideia é que possam usufruir dos bens materiais e culturais produzidos Leitura complementar Para você entender melhor esse tema, leia o artigo “Sentidos de qualidade na política de currículo (2003-2012)”, de Danielle dos Santos Matheus e Alice Casimiro Lopes, disponível no Portal Scielo. 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO pela sociedade, bem como atuar criticamente nos espaços sociais colaborando para a construção de uma sociedade igualitária e justa. No interior dessa última concep- ção, denominada de perspectiva crítica, amplia-se o significado de currículo. FIGURA 2 - IGUALDADE SOCIAL Fonte: Shutterstock (2018). Nessa perspectiva, o currículo ultrapassa a ideia de uma simples seleção de conteúdos disciplinares (SANTOS, 2012). Ele se transforma em escolhas de ações e conhecimen- tos desenvolvidos a partir da realidade social, cultural, política e pedagógica. Sendo assim, currículo não é inerte, ele externaliza as atribuições cultural e social da educa- ção. Por esse motivo, o estudo dos currículos concretos objetiva investigá-los na con- juntura em que se organizam e por quais meios manifestam as práticas educativas. Caro aluno, o currículo deve se constituircomo uma experiência educativa, ao contrário de um comportamento ou resultado dessa experiência. Quando se inicia o processo de planejamento sobre o currículo, deve-se primeiro observar os valores, o conhecimento e, sobretudo, os saberes de todos os envolvidos no processo educativo (professores e os alunos) e perceber o que é necessário desen- volver ou reforçar (MCKERNAN, 2009). 20 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Ao observar com cautela, há alguns anos o currículo das séries iniciais estava unifi- cado em conteúdos, como conhecimentos da língua portuguesa, matemática, ciên- cias, história, geografia e educação física. Analisando as propostas curriculares atuais, como as expressas nos Parâmetros Curriculares Nacionais, nota-se que essas propos- tas estão abertas para novos saberes. Atualmente, é discutida a necessidade de o currículo escolar inter-relacionar questões do meio ambiente, valores éticos, corpo, gênero, étnico, racial, entre outras. Ao mesmo tempo, essas propostas demonstram a necessidade de se contribuir com a criatividade, autonomia e espírito crítico dos alunos. Desse modo, o currículo passa a abranger novos conteúdos e valores e a dar importância a novas maneiras de pen- sar, ser e agir. Assim, reconhece-se que a formação humana não pode estar centrada apenas no aspecto cognitivo. É necessário que a escola amplie sua concepção de educação desenvolvendo e considerando diferentes manifestações culturais da nos- sa sociedade e interesses e necessidades do educando. Também é importante que a educação escolar introduza áreas novas de conhecimento, tais como estudos am- bientais, informática e conhecimentos presentes no cotidiano escolar, como cultura popular, bullying e gênero. Ao longo da história, o homem na sociedade construiu diversas formas de conheci- mento. Fazem parte desses saberes os conhecimentos científicos, o senso comum, o conhecimento prático, a cultura popular, as artes em todas as suas dimensões e uma série de valores, atitudes e comportamentos das mais diversas ordens. FIGURA 3 - CRIANÇAS EM CÍRCULO Fonte: Shutterstock (2018). 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO No momento da definição e escolha da escola de um currículo a ser desenvolvido nas suas atividades, são expressas a sua ideologia e interesse sobre o que seus alu- nos precisam adquirir. Nesse processo, o currículo passa a ser compreendido e se- lecionado observando a diversidade cultural revelada no contexto educacional dos futuros alunos. Por se conceber, principalmente, em um processo de escolhas, a elaboração ou de- finição de um currículo estará submetida a disputas e embates, pois as pessoas en- volvidas podem ter concepções divergentes sobre os objetivos da educação escolar. Isso acaba gerando pensamentos diferentes sobre o que é importante, ou não, para ser escolhido como conteúdo escolar, e o que é importante à formação das crianças, adolescentes e jovens. É necessário compreender que estamos dizendo que os conteúdos curricula- res, conhecimentos ou saberes produzidos pelo homem ao longo de sua história e escolhidos pela escola, precisam estabelecer saberes ou conhecimento escolar. Para McKernan (2009), o currículo está relacionado a tudo o que é planejado, imple- mentado, ensinado, aprendido, avaliado e pesquisado, independentemente do nível ou etapa do sistema educacional. É importante compreender o currículo como uma orientação que conduz uma proposta no universo escolar que propicia aos alunos elementos societários, como valores, conhecimentos e atitudes. 1.1 HISTÓRIA DO CURRÍCULO A origem do currículo na área da educação se dá nos Estados Unidos e está associa- da à conjuntura educacional e social vivenciada nesse país no começo do século XX. A seguir, buscaremos indicar perspectivas do cenário americano naquele período, vis- to que ele indica o surgimento das concepções e dos embates na área do currículo. 22 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 4 - ESTADOS UNIDOS Fonte: Shutterstock (2018). No início do século XX, os Estados Unidos já eram reconhecidos como o país da eco- nomia mais desenvolvida do mundo. Para a consolidação de seu parque industrial, a nação estimulou a imigração de povos de diferentes países para atender às deman- das de um mercado de trabalho que se expandia com grande rapidez. O crescente processo de industrialização levou ao surgimento e crescimento de centros urbanos. Diante das modificações ocorridas no país, as elites americanas começaram a se preo- cupar com os novos costumes e padrões culturais trazidos pelos imigrantes. Também foram afetados pelas transformações culturais que ocorriam nos centros urbanos, cujo comportamento e forma de ser tornavam-se diferentes daquelas dos habitantes das pequenas comunidades rurais, em que dominava a cultura anglo-saxônica, bran- ca e protestante (APLE, 2006). FIGURA 5 - ESCOLA AMERICANA Fonte: Shutterstock (2018). 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO Nesse âmbito, é atribuída à escola a missão de preservar e restaurar os valores da cultura americana que pareciam estar ameaçados. Além disso, é atribuída à escola a responsabilidade de formar pessoas para os diferentes níveis de trabalho exigidos pelos diversos níveis das hierarquias empresariais. A atenção na educação levou alguns grupos a pressionarem a escola para uma atua- ção mais eficaz. Argumentava-se, naquela época, que a escola deveria utilizar os mé- todos da administração científica preconizados por Taylor, ou seja, para esses grupos, a escola deveria aplicar os métodos aplicados nas empresas. O taylorismo, isto é, o uso das propostas de Taylor para a organização do trabalho na empresa, baseava-se em ideias de divisão de tarefas e de padronização, passando estas a serem realizadas de acordo com as recomendações e supervisão da gerência. FIGURA 6 - DIVISÃO DE TAREFAS EM FÁBRICAS Fonte: Shutterstock (2018). Como consequência, pensamentos da área empresarial ganharam espaço no terreno educacional. Grande parte dos administradores escolares e educadores buscaram, no campo empresarial, princípios e critérios para a organização do processo educacional. Conforme Aple (2006), é nesse cenário que Francklin Bobbitt escreve, em 1918, o livro O Currículo, considerado um marco na emergência do campo curricular. Nesse livro de Bobbit, fica evidenciada a influência que as ideias de eficiência e padronização trazidas do campo empresarial exerceram sobre seu pensamento. 24 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO No entanto, nesse mesmo período, outros pensamentos diferentes dos propostos por Bobbitt conquistaram espaço na área da educação. Essas novas ideias eram vei- culadas pelo movimento denominado por John Dewey como progressista. Desde o início do século, Dewey produzia trabalhos sobre a educação, nos quais defendia a necessidade de os currículos escolares terem como base os interesses das crianças. Para esse autor, o currículo deveria se constituir de experiências significativas para os estudantes oferecendo a oportunidade de aprenderem a aprender. Ele defendia que a escola deveria ser ativa, orientada pelo conceito de learning by doing, que significa “aprender fazendo”. Além disso, enfatizava que a escola deveria constituir-se em um espaço democrático, em que o aluno estaria se formando comocidadão. Para Dewey, diferentemente das ideias defendidas por Bobbitt, a escola não poderia estar submetida aos interesses empresariais, mas ser um espaço que pro- porcionasse o desenvolvimento das crianças de acordo com sua realidade cognitiva, emocional e social. FIGURA 7 - CRIANÇAS NA ESCOLA Fonte: Shutterstock (2018). Apesar de as ideias de John Dewey terem tido grande impacto na área da educação e de estarem ainda presentes nas discussões contemporâneas dos educadores, elas não conseguiram ter grande destaque no campo dos estudos sobre currículo na pri- meira metade do século XX. A preocupação com as técnicas, ou seja, com as melho- res formas de organizar e desenvolver o currículo, predominava. 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO Para Aple (2006), o livro de Ralph Tyler, intitulado Princípios Básicos de Currículo e Ensino, publicado em 1949, consolidou a tradição tecnicista da área, centralizada na preocupação em prescrever a forma como os currículos devem ser elaborados. O livro de Tyler aborda quatro pontos que, conforme ele, são fundamentais para a elaboração de um currículo. Esses quatro pontos referem-se a como selecionar os ob- jetivos educacionais, como identificar experiências de aprendizagem que proporcio- nem o alcance desses objetivos, como organizar essas experiências e como avaliá-las. Esse livro, durante décadas, foi referência para os educadores que trabalhavam com currículo. Após o livro de Tyler, outros manuais sobre currículo foram escritos, todos orientados pela mesma preocupação: oferecer aos educadores um caminho claro, seguro e eficiente para elaborar currículos. Na década de 1970, houve uma grande discussão no campo do currículo que, definiu o desenvolvimento dessa área. De certa forma, pode-se dizer que esta passou por uma mudança a partir da crítica contundente à abordagem prescritiva predominante. Daí em diante, novas perspectivas, novas propostas de estudos e de pesquisas passa- ram a dominar. Além disso, não se pode esquecer de mencionar o cenário na década de 1960, que propiciou essas transformações. FIGURA 8 - MANIFESTAÇÕES AMERICANAS Fonte: Shutterstock (2018). 26 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Foi um período de grandes movimentos na área social. A luta pelos direitos civis se intensificava em diferentes partes do mundo. Nos Estados Unidos, vários grupos se organizaram em diferentes movimentos para protestar contra o preconceito racial e as discriminações diversas de que eram vítimas. Ao mesmo tempo, as mulheres, em diversos países, denunciavam a situação de opres- são e submissão a que estavam sujeitas, em um mundo em que os homens tinham maior poder e oportunidades, sobretudo no mercado de trabalho. Ao lado disso, o crescimento da violência interna e externa nos Estados Unidos propiciava a emer- gência do chamado movimento hippie. O seu lema era “paz e amor”, em oposição ao clima de intolerância e violência vivenciado pela sociedade. Cresciam os protestos contra a guerra do Vietnã, não só nos Estados Unidos, mas também em diferentes países do mundo. FIGURA 9 - MOVIMENTO HIPPIE Fonte: Shutterstock (2018). Percebe-se, nessas reflexões sobre a situação social, a organização da sociedade civil, que denunciava desigualdades, assimetrias sociais e injustiças. No campo intelectual, novas tendências e abordagens começavam a circular com mais vigor. Afirmava-se que a ampliação das oportunidades educacionais não havia contribuído para o pro- gresso social, uma vez que crises sociais e a violência cresciam a cada dia. Colocava-se em questão a forma como estava sendo conduzida a educação escolar. Os ativistas sociais, os intelectuais e os próprios educadores lançavam novos problemas para o campo educacional. 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO FIGURA 10 - PROBLEMAS SOCIAIS Fonte: Shutterstock (2018). Dois grandes movimentos marcaram o campo do currículo na década de 1970 e tra- duziram as insatisfações com o tipo de orientação que nele predominava. Ambos fo- ram influenciados pelas novas tendências presentes na área da ciências sociais, em que princípios, concepções e teorias, como Marxismo, Neomarxismo, Fenomenologia, Etnometodologia e Interacionismo Simbólico, começaram a ter grande influência. Um desses movimentos, conhecido como Nova Sociologia da Educação (NSE), emer- giu na Inglaterra em contraposição à abordagem e ao tipo de estudos e pesquisas desenvolvidos nessa área. Desde o pós-guerra, a sociologia da educação estava vol- tada para a identificação das fontes de desigualdades educacionais, o que era feito por meio de grandes levantamentos estatísticos em que se mostrava, por exemplo, a relação existente entre renda e cultura familiar e o fracasso escolar. FIGURA 11 - DESIGUALDADE SOCIAL Fonte: Shutterstock (2018). 28 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Para Santos (2012), um grupo de estudiosos da sociologia da educação começa a cri- ticar a orientação adotada por essa área, cujos estudos estavam interligados à ques- tão das camadas sociais. Esse grupo redefine a área da sociologia da educação, cujo principal foco é o estudo do currículo e da pedagogia como processos sociais. Observando a realidade brasileira na atualidade, será que faltam aos alunos as condições de aprender o que é ensinado na escola e, por isso, eles fracassam? Ou será que a maioria deles não aprende o que é ensinado na escola porque está recebendo um ensino inadequado? Conforme Santos (2012), o livro Conhecimento e Controle, coordenado por Michael Young, publicado em 1971, e composto por uma coletânea de artigos, é considera- do um marco da NSE. Nele, Young destaca importantes questões sobre o currículo, dando ênfase às hierarquias existentes entre as disciplinas que integram o currículo do ensino básico. O autor mostra que as disciplinas de maior prestígio no currículo são aquelas consideradas mais abstratas e que também classificam os alunos com maior nitidez. Um exemplo disso estaria no fato de o bom desempenho escolar em disciplinas como física e matemática estar associado ao maior talento ou capacidade de estudo do aluno. Isso confere maior prestígio acadêmico a esse estudante do que a outro que alcança um bom desempenho em disciplinas como história e geografia. O autor mostra que essas hierarquias estão relacionadas com as divisões e camadas existentes na sociedade. Também mostra que, como nossa sociedade atribui ao tra- balho intelectual maior importância do que o manual, dando mais importância à teoria do que à prática, os saberes práticos são pouco valorizados nos currículos, o que os faz parecer menos relevantes quando incluídos. A história do currículo no Brasil acompanha esses acontecimentos mundiais. No final dos anos 1970, novas tendências colaboraram para compor a área do currículo pro- porcionando a análise e a compreensão sobre as contradições e as resistências pre- sentes no processo educacional. Buscavam-se formas de desenvolver seu potencial libertador. Nos anos 1980, especialmente na segunda metade da década, houve uma renovação na produção sobre o currículo no Brasil, em decorrência da ausência da atuação dos conteúdos curriculares. No final dessa década e no início dos anos 1990, o currículo passou a ser problematizado a partir de suas esferas políticas, econômicas e socioculturais, sendo entendido como todas as experiências e conhecimentos propor- cionados aos alunos no cotidiano escolar e fora dele.Isso trouxe para dentro da escola a necessidade de trabalhar a cultura das camadas populares, o que rompeu a relação existente entre a cultura da escola e a daquele que detém o poder na sociedade. 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO 1.1.1 TEORIA DO CURRÍCULO No processo histórico do currículo, diversos acontecimentos – incluindo os seus auto- res – deram à luz as teorias do currículo. Estas divergem quanto às suas concepções, mais precisamente no que tange ao processo de ensino-aprendizagem e conheci- mento. No entanto, servem como orientações quanto às metodologias e ao processo de ensino-aprendizagem. A seleção por uma ou outra teoria deve ser analisada sob a ótica do Projeto Político- -pedagógico de cada escola. Ele que orientará a prática teórica e os anseios dos alu- nos. As três teorias existentes são: tradicionais, críticas e pós-críticas. As teorias tradicionais, consideradas também como neutras, objetivam a formação da educação escolarizada por meio de ações de memorização. No processo de en- sino-aprendizagem há uma centralidade no professor, que é o detentor do conhe- cimento e repassa a informação para o aluno. Essa teoria se originou com Francklin Bobbitt, nos Estados Unidos, embasada no modelo taylorista, que comparava a edu- cação com as empresas. Nesse sentido, a preocupação é com o resultado, e não com o processo de ensino-aprendizagem, visto que o currículo era para sistematizar as ações de forma burocrática e eficiente. FIGURA 12 - FIGURA 12 – PROFESSOR E SALA DE AULA TRADICIONAL Fonte: Shutterstock (2018). 30 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Conforme McKernan (2009), Bobbit, ao elaborar currículos, envolvia a identificação de conhecimentos, habilidades, atitudes e hábitos necessários ao desenvolvimento da personalidade adulta. Para isso, a construção do currículo deveria abranger a defini- ção clara dos objetivos educacionais e dos meios a serem empregados para atingi-los, bem como formas que pudessem medir com precisão o alcance dessas metas. Esse processo, conforme o autor, deveria ser rigoroso e preciso. Desse modo, transportavam-se para a área da educação padrões e formas de tra- balho utilizados pelo campo empresarial, objetivando-se a eficiência em função da ampliação de ganhos financeiros. Nessa teoria, o conteúdo é separado em temas fragmentados e sistematizado por disciplinas. Por isso, gerou três modelos de educa- ção: tradicional, escola nova e tecnicismo. Esses modelos e percepções do currículo vigoraram até na década de 1960, quando começaram as percepções críticas. As teorias críticas defendem que não há uma teoria neutra, pois todas estão per- meadas de subjetividade, como as relações de poder e força presentes nos pensa- mentos teóricos. Pode-se dizer que essa teoria avançou os estudos na área do currículo. Pesquisas produzidas pela NSE e pelo movimento dos reconceitualistas, sobretudo ligados à sociologia do currículo, abriram novos caminhos para se compreender o currículo. Além disso, os trabalhos produzidos pela teoria crítica propõem questões claras so- bre a forma como os currículos vinham sendo elaborados e desenvolvidos. Essa nova tendência veio para superar o contexto de desigualdade e injustiças sociais, as quais a escola vinha reproduzindo e, por isso, sendo responsabilizada pela crise social e econômica nos Estados Unidos, não desempenhando o seu papel de promo- ção e ascensão cultural. Nesse contexto, a NSE diz que a discussão sobre o currículo escolar deve voltar-se para a análise dos critérios e princípios que orientam a seleção e a organização do conhecimento escolar. Para tal, interroga-se sobre os interesses que guiam as esco- lhas e as definições curriculares. A NSE problematiza o processo de seleção e orga- nização dos conhecimentos escolares, desmistifica as ideias de que tais processos são objetivos e científicos e apresenta evidências de como eles são perpassados por interesses sociais. 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO Segundo McKernan (2009), as teorias críticas trouxeram contribuições importantes até nos dias de hoje para a compreensão do currículo escolar. Incluem-se algumas reflexões sobre o que consta no currículo ser diferente daquilo que é desenvolvido em sala de aula pelo professor. Dessa forma, chama a atenção para o fato de que o currículo pode reforçar diferen- ças, preconceitos e discriminações sociais, como um material didático que consta discurso racista por meio de desenhos e escritas. As teorias pós-críticas enfatizam que, na escola, os alunos não aprendem apenas con- ceitos sobre o mundo natural e social, mas também adquirem consciência, disposi- ção e sensibilidade que influenciam suas relações e comportamentos sociais e estru- turam sua personalidade. Nas últimas décadas, sobretudo a partir dos anos 1980, novas áreas de estudos e de pesquisas se configuraram no campo do currículo, influenciadas por diferentes ideias que ganharam prestígio na ciências sociais. Observa-se que grande parte da produção mais recente no campo do currículo tem sido marcada pela influência do pensamento pós-moderno ou pós-estruturalista. Essa influência já estava presente desde a década de 1990 e pode ser identificada em trabalhos de autores diversos, como Popkewitz (1994), McLaran (1993), Cherryholmes (1993). Um aspecto central nas discussões desses estudiosos do campo é a análise das for- mas como o currículo constrói identidade e subjetividades. É importante entender que o processo de globalização criou as condições para a intensificação do debate em torno do direito à diferença e a questão da democracia. Hoje, esses tópicos pas- sam pela possibilidade de um diálogo simétrico entre povos e nações. CONCLUSÃO Nesta unidade, por meio das conceituações que contribuem no ambiente escolar, você aprendeu o que é currículo e estudou como essa área surgiu e se desenvolveu de forma intrínseca com as demandas apresentadas nos campos econômico e polí- tico pelos movimentos sociais e próprios profissionais da área. 32 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Foi possível constatar quando há a relação entre currículo e sociedade, quando se re- conhece que o currículo é um conjunto de fatores políticos, ideológicos, históricos, so- cioculturais, científicos, entre outros. Assim, está longe de ser uma questão resolvida simplesmente no campo das análises e decisões técnico-pedagógicas. Falar de currículo remete-nos à ação mental de entender sobre o que, de fato, esta- mos falando. Em nosso caso, a preocupação amplia-se, pois não se trata apenas de definir currículo, mas de sintetizar ou acolher conceituações que tenham ressonância no âmbito da educação do nosso país e, especialmente, do estado, do município e da escola. Os interesses e as percepções sobre a função da educação são diferentes a partir de cada teoria do currículo e estão sempre em conflito. Nesse panorama, algumas for- mas de abordagens e de propostas conseguem se impor e ter maior prestígio devido a diferentes fatores. Nota-se que as tendências ou abordagens em uma área vão sendo ressignificadas ao longo do tempo. Desse modo, muitas teorias que aparecem como novas, nada mais são do que a retomada de antigas propostas, que passam a incorporar novas temáti- cas ou novos estereótipos, mas cujos fundamentos pouco se modificam. Novas teorias no campo de estudo, muitas vezes, se apresentam como grandes rupturas que parecem contestar tudo oque havia sido produzido anteriormente. Contudo, uma análise criteriosa mostra que essas rupturas evidenciam a perma- nência de antigas ideias, ou o modo como as novas formas de pensar em determi- nada área podem estar ligadas a algum tipo de produção já existente no campo do conhecimento. 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Identificar as tendências pedagógicas e concepções na organização curricular. > Definir os currículos formais e acadêmicos. > Examinar os currículos não acadêmicos e integrados. UNIDADE 2 34 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA UNIDADE Olá, aluno! Seja bem-vindo! Neste momento, apresentaremos as tendências pedagógicas e concepções na or- ganização curricular, pois é um tema, pela sua abrangência, que aborda os aspectos cruciais da educação. O currículo escolar sintetiza metas, objetivos e as suas formas de organização; as atividades de ensino-aprendizagem e de avaliação; e as indicações bibliográficas e outros recursos. Porém, cada tendência e cada concepção contri- buem no processo da construção e execução do currículo. Dessa maneira, ancorado em autores de referência, o conteúdo abordado permitirá a você um conhecimento reflexivo dessa temática, que contribuirá nas suas práticas educacionais. INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade, você conhecerá as tendências pedagógicas e organizações curriculares, que são elementos imprescindíveis para a efetivação de um currículo com qualidade. Percebem-se as lutas e conflitos das equipes pedagógicas presentes na construção de um currículo oficial, seja em âmbito nacional, estadual ou municipal. Para isto, é necessária a reflexão sobre as diferentes dificuldades que surgem por ocasião da im- plementação do currículo no âmbito de cada escola. Ao conhecer as tendências e organizações curriculares, você terá a oportunidade de refletir sobre os problemas enfrentados pelos diferentes segmentos e indivíduos da comunidade escolar, principalmente em relação à implementação curricular no con- texto da escola, ou seja, a disputa posta entre o currículo proposto, o oficial ou formal, e o currículo desenvolvido, que é o real. O currículo é, sobretudo, uma práxis, ou seja, uma ação. É isso que acontece quando se diz que o currículo, apesar de todas as intenções e planejamento prévio, ao mate- rializar-se, é muito diverso de sua forma idealizada. É, de fato, uma estrutura que vai 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO se compondo na prática, construindo-se no processo mesmo de sua concretização, auto-organizando-se à medida que as regulações se fazem necessárias. Portanto, vai construindo a sua própria história. É legítimo afirmar o que queremos que o currículo seja; porém, nem sempre o dese- jado será alcançado, pois depende da dinâmica de cada instituição e das experiên- cias nela vividas, devido à cultura, grupo social, histórias e outras influências. Para isso, é preciso voltar o olhar para o espaço privilegiado de construção de saberes, a sala de aula, que é, em última instância, o centro da organização escolar, isto é, o local onde as ações acontecem. A expectativa é que essa unidade ofereça subsídios para que você possa identificar os processos de mediação presentes na sala de aula, tendo como base de análise as tendências pedagógicas e organizações curriculares. Esta unidade está organizada em três tópicos: as tendências pedagógicas e con- cepções na organização curricular; currículos formais e acadêmicos; e currículos não acadêmicos e integrados. 36 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2 AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS E CONCEPÇÕES NA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR A prática de sala de aula, espaço em que o professor trabalha no seu dia a dia, fica em alguns momentos distante ou mesmo diferente daquilo que está apresentado nas propostas oficiais, como os parâmetros curriculares. Essas propostas oficiais de currí- culo, bem como as elaboradas pela escola, como o projeto pedagógico, ou os planos de trabalho do professor, são denominadas currículo formal. São propostas que se apresentam como possibilidades ou como intenções do que deverá ser trabalhado em sala de aula. Não obstante, como se sabe, os professores terminam por adaptá-las à realidade de seus alunos, às suas possibilidades e ao contexto da escola. FIGURA 13 - CONTEXTO DA SALA DE AULA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO Até mesmo aquilo que foi planejado para ser desenvolvido em uma turma sobre determinado assunto acaba sendo modificado diante do clima, dos interesses e de outros fatores que não estavam estabelecidos quando foi elaborado o plano de tra- balho do professor. O currículo desenvolvido em sala de aula e do qual consta todos os tipos de experiência que os alunos vivenciam na escola ou sob a supervisão desta é nomeado como currículo real ou currículo em ação. Em alguns textos sobre currículo, é utilizada a expressão currículo oculto. O que isso significa? O currículo oculto é relacionado a tudo que o aluno aprendeu na escola, sem ter sido objeto específico do ensino. Desse modo, o currículo oculto constitui-se das aprendizagens ou dos efeitos de aprendizagem de diferentes formas, abrangen- do conteúdos, valores, atitudes e interesses apreendidos na escola e que não foram intencionalmente trabalhados pelo professor, pelos diferentes materiais de ensino, livros didáticos, programas ou guias curriculares. São conhecimentos, atitudes e valores que não estavam preconizados como centra- lidade do trabalho pedagógico, mas que, de forma sutil e, geralmente, não intencio- nal, são repassados aos alunos. Como exemplos, podemos citar alguns preconceitos, regras de comportamento e religião que os professores expressam sem observar as consequências das suas falas. FIGURA 14 - PROFESSOR E ALUNOS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 38 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Para Apple (2006), o currículo oculto insere no aluno disposições e propensões que podem ser funcionais, em sua vida futura, em uma ordem social e econômica. Apesar da ênfase na importância do conflito para a transformação tanto da ciência como da sociedade, a análise tende a realçar o papel reprodutor do currículo oculto, refletindo o caráter determinista das teorias da reprodução. FIGURA 15 - PROFESSORA COM ALUNOS E O GLOBO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Ao contrário do currículo oculto, há o currículo explícito, o qual se constitui naquilo que é deliberadamente buscado ou realizado no processo de ensino. O que não é trabalhado pelo currículo da escola – as omissões ou ausências – é nomeado de cur- rículo vazio ou nulo. É necessário compreender que os temas ou práticas sociais não trabalhados pela escola produzem efeitos sobre o aluno. O silêncio sobre determinada questão demonstra que os conteúdos são considera- dos com pouca importância ou inadequados para serem tratados no espaço escolar, apontando que certas temáticas são vistas como inapropriadas ou de pouco valor formativo para os alunos. 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICASE PRÁTICAS SUMÁRIO FIGURA 16 - SALA DE AULA VAZIA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Caro aluno, o fato de omitir determinado conteúdo no currículo já demonstra o que é e o que não é considerado como conteúdo escolar, evidenciando os valores privilegiados pela escola e explicitando julgamentos realizados no interior do campo educacional em relação à pertinência dos mais diversos conteúdos culturais. Em síntese, é necessário compreender que a elaboração de um currículo é um pro- cesso social de escolhas e organização de diferentes formas de saberes e valores para serem ensinados nas escolas. Esse processo é perpassado por disputas e lutas diante dos interesses divergentes e conflitos simbólicos e culturais presentes na sociedade e relacionados a concepções distintas sobre a educação e seus objetivos. 2.1 CURRÍCULOS FORMAIS E ACADÊMICOS As denominações do currículo perpassam por modelos. A seguir, serão discutidos os currículos formais e acadêmicos que representam a polarização do currículo que quase nunca aparece de forma pura. 40 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Para McKernan (2015), Michael Young, sociólogo que iniciou a Nova Sociologia da educação sobre o denominado currículo acadêmico, afirma que o currículo acadê- mico, centrado nas disciplinas hierarquicamente organizadas, está associado à edu- cação das crianças consideradas mais hábeis e caracteriza-se pela ênfase na comuni- cação escrita em oposição à oral, no individualismo, na abstração e no afastamento da vida diária ou da experiência comum. FIGURA 17 - LIVRO E QUADRO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Contrariamente, denominam-se currículos não acadêmicos aquelas propostas curri- culares que rompem com a estrutura disciplinar e com a organização sequencial dos conteúdos, trabalhando com temas que integrem diferentes áreas do conhecimento, voltando-se para os processos de aquisição, e não para os processos de transmissão de saberes. É valorizada, nessa abordagem, as experiências de alunos e professores, suas vivências e inserção cultural. Estudos de Michael Young mostram a preocupação com a compreensão dos pro- cessos de definição ou de organização de propostas curriculares, como, por exemplo, na década de 40, na Inglaterra, onde havia dois tipos de currículo, que possuíam ca- racterísticas distintas: um currículo para a classe média e outro para a elite, centrado em um corpo de conhecimento a ser transmitido e caracterizado pelo seu caráter acadêmico, abstrato e descontextualizado (MCKERNAN, 2015). 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO FIGURA 18 - PROFESSOR E ALUNOS NA SALA DE AULA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Os documentos oficiais no campo da educação procuravam demonstrar que o currí- culo para a elite era adequado àqueles alunos interessados em aprender, capazes de compreender um argumento, interessados em causas e em saber por que as “coisas” são como são. Por outro lado, para as crianças da classe operária, era apresentado um currículo voltado para contextos práticos, com abordagens pedagógicas e relaciona- dos com processos ativos. Conforme os documentos oficiais, esse currículo seria mais apropriado para o grupo de crianças que lidavam melhor com situações concretas do que abstratas. Dessa maneira, as crianças, assim como os currículos, eram tratadas de forma diferente. FIGURA 19 - CRIANÇAS APRENDENDO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 42 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Analisando as discussões e as propostas curriculares da década atual, percebe-se que a tensão entre currículos acadêmico e não acadêmico continua presente. Segundo Apple (2006), Pierre Bourdieu, em seu trabalho intitulado Princípios para uma refle- xão sobre o currículo, propõe sete princípios, os quais diz estarem fundamentados na reestruturação ocorrida na divisão do conhecimento, em uma nova definição das formas de transmissão de conhecimento, na necessidade de eliminação de noções datadas e na importância da introdução, na escola, de novos conhecimentos, prove- nientes tanto da pesquisa como das mudanças econômicas, sociais e técnicas. FIGURA 20 - PROFESSORA E ALUNOS NA SALA DE AULA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Esses princípios podem ser sintetizados da seguinte forma: • Os conteúdos escolares devem ser constantemente revistos. • A educação deve dar prioridade a áreas que desenvolvam o pensamento. • Os currículos devem ser flexíveis, mas apresentar conexão vertical e horizontal entre os conteúdos. • Pelo fato de o currículo ser compulsório, deve sempre ser considerada a possi- bilidade de transmissão de seus conteúdos. • Deve-se procurar melhorar a eficácia do processo de transmissão pela diversi- ficação dos métodos de ensino. 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO • A prática curricular deve ser direcionada para a integração do trabalho de pro- fessores de diferentes disciplinas, superando divisões existentes antes entre elas, já superadas pela evolução das ciências. • Os currículos escolares devem conciliar o universalismo inerente ao pensa- mento científico com o relativismo ensinado por meio das ciências históricas, refletindo a pluralidade de estilos de vida e de tradições culturais. FIGURA 21 - UNIVERSO DA SALA DE AULA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. A proposta de Bourdieu defende a ideia de um currículo acadêmico, modernizado pela introdução de novos conhecimentos e habilidades necessárias à vida contem- porânea, trazidos pelo desenvolvimento científico e tecnológico e pelas inovações produzidas no campo pedagógico. Os que criticam o currículo acadêmico acusam-no de haver sido sempre hostil às crianças e aos adolescentes das camadas populares. Em sentido contrário, os que criticam os currículos não acadêmicos argumentam que eles não possibilitam a esses estudantes o ingresso no mundo das ciências e do conhecimento, deixando- -os em condições de desvantagem perante aqueles que pertencem às elites, cujos pais, principalmente no que se refere ao ensino médio, escolhem por escolas de currículo acadêmico. 44 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO No campo do ensino das diferentes disciplinas, tem-se verificado que os currículos ba- seados na transmissão de conhecimentos têm obtido baixos resultados. Além disso, atualmente a discussão permeia, no campo da produção do conhecimento escolar, a ideia de que a difusão, sobretudo pelos meios de comunicação digitalizada, está levando ao desenvolvimento de novas capacidades mentais, cognitivas e afetivas. FIGURA 22 - CRIANÇAS ESTUDANDO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Nesta conjuntura, é criticado hoje o chamado modelo linear de currículo, o currículo formal, que prescreve uma trajetória de aprendizagem a partir de uma ordenação dos conteúdos em uma sequência definida como a melhor. O currículo formal é, pois, uma forma de controle sobre o ensino. A direção escolar espera sempre que os professores não se afastem do programa e que sigam as reco- mendações oficiais sobre as metodologias de ensino. Quando os afastamentos são pequenos, são tolerados; entretanto, os professores causam um desconforto quando ignoram conteúdos considerados essenciais ou introduzem noções estranhas às pro- postas pelo currículo oficial. Para Santos (2012), o currículo formal funciona como um mecanismo unificador na medida em que é interiorizado pelos professores e se torna objeto de controleexerci- do não apenas pela hierarquia escolar, mas pelos colegas professores, pelos próprios alunos e respectivos pais. 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO FIGURA 23 - PROFESSORES, ALUNOS E PAIS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Os mecanismos unificadores variam de um sistema escolar para outro, de escola para escola, mas, de maneira geral, a direção se esforça por torná-los eficientes para que o currículo real, criado no âmbito de atuação de cada professor, não se afaste demasia- damente do campo delimitado pelo currículo formal. FIGURA 24 - CRIANÇA NA SALA DE AULA. Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 46 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Percebe-se, portanto, que a diferença na execução do currículo formal é o professor, pois cada profissional apresenta uma história familiar, uma forma diferenciada, um conjunto de crenças e valores, que fazem dele um ser singular, que interpretará o currículo formal de maneira pessoal. O mesmo currículo formal implementado em duas salas com dois professores diferentes terá uma configuração diferenciada devido à forma como cada professor o conduzirá. 2.1.1 CURRÍCULO DISCIPLINAR E INTEGRADO O modelo de currículo difundido ao longo deste século tem sido o disciplinar. Nele, os conteúdos escolares são considerados, geralmente, como uma transposição de campos ou disciplinas acadêmicas para a escola, sob a forma de áreas de estudo, disciplinas ou matérias escolares. Nessa visão, o conhecimento escolar é uma versão adaptada do conhecimento científico, ou seja, mediante princípios pedagógicos, o co- nhecimento científico é adequado ao nível e interesse dos alunos, transformando-se em conhecimento escolar. FIGURA 25 - CRIANDO E APRENDENDO POR MEIO DO LÚDICO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO Estudos no campo da história social das disciplinas escolares buscam analisar as con- dições de emergência e desenvolvimento das diferentes disciplinas que integram o currículo do ensino básico. Estudando sobre esta área, Santos (2012) afirma que Goodson demonstra que as disciplinas escolares são colocadas no currículo de acordo com interesses práticos. Diante de certas necessidades sociais, diferentes conteúdos passam a integrar os cur- rículos escolares, como, por exemplo, a educação ambiental, devido ao aumento da degradação ao meio ambiente. A organização disciplinar dos saberes escolares tem sido duramente criticada, uma vez que o currículo acaba por constituir um conjunto de conteúdos justapostos, trabalhando-se com o conhecimento de maneira fragmentária e pouco significati- va para as crianças e adolescentes. Esse tipo de currículo coloca a escola de costas para o mundo, uma vez que não se vincula às experiências concretas dos alunos. Neste currículo específico, há pouco espaço para o desenvolvimento, nos estudantes, do espírito de iniciativa, do pensamento crítico e do apreço pelas pesquisas autôno- mas. Nele, os alunos não captam interações que podem ser feitas entre as diferentes disciplinas, terminando por concentrar seus esforços na memorização de um volume grande e desarticulado de informações. FIGURA 26 - PROFESSORA CONTANDO HISTÓRIA PARA ALUNOS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 48 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O currículo integrado busca trabalhar com situações contextualizadas, integrando conhecimentos de diferentes áreas. Pode-se dizer que, desde o começo do século, estão sendo elaboradas propostas curriculares, como o método de projetos e o ensino por solução de problemas, que compartilham dessa perspectiva. Nessas propostas, o ensino parte de uma situação ou problema prático no qual os alunos trabalham, integrando conhecimentos de diferentes áreas, para solucioná-los. Os currículos integrados permitem que os estudantes trabalhem com conteúdos cul- turais relevantes, enfrentando a discussão de questões que não podem ser aborda- das nos limites de uma única disciplina. Nesse tipo de currículo, privilegiam-se um ensino em torno de problemas reais e questões práticas que estimulem o interesse e a curiosidade dos estudantes, e a formulação de respostas criativas e inovadoras. Os problemas abordados em um currículo desse tipo são trabalhados levando-se em consideração fatores de diferentes ordens e preparando melhor os jovens para vence- rem os desafios da sociedade contemporânea. FIGURA 27 - PROFESSORA E ALUNOS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Há uma similaridade entre a forma assumida nesse tipo de desenvolvimento curricu- lar e a maneira como se enfrentam e solucionam problemas reais de ordem pessoal ou profissional. Outra vantagem que os currículos integrados apresentam é que eles favorecem a coletividade nas instituições escolares, levando os professores a trabalha- rem em equipe e de forma cooperativa, baseando-se no prestígio diferenciado das diversas disciplinas e substituindo-as por relações mais horizontais, em que predomi- nam as trocas, o respeito mútuo e o estabelecimento de objetivos comuns. 49 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO FIGURA 28 - PROFESSORA ACOMPANHANDO ALUNA NO QUADRO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Curiosidade: no Brasil, a maioria das escolas trabalha com a perspectiva do currículo disciplinar. As escolas, por sua vez, continuam a trabalhar com o currículo disciplinar, uma vez que o currículo integrado supõe ruptura com as formas tradicionais de ensino, exigindo trabalho coletivo e criatividade. Além disso, os professores, exceto os das séries iniciais, são formados dentro de uma área específica de conhecimento, a qual buscam preser- var na defesa de seu território de trabalho. Contudo, as experiências realizadas e bem- sucedidas com currículos integrados mostram que, para os professores, o ensino passa a ser um campo de realizações, de novas aprendizagens, renovando seu interesse pelo trabalho, deixando de constituir uma sucessão de tarefas repetitivas e cansativas. 50 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO CONCLUSÃO Nesta unidade, você conheceu as tendências e organizações curriculares por meio da apresentação dos conceitos e tipos de currículos diferentes, fundamentada nas dis- cussões teóricas e nos conflitos existentes entre os currículos acadêmico, disciplinar e integrador. Percebe-se como esses conflitos estão também presentes no momento da imple- mentação curricular no âmbito da escola. Discutiu-se a perspectiva de homogenei- zação curricular em função do processo de globalização, mas também se apontou a possibilidade de diferenciação determinada pelas diversidades nacionais. Embora as escolas do mundo estejam cada vez mais semelhantes entre si, a cultura da escola e os diversos fatores internos e externos a ela são que determinam diferen- ças curriculares significativas. Em que pese o fato de os fatores externos impedirem o cumprimento de currículos oficiais que não sejam da competência da escola, os fatores internos podem ser minimizados por meio de negociações coletivas que se expressam na construção de um projeto político pedagógico. É nele que se estabele- ce o currículo oficial e real da escola. Pode-se constatar que o espaço da sala de aula é um local que merece reflexão sobre os processos de mediação existes no cotidianoescolar, como o currículo oculto, que é algo implícito, mas que agrega um valor muito importante na educação dos alunos, de forma positiva ou negativa. Espera-se que este conteúdo tenha provocado reflexões críticas sobre o quanto é rica e profunda a interação em sala de aula e o quanto o professor precisa estar aten- to para que as interações (professor-aluno e alunos-alunos) sejam muito cuidadas. Deseja-se ainda que os efeitos e o processo de aprendizagem construídos sejam be- néficos e caminhem na direção do currículo idealizado pela escola para que seja aquele que auxiliará na formação de alunos cidadãos dignos, sensíveis, humanos, honestos, lúcidos, críticos e dispostos a trabalhar por um mundo mais justo e melhor. 51 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Identificar a cultura e o conhecimento como resultados de uma construção histórica e social.; > Empregar a diversidade cultural na educação.; > Refletir sobre a cultura no currículo escolar. UNIDADE 3 52 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA UNIDADE Olá, aluno, seja bem-vindo! Neste momento, serão apresentados conceitos e reflexões sobre currículo, conheci- mento e cultura, que contribuirão para o ambiente educacional. Essa é uma temática atual que tem gerado discussões, tanto que, na área da educação, as reflexões ainda se encontram em processo. Desse modo, fundamentado em autores de referência, a temática abordada possibilitará a você compreender acerca da relação entre cultura e conhecimento, diversidade cultural e educação e cultura e currículo. INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade, você aprenderá o conceito e as reflexões sobre cultura, conhecimento e currículo escolar na sociedade. O debate dentro da sociedade brasileira sobre as questões relacionadas com a dimensão cultural tem se constituído de modo pro- gressivo e ainda não alcançou uma elaboração coletiva expressiva. Muitas pessoas declaram e defendem a importância da formação cultural, da rique- za das tradições culturais do Brasil e da necessidade de se recuperar e valorizá-las. No entanto, quando as questões se deslocam para temas como preconceito e/ou racismo ou relações entre diferentes grupos étnicos que compõem a sociedade, e se discutem as desigualdades dessas relações, que não provêm apenas das diferenças econômicas e sociais, aquelas simples afirmações de respeito e valorização deixam de ser suficientes. Dessa forma, nos deparamos com problemas que têm sido cons- tantes desafios para profissionais da educação, pesquisadores e políticos. As relações entre cultura e educação são próximas, pois toda proposta curricular e projeto político-pedagógico estão fundamentados em alguma tradição cultural. Estes também trazem em si, mesmo que de forma implícita, uma interação ou pers- pectiva das diversas tradições culturais com as quais se encontram em relação. A expectativa é que esta unidade forneça conhecimentos e reflexões para analisar a relação entre cultura, conhecimento e currículo, seus conceitos, contribuições na es- cola e diversidade cultural, esta, uma das mais fortes características do Brasil. Esta unidade está organizada em três tópicos: cultura e conhecimento; diversidade cultural e educação; e currículo e educação. 53 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO 3 CULTURA E CONHECIMENTO O conceito de cultura, de acordo com Godoy e Santos (2014), surgiu no séc. XVIII, na França, e foi repassado posteriormente à Alemanha e à Inglaterra. Naquele momento, cultura significava um ideal universal, sendo associada à ideia de progresso, educação e razão. Em seguida, o termo cultura se relaciona com o termo civilização, opondo-se ou ligando-se a ele. Inicialmente, civilização designava “um processo progressivo de desenvolvimento humano, um movimento em direção ao refinamento e à ordem, por oposição à barbárie e à selvageria.” (GODOY; SANTOS, 2014, p. 18). A evolução semântica dos termos mostra que, no séc. XIX, cultura vai designar as características nacionais, enquanto civilização terá um caráter universalista. FIGURA 29 - PARIS, FRANÇA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 54 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Os autores explicitam os vários conceitos de cultura conforme as concepções antro- pológicas em que se inserem os seus tipos: a descritiva, a simbólica e a estrutural da cultura. As três concepções constituem um conjunto que deve pensar a cultura em termos particulares e independentes para cada sociedade. As formas simbólicas pe- las quais a cultura se manifesta, especialmente em suas manifestações mais comple- xas, como a arte, “[...] pressupõem uma variedade de instituições específicas dentro e por meio das quais essas formas são produzidas, transmitidas e recebidas.” (GODOY; SANTOS, 2014, p. 26). FIGURA 30 - INSTRUMENTO DE UMA CULTURA TRADICIONAL Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Em seguida, os autores acrescentam: “O que elas [as concepções] são, o modo como são formadas, circulam e são recebidas no meio social, bem como o sentido e o va- lor que têm para os que as recebem, depende dos contextos e das instituições que as geram, medeiam e mantêm.” (GODOY; SANTOS, 2014, p. 27). A cultura, portanto, depende de um conjunto de instituições distintas, como escolar, familiar, jurídica, política, sindical, da informação (imprensa, rádio, televisão) e cultural (letras, belas- -artes, esportiva). 55 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS SUMÁRIO Etimologicamente, a palavra cultura, de origem latina culturare, nos termos colere, possui o significado de cultivar as plantas. Nesse contexto, a palavra é interpretada na sociedade como “cultivar a mente e os conhecimentos”. Nos últimos tempos, percebe-se o uso de palavras e expressões sobre a cultura na sociedade. Como exemplo, é necessário “valorizar a cultura”, “respeitar a cultura dos outros”. É expresso também o direito de todos a ter “acesso à cultura” e a necessidade de “promover a cultura”. Observa-se também vários títulos de órgãos públicos, ou de ações sociais e políticas públicas, que se referem à cultura. Estados e municípios possuem secretarias de cul- tura, implementam diversas políticas culturais e promovem programações culturais. FIGURA 31 - DIFERENTES ETNIAS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Todos esses modos de referir-se à cultura teriam um mesmo sentido? Quando se diz que é necessário ter acesso à cultura, significa que alguém está privado desse acesso, ou seja, existem pessoas que têm, e outras que não têm cultura. Já quando se fala sobre políticas que incentivam a divulgação das tradições culturais, a cultura aparece no plural: existem muitas culturas a serem divulgadas e valorizadas. E se exis- tem muitas culturas a serem divulgadas, que tipo de relação elas mantêm entre si? E os indivíduos, como se situam em relação à cultura? 56 CURRÍCULO: POLÍTICAS E PRÁTICAS FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O conhecimento da Antropologia contribui para tentar responder a essas indagações e correlacioná-las com a educação. Lembrando que a Antropologia é uma ciência que estuda o homem na sociedade observando os aspectos culturais, sociais e físicos. FIGURA 32 - LIVROS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Antropologia e educação
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