Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADE UNINASSAU CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL ANTONIO FELIPE DA SILVA PENHA ANÁLISE DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA SEGURANÇA DO TRABALHO EM UMA EDIFICAÇÃO NA CIDADE DE CAMOCIM-CE: ESTUDO DE CASO. PARNAÍBA 2021 ANTONIO FELIPE DA SILVA PENHA ANALISE DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA SEGURANÇA DO TRABALHO EM UMA EDIFICAÇÃO NA CIDADE DE CAMOCIM-CE: ESTUDO DE CASO. Trabalho de conclusão de curso apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia Civil da Faculdade UNINASSAU como pré-requisito para obtenção de nota da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, sob orientação da Professora Especialista Regina Coeli Barquete Santos Gama. PARNAIBA 2021 Dedico o presente trabalho aos meus pais pelo apoio incondicional em toda a minha jornada no curso, pois sem eles não seria possível minha trajetória no ensino superior. AGRADECIMENTOS A realização desse trabalho de conclusão de curso contou com a ajuda de várias pessoas, uma vez que as mesmas participaram de forma direta ou indiretamente no auxílio da confecção do próprio, dentre as quais agradeço: Primeiramente a Deus, pela a oportunidade, inteligência e saúde que tem me proporcionado. Aos meus familiares, que sempre depositaram sua confiança em minha pessoa. Aos meus professores, que contribuíram com seus ensinamentos no decorrer do curso. A minha professora orientadora, que durante esse período me deu todo o auxílio esclarecendo minhas dúvidas e contribuindo ainda mais com a aprendizagem. A todos que se disponibilizaram para participar na pesquisa para obtenção de dados. . “O sucesso é professor perverso. Ele seduz as pessoas inteligentes e as faz pensar que jamais vão cair.” Bill Gates RESUMO Sabe-se que a construção civil é um dos ramos em que se encontra um alto índice de acidentes, devido a exposição dos funcionários a diversos fatores de risco. A segurança do trabalho visa a prevenção de acidentes a partir de um conjunto de atividades de antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ocupacionais, desse modo, percebe-se a importância da implantação de medidas preventivas. O presente trabalho tem por objetivo verificar o conhecimento dos trabalhadores que atuam em canteiro de obras, bem como os riscos e perigos que estão expostos a determinada atividade exercida. É de suma importância que os trabalhadores possuam EPIs e que tenham conhecimento de como utilizar tais equipamentos para sua segurança e para a prevenção de acidentes no campo de trabalho. Este trabalho também busca verificar se há algum tipo de treinamento de segurança do trabalho para novos trabalhadores que ingressam em uma empresa de construção civil, antes dos mesmos começarem a trabalhar em suas funções. Esse treinamento comumente chamado de “integração de segurança do trabalho”, consiste de um período em que cada novo trabalhador recebe informações sobre normas de segurança da empresa e os riscos inerentes a sua função. Dessa forma o mesmo já começa a trabalhar ciente dos riscos de sua atividade e das ferramentas preventivas que pode e deve aplicar. Para a realização dessa pesquisa, foi feito um levantamento de dados, através de visitas em alguns canteiros de obras da cidade de Camocim – Ceará, para que houvesse a aplicação de questionários com os trabalhadores presentes. Logo, com tais dados, pode-se chegar a uma conclusão de que há um déficit em instrução de segurança do trabalho para os trabalhadores, pelo fato de não terem participado de treinamentos admissionais com foco à prevenção de acidentes, além de visualizar o descaso sobre o uso de EPIs para a segurança dos mesmos. Palavras Chave: Saúde, Responsabilidade, Prevenção, Planejamento, Segurança. ABSTRACT It is known that civil construction is one of the branches in which a high rate of accidents is found, due to the exposure of employees to various risk factors. Occupational safety aims at the prevention of accidents through a set of activities for the anticipation, recognition, evaluation, and control of occupational risks, thus realizing the importance of the implementation of preventive measures. This paper aims to verify the knowledge of workers who work on construction sites, as well as the risks and dangers that they are exposed to certain activity performed. It is of utmost importance that workers have PPE and that they have knowledge of how to use such equipment for their safety and for the prevention of accidents in the work field. This study also seeks to verify if there is any kind of work safety training for new workers who join a construction company, before they start working in their functions. This training, commonly called "work safety integration", consists of a period in which each new worker receives information about the company's safety norms and the risks inherent to his job. In this way the same already starts working aware of the risks of their activity and the preventive tools that can and should apply. For this research, a survey of data was made through visits to some construction sites in the city of Camocim - Ceará, so that there was the application of questionnaires with the workers present. Thus, with such data, one can reach a conclusion that there is a deficit in occupational safety instruction for workers, due to the fact that they have not participated in admissions training focused on accident prevention, besides visualizing the neglect of the use of PPE for their safety. Key words: Health, Responsibility, Prevention, Planning, Safety. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Andaime sem sistema de travamento e ausência de plataforma de trabalho................................................................................................ 43 Figura 2 - Trabalhadores sem uso de EPI..................................................... 44 Figura 3 - Vergalhões espalhados pela a obra............................................. 46 Figura 4 - Outros materiais espalhados pela a obra.................................... Figura 5 - Trabalhadores expostos ao risco................................................ 47 48 Figura 6 - Ausência de EPCs..................................................................... Figura 7 - Pesquisa do questionário............................................................ Figura 8 – Tipo de sinalização..................................................................... Figura 9 – Modelo de prevenção contra vergalhões................................... Figura 10 – Andaime com travamento........................................................ 48 50 51 51 52 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Acidentes de trabalho ......... 33 LISTA DE QUADROS Quadro 1-Normas Regulamentadoras......... 36 LISTA DE SIGLAS/ABREVIATURAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ABPA - Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes ABEPRO – Associação Brasileira de Engenharia de produção CAT – Comunicação de Acidente do Trabalho CEI – Cadastro Especifico do INSS CGC – Cadastro Geral do Contribuintes CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT – Consolidação das Leis do Trabalho CPF – Cadastro de Pessoa Física DNSHT – Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho EPI – Equipamento de Proteção Individual EPC – Equipamento de Proteção Coletivo NR – Norma Regulamentadora SST – Saúde eSegurança do Trabalho SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO 24 2. OBJETIVOS 26 2.1. OBJETIVO GERAL 26 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 26 3. REFERENCIAL TEÓRICO 27 3.1. HISTÓRIA DA SEGURANÇA DO TRABALHO 27 3.2. SAUDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NO BRASIL 31 3.3. ACIDENTEDES NA CONSTRUÇÃO CIVIL 33 3.4. COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO – CAT 3.5. NORMAS REGULAMENTADORAS DE SEGURANÇA 34 35 4. METODOLOGIA 41 5. RESULTADOS E DISCURSSÕES 5.1 RECOMENDAÇÕES TECNICAS 42 50 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXO 57 58 60 1.INTRODUÇÃO A engenharia civil está ligada diretamente a um dos setores mais importantes da economia mundial, pois a mesma contribui com avanços na sociedade, possibilitando um maior alvo na infraestrutura das cidades. A área de atuação já traz consigo credito na geração de rendas ou empregos para as mais diversas áreas, atingindo várias classes social, desde a mais baixa a mais alta. O trabalho sempre se mostrou necessário para a sobrevivência, sendo também uma atividade estruturante na vida humana, ao passo que, por vezes, tal labor pode oferecer riscos para a vida do indivíduo. Diante desse fato, faz-se necessário preservar a saúde do trabalhador de forma que sua segurança esteja integrada a sua atividade, evitando a exposição de trabalhadores ao risco ocupacional. A segurança do trabalho visa a prevenção de acidentes ou doenças que possam se desenvolver pelo exercício diário de sua ocupação e busca promover a qualidade de vida no ambiente laboral dos trabalhadores, através de um conjunto de atividades de antecipação, reconhecimento, avaliação e controle de tais riscos ocupacionais. Para um melhor entendimento desse trabalho, é levada em consideração a análise dos elementos pertinentes que se dão pelos os principais riscos oferecidos ao trabalhador, de forma que seja feita uma observação em diferentes níveis do setor do ambiente no qual se trabalha. Tem-se, nesse sentido, o foco em um levantamento comparativo qualitativo e quantitativo de tais riscos e causas, almejando evitar possíveis acidentes futuros. A análise em questão tende a atribuir elementos da construção civil, qualificando as ações através das normas vigentes, estruturando como base para o estudo algumas obras da cidade de Camocim – Ceará para apresentação de dados para a construção civil, em que são encontradas as mais diversas variações de riscos encontradas nesse campo. A NR-18 sugere recomendações com fins de segurança a serem seguidas de forma que sejam realizadas as antecipações dos riscos, para implementação de medidas adequadas para cada variação de situações geradas com o trabalho realizado. Busca-se sempre o melhor conhecimento para as realizações das 13 atividades de forma segura para todos os profissionais envolvidos. Sabe-se que a segurança do trabalho é entendida como prevenção de acidentes, visando a preservação da integridade física do trabalhador, pois estudos mostram que os acidentes influenciam negativamente na produtividade, contratação de novos funcionários, dias perdidos, até mesmo gastos com indenizações às vítimas ou aos familiares, entre outros. (MOTERLE, 2014). Para um embasamento com maior responsabilidade a saúde e segurança do trabalhador da área da construção civil, procura-se como embasamento em normas regulamentadoras, sendo a NR-18 a mais importante para as atividades realizadas no canteiro de obra. A referida norma tem por finalidade definir padrões e estabelecer diretrizes como forma de objetivar programas de medidas de controle e sistemas que se mostram eficazes para o processo de prevenção de acidentes. No presente trabalho são identificados os riscos ocupacionais (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes) no conjunto de circunstâncias no decorrer da construção civil das obras de Camocim, cidade localizada no Estado do Ceará. 14 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Analisar a segurança e a saúde dos trabalhadores em um canteiro de obra na cidade de Camocim, tendo por base as legislações aplicáveis vigentes. 2.2. Objetivos Específicos • Identificar as principais inconsistências da edificação em Camocim, aplicando a NR 18; • Avaliar os riscos com seu respectivo grau de gravidade e probabilidade de ocorrência; • Verificar se os EPIs ou EPCs estão sendo utilizados de forma correta; • Propor recomendações para as inconsistências presentes nas obras. 15 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1. HISTÓRIA DA SEGURANÇA DO TRABALHO A segurança do trabalho pode ser entendida como o conjunto de maneiras adotadas a fins de evitar ou minimizar os acidentes de trabalho, doenças adquiridas do próprio serviço do trabalhador, causando danos à saúde do próprio de forma reversíveis ou, na pior das hipóteses, vir a ser de causas irreversíveis comprometendo a saúde do mesmo ou reduzindo sua capacidade pro resto de sua vida. Tal preocupação busca sempre manter a boa integridade física e mental do trabalhador, para que o mesmo ofereça sempre um melhor desenvolvimento no seu serviço de maneira que a qualidade seja mantida na sua devida função exercida. “A história sempre foi uma ferramenta cientifica que auxilia o entendimento de uma situação no presente. Para a higiene e segurança do trabalho não é diferente. Ela pode ser entendida como uma disciplina da área tecnológica, voltada para o estudo e a aplicação de métodos para a prevenção de acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e pela avaliação dos fatores de riscos e cargas de trabalho com origem no processo de trabalho e na forma de organização adotados, e da implantação de medidas para eliminação ou minimização desses fatores de riscos e cargas.” (MATTOS; MÁSCULO; P.06; 2011) Segundo Mattos e Másculo (2011) cabe à higiene e segurança do trabalho, juntamente a outros conhecimentos afins (ergonomia, saúde ocupacional e saúde do trabalhador), identificar os fatores de riscos que levam à ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais, avaliar seus efeitos na saúde do trabalhador e propor medias de intervenção técnica a serem implementadas nos ambientes de trabalho. Interpreta-se que a saúde do trabalho ou saúde ocupacional se refere a prevenção e promoção da saúde e integridade do trabalhador, enquanto o mesmo executa o seu serviço de maneira segura, logo que se faz necessário fatores que desvendem de forma precoce a identificação dos riscos ocupacionais. Ainda pode-se citar a realização de ações de prevenção, rastreamento e diagnósticos de agravamentos de relacionados a saúde e identificação de doenças profissionais ou danos de cunho irreversíveis a saúde do indivíduo. (LEITÃO; FERNANDES; RAMOS; 2008) Leitão, Fernandes e Ramos (2008) relatam que a saúde ocupacional se trata 16 de preceitos que promovem e previnem a saúde do trabalhador através de diagnósticos precoces por meio de estudos enquanto o indivíduo executa seu trabalho. Tais diagnósticos podem identificar doenças, acidentes ou agravamentos que comprometam ou não a saúde do trabalhador, podendo evitar ou diminuir a ocorrência desses acontecimentos no campo de trabalho. A saúde ocupacional vem se preocupando cada vez mais com a forma de análise de casos em relação ao trabalho. Tal preocupação necessita de estudos mais rigorosos de forma científica e inovadora na busca de aperfeiçoar pesquisas com relações trabalhistas a aproximar o trabalho com trabalhador de forma segura e responsável para ambas as partes. Entende-se, nesse ínterim, que os riscos ocupacionais advêm da realização de atividades em que os profissionais estarão expostos a atividades perigosas e insalubres, relacionando-se com um meio direto com as condiçõesdo trabalho realizado, de tal forma a utilizar-se métodos que aproximem agentes de risco, a saber: químicos, físicos, biológicos ou mecânicos. Isso é motivado por executarem atividades que surgem de sua própria função exercida, estando-se sujeitos a possíveis efeitos adversos a saúde do trabalhador em questão. A saúde e segurança do trabalho nem sempre tiveram a importância que deveria ter como hodiernamente. A questão das pesquisas no passado se mostra como uma boa ferramenta para auxiliar a compreender sobre esse assunto de relevância para a saúde dos trabalhadores. A referida pode ser considerada uma disciplina na área tecnológica para análises voltadas a aplicações de métodos que antecipem o risco e permita a prevenção de acidentes ou agravantes contra a saúde ocupacional. Em tempos remotos haviam textos e indícios de que havia uma associação entre o trabalho e o processo que se indaga saúde correlacionada com a doença pelos povos papiros egípcios, no império babilônio e da civilização greco-romana. Entretanto, vale ressaltar que tais textos defendiam inicialmente paradigmas com explicações de teor mágico com explicações sobrenaturais afins religiosos, para posteriormente vir o desvio dessa crença e adotar conhecimentos advindos do naturalismo. Segundo Mattos e Másculo (2011) há registros do antigo Egito que datam em 2360 a.C., como o Papiro Seler II (relaciona o ambiente de trabalho e os riscos a ele inerentes) já o papiro Anastasi V, mais conhecido como o “Sátira dos ofícios”, de 17 1800 a.C. (descreve os problemas de insalubridade, periculosidade e penosidade das profissões). No auge do império babilônico houve a criação de um código chamado de Hamurabi por volta de 1750 a.C. Do mesmo foram traduzidos 281 artigos que embasavam relações de trabalho, família, propriedade e escravidão. Nesse artigo que falava sobre as responsabilidades profissionais, o imperador Hamurabi sentenciaria com pena de morte o arquiteto que construir uma casa que vir-se a entrar em colapso e desmoronar-se e causasse a morte de seus residentes. As sociedades gregas e romanas por possuir posse de escravos que, por sua vez, dependiam de que tais indivíduos realizassem suas atividades, não valorizavam o estudo da saúde e segurança dos trabalhadores, pois os serviços prestados por escravos, gerava-se diversos riscos de acidentes e doenças ocupacionais aos mesmo. (Rodrigues;1982) Mattos e Másculo (2011) relatam estudos que obtiveram com as seguintes notícias: • Século IV a.C. – Hipócrates (Grécia, 460-375 a.C.) – ocorreram mudanças no paradigma espiritualista para o naturalista. O mecanismo do processo saúde-a “intoxicação saturnina” em um mineiro, porém omitiu o ambiente de trabalho e a ocupação. O tratado de Hipócrates (Ares, Águas e Lugares) informava ao médico a relação entre ambiente e saúde (clima, topografia, qualidade da água, organização política). • Século I a.C. – Lucrécio também indagava acerca dos trabalhadores das minas. Plínio, o Velho (23-79 a.C.), escrevem o tratado de história Naturalis, relatando o aspecto de trabalhadores expostos a chumbo, mercúrio e poeiras. Fez também a descrição dos primeiros equipamentos de proteção individual utilizados como máscaras (panos e bexigas de carneiros) para evitar a inalação de poeiras e fumos. “(MATTOS; MÁSCULO; P.07; 2011) Com tamanha importância na sociedade, vale salientar que a saúde e segurança do trabalho são muito recentes na questão de análises da sociedade. Muitos povos da antiguidade não davam a tamanha importância para seu estudo. Até a idade média pouco foi estudado, não sendo suficiente para a construção de um conhecimento que gerasse um corpo de conhecimento da área que caracterizasse a saúde e segurança do trabalho com uma disciplina. (MATTOS; MÁSCULO, 2011). Mattos, Másculo (2011) relatam que a falta de conhecimento e concretização do assunto em tese não tinha forças para sustentar uma teoria de forma sucinta e clara. Logo, com a chegada da revolução industrial (final do século XVIII), a saúde e segurança do trabalho veio ganhar um pouco mais de importância no novo tempo 18 moderno. No entanto, com o tempo, esta veio sofrendo constantes evoluções, para a partir do século XIX surgirem as primeiras teorias para que se chegasse em alguma explicação sobre os fenômenos que aconteciam com os acidentes de trabalho e, consequentemente, formar um conhecimento mais amplo para que houvesse embasamento que correlacionasse saúde-trabalho. O século XVIII foi um marco histórico para o mundo em relação ao avanço industrial, pois, marcada com a era moderna, contou-se com o desenvolvimento de muitas indústrias e fábricas, gerando inúmeros empregos com diferentes funções. Logo, observou-se o aumento de casos de doenças ocupacionais com a entrada de tais industrias na sociedade. Com a chegada da Revolução Industrial, na Inglaterra, ocorreram diversas transformações para a sociedade, principalmente para a classe trabalhadora, diversas transformações repercutiram de forma negativa no que diz respeito ao bem- estar físico e psicológico do trabalhador, pois há diversos relatos que o mesmo era obrigado a executar longas jornadas de trabalhos em ambientes sem segurança, tendo que manusear máquinas tecnologicamente avançadas, com as quais não estavam habituados, consequentemente gerando graves acidentes de trabalho como: mutilação, intoxicação, desgaste físico (PEREIRA, 2001). Diante desse fato, ALBERTON (1996) comenta: “O início da revolução industrial em 1780, a invenção da máquina a vapor por James Watts em 1776 e do regulador automático de velocidade em 1785, marcaram profundas alterações tecnológicas em todo o mundo. Permitindo a organização das primeiras fábricas modernas e industrias, o que acidentes de trabalho e as doenças profissionais, que se alastravam e tomavam proporções alarmantes” Com esse grande avanço advindo da Revolução Industrial, houve um crescimento na quantidade de funcionários industriais, somado ao descaso com a saúde e bem-estar dos mesmos, a quantidade de acidentes cresceu exponencialmente, sendo então necessário um plano de padronização nos locais de trabalho para redução no número de acidentes. Em virtudes dos acontecimentos no mundo do trabalho, se fizeram necessários novos levantamentos de estudos, trazendo importantes contribuições para o campo de conhecimento que começava a se formar. Um médico italiano, chamado Bernardino Ramazzini publicou em 1700 a obra 19 de Morbis Artificum Diatriba (Doença dos artífices). Ramazzini tinha muito influencia na medicina e era considerado o pai da medicina do trabalho, tendo descritas as doenças relacionadas a 50 profissionais da época. O profissional investigou os riscos relacionados com cada profissão e estabeleceu a tese que até hoje é muito utilizada: “prevenir é melhor do que remediar”. Descreveu as doenças e precauções das profissões e introduziu na anamnese médica a pergunta: “Qual a sua ocupação?”. (MATTOS; MÁSCULO; 2011). 3.2. SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NO BRASIL No Brasil há uma preocupação com parte nesse quesito da questão da saúde e segurança do trabalhador, o qual é composto por legislações que impõem normas regulamentadoras com auxílio de leis complementares, portarias, decretos e convenções internacionais da organização internacional do trabalho validadas pelo Brasil. Segundo a ABEPRO, em 1919, no Brasil, foi elaborada a primeira lei contra acidentes, que era composta por regulamentos prevencionistas ao setor ferroviário, já que nessa época, empreendimentos industriais de vulto eram praticamente inexistentes. O ano de 1934 constitui-se em um marco que registraria na história dos brasileiros, pois surge a lei trabalhista que instituiu uma regulamentação bastante ampla no que se refere à prevenção de acidentes. Na iniciativa privada, em 1941, é fundadaa ABPA (Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes) por um grupo de pioneiros, com ajuda por meios de patrocínios de algumas empresas. Em 8 de junho de 1978, é criada a portaria nº 3.214, que aprova as Normas Regulamentadoras – NRs, direcionadas ao uso com base para saúde e segurança do trabalho de maneira que obriga as empresas a cumprirem tais normas. A criação dessas normas tem como objetivo principal preservar a vida e saúde do trabalhador, de forma que o mesmo desempenhe suas atividades de forma segura, evitando acidentes e antecipando os riscos ali presentes. Bianchi e Massambani (2010) relatam que no Brasil, aos poucos foram surgindo ações para que pudesse ser implantados serviços de medicina ocupacional, com a fiscalização das condições de trabalhos vista nas fabricas, por meio do Decreto Legislativo nº 24 de 29/05/1956, promulgado pelo decreto nº 32, de 20 29/11/1968, do Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho (DNSHT), que dispôs sobre a organização de CIPAs, regulamentando os artigos 158 e 164 da CLT, com redação dada pelo Decreto – Lei nº 229, de 28/02/1967. Bianchi e Massambani (2010), ainda relatam que, posteriormente, houve a publicação da portaria nº 3.237, de 17/02/1972, que fazia parte de um Plano de Valorização que o Governo Federal oferecia em prol dos trabalhadores, de modo que impactasse de maneira positiva na vida destes profissionais, tornando obrigatória a existência de serviços de medicina do trabalho e engenharia de segurança do trabalho em todas as empresas com um ou mais trabalhadores. A primeira conferência Nacional de Saúde dos Trabalhadores no Brasil com o real foco na saúde do trabalhador surgiu em 1986 em Brasília. Pode-se dizer que o conceito há algum tempo já vinha ganhando espaço e amadurecendo ideias em anos anteriores nos ambientes acadêmicos e sindicais de diversas instituições brasileiras, em um contexto histórico de transição de regime político, saindo de uma situação de repressão social (ditadura militar) para a construção da sociedade civil, em busca da participação e reivindicação social, se caracterizando-se segundo a lógica da cidadania e pela a formação de novas leis trabalhistas e mudanças nos sistemas institucionais (SIMONI, 1989). Nesse sentido, há uma preocupação maior em relação a criação de novas leis que aumentem a qualidade de trabalho aos trabalhadores, criando uma nova visão sobre o tema discutido, ampliando e aprofundando parâmetros para levantamento de novas análises e estudos. Segundo Waissmann, s.d, a questão saúde do trabalhador pode ser entendida como um modelo participativo, em detrimento do tecnicista comum nas abordagens anteriores, no qual: • O trabalhador é sujeito das ações, participando das avaliações e das mudanças nos processos e organização de trabalho; • Os espaços produtivos são sistemas dinâmicos formados por redes de processos e os riscos variam com os homens, tempos, espaços; processos são cargas de trabalho; • A epidemiologia volta-se para questões sanitárias que afetam a massa de trabalhadores reduzindo a prática das análises individuais; • Introduz-se o conceito de desgastes, representando transformações indesejáveis relacionadas com o trabalho, investigados no estado biopsicossocial dos trabalhadores. Os agravos são determinados, principalmente, por macro condicionantes sociais externos ao trabalho que conformam as características de funcionamento produtivo, a organização do trabalho, os espaços e os processos laborais. E estes determinam os 21 perigos (riscos/cargas) e agravos (doenças/desgastes) sobre os grupos homogêneos dos trabalhadores.” (Waissmann, s.d). Segundo Mattos e Másculo (2011) nas décadas de 1980 a 2010, houve um grande aumento na ocorrência de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais em diversos países, inclusive no Brasil, no qual ocorre nesse século um acidente de trabalho fatal a cada duas horas e meia. Mattos e Másculo (2011) ainda relatam que o Brasil tem sido um dos países que mais sofreu com esse importante problema. As mais diversas condições de trabalho nas últimas décadas citadas têm se constituído em um dos grandes problemas brasileiros, com relevante repercussão no exterior, devido ao elevado índice de ocorrência de acidente de trabalho. A tabela 1 apresenta os acidentes registrados, total de óbitos, taxa de letalidade no Brasil no período que se estende de (1990-2007). 3.3. ACIDENTES NA CONSTRUÇÃO CIVIL Na grande maioria das cidades é possível observar diversas obras em andamento. O crescimento da quantidade de tais obras advém do desenvolvimento urbano ou que se faça necessária a presença da mesma para que haja uma melhora da qualidade de vida para a sociedade. Todavia, essa quantidade de obras não tem sido acompanhada, na mesma velocidade, por medidas de fiscalização e segurança na construção civil, ocasionando, como consequência, o aumento no número de acidentes de trabalho, nos riscos à saúde do trabalhador e no comprometimento de sua integridade física. 22 De acordo com Medeiros e Rodrigues (2009), o setor de construção civil envolve tradicionais estruturas culturais, sociais e políticas, causando um elevado índice de acidentes de trabalho. Os autores dissertam que os acidentes de trabalho no setor têm sido frequentes e, muitas vezes, estão associados a patrões negligentes, que oferecem condições de trabalho inseguras, e também aos empregados que comentem atos insensatos. Colombo (2009) afirma que muitos acidentes de trabalho e riscos na construção civil surgem como resultado da falta de conhecimento por parte do trabalhador, pressa para entregar o produto final no prazo determinado pelo cliente, pela ausência de um devido planejamento e improvisos. Estes são fatores que fazem com que o canteiro de obras se transforme em um ambiente agressivo e vulnerável à ocorrência de acidentes do trabalho. Para Brusius (2010), existem fatores de risco associados ao setor da construção civil que devem ser salientados, principalmente por ser um segmento que se destaca por empregar intensiva mão de obra, muita das vezes, desqualificada. Relacionado a isso, os serviços de construção tendem a ser concentrados a ocorrer sob pressão, o que leva a um maior risco de acidentes. Há diversos fatores que podem contribuir para a ocorrência de acidentes na construção civil, sendo possível destacar a pouca ou nenhuma qualificação da mão de obra dos trabalhadores, que resulta em alta rotatividade de pessoas, pois leva-se em consideração a execução das atividades em condições climáticas desfavoráveis, o tempo, relativamente curto para a execução da obra, e o contato pessoal com equipamentos de construção, aumentando a exposição ao risco e exigindo a concentração e atenção do trabalhador. Cada canteiro de obra tem suas características e particularidades, o que ocasiona para o trabalhador, mudanças constantes no ambiente de trabalho. Vale salientar que há também uma grande confusão acerca da diferenciação entre provisório e improvisado. Tais questões relacionadas à alta rotatividade de profissionais e ao desconhecimento de normas de segurança do trabalho, elevam chances de acidentes. 3.4. COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO – CAT A CAT é um instrumento de registro de casos de acidentes do trabalho, 23 porém de registro limitado, pois compreende apenas os trabalhadores em regime celetistas (CLT), sendo excluídos os empregados domésticos, servidores públicos, militares, autônomos, grande parte dos trabalhadores rurais e todos aqueles do mercado informal de trabalho. A comunicação de acidente de trabalho foi prevista a princípio na lei nº 5.316/67. A lei nº 8.213/91 define no seu artigo 22 que todo acidente do trabalho deverá ser comunicado pelo empregador ao INSS, em até 24 horas após o acidente sob pena de multa em caso de omissão(BRASIL, 1991b). 3.5. NORMAS REGULAMENTADORAS DE SEGURANÇA As normas regulamentadoras (NRs) são determinações promulgadas pelo MTE, que tem por finalidade regulamentar e definir os padrões de cumprimento obrigatório referente aos preceitos de segurança e medicina do trabalho, enunciados pelo capitulo V da consolidação das leis do trabalho (CLT), com base na lei 6.514/1977 e aprovada pela portaria nº 3.214/1978 (BRASIL,2012). Ao analisar a evolução das normas de segurança e saúde do trabalho (SST), é possível constatar algumas tendências globais e nacionais (OLIVEIRA, 1996). Dentre elas, ressaltam-se o progresso da dignificação do trabalho, que promove a produção dos indivíduos, o fortalecimento do conceito ampliado de saúde, não se tratando só de doenças, mas também do completo bem-estar do trabalhador, a adaptação do trabalho às necessidades do trabalhador, seja no que diz respeito às maquinas e equipamentos ou aos processos de produção, o direito a informação e participação dos trabalhadores em relação aos perigos efetivos nas atividades, a atualização das normas de proteção, a neutralização dos fatores de riscos, em espacial os que envolvem múltiplos indivíduos e o compromisso do empregador pela adoção das normas de SST. Com o passar dos anos, foram acontecendo modificações e/ou complementações nas NRs, no sentindo de proporcionar prevenção e, consequentemente, proteção ao trabalhador. Abaixo pode-se analisar as NRs atuais. 24 Normas regulamentadoras Descrição NR-1 DISPOSIÇÕES GERAIS NR-2 INSPEÇÃO PRÉVIA NR-3 EMBARGO OU INTERDIÇÃO NR-4 SERRVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO NR-5 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES NR-6 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI NR-7 PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL NR-8 EDIFICAÇÕES NR-9 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS NR-10 SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇÕES EM ELETRICIDADE NR-11 TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE MATERIAIS NR-12 SEGURANÇA NO TRABALHO EM MAQUINAS E EQUIPAMENTOS NR-13 CALDEIRAS, VASOS DE PRESSÃO E TUBULÇÕES E TANQUES METALICOS AMAZENAMENTO NR-14 FORNOS NR-15 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES NR-16 ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS NR-17 ERGONOMIA NR-18 CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO NR-19 EXPLOSIVOS NR-20 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO COM INFLAMÁVEIS E COMBUSTIVEIS NR-21 TRABALHOS A CÉU ABERTO NR-22 SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NA MINERAÇÃO NR-23 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS 25 NR-24 CONDIÇÕES SANITARIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS DE TRABALHO NR-25 RESÍDUOS INDUSTRIAIS NR-26 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA NR-27 REGISTRO PROFISSIONAL DO TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO NR-28 FISCALIZAÇÃOE PENALIDADES NR-29 NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO PORTUÁRIO NR-30 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO NR-31 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA NR-32 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE NR-33 SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS NR-34 CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO REPARAÇÃO E DESMONTE NAVAL NR-35 TRABALHO EM ALTURA NR-36 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM EMPRESAS DE ABATE E PROCESSAMENTO DE CARNES E DERIVADOS NR-37 SEGURANÇA E SAÚDE EM PLATAFORMAS DE PRETRÓLEO Quadro 1: Normas Regulamentadoras Fonte: Autoria própria (2021) 26 Sabe-se que as NR’s são destinadas a prevenir acidentes e que todas possuem um certo grau de importância. Porém, entre as NRs acima, há cinco delas que elevam sua importância com a construção civil, sendo elas: NR-5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Segundo o Ministério do trabalho (2018) a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA - tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador, com seus respectivos objetivos: • Identificar os riscos do processo de trabalho; • Elaborar o mapa de risco; • Fiscalizar condições de trabalho; • Elaborar campanhas de conscientização sobre a saúde no trabalho; • Avaliar se as metas e atividades definidas em reuniões da CIPA estão sendo atingidas/executadas; • Divulgar informações sobre a segurança e saúde no trabalho; • Divulgar e promover o cumprimento das normas regulamentadoras. Os membros participantes da CIPA são eleitos anualmente. Além disso, o empregado eleito para a comissão não pode ser demitido sem justa causa em até em um ano após seu final de seu mandato. A NR-8 Edificações trata dos requisitos técnicos que devem ser seguidos nas edificações para que a segurança e conforto sejam garantidos aos trabalhadores. Alguns parâmetros asseguram proteção contra intempéries e também outras condições que devem ser atendidas durante a execução do projeto, onde os requisitos são: • A altura do piso ao teto e pé direito da obra devem estar de acordo com as posturas municipais; • Os pisos dos locais de trabalho não devem apresentar saliências nem depressões que prejudiquem a circulação de pessoas ou a movimentação de materiais; • As aberturas nos pisos e nas paredes devem ser protegidas de forma que impeçam a queda de pessoas ou objetos; 27 • As rampas e as escadas fixas devem ser construídas de acordo com as normas técnicas oficiais; • As partes externas devem, obrigatoriamente, observar as normas técnicas oficiais relativas à resistência ao fogo, isolamento térmico, isolamento e condicionamento acústico, resistência estrutural e impermeabilidade; • As coberturas dos locais de trabalho devem assegurar proteção contra as chuvas; • As edificações dos locais de trabalho devem ser projetadas e construídas de modo a evitar insolação excessiva ou falta de insolação. A NR-12 – Segurança no Trabalho em Maquinas e Equipamentos prevê a garantia da saúde e integridade física do trabalhador ao utilizar máquinas e equipamentos, pois as regras da norma se aplicam tanto para equipamentos novos quanto usados. Nesta, contêm os seguintes deveres dos trabalhadores: • Cumprir orientações relativas aos procedimentos seguros de operação, alimentação, abastecimento, limpeza, manutenção, inspeção, transporte, desativação, desmonte e descarte das máquinas e equipamentos; • Não realizar qualquer tipo de alteração nas proteções mecânicas ou dispositivos de segurança de máquinas e equipamentos; • Comunicar seu superior imediato se uma proteção ou dispositivo de segurança foi removido, danificado ou se perdeu sua função; • Participar dos treinamentos. Por sua vez os empregados devem: • Demarcar e desobstruir áreas de circulação; • Alocar materiais em áreas específicas de armazenamento; • Garantir que a distância mínima entre máquinas seja atendida; • Manter pisos limpos, nivelados e sem materiais escorregadios. Já a NR-18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização no ambiente de trabalho na indústria da construção, dando condições de trabalho e itens necessários são descritos e definidos, como a quantidade de sanitários, locais para refeições e vestiários disponíveis. Além disso, é na NR 18 que é exigido informar à Delegacia Regional do trabalho os seguintes itens: 28 • Endereço correto da obra; • Endereço correto e qualificação (CEI, CGC ou CPF) do contratante, empregador ou condomínio; • Tipo de obra; • Atas previstas do início e conclusão da obra; • Número máximo previsto de trabalhadores na obra. É válido salientar que o objetivo principal dessa norma regulamentadora é assegurar que os investimentos em saúde e segurança do trabalhadorsejam realizados. Na NR-35 – Trabalho em Altura é priorizada para os trabalhadores que exercem atividades acima de dois metros do solo, para tanto, essa norma estabelece os requisitos mínimos para a proteção onde há risco de queda, dentre os quais: • Capacitação e treinamento de funcionários; • Busca de medidas para evitar o trabalho em altura – quando possível; • Análise de risco; • Equipamentos de proteção individual, cordas, acessórios e pontos de ancoragem; • Equipe de emergência; • Análise de risco e planejamento para a execução das atividades. 29 4.METODOLOGIA Visando a realização dos objetivos propostos, o trabalho em questão sugere a realização de estudos preliminares quantitativos, por meio de revisões de literatura, artigos e livros, fazendo a utilização de métodos e modelos de análises de problemas. Buscando uma fundamentação mais satisfatória, um estudo de caso foi elaborado com base em sites, artigos e normas regulamentadoras. Para que a realização desse estudo de caso fosse possível, foi realizado um levantamento de “x” obras presentes no município de Camocim, no qual, por meio de conversa com os trabalhadores ali presentes, buscou-se obter uma autorização para investigar a ocorrência de perigos ou riscos em que os mesmos estavam expostos. O método utilizado para a coleta de dados foi a aplicação de questionários, visando obter uma melhor perspectiva acerca dos problemas existentes, riscos e das dificuldades enfrentadas pelos os trabalhadores. Após a obtenção desses dados, realizou-se alguns registros fotográficos com a finalidade de documentar a forma que os trabalhadores exerciam suas atividades e os riscos presentes nas obras. De posse desses registros, constatou-se os riscos e perigos que os trabalhadores estavam expostos. 30 5.RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados e discussões desta seção referem-se ao estudo de caso qualitativo por meio de análise das fotos do processo de execução do andamento das obras estudadas, identificando os perigos presentes no processo construtivo, comentando posteriormente indicações que inspiram cuidados quanto a segurança. Após a coleta de tais perigos identificados nas etapas do processo construtivo, serão levantados os ricos, causas e consequências, baseando-se na análise preliminar de risco, visando sempre a saúde e segurança dos trabalhadores. A primeira obra a ser visitada apresentou diversos problemas com os andaimes, ausência de EPI e EPC no trabalho em altura, caracterizado em um risco grave e iminente, podendo ocasionar acidentes e até levar a óbito o trabalhador. 1. Foram evidenciados diversos andaimes com ausência de travamento contra o desencaixe acidental dos montantes; a. Item 18.15.2.8) Os montantes dos andaimes metálicos devem possuir travamento contra o desencaixe acidental. 2. Observamos a ausência de qualquer estrutura que impeça o deslocamento das superfícies de trabalho dos andaimes, oferecendo grave risco em altura aos trabalhadores conforme as figuras a seguir; a. Item 18.15.3) O piso de trabalho dos andaimes deve ter forração completa, ser antiderrapante, nivelado e fixado ou travado de modo seguro e resistente. b. Item 18.15.2.6) As superfícies de trabalho dos andaimes devem possuir travamento que não permita seu deslocamento ou desencaixe. 31 Figura 1: Andaime sem sistema de travamento e ausência de plataforma de trabalho. Fonte: autoria própria (2021). 3. Não foi observado o uso de cinto de segurança tipo paraquedista e com duplo talabarte que possua dupla trava pelos trabalhadores executando trabalho em altura; a. Item 18.15.2.7) É obrigatório o uso de cinto de segurança tipo paraquedista e com duplo talabarte que possua ganchos de abertura mínima de cinquenta milímetros e dupla trava. 4. Presença de vergalhões desprotegidos provenientes das armaduras longitudinais dos pilares; a. Item 18.8.5) É proibida a existência de pontas verticais de vergalhões de aços desprotegidos. 5. Inexistência de barreiras para proteção contra queda em todo o primeiro pavimento, (parapeito). Logo, é perceptível a evidencia que toda a sua laje 32 de trabalho se encontrava aberta e sem as devidas proteções de periferias; (guarda-corpo) a. Item 18.13.4) É obrigatória, na periferia da edificação, a instalação de proteção contra queda de trabalhadores e projeção de materiais a partir do inicio dos serviços necessários à concretagem da primeira laje. 6. Não foi identificado o uso do capacete por parte dos trabalhadores, o qual não fora fornecido pela empresa; a. Item 18.23.1) A empresa é obrigada a fornecer aos trabalhadores, gratuitamente, EPI adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, consoante as disposições contidas na NR 6 – equipamentos de proteção individual - EPI. Figura 2: Identificação de trabalhadores sem o uso de EPI, com exposição a radiação solar sem a proteção adequada. Fonte: Autoria própria (2021). 33 7. Observou-se a armazenagem de materiais (varas e vergalhões) em local inadequado, atrapalhando o trânsito dos funcionários e pessoas, além da desorganização da limpeza e dos entulhos no meio das passagens; a. Item 18.24.1) Os materiais devem ser armazenados e estocados de modo a não prejudicar o trânsito de pessoas e de trabalhadores, a circulação de materiais, o acesso aos equipamentos de combate a incêndio, não obstruir portas ou saídas de emergência e não provocar empuxos ou sobrecargas nas paredes, lajes ou estruturas de sustentação, além do previsto em seu dimensionamento. b. Item 18.24.3) Tubos, vergalhões, perfis, barras, pranchas e outros materiais de grande comprimento ou dimensão devem ser arrumados em camadas, com espaçadores e peças de retenção, separados de acordo com o tipo de material e a bitola das peças. c. Item 18.24.5) Os materiais não podem ser empilhados diretamente sobre piso instável, úmido ou desnivelado. d. Item 18.29.1) O canteiro de obras deve apresentar-se organizado, limpo e desimpedido, notadamente nas vias de circulação, passagens e escadarias. e. Item 18.29.2) O entulho e quaisquer sobras de materiais devem ser regulamente coletados e removidos. Por ocasião de sua remoção, devem ser tomados cuidados especiais, de formas a evitar poeira excessiva e eventuais riscos. f. Item 18.29.5) É proibido manter lixo ou entulho acumulado ou exposto em locais inadequados do canteiro de obras. 34 Figura 3: vergalhões espalhados pela a obra e desorganização com acúmulo de entulhos. Fonte: Autoria própria (2021). 35 Figura 4: outros materiais espalhados pela a obra, atrapalhando a passagem dos trabalhadores e das pessoas. Fonte: Autoria própria (2021). 8. Observou-se a presença de aberturas e periferias de lajes sem nenhuma proteção coletiva, implicando em consequente risco de queda de nível de pessoas e/ou materiais. Tal risco pode ser entendido como risco grave e iminente, o que consiste em apresentar uma situação imediatamente perigosa à vida e à saúde; a. 18.13.1) É obrigatória a instalação de proteção coletiva onde houver risco de queda de trabalhadores ou de projeção e materiais. b. 18.13.4) É obrigatória, na periferia da edificação, a instalação de proteção contra queda de trabalhadores e projeção de materiais a partir do início dos serviços necessários à concretagem da primeira laje. 36 Figura 5: trabalhadores expostos ao risco, sem uso de EPI ou EPC. Fonte: Autoria própria (2021). Figura 6: Ausência de guarda corpo nas extremidades. Fonte: Autoria própria (2021). 37 9. Por toda a obra não foi visto nenhum tipo de linha de vida ou caranguejos que auxiliassem os funcionários a fixar o cinto de segurança para sua devida proteção; 10. Observou-se no momentoda visita na obra, que a empresa desenvolvia a atividade de concretagem de laje, assim percebendo-se a ausência do uso de cinturão tipo paraquedista por parte dos trabalhadores, bem como de outras medidas e itens de segurança imprescindíveis para a liberação das atividades. 38 5.1 RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS 1) Recomenda-se que a empresa capacite e qualifique todos os seus trabalhadores para as respectivas atividades que desempenharão no canteiro de obras, através de treinamentos, palestras, em suas admissões. Figura 7: pesquisa do questionário Fonte: Autoria própria (2021). 39 Figura 8: pesquisa do questionário Fonte: Autoria própria (2021). Figura 9: pesquisa do questionário Fonte: Autoria própria (2021). 40 Figura 10: pesquisa do questionário Fonte: Autoria própria (2021). Figura 11: pesquisa do questionário Fonte: Autoria própria (2021). 41 2) Recomenda-se que os trabalhadores que desenvolvem atividades envolvendo riscos específicos, tais como, trabalho em altura, espaços confinados e etc, recebam treinamento específico e sejam identificados por crachás a serem fixados à altura do peito e que apresentem informações de sua qualificação para operação de atividade ou máquina; 3) Recomenda-se que seja providenciada a armazenagem e estoque adequado de materiais presentes no ambiente do canteiro de obras (item 18.24.1, 18.24.3 e 18.24.5 da NR-18); 4) Recomenda-se que o canteiro de obras seja organizado e limpo (item 18.29 da NR-18); 5) Providenciar sinalização de advertência a fim de minimizar e/ou neutralizar os riscos de quedas dos funcionários que ali trabalham; Figura 12: tipo de sinalização 6) Recomenda-se adicionar proteção às pontas de vergalhões desprotegidos; 42 Figura 13: modelo de proteção contra vergalhões. 7) Recomenda-se a instalação de proteção coletiva nas periferias das lajes da edificação, baseando-se aos preceitos técnicos do item 18.13.1 da NR-18; 8) Recomenda-se que se providencie linha de vida na laje de trabalho para fixação do cinto de segurança, a fim de manter a integridade física dos trabalhadores; 9) Recomenda-se a instalação de um andaime com estrutura independente, utilizando uma plataforma de altura compatível com a atividade desenvolvida pelo o trabalhador. 43 Figura 14: andaime com travamentos. 10) Recomenda-se a utilização de “Talabartes de Progressão Duplos”, estes são utilizados conectando-se alternadamente cada uma das duas extremidades do talabarte, de maneira que o trabalhador tenha sempre um dos dois conectores de grande abertura, conectando a estrutura, protegendo-o contra qualquer possibilidade de queda. 44 Figura 15: Modelo adequado de cinto de segurança do tipo paraquedista. 11) Recomenda-se a utilização de dispositivos de ancoragem adequados como cintas de ancoragem ou linhas de vida, em casos de trabalhos com movimentação onde não existam outros meios de proteção coletiva. Estas devem ser dimensionadas conforme capacidades de carga especificas de cada projeto. Figura 16: Modelo de SPIO com cinta de ancoragem. 45 6. CONSIDERAÇÃO FINAIS Esse estudo se ocupou em demonstrar as preocupações com saúde e segurança dos trabalhadores, reconhecendo a complexidade das relações entre saúde e trabalho, apontando alguns aspectos que podem interferir na saúde e no bem-estar dos trabalhadores no canteiro de obra. No presente estudo levou-se também em consideração a falta de escolaridade e acesso às informações dos trabalhadores. Considerando o levantamento de dados, foi possível observar o descaso com a saúde e segurança dos trabalhadores, pois a obra apresentava vários riscos aos mesmos, apresentando desorganização de materiais e falta de limpeza no canteiro, além da ausência de EPIs básicos e EPCs para os trabalhadores, colocando integridade física e até mesmo a vida em risco. Apesar de uma legislação bem extensa na área de segurança do trabalho, com o intuito de aumentar a segurança dos trabalhadores e a qualidade dos serviços, os empresários mostram-se com dificuldades de acatá-las para dentro de suas empresas de construção civil, colocando barreiras para que tais questões se tornem realidade. Diante disso, podemos supor que umas das principais dificuldades para a implementação da cultura da prevenção da segurança, deve-se ao fato de as empresas de construção civil visualizarem o investimento necessário como custo e não como um benefício estratégico. Portanto, a cultura da prevenção no setor da construção civil deve passar pela conscientização de todos os envolvidos de que há responsabilidades para ambas partes por todo o processo, cabendo também aos governantes aumentar suas fiscalizações para garantir que esse processo aconteça, de forma a minimizar ou neutralizar esse descaso com as empresas com seus empregados. 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.004:Resíduos Sólidos. Rio de Janeiro, 2004. ALBERTON, A.A. Uma metodologia para auxiliar no gerenciamento de riscos e na seleção de alternativas de investimentos em segurança. Programa de pós- graduação em engenharia de produção. Florianópolis: UFSC, 1996. BARROS, A.M. Curso de direito do trabalho. 4.ed São Paulo: Ltr, 2016. BRASIL, Segurança e medicina do trabalho. Manual de legislação atlas. 70. Ed. São Paulo: atlas, 2012 BRASIL, Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Altera o capitulo V do titulo II da consolidação das leis do trabalho, relativo a segurança e medicina do trabalho e dá outras providencias. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6514.htm#art1. Acesso em 18 de abril 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Normas Regulamentadoras. Disponível em: Ministério do Trabalho, Normas Regulamentadoras. Disponível em: http://www.mte.gov.br. Acesso em 10 de agosto 2021. BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. NR-15 – Atividades e Operações Insalubres. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR15/NR-15.pdf>. Acesso em 10 de agosto 2021. BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. NR-17 - Ergonomia. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR17.pdf>. Acesso em 10 de agosto 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR18.pdf>. Acesso em 10 de agosto 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-35 -Trabalho em Altura. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR35.pdf>. Acesso em 10 de agosto 2021. BIANCHI, L.G; MASSAMBANI, V.C. Segurança e medicina do trabalho. Revista Cenofisco. São Paulo, 2010. CARDELLA, Benedito. Segurança do trabalho e prevenção de acidentes. São Paulo: Atlas S.A., 1999. CASTRO, R.P. Apostila de gerenciamento de risco. SCurso de pós-graduação em engenharia de segurança do trabalho. UNIP – Universidade Paulista, 2011. 47 Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/66971766/Apostila-de-Gerenciamento-de- Risco. Acesso em: 08 de abril 2021. CHIAVENATO, I.C. Recursos humanos. Edição compacta. 7. Ed. São Paulo 2002. COLOMBO, C.B. O acidente do trabalho e a responsabilidade civil do empregador. Monografia – UFSC 84f. Florianópolis, 2009. LEITÃO, I. M. T. A.; FERNANDES, A. L.; RAMOS, I. C. Saúde ocupacional: Analisando os riscos relacionados a equipe de enfermagem numa unidade de terapia intensiva. Revista Ciência, cuidado e saúde, v. 7, n. 4, p, 476-484, 2008. MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS. Segurança e medicina do trabalho. 49. ed. São Paulo: Atlas, 2001. MATTOS, U. A. O. MÁSCULO, F. S. Higiene e segurança do trabalho.Rio de Janeiro, 2011. SIMÕES, Tatianna Mendes. Medidas de proteção contra acidentes em altura na construção civil. 2010. 84 f. Monografia (Curso de Engenharia Civil) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2010. WAISSMANN, W. Paradigmas tecnológicos e métodos de avaliação da relação saúde e trabalho – coerências, inconsistências e premências. Rio de Janeiro: CESTEH/ENSP/FIOCRUZ, s.d., 24p, 2000. 48 ANEXOS APENDICE 1 - QUESTIONÁRIO Centro Universitário Maurício de Nassau - UNINASSAU Antonio Felipe da Silva Penha Estudante de Bacharelado em Engenharia Civil (10º Período) Trabalho de Conclusão de Curso – TCC QUESTIONÁRIO COM TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL 1 Você sabe o que são EPIs? SIM ( ) NÃO ( ) 2 Você se sente seguro no seu local de trabalho? SIM ( ) NÃO ( ) 3 Você já sofreu algum tipo de acidente? SIM ( ) NÃO ( ) 4 A empresa em que você trabalha fornece EPIs? SIM ( ) NÃO ( ) 5 Você já ouviu falar na NR-18? SIM ( ) NÃO ( ) 49
Compartilhar