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Conceitos Básicos Patologia: É uma ciência que faz o estudo das doenças,estudando as causas, mecanismos e alterações morfológicas/funcionais destas doenças. Saúde: É o estado de adaptação do indivíduo ao meio físico,social ou psíquico que ele vive. Doença: Estado de não adaptação do indivíduo ao meio em que vive. Processo patológico (lesão): Sempre indicada a nível molecular, são alterações moleculares, morfológicas e/ou funcionais, que surgem nos tecidos após a ação de um agente agressor. É um fator dinâmico. Divisões da Patologia Patologia geral: Estuda os processos patológicos comuns às diferentes doenças. exemplo: Diferentes casos de necrose, como o traumatismo dental e o infarto do miocárdio. Patologia especial: Estuda os processos patológicos de doenças em diferentes espécies,regiões e sistemas. Elementos das doenças estudadas Etiologia: Estuda a causa, podendo ser, por exemplo,genética,mecânica ou por microorganismos. ↪ Caso não conheça a etiologia, a doença é idiopática. Patogenia: São os mecanismos das doenças. Anatomia patológica: São alterações morfológicas, podendo ser macroscópicas ou microscópicas. É utilizada para realização de diagnósticos. Fisiopatologia: São as alterações funcionais. Etiopatogenia: Estudo das causas e dos mecanismos juntos, ou seja, é a união da etiologia e da patogenia. Classificação dos Processos Patológicos Lesões celulares: Como a necrose e a hipertrofia, por exemplo. Elas podem ser reversíveis ou irreversíveis. Distúrbios da circulação: Como a isquemia e a trombose,por exemplo. Inflamações: É uma resposta a uma infecção ou lesão celular visando erradicar a etiologia da doença e realizar a reparação tecidual. Obs: É importante ressaltar que, poucos processos patológicos, podem gerar inúmeras doenças. Etiopatogênese geral das lesões Hipóxia A hipóxia consiste na ausência total ou parcial de O2, estando associada a diminuição do fluxo de sangue (isquemia) ou pela diminuição da drenagem venosa. Para entendermos as consequências e mecanismos da 1 hipóxia, é necessário entender o papel do oxigênio. ↪ O oxigênio é o aceptor final de elétrons na cadeia respiratória. Diante disso, quando há hipóxia não há oxigênio, fazendo com que a cadeia respiratória pare, o que gera um acúmulo de NADH2 e FADH2, que por sua vez faz com que o ciclo de krebs pare. Isto resulta na produção de somente 2 atps provindos da glicólise em um processo que antes produzia mais de 38 atps. Ademais, como a glicólise não para, há um aumento de acetilcoa. - Mecanismo da hipóxia: 1°: Com a diminuição da concentração de ATP há uma diminuição na ativação da bomba de Na/K+ atpase, o que gera um acúmulo de sódio e água dentro da célula, gerando a degeneração hidrópica, uma lesão celular reversível. 2°: Como há um aumento na concentração de acetil coa, há um aumento na concentração de ácidos graxos e de triglicerídeos, resultando no aumento do volume celular por acúmulo de triglicerídeos (esteatose), uma lesão celular reversível. 3°: Com a diminuição da concentração de ATP há uma diminuição na síntese proteica e de fosfolipídios, o que ocasiona a perda da integridade morfológica e funcional da membrana citoplasmática e mitocondrial. 4° Com a diminuição da concentração de ATP há uma diminuição na bomba de Ca, fazendo com que haja um aumento da concentração de Ca no interior da célula. Este cálcio no interior da célula começa a ativar enzimas como as fosfolipases, que degradam os fosfolipídeos de membrana, e as proteases, que degradam proteínas das membranas e do citoesqueleto, em momento inadequado. Com isso, há a perda da integridade e da sustentação da membrana mitocondrial e citoplasmática, fazendo com que elas entrem em colapso. Conforme o tempo, o Cálcio continua a entrar e o processo degradativo se perpetua piorando até chegar no nível em que, mesmo se o O2 voltar, não haverá solução posto que não terá mais a membrana mitocondrial para produzir atp, resultando na morte celular, uma lesão irreversível. Radicais livres Os radicais livres são moléculas que apresentam um elétron não pareado no último orbital, sendo altamente reativas. Os principais radicais livres são derivados do oxigênio, sendo eles: - O2° : superóxido. - OH° : hidroxila. - H2O2: peróxido de oxigênio, que reage e forma radicais livres. A origem destes radicais livres podem ser endógenas, provindos de reações bioquímicas do metabolismo, ou exógenas, ocasionadas por agentes externos, como por exemplo o raio x. - Mecanismo de ação: Os radicais livres causam lesões celulares quando reagem com macromoléculas, como lipídios,proteínas ou dna, alterando a estrutura morfológica e funcional. ↪ Reação com lipídeos: Gera lesão de membrana celular pela peroxidação de lipídeos. ↪ Reação com as proteínas: Ocorre o dobramento anormal das proteínas,alterando sua função/estrutura. 2 ↪Reação com dna: Ocasiona mutações. - Mecanismo de neutralização: ↪ Enzimas: Elas catalisam reações químicas neutralizantes. exemplos: Enzima superóxido dismutase,catalase e glutationa peroxidase. ↪ Vitaminas: Reagem diretamente com o radical, ganhando ou perdendo um elétron. Após reagir, elas são reorganizadas. Logo, elas reagem no lugar das proteínas,lipídeos e dna, não causando lesões. - Quando o radical livre causa lesão? ↪ Se ocorre excesso de formação. ↪ Se ocorre falha na neutralização Logo, os radicais livres só causam lesões se não estão em equilíbrio. Ademais, a constante formação deles é a causa do envelhecimento. - Agentes físicos,químicos e biológicos ↪ Físicos: Traumas mecânicos, como incisão de bisturi, frio local, que provoca vasoconstrição levando a hipóxia e calor extremo. ↪ Químicos: Existem o de ação direta, que reagem com determinadas substâncias e levam a lesão, a exemplo do cianeto, e de ação indireta, que precisam ser metabolizados para gerar lesão, a exemplo do tetracloreto de carbono. ↪ Biológicos: Vírus, bactérias,fungos, parasitas e etc. Lesões celulares reversíveis: Degenerações Alguns fatores influenciam nas lesões, tais como o tipo de agente agressor, a intensidade do agente agressor, o tempo de ação do agente e qual o tipo de tecido acometido. Com isso, temos que as lesões reversíveis são resultantes do acúmulo de substâncias no interior das células devido a alterações bioquímicas. - Classificação: Ocorre de acordo com o tipo de substância acumulada dentro da célula, podendo ser de 4 tipos: ↪ Por acúmulo de água e eletrólitos Chamada de degeneração hidrópica, ela ocorre devido ao acúmulo de água e sódio, principalmente. Para que ela ocorra, é necessário uma diminuição na atividade da bomba de Na +/ K +. Etiopatogenia 1) Hipóxia Com a diminuição da síntese de atp, há uma diminuição da bomba de Na +/K +, gerando um aumento do volume celular por acúmulo de água e sódio e, por consequência, a degeneração hidrópica. 2) Hipertermia Com o aumento da temperatura corporal, há um aumento da velocidade das reações bioquímicas do metabolismo, o que gera um aumento do consumo de atp. Este aumento do consumo provoca uma baixa da concentração de atp, resultando na diminuição da bomba de Na+/K+, gerando um aumento do volume celular por acúmulo de água e sódio e, por consequência, a degeneração hidrópica. 3) Radicais Livres Eles reagem com os fosfolipídeos da membrana citoplasmática, alterando sua função e estrutura. Dado que a bomba de Na +/K + está localizada nesta membrana, há uma diminuição de sua atividade,gerando um aumento do volume celular por acúmulo de água e sódio e, por consequência, a degeneração hidrópica. 3 4) Toxinas bacterianas com atividade lipase Estas bactérias possuem a capacidade de degradar os fosfolipídeos da membrana citoplasmática, proporcionando o mesmo efeito que os radicais livres no organismo. 5) Drogas inibidoras da bomba de Na +/ K + Certas drogas, como a ouabaína, se ligam aos componentes da bomba, inibindo sua atividade, o que ocasiona o acúmulo de água e sódio gerando, por consequência, a degeneração hidrópica. Anatomia patológica - Macroscópica: Observa-se o aumento do peso e volume doórgão, coloração mais clara do mesmo e bordas discretamente arredondadas. - Microscópica: Célula aumenta de volume e o citoplasma fica mais claro e granular. Fisiopatologia As células não sofrem lise, posto que ela acumula até chegar em um novo equilíbrio osmótico. Isto posto, ela raramente altera a função pois, para que isso ocorra, é necessário que várias células estejam afetadas. Sendo assim, sua importância principal é que ela é o primeiro passo antes de uma lesão tornar-se irreversível. ↪ Por acúmulo de lipídeos Possui duas lesões celulares, a esteatose, que possui maior relevância e ocorre pelo acúmulo de gorduras neutras, como os mono/di/triglicerídeos em células que normalmente não as armazenam, e a lipidose, que ocorre pelo acúmulo de outro lipídios, como o colesterol e os esfingolipídeos. ↪ Lipidoses 1) Esfingolipidose Doença genética que gera a ausência de uma enzima que degrada os esfingolipídeos. É uma “falsa” degeneração. 2) Aterosclerose Acúmulo de colesterol nas camadas internas das artérias. 3) Xantomas Lesões geradas pelo acúmulo de colesterol nos macrófagos da pele e mucosas. ↪ Esteatose Tem maior ocorrência no fígado posto que é o local que ocorre o metabolismo dos lipídios. Logo, para entendermos a esteatose é preciso, primeiro, entender o metabolismo hepático de lipídios. Metabolismo de lipídios no fígado Ocorre nos hepatócitos que recebem, pelo sangue, triglicerídeos e ácidos graxos, que são provindos, respectivamente, da alimentação e da lipólise ( quebra do tecido adiposo). No entanto, os triglicerídeos não conseguem entrar no fígado, sendo quebrado em ácidos graxos para que consigam entrar. Os ácidos graxos são usados nos seguintes processos: 1) Síntese de lipídios completos: A exemplo do colesterol,havendo gasto energético. 2) Síntese de acetil coa Proporciona a síntese de atp no fígado e a formação de corpos cetônicos em outros locais. O acetil coa possui a capacidade de retornar a ser ácido graxo e de se transformar em triglicerídeos no retículo endoplasmático liso. Quando isto ocorre, no golgi, há a associação destes triglicerídeos com apoproteínas para que possam ser transportados em forma de lipoproteínas. Estas lipoproteínas são transportadas em vesículas, que são controladas por 4 meio da polimerização e despolimerização dos microtúbulos, produzindo movimento. Etiopatogenia 1) Hipóxia A hipóxia atua de duas formas na esteatose: 1ª - Como há o aumento da concentração de acetil coa, há um aumento na concentração de ácidos graxos que irão virar triglicerídeos, gerando um acúmulo dentro da célula e, por consequência, a esteatose. 2ª - Como há a diminuição da concentração de atp, há a diminuição da síntese de lipídeos complexos, o que gera um aumento de ácidos graxos que irão virar triglicerídeos, gerando um acúmulo dentro da célula e, por consequência, a esteatose. 2) Desnutrição A desnutrição atua de duas formas na esteatose: 1ª - Como ela ocasiona o aumento da lipólise, há um aumento de ácidos graxos, o que provoca o aumento da síntese de triglicerídeos,gerando um acúmulo dentro da célula e, por consequência, a esteatose. 2ª- Como ela ocasiona a diminuição da síntese de proteínas, há uma diminuição na concentração das apoproteínas e uma diminuição da síntese de lipoproteínas. Diante disso, há uma redução na taxa de exportação de triglicerídeos, gerando um acúmulo de triglicerídeos dentro da célula e, por consequência, a esteatose. 3) Alcoolismo Dado que o etanol é metabolizado nos hepatócitos, formando acetilcoa e acetaldeído, o alcoolismo atua de duas formas na esteatose: 1ª - Como há a formação de acetilcoa, esta substância proporciona o aumento da concentração de ácidos graxos, o que, por sua vez, leva à uma maior síntese de triglicerídeos, que se acumulam na célula gerando, por consequência, a esteatose. 2ª - Como há a formação de acetaldeído, esta substância inibe a polimerização/ despolimerização dos microtúbulos, o que provoca a diminuição do transporte de triglicerídeos pelas vesículas, gerando um acúmulo desses triglicerídeos e, por consequência, a esteatose. Anatomia Patológica - Macroscópica: Há o aumento do peso e volume do órgão, sua coloração fica amarelada e as bordas arredondadas. - Microscópica: Há o aumento de volume do hepatócito, presença de imagem negativa do lipídio (porque já foi lavado) e a observação do anel de sinete, ou seja, ver o núcleo deslocado para a periferia. Fisiopatologia Raramente é algo grave, no entanto, é o primeiro sinal para uma morte celular. ↪ Por acúmulo de proteínas Pode ocasionar hialina ou mucóide. ↪Hialina Ocorre pelo acúmulo de material proteico hialino, como o material viral e filamentos vindos de proteínas do citoesqueleto. ↪Mucóide Acúmulo de glicoproteínas, ou seja, de muco. ↪ Por acúmulo de carboidratos Pode ocorrer a glicogenose ou a mucopolissacaridose ↪Glicogenose É uma doença genética onde há falta de uma enzima que 5 metaboliza o glicogênio, ocasionando o acúmulo desta substância. ↪ Mucopolissacaridose É uma doença genética onde não há a enzima que metaboliza os mucopolissacarídeos, ocasionando o acúmulo desta substância. Lesões celulares irreversíveis: Morte celular É uma lesão celular irreversível caracterizada pela interrupção das reações bioquímicas do metabolismo celular. - Classificação: A morte celular pode ocorrer após a morte somática, ou seja, após a morte do indivíduo, ou no organismo ainda vivo, se subdividindo em: ↪Necrose É uma morte celular no organismo vivo seguida de autólise, que é um processo de degradação de componentes celulares pelas enzimas lisossômicas após a morte celular. Etiopatogenia As principais causas da necrose são a hipóxia, os radicais livres e agentes físicos, químicos e biológicos. Classificação Existem 5 tipos de necrose, sendo elas: 1) Necrose por coagulação: Uma das mais comuns, está relacionada a baixa do fluxo sanguíneo. - Necrose caseosa: É uma variação da necrose por coagulação onde o tecido fica branco e quebradiço. 2) Necrose por liquefação: O tecido se liquefaz após a necrose, sendo comum no SNC por inflamação purulenta. 3) Necrose gomosa: Tecido fica com aspecto gomarado, sendo comum a ocorrência em casos de sífilis. 4) Esteatonecrose: Necrose do tecido adiposo, deixando ele com aspecto de gordura sabonificada. Conceitos importantes As células são submetidas a alguns corantes para que seja possível a identificação das mudanças celulares, sendo os mais utilizados a eosina e a hematoxilina. - Eosina: Corante rosa, ácido, que cora o citoplasma. Como o citoplasma é básico, dizemos que ele é acidófilo, ou seja, tem afinidade por ácidos. - Hematoxilina: Corante roxo, básico, que cora o núcleo e pequenos pontos do citoplasma (áreas ribossômicas com aspecto ácido). Alterações morfológicas das células em necrose ↪ Alterações Nucleares 1 ª - Picnose: Diminuição do volume do núcleo. Este processo ocorre devido a alteração do pH durante a autólise, que promoverá a condensação da cromatina. 2ª - Cariorrexe: Fragmentação do núcleo. Este processo ocorre porque as proteases lisossômicas degradam a carioteca, e, as DNAs lisossômicas, degradam a cromatina. 3ª - Cariólise: Desaparecimento do núcleo. Este processo ocorre porque as proteases lisossômicas degradam a carioteca, e, as DNAs 6 lisossômicas, degradam a cromatina. ↪ Alterações citoplasmáticas - Há um aumento do volume celular devido a proteases e lipases lisossômicas que degradam a membrana citoplasmática, que passa a permitir a maior entrada de água. - O citoplasma, que já é básico, fica mais básico, ficando mais acidófilo e corando mais pela eosina ( fica mais rosa.) Isto ocorre porque proteases lisossômicas degradam proteínas do citoplasma que passa a exportar mais radicais básicos e, as RNAses lisossômicas, digerem os ribossomos, que desaparecem. Anatomia patológica - Macroscópica: 1) Necrose por coagulação: A área de necrose é mantida e apresenta um formato triangular, com o ápice do triângulo voltado para o vaso que foi obstruído e a base do triângulo para a superfície do órgão.Pode apresentar coloração vermelha, quando, após a necrose, ocorre hemorragia, ou branca,que é mais saliente e após necrose não ocorre hemorragia. 2) Necrose caseosa: O tecido se mantém como uma massa branca quebradiça com aspecto de queijo. 3) Necrose por liquefação: O tecido não se mantém, fica com aspecto fluído. - Microscópica: 1) Necrose por coagulação: Os limites celulares são mantidos, sendo possível visualizar a arquitetura normal do tecido. Ademais, os núcleos estão em picnose, cariorrexe ou cariólise e o citoplasma está mais acidófilo. 2) Necrose caseosa: Os limites celulares são perdidos, formando uma massa acidófila.Ademais, os núcleos estão em picnose, cariorrexe ou cariólise. 3) Necrose por liquefação: Observa o tecido liquefeito. Evolução da necrose A principal evolução da necrose é o reparo, que pode ocorrer de quatro formas: 1ª - Por regeneração: As células necrosadas são substituídas por células idênticas às que morreram. Esta evolução só é possível se o tecido tiver capacidade proliferativa ou células tronco e se a matriz extracelular de sustentação do tecido (arcabouço) for mantida. exemplo: Necrose hepatócito - Surgem novos hepatócitos. 2ª - Por cicatrização: As células necrosadas são substituídas por tecido conjuntivo fibroso, podendo haver perda funcional. 3ª - Por calcificação: Há a precipitação de sais de cálcio sobre o tecido necrosado. 4ª - Por gangrena: Um agente externo atua sobre o tecido necrosado e o modifica. Pode ser dividida em 3 tipos de acordo com o agente externo: - Gangrena Seca: O agente externo é o ar, que desidrata a área. exemplo: cordão umbilical. - Gangrena Úmida: Há a colonização por bactérias anaeróbicas gram negativas. exemplo: pacientes diabéticos. - Gangrena gasosa: São contaminadas por bactérias clostridium, apresentando bolhas de ar. Fisiopatologia Depende de qual órgão foi acometido, qual a área do órgão que foi acometida, qual a extensão da área de necrose e como a necrose evoluiu. 7 ↪ Apoptose É uma morte celular, no organismo vivo, seguida de fragmentações em corpos apoptóticos que serão fagocitados. Etiopatogenia Pode ocorrer em situações fisiológicas,como durante a embriogênese para a formação do embrião e de seus órgãos, na resposta imune, como no período de maturação do sistema imune e em processos das células T ou em situações patológicas, como por exemplo em casos de hipóxia, radicais livres e agentes físico, químicos e biológicos. Ademais, a apoptose realiza a manutenção da homeostase tecidual: 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑐é𝑙𝑠. 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑡𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 = 𝑝𝑟𝑜𝑙𝑖𝑓𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑐𝑒𝑙𝑎𝑝𝑜𝑝𝑡𝑜𝑠𝑒 Etapas morfológicas da apoptose - 1ª etapa: Ocorre a anoiquia, ou seja, a célula diminui de volume devido a perda de água, há um aumento da condensação do citoplasma e há uma diminuição no volume do núcleo. - 2ª etapa: Há uma fragmentação do núcleo por ativação de enzimas endonucleases, que quebram a cromatina e fragmentam o núcleo. - 3ª etapa: A célula se fragmenta formando corpos apoptóticos (alguns possuem cromatina). Isto ocorre porque há ativação da enzima protease, que clivam as proteínas do citoesqueleto de forma organizada, o que gera os corpos apoptóticos. - 4ª etapa: Células vizinhas, como macrófagos teciduais ou células do parênquima, fazem a fagocitose dos corpos apoptóticos. Obs: A ativação das caspases são uma peça chave na apoptose posto que são elas que ativam as endonucleases e as proteases. As caspases, por sua vez, são ativadas por fatores extrínsecos, a exemplo do raio x, e fatores intrínsecos, como mutações no DNA. Anatomia patológica - Macroscópica Não é possível visualizar pois atinge células individualmente e isoladamente. - Microscópica Maior visualização na anoiquia e, raramente, é possível ver corpos apoptóticos. Fisiopatologia Depende do tecido que foi acometido, do local do órgão que foi acometido e do número de células em apoptose. Em situações fisiológicas não há prejuízo. ↪ Necrose x Apoptose Necrose Apoptose Ocorre autólise Não ocorre autólise Processo desorganizado Processo organizado Falta atp Utiliza atp para ocorrer Ocorre em grandes grupos de células Ocorre em células individualment e Após há processo inflamatório Sem processo inflamatório 8 Distúrbios de crescimento e da diferenciação celular Conceitos importantes ↪Proliferação celular É o processo por meio do qual uma célula diplóide gera duas filhas diplóides geneticamente iguais. Este processo é fundamental para a manutenção do equilíbrio dos tecidos adultos e na embriogênese. Diante disso, para que haja o crescimento celular é necessário que a célula passe pelas fases G1,S,G2 e M. - Classificação As células são classificadas de acordo com a capacidade replicativa delas. 1) Células lábeis: São aquelas que estão em constante proliferação, a exemplo das células tronco e células do epitélio de revestimento das mucosas da pele. 2) Células estáveis: Estão em uma fase estacionária do ciclo de crescimento (Go), contudo, se sofrerem estímulos irão proliferar. Como exemplo temos as células endoteliais, os fibroblastos e os hepatócitos. 3) Células perenes: Estão fora do ciclo de crescimento e não proliferam mesmo com estímulo. Como exemplo temos os neurônios e as células musculares estriadas cardíacas. ↪Diferenciação celular É o processo de especialização morfológica e funcional de uma célula. Este processo é fundamental para o surgimento de diferentes órgãos e tecidos. Ademais, esta diferenciação ocorre por meio da epigenética, que regula a expressão gênica já que todas as células possuem o mesmo genoma. ↪Volume celular É o volume tridimensional da célula. Este volume está diretamente ligado aos constituintes celulares, podendo se alterar. Classificação dos distúrbios ↪Alterações no volume celular - Hipotrofia É a diminuição do volume celular pela diminuição dos constituintes ou da função celular. Etiopatogenia -Mecanismo: Dado que o volume celular é controlado da seguinte forma: 𝑉. 𝐶𝑒𝑙𝑢𝑙𝑎𝑟= 𝑠í𝑛𝑡𝑒𝑠𝑒 𝑑𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑐𝑒𝑙𝑢𝑙𝑎𝑟𝑒𝑠 (𝑎𝑛𝑎𝑏𝑜𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜) 𝑑𝑒𝑔𝑟𝑎𝑑𝑎çã𝑜 (𝑐𝑎𝑡𝑎𝑏𝑜𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜) Para que haja hipotrofia é necessário ou a diminuição no anabolismo ou o aumento no catabolismo. - Causas: A hipotrofia pode ser fisiológica,quando é esperada e ocorre de forma harmônica, ou patológica. ↪Fisiológica: Ocorre na senilidade (envelhecimento). ↪Patológica: Ocorre pela deficiência nutricional grave (inanição), pelo desuso, por compressão (a exemplo de tumores), por obstrução vascular, por perda da estimulação hormonal (a exemplo do córtex da suprarenal que depende do ACTH) e pela perda da inervação motora (a exemplo do músculo estriado esquelético). Anatomia patológica - Macroscópica: O órgão diminui de peso e volume. -Microscópica: Diminuição do volume celular. Fisiopatologia É uma lesão reversível que gera uma diminuição da função do órgão. 9 - Hipertrofia É o aumento do volume celular pelo aumento dos constituintes celulares ou da função celular. Etiopatogenia -Mecanismo: Dado que o volume celular é controlado da seguinte forma: 𝑉. 𝐶𝑒𝑙𝑢𝑙𝑎𝑟= 𝑠í𝑛𝑡𝑒𝑠𝑒 𝑑𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑐𝑒𝑙𝑢𝑙𝑎𝑟𝑒𝑠 (𝑎𝑛𝑎𝑏𝑜𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜) 𝑑𝑒𝑔𝑟𝑎𝑑𝑎çã𝑜 (𝑐𝑎𝑡𝑎𝑏𝑜𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜) Para que haja hipertrofia é necessário que ocorra um aumento do anabolismo ou uma diminuição no catabolismo. -Causas: A hipertrofia pode ser fisiológica,quando é esperada e ocorre de forma harmônica, ou patológica. ↪Fisiológica: Ocorrência no músculo liso uterino durante a gravidez. ↪Patológica: Ocorrência no músculo estriado cardíaco do ventrículo esquerdo quando tem estenose de válvula aórtica ou hipertensão arterial. Pode ocorrer também no músculo estriado esquelético na musculação (induz hipertrofia muscular). Anatomia Patológica -Macroscópica: Há um aumento do peso e volume do órgão. -Microscópica: Há um aumento do volume celular. Fisiopatologia ↪Fisiológica: Benéfica ao organismo. ↪Patológica: Pode gerar alterações nas funções dos órgãos. No caso da musculação, gera ganho de massa. Ambas são lesõesreversíveis. ↪Alterações no número de células - Hipoplasia É a diminuição do número de células de um tecido. Etiopatogenia -Mecanismo: Dado que o número de células de um tecido é controlado da seguinte forma: onde a morte𝑛°𝑐é𝑙𝑠. = 𝑃𝑟𝑜𝑙𝑖𝑓𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑐𝑒𝑙𝑢𝑙𝑎𝑟𝑀𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑐𝑒𝑙𝑢𝑙𝑎𝑟 celular inclui tanto a apoptose quanto a necrose, para que haja hipoplasia ou há a diminuição da proliferação celular ou um aumento da morte celular (aumento da apoptose ou surgimento de uma necrose). -Causa: A hipoplasia pode ser fisiológica,quando é esperada e ocorre de forma harmônica, ou patológica. ↪Fisiológica: Na senilidade de forma gradual e na involução do timo durante a puberdade. ↪Patológica: Em casos de hipoplasia da medula óssea, causada por infecções,medicações e substâncias tóxicas,por exemplo, e em casos de necrose seguida de reparo por cicatrização. Anatomia Patológica -Macroscópica: Diminuição do peso e volume do órgão. -Microscópica: Diminuição do número de células. Fisiopatologia Há uma tendência a diminuir a função do órgão. - Hiperplasia É o aumento do número de células de um tecido. Etiopatogenia -Mecanismo: Dado que o número de células de um tecido é controlado da seguinte forma: onde a morte𝑛°𝑐é𝑙𝑠. = 𝑃𝑟𝑜𝑙𝑖𝑓𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑐𝑒𝑙𝑢𝑙𝑎𝑟𝑀𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑐𝑒𝑙𝑢𝑙𝑎𝑟 celular inclui somente a apoptose, para que haja hiperplasia é necessário um aumento da 10 proliferação celular ou uma diminuição da apoptose. -Causas: A hiperplasia pode ser fisiológica,quando é esperada e ocorre de forma harmônica, ou patológica. Dentre esta classificação, as causas podem ser subdivididas em 2 tipos. ↪Fisiológica 1- Hormonal: Ocorre no músculo liso uterino na gravidez e nas glândulas mamárias na lactação. 2- Compensadora: Ocorre no rim remanescente após nefrectomia para compensar a ausência do outro rim. Ocorre também no fígado após hepatectomia parcial. ↪Patológica 1- Hormonal: Ocorre na próstata dos homens acima de 50 anos. 2- Inflamatória: Ocorre em situações em que há inflamação em algum tecido. Esta inflamação estimula a produção de alguns componentes. Anatomia Patológica -Macroscópica: Aumento do volume e peso do órgão. -Microscópica: Aumento do número de células. Fisiopatologia ↪Fisiológica: Pode provocar melhora funcional no órgão. ↪Patológica: Pode alterar a função de órgãos usualmente pela compressão de estruturas anatômicas adjacentes. Ambas são lesões reversíveis. ↪ Alterações na diferenciação celular - Metaplasia É a transformação de um tipo de tecido adulto em outro da mesma linhagem. Etiopatogenia Está associada a agressão ao tecido, fazendo com que ele se adapte a esta agressão ficando mais resistente. -Mecanismo: Ocorre por fatores genéticos, onde genes reprimidos são estimulados e genes estimulados são reprimidos. -Causas: Ocorre mediante agressão por agentes físicos,químicos ou biológicos. Exemplos - Epitélio respiratório: Por agressão pela fumaça do tabaco, por exemplo, o epitélio pseudoestratificado colunar ciliado se transforma em epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado. - Epitélio da mucosa oral: Quando há uma lesão mecânica, ao mordemos a boca, por exemplo, o epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado se transforma em epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. 11 ↪ Alterações na diferenciação celular e no número de células - Displasia Processo patológico que gera um aumento no número de células associada a diminuição na diferenciação celular.Isto posto,a displasia forma lesões cancerizáveis, ou seja, que há uma alta chance de evoluir para um câncer. Logo, a displasia precede a ocorrência de neoplasias. Etiopatogenia Os mesmos fatores que podem causar uma neoplasia maligna podem ocasionar displasias já que, na displasia, já há algumas alterações. - Mecanismos: está associada a fatores genéticos que controlam a proliferação e diferenciação celular. -Causas: podem surgir por agentes externos, espontaneamente ou ser herdadas. Anatomia Patológica -Macroscópica: não muito utilizada. -Microscópica: Há um aumento no número de células e uma queda na diferenciação celular. - Neoplasia A neoplasia é um distúrbio na diferenciação celular e no número de células caracterizado pela proliferação celular autônoma, ou seja, não há regulação externa posto que as células não respondem a estes mecanismos, e por apresentar uma tendência a não se diferenciar, fato com mais incidência em neoplasias malignas. Sinônimos Também conhecida como neoplasma e tumor, independente se é benigna ou maligna, e como câncer em casos de neoplasia maligna. Nomenclatura É dada de acordo com o tecido de origem + sufixo. -Neoplasias benignas: Geralmente utiliza-se o tecido de origem + oma. -Neoplasias malignas ↪ Epiteliais: Tecido de origem + carcinoma. ↪ Mesenquimais: Tecido de origem + sarcoma. - Neoplasias que reproduzem estruturas com características embrionárias: tecido de origem + blastoma. obs: Leio = liso Mio- músculo Rabdo- estriado Classificação É feita de acordo com o comportamento clínico seguindo alguns parâmetros que levam a 12 classificação de benignas e malignas. - Taxa de crescimento. - Tipo de crescimento: Se é expansivo, que é um crescimento bem delimitado, respeitando o limite tecidual do próximo tecido, por vezes encapsulado, sendo mais fácil sua remoção, ou intrusivo, que é mais invasivo, não possuindo delimitação. - Diferenciação celular: Só é possível ver por microscopia, e, usualmente, em neoplasias benignas há lembrança do tecido de origem enquanto que, em malignas, pode ser tanto bem quanto mal diferenciada, sendo que, a mal diferenciada, é mais agressiva. - Capacidade de gerar metástase: Ou seja, capacidade da neoplasia em espalhar o tumor, criando novos independentes do primário. ↪ Vista histológica neoplasias benignas ↪ Vista histológica neoplasias malignas Atipia Celular Ocorre em neoplasias maligna, esta condição consiste-se em 7 alterações celulares: 1ª- Núcleos proeminentes: Ocorre devido ao aumento da síntese de Rna ribossômico pelo aumento da proliferação celular. 13 2ª- Hipercromatismo nuclear: O núcleo fica muito corado. Isto pode ocorrer pois as células malignas podem apresentar poliploidia ou anaploidia, o que gera aumento no número de cromatina. 3ª- Pleomorfismo nuclear: O núcleo fica em diferentes formas.Isto pode ocorrer pois as células malignas podem apresentar poliploidia ou anaploidia, o que gera aumento no número de cromatina. 4ª- Aumento relação núcleo/citoplasma: O núcleo fica volumoso. Isto pode ocorrer pois as células malignas podem apresentar poliploidia ou anaploidia, o que gera aumento no número de cromatina. 5ª- Aumento no número de mitoses. 6ª- Ocorrência de mitoses atípicas. 7ª- Multinucleação: O núcleo se divide mas a célula não. - Processo de Metástase Metástase é a capacidade de um tumor primário formar um tumor secundário sem comunicação entre eles. Esse processo é característico de neoplasias malignas e, para ocorrer, existem vias de disseminação. Esta disseminação ocorre seguindo a hipótese de "seed and soil’, ou seja, não ocorre por acaso, a célula sabe onde está indo e, está célula é o órgão alvo possuem características que permitem a formação de metástase. Vias de metástase ↪Linfática: Pelos vasos linfáticos, gerando metástase regional primeiramente em linfonodos. Posteriormente gerará metástase em outros locais. Usualmente os carcinomas se disseminam por essa via. ↪Sanguínea: Invadem a corrente sanguínea e se disseminam a distância. Usualmente os sarcomas se disseminam por essa via. 14 ↪Trans Cavitária: É a via menos comum, onde as células penetram alguma cavidade corporal. Exemplo: Tumor de ovário rompe a cápsula do órgão e se dissemina pela cavidade peritoneal. Etapas da metástase 1ª- Angiogênese A angiogênese é a formação de novos vasos sanguíneos visando a nutrição tumoral. Isto posto, o estroma, que é a parte conjuntiva que nutre o tecido tumoral, necessita de irrigação sanguínea para nutrir o parênquima, que é a célula tumoral que está proliferando de forma autônoma e gerandonovas células, necessitando de mais fluxo sanguíneo. Ademais, este processo pode ser realizado pelas próprias células tumorais, onde elas irão secretar citocinas para a estimulação deste processo. 2ª- Perda de adesão intercelular 3ª- Invasão da matriz extracelular Inicialmente as células tumorais irão invadir a membrana basal e depois o tecido conjuntivo propriamente dito. Para que ocorra essa invasão, elas seguem um ciclo de 3 etapas: - 1º: Se adere a componentes da própria matriz. - 2º: Secreta enzimas, como a colagenase, para degradar a matriz. - 3º: Emitem pseudópodes para se movimentar. 4ª- Invasão vascular Irão destruir a membrana basal e chegar nos vasos sanguíneos. 5ª- Sobrevivência nos vasos Para que a metástase ocorra, as células têm que sobreviver a 2 fatores nos vasos: - 1º Aos choques mecânicos na parede: Para isso, elas criam pequenos êmbolos com várias células visando a proteção contra os choques. - 2º- Ao ataque do sistema imune: Para que não sejam destruídas, principalmente pelas natural killers, elas não expressam alguns antígenos. 6ª- Extravasamento vascular Quando as células chegam no órgão alvo elas precisam se aderir a parede do vaso do órgão alvo e extravasar para dentro dele. Para isso, elas utilizam moléculas presentes na célula tumoral e no endotélio do vaso da célula alvo. 7ª- Formação tumor secundário Elas invadem a matriz extracelular no órgão alvo, se estabelecem, proliferam e criam uma colônia, formando o tumor secundário. 15 Anatomia Patológica - Macroscópica: pode ser subdividida em nodular, ulceradas,vegetantes ou infiltrativas. ↪Nodular: Cresce na intimidade de um órgão, sendo bem delimitada. Usualmente é mais característica em neoplasias benignas. ↪Ulceradas: Cresce na superfície de um tecido e deixa essa superfície ulcerada/necrosada. É mais comum em neoplasias malignas. ↪Vegetantes: Cresce para fora de uma superfície, dando um aspecto vegetante. ↪Infiltrativa: As bordas do tumor ficam endurecidas e infiltrativas. É mais comum em neoplasias malignas. - Microscópica: Na anatomia patológica microscópica é possível observar o parênquima e o estroma do câncer. ↪Neoplasias benignas: Crescimento expansivo, encapsulada na maioria, são bem diferenciadas, tendo baixa atipia celular e lembrando o tecido de origem. ↪Neoplasia maligna: Crescimento infiltrativo, podendo ser bem ou mal diferenciada. Quando é mal diferenciada ela apresenta alta atipia celular e não lembra o tecido de origem. Bases moleculares da etiopatogenia das neoplasias Toda neoplasia é uma doença genômica, ou seja, decorre de uma alteração no DNA, seja essa alteração genética, na estrutura do gene por exemplo, ou alterações epigenéticas, no controle da expressão gênica por exemplo. Nesse contexto, dado que o DNA forma o RNA que irá sintetizar proteínas, se o gene que codifica uma proteína de controle da proliferação celular está alterado, a proteína também estará, podendo gerar uma proliferação autônoma e não fisiológica. Diante disso, os principais genes envolvidos nas neoplasias são: oncogenes, genes supressores de tumores,genes para apoptose e genes de reparo de dna. ↪Oncogenes: São genes cujos produtos estimulam a proliferação celular autônoma, ou seja, proporcionam o surgimento de neoplasias. Isto posto, todo oncogene surge por alterações em um proto oncogene, que são genes cujos produtos estimulam a proliferação celular fisiológica, Dessa maneira, três alterações podem ocorrer no proto oncogene para ele se transformar em oncogene: - 1ª: Mutações na estrutura (B): Alterações na estrutura do proto oncogene geram alterações no rna mensageiro e, por consequência, na proteína, gerando uma proteína alterada que irá mandar o comando de constante proliferação para o núcleo. 2ª- Inserir uma sequência promotora (C): Usualmente causada por vírus, nesta alteração há o adicionamento de uma sequência promotora perto do proto oncogene que estimula a transcrição do gene. Com esse estímulo, há uma alta produção de rna mensageiro, uma alta produção proteica e, por consequência, uma alta proliferação celular. 3ª- Por amplificação gênica (D): Pode ocorrer um aumento no número de cópias do gene, o que gera um 16 aumento da produção de rna mensageiro, de proteínas e, por consequência, da proliferação celular. ↪Genes supressores de tumor: São genes cujos produtos participam do controle fisiológico do ciclo celular, ou seja, genes que codificam proteínas que participam do controle fisiológico do ciclo celular. Como principal exemplo temos o gene TP53, que codifica a proteína p53, conhecida como guardiã do genoma. Nesse contexto, para compreender o papel destes genes é preciso compreender uma parte do ciclo celular: - Ciclo celular: Existem genes que participam do checkpoint G1-S que garantem a integridade do genoma antes de S, que irá duplicar o material genético. Isto posto, a partir do G1 há um estímulo para proliferação, o que resulta em um aumento de ciclina, que irá reagir com CDK ao final de G1. Esta interação gera o complexo ciclina-CDK, que será responsável por fosforilar algumas moléculas alvo, a exemplo da proteína prb. Esta proteína “segura” o E2F, que é um grupo de genes que gera um fator de transcrição. Ao ser fosforilada, a prb libera a E2F, que irá se ligar ao DNA e estimular a transcrição de genes para ir para a fase S. Quando é detectada uma mutação nesse período de ciclo celular há um aumento da p53, que estimulará a p21 para inibir o complexo ciclina-CDK e não passar a mutação adiante. Ademais, a p53 também estimula enzimas para reparo de DNA, onde, se o reparo deu certo, há uma baixa da p53 e o ciclo continua, se não há o reparo, a p53 irá estimular a apoptose. -Problema: Se ocorre alterações no gene supressor de tumor p53m o checkpoint G1-S não funciona, logo, se há uma mutação ela irá ser transmitida, podendo gerar oncogene e, por consequência, neoplasias. ↪Genes para apoptose: São genes regulados por proteínas que se subdividem em proapoptóticos, ou seja, que são a favor da apoptose, sendo os principais representantes os genes da família BAX, e em genes anti apoptóticos, ou seja, que são contra a apoptose, sendo os principais representantes os genes da família BCL-2. Usualmente, estes dois genes funcionam em equilíbrio pois, se há ↓BAX= ↓apoptose= ↑ proliferação celular e, se há ↑BCL-2 = ↑ proliferação celular. Logo, com alterações nestes genes algumas dessas proliferações celulares podem virar autônomas e gerar neoplasia. ↪Genes de reparo de DNA: São genes que codificam enzimas de reparo de DNA, sendo os principais representantes a família MMR, que faz o reparo de pequenas alterações, e a família VDR, que repara danos por radiação UV.. Dessa maneira, se há uma alteração nesses genes não há a codificação de enzimas de reparo de DNA, gerando um fenótipo mutador, isto é, um indivíduo que está muito propenso a ter alterações em proto oncogenes, gerando oncogenes, a ter alterações em genes supressores de tumor, como a p53, e a ter alterações em genes para apoptose. Distúrbios da Circulação ↪Hiperemia É o processo de aumento da quantidade de sangue no interior 17 dos vasos em um órgão ou tecido. Sua ocorrência deve-se à vasodilatação. Classificação A hiperemia pode ocorrer de forma ativa ou de forma passiva (congestão) - Hiperemia ativa A hiperemia ativa ocorre devido a vasodilatação arteriolar, podendo ser fisiológica ou patológica. ↪ Fisiológica: Ocorre devido ao aumento da demanda de O2 e nutrientes em um órgão ou tecido. Quando isso ocorre, o SNA promove o relaxamento do músculo liso arteriolar, que realizará a dilatação do vaso. ↪ Patológica: Ocorre devido a uma inflamação pois, por conta da inflamação, há a liberação de moduladores químicos, como a histamina, que irá se ligar a receptores presentes no músculo liso arteriolar, relaxando esse músculo e, por consequência, dilatando o vaso. Anatomia patológica - Macroscópica: Possível visualizar em organismos vivos. Após o óbito, a visualização é difícil pois o sangue se esvai. - Microscópica: Presença de vasos sanguíneos dilatadosrepletos de hemácias no interior (vasos hiperemiados). Não é possível a diferenciação microscópica entre a hiperemia passiva e ativa. 18
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