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Apostila de DIREITO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...................................................................... 5 
2.1 Administração Pública Direta e Indireta................................................ 8 
2.2 Servidor público versus empregado público ....................................... 12 
2.3 Autarquias, agências reguladoras e fundações .................................. 16 
2.4 Consórcios públicos, empresas públicas e sociedades de economia 
mista.......................................................................................................................18 
3 CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA ............................................. 19 
3.1 Cargo público ..................................................................................... 20 
3.2 Emprego público ................................................................................ 22 
3.3 Função pública ................................................................................... 24 
3.4 Principais diferenças entre cargo, emprego e função pública ............ 25 
3.5 Classificação dos cargos públicos ...................................................... 26 
3.6 Abrangência da expressão “servidores públicos” ............................... 28 
3.7 Principais características dos cargos públicos ................................... 29 
4 CONTROLE DA ADMINISTRÇÃO PÚBLICA ........................................... 31 
4.1 Controle parlamentar de correção ...................................................... 34 
4.2 Controle parlamentar de correção pelo Congresso Nacional ............. 34 
4.3 Controle parlamentar de correção pela Câmara dos Deputados ....... 35 
4.4 Controle parlamentar de correção pelo Senado Federal .................... 35 
4.5 Controle de correção exercido pelo Tribunal de Contas, no 
desempenho de sua competência constitucional independente de controle externo 
financeiro- orçamentário ........................................................................................ 35 
4.6 Controle parlamentar de fiscalização ................................................. 36 
4.7 Controle de fiscalização pelo Congresso Nacional, por qualquer de 
suas Casas ............................................................................................................37 
 
 
 
3 
 
4.8 Controle parlamentar de fiscalização pelas Casas Legislativas 
separadamente ou por qualquer de suas Comissões ............................................ 37 
4.9 Controle parlamentar de fiscalização pela Câmara dos Deputados ... 37 
4.10 Controle constitucional autônomo de fiscalização através do Tribunal 
de Contas................................................................................................................38 
4.11Controle parlamentar de fiscalização pela Câmara dos Deputados ..... 39 
5 CONTROLE JUDICIÁRIO ......................................................................... 40 
5.1 Natureza do controle judicial .............................................................. 41 
6 ORDEM JURÍDICA ................................................................................... 45 
7 OS CONFLITOS DE INTERESSES E O DIREITO PÚBLICO .................. 47 
8 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .......................................................... 49 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno, 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
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2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
Fonte: static.pexels.com 
Entende -se por Administração Pública toda atividade desenvolvida pelo Estado 
através de seus órgãos públicos destinados a executar atividades de interesse 
coletivo. Existem três níveis de atuação na administração pública: federal, estadual e 
municipal. Criam órgãos para realização de determinadas tarefas de acordo com a 
sua competência. Administrar é comandar, dirigir, governar. Quando os interesses são 
públicos temos administração pública (SILVA, 2016). 
Nos seus artigos 37 e 38, a Constituição Federal de 1988 expressa disposições 
gerais acerca da Administração Pública e, nos artigos 39 e 40, aborda a questão dos 
servidores públicos e das particularidades deles, com destaque para o regime jurídico 
único que recai sobre esse grupo. Neste capítulo, estudaremos os princípios explícitos 
aplicáveis à Administração Pública e os institutos de desconcentração e 
descentralização, por meio dos quais se formam órgãos e pessoas jurídicas 
pertencentes à Administração Pública Indireta. Para isso, devemos reconhecer o que 
é a Administração Pública Direta e o que é a Administração Pública Indireta, 
comparando-as entre si. Por fim, distinguiremos servidor público de empregado 
 
 
 
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público e analisaremos os seus respectivos regimes previdenciários (FERNANDES, 
2018). 
Ao estudarmos os princípios expressos aplicáveis à Administração Pública 
brasileira, necessariamente devemos colacionar o art. 37 da Constituição Federal de 
1988, uma vez que, no seu caput, encontram-se tais princípios: 
 
 legalidade; 
 impessoalidade; 
 moralidade; 
 publicidade; 
 Eficiência; 
 
O princípio da legalidade evidencia a busca constante pela lei e se aplica 
tanto ao âmbito público quanto ao privado, tendo em vista que o art. 5º, II, da 
Constituição dispõe que “[...] ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude de lei” (BRASIL, 1988). Assim, para o particular, há a 
possibilidade de fazer tudo o que a lei não proíbe. Por outro lado, no caso da 
Administração Pública, devemos adotar a interpretação vinculativa e restritiva, 
segundo a qual a Administração só pode realizar os atos previstos em lei. 
Paulo e Alexandrino (2017, p. 357) explicam o funcionamento da legalidade na 
esfera pública e na privada: 
O princípio da legalidade administrativa tem, para a administração pública, 
um conteúdo muito mais restritivo do que a legalidade geral aplicável à 
conduta dos particulares (CF, art. 5º, II). Por outro lado, para o administrado, 
o princípio da legalidade administrativa representa uma garantia 
constitucional, exatamente porque lhe assegura que a atuação da 
administração estará limitada estritamente ao que dispuser a lei. 
A impessoalidade, por sua vez, possui duas formas distintas de aplicação. A 
primeira maneira de aplicar esse princípio consiste na proibição de promoção pessoal 
por meio da maquinaria pública, de modo que o administrador público não pode valer-
se dos atos administrativos em prol de interesses pessoais. O art. 37, § 1º, determina: 
A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos 
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, 
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem 
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos (BRASIL, 1988). 
 
 
 
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Assim, o desrespeito à Constituição pode levar oresponsável a responder por 
ato de improbidade administrativa, regulado pela Lei nº. 8.429, de 2 de junho de 1992 
(BRASIL, 1992). 
A segunda forma de aplicar o princípio da impessoalidade visa proibir o 
administrador público ou o responsável pelo ato de afastar-se do interesse público, 
pois não pode haver pessoalização do ato administrativo. Logo, quando a 
Administração Pública age, não deve buscar o favorecimento de ninguém em 
particular, mas o bem público. Com o intuito de respeitar a legalidade, a Administração 
Pública realiza concursos públicos e licitações para só então efetuar contratos, por 
exemplo (FERNANDES, 2018). 
O terceiro princípio, a moralidade, impõe aos agentes públicos a atuação 
profissional honesta, que consiste em agir com probidade. O termo “probo” significa 
“honesto”, “reto” e, portanto, o agente que não atuar de forma proba, isto é, honesta, 
responde pelo que chamamos de improbidade. 
É certo que a expressão “moralidade administrativa” não é de compreensão 
instantânea e rigorosa, embora tenha sido erigida em princípio constitucional 
a ser atendido pela Administração Pública (art. 37). Ela abrange o sentido 
ético da conduta do administrador, visando a fazer coincidir o licitum com o 
honestum. Quer dizer: em face da moralidade administrativa o que não é 
honesto é ilícito, mesmo que formalmente se atenha às normas vigentes. A 
moralidade repudia frontalmente o brocardo non omne quod licet honestum 
est (FERREIRA FILHO, 2012, p. 276) 
O art. 37, § 4º, da Constituição versa que “[...] os atos de improbidade 
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função 
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação 
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível” (BRASIL, 1988). Nesse contexto, 
a violação do princípio da moralidade acarreta as consequências previstas no referido 
dispositivo, bem como a declaração de nulidade do ato administrativo. 
Já a publicidade determina que a atuação da Administração Pública deve ser 
transparente e de acesso público, o que fundamenta o direito de acesso à informação 
de todos os atos realizados. Esse sempre foi compreendido como um princípio 
administrativo, pois se entende que o Poder Público, justamente por ser público, deve 
agir com a maior transparência possível a fim de que os administrados tenham, a 
qualquer hora, conhecimento do que os administradores fazem. Sobretudo, exige-se 
 
 
 
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que se publiquem atos que devem surtir efeitos externos, ou seja, fora dos órgãos da 
Administração (SILVA, 2005). 
Atentemos ao fato de que o princípio da publicidade encontra limite no próprio 
Texto Constitucional, conforme constamos com base no art. 5º, XXXIII, acerca do 
sigilo ser imprescindível à segurança da sociedade e do Estado: 
[...] todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu 
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no 
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo 
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado [...] (BRASIL, 
1988). 
O último princípio expresso é o da eficiência, segundo o qual a Administração 
Pública deve agir de forma eficiente, mediante ações qualificadas nas atividades 
administrativas e, para tanto, outros princípios que facilitam o entendimento podem 
ser somados, como o princípio da economicidade (atuação que busque a economia 
de gastos) e o princípio da celeridade (busca pelo agir mais rápido possível), dentre 
outros. Assim, restam expostos os princípios expressos, também conhecidos como 
princípios básicos, aplicáveis à Administração Pública Direta e à Administração 
Pública Indireta. Neste momento, cabe explicarmos o que são a Administração Direta 
e a Indireta, atentando às distinções entre uma e outra (FERNANDES, 2018). 
2.1 Administração Pública Direta e Indireta 
Para entendermos o que são a Administração Pública Direta e a Indireta, 
devemos conhecer os institutos da descentralização e da desconcentração. A 
desconcentração ocorre quando uma pessoa jurídica desconcentra a sua atuação ao 
criar órgãos dentro da sua própria estrutura. Assim, há a divisão de funções e 
prestações de serviço dentro da própria pessoa jurídica. Contudo, os órgãos criados 
não possuem personalidade jurídica própria. Por outro lado, quando se trata de 
descentralização, sucede a criação de novas pessoas jurídicas para que sejam 
concedidas as competências para a atuação do serviço público: 
A Administração Pública pode ser classificada em direta e indireta. A 
Administração Pública direta é constituída por um conjunto de órgãos 
administrativos ligado diretamente ao Poder Executivo de cada ente 
federativo. A Administração Pública indireta é constituída de forma 
descentralizada, por um conjunto de órgãos que está ligado a entidades 
personalizadas, que, por sua, 48 Da Administração Pública vez são ligados 
 
 
 
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ao Poder Executivo de cada ente federativo. A Administração Pública indireta 
compreende as autarquias, as empresas públicas, as sociedades de 
economia mista e as fundações públicas (AGRA, 2018, p. 431-432 apud 
2018). 
 centralizada, quando executa as tarefas atribuídas diretamente por 
intermédio de órgãos e agentes da Administração Direta; 
 descentralizada, quando desempenha algumas das suas atribuições por 
meio de outra pessoa jurídica e não pela Administração Direta; 
 desconcentrada, quando a execução das funções é dívida em órgãos, de 
modo que a distribuição das atribuições se dá internamente, ou seja, dentro 
da mesma pessoa jurídica 
 
A Administração Pública Direta é composta pelos entes federativos, que são 
a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, sobre o quais exerce atuação 
direta. Assim, a Constituição Federal de 1988 define quais são as competências e a 
autonomia político-administrativa de cada um dos seus entes. Em contrapartida, a 
Administração Pública Indireta é o conjunto de pessoas jurídicas vinculadas (não 
são subordinadas) à Administração Pública Direta. A sua competência é 
descentralizada, ou seja, diz respeito às pessoas jurídicas que restaram criadas pela 
Administração Pública Direta pelo instituto da descentralização para realizar os 
serviços públicos de forma indireta. Essas pessoas jurídicas são as fundações, as 
autarquias, as sociedades de economia mista e as empresas públicas (FERNANDES, 
2018). 
O fundamento para a descentralização da Administração Pública Direta 
encontra-se no art. 37, XIX, da Constituição Federal: “[...] somente por lei específica 
poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de 
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste 
último caso, definir as áreas de sua atuação” (BRASIL, 1988). 
Na esfera federal, há o Decreto-Lei nº. 200, de 25 de fevereiro de 1967, que 
dispõe acerca da organização da Administração federal e que também pode ser 
consultado para o entendimento da Administração Pública estadual, distrital e 
municipal, pois estabelece no seu art. 4º: 
Art. 4º A Administração Federal compreende: I — A Administração Direta, que 
se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da 
Presidência da República e dos Ministérios 
 
 
 
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II — A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de 
entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: 
a) Autarquias; 
b) Empresas Públicas; 
c) Sociedades de Economia Mista; 
d) fundações públicas. 
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administração Indireta 
vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência estiver enquadrada 
sua principal atividade (BRASIL, 1967). 
Nesse sentido, vale destacarmos algumas características das pessoas 
jurídicas que compõem a Administração Pública Indireta. É o que faremos a seguir. 
Assim como os entes federativos, as autarquias são pessoas jurídicas dedireito 
público, conforme explicitado no art. 41 do Código Civil: 
Art. 41 São pessoas jurídicas de direito público interno: 
I — a União; 
II — os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III — os Municípios; 
IV — as autarquias, inclusive as associações públicas; 
V — as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. 
Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que 
se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto 
ao seu funcionamento, pelas normas deste Código (BRASIL, 2002). 
As autarquias contam com personalidade jurídica de direito público porque são 
as únicas criadas por leis específicas na Administração Pública Indireta. As demais 
pessoas jurídicas são autorizadas como instituições. Além disso, é interessante 
notarmos que as autarquias estão sujeitas à tutela, que é o controle finalístico para 
verificar se a entidade está cumprindo as suas finalidades, e possuem autonomia 
administrativa e financeira, embora não possuam autonomia política. Os seus atos e 
contratos são administrativos e, portanto, sujeitam-se à Lei nº. 8.666, de 21 de junho 
de 1993, e ao controle dos tribunais de contas. São dotadas de patrimônio próprio, 
transferido do ente que a criou, que, logo, são bens públicos. As autarquias também 
possuem os mesmos privilégios conferidos à Administração Direta; possuem 
dirigentes próprios, podendo haver a participação do Poder Legislativo na escolha (art. 
52, III, d); e os seus agentes são servidores públicos estatutários. São exemplos de 
autarquia o Banco Central do Brasil (Bacen), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente 
(Ibama), o Instituto Nacional de Serviço Social (INSS), entre outras (BRASIL, 1993). 
As fundações são autorizadas a instituição por lei específica, mas a sua 
constituição depende do registro no registro civil de pessoas jurídicas (art. 45 do 
Código Civil) (BRASIL, 2002). Portanto, trata-se de pessoas jurídicas de direito 
 
 
 
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privado e a definição das suas áreas de atuação ocorre por intermédio de lei 
complementar (art. 37, XIX, da Constituição) (BRASIL, 1988). Além disso, os seus 
servidores são regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a sua 
finalidade possui caráter social, cujo viés pode ser a pesquisa, a educação, a cultura, 
etc. Para exemplificarmos algumas fundações, podemos pensar, por exemplo, na 
Fundação Nacional do Índio (Funai), na Fundação Estadual de Proteção ao Meio 
Ambiente (Fepam) e no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e 
Tecnológico (CNPq). 
As empresas públicas também são autorizadas a instituição por lei específica. 
Entretanto, a sua constituição também depende do registro no registro civil de pessoas 
jurídicas (art. 45 do Código Civil), como no caso das fundações (BRASIL, 2002). 
Assim, as empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, prestam 
serviços públicos e podem explorar atividades econômicas, possuem capital 
exclusivamente público, podem adotar qualquer forma societária e os seus servidores 
também são regidos pela CLT. Como exemplos, temos a Empresa Brasileira de 
Correios e Telégrafos (EBTC), o Serviço Federal de Processamento de Dados 
(Serpro) e a Caixa Econômica Federal. 
Por fim, as sociedades de economia mista se assemelham às empresas 
públicas, uma vez que também são autorizadas a instituição por lei específica, mas a 
sua constituição depende do registro no registro civil de pessoas jurídicas (art. 45 do 
Código Civil), e, logo, são pessoas jurídicas de direito privado (BRASIL, 2002). 
Ademais, as sociedades de economia mista também prestam serviço público e podem 
explorar atividades econômicas. Todavia, elas apresentam diferenças em relação às 
empresas públicas por possuírem capital público e privado e pelo seu tipo societário 
ser o de sociedade anônima. Como exemplos, podemos recorrer ao Banco do Brasil 
S/A e à Petrobras S/A. 
Entendidas a Administração Pública Direta e a Indireta, assim como a forma 
como se desconcentram ou se descentralizam para melhor atender o interesse 
público, resta-nos distinguir o papel do servidor público e o do empregado público, 
bem como os regimes previdenciários próprios de cada grupo (FERNANDES, 2018). 
 
 
 
 
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As agências reguladoras são autarquias em regime especial. Além das 
características próprias das autarquias, essas agências possuem prerrogativa de 
dirigente com mandato fixo, de forma que os seus agentes só podem ser dispensados 
mediante processo administrativo disciplinar, renúncia ou condenação judicial 
transitada em julgado. São exemplos de agências reguladoras a Agência Nacional de 
Telecomunicações (Anatel), a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre outras (FERNANDES, 2018). 
2.2 Servidor público versus empregado público 
Para melhor distinguirmos servidor público de empregado público, 
primeiramente precisamos ressaltar que: 
A expressão agentes públicos tem sentido amplo. Significa o conjunto de 
pessoas que, a qualquer título, exercem uma função pública como prepostos 
do Estado. Essa função, é mister que se diga, pode ser remunerada ou 
gratuita, definitiva ou transitória, política ou jurídica. O que é certo é que, 
quando atuam no mundo jurídico, tais agentes estão de alguma forma 
vinculados ao Poder Público. Como se sabe, o Estado só se faz presente 
através das pessoas físicas que em seu nome manifestam determinada 
vontade, e é por isso que essa manifestação volitiva acaba por ser imputada 
ao próprio Estado. São todas essas pessoas físicas que constituem os 
agentes públicos (CARVALHO FILHO, 2018, p. 707 apud FERNANDES, 
2018). 
Assim, os servidores públicos são uma categoria de agentes públicos, 
conforme determina a própria Constituição Federal. Perante a Constituição de 1988, 
com as alterações introduzidas pela Emenda Constitucional nº. 18, de 1998, pode- -
se dizer que são quatro as categorias de agentes públicos (DI PIETRO, 2018 Apud 
FERNANDES, 2018): 
 
1. agentes políticos; 
2. servidores públicos; 
3. militares; 
4. particulares em colaboração com o Poder Público. 
 
 
 
 
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Em sentido amplo, trata-se de toda pessoa física que presta serviço público às 
Administrações Direta ou Indireta, tem vínculo empregatício e cuja remuneração é 
paga pelo erário público (FERNANDES, 2018). 
São denominados por uns de agentes administrativos, mas a expressão não 
é adequada, porque diz menos do que o sentido que se deve emprestar à 
expressão servidores públicos. Na realidade, existem muitos servidores 
públicos que desempenham funções diversas da função administrativa do 
Estado. Por outros, são denominados de funcionários públicos, expressão 
também inadequada, já que, além de banida da Constituição, tem sentido 
mais restrito do que a de servidores públicos, e isso porque, na verdade, eram 
assim considerados apenas os servidores estatutários que integravam a 
estrutura dos entes federativos (Administração Direta), o que indica que se 
tratava de uma categoria dos servidores públicos. Estes, por sua vez, 
integram a Administração Direta, as autarquias e as fundações públicas 
autárquicas, sob qualquer regime funcional (CARVALHO FILHO, 2018, p. 710 
apud FERNANDES, 2018). 
Dentro da categoria dos servidores públicos, estão compreendidos: 
 
 Os servidores estatutários, sujeitos ao regime estatutário e ocupantes de 
cargos públicos; 
 Os empregados públicos, contratados sob o regime da legislação 
trabalhista e ocupantes de emprego público; 
 Os servidores temporários, contratados por tempo determinado para 
atender à necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 37, 
IX, da Constituição). 
 
Esses indivíduos exercem função sem estarem vinculados a cargo ou emprego 
público. Com base nesses conceitos, podemos afirmar que há uma distinção entre os 
servidores estatutários, que são todos os que ocupam cargopúblico efetivo, ou seja, 
que foram aprovados em concurso público de provas ou de provas e títulos (art. 37, 
II, da Constituição) e têm por regime previdenciário o regime jurídico único. 
 
 Vejamos o disposto no art. 40 da Constituição Federal: 
Art. 40 Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é 
assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, 
mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e 
inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio 
financeiro e atuarial e o disposto neste artigo (BRASIL, 1988). 
 
 
 
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No que tange aos empregados públicos, compreendem os ocupantes de 
emprego público, ou seja, que foram contratados pela Administração Pública com 
regime de contratação regido pela CLT e cujo regime previdenciário é o regime geral 
da previdência social, conforme disposto no art. 201 da Administração Pública 53 
Constituição. São exemplo aqueles que trabalham nas entidades da Administração 
Pública Indireta de natureza privada, como empresas públicas, sociedades de 
economia mista e fundações (FERNANDES, 2020). 
 
Descentralização 
 
Quando os próprios entes federativos — isto é, União, estados, Distrito Federal 
e municípios — são responsáveis pela prestação dos seus serviços, dizemos que a 
prestação é centralizada. Porém, quando a Administração Pública direta cria pessoas 
jurídicas especializadas para a transferência da prestação de determinados serviços, 
dizemos que há a descentralização (CARVALHO, 2016 apud BARBOZA, 2019). 
 
O objetivo da descentralização é proporcionar maior eficiência à prestação 
de serviços públicos, uma vez que ela será realizada por entes especializados, que 
se dedicarão, de forma específica, àquela finalidade. A descentralização 
administrativa é, inclusive, um princípio da organização administrativa (BARBOZA, 
2019). 
Nesse sentido, Carvalho (2016, p. 149) afirma: 
Princípio da descentralização administrativa: também se pauta na busca pela 
eficiência, por meio de especialização na execução das atividades do Estado. 
A descentralização consiste na transferência da prestação de serviços do 
ente federativo para outras pessoas jurídicas especializadas na execução 
destas atividades que atuarão mediante controle do Estado. Nesse sentido, 
o texto do decreto estabelece que, para melhor desincumbir-se das tarefas 
de planejamento, coordenação, supervisão e controle e, com o objetivo de 
impedir o crescimento desmesurado da máquina administrativa, a 
Administração procurará desobrigar-se da realização material de tarefas 
executivas, recorrendo, sempre que possível, à execução indireta, mediante 
contrato, desde que exista, na área, iniciativa privada suficientemente 
desenvolvida e capacitada a desempenhar os encargos de execução. Ou 
seja, a descentralização poderá ser feita para entes da própria administração 
pública ou para particulares capacitados (Apud BARBOZA, 2019). 
 
 
 
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Assim, o objetivo da descentralização é permitir que os órgãos da 
Administração Pública direta possam se concentrar melhor nas suas atribuições, 
como o planejamento e o controle, por exemplo, deixando a cargo dos entes criados 
por eles, que constituem a Administração Pública indireta, a execução. Tudo isso visa 
conferir aos serviços públicos maior eficiência, afinal, tais serviços serão prestados 
por entes criados especificamente para o cumprimento dessa finalidade 
(BARBOZA,2019). 
 
A descentralização não pode ser confundida com a desconcentração. Esta 
última ocorre quando a distribuição de competências é feita de maneira inteira, ou 
seja, dentro da mesma pessoa jurídica. O instituto da desconcentração está 
relacionado à hierarquia (CARVALHO, 2016 apud BARBOZA, 2019). A 
descentralização, portanto, acontece de maneira externa, e a transferência de 
atribuições se dá à pessoa jurídica diversa. Na desconcentração, ocorre a divisão de 
competências dentro da mesma pessoa jurídica (BARBOZA, 2019). 
 
Cabe salientar que existem duas espécies de descentralização: a 
descentralização política e a descentralização administrativa. A descentralização 
política se dá: 
[...] quando a pessoa descentralizada possui autonomia para execução de 
suas atividades, com possibilidade de elaboração das próprias leis; possuem 
uma legitimidade que decorre da própria Constituição. É a descentralização 
feita pela Constituição Federal ao dividir a competência entre os entes 
federativos (CARVALHO, 2016, p. 159, BARBOZA, 2019). 
Esse exemplo de descentralização que decorre da própria Carta Magna é muito 
elucidativo, pois é fácil visualizar a divisão da Nação em União, Estados, Distrito 
Federal e municípios. Entretanto, é fácil vislumbrar também que todos são partes 
integrantes da Nação. Apesar da distribuição de competências entre os diferentes 
entes federativos, todos eles formam parte da organização político-administrativa do 
Brasil. 
Existe também a descentralização administrativa, que é o foco deste capítulo, 
que corresponde à Administração Pública indireta. Esta ocorre “[...] quando o que 
existe é a criação de entes personalizados com poder de determinações legais 
 
 
 
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expedidas pela entidade central. É feita aos entes da administração indireta ou aos 
particulares” (CARVALHO, 2016, p. 159, BARBOZA, 2019). 
Ou seja, quando a Administração Pública direta (entes federativos) cria 
pessoas jurídicas especializadas para a transferência de atribuições que 
originalmente eram suas, ocorre a descentralização administrativa. Como visto, pode 
ocorrer da Administração Pública direta para a indireta ou até mesmo a particulares, 
como a exemplo dos consórcios públicos (BARBOZA, 2019). 
2.3 Autarquias, agências reguladoras e fundações 
O art. 37, XIX, da Constituição Federal trata da criação de entidades da 
Administração Pública indireta. Para que ela possa ser criada — como é o caso das 
autarquias — ou autorizada — como ocorre com as fundações públicas, as empresas 
públicas e as sociedades de economia mista —, é necessária a criação de uma lei 
específica com essa finalidade. A Administração Pública indireta é constituída pelos 
seguintes entes (BRASIL, 1988): 
 
 autarquias; 
 fundações públicas; 
 empresas públicas; 
 sociedades de economia mista. 
 
De acordo com Scatolino e Trindade (2016), a autarquia é a pessoa jurídica de 
direito público que foi criada mediante lei específica para que possa desempenhar 
atividades tipicamente estatais, a exemplo de fiscalização, regulação, seguridade 
social, entre outras. Está sujeita ao controle do próprio órgão da Administração Pública 
direta que a criou, podendo atuar em diversas áreas, como, por exemplo: 
 
 assistencial (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária); 
 previdenciária (Instituto Nacional do Seguro Social); 
 cultural (Universidade Federal do Paraná); 
 
 
 
 
17 
 
Já as agências reguladoras têm o objetivo de organizar o setor que será 
regulado pela respectiva agência. De acordo com Scatolino e Trindade (2016, p. 167): 
Com efeito, o Estado, no intuito de ser mais eficiente, menos burocrático e 
diminuir sua estrutura, percorre um processo de modernização que tem 
íntima relação com a criação de agências reguladoras, que fiscalizam e 
editam normas técnicas para o controle de atividades realizadas por 
particulares. Foi nesse cenário que surgiu uma das maiores novidades no 
direito brasileiro: a criação de entidades incumbidas de regular atividades que 
serão desempenhadas por particulares mediante concessão, permissão ou 
autorização. Assim, o Estado deixará de ser o prestador para atuar na figura 
de regulador, garantida sua prestação de forma adequada (BARBOZA, 2019). 
As agências reguladoras são, portanto, entidades da Administração Pública 
indireta, podendo ser consideradas uma autarquia especial.A sua finalidade é a 
regulação; isto é, o controle, a organização e a fiscalização de normas técnicas sobre 
as atividades que desempenham os particulares. Como exemplo de agências 
reguladoras, podemos citar: 
 
Agência Nacional de Telecomunicações; 
Agência Nacional de Energia Elétrica; 
Agência Nacional de Cinema; 
Agência Nacional de Saúde; 
 
As fundações podem ser consideradas, de acordo com Carvalho (2016, p. 188), 
uma “[...] personificação de um patrimônio com determinada finalidade 4 
Administração indireta de cunho não econômico”. As fundações podem ser privadas 
ou públicas. As fundações públicas subdividem-se em outras duas espécies: 
fundações públicas de direito público e fundações públicas de direito privado. 
Caso sejam criadas sob o regime jurídico de direito público, as fundações 
públicas receberão natureza jurídica de autarquia e a denominação de autarquia 
fundacional (CARVALHO, 2016 apud BARBOZA, 2019). De acordo com Scatolino e 
Trindade (2016), quando o Estado cria uma fundação com personalidade jurídica de 
direito privado, ele nunca se submete completamente ao regime privado. Nesse caso, 
o regime será híbrido. 
As fundações públicas de direito público gozam de certas prerrogativas que não 
são aplicáveis às fundações públicas de direito privado, como, por exemplo: 
 
 
 
 
18 
 
 prazos processuais diferenciados; 
 privilégios fiscais; 
 prescrição quinquenal. 
2.4 Consórcios públicos, empresas públicas e sociedades de economia mista 
De acordo com Scatolino e Trindade (2016, p. 170): 
Os consórcios públicos são pessoas jurídicas formadas exclusivamente por 
entes da federação, nos termos do artigo 241, da CF, e da Lei nº 11.107/05, 
para a prestação de serviços públicos, na forma de gestão associada. Os 
entes federativos, ao formarem o consórcio público, deverão constituir 
associação, que o administrará. No entanto, essa associação pode ser de 
direito privado ou de direito público, sendo que nesse último caso terá a 
natureza de autarquia (Apud BARBOZA, 2019). 
Memorizando: O consórcio público é uma associação entre os entes 
federativos, União, estados, Distrito Federal e municípios com o intuito de destinar 
bens e até mesmo pessoal para a realização de objetivos de interesse comum. O 
consórcio público é, portanto, uma associação pública ou pessoa jurídica de direito 
privado, conforme o disposto no § 1º do art. 1º da Lei nº. 11.107, de 6 de abril de 2005 
(BRASIL, 2005). Tal legislação, inclusive, dispõe sobre as normas gerais de 
contratação de consórcios públicos (Apud BARBOZA, 2019). 
 
As empresas estatais podem ser divididas em duas modalidades: as empresas 
públicas e as sociedades de economia mista, que são criadas mediante uma lei que 
as autorize. De acordo com Carvalho (2016), a principal diferença entre elas é o 
capital, pois, na empresa pública, o capital é totalmente público, sem qualquer 
participação de particulares, enquanto que, na sociedade de economia mista, o capital 
é misto, metade público e metade privado (Apud BARBOZA, 2019). 
Outra grande diferença encontra-se na forma societária. Na empresa pública, 
permite-se qualquer forma societária, desde que admitida em Direito. Na sociedade 
de economia mista, a forma societária deverá ser obrigatoriamente a sociedade 
anônima. São exemplos de empresas públicas: 
 
 
 
 
19 
 
 Caixa Econômica Federal; 
 Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária; 
 Correios. 
 
São exemplos de sociedades de economia mista: 
 
 Petrobras; 
 Banco do Brasil; 
 Eletrobrás. 
 
Carvalho (2016) diz que a finalidade da criação de empresas estatais, como as 
empresas públicas e as sociedades de economia mista, é a prestação de serviços 
públicos por meio de delegação do ente estatal ou ainda para que sejam exploradas 
certas atividades econômicas, mas sempre de interesse coletivo (Apud BARBOZA, 
2019). 
3 CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA 
 
Fonte: radiojotafm.com.br 
 
 
 
20 
 
Os serviços públicos são executados a partir das pessoas físicas que compõem 
a estrutura estatal e que realizam as suas atividades em prol do Estado. Essas 
pessoas físicas, em razão das funções que exercem e da espécie de vínculo que 
detêm com o Poder Público, diferenciam-se em razão da aplicação de um sistema de 
regras diferenciado a cada uma delas. Dessa organização, derivam as unidades 
jurídicas de cargo, emprego e função pública, cada qual com as suas peculiaridades 
e condições para o seu exercício, sem, contudo, manter o elo principal entre elas, que 
é a representação estatal (VALGOI, 2019). 
Alguns agentes, pela forma de vínculo com a Administração Pública, assumem 
cargos públicos, enquanto outros são detentores de empregos públicos ou, ainda, 
ocupam somente uma função pública, a qual requer a assunção de cargo e emprego 
na estrutura organizacional da Administração Pública (VALGOI, 2019). 
3.1 Cargo público 
O exercício de toda e qualquer função pública decorre da expressa previsão 
em lei. O princípio da legalidade estrita está previsto no art. 37 da Constituição 
Federal: “Art. 37 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao 
seguinte: [...]” (BRASIL, 1988, documento on-line). Será, portanto, a lei, então, que vai 
definir — de acordo com a área de atuação, complexidade e qualificação necessária 
— as atribuições a serem exercidas pelos servidores públicos. A organização dessas 
atribuições é feita com base no critério de divisão do trabalho (VALGOI, 2019). 
Assim, para cada conjunto de atribuições definido por lei, caberá um vínculo 
específico com o servidor público, que deterá o dever institucional de cumprir suas 
funções. Esse conjunto de atribuições é chamado de cargo público. De acordo com 
Mello (2009, p. 226), os cargos públicos: 
[...] são as mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem 
expressadas por um agente, previstas em número certo, com denominação própria, 
retribuídas por pessoas jurídicas de Direito Público e criadas por lei, salvo quando 
concernentes aos serviços auxiliares do Legislativo, caso em que se criam por 
 
 
 
21 
 
resoluções, da Câmara ou do Senado, conforme se trate de serviços de uma ou de 
outra destas Casas. 
No âmbito da União Federal, a Lei nº. 8.112, de 11 de dezembro de 1990, 
também define cargo público no art. 3º: “Art. 3º Cargo público é o conjunto de 
atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser 
cometidas a um servidor” (BRASIL, 1990). 
O ocupante do cargo público, portanto, é servidor público, que é espécie do 
gênero agente público. Na conceituação de Di Pietro (2013), o agente público seria 
toda pessoa física que presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da 
Administração Indireta. Desse modo, a expressão agente público é gênero que define 
toda e qualquer pessoa que preste, ainda que por diversas formas de relação, um 
serviço ao Estado. A partir da natureza dessa relação jurídica, nascem diversas 
espécies (VALGOI, 2019). 
Segundo a doutrina de Mello (2009), seguida por Di Pietro (2013), o gênero 
“agente público” comportaria três espécies, quais sejam: 
 
 agente políticos; 
 servidores públicos; 
 particulares em colaboração com o Poder Público; 
 
Na clássica doutrina de Meirelles (2014), seriam cinco espécies: 
 
1. agente político; 
2. agente administrativo; 
3. agente honorífico; 
4. agente delegado; 
5. agente credenciado. 
 
O cargo público se trata de uma unidade jurídica existente na estrutura da 
Administração Pública, instituído por lei, visando à prestação de atribuições 
específicas exercidas por servidores públicos submetidos ao regime estatutário, 
sendo que a lei que cria o cargo público fixará um padrão remuneratório que será22 
 
devido ao seu titular, bem como definirá uma denominação própria para que se 
diferencie dos demais cargos (VALGOI, 2019). 
 
A criação de cargos públicos decorre de lei, por iniciativa do Poder cuja 
estrutura integrará. Segundo o inciso X do art. 48 da Constituição Federal (BRASIL, 
1988), somente por meio de lei serão realizadas a criação, transformação e extinção 
dos cargos públicos. Além disso, a formatação das atribuições, a denominação e a 
remuneração correspondentes necessariamente decorrem do texto da lei (VALGOI, 
2019). 
Portanto, caberá a cada Poder estatal (assim entendidos o Poder Executivo, 
Legislativo e Judiciário), de cada ente da federação, determinar, por meio da edição 
de lei, a criação de seus cargos. No âmbito da União, por exemplo, será de iniciativa 
do Presidente da República a lei que dispor sobre a criação e extinção de cargos no 
âmbito do Poder Executivo; competirá ao Congresso Nacional a criação dos cargos 
no Poder Legislativo, consoante disposto no art. 51, IV, da Constituição Federal 
(BRASIL, 1988); e cabe aos tribunais a iniciativa das leis que ensejarão a criação de 
cargos vinculados à sua estrutura (VALGOI, 2019). 
Mesmo sendo expressa a condição de que a criação e a extinção de cargos 
públicos deverão ser realizadas mediante lei, a Constituição Federal (BRASIL, 1988) 
definiu uma exceção a essa regra, nos moldes do art. 84, VI, ao prever a possibilidade 
de o Presidente da República, mediante decreto, extinguir cargos, empregos e 
funções, quando vagos, ou seja, quando não ocupados por um agente (VALGOI, 
2019). 
3.2 Emprego público 
O emprego público se trata de unidade jurídica, também dotada de atribuições, 
porém ocupada por um servidor celetista, ou seja, aquele que detém vínculo contratual 
com a Administração Pública, pois celebrou com esta um contrato de trabalho, nos 
termos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 
Segundo Mello (2009) os empregos públicos são núcleos de encargos de 
trabalho permanentes a serem preenchidos por agentes contratados para 
 
 
 
23 
 
desempenhá-los, sob relação trabalhista, conforme prevê a Lei Federal nº. 9.962, de 
22 de fevereiro de 2000 (VALGOI, 2019). 
Portanto, os empregados são detentores de empregos públicos e se submetem 
ao acordo firmado com o respectivo ente público, ou seja, ao contrato de trabalho, que 
se submete às garantias constitucionais previstas no art. 7º da Constituição Federal e 
às normas da CLT (Decreto-Lei nº. 5.452, de 1º de maio de 1943). Essas normas, no 
entanto, definem garantias mínimas que devem ser asseguradas pelo empregador, a 
partir da assinatura do contrato, podendo ser ampliadas mediante ajuste próprio 
(VALGOI, 2019). 
Na União Federal, a CLT é norma subsidiária às disposições da Lei Federal nº. 
9.962/2000, que regula o regime de emprego público do pessoal da Administração 
Pública Federal Direta, autárquica e fundacional, que define que o contrato de trabalho 
será celebrado por prazo indeterminado e somente poderá ser rescindido por ato 
unilateral da Administração Pública, nas hipóteses do art. 3º daquela lei (VALGOI, 
2019). 
O regime de emprego não é mais utilizado na Administração Pública Direta, 
autárquica e fundacional, em razão da suspensão da redação do caput do art. 39 da 
Constituição Federal, atribuída pela Emenda Constitucional (EC) nº. 19, de 4 de junho 
de 1998, que restaurou a vinculação aos entes públicos, da adoção de um único 
regime jurídico. Portanto, com a concessão da medida cautelar na Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI) nº. 2.135, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu 
os efeitos da nova redação do caput do art. 39, dando efeitos ex nunc, ou seja, não 
retroagindo os efeitos, que valeram somente a partir da data da decisão. O acórdão 
referente à decisão foi publicado em 7 de março de 2008 (VALGOI, 2019). 
Assim, durante o período de vigência da redação do art. 39, caput, da 
Constituição Federal, atribuída pela EC nº. 19/1998, os eventuais empregos públicos 
estabelecidos foram reconhecidos como constitucionais, como, por exemplo, os 
agentes comunitários de saúde, que, nos termos da Lei nº. 11.350, de 5 de outubro 
de 2006, poderão ser constituídos na forma de cargos ou emprego público, conforme 
art. 14 daquela lei (VALGOI, 2019). 
 
 
 
 
24 
 
Hoje, o regime de emprego na União fica restrito às contratações de 
pessoal nas empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas 
de direito privado. A criação de empregos públicos — segundo o disposto nos termos 
do art. 61, § 1º, II, a, da Constituição Federal — deve se dar mediante lei e, em razão 
da aplicação do princípio do paralelismo das formas, também somente por lei poderá 
ser extinto (BRASIL, 1988). Assim, para que seja juridicamente possível a contratação 
do empregado público, este deve ter sido previamente aprovado em concurso público 
de provas ou provas e títulos, nos moldes do art. 37, II, da Constituição Federal, ainda 
que as atividades venham a ser desempenhadas nos entes privados da administração 
descentralizada (VALGOI, 2019). 
3.3 Função pública 
Consideram-se funções públicas as atribuições desempenhadas por um 
servidor que não titulariza um cargo ou emprego público. Assim, a função pública é 
sinônimo de atribuições (conjunto de atribuições a serem prestadas por um servidor). 
Nessa linha de entendimento, não existe cargo ou emprego que não constitua uma 
série de funções, definidas expressamente nos termos da lei (VALGOI, 2019). 
Em alguns determinados casos, no entanto, haverá o exercício de atribuições 
públicas pelo agente, mas este não ocupará qualquer cargo ou emprego público. 
Essas tarefas são definidas como funções públicas em sentido estrito. A partir 
do Texto Constitucional (BRASIL, 1988), podemos estabelecer dois tipos de funções 
que não correspondem a cargo ou emprego público: 
1 - funções exercidas por servidores contratados temporariamente, consoante 
disposto nos termos do art. 37, IX, da Constituição Federal; 
2 - funções atinentes à chefia, à direção ou ao assessoramento, que são 
chamadas de funções de confiança, de livre nomeação e livre exoneração, previstas 
no art. 37, V, da Constituição Federal (VALGOI, 2019). 
Também são funções públicas o exercício das atividades de mesário no dia das 
eleições e as atividades de jurado no tribunal do júri. As funções de confiança somente 
serão preenchidas por servidores efetivos, de carreira, e se limitam ao critério de 
escolha mediante confiança direta da autoridade nomeante. Por isso, a nomeação 
 
 
 
25 
 
para o exercício dessas funções não depende de qualquer critério de seleção, assim 
como não há qualquer garantia de sua manutenção no exercício das atividades, 
podendo ser exonerado a qualquer tempo (VALGOI, 2019). 
3.4 Principais diferenças entre cargo, emprego e função pública 
Entre as principais diferenças entre o cargo e o emprego público em relação às 
funções públicas, está o vínculo entre o servidor ocupante de cargo público e o Estado. 
Isso porque o vínculo do ocupante de cargo público decorre de lei, enquanto o 
emprego público tem seu vínculo advindo de um contrato estabelecido entre o 
empregado e a Administração Pública (VALGOI, 2019). 
 Além disso, os empregos públicos são estabelecidos por meio de contrato de 
trabalho, regido pela CLT, enquanto os cargos são ocupados nos termos da lei, por 
meio de um ato administrativo chamado de provimento. 
A Constituição Federal, nos termos do art. 37, I, traz expressa menção sobre as três 
figuras — cargo, emprego e função —, porém, ao definir a exigência do concurso 
público nos termos do inciso II do mesmo art. 37, traz referência somente a cargo e 
emprego público, não englobando o exercício da função pública (BRASIL, 1988). Isso 
porque a exigência de per si se demonstraria incompatível com a própria natureza da 
função, já que, conforme mencionado, aqueles que a exercemsão contratados 
temporariamente para atender a necessidades urgentes da Administração Pública ou 
então são ocupantes de função de confiança (VALGOI, 2019). 
 
Muito embora o art. 37, II, da Constituição Federal não atribua 
expressamente a obrigatoriedade de as funções públicas se submeterem ao concurso 
público como meio de ingresso na Administração Pública, as cortes de contas do País 
recomendam aos entes que realizem a seleção dos contratados temporários por 
excepcional interesse público, na forma do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal, 
mediante a realização de processo seletivo simplificado. Essa exigência é uma 
interpretação à luz do disposto no caput do mesmo dispositivo, face ao princípio 
constitucional, aplicado à Administração Pública, da impessoalidade (BRASIL, 1988). 
 
 
 
26 
 
3.5 Classificação dos cargos públicos 
Os cargos públicos podem ser classificados quanto à situação perante o quadro 
funcional como cargos em carreira e cargos isolados. Na doutrina do professor Jose 
dos Santos Carvalho Filho (2014), a carreira pode ser compreendida como o conjunto 
de classes funcionais cujos integrantes vão percorrendo Cargo, emprego e função 
pública 7 diversos patamares de que se constitui a progressão funcional. As classes 
são compostas de cargos que tenham as mesmas atribuições. Assim, os quadros de 
cargos em carreira permitem que ocorra um avanço profissional por meio de um 
provimento chamado de promoção, o que não ocorre com os cargos isolados. Em uma 
segunda classificação, os cargos podem se diferenciar, em razão das garantias e 
características, como: 
 
 cargos vitalícios; 
 cargos efetivos; 
 cargos de provimento em comissão. 
 
Nessa classificação, os cargos estão divididos em relação à garantia de 
permanência no serviço público pelos seus ocupantes. A garantia contra perda de 
cargos públicos respeita o princípio democrático, ao não se permitir que ocorram 
disputas políticas, colisão aos princípios constitucionais, proibindo a manipulação de 
servidores públicos pelo agente político mal-intencionado (VALGOI, 2019). 
Os cargos vitalícios são os mais protegidos contra a perda, uma vez que seus 
ocupantes só poderão perdê-los por sentença judicial transitada em julgado, ou seja, 
sentença judicial da qual não caiba mais nenhuma espécie de recurso. Fora essa 
hipótese, nenhum detentor de cargo vitalício poderá ser forçado a deixar o seu cargo. 
Hoje em dia, são cargos vitalícios: 
 
 Magistrado; 
 Membro do Ministério Público; 
 Membros dos Tribunais de Contas; 
 
 
 
 
27 
 
Os cargos efetivos têm como característica garantir a seus ocupantes, após 3 
anos de efetivo exercício, a estabilidade. Após a aquisição da estabilidade, o ocupante 
de cargo efetivo só poderá perdê-lo em quatro hipóteses: 
 
 Sentença judicial transitada em julgado, 
 Processo administrativo disciplinar (PAD), no qual seja assegurada ampla 
defesa e contraditório; 
 Processo periódico para avaliação de desempenho; 
 Excesso de despesa com funcionalismo público (no caso da União, se a 
despesa com o funcionalismo ultrapassar 50% da receita corrente líquida, 
poderá haver exoneração de servidores estáveis, desde que cumpridas 
todas as formalidades legais para tanto). 
 
Os ocupantes de cargos de provimento em comissão, também chamados 
de cargos de confiança, são aqueles livremente nomeáveis e exoneráveis pelas 
autoridades competentes, ou seja, não necessitam de concurso público para ingressar 
no serviço público, como também não há qualquer processo especial para que sejam 
exonerados (VALGOI, 2019). 
O STF editou súmula vinculante, de obrigatória obediência sobre a nomeação 
para cargo de provimento em comissão e funções de confiança, visando resguardar a 
Administração Pública contra os interesses privados, por meio do nepotismo. A 
Súmula Vinculante nº. 13 (BRASIL, 2008) tem a seguinte redação: 
 A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, 
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade 
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de 
direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão 
ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública 
direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações 
recíprocas, viola a Constituição Federal (VALGOI, 2019). 
A Súmula Vinculante nº. 13 do STF não se aplica à nomeação de ministros 
e secretários estaduais e municipais por se tratarem de agentes políticos. Dessa 
forma, nada impede que um prefeito nomeie o irmão para ser secretário municipal. 
São parentes de terceiro grau: tios e sobrinhos do servidor, da autoridade ou de seus 
 
 
 
28 
 
cônjuges. Esses cargos, tradicionalmente no Brasil, são chamados de nomeáveis e 
exoneráveis ad nutum (VALGOI, 2019). 
 
Os cargos de provimento em comissão podem ser ocupados por servidor de 
carreira ou não. Há a possibilidade de serem criadas, em conjunto com os cargos em 
comissão, as funções de confiança, as quais são de ocupação obrigatória de 
servidores efetivos da Administração Pública (VALGOI, 2019). 
Não é necessário que o ocupante do cargo de confiança seja previamente 
servidor. No entanto, a Constituição Federal dispõe que tais cargos serão ocupados 
por servidores de carreira nos termos, nas condições e nos percentuais mínimos 
previstos em lei, ou seja, em regra, os cargos de confiança podem ser ocupados por 
quem seja servidor anteriormente ou não (VALGOI, 2019). 
No entanto, caberá à lei definir um percentual mínimo em que tais cargos serão 
ocupados por servidores de carreira. É claramente o que afirma o inciso V do art. 37 
da Constituição Federal, com a seguinte redação: 
Art. 37 [...] V — as funções de confiança exercidas exclusivamente por 
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem 
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais 
mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, 
chefia e assessoramento (BRASIL, 1988). 
3.6 Abrangência da expressão “servidores públicos” 
Ainda que pairem controvérsias doutrinárias sobre a conceituação de 
servidores públicos, seguindo a doutrina firmada pela administrativista Maria Sylvia Di 
Pietro (2013, p. 433), os “[...] servidores públicos em sentido amplo seriam as pessoas 
físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da Administração Indireta, com 
vínculo empregatício e mediante remuneração paga pelos cofres públicos”. 
Muito embora a Constituição Federal não tenha utilizado, em seu conteúdo, a 
expressão funcionário público, está se refere à espécie dos servidores submetidos ao 
regime estatutário e se diferencia do empregado público, que seria aquele contratado 
sob o regime da legislação trabalhista, de acordo com a CLT, que ocupa um emprego 
público (VALGOI, 2019). 
Os servidores públicos também se diferenciam dos servidores temporários, que 
são aqueles contratados por tempo determinado para atender a uma necessidade 
 
 
 
29 
 
temporária e de excepcional interesse público, conforme disposto nos termos do inciso 
IX do art. 37, da Constituição Federal (BRASIL, 1988). Esses servidores temporários 
exercem uma função e não ocupam cargo ou emprego público. Assim, a expressão 
“servidores públicos” lato sensu compreende as modalidades de servidores 
estatutários, empregados públicos e servidores temporários (VALGOI, 2019). 
No ano de 2018, o STF firmou tese, em repercussão geral reconhecida, sobre 
a aplicação do critério de livre nomeação e exoneração em razão de cargos em 
comissão, criados no âmbito da Administração Pública. No caso concreto, a lei do 
respectivo ente fixou percentual de cargos em comissão que deveriam 10 Cargo, 
emprego e função pública ser preenchidos obrigatoriamente por servidores efetivos,o que denotaria a exigência, portanto, de aprovação em concurso público para sua 
ocupação. Nesse sentido, restou estabelecido o julgamento: 
Criação de cargos em comissão. Requisitos estabelecidos pela Constituição 
Federal. Estrita observância para que se legitime o regime excepcional de 
livre nomeação e exoneração. Repercussão geral reconhecida. Reafirmação 
da jurisprudência da Corte sobre o tema. 1. A criação de cargos em comissão 
é exceção à regra de ingresso no serviço público mediante concurso público 
de provas ou provas e títulos e somente se justifica quando presentes os 
pressupostos constitucionais para sua instituição. 2. Consoante a 
jurisprudência da Corte, a criação de cargos em comissão pressupõe: a) que 
os cargos se destinem ao exercício de funções de direção, chefia ou 
assessoramento, não se prestando ao desempenho de atividades 
burocráticas, técnicas ou operacionais; b) necessária relação de confiança 
entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado; c) que o número de 
cargos comissionados criados guarde proporcionalidade com a necessidade 
que eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos 
efetivos no ente federativo que os institui; e d) que as atribuições dos cargos 
em comissão estejam descritas de forma clara e objetiva na própria lei que 
os cria. 3. Há repercussão geral da matéria constitucional aventada, 
ratificando-se a pacífica jurisprudência do Tribunal sobre o tema. Em 
consequência disso, nega-se provimento ao recurso extraordinário. 4. Fixada 
a seguinte tese: a) A criação de cargos em comissão somente se justifica 
para o exercício de funções de direção, chefia e assessoramento, não se 
prestando ao desempenho de atividades burocráticas, técnicas ou 
operacionais; b) tal criação deve pressupor a necessária relação de confiança 
entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado; c) o número de cargos 
comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a necessidade 
que eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos 
efetivos no ente federativo que os criar; e d) as atribuições dos cargos em 
comissão devem estar descritas, de forma clara e objetiva, na própria lei que 
os instituir (BRASIL, 2019). 
3.7 Principais características dos cargos públicos 
O cargo público é ocupado por um funcionário público (subgrupo da 
classificação servidor público administrativo), que mantém, com a Administração 
 
 
 
30 
 
Pública, vínculo estatutário. Assim, seja o servidor público efetivo — como sendo 
aquele ingresso no serviço público por meio da submissão ao concurso Cargo, 
emprego e função pública, na forma do art. 37, II, da Constituição Federal — seja o 
servidor comissionado — nomeado em razão da confiança entre este e a autoridade 
nomeante, nos moldes do art. 37, V, da Constituição Federal —, a ambos será 
aplicado o Estatuto dos Servidores Públicos do respectivo ente. Assim, por meio do 
provimento no cargo público, restará o agente vinculado ao desempenho das suas 
atribuições (BRASIL, 1988). 
Em âmbito federal, os funcionários públicos têm como estatuto a Lei nº. 
8.112/1990, conhecida como Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos 
Civis da União (RJU). Portanto, ao detentor de cargo público, não será aplicado outra 
lei que não a do ente pelo qual esteja vinculado, assim como não serão 
automaticamente aplicadas as disposições da CLT (VALGOI, 2019). 
Entre as principais características dos cargos públicos, está a ampla 
acessibilidade. Segundo o art. 37, I, da Constituição Federal, é garantido, em razão 
do princípio da impessoalidade, que os cargos e empregos públicos devam ser 
acessíveis aos brasileiros, natos ou naturalizáveis, exceto aqueles cargos previstos 
no § 3º do art. 12 da Constituição Federal, que são privativos de brasileiros natos e 
que preencherem os requisitos estabelecidos em lei (normalmente a lei de criação do 
cargo ou emprego público), assim como aos estrangeiros, na forma da legislação 
aplicável. Nesse tocante, caberá à lei do respectivo ente competente regular o acesso 
de estrangeiro a cargos públicos. Portanto, não se trata de disposição automática, 
devendo ser regulamentada para bem de ser assegurada a garantia de acesso ao 
estrangeiro (VALGOI, 2019). 
Os cargos públicos, assim como as funções e os empregos públicos, não 
poderão ser cumulados, consoante disposto nos termos do art. 37, XVI, da 
Constituição Federal. Ocorre que, por expressa previsão constitucional, comporta 
exceção tal regra. Vejamos: 
Art. 37 [...] XVI — é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, 
exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer 
caso o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) a de um 
cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou 
empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões 
regulamentadas (BRASIL, 1988); 
 
 
 
31 
 
Portanto, poderão ser cumulados até dois cargos de professor, ou um cargo de 
professor e outro técnico ou científico, e dois cargos ou empregos privativos de 
profissionais da saúde (por exemplo, dois cargos de médico, dois cargos de 
enfermeiro, entre outros), desde que seja comprovada a compatibilidade de horários. 
Outra importante característica do cargo público é a possibilidade de cumulação com 
o cargo de agente político, na forma do art. 38, III, da Constituição Federal. Vejamos: 
Art. 38 Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, 
no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: [...] III 
— investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, 
perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da 
remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada 
a norma do inciso anterior; [...] (BRASIL, 1988). 
Uma garantia inerente ao servidor público detentor de cargo efetivo é 
concessão da estabilidade funcional, que, segundo o art. 41 da Constituição Federal, 
será conferida ao servidor após o decurso de 3 anos de serviço público, mediante a 
aprovação em estágio probatório. Assim, o servidor somente perderá o cargo público 
em virtude de sentença judicial transitada em julgado, mediante processo 
administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa, conhecido como PAD, e 
mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei 
complementar, assegurada ampla defesa, caso não atenda aos critérios de pontuação 
definidos nos termos da lei (VALGOI, 2019). 
4 CONTROLE DA ADMINISTRÇÃO PÚBLICA 
 
Fonte: ocirculo.org.br 
 
 
 
32 
 
O autocontrole, exercido pela Administração sobre os próprios atos – sejam 
unilaterais, bi ou multilaterais –, é aquele que opera com o máximo de abrangência 
sobre todos seus aspectos, transcendendo o exame da juridicidade estrita para 
compreender, também, o do interesse público, ou seja, também exerce um controle 
de mérito, considerando, abrangente e indistintamente, quaisquer aspectos de 
legalidade, de legitimidade e de licitude de seus atos (MOREIRA NETO, 2014). 
De acordo com Moreira Neto (2014), com as classificações definidas, o 
autocontrole, ou controle administrativo, também caracterizado como controle ex 
officio, é interno, de legalidade objetiva, excepcionalmente de legalidade subjetiva, 
exercitável por instrumentos diretos ou indiretos, de ofício ou provocado, podendo ser 
de fiscalização ou de correção e, neste último caso, tanto anulatório quanto sanatório. 
A referência, no tema da modalidade de controle aqui em exame, é sempre à 
Administração, ou seja, ao Estado no exercício de atividades administrativas, que se 
realiza caracteristicamente pela atuação finalística do Poder Executivo, mas, em 
menor escala, se perfaz, também, pela atuação instrumental dos demais Poderes e 
órgãos constitucionalmente autônomos, relativamente a seus atos próprios, pessoal, 
bens e serviços (MOREIRA NETO, 2014). 
 
 
Fonte: udheyner.jusbrasil.com.br33 
 
O autocontrole, que cabe, portanto, a todos e a cada um desses entes e órgãos 
estatais, se apresenta ora preventivo – na fiscalização, ora repressivo – na correção, 
sendo que esta modalidade, a corretiva, voltada à cura do interesse público, operar-
se-á tanto pelo desfazimento quanto pela sanatório do ato inquinado, atentando-se 
que, nesta expressão – desfazimento – incluem-se todas as figuras estudadas, mas 
que, basicamente, se reduzem a dois tipos de autocontrole: o de anulação e o de 
revogação (MOREIRA NETO, 2014). 
Finalmente, quanto à provocação, o autocontrole ora se apresentará 
autoprovocado, como um controle administrativo de ofício, ora como controle 
administrativo provocado, neste último caso, exigindo a legitimação de quem o 
suscite, do órgão público ou do administrado, neste caso, motivado por interesse 
juridicamente protegido, apontado como lesado ou ameaçado (MOREIRA NETO, 
2014). 
O Poder Legislativo, por sua representatividade, é fonte formal de juridicidade. 
Esta alta missão vem acompanhada do correlato controle parlamentar: uma tutela jus 
política, ampla, geral e inespecífica da constitucionalidade, legalidade, da licitude, bem 
como da economicidade da atividade administrativa do Poder Executivo, extensiva à 
administração indireta (art. 49, X, CF) e, por compreensão e no que couber, à 
administração associada (BRASIL, 1988). 
Nos regimes parlamentaristas, a importância deste controle é ainda maior do 
que nos presidencialistas, pois geralmente neles se prevê algum tipo de eficácia 
política corretiva que dele possa decorrer diretamente. 
A Constituição reserva também, excepcionalmente, ao Poder Legislativo, a 
última palavra sobre determinadas hipóteses de injuridicidade subjetiva ratione 
personae, como ocorre nos crimes de responsabilidade de altos agentes (CF, art. 52, 
I e II). 
Consoante as classificações estudadas, o controle parlamentar é um controle 
externo, geralmente direto, de ofício e de fiscalização, e, excepcionalmente, indireto, 
provocado ou de anulação (MOREIRA NETO, 2014). 
Deve-se observar que o controle de fiscalização parlamentar vem assumindo, 
no Estado contemporâneo, importância constitucional cada vez maior, abrindo-se aos 
corpos legislativos, não só novas oportunidades de exercerem certas modalidades 
específicas de controle de juridicidade, como de conhecerem, mais intimamente, as 
 
 
 
34 
 
vicissitudes e os problemas da Administração, permitindo-lhes aprimorar a sua tarefa 
mais importante, que é a formulação da política legislativa do País (MOREIRA NETO, 
2014). 
Examinam-se, a seguir, os dois subtipos de controle parlamentar: o controle 
parlamentar de correção e o controle parlamentar de fiscalização política. 
4.1 Controle parlamentar de correção 
Embora possa também servir à correção da juridicidade, raramente as 
modalidades de controle parlamentar chegam à anulação de atos ou de processos 
administrativos, exaurindo- se, comumente, na imposição de outras sanções. São 
muitas e variadas modalidades, mas todas de previsão constitucional, em razão do 
princípio da separação de Poderes, de modo que, mais prático do que se ensaiar uma 
classificação de cunho objetivo, é preferível arrolar as suas espécies pelo critério 
subjetivo, ou seja, partindo do órgão legislativo competente para exercê-las 
(MOREIRA NETO, 2014). 
Acrescem-se ao rol, as modalidades de controle de correção e de fiscalização 
sobre as contas públicas, a cargo do Tribunal de Contas, órgão constitucional 
independente. 
4.2 Controle parlamentar de correção pelo Congresso Nacional 
1ª) O julgamento das contas prestadas pelo Presidente da República (art. 49, IX); 
2ª) a sustação dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder 
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa (art. 49, V), o denominado veto 
legislativo; 
3º) a apreciação dos atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de 
rádio e televisão (art. 49, XII); e 
4º) a sustação de contrato impugnado pelo Tribunal de Contas (art. 71, § 1º). 
 
 
 
35 
 
4.3 Controle parlamentar de correção pela Câmara dos Deputados 
A autorização para instauração de processo contra o Presidente da República, o Vice-
Presidente da República e os Ministros de Estado (art. 51, I). 
4.4 Controle parlamentar de correção pelo Senado Federal 
1º) O processo e julgamento do Presidente da República e Vice-Presidente nos crimes 
de responsabilidade e os Ministros de Estado, nos crimes da mesma natureza, os 
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, nos crimes da mesma 
natureza conexos com aqueles (art. 52, I, e seu parágrafo único); 
2º) o processo e julgamento dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros 
do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o 
Procurador-Geral da República e do Advogado-Geral da União, nos crimes de 
responsabilidade (art. 52, II, e seu parágrafo único); 
3º) a suspensão parcial ou integral de execução de lei declarada inconstitucional por 
decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal (art. 52, X); e 
4º) a aprovação da exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República, antes 
do término de seu mandato (art. 52, XI). 
4.5 Controle de correção exercido pelo Tribunal de Contas, no desempenho de 
sua competência constitucional independente de controle externo 
financeiro- orçamentário 
1º) O julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis por 
dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluindo-se as 
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e, ainda, 
das contas daqueles que deram causa a perda, extravio ou outra irregularidade de 
que resulte prejuízo ao erário público (art. 71, II); 
2º) A apreciação, para fins de registro, da legalidade dos atos administrativos de 
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e na indireta, incluídas 
as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações 
para cargos de provimento em comissão, bem como a das concessões de 
 
 
 
36 
 
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não 
alterem o fundamento legal do ato concessório (art. 71, III); 
3º) A aplicação, aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou 
irregularidade de contas, das sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras 
cominações, multa proporcional ao vulto do dano causado ao erário (art. 71, VIII); 
4º) A assinatura de prazo para que o órgão ou entidade adote as providências 
necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade (art. 71, IX); 
5º) A sustação, em caso de não atendimento, da execução do ato impugnado, 
comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal (art. 71, X); 
6º) A efetivação de medidas quanto a contratos, quando, em noventa dias, o 
Congresso Nacional ou o Poder Executivo não haja efetivado as providências 
solicitadas (art. 71, § 2.º). 
7º) a representação, ao Poder competente, sobre as irregularidades ou abusos 
apurados (art. 71, XI). 
Como se pode apreciar, compete ao Tribunal de Contas uma cópia de 
atribuições corretivas que ultrapassam as funções típicas de auditoria da contabilidade 
pública, constituindo-se num exemplo de corte administrativa com independência 
constitucional, atuando, como órgão auxiliar não apenas explicitamente do Poder 
Legislativo, como de todos os demais Poderes e órgãos públicos independentes. 
Essas atribuições se aplicam, no que couber, aos órgãos similares dos Estados, 
Distrito Federal e Municípios (art. 75, CF). 
4.6 Controle parlamentar de fiscalização 
Esta é, sem dúvida, a mais ampla modalidade de controle exercitável de Poder 
a Poder e face aos órgãos constitucionalmente independentes. Embora limitada 
quanto a seus efeitos imediatos, pois não leva à correção dos atos investigados, seu 
espectro é vastíssimo conformandoo amplo controle político parlamentar, através do 
qual os temas da legalidade e da legitimidade são permanentemente levantados, 
questionados e debatidos. Por isso, Manoel Gonçalves Ferreira Filho tem-no 
considerado como “talvez hoje a principal contribuição dos parlamentos para o 
processo político” (MOREIRA NETO, 2014). 
 
 
 
37 
 
Do mesmo modo que o controle parlamentar de correção, sua conformação e 
suas funções de fiscalização são estritamente constitucionais, não se podendo 
ampliá-las, nem por via regulamentar interna, nem, muito menos, por via interpretativa, 
em razão do princípio da separação de Poderes (art. 2º, CF). 
4.7 Controle de fiscalização pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas 
Casas 
1º) a fiscalização e o controle, por cláusula geral de competência, dos atos do Poder 
Executivo, inclusive da administração indireta (art. 49, X); 
2º) a instituição de comissões parlamentares de inquérito com poderes de 
investigação próprios das autoridades judiciais, para apuração de fato determinado e 
por prazo certo, podendo ser, as suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao 
Ministério Público, para o fim de promover a responsabilidade civil ou criminal dos 
infratores acaso indigitados (art.58, § 3.o); e 
3°) o encaminhamento, pelas respectivas Mesas, de pedidos escritos de informações 
a Ministros de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à 
Presidência da República (art. 50, § 2º). 
4.8 Controle parlamentar de fiscalização pelas Casas Legislativas 
separadamente ou por qualquer de suas Comissões 
1º) A convocação dos Ministros de Estado ou quaisquer titulares de órgãos 
diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, 
informações sobre assunto previamente determinado ou para oferecê-las por escrito 
(art. 50). 
4.9 Controle parlamentar de fiscalização pela Câmara dos Deputados 
A tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao 
Congresso Nacional dentro de 60 dias após a abertura da sessão legislativa (art. 51, 
II). 
Às modalidades apresentadas, poder-se-iam acrescentar, ainda, todas as 
hipóteses em que o Congresso Nacional ou o Senado Federal, separadamente, 
 
 
 
38 
 
coparticipam, obrigatoriamente, de certas atividades administrativas de relevante 
importância política, como sejam, exemplificativamente, para o Congresso Nacional: 
a fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas (art. 48, III); a transferência 
temporária da sede do Governo (art. 48, VII); a autorização ao Presidente da 
República para declarar guerra, celebrar a paz ou permitir o trânsito de forças 
estrangeiras pelo território nacional (art. 49, II); e, no caso do Senado Federal: aprovar 
a escolha de titulares de altos cargos públicos (art. 52, III e IV); 
Autorizar operações externas de natureza financeira (art. 52, V); fixar, por 
proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida 
consolidada da União, dos Estados e dos Municípios (art. 52, VI); dispor sobre limites 
globais e condições para as operações de crédito, externo e interno, da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades 
controladas pelo Poder Público federal (art. 52, VII); dispor sobre limites e condições 
para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno 
(art. 52, VIII) e estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida 
mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 52, IX). 
4.10 Controle constitucional autônomo de fiscalização através do Tribunal de 
Contas 
Essa modalidade, que se subsume na anterior, é ainda mais específica em 
função de duas características: primeiro, por tratar-se de uma auditoria contábil sui 
generis, e, segundo, por ser exercida por órgão constitucionalmente independente e 
apolítico: o Tribunal de Contas da União (art. 71, caput). 
Essa modalidade de controle externo vem definida pela própria Constituição 
como “a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da 
União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, 
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas” (art. 
70, caput), uma expressão que implica um amplo controle técnico da gestão 
administrativo-financeira, que prepara e se integra com o controle político privativo dos 
órgãos parlamentares, democraticamente representativos (MOREIRA NETO, 2014). 
O controle externo complementa os sistemas de controle interno, que os três 
Poderes deverão manter, na forma da lei e para os mesmos efeitos acima descritos 
 
 
 
39 
 
(art. 70, in fine). Na execução dessa atribuição fiscalizadora, o Tribunal de Contas 
poderá: 
1º) Realizar inspeções e auditorias (art. 71, IV); 
2º) Fiscalizar as empresas supranacionais de cujo capital social a União participe (art. 
71, V); 
3º) Fiscalizar a aplicação de recursos repassados pela União, mediante convênio ou 
quaisquer outros pactos, às demais entidades políticas (art. 71, VI); 
4º) Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados (art. 
71, XI). 
As normas estabelecidas quanto à fiscalização contábil financeira, operacional 
e patrimonial exercida pelo Tribunal de Contas da União, se aplicam, no que couber, 
às atividades similares dos Tribunais de Contas dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Tribunais de Contas e Conselhos de Contas dos Municípios (art. 75), que não poderão 
ter, todavia, mais de sete integrantes (art. 75, parágrafo único). 
4.11 Controle parlamentar de fiscalização pela Câmara dos Deputados 
A tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao 
Congresso Nacional dentro de 60 dias após a abertura da sessão legislativa (art. 51, 
II). 
A tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao 
Congresso Nacional dentro de 60 dias após a abertura da sessão legislativa (art. 51, 
II). 
Às modalidades apresentadas, poder-se-iam acrescentar, ainda, todas as 
hipóteses em que o Congresso Nacional ou o Senado Federal, separadamente, 
coparticipam, obrigatoriamente, de certas atividades administrativas de relevante 
importância política, como sejam, exemplificativamente, para o Congresso Nacional: 
 
 
 
40 
 
5 CONTROLE JUDICIÁRIO 
 
Fonte: pt.pngtree.com 
O controle judiciário, ou judicial, ou, ainda, jurisdicional, é o controle de correção 
por excelência nos Estados de Direito e uma de suas características políticas 
distintivas (MOREIRA NETO, 2014). 
Abrange tanto a prestação juspolítica garantidora da juridicidade objetiva como 
a prestação tipicamente jurisdicional, garantidora da juridicidade subjetiva. 
Atua, em regra, por provocação e, em casos especialíssimos, sempre previstos 
em lei, de ofício, sendo, portanto, basicamente um controle reativo e, por isso, 
desprovido de fiscalização, salvo em algumas atividades espere de cunho 
administrativo, como ocorre na tutela dos interesses da infância e da adolescência e 
no âmbito penitenciário (MOREIRA NETO, 2014). 
Como ao controle judiciário é atribuída, constitucionalmente, a decisão final 
sobre a lesão de direito e, mesmo à sua ameaça (art. 5.o, XXXV), cabe-lhe empregar 
a hiperatividade estatal como seu last enforcing power – ou seja, ministrando a 
decisão constritiva final – que pode obrigar qualquer pessoa, física ou jurídica, 
inclusive os próprios entes estatais, seus órgãos e agentes, a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa exigida em lei (MOREIRA NETO, 2014). 
 
 
 
41 
 
Pela decisiva contribuição do controle judicial para a realização do Estado de 
Direito – que se entrelaça com o Direito Constitucional, no que toca à forma federativa 
de Estado, à separação de Poderes, às garantias constitucionais e, sobretudo, à 
preservação das liberdades e garantias individuais, por se tratar de cláusula pétrea 
constitucional

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