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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 3 2 ANATOMIA CARDÍACA ..................................................................... 4 2.1 Envoltórios cardíacos .................................................................. 5 2.2 Vascularização do coração ....................................................... 10 2.3 Câmaras Cardíacas................................................................... 14 2.4 Valvas cardíacas ....................................................................... 18 3 CIRCULAÇÃO SISTÊMICA E PULMONAR ..................................... 21 3.1 Circulação pulmonar (Pequena circulação) ............................... 22 3.2 Circulação sistêmica (Grande circulação) ................................. 23 3.3 Circulação coronariana.............................................................. 24 4 FISIOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR ........................... 27 4.1 Ciclo cardíaco ............................................................................ 29 4.2 Bulhas cardíacas ....................................................................... 35 4.3 Débito cardíaco ......................................................................... 36 4.4 Regulação do volume sistólico .................................................. 37 4.5 Regulação da frequência cardíaca ............................................ 39 5 PRINCIPAIS DOENÇAS CARDIOVASCULARES ........................... 41 5.1 Insuficiência cardíaca ................................................................ 42 5.2 Doença arterial coronariana ...................................................... 45 5.3 Arritmias cardíacas .................................................................... 47 5.4 Cardioversão e desfibrilação ..................................................... 61 6 EXAME FÍSICO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR ...................... 62 6.1 Dados subjetivos para o exame físico ....................................... 62 6.2 Exame físico .............................................................................. 64 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 74 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 ANATOMIA CARDÍACA Fonte: sanarmed.com O coração é o órgão responsável pelo bombeamento do sangue através do corpo. É um órgão muscular, oco, situado na porção mediastinal da cavidade torácica, entre o osso esterno e a coluna vertebral, abraçado pelos pulmões e acima do diafragma. Está disposto obliquamente e seu ápice mais inclinado para o lado esquerdo do plano mediano. (ANDRADE FILHO e PEREIRA, 2015) Fonte: MARTINI, TIMMONS e TALLITSCH, 2009 5 Formado por quatro câmaras: átrios direito e esquerdo e ventrículos direito e esquerdo. Os átrios são câmaras de recepção que bombeiam sangue para os ventrículos (as câmaras de ejeção). As ações sincrônicas das duas bombas atrioventriculares (AV) cardíacas (câmaras direita e esquerda) constituem o ciclo cardíaco. O ciclo começa com um período de alongamento e enchimento ventricular (diástole) e termina com um período de encurtamento e esvaziamento ventricular (sístole). (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014) O coração é uma bomba dupla, auto ajustável, de sucção e pressão, cujas partes trabalham em conjunto para impulsionar o sangue para todos os locais do corpo. O lado direito do coração (coração direito) recebe sangue pouco oxigenado (venoso) do corpo pelas VCS e VCI e o bombeia através do tronco e das artérias pulmonares para ser oxigenado nos pulmões. O lado esquerdo do coração (coração esquerdo) recebe sangue bem oxigenado (arterial) dos pulmões através das veias pulmonares e o bombeia para a aorta, de onde é distribuído para o corpo. (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014) Fonte: escola.britannica.com.br 2.1 Envoltórios cardíacos O coração é uma bomba muscular que produz a força necessária para o sangue circular, sendo assim, ele é formado por quatro diferentes camadas. 6 Cada camada possui uma diferente função, que primariamente auxilia na ação de bomba do coração, permitindo que o sangue flua ao longo do corpo. Segundo VANPUTTE, REGAN e RUSSO (2016), as funções do coração são as seguintes: (apud AMARAL e COSTA, 2019) Gerar pressão arterial: os movimentos de contração e relaxamento do coração geram pressão, que possibilita ao sangue circular; Garantir o fluxo unidirecional: as valvas cardíacas se abrem para a passagem do sangue e se fecham para impedir o seu refluxo; assim, o sangue segue em apenas uma direção (fluxo unidirecional); Regular o fornecimento de sangue: a frequência com que ocorrem as contrações cardíacas aumenta conforme a demanda dos tecidos e também depende do estado em que a pessoa se encontra — em repouso ou realizando exercícios — e das mudanças de posição do corpo (deitado, em pé ou sentado). O coração consegue bombear o sangue devido à força de contração do músculo cardíaco, o miocárdio, o qual é revestido externamente por uma serosa protetora denominada pericárdio. (ANDRADE FILHO e PEREIRA, 2015) Miocárdio O miocárdio é o nome do músculo que forma o coração. Trata-se de um tecido composto de células musculares estriadas especializadas que o diferem do tecido muscular esquelético, por exemplo. Esta diferença está na capacidade de contrair-se e relaxar-se rapidamente, algo que não acontece nos músculos esqueléticos. Cada célula do miocárdio possui um núcleo central, uma membrana plasmática chamada de sarcolema, e numerosas fibras musculares (miofibrilas) que são separadas por variáveis quantidades de sarcoplasma. A unidade miocárdica funcional é chamada de sarcômero. É nesta unidade funcional de contração que reside a diferença entre uma fibra muscular miocárdica e uma esquelética. Para que aconteça o fenômeno da contração, é preciso existir condições favoráveis, como uma ótima irrigação e aporte eletrolítico adequado. Estas condições são providas através de uma irrigação 7 otimizada, o que se verifica pela alta capilarização entre as inúmeras fibras miocárdicas. Epicárdio O epicárdio é a camada de músculo que recobre as superfícies externas do coração. Encontra-se diretamente fundida ao miocárdio, internamente, e está em contato com a camada serosa do pericárdio. Sua função é revestir o miocárdio, delimitando-o como se fosse uma bainha, ou capa. Algumas vezes ela é considerada uma divisão da camada interna do pericárdio. É constituída principalmente de tecido conectivo (conjuntivo), envolvendo e protegendo o coração. Endocárdio O endocárdio é a camada mais interna do coração. Ele forma a camada interna de todas as quatro câmarascardíacas, e está diretamente ligado a todos os apêndices cardíacos internos, como a valva bicúspide, a valva tricúspide, a valva semilunar, a valva aórtica, as cordas tendíneas e os músculos papilares. Sua composição primária consiste de células endoteliais e acredita-se que ela controle a si mesma e o miocárdio, através da distribuição de potenciais de ação pelas fibras de purkinje no interior do músculo cardíaco. Pericárdio A membrana que envolve e protege o coração é o pericárdio. Restringe o coração à sua posição no mediastino, possibilitando liberdade de movimento suficiente para a contração vigorosa e rápida. O pericárdio consiste em duas partes principais: o pericárdio fibroso e o pericárdio seroso. (TORTORA, 2016) Pericárdio fibroso: Superficial, é composto por tecido conjuntivo inelástico, resistente, denso e irregular. Assemelha-se a uma bolsa que repousa sobre o diafragma, fixando-se nele; a extremidade aberta está fundida aos tecidos conjuntivos dos vasos sanguíneos que entram e saem do coração. O pericárdio fibroso impede a hiperdistensão do coração, fornece proteção e ancora o coração no mediastino. 8 O pericárdio fibroso próximo ao ápice do coração está parcialmente fundido ao tendão central do diafragma; por conseguinte, o movimento do diafragma, como na respiração profunda, facilita a circulação do sangue pelo coração. Pericárdio seroso: É mais profundo sendo uma membrana mais fina, delicada, que forma uma dupla camada em torno do coração. A lâmina parietal do pericárdio seroso mais externa está fundida ao pericárdio fibroso. A lâmina visceral do pericárdio seroso mais interna, que também é chamada epicárdio, é uma das camadas da parede do coração e adere firmemente à sua superfície. Entre as camadas parietal e visceral do pericárdio seroso existe uma fina película de líquido seroso lubrificante. Esta secreção das células pericárdicas, conhecida como líquido pericárdico, reduz o atrito entre as camadas do pericárdio seroso conforme o coração se move. O espaço que contém os poucos mililitros de líquido pericárdico é chamado cavidade do pericárdio Fonte: TORTORA, 2016 9 Mediastino: (ANDRADE FILHO e PEREIRA, 2015) É o compartimento central da cavidade torácica. É coberto de cada lado pela pleura mediastinal e contém todas as vísceras e estruturas torácicas, exceto os pulmões. Estende-se da abertura superior do tórax até o diafragma inferiormente e do esterno e cartilagens costais anteriormente até os corpos das vértebras torácicas posteriormente. É uma região muito móvel, pois consiste principalmente em estruturas viscerais ocas (cheias de líquido ou ar) unidas apenas por tecido conjuntivo frouxo, frequentemente infiltrado por gordura. As principais estruturas no mediastino também são circundadas por vasos sanguíneos e linfáticos, linfonodos, nervos e gordura. Nessa região, o tecido conjuntivo torna-se mais fibroso e rígido com a idade, assim as estruturas do mediastino tornam-se menos móveis. Fonte: pt.wikipedia.org 10 2.2 Vascularização do coração Os vasos sanguíneos do coração compreendem as artérias coronárias e veias cardíacas, que conduzem o sangue que entra e sai da maior parte do miocárdio O endocárdio e parte do tecido subendocárdico imediatamente externo ao endocárdio recebem oxigênio e nutrientes por difusão ou por microvascularização diretamente das câmaras do coração. Os vasos sanguíneos do coração, normalmente integrados ao tecido adiposo, atravessam a superfície do coração logo abaixo do epicárdio. Às vezes, partes dos vasos estão entranhadas no miocárdio. Os vasos sanguíneos do coração são afetados pela inervação simpática e parassimpática. (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014) Irrigação arterial do coração: As artérias coronárias, os primeiros ramos da aorta, irrigam o miocárdio e o epicárdio. As artérias coronárias direita e esquerda originam-se dos seios da aorta correspondentes na região proximal da parte ascendente da aorta, imediatamente superior à valva da aorta, e seguem por lados opostos do tronco pulmonar. As artérias coronárias suprem os átrios e os ventrículos; entretanto, os ramos atriais costumam ser pequenos e não são facilmente observados no coração de cadáver. A distribuição ventricular de cada artéria coronária não é bem delimitada. I. Artéria coronária direita (ACD) origina-se do seio da aorta direito da parte ascendente da aorta e passa para o lado direito do tronco pulmonar, seguindo no sulco coronário. Tipicamente, a ACD supre: O átrio direito A maior parte do ventrículo direito Parte do ventrículo esquerdo (a face diafragmática) Parte do septo IV, geralmente o terço posterior O nó SA (em cerca de 60% das pessoas) O nó AV (em cerca de 80% das pessoas). II. Artéria coronária esquerda (ACE): origina-se do seio da aorta esquerdo da parte ascendente da aorta, passa entre a aurícula esquerda e o lado esquerdo do tronco pulmonar e segue no sulco coronário. Tipicamente, a ACE supre: O átrio esquerdo 11 A maior parte do ventrículo esquerdo Parte do ventrículo direito A maior parte do SIV (geralmente seus dois terços anteriores), inclusive o feixe AV do complexo estimulante do coração, através de seus ramos IV septais perfurantes. O nó SA (em cerca de 40% das pessoas). Fonte: br.pinterest.com 12 Fonte: MOORE; DALLEY; AGUR, 2014 Drenagem venosa do coração: (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014) O coração é drenado principalmente por veias que se abrem no seio coronário e em parte por pequenas veias que drenam para o átrio direito. O seio 13 coronário, a principal veia do coração, é um canal venoso largo que segue da esquerda para a direita na parte posterior do sulco coronário. O seio coronário recebe a veia cardíaca magna em sua extremidade esquerda e a veia interventricular posterior e veia cardíaca parva em sua extremidade direita. A veia posterior do ventrículo esquerdo e a veia marginal esquerda também se abrem no seio coronário. A veia cardíaca magna é a principal tributária do seio coronário. Sua primeira parte, a veia interventricular anterior, começa perto do ápice do coração e ascende com o ramo IV anterior da ACE. No sulco coronário, vira-se para a esquerda, e sua segunda parte segue ao redor do lado esquerdo do coração com o ramo circunflexo da ACE para chegar ao seio coronário. A veia cardíaca magna drena as áreas do coração supridas pela ACE. A veia IV posterior acompanha o ramo interventricular posterior (geralmente originado da ACD). Uma veia cardíaca parva acompanha o ramo marginal direito da ACD. Assim, essas duas veias drenam a maioria das áreas comumente supridas pela ACD. A veia oblíqua do átrio esquerdo (de Marshall) é um vaso pequeno, relativamente sem importância após o nascimento, que desce sobre a parede posterior do átrio esquerdo e funde-se à veia cardíaca magna para formar o seio coronário (definindo o início do seio). A veia oblíqua é o remanescente da VCS esquerda embrionária, que geralmente sofre atrofia durante o período fetal, mas às vezes persiste em adultos, substituindo ou aumentando a VCS direita. 14 Fonte: MOORE; DALLEY; AGUR, 2014 2.3 Câmaras Cardíacas O coração humano possui quatro câmaras, divididas em superiores (átrio direito e átrio esquerdo) e inferiores (ventrículo direito e ventrículo esquerdo). Essas câmaras são divididas longitudinalmente pelo septo interatrial, que separa os átrios, e pelo septo interventricular, que separa os ventrículos. (HAUBERT, 2019) O par de átrios recebe sangue dos vasos sanguíneos que retornam o sangue ao coração, as chamadas veias, enquanto os ventrículos ejetam o sangue do coração para vasossanguíneos chamados artérias. (TORTORA, 2016) 15 Fonte:pinterest.com O ventrículo direito configura a maior parte da superfície anterior do coração. Já o ventrículo esquerdo prevalece na superfície ínfero-posterior do coração e forma o ápice do coração. Os limites das quatro câmaras cardíacas são demarcados por dois sulcos e contêm vasos sanguíneos que o suprem. Sulcos coronários ou atrioventriculares: contornam a junção dos átrios e ventrículos como uma coroa. Sulco interventricular: preenchido pela artéria interventricular anterior, indica a posição anterior do septo que separa os ventrículos direito e esquerdo. Sua continuidade é o sulco interventricular posterior, o qual fornece um ponto de indicação semelhante na superfície póstero-inferior do coração. I. Átrio direito O átrio direito forma a margem direita do coração e recebe sangue venoso da VCS, VCI e seio coronário. A aurícula direita, semelhante a uma orelha, é uma bolsa muscular cônica que se projeta do átrio direito como uma câmara adicional, aumenta a capacidade do átrio e se superpõe à parte ascendente da aorta. O interior do átrio direito apresenta: (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014) Uma parte posterior lisa, de paredes finas (o seio das veias cavas), onde se abrem as veias cavas (VCS e VCI) e o seio coronário, que trazem sangue pouco oxigenado para o coração. 16 Uma parede anterior muscular, rugosa, formada pelos músculos pectíneos. Um óstio AV direito, através do qual o átrio direito transfere para o ventrículo direito o sangue pouco oxigenado que recebeu. As partes lisa e áspera da parede atrial são separadas externamente por um sulco vertical superficial, o sulco terminal e internamente por uma crista vertical, a crista terminal. A VCS se abre na parte superior do átrio direito no nível da 3a cartilagem costal direita. A VCI se abre na parte inferior do átrio direito quase alinhada com a VCS, no nível aproximado da 5a cartilagem costal. II. Átrio esquerdo O átrio direito forma a margem direita do coração e recebe sangue de três veias: a veia cava superior, a veia cava inferior e o seio coronário. (As veias sempre levam o sangue para o coração.) O átrio direito tem cerca de 2 a 3 μm de espessura, em média. As paredes anterior e posterior do átrio direito são muito diferentes. O interior da parede posterior é liso; o interior da parede anterior é áspero, por causa de cristas musculares chamadas de músculos pectíneos, que também se estendem até a aurícula. Entre o átrio direito e o átrio esquerdo existe uma partição fina chamada septo interatrial. (TORTORA, 2016) Fonte: TORTORA, 2016 17 III. Ventrículo direito O ventrículo direito forma a maior parte da face esternocostal do coração, uma pequena parte da face diafragmática e quase toda a margem inferior do coração. Superiormente, afila-se e forma um cone arterial (infundíbulo), que conduz ao tronco pulmonar. No ventrículo direito existem elevações musculares irregulares (trabéculas cárneas) em sua face interna. (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014) Uma crista muscular espessa, a crista supraventricular, separa a parede muscular rugosa na parte de entrada da câmara da parede lisa do cone arterial, ou parte de saída. A parte de entrada do ventrículo recebe sangue do átrio direito através do óstio AV direito (tricúspide), localizado posteriormente ao corpo do esterno no nível do 4º e 5º espaços intercostais. O óstio AV direito é circundado por um dos anéis fibrosos do esqueleto fibroso do coração. O anel fibroso mantém o calibre do óstio constante (suficientemente grande para permitir a passagem das pontas de três dedos), resistindo à dilatação que poderia resultar da passagem de sangue através dele com pressões variadas. (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014) IV. Ventrículo esquerdo O ventrículo esquerdo é a câmara mais espessa do coração, com uma média de 10 a 15 mm. Forma o ápice do coração. Como o ventrículo direito, o ventrículo esquerdo contém trabéculas cárneas e tem cordas tendíneas que ancoram as válvulas da valva atrioventricular esquerda aos músculos papilares. O sangue passa do ventrículo esquerdo através da valva da aorta na parte ascendente da aorta. Um pouco do sangue da aorta flui para as artérias coronárias, que se ramificam da parte ascendente da aorta e transportam o sangue para a parede do coração. A parte restante do sangue passa para o arco da aorta e parte descendente da aorta (partes torácica e abdominal da aorta). Ramos do arco da aorta e da parte descendente da aorta levam o sangue por todo o corpo. (TORTORA, 2016) 18 Fonte: TORTORA, 2016 2.4 Valvas cardíacas Para garantir que o sangue siga uma circulação unidirecional, sem retornos em direção contrária, o coração possui quatro valvas. Elas são constituídas de tecido conectivo denso e recobertas por endotélio. As valvas atrioventriculares são aquelas que fazem a comunicação dos átrios com os ventrículos. A valva tricúspide comunica o átrio e o ventrículo direito, já a valva bicúspide (ou mitral) comunica o átrio e o ventrículo esquerdo. As valvas semilunares se localizam na artéria aorta e no tronco da artéria pulmonar. (AMARAL e COSTA, 2018) I. Valvas atrioventriculares Como estão localizadas entre um átrio e um ventrículo, estas valvas são chamadas atrioventriculares (AV) direita e esquerda. Quando uma valva AV está aberta, as extremidades arredondadas das válvulas se projetam para o ventrículo. Quando os ventrículos estão relaxados, os músculos papilares estão relaxados, as cordas tendíneas estão frouxas, e o sangue se move de uma área 19 de maior pressão no átrio para uma de menor pressão nos ventrículos através das valvas AV abertas. Quando os ventrículos se contraem, a pressão do sangue aciona as válvulas para cima até que suas extremidades se encontrem e fechem a abertura. Ao mesmo tempo, os músculos papilares se contraem, o que traciona e retesa as cordas tendíneas. Isso impede que as válvulas das valvas evertam em resposta à alta pressão ventricular. Se as valvas AV ou cordas tendíneas estiverem danificadas, o sangue pode regurgitar para os átrios quando os ventrículos se contraem. (TORTORA, 2016) Fonte: TORTORA, 2016. II. Válvulas semilunares As valvas da aorta e do tronco pulmonar são compostas por três válvulas semilunares. Cada válvula se insere na parede arterial por sua margem externa convexa. As valvas do tronco pulmonar e da aorta possibilitam a ejeção de sangue do coração para as artérias, mas evitam o refluxo de sangue para os ventrículos. As margens livres das válvulas se projetam parato lúmen da artéria. Quando os ventrículos se contraem, a pressão se acumula nas câmaras. As valvas do tronco pulmonar e da aorta se abrem quando a pressão no ventrículo é superior à pressão nas artérias, possibilitando a ejeção do sangue dos ventrículos para o tronco pulmonar e aorta. Conforme os ventrículos relaxam, o sangue começa a refluir para o coração. Este fluxo sanguíneo retrógrado enche as válvulas da valva, o que faz com que as margens livres das 20 valvas do tronco pulmonar e da aorta se contraiam firmemente uma contra a outra e fechem a abertura entre o ventrículo e a artéria.(TORTORA, 2016) Fonte: TORTOTA, 2016. Fonte: TORTOTA, 2016. 21 3 CIRCULAÇÃO SISTÊMICA E PULMONAR Fonte: planetabiologia.com Circulação sistêmica ou “grande circulação” que distribui sangue aos órgãos e tecidos, atendendo às necessidades metabólicas; e circulação pulmonar de baixa pressão ou “pequena circulação”, em que acontecem as trocas gasosas pelo processo de absorção de oxigênio, expelindo logo após o dióxido de carbono. (CASTRO, 2019) Os dois circuitos estão dispostos em série: a saída de um torna-se a entrada do outro, como aconteceria ao conectar duas mangueiras de jardim. O lado esquerdo do coraçãoé a bomba para a circulação sistêmica; ele recebe sangue oxigenado (rico em oxigênio) vermelho brilhante dos pulmões. O ventrículo esquerdo ejeta sangue para a aorta. A partir da aorta, o sangue se divide em correntes separadas, entrando progressivamente em artérias sistêmicas menores que o transportam a todos os órgãos do corpo – com exceção dos alvéolos dos pulmões, os quais são irrigados pela circulação pulmonar. (TORTORA, 2016) 22 Fonte: TORTORA,2019 3.1 Circulação pulmonar (Pequena circulação) Situa-se do lado direito do coração e corresponde à condução de sangue pobre em oxigênio e rico em dióxido de carbono. Esse sangue entra no átrio direito e passa ao ventrículo direito, sendo bombeado aos pulmões através do tronco pulmonar. Nos pulmões, ocorre a hematose, determinada pela troca de dióxido de carbono por oxigênio. Concluído esse processo, o sangue oxigenado 23 é levado de volta ao lado esquerdo do coração, pelas veias pulmonares e retorna ao átrio esquerdo. (HAUBERT,2019) Fonte: mundoeducacao.uol.com.br 3.2 Circulação sistêmica (Grande circulação) O lado esquerdo do coração é a bomba para a circulação sistêmica; ele recebe sangue oxigenado (rico em oxigênio) vermelho brilhante dos pulmões. O ventrículo esquerdo ejeta sangue para a aorta. A partir da aorta, o sangue se divide em correntes separadas, entrando progressivamente em artérias sistêmicas menores que o transportam a todos os órgãos do corpo – com exceção dos alvéolos dos pulmões, os quais são irrigados pela circulação pulmonar. Nos tecidos sistêmicos, as artérias dão origem a arteríolas de menor diâmetro, que por fim levam a extensos leitos de capilares sistêmicos. A troca de nutrientes e gases ocorre através das finas paredes capilares. O sangue libera O2 (oxigênio) e capta CO2 (dióxido de carbono). Na maior parte dos casos, o sangue flui por meio de um único capilar e então entra em uma vênula sistêmica. As vênulas transportam o sangue desoxigenado dos tecidos e se fundem para 24 formar veias sistêmicas maiores. Por fim, o sangue reflui para o átrio direito. (TOTORA, 2019) Fonte: infoescola.com 3.3 Circulação coronariana Os nutrientes não conseguem se difundir rapidamente o suficiente do sangue das câmaras do coração para suprir todas as camadas de células que formam a parede do coração. Por isso, o miocárdio tem a sua própria rede de vasos sanguíneos, a circulação coronariana ou circulação cardíaca. As artérias coronárias ramificam-se da parte ascendente da aorta e cercam o coração como uma coroa circundando a cabeça. Enquanto o coração está se contraindo, pouco sangue flui nas artérias coronárias, porque elas estão bem comprimidas. Quando o coração relaxa, no entanto, a pressão do sangue elevada na aorta impulsiona o sangue ao longo das artérias coronárias até os vasos capilares e, em seguida, às veias coronárias. (TORTORA, 2016) 25 O coração retrata somente 1/200 do peso corpóreo, porém necessita de aproximadamente 1/20 do suprimento de sangue corporal, o que se dá em função de sua carga de trabalho e também pela importância e frequência com que ele trabalha; como é de se esperar, o ventrículo esquerdo é a parte que recebe o suprimento sanguíneo mais abundantemente. (HAUBERT,2019) A circulação coronariana é a circulação mais curta do corpo, irrigando apenas o músculo cardíaco. Seu suprimento arterial coronariano é fornecido pelas artérias coronárias direita e esquerda, que são originadas da aorta e circulam o coração no sulco coronário. O fluxo da artéria coronária esquerda segue em direção ao lado esquerdo do músculo cardíaco e se divide em dois ramos principais: (HAUBERT,2019) Ramo interventricular anterior: conhecido clinicamente como artéria descendente anterior esquerda, que percorre o sulco interventricular anterior e abastece o septo interventricular e as paredes anteriores de ambos os ventrículos; Ramo circunflexo: irriga o átrio esquerdo e as paredes posteriores do ventrículo esquerdo. O fluxo da artéria coronária direita segue pelo lado direito do coração, onde também se divide em dois ramos: (HAUBERT,2019) Ramo marginal direito: supre o músculo cardíaco do lado direito do coração; Ramo interventricular posterior: circula o sangue para o ápice do coração, suprindo as paredes ventriculares posteriores. Perto do ápice do cardíaco, a artéria coronária forma uma anastomose com a artéria interventricular anterior. Com essa junção, os ramos da artéria coronária direita podem alimentar o átrio direito e a maior parte do ventrículo direito. (HAUBERT,2019) Com o passar do sangue arterial pelos leitos capilares do coração, o sangue se torna venoso e será coletado pelas veias cardíacas que têm trajetos similares aos das artérias coronárias. A junção dessas veias forma o seio coronário, que libera sangue venoso no átrio direito, fazendo com que este retorne para a circulação pulmonar. O seio coronário é visível na vista posterior 26 do coração. O seio coronário tem três grandes condutores: a veia cardíaca magna, que segue pelo sulco interventricular anterior, a veia interventricular posterior ou média, que transcorre o sulco interventricular posterior, e a veia cardíaca parva, que desce ao longo da margem inferior direita do coração. Ademais, outras veias anteriores do ventrículo direito se esvaziam, anteriormente, direto no á trio direito. (HAUBERT,2019) Fonte: TORTORA, 2016 27 4 FISIOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR Fonte: museuescola.ibb.unesp.br O sistema cardiovascular, também conhecido como sistema circulatório, é um dos mais importantes aparelhos do corpo humano, abrangendo-o de forma completa. Esse sistema é regulador de todas as funções em nosso organismo, pois seus componentes, como o sangue e o coração, estão envolvidos nos mais variados processos do corpo. (SILVA, 2019) Fox (2007, apud SILVA, 2019) aponta que as funções do sistema cardiovascular são as seguintes: Transporte de nutrientes; Transporte de gases oxigênio (O2) e dióxido de carbono (CO2); Transporte de produtos de excreção das células para órgãos excretores; Transporte de hormônios e produtos metabólicos; Regulação da temperatura corpórea; Defesa contra agentes patogênicos. O transporte é a principal função do sistema cardiovascular, pois todas as substâncias essenciais para o metabolismo celular são transportadas pela 28 circulação. Essas substâncias podem ser classificadas da seguinte forma (FOX, 2007 apud SILVA, 2019): Respiratórias Os eritrócitos fazem o transporte de oxigênio às células e a eliminação do gás carbônico realizada pelos pulmões. Nos pulmões, o oxigênio do ar inalado se ligar às moléculas de hemoglobina no interior dos eritrócitos e é transportado às células para a respiração. Já o dióxido de carbono produzido na respiração celular é transportado pelo sangue aos pulmões, sendo eliminado quando o ar é exalado pela boca ou narinas. Nutritivas Os nutrientes ingeridos pelo sistema digestório são igualmente levados pelo sangue aos órgãos e tecidos do organismo. Na digestão há a decomposição química e mecânica do alimento, que é absorvido da parede intestinal para o interior dos vasos sanguíneos. Assim, o sangue transporta os nutrientes através do fígado para as células. Excretórias As nossas células também produzem resíduos que precisam ser eliminados do corpo. Dessa forma, os produtos da decomposição metabólica (como a ureia), o excesso de água e de íons e outras moléculas igualmente desnecessárias para o organismo são transportados pelo sangue para os rins, sendo, na sequência excretados, pela urina. A segunda função do sistema cardiovascular é a regulação. Segundo Fox (2007 apud SILVA, 2019), esse sistema contribui para duas regulações do corpo. Hormonal Os hormônios são produzidospelo sistema endócrino e, para chegarem aos órgãos-alvo, eles são distribuídos pelo sangue a esses tecidos distantes, podendo assim desempenhar as funções reguladoras em nosso corpo. Temperatura A regulação da temperatura corporal é bastante auxiliada pelo desvio do sangue dos vasos cutâneos mais profundos para os superficiais — e o contrário também ocorre. Esse processo ocorre da seguinte maneira: quando a temperatura do ambiente é alta, o desvio do sangue vai dos vasos mais 29 profundos para os mais superficiais, ajudando a resfriar o corpo. No entanto, quando a temperatura do ambiente é baixa, o desvio ocorre de forma contrária, ou seja, dos vasos superficiais para os profundos, ajudando a manter o corpo aquecido. A terceira função do sistema cardiovascular pode ser identificada como a de proteção. Esse sistema protege contra a perda sanguínea ocasionada por lesões e contra toxinas ou microrganismos estranhos ao corpo. (FOX, 2007; SILBERNAGL; DESPOPOULOS, 2009 apud SILVA, 2019) Coagulação O processo de coagulação protege o corpo quando ocorre uma lesão em algum vaso, que acarreta perda de sangue. Esse processo também é chamado de homeostasia. Após o rompimento do vaso, ocorre a vasoconstrição, que é a contração do vaso afetado. A seguir, as plaquetas formam uma espécie de tampão na região lesada, impedindo um maior vazamento de sangue para fora da região. Com a coagulação ocorre a transformação de substâncias, sendo a trombina e a vitamina K as principais responsáveis pela regeneração do vaso lesado, fechando a ruptura. Imunológica Esta função é igualmente realizada pelo sangue a partir de sua função protetiva. Os leucócitos (também chamados de glóbulos brancos) são um grupo de várias células, que protegem o nosso corpo dos agentes patogênicos, que nos causam doenças. Além disso, as plaquetas participam ativamente do processo de coagulação sanguínea anteriormente descrito. 4.1 Ciclo cardíaco Um único ciclo cardíaco inclui todos os eventos associados a um batimento cardíaco. Além de envolver uma série de mudanças de pressão que ocorrem nas estruturas internas do coração para promover o fluxo sanguíneo. Assim, um ciclo cardíaco consiste em uma sístole e uma diástole dos átrios mais uma sístole e uma diástole dos ventrículos. Em cada ciclo cardíaco, os átrios e ventrículos se contraem e relaxam alternadamente, forçando o sangue das áreas de alta pressão às áreas de baixa pressão. Enquanto uma câmara do coração 30 se contrai, a pressão arterial dentro dela aumenta (CASTRO, 2018; TORTOTA, 2016) Átrios e ventrículos alternam fases de relaxamento, nas quais são preenchidos com sangue e fases de contração durante as quais são esvaziados, empurrando o sangue para os dois circuitos. Essas fases afetam simultaneamente os dois lados do coração e se alternam, de modo que o fluxo sanguíneo é sempre unidirecional: os átrios recebem o sangue que sai das grandes veias, lançando-o para dentro dos ventrículos. Estes, por sua vez, contraem e bombeiam o sangue para as artérias principais. (CASTRO, 2018) I. Sístole atrial Fonte: diferenca.com Durante a sístole atrial, que dura cerca de 0,1 s, os átrios estão se contraindo. Ao mesmo tempo, os ventrículos estão relaxados. A despolarização do nó SA provoca a despolarização atrial, marcada pela onda P no ECG. A despolarização atrial causa a sístole atrial. Conforme o átrio se contrai, ele exerce pressão sobre o sangue dentro dele, o que o força a passar através das valvas AV abertas para os ventrículos. A sístole atrial contribui com os últimos 25 mℓ de sangue ao volume já existente em cada ventrículo (cerca de 105 mℓ). O fim da sístole atrial é 31 também o fim da diástole ventricular (relaxamento). Assim, cada ventrículo contém cerca de 130 m ℓ no final do seu período de relaxamento (diástole). Este volume de sangue é chamado volume diastólico final (VDF). O complexo QRS no ECG marca o início da despolarização ventricular. Fonte: TORTORA, 2016. II. Sístole ventricular Durante a sístole ventricular, que dura cerca de 0,3 s, os ventrículos se contraem. Ao mesmo tempo, os átrios estão relaxados na diástole atrial. (TORTORA, 2016) A despolarização ventricular provoca a sístole ventricular. Conforme a sístole ventricular começa, a pressão intraventricular se eleva e “empurra” o sangue contra as valvas atrioventriculares (AV), forçando seu fechamento. Por cerca de 0,05 s, as valvas atrioventriculares, do tronco pulmonar e da aorta estão fechadas. Este é o período de contração isovolumétrica. Durante este intervalo, as fibras musculares cardíacas estão se contraindo e exercendo força, mas ainda não estão se encurtando. Assim, a contração muscular é isométrica (mesmo comprimento). Além disso, como as quatro valvas estão fechadas, o volume ventricular permanece o mesmo (isovolumétrica). A contração continuada dos ventrículos faz com que a pressão no interior das câmaras aumente acentuadamente. Quando a pressão ventricular esquerda ultrapassa a pressão aórtica em cerca de 80 milímetros de mercúrio (mmHg) e a pressão ventricular direita sobe acima da pressão no 32 tronco pulmonar (cerca de 20 mmHg), as valvas do tronco pulmonar e da aorta se abrem. Neste momento, começa a ejeção de sangue do coração. O período durante o qual as valvas do tronco pulmonar e da aorta estão abertas é a ejeção ventricular, que tem a duração de cerca de 0,25 s. A pressão no ventrículo esquerdo continua subindo até cerca de 120 mmHg, e a pressão no ventrículo direito sobe para cerca de 25 a 30 mmHg. O ventrículo esquerdo ejeta cerca de 70 mℓ de sangue para a aorta, e o ventrículo direito ejeta o mesmo volume de sangue para o tronco pulmonar. O volume remanescente em cada ventrículo no final da sístole, cerca de 60 mℓ, é o volume sistólico final (VSF). O volume sistólico, o volume ejetado a cada batimento por cada ventrículo, é igual ao volume diastólico final menos o volume sistólico final: VS = VDF – VSF. Em repouso, o volume sistólico é de aproximadamente 130 mℓ – 60 mℓ = 70 mℓ. A onda T do ECG marca o início da repolarização ventricular. III. Período de relaxamento Durante o período de relaxamento, que dura cerca de 0,4 s, os átrios e os ventrículos estão relaxados. Conforme aumenta a frequência cardíaca, o período de relaxamento torna-se cada vez mais curto, enquanto a duração da sístole atrial e da sístole ventricular se encurta apenas discretamente. (TORTORA, 2016) A repolarização ventricular provoca a diástole ventricular. Conforme os ventrículos relaxam, a pressão no interior das câmaras cai, e o sangue da aorta e do tronco pulmonar começa a refluir para as regiões de baixa pressão nos ventrículos. O fluxo retrógrado de sangue atinge as válvulas das valvas e fecha as valvas do tronco pulmonar e da aorta. A valva da aorta se fecha a uma pressão de cerca de 100 mmHg. O refluxo de sangue sobre as válvulas fechadas da valva da aorta produz a onda dicrótica na curva de pressão aórtica. Depois do fechamento das valvas do tronco pulmonar e da aorta, existe um breve intervalo em que o volume de sangue do ventrículo não se modifica porque as quatro valvas estão fechadas. Este é o período de relaxamento isovolumétrico. Conforme os ventrículos continuam relaxando, a pressão cai rapidamente. Quando a pressão ventricular cai abaixo da pressão atrial, as valvas do 33 tronco pulmonar e da aorta se abrem e começa o enchimento ventricular. A maior parte do enchimento ventricular ocorre logo após a abertura das valvas do tronco pulmonar e da aorta. O sangue que fluiu para os átrios e ali se acumulou durante a sístole ventricular então se desloca rapidamente para os ventrículos. No final do período de relaxamento, os ventrículos estão cerca de 75% cheios. A onda P aparece no ECG, sinalizandoo início de outro ciclo cardíaco. Fonte: TORTORA, 2016 Em resumo, as etapas do ciclo cardíaco são descritas a seguir (CASTRO, 2018): Primeira etapa — contração atrial Cerca de 80% do enchimento ventricular é realizado passivamente, mesmo antes do início da contração atrial, e os 20% restantes do enchimento ventricular são devidos à contração atrial. Esse preenchimento ativo dos ventrículos é fundamental durante a atividade física. Quando a pressão no átrio aumenta, o sangue entra nos ventrículos pela válvula mitral aberta. Durante a contração do átrio esquerdo, a pressão e o volume é transferido para o ventrículo esquerdo pela válvula mitral aberta. A válvula 34 aórtica está fechada porque a pressão na aorta é maior que a pressão no ventrículo esquerdo nesse momento. Segunda etapa — contração isovolumétrica É o estágio da contração ventricular quando as válvulas atrioventriculares estão fechadas, mas as válvulas avançadas ainda não são abertas. O ventrículo está se contraindo como uma câmara fechada, sem qualquer alteração no volume e no tamanho do ventrículo. Chamamos de contração isovolumétrica a parte inicial da sístole ventricular. A pressão intraventricular aumenta progressivamente até 80 mmHg, mas não é o suficiente para abrir a válvula aórtica. Enquanto isso, a pressão intra-atrial está aumentando gradualmente em razão do acúmulo de sangue que retorna dos pulmões para o átrio esquerdo e de todo o organismo para o átrio direito. Durante a mesma fase, a aorta bombeia o sangue que contém na parte mais periférica da árvore arterial em razão da sua natureza elástica. Terceira etapa — ejeção ventricular rápida Quando a pressão atinge 81 mmHg, a válvula aórtica se abre. A terceira fase do ciclo cardíaco começou. Os ventrículos continuam contraindo e há um aumento progressivo da pressão intraventricular de até 120 mmHg. Durante essa fase, a válvula aórtica se abre e o sangue é ejetado rapidamente na aorta. Agora, ventrículo esquerdo e aorta se comportam como uma única câmara. As mudanças de pressão ocorridas nos ventrículos resultam em uma transmissão idêntica da pressão para a aorta. Enquanto isso, os átrios ainda recebem sangue. Quarta etapa — ejeção ventricular lenta Nesta fase, o átrio ainda está se comportando como reservatório de sangue. A valva mitral está fechada. Os ventrículos ainda estão se contraindo, mas, em razão da ejeção da pressão intraventricular do sangue, começa a cair. Assim, a pressão na aorta também começa a cair, mas a pressão intraventricular ainda é maior do que a pressão aórtica. A válvula aórtica permanece aberta, levando à ejeção lenta do sangue na aorta. A aorta elástica continua comprimindo o sangue e bombeando-o para a árvore arterial periférica. Quinta etapa — relaxamento isovolumétrico Nesta fase, os ventrículos começam a relaxar. A pressão intraventricular cai rapidamente. No começo, assim que a pressão ventricular se torna menor que a pressão na aorta, a valva aórtica se fecha. Mesmo que a pressão no ventrículo esteja caindo, ainda é alta o suficiente em comparação com a pressão no átrio. Portanto, o ventrículo está relaxando com válvulas fechadas e é conhecido como relaxamento 35 isovolumétrico. Durante essa fase, o átrio ainda está se comportando como reservatório de sangue. Sexta etapa — enchimento ventricular rápido passivo Quando o ventrículo esquerdo começa a relaxar, a pressão no ventrículo esquerdo começa a cair rapidamente até atingir o ponto em que a pressão no ventrículo se torna menor que a pressão no átrio, levando à abertura da válvula mitral. Sangue que antes era acumulado no átrio se apressará no ventrículo. Sétima etapa — enchimento ventricular passivo lento Quando a válvula atrioventricular se abre, o sangue que chega ao átrio se precipita diretamente no ventrículo. Aqui o átrio não está atuando como reservatório. 4.2 Bulhas cardíacas A ausculta, o ato de ouvir sons do corpo, geralmente é feita com um estetoscópio. O som dos batimentos cardíacos é decorrente principalmente da turbulência do sangue causada pelo fechamento das valvas cardíacas. O fluxo tranquilo do sangue é silencioso. Compare os sons de corredeiras ou de uma cachoeira com o silêncio de um rio que flui lentamente. Durante cada ciclo cardíaco, existem quatro bulhas cardíacas, mas em um coração normal apenas a primeira e a segunda bulhas cardíacas (B1 e B2) são auscultadas com um estetoscópio. (TORTORA, 2016) A primeira bulha (B1), a qual pode ser descrita como um som de tum, é mais forte e um pouco mais longa do que a segunda bulha. B1 é causada pela turbulência do sangue associada ao fechamento das valvas AV logo depois de a sístole ventricular começar. (TORTORA, 2016) A segunda bulha (B2), que é mais breve e não tão forte quanto a primeira, pode ser descrita como um som de tá. B2 é causada pela turbulência no sangue associada ao fechamento das valvas do tronco pulmonar e da aorta no início da diástole ventricular. (TORTORA, 2016) Apesar de B1 e B2 serem decorrentes da turbulência do sangue associada ao fechamento de valvas, são mais bem auscultadas na superfície do tórax em locais que são um pouco diferentes das localizações das valvas. Isto porque o som é transportado pelo fluxo sanguíneo para longe das valvas. B3, que normalmente não é intensa o suficiente para ser auscultada, é decorrente 36 da turbulência do sangue durante o enchimento ventricular rápido, e B4 é ocasionada pela turbulência do sangue durante a sístole atrial. (TORTORA, 2016) Fonte: slideshare.net 4.3 Débito cardíaco Débito cardíaco (DC) é a quantidade de sangue bombeada por cada ventrículo em um minuto. Ele é o produto da frequência cardíaca (FC) pelo volume sistólico (VS). Volume sistólico é definido como o volume de sangue bombeado por um ventrículo em cada batimento. Em geral, o volume sistólico é correlacionado com a força da contração ventricular. (MARIEB, 2008) Usando valores normais em repouso da frequência cardíaca (75 batimentos/min) e do volume sistólico (70 ml/ batimento), o valor do DC em um adulto médio pode ser calculado (MARIEB, 2008) Em um homem adulto típico em repouso, o volume sistólico é de 70 mℓ/batimento, em média, e a frequência cardíaca é de cerca de 75 bpm. Assim, o débito cardíaco médio é: (TORTORA, 2016) 37 DC= 70 mℓ/batimento × 75 bpm = 5.250 mℓ/min = 5,25 ℓ/min Este volume é próximo do volume total de sangue, que é de cerca de 5 ℓ em um homem adulto típico. Assim, todo o volume de sangue flui pelas circulações pulmonar e sistêmica a cada minuto. Fatores que aumentam o volume sistólico ou a frequência cardíaca normalmente elevam o DC. (TORTORA, 2016) O DC é muito variável e aumenta substancialmente em resposta a demandas especiais, como correr para alcançar um ônibus. A diferença entre o DC máximo e o de repouso é chamada de reserva cardíaca. Em pessoas não- atletas, a reserva cardíaca em geral é 4 a 5 vezes o DC (20 a 25 mL/ min), mas o DC em atletas treinados pode atingir 35 mL/ min (sete vezes o do repouso) durante a competição. (MARIEB, 2008) A reserva cardíaca é a diferença entre o débito cardíaco máximo de uma pessoa e o débito cardíaco em repouso. A pessoa média tem uma reserva cardíaca de quatro ou cinco vezes o valor de repouso. Os atletas de endurance de elite têm uma reserva cardíaca sete ou oito vezes o seu DC de repouso. As pessoas com cardiopatia grave podem ter pouca ou nenhuma reserva cardíaca, o que limita a sua capacidade de realizar até mesmo as tarefas simples da vida diária. (TORTORA, 2016) 4.4 Regulação do volume sistólico Essencialmente, o VS representa a diferença entre o volume diastólico final (VDF), a quantidade de sangue que se acumula em um ventrículo durante a diástole, e o volume sistólico final (VSF), o volume de sangue que permanece em um ventrículo após ele tercontraído. O VDF, determinado pela duração da diástole ventricular e pela pressão venosa (um aumento em qualquer desses fatores eleva o VDF), normalmente é de cerca de 120 mL. O VSF, determinado pela pressão sanguínea arterial (quanto maior a pressão, maior o VSF) e pela força de contração ventricular, é de aproximadamente 50 mL. (MARIEB, 2008) 38 Portanto, em cada batimento, cada ventrículo bombeia cerca de 70 mL de sangue, o que corresponde a cerca de 60°/o do sangue presente em suas câmaras. (MARIEB, 2008) Um coração saudável bombeia o sangue que entrou em suas câmaras durante a diástole anterior. Em outras palavras, se mais sangue retornou ao coração durante a diástole, então mais sangue será ejetado na próxima sístole. Em repouso, o volume sistólico é de 50 a 60% do volume diastólico final, porque 40 a 50% do sangue permanece nos ventrículos depois de cada contração (volume sistólico final). (TORTORA, 2016) Três fatores regulam o volume sistólico e garantem que os ventrículo esquerdo e direito bombeiem volumes iguais de sangue: pré-carga, o grau de estiramento no coração antes de ele se contrair; contratilidade, o vigor da contração das fibras musculares ventriculares individuais; e pós carga, a pressão que tem de ser sobrepujada antes que possa ocorrer ejeção do sangue a partir dos ventrículos. (TORTORA, 2016) Pré-carga - Efeito do alongamento A maior pré-carga (estiramento) nas fibras musculares cardíacas antes da contração aumenta a sua força de contração. A pré-carga pode ser comparada ao estiramento de uma faixa de borracha. Quanto mais esticada está a faixa de borracha, com mais força ela retornará quando liberada. Dentro de certos limites, quanto mais o coração se enche de sangue durante a diástole, maior será a força de contração durante a sístole. Esta relação é conhecida como a Lei de Frank-Starling do coração. A pré-carga é proporcional ao volume diastólico final (VDF) (o volume de sangue que enche os ventrículos no final da diástole). Normalmente, quanto maior é o VDF, mais forte é a contração seguinte. Contratilidade O segundo fator que influencia o volume sistólico é a contratilidade do miocárdio, a força de contração em uma dada pré-carga. As substâncias que aumentam a contratilidade são agentes inotrópicos positivos; aqueles que 39 diminuem a contratilidade são os agentes inotrópicos negativos. Assim, para uma pré-carga constante, o volume sistólico aumenta quando uma substância inotrópica positiva está presente. Pós-carga A ejeção de sangue do coração começa quando a pressão no ventrículo direito excede a pressão no tronco pulmonar (cerca de 20 mmHg), e quando a pressão no ventrículo esquerdo excede a pressão na aorta (cerca de 80 mmHg). Nesse momento, a pressão mais elevada no sangue faz com que os ventrículos pressionem as válvulas semilunares a abrir. A pressão que precisa ser superada antes de que uma válvula semilunar possa abrir é denominada pós-carga. Um aumento da pós-carga faz com que o volume sistólico diminua, de modo que mais sangue permanece nos ventrículos no final da sístole. As condições que podem aumentar a pós-carga incluem a hipertensão (pressão arterial elevada) e o estreitamento das artérias pela aterosclerose. 4.5 Regulação da frequência cardíaca Dado um sistema circulatório saudável, o VS tende a ser relativamente constante. No entanto, quando o volume de sangue diminui de forma abrupta ou quando o coração está seriamente enfraquecido, o VS diminui, e o DC é mantido pelo aumento da FC e da contratilidade. Estressares temporários também podem influenciar a FC - e, consequentemente, o DC - atuando por meio de mecanismos homeostáticos induzidos neural, química e fisicamente. Fatores que aumentam a FC são chamados de cronotr6picos positivos (crono = tempo); aqueles que diminuem a FC são fatores cronotr6picos negativos. (MARIEB, 2008) 40 Fonte: TORTORA, 2016. 41 5 PRINCIPAIS DOENÇAS CARDIOVASCULARES Fonte: jornaldaqui.com.br As doenças cardiovasculares (DCVs) são distúrbios que afetam o coração e os vasos sanguíneos. São a principal causa de morte no Brasil e no mundo, sendo consideradas um importante problema de saúde pública, que gera grandes custos socioeconômicos aos governos. Pode-se dividir as DCVs em doenças que afetam o coração e as coronárias e doenças que afetam o restante do sistema vascular, todas com grande impacto sobre a vida das pessoas que são acometidas por esse tipo de condição. (RAHMEIER, 2020) A OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde – Brasil (2017), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo: mais pessoas morrem anualmente por essas enfermidades do que por qualquer outra causa. A maioria das doenças cardiovasculares pode ser prevenida por meio da abordagem de fatores comportamentais de risco – como o uso de tabaco, dietas não saudáveis e obesidade, falta de atividade física e uso nocivo do álcool –, utilizando estratégias para a população em geral. Além de histórico familiar de DCV, DCVs congênitas e fatores genéticos, a maior parte das DCVs são causadas pela influência do estilo de vida que as pessoas levam nos dias atuais, em que o descuido com a saúde e a alimentação prevalecem (FREIRE et al., 2017; LEMOS; HAYASIDA, 2018 apud RAHMEIER, 2020). 42 No grupo das DCVs, existem diversas doenças e síndromes que causam distúrbios no funcionamento da musculatura cardíaca, das valvas, das câmaras (átrio e ventrículo) e dos vasos coronários (veias e artérias que irrigam o miocárdio). (LOSCALZO, 2014 apud RAHMEIER, 2020). Fonte: Adaptado de Freire et al. (2017) e Lemos e Hayasida (2018). 5.1 Insuficiência cardíaca A insuficiência cardíaca é um dos principais problemas que afetam o bom funcionamento do coração. Ela atinge cerca de 2% da população adulta global, aumentando exponencialmente com o avanço da idade, chegando a afetar até 43 10% da população acima dos 65 anos. A insuficiência cardíaca se caracteriza por uma série de sinais e sintomas clínicos em decorrência de anormalidade na estrutura ou função cardíaca, que diminui a eficiência do coração em realizar contrações normais, podendo ou não apresentar redução na fração de ejeção (volume de sangue ejetado para fora do coração pela artéria aorta). (RAHMEIER, 2020) Na insuficiência cardíaca congestiva, o coração é uma bomba que está falhando. Ele bombeia menos sangue e com menos eficiência, deixando mais sangue nos ventrículos ao fim de cada ciclo. (CORREA, 2016) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIREITA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESQUERDA Ingurgitamento jugular Dispneia aos esforços e ortopnéia Hepatomegalia congestiva Tosse Edema de membros inferiores Expectoração Ganho de peso Edema pulmonar Ascite Cianose Anorexia Fadiga Náuseas Astenia Fraqueza Oligúria Estertores finos nas bases pulmonares Cardiomegalia, taquicardia, pulso alternante, arritmias, baixa reserva Confusão, dificuldade de concentração, cefaleia, insônia e ansiedade 44 Fonte: CORREA, 2016 I. Assistência de Enfermagem (PIRES, 2019) Administrar O2 para reduzir dispneia e fadiga Posicionar em Fowler para facilitar a respiração e aliviar a congestão pulmonar Registrar intolerância ao decúbito (ortopnéia) e elevá-lo além de 30º se necessário Monitorizar frequência respiratória, profundidade e facilidades respiratória Manter um registro do que foi ingerido e eliminado 45 Pesar diariamente o cliente Auscultar os ruídos pulmonares pelo menos uma vez ao dia Determinar o grau de distensão venosa jugular Identificar e avaliar a gravidade do edema gravitacional Não elevar membros inferiores, na presença de ortopnéia Monitorizar a frequência de pulso e a pressão arterial Examinar o turgor cutâneo e asmucosas para sinais de desidratação Avaliar os sinais de sobrecarga hídrica e avaliar as alterações Observar sinais e sintomas da diminuição da perfusão periférica: pele fria, palidez facial, enchimento capilar retardado Administrar terapêutica prescrita e avaliar a resposta quanto ao alívio de sintomas 5.2 Doença arterial coronariana A doença arterial coronariana (DAC) é uma das DCVs mais frequentes em níveis nacional e mundial e uma grande causa de morbidade e mortalidade. É uma doença que se caracteriza por alterações nas artérias coronárias e que pode causar insuficiência na irrigação cardíaca e consequente redução da oxigenação tecidual. Os fatores de risco gerais para DCV estão todos presentes no desenvolvimento de DAC, como idade avançada, hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes melito, obesidade e sedentarismo. (PINHO et al., 2010; REISNER, 2016). A DAC está fortemente associada à aterosclerose, que causa um bloqueio do fluxo sanguíneo arterial pela presença de placas ateroscleróticas, que levam à estenose da artéria (estreitamento da luz arterial). Porém, qualquer outra alteração que prejudique a funcionalidade das células endoteliais da artéria, que são responsáveis pela vasoconstrição, pela vasodilatação, pela mediação da coagulação, pela agregação plaquetária e pelo tônus muscular vagal, também pode levar ao surgimento de DAC (PINHO et al., 2010; REISNER, 2016). 46 I. Sintomas Apesar de dor ou desconforto no peito ser uma das manifestações mais importantes da doença cardíaca, vale frisar que dor no peito pode também ser sintoma de outro problema, não necessariamente cardíaco. Os seguintes fatores caracterizam a dor no peito e, de acordo com suas características, sugerem qual a origem da dor: tipo e localização da dor, irradiação da dor para outras regiões do corpo, intensidade, duração, fatores desencadeantes e de melhora e piora da dor. (HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN, 2020) A dor no peito, secundária à isquemia miocárdica, tipicamente se manifesta com as seguintes características (ressaltando que, em cada indivíduo, a angina se manifesta sem necessariamente apresentar as características típicas em sua totalidade): dor em aperto, opressão, pressão, peso ou queimação, localizada na região subesternal, ou seja, abaixo do osso esterno (no meio do tórax, entre as costelas). (HOSPITAL ALBERT EINSTEIN, 2020) Contudo, a dor pode se localizar em qualquer porção do tórax, mais frequentemente no meio ou do lado esquerdo, e ainda nos ombros, braços, pescoço, mandíbula, dentes, nas costas (entre as duas escapulas) e até, menos frequente, na porção superior do abdome. Geralmente se inicia na porção anterior do tórax, pode se irradiar para os ombros, braços, pescoço, mandíbula, dentes e costas. (HOSPITAL ALBERT EINSTEIN, 2020) II. Assistência de Enfermagem Repouso absoluto no leito, evitando movimentos bruscos Oxigenioterapia (constante; umidificado) Verificar sinais vitais de 2 em 2 horas (observando alterações nos mesmo, arritmias ou choque cardiogênico) Controle hídrico rigoroso (evitar sobrecarga cardíaca) Prestar cuidados de higiene no leito Administrar medicamentos prescritos Manter ambiente tranquilo Orientar os familiares a evitarem conversas excessivas e assuntos que possam desencadear emoções fortes) Oferecer dieta leve, hipossódica e hipolipédica 47 Orientar o paciente para a alta: Repouso relativo nas primeiras 8 a 12 semanas, retomando gradativamente à vida normal. Manter tranquilidade emocional, equilíbrio entre o sono, repouso e atividades físicas, evitando excessos. Procurar o hospital se ocorrerem sintomas de reincidiva. 5.3 Arritmias cardíacas As arritmias cardíacas são um grupo de disfunções que decorrem do batimento anormal do coração e estão relacionadas a fatores etiológicos como tabagismo, uso de fármacos (digoxina, cimetidina, metadona, betabloqueadores, fenotiazínicos), cafeína, álcool, histórico de infarto ou DAC, doenças preexistentes (doença de Chagas, toxoplasmose), cardiopatias congênitas, distúrbios metabólicos (hipertireoidismo, hiperpotassemia) e condições inflamatórias (pericardite, miocardite).(LOSCALZO, 2014; VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016 apud RAHMEIER, 2020) 48 Fonte: RAHMEIER, 2020 49 I. Principais arritmias cardíacas Bradicardia sinusal: A bradicardia sinusal está presente quanto a frequência cardíaca está abaixo de 60 bpm e o ritmo cardíaco é comandado pelo nódulo sinusal - estrutura que normalmente comanda o ritmo do coração. (PIRES, 2019) Fonte: fisioterapiaparatodos.com Taquicardia sinusal: Como o próprio nome indica, os estímulos são provenientes do nódulo sinusal e há condução adequada dos mesmos. Estes estímulos nascem com uma frequência elevada, chegando a 150bpm. (PIRES, 2019) 50 Fonte: pt.slideshare.net Fibrilação Atrial: É um tipo de arritmia cardíaca em que há movimentos irregulares dos átrios, cujas fibras musculares individuais agem independentemente, não existindo a contração muscular. Os estímulos formados nos átrios têm uma frequência, geralmente, maior que 400bpm. A frequência ventricular é elevada e irregular. No ECG, as ondas aparecem com amplitudes irregulares, incoordenadas. (PIRES, 2019) A fibrilação reduz o enchimento do ventrículo esquerdo, mas não leva a parada cardíaca. O ritmo cardíaco nesta situação é geralmente irregular e rápido e pode levar a desconforto ou sintomas de dispneia. Se houver colapso hemodinâmico (instabilidade pressórica, choque) a cardioversão elétrica é mandatória. (PIRES, 2019) 51 Fonte: minutoenfermagem.com.br Flutter atrial: O Flutter atrial ocorre no átrio e cria impulsos com uma frequência atrial entre 250 e 400 vezes por minuto. Como a frequência atrial é mais rápida do que o nódulo AV pode conduzir, nem todos os impulsos atriais são conduzidos dentro do ventrículo. As ondas têm o aspecto denteado. A frequência ventricular é geralmente regular. O tratamento desta arritmia pode ser feita com fármacos cujo índice de sucesso é baixo ou então, por meio da cardioversão elétrica, com taxas de sucesso maiores que 90%. (PIRES, 2019) Fonte: slideshare.net 52 Taquicardia Supraventricular: Os estímulos que dão origem à taquicardia supraventricular surgem de foco ectópico atrial ou juncional, numa frequência de 140 a 220bpm. No ECG, geralmente, observam-se complexos QRS semelhantes aos do ritmo sinusal e a onda P, quase sempre alterada na forma, é raramente identificada. (PIRES, 2019) Fonte: pt.wikipedia.org Fibrilação Ventricular: Consiste em um ritmo ventricular rápido, porém desorganizado, que causa um tremor ineficaz nos ventrículos. Não há atividade atrial. Desta maneira não existe uma contração efetiva, levando a uma consequente parada cardiorrespiratória. No ECG, observamos um traçado incoordenado, onde não identificamos ondas P ou complexos QRS. Seu tratamento é a desfibrilação. (PIRES, 2019) Fonte:medicinamitoseverdades.com.br 53 Assistolia: Caracteriza-se por ausência de complexos QRS. Não há batimento cardíaco, nenhum pulso palpável e ausência de respiração. As manobras de ressuscitação cardiopulmonar são necessárias para manter o paciente vivo. (PIRES, 2019) Fonte: minutoenfermagem.com.br II. Assistência de Enfermagem Admissão de paciente Deixar preparado todo o material de urgência necessário (material de intubação endotraqueal, ventilador mecânico, material de oxigenação e aspiração, etc.); Paciente deverá ser recebido em ambiente tranquilo; Explicar-lhe o que será feito; Realizar as anotações de enfermagem Cuidados imediatos Avaliar o nível de consciência; Proporcionar o conforto físico e ambiental Assistência psicológica Verificar dos sinais vitais Monitorização cardíaca Realizar ECG Instalar oxigenoterapia de acordo com a orientação médica Providenciar exames complementares Puncionar acesso venoso periférico Posicionar confortavelmente o paciente Fonte: adaptado de Pires (2019) 54 III. Infarto Agudo do Miocárdio – IAM De acordo com Pesaro, Serrano Junior e Nicolau (2004 apud SOARES DE PAULA, 2019), o infarto agudo do miocárdio significa morte de cardiomiócitos causada por isquemia prolongada, seja por trombose e/ou vasoespasmo, ocorrendo, então, redução de fluxo no músculo cardíaco, apresentando áreas de isquemia, lesão e necrose. O tratamento se baseia no diagnostico rápido e na desobstrução imediata da coronária obstruída para manutenção do fluxo. Fisiopatologia: O infarto do miocárdio é definido como necrose miocárdica em uma condição clínica consistente com isquemia miocárdica. O diagnóstico é realizado a partir das manifestações clínicas, nas alterações eletrocardiográficas e na elevação dos marcadores bioquímicos de necrose (ocorre em 6 h após o início da dor). O eletrocardiograma evidenciará o supra desnível do segmento ST ou o bloqueio agudo de ramo esquerdo, critérios sufi cientes para desencadear a tentativa imediata de reperfusão em um paciente com história sugestiva (PESARO; SERRANO JUNIOR; NICOLAU, 2004 apud SOARES DE PAULA, 2019). Fonte: ojornalzinho.com.br De acordo com a V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio, o infarto do miocárdio (IM) pode ser classificado em cinco tipos (PIEGAS et al., 2015 apud SOARES DE PAULA, 2019): 55 Tipo 1: IM espontâneo causado por ruptura de placa aterosclerótica, erosão ou dissecção coronária. Tipo 2: IM secundário a isquemia devido a espasmo, embolia, taquiarritmia, hipertensão e anemia. Tipo 3: IM relacionado a morte cardíaca inesperada e súbita. Tipo 4a: IM associado com intervenção coronariana percutânea. Tipo 4b: IM associado com trombose do stent. Tipo 5: IM associado com revascularização do miocárdio. Fatores de risco: Tabagismo Hipertensão arterial Colesterol alto Sobrepeso e obesidade Sedentarismo Diabetes Mellitus Idade: o risco aumenta para homens acima de 45 anos ou para mulheres acima de 55 anos História familiar de DAC A causa habitual da morte celular é uma isquemia no músculo cardíaco, por oclusão de uma artéria coronária. A oclusão se dá em geral pela formação de um coágulo sobre uma área previamente estreitada por aterosclerose. O diagnóstico definitivo de um infarto depende da demonstração da morte celular. Este diagnóstico é feito de maneira indireta, por sintomas que a pessoa sente, por sinais de surgem em seu corpo, por alterações em um eletrocardiograma e por alterações dos marcadores de lesão miocárdica (Troponina, CK-Total, CK- MB, Mioglobina TGO e LDH) no sangue. (PIRES, 2019) 56 Fonte: PIRES, 2019 Manifestações clínicas: (PESARO; SERRANO JUNIOR; NICOLAU, 2004 apud SOARES DE PAULA, 2019) Dor precordial em aperto à esquerda; Irradiação para o membro superior esquerdo, de grande intensidade e prolongada, que não melhora ou apenas tem alívio parcial com repouso ou nitratos sublinguais; Irradiação para mandíbula, membro superior direito, dorso, ombros e epigástrio também é possível; Dispneia e fraqueza; Pele pálida, fria e pegajosa, pode ocorrer cianose; Náuseas, mal-estar, dispneia, taquicardia ou até confusão mental 57 Fonte: slideplayer.com.br Tratamento: (PIRES, 2019) 1) Avaliação inicial: Devem ser realizados em menos de 10 minutos da chegada do paciente. Anamnese breve; Exame físico direcionado com aferição dos dados vitais, palpação de pulsos e identificação de sinais clínicos de gravidade; Monitorização cardíaca contínua e Oximetria de pulso; ECG Acesso venoso periférico; Exames laboratoriais: marcadores bioquímicos de lesão miocárdica, eletrólitos, coagulação, função renal e perfil lipídico; Radiografia de tórax. 2) Tratamento imediato – terapia medicamentosa: Oxigênio Morfina Antiplaquetários: AAS; Clopidogrel Nitratos: Isordil 5mg; SL Tridil EV Anticoagulante (Heparina) Betabloqueadores 58 3) Terapia de reperfusão É a conduta prioritária no tratamento do IAM, principalmente nas primeiras 12 horas de evolução, pois possibilita a recanalização coronariana e a interrupção do dano ao miocárdio. Pode ser realizada por angioplastia transluminal coronariana percutânea primária (ATCP) ou através de agentes trombolíticos 4) Cirurgia de Revascularização do Miocárdio: É indicada a clientes com anatomia coronária favorável quando houver contraindicação ou falha das terapias de reperfusão e na presença de complicações destas. 5) Assistência de Enfermagem (PIRES, 2019) Manter o paciente em decúbito elevado; Promover ambiente calmo e seguro; Oferecer apoio emocional; Monitorizar o paciente; Viabilizar realização de ECG Administrar oxigênio, se prescrito; Assegurar a permeabilidade das vias venosas; Observar e orientar quanto ao repouso absoluto; Monitorar PA, FC e ritmo cardíaco continuamente; Registrar SSVV de 2/2 horas; Monitorar e registrar características da dor; Observar alterações no estado mental; Administrar medicamentos conforme prescrição médica observando o aparecimento de efeitos colaterais; Observar presença de manchas na pele como palidez, cianose, sudorese e estase jugular; Ficar atento ao débito urinário; Anotar o volume hídrico (ingestão e excreção); Manter material de urgência testado próximo ao leito. 59 IV. Angina Angina de peito (angina pectoris) é a descrição utilizada para caracterizar a dor torácica causada pela falta de sangue (isquemia) que acomete o músculo cardíaco. A angina é quase sempre relacionada a doenças que causam obstrução nas artérias responsáveis por levar sangue ao coração, as coronárias. A maior causa de angina é a denominada aterosclerose, ou seja, a deposição de placas de gordura dentro dos vasos (coronárias) responsáveis por levar sangue ao músculo do coração. (HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN, 2020) Em situações nas quais o entupimento atinge mais de 70 % do diâmetro do vaso, o coração, ao ser submetido a uma demanda aumentada, como esforço físico ou estresse emocional, tem uma oferta de oxigênio insuficiente para aquela demanda, levando à chamada isquemia e com isso à angina de peito. A aterosclerose, por sua vez, é multifatorial, sendo principalmente relacionada a outras doenças ou fatores de risco, como idade avançada, hipertensão, diabetes, hipercolesterolemia, tabagismo, histórico familiar e sedentarismo. (HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN, 2020) Fonte: pinterest.com A angina ocorre quando há demanda de maior quantidade de oxigênio do que as artérias coronárias são capazes de ofertar, como numa obstrução, por 60 exemplo. A obstrução da artéria coronária desencadeia angina, que ocorre durante esforço, sendo aliviada com o repouso. A diminuição do suprimento de oxigênio, como na anemia grave ou na hipóxia, pode precipitar ou agravar a angina (WARNICA, 2016 apud SOARES DE PAULA,2019). A angina pode ser estável e instável. “Na angina estável, a relação entre carga de trabalho ou demanda e isquemia é, com frequência, relativamente previsível” (WARNICA, 2016, apud SOARES DE PAULA,2019). É a forma mais comum de angina, ocorre em situações de esforço físico, estresse emocional, refeições pesadas, após o cigarro e desaparece com o repouso. A angina instável é a angina com piora clínica (por exemplo, angina em repouso ou aumento da frequência e/ou intensidade dos episódios). A dor ocorre em repouso e surge subitamente, podendo predispor o infarto agudodo miocárdio. (SOARES DE PAULA,2019). Fonte: slideplayer.com.br Assistência de Enfermagem: Avaliar as características da dor no peito e sintomas associados. Avaliar a respiração, a pressão sanguínea e frequência cardíaca em cada episódio de dor torácica. Fazer um ECG, cada vez que a dor torácica surgir, para evidenciar infarto posterior. Monitorizar a resposta ao tratamento medicamentoso. Avisar o médico se a dor não diminuir. Identificar junto ao paciente as atividades que provoquem dor. 61 Oferecer assistência de maneira calma e eficiente de modo a reconfortar o cliente até que o desconforto desapareça. Prover um ambiente confortável e silencioso para o cliente/família. Ajudar o paciente a identificar seus próprios fatores de risco. Ajudar o paciente a estabelecer um plano para modificações dos fatores de risco. Providenciar orientação nutricional ao paciente/família. Esclarecer o paciente/família acerca dos medicamentos que deverão ser tomados após a alta hospitalar. Esclarecer o paciente acerca do plano terapêutico. Explicar a relação entre a dieta, atividades físicas e a doença. 5.4 Cardioversão e desfibrilação São utilizadas para liberar uma corrente elétrica que estimula uma massa crítica de células miocárdicas. Isso permite que o nódulo sinusal recapture sua função como marcapasso do coração. (PIRES, 2019) A cardioversão elétrica consegue reestabelecer o ritmo sinusal mais efetivamente nas taquicardias relacionadas à reentrada. O choque elétrico despolariza as fibras cardíacas excitáveis do miocárdio e possibilita o aumento de sua refratariedade, interrompendo os circuitos de reentrada e promovendo homogeneidade tissular. Entretanto, tal procedimento torna-se ineficaz quando a taquicardia provém de desordens na formação do impulso. Em tais casos, mesmo havendo sucesso após a descarga elétrica, a taquiarritmia pode se reestabelecer em poucos segundos. CARDIOVERSÃO DESFIBRILAÇÃO A cardioversão é um procedimento na maioria das vezes eletivo, em que se aplica o choque elétrico de maneira SINCRONIZADA para encerrar uma taquiarritmia. O paciente deve estar monitorado no cardioversor e este A desfibrilação consiste na aplicação de uma corrente elétrica contínua NÃO SINCRONIZADA, no músculo cardíaco. Esse choque despolariza em conjunto todas as fibras musculares do 62 deve estar com o botão de sincronismo ativado, pois a descarga elétrica é liberada na onda R. É indicada nas situações como a fibrilação atrial (FA) e flutter atrial. miocárdio, tornando possível a reversão de arritmias graves como a TV e a FV, permitindo ao nó sinusal retomar a geração e o controle do ritmo cardíaco. Fonte: PIRES, 2019. 6 EXAME FÍSICO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR Fonte: turmadeenfermagemlapa.blogspot.com Inclui os aspectos do exame físico geral pertinentes ao aparelho cardiovascular (alterações da coloração da pele e mucosas, edema, perfusão periférica), exame dos pulsos arteriais e venoso jugular, tomada da pressão arterial, inspeção palpação e ausculta do precórdio. (OLIVEIRA e SILVA, 2019) 6.1 Dados subjetivos para o exame físico Os dados subjetivos compreendem informações fornecidas pelo paciente ou pelos familiares sobre a história pregressa, os sintomas, as queixas, as 63 preocupações, entre outras. De acordo com Baikie (2006 apud LANA, 2019), no sistema cardíaco, é essencial que as informações a seguir sejam coletadas. Queixa principal: geralmente, o paciente relata queixas como dispneia ou tosse, dor torácica, fraqueza ou fadiga, dor ou edema de membros inferiores, tontura, cefaleia e palidez. História atual: você deve questionar sobre os sinais e sintomas que o paciente vem apresentando. História pregressa: atenção aos distúrbios relacionados ao coração, pergunte sobre hipertensão, diabete mellitus, desmaios, mau súbitos e defeitos congênitos do coração. Questione as clientes do sexo feminino sobre o uso de hormônios, hipertensão na gravidez e menopausa. História familiar: muitas doenças cardiovasculares têm tendências hereditárias que podem sugerir um problema cardíaco, como infarto, doença vascular, dislipidemias, hipertensão e morte súbita. História psicossocial: perguntas sobre ocupação, antecedentes educacionais, condições de habitação, atividades diárias e relações familiares, pois revelam os níveis de estresse e como são controlados os hábitos atuais de saúde, como atividade física e hábitos alimentares. Para avaliar especificamente o sistema vascular, pode-se investigar informações subjetivas para doenças arteriais ou venosas. Entre as arteriais, é necessário pesquisar: (LANA, 2019) Dor manifestada como formigamento, queimação, constrição, aperto, cãibras ou fadiga; Claudicação da cor da pele, como palidez, cianose, rubor e livedo reticular; Diminuição da temperatura da pele; Alterações tróficas, como atrofia da pele, diminuição do tecido subcutâneo, queda dos pelos, alterações ungueais, calosidades, lesões ulceradas, edema e gangrena seca. Para investigar as doenças venosas, devem-se questionar as seguintes informações (BARROS, 2017 apud LANA, 2019): 64 Dor referida, como sensação de peso nas pernas, queimação, ardência, cansaço, cãibras, dor do tipo fincada ou ferroada; Alterações tróficas, como edema, celulite, eczema, úlceras e dermatofibrose; Hemorragia por ruptura de varizes; Sudorese profunda em insuficiência venosa crônica grave. 6.2 Exame físico Sintomas: DOR TORÁCICA Dor origem pericárdica Dor de origem aórtica Dor de origem psicogênica Dor de isquemia miocárdica PALPITAÇÕES Percepção incômoda dos batimentos cardíacos. Descritas como: Paradas; Tremor do coração; Falhas; Arrancos; Batimentos mais fortes. Decorrentes de transtornos do ritmo e da frequência cardíaca DISPNÉIA Cansaço, Canseira, Falta de ar, Fôlego curto, Fadiga ou respiração difícil Sensação consciente e desagradável do ato de respirar 65 OUTROS Tosse e expectoração, roncos e sibilos, hemoptise, tontura e vertigem, alterações do sono, edema, astenia Fonte: adaptado de OLIVEIRA e SILVA, 2019 I. Inspeção: Na inspeção geral do tórax, o paciente possui uma atitude de postura antálgica? Ao observar o tórax, você identifica abaulamentos, retrações, cicatrizes e/ou manchas? Deve-se pesquisar também o formato do tórax, como foi descrito na inspeção do sistema respiratório, o volume e a vascularização (presença de circulação colateral). (LANA, 2019) Especificamente em relação ao sistema cardiovascular, deve-se fazer a inspeção do precórdio e pescoço, observando e localizando o ictus cordis e a turgência de jugular patológica. Você pode ou não ver o impulso apical (ictus cordis), a pulsação criada conforme o ventrículo esquerdo gira contra a parede do tórax durante a sístole. (LANA, 2019) Fonte: slideshare.net Ele pode ser visível entre o quarto ou quinto espaço intercostal, bem como pode haver dificuldade de visualização em mulheres em razão da mama, em pacientes obesos ou nas pessoas com paredes torácicas espessadas, sendo 66 observado facilmente em indivíduos magros com cardiomegalia. Pulsações epigástricas e supraesternais são frequentemente visualizadas em sujeitos normais, mas quando forem muito acentuadas, sugerem hipertrofia ventricular direita (se epigástrica) ou, na região supraesternal, indicam a possibilidade de hipertensão arterial sistêmica ou aneurisma de aorta (JARVIS, 2012 apud LANA, 2019) Fonte: slideshare.net II. Palpação Ao proceder a palpação, realize-a de forma suave para não prejudicar as pulsações ou os achados similares. Quando palpar a artéria carótida, pode haver uma hipersensibilidade no seio
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