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1 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm É proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet. Lei de Direitos Autorais n° 9610/98 Material protegido por direitos autorais: compartilhamento não autorizado de arquivos 2 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm Decreto-Lei n 4.657º Lei de Introducão ãs Normãs do Direito Brãsileiro Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada - PRINCÍPIO DA VIGÊNCIA SINCRÔNICA § 1o § 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 meses depois de ofici- almente publicada. ENTRADA EM VIGOR BRASIL ESTADO ESTRANGEIRO 45 dias, salvo disposição em contrário 3 meses § 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publi- cação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova pu- blicação. § 4o As correções a texto de lei já em vigor CONSIDERAM- SE LEI NOVA. LC 95/98. Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão. § 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclu- são da data da publicação e do último dia do prazo, en- trando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral. § 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’ Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue [PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE OU PERMANÊNCIA] § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressa- mente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou espe- ciais a par das já existentes, NÃO REVOGA NEM MODIFICA a lei anterior. REVOGAÇÃO TOTAL Ab-rogação REVOGAÇÃO PARCIAL Derrogação REVOGAÇÃO EXPRESSA OU POR VIA DIRETA A lei nova taxativamente de- clara revogada a lei anterior ou aponta os dispositivos que pretende retirar REVOGAÇÃO TÁCITA OU POR VIA OBLÍQUA A lei posterior é incompatível com a anterior, não havendo previsão expressa no texto a respeito da sua revogação Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020 § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada NÃO SE RESTAURA por ter a lei revogadora perdido a vigência. (REPRISTINAÇÃO) REPRISTINAÇÃO EFEITO REPRISTINATÓRIO/ REPRISTINAÇÃO OBLÍQUA OU INDIRETA É um fenômeno legislativo no qual há a entrada novamen- te em vigor de uma norma efetivamente revogada, pela revogação da norma que a revogou. A repristinação deve ser ex- pressa dada a dicção do arti- go 2º, § 3º da LICC É a reentrada em vigor de norma aparentemente revo- gada, ocorrendo quando uma norma que a revogou é de- clarada inconstitucional. STF: “A declaração de in- constitucionalidade em tese encerra um juízo de exclu- são, que, fundado numa competência de rejeição de- ferida ao STF, consiste em re- mover do ordenamento posi- tivo a manifestação estatal inválida e desconforme ao modelo plasmado na Carta Política, com todas as conse- quências daí decorrentes, in- clusive a plena restauração de eficácia das leis e das normas afetadas pelo ato declarado inconstitucional” *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece [PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA NORMA] CORRENTES DOUTRINÁRIAS QUE PROCURAM JUSTIFI- CAR O CONTEÚDO DA NORMA TEORIA DA FICÇÃO LEGAL A obrigatoriedade foi instituída pelo ordenamento para a segu- 3 rança jurídica TEORIA DA PRESUNÇÃO ABSOLUTA Haveria uma dedução iure et de iure de que todos conhecem as leis TEORIA DA NECESSIDADE SOCIAL Amparada, segundo Maria Hele- na Diniz, na premissa “de que as normas devem ser conhecidas para que melhor sejam observa- das”, a gerar o princípio da vi- gência sincrônica da lei Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020 Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeita- dos o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julga- da. § 1º Reputa-se ATO JURÍDICO PERFEITO o já consumado se- gundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º Consideram-se ADQUIRIDOS assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condi- ção pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º Chama-se COISA JULGADA ou caso julgado a decisão ju- dicial de que já não caiba recurso. Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determi- na as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família Estatuto pessoal: Pressupõe compatibilidade interna, chamada de filtragem constitucional. Somente é possível aplicar a lei do domicílio se houver compatibilidade com o ordenamento interno. § 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às for- malidades da celebração. § 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares DO PAÍS DE AMBOS os nubentes. § 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do 1° domicílio conjugal. § 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do 1° domicílio conjugal. § 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta ado- ção ao competente registro. § 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estran- geiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do in- teressado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. Com a Emenda Constitucional 66, de 13 de julho de 2010, que instituiu o divórcio direto, a homologação de sentença estrangeira de divórcio para alcançar eficácia plena e imediata não mais depende de decurso de prazo, seja de um ou três anos, bastando a observância das condições gerais estabelecidas na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e no Regimento Interno do STJ.(SEC 4.445/EX, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, CORTE ESPECIAL, julgado em 06/05/2015, DJe 17/06/2015) *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br § 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da famí- lia estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. § 8oQuando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre. Art. 8O [LEX SITUA] Para qualificar os bens e regular as rela- ções a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. § 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. § 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. § 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admiti- das as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requi- sitos extrínsecos do ato. § 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. Art. 9, LINDB Art. 435, CC A obrigação resultante do Reputar-se-á celebrado o 4 contrato reputa-se constituí- da no lugar em que residir o proponente. contrato no lugar em que foi proposto. norma de direito internacional privado norma de direito interno aplicado a contratos em que as partes estão em Estados diferentes aplicada às partes residentes no Brasil. *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Art. 10. A SUCESSÃO POR MORTE OU POR AUSÊNCIA obe- dece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o de- saparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sem- pre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. Na forma do art. 10, §1º, da LINDB e art. 5º, XXXI, da CF88, aplicar-se-á nesse processo a norma mais benéfica, entre a brasileira e a do domicílio do de cujus, ao cônjuge ou filhos brasileiros, ou daqueles que os representem. A doutrina vem denominando esta situação de Princípio do Prélèvement. (FIGUEIREDO, Luciano e FIGUEIREDO, Roberto. Direito Civil. 6ª ed. Bahia: Juspodivm, 2016, p. 77). *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br § 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. LEI DO PAÍS DO DOMICÍLIO DA PESSOA Começo e fim da personalidade Nome Capacidade Direitos de família Penhor LEI DO PAÍS DA SITUAÇÃO DOS BENS Qualificar os bens e regular as relações a eles concer- nentes LEI DO PAÍS DO DOMICÍLIO DO PROPRIETÁRIO Bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a trans- porte para outros lugares LEI DO PAÍS EM QUE SE CONSTITUÍREM Qualificar e reger as obriga- ções LEI DO PAÍS EM QUE DOMICILIADO O DEFUNTO OU O DESAPARECIDO Sucessão por morte ou por ausência Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coleti- vo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Es- tado em que se constituírem. § 1o Não poderão, entretanto, ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos apro- vados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira. § 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis de desapropriação. § 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a proprieda- de dos prédios necessários à sede dos representantes di- plomáticos ou dos agentes consulares. Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. § 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhe- cer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. § 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira compe- tente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligên- cias. Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros pro- vas que a lei brasileira desconheça. Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar. Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência. Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente veri- ficado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo STJ. Art. 961. A decisão estrangeira somente terá eficácia no Brasil após a homologação de sentença estrangeira ou a concessão do exequatur às cartas rogatórias, salvo disposição em sentido contrário de lei ou tratado. 5 A lei ou tratado internacional poderá facilitar ou dispensar a homologação de sentença estrangeira ou a concessão do exequatur. Ex: a sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo STJ (§ 5º do art. 961 do CPC/2015). *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA LINDB CPC/15 a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido as partes cita- das ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formalida- des necessárias para a execu- ção no lugar em que foi pro- ferida; d) estar traduzida por intér- prete autorizado; e) ter sido homologada pelo STJ. I - ser proferida por autoridade competente; II - ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia; III - ser eficaz no país em que foi proferida; IV - não ofender a coisa julgada brasileira; V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense prevista em tratado; VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública. Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se hou- ver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. A TEORIA DO REENVIO, também conhecida como TEORIA DO RETORNO ou DA DEVOLUÇÃO é uma forma de inter- pretação de normas do Direito Internacional Privado, de forma que haja substituição da lei nacional pela lei es- trangeira, de modo pelo qual seja desprezado o elemento de conexão da ordenação nacional, dando preferência ao apontado pelo ordenamento jurídico alienígena. Esse instituto é utilizado sempre que ocorrer problemas nas interpretações de ordem internacional, servindo como meio importante de resolução de conflitos, e sem- pre que for necessário que o juiz aplique direito estrangeiro. O reenvio é uma interpretação que desconsidera a norma material da regra de conexão e aplica o direito internacional privado estrangeiro para chegar à nova norma material, ge- ralmente de âmbito nacional. O reenvio pode ser dividido em 3 graus: 1° grau: consiste em dois países, onde o primeiro remete uma legislação ao segundo país, que por sua vez reenvia ao primeiro; 2° grau: compõe-se por três países, onde o primeiro envia sua legislação ao segundo que a reenvia ao terceiro; 3° grau: formado por quatro países, no qual o primeiro re- mete a legislação ao segundo, que por sua vez encaminha ao terceiro e finalmente reenvia ao quarto. Nesse sentido, o artigo 16 da LINDB proíbe o juiz nacional de aplicar o reenvio, cabendo apenas a aplicação do Direito Internacional Privadobrasileiro para determinar o direito material cabível, ficando a cargo de estrangeiro, se houver, a aplicação do reenvio. *http://sabendoodireito.blogspot.com/2013/12/reenvio-artigo-16.html?m=1 Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autori- dades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o re- gistro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado. § 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, de- vendo constar da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônju- ge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adota- do quando se deu o casamento § 2o É INDISPENSÁVEL a assistência de advogado, devida- mente constituído, que se dará mediante a subscrição de peti- ção, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua advogado próprio, não se fazen- do necessário que a assinatura do advogado conste da escri- tura pública. Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais. Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos ti- ver sido recusada pelas autoridades consulares, com funda- mento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro em 90 dias contados da data da publicação desta lei. Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas. Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controla- dora ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, 6 ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências jurídicas e administra- tivas. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste arti- go deverá, quando for o caso, indicar as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equâ- nime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em fun- ção das peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos. Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu car- go, sem prejuízo dos direitos dos administrados. § 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, se- rão consideradas as circunstâncias práticas que houverem im- posto, limitado ou condicionado a ação do agente. § 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a nature- za e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente. § 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma natureza e rela- tivas ao mesmo fato. Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo pro- porcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interes- ses gerais. Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver com- pletado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plena- mente constituídas. Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as inter- pretações e especificações contidas em atos públicos de cará- ter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majo- ritária, e ainda as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público. Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito público, inclu- sive no caso de expedição de licença, a autoridade adminis- trativa poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável, o qual só pro- duzirá efeitos a partir de sua publicação oficial. § 1º O compromisso referido no caput deste artigo: I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, efici- ente e compatível com os interesses gerais; III - não poderá conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral; IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de descumprimento. Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos re- sultantes do processo ou da conduta dos envolvidos. § 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente as partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor. § 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser ce- lebrado compromisso processual entre os envolvidos. Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro. Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos nor- mativos por autoridade administrativa, salvo os de mera or- ganização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão § 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições da consulta pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver. Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumen- tar a segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respos- tas a consultas. Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculante em relação ao órgão ou en- tidade a que se destinam, até ulterior revisão. 7 Codigo Civil PRINCÍPIOS NORTEADORES DO CC/02 ETICIDADE Impõe justiça e boa-fé nas relações civis ("pacta sunt servanda"). No contrato tem que agir de boa-fé em todas as suas fases. Corolário desse princípio é o princípio da boa-fé objetiva. OPERABILIDADE Impõe soluções viáveis, operáveis e sem grandes dificuldades na aplicação do direito. A regra tem que ser aplicada de modo simples. Exemplo: princípio da concretude pelo qual deve-se pensar em solucionar o caso concreto de maneira mais efetiva. SOCIABILIDADE Impõe prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, respeitando os di- reitos fundamentais da pessoa humana. Ex: princípio da função social do contrato, da propriedade.PARTE GERAL LIVRO I DAS PESSOAS TÍTULO I DAS PESSOAS NATURAIS CAPÍTULO I DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE Art. 1 TODA PESSOA É CAPAZ de direitos e deveres na or- dem civil. Art. 2 A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os di- reitos do nascituro. JDC1 A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura. JDC2 Sem prejuízo dos direitos da personalidade nele asse- gurados, o art. 2º do Código Civil não é sede adequada para questões emergentes da reprogenética humana, que deve ser objeto de um estatuto próprio. TEORIAS SOBRE O INÍCIO DA PERSONALIDADE NATALISTA CC/02 A personalidade jurídica se inicia com o nascimento com vida. O nascituro não teria direitos, mas apenas expectativa de direitos. CONCEPCIONISTA STJ e CONVENÇÃO A personalidade jurídica se inicia com a concepção. O nascituro teria personalidade ju- AMERICANA rídica. PERSONALIDADE CONDICIONAL Nascituro teria personalidade jurídica sujeita a condição suspensiva. DIREITOS ASSEGURADOS AO NASCITURO a) direitos personalíssimos, como o direi- to à vida, o direito à proteção pré-natal etc.; b) pode receber doação; c) pode ser reconhecido pelos pais (art. 1.609, parágrafo único); d) pode ser beneficiado por legado e herança; e) é possível que lhe seja nomeado curador para a defesa dos seus interesses; f) o Código Penal tipifica o crime de aborto; g) como decorrência da proteção conferida pelos direitos da personalidade, o nascituro tem direito à realização do exame de DNA, para efeito de aferição de paternidade. Se for natimorto, ocorre a caducidade de tais atos. Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Art. 3 São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos. Art. 4 São incapazes, relativamente a certos atos ou à ma- neira de os exercer: I - os maiores de 16 e menores de 18 anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. Art. 5 A menoridade cessa aos 18 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade (EMANCIPAÇÃO): I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do ou- tro, mediante instrumento público, INDEPENDENTEMEN- TE DE HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos – serão registrados em registro público; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 8 V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria. A Emancipação antecipa a capacidade, mas não a maiorida- de. JDC3 A redução do limite etário para a definição da capa- cidade civil aos 18 anos não altera o disposto no art. 16, I, da Lei n. 8.213/91, que regula específica situação de de- pendência econômica para fins previdenciários e outras situ- ações similares de proteção, previstas em legislação especial. JDC397 A emancipação por concessão dos pais ou por sen- tença do juiz está sujeita à desconstituição por vício de vontade. JDC530 A emancipação, por si só, não elide a incidência do ECA. Art. 6 A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos AUSENTES, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Art. 7 Pode ser declarada a morte presumida, SEM DECRE- TAÇÃO DE AUSÊNCIA: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisionei- ro, não for encontrado até 2 anos após o término da guer- ra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses ca- sos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data prová- vel do falecimento. MORTE PRESUMIDA COM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA SEM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA Nos casos em que a lei auto- riza a abertura de sucessão definitiva: - 10 anos após a abertura da sucessão provisória - ausente conta 80 anos de idade, e que de 5 datam as últimas notícias dele Extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; Desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até 2 anos após o término da guerra. JDC614 Os efeitos patrimoniais da presunção de morte pos- terior à declaração da ausência são aplicáveis aos casos do art. 7º, de modo que, se o presumivelmente morto reapa- recer nos 10 anos seguintes à abertura da sucessão, rece- berá igualmente os bens existentes no estado em que se acharem. Art. 8 (COMORIÊNCIA) Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simulta- neamente mortos. Art. 9 Serão registrados em registro público: I - os nascimentos, casamentos e óbitos; II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumi- da. Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabeleci- mento da sociedade conjugal; II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; JDC272 Não é admitida em nosso ordenamento jurídico a adoção por ato extrajudicial, sendo indispensável a atua- ção jurisdicional, inclusive para a adoção de maiores de de- zoito anos. JDC273 Tanto na adoção bilateral quanto na unilateral, quando não se preserva o vínculo com qualquer dos genito- res originários, deverá ser averbado o cancelamento do registro originário de nascimento do adotado, lavrando- se novo registro. Sendo unilateral a adoção, e sempre que se preserve o vínculo originário com um dos genitores, de- verá ser averbada a substituição do nome do pai ou mãe na- turais pelo nome do pai ou mãe adotivos. CC LRP SERÃO REGISTRADOS I - os nascimentos, casamen- tos e óbitos; II - a emancipação por outor- ga dos pais ou por sentença do juiz; III - a interdição por incapaci- dade absoluta ou relativa; IV - a sentença declaratória de ausência e de morte pre- sumida. SERÃO REGISTRADOS I - os nascimentos; II - os casamentos; III - os óbitos; IV - as emancipações; V - as interdições; VI - as sentenças declarató- rias de ausência; VII - as opções de nacionali- dade; VIII - as sentenças que defe- rirem a legitimação adotiva. SERÃO AVERBADOS I - das sentenças que decre- tarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o resta- belecimento da sociedade conjugal; II - dos atos judiciais ou ex- SERÃO AVERBADOS a) as sentenças que decidi- rem a nulidade ou anulação do casamento, o desquite e o restabelecimento da socieda- de conjugal; b) as sentenças que julga- rem ilegítimos os filhos 9 trajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; concebidos na constância do casamento e as que declara- rem a filiação legítima; c) os casamentos de que re- sultar a legitimação de fi- lhos havidos ou concebidos anteriormente; d) os atos judiciais ou extra- judiciais de reconhecimento de filhos ilegítimos; e) as escrituras de adoção e os atos que a dissolverem; f) as alterações ou abrevia- turas de nomes. CAPÍTULO II DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são INTRANSMISSÍVEIS e IRRENUNCIÁVEIS, não podendo o seu exercíciosofrer limitação voluntária. JDC4 O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral. JDC139 Os direitos da personalidade podem sofrer limita - ções , ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titu- lar, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costu- mes. JDC274 Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláu- sula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, inc. III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa hu- mana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da pondera- ção. JDC531 A tutela da dignidade da pessoa humana na socie- dade da informação inclui o direito ao esquecimento. JDC532 É permitida a disposição gratuita do próprio cor- po com objetivos exclusivamente científicos, nos termos dos arts. 11 e 13 do Código Civil. Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a di- reito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem pre- juízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobre- vivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o 4° grau. JJDC5 I) As disposições do art. 12 têm caráter geral e aplicam - se, inclusive, às situações previstas no art. 20, excepcio- nados os casos expressos de legitimidade para requerer as medidas nele estabelecidas; II) as disposições do art. 20 do novo Código Civil têm a fina- lidade específica de regrar a projeção dos bens personalíssi- mos nas situações nele enumeradas. Com exceção dos casos expressos de legitimação que se conformem com a tipifica- ção preconizada nessa norma, a ela podem ser aplicadas subsidiariamente as regras instituídas no art. 12 JDC140 A primeira parte do art. 12 do Código Civil refere-se às técnicas de tutela específica, aplicáveis de ofício, enunci- adas no art. 461 do Código de Processo Civil, devendo ser interpretada com resultado extensivo. JDC275 O rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo único, do Código Civil tam- bém compreende o companheiro. DC398 As medidas previstas no art. 12, parágrafo único, do Código Civil podem ser invocadas por qualquer uma das pessoas ali mencionadas de forma concorrente e autôno- ma. JDC399 Os poderes conferidos aos legitimados para a tute- la post mortem dos direitos da personalidade, nos termos dos arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo único, do CC, não compreendem a faculdade de limitação voluntária. JDC400 Os parágrafos únicos dos arts. 12 e 20 asseguram le- gitimidade, por direito próprio, aos parentes, cônjuge ou companheiro para a tutela contra lesão perpetrada post mortem. JDC613 A liberdade de expressão não goza de posição pre- ferencial em relação aos direitos da personalidade no orde- namento jurídico brasileiro. Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposi- ção do próprio corpo, quando importar diminuição perma- nente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei espe- cial. JDC6 A expressão “exigência médica” contida no art. 13 re- fere-se tanto ao bem-estar físico quanto ao bem-estar psíquico do disponente JDC276 O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgi- as de transgenitalização, em conformidade com os proce- dimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a consequente alteração do prenome e do sexo no Regis- tro Civil. JDC401 Não contraria os bons costumes a cessão gratuita de direitos de uso de material biológico para fins de pes- quisa científica, desde que a manifestação de vontade te- nha sido livre, esclarecida e puder ser revogada a qual- quer tempo, conforme as normas éticas que regem a pes- quisa científica e o respeito aos direitos fundamentais. 10 Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente re- vogado a qualquer tempo. JDC277 O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, determinou que a ma- nifestação expressa do doador de órgãos em vida preva- lece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicação do art. 4º da Lei n. 9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio do potencial doador. JDC402 O art. 14, parágrafo único, do Código Civil, fundado no consentimento informado, não dispensa o consenti- mento dos adolescentes para a doação de medula óssea prevista no art. 9º, § 6º, da Lei n. 9.434/1997 por aplicação analógica dos arts. 28, § 2º (alterado pela Lei n. 12.010/2009), e 45, § 2º, do ECA. Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. JDC403 O Direito à inviolabilidade de consciência e de cren- ça, previsto no art. 5º, VI, da Constituição Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a tratamento médico, inclusi- ve transfusão de sangue, com ou sem risco de morte, em ra- zão do tratamento ou da falta dele, desde que observados os seguintes critérios: a) capacidade civil plena, excluído o suprimento pelo repre- sentante ou assistente; b) manifestação de vontade livre, consciente e informa- da; e c) oposição que diga respeito exclusivamente à própria pessoa do declarante. JDC533 O paciente plenamente capaz poderá deliberar so- bre todos os aspectos concernentes a tratamento médico que possa lhe causar risco de vida, seja imediato ou mediato, salvo as situações de emergência ou no curso de procedi- mentos médicos cirúrgicos que não possam ser interrompi- dos. Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendi- dos o prenome e o sobrenome. O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa. Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”. Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial. Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a requerimento do interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos públicos ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos. STF. Plenário. RE 670422/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2018 (repercussão geral) (Info 911). O direito dos transexuais à retificação do prenome e do sexo/gênero no registro civil não é condicionado à exigência de realização da cirurgia de transgenitalização. STJ. 4ª Turma. REsp 1.626.739-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/5/2017 (Info 608). Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por ou- trem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difa- matória. Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. JDC278 A publicidade que divulgar, sem autorização, quali- dades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade. Art. 19. O pseudônimoadotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à adminis- tração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a di- vulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publi- cação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes (CAD). JDC279 A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente tutelados, especial- mente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegi- ando-se medidas que não restrinjam a divulgação de infor- mações. 11 ART. 12, §ÚNICO ART. 20, §ÚNICO Trata de direitos da personali- dade em geral. É a regra. Trata apenas dos direitos da personalidade relacionamos a imagem e danos morais. Legitimados: CAD e colaterais até 4° grau Legitimados: CAD. Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. JDC404 A tutela da privacidade da pessoa humana com- preende os controles espacial, contextual e temporal dos próprios dados, sendo necessário seu expresso consenti- mento para tratamento de informações que versem especial- mente o estado de saúde, a condição sexual, a origem racial ou étnica, as convicções religiosas, filosóficas e políticas. JDC405 As informações genéticas são parte da vida priva- da e não podem ser utilizadas para fins diversos daqueles que motivaram seu armazenamento, registro ou uso, salvo com autorização do titular. JDC576 O direito ao esquecimento pode ser assegurado por tutela judicial inibitória. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ EDIÇÃO N. 137: DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE - I 1) O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, DESDE QUE NÃO SEJA PERMANENTE NEM GERAL. (Enunciado n. 4 da I Jornada de Direito Civil do CJF) 2) A pretensão de reconhecimento de ofensa a direito da personalidade É IMPRESCRITÍVEL. 3) A ampla liberdade de informação, opinião e crítica jornalística reconhecida constitucionalmente à imprensa não é um direito absoluto, encontrando limitações, tais como a preservação dos direitos da personalidade. 4) No tocante às pessoas públicas, apesar de o grau de resguardo e de tutela da imagem não ter a mesma extensão daquela conferida aos particulares, já que comprometidos com a publicidade, restará configurado o abuso do direito de uso da imagem quando se constatar a vulneração da intimidade ou da vida privada. 5) Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. (Súmula n. 403/STJ) 6) A divulgação de fotografia em periódico (impresso ou digital) para ilustrar matéria acerca de manifestação popular de cunho político-ideológico ocorrida em local público não tem intuito econômico ou comercial, mas tão-somente informativo, ainda que se trate de sociedade empresária, não sendo o caso de aplicação da Súmula n. 403/STJ. 7) A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá- la, constitui violação a direito da personalidade. (Enunciado n. 278 da IV Jornada de Direito Civil do CJF) 8) O uso e a divulgação, por sociedade empresária, de imagem de pessoa física fotografada isoladamente em local público, em meio a cenário destacado, sem nenhuma conotação ofensiva ou vexaminosa, configura dano moral decorrente de violação do direito à imagem por ausência de autorização do titular. 9) O uso não autorizado da imagem de menores de idade gera dano moral in re ipsa . 10) A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento, ou seja, o direito de não ser lembrado contra sua vontade, especificamente no tocante a fatos desabonadores à honra. (Vide Enunciado n. 531 da IV Jornada de Direito Civil do CJF) Superada. Isso porque o STF decidiu que o ordenamento jurídico brasileiro não consagra o denominado direito ao esquecimento: É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em geral – e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível. STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral – Tema 786) (Info 1005). 11) Quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito antigos, admite-se o afastamento de sua análise desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao esquecimento. STF: "Não se aplica para o reconhecimento dos maus antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da reincidência, previsto no art. 64, I, do Código Penal" nos termos do voto do Relator, vencidos os Ministros Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Dias Toffoli (Presidente). Não participou deste julgamento o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 7.8.2020 a 17.8.2020. EDIÇÃO N. 138: DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE - II 1) O dano moral extrapatrimonial atinge direitos de personalidade do grupo ou da coletividade como realidade massificada, não sendo necessária a demonstração de da dor, da repulsa, da indignação, tal qual fosse um indivíduo isolado. 2) A imunidade conferida ao advogado para o pleno exercício de suas funções não possui caráter absoluto, devendo observar os parâmetros da legalidade e da razoabilidade, não abarcando violações de direitos da personalidade, notadamente da honra e da imagem de outras partes ou de profissionais que atuem no processo. 3) A voz humana encontra proteção nos direitos da personalidade, seja como direito autônomo ou como parte integrante do direito à imagem ou do direito à identidade pessoal. 4) O reconhecimento do estado de filiação é DIREITO 12 PERSONALÍSSIMO, INDISPONÍVEL E IMPRESCRITÍVEL, assentado no princípio da dignidade da pessoa humana. 5) A regra no ordenamento jurídico é a imutabilidade do prenome, um direito da personalidade que designa o indivíduo e o identifica perante a sociedade, cuja modificação revela-se possível, no entanto, nas hipóteses previstas em lei, bem como em determinados casos admitidos pela jurisprudência. 6) O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no registro civil, exigindo-se, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, em respeito aos princípios da identidade e da dignidade da pessoa humana, inerentes à personalidade. 7) É possível a modificação do nome civil em decorrência do direito à dupla cidadania, de forma a unificar os registros à luz dos princípios da verdade real e da simetria. 8) A continuidade do uso do sobrenome do ex-cônjuge, àexceção dos impedimentos elencados pela legislação civil, afirma-se como direito inerente à personalidade, integrando-se à identidade civil da pessoa e identificando-a em seu entorno social e familiar. 9) O direito ao nome, enquanto atributo dos direitos da personalidade, torna possível o restabelecimento do nome de solteiro após a dissolução do vínculo conjugal em decorrência da morte. 10) Em caso de uso indevido do nome da pessoa com intuito comercial, o dano moral é in re ipsa. 11) Não se exige a prova inequívoca da má-fé da publicação (actual malice), para ensejar a indenização pela ofensa ao nome ou à imagem de alguém. 12) Os pedidos de remoção de conteúdo de natureza ofensiva a direitos da personalidade das páginas de internet, seja por meio de notificação do particular ou de ordem judicial, dependem da localização inequívoca da publicação (Universal Resource Locator - URL), correspondente ao material que se pretende remover. CAPÍTULO III DA AUSÊNCIA Seção I Da Curadoria dos Bens do Ausente Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a re- querimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará cura- dor, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus po- deres forem insuficientes. Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores. Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separa- do judicialmente, ou de fato por mais de 2 anos antes da de- claração da ausência, será o seu legítimo curador. § 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. § 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. § 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. JDC97 No que tange à tutela especial da família, as regras do Código Civil que se referem apenas ao cônjuge devem ser estendidas à situação jurídica que envolve o compa- nheiro, como, por exemplo, na hipótese de nomeação de curador dos bens do ausente CURADOR DOS BENS DO AUSENTE Cônjuge (não separado judicialmente ou de fato por mais de 2 anos)/companheiro Pais Descendentes Curador nomeador pelo juiz Seção II Da Sucessão Provisória Art. 26. Decorrido 1 ano da arrecadação dos bens do ausen- te, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se pas- sando 3 anos , poderão os interessados requerer que se decla- re a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados: I - o cônjuge não separado judicialmente; II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito de- pendente de sua morte; IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas. Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória SÓ PRODUZIRÁ EFEITO 180 DIAS DEPOIS DE PUBLICADA pela imprensa; mas, logo que passe em julga- do, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. § 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo in- teressados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Pú- blico requerê-la ao juízo competente. § 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para reque- rer o inventário até 30 dias depois de passar em julgado a 13 sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder- se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabele- cida nos arts. 1.819 a 1.823. Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deteriora- ção ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União. Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante pe- nhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. § 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administra- ção do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia. § 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge (CAD), uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, in- dependentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sen- do por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína. Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios fica- rão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futu- ro àquele forem movidas. Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge (CAD) que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros su- cessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente. Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos. Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória po- derá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria. Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aber- ta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tem- po. Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. Seção III Da Sucessão Definitiva Art. 37. 10 anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levanta- mento das cauções prestadas. Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, pro- vando-se que o ausente conta 80 anos de idade, e que de 5 datam as últimas notícias dele. Art. 39. Regressando o ausente nos 10 anos seguintes à aber- tura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existen- tes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. Parágrafo único. Se, nos 10 anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao do- mínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domí- nio da União, quando situados em território federal. TÍTULO II DAS PESSOAS JURÍDICAS CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas ju- rídicas de direito público, a que se tenha dadoestrutura de di- reito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcio- namento, pelas normas deste Código. JDC141 A remissão do art. 41, parágrafo único, do Código Civil às pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado”, diz respeito às funda - ções públicas e aos entes de fiscalização do exercício profissional . 14 Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são ci- vilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito re- gressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo (RESPONSABILIDADE OBJETIVA) Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos. VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada (EI- RELI). § 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo VEDA- DO ao poder público negar-lhes reconhecimento ou regis- tro dos atos constitutivos e necessários ao seu funciona- mento. § 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. § 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. JDC142 Os partidos políticos, os sindicatos e as associa- ções religiosas possuem natureza associativa, aplicando- se-lhes o Código Civil. JDC143 A liberdade de funcionamento das organizações re- ligiosas não afasta o controle de legalidade e legitimida- de constitucional de seu registro, nem a possibilidade de reexame, pelo Judiciário, da compatibilidade de seus atos com a lei e com seus estatutos. JDC144 A relação das pessoas jurídicas de direito privado constante do art. 44, incs. I a V, do Código Civil não é exaustiva. JDC280 Por força do art. 44, § 2º, consideram-se aplicáveis às sociedades reguladas pelo Livro II da Parte Especial, exce- to às limitadas, os arts. 57 e 60, nos seguintes termos: a) em havendo previsão contratual, é possível aos sócios deliberar a exclusão de sócio por justa causa, pela via ex- trajudicial, cabendo ao contrato disciplinar o procedimento de exclusão, assegurado o direito de defesa, por aplicação analógica do art. 1.085; b) as deliberações sociais poderão ser convocadas por iniciativa de sócios que representem 1/5 do capital soci - al, na omissão do contrato. A mesma regra aplica-se na hipótese de criação, pelo contrato, de outros órgãos de deliberação colegiada. Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no res- pectivo registro, precedida, quando necessário, de autori- zação ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em 3 anos o direito de anular a cons- tituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defei- to do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Art. 46. O registro declarará: I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituido- res, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passi- vamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à adminis- tração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pe- las obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administrado- res, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. JDC145 O art. 47 não afasta a aplicação da teoria da aparên- cia. Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. Parágrafo único. Decai em 3 anos o direito de anular as de- cisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório. Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus só- cios, associados, instituidores ou administradores (LEI 13874/19) Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular 15 empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. (LEI 13874/19) Art. 50. TEORIA MAIOR DA DESCONSIDERAÇÃO DA PER- SONALIDADE JURÍDICA. Em caso de abuso da personalida- de jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da par- te, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (LEI 13874/19) § 1º Para os fins do disposto neste artigo, DESVIO DE FINALIDADE é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.(LEI 13874/19) § 2º Entende-se por CONFUSÃO PATRIMONIAL a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa;(LEI 13874/19) II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e(LEI 13874/19) III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.(LEI 13874/19) § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.(LEI 13874/19) § 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica.(LEI 13874/19) § 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica (LEI 13874/19) JDC7 Só se aplica a desconsideração da personalidade ju- rídica quando houver a prática de ato irregular e, limita- damente, aos administradores ou sócios que nela hajam incorrido. JDC51 A teoria da desconsideração da personalidade jurídi- ca – disregard doctrine – fica positivada no novo Código Ci- vil, mantidos os parâmetros existentes nos microssistemas legais e na construção jurídica sobre o tema. JDC145 Nas relações civis, interpretam-se restritivamente os parâmetros de desconsideração da personalidade jurídi- ca previstos no art. 50 (desvio de finalidade social ou confu- são patrimonial). JDC281 A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica. JDC282 O encerramento irregular das atividades da pes- soa jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso da personalidade jurídica. JDC283 É cabível a desconsideração da personalidade ju- rídica denominada “inversa” para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros– positivado com o NCPC JDC284 As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lu- crativos ou de fins não econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica. JDC285 A teoria da desconsideração, prevista no art. 50 do Código Civil, PODE SER INVOCADA PELA PESSOA JURÍDI- CA, EM SEU FAVOR. JDC406 A desconsideração da personalidade jurídica alcança os grupos de sociedade quando estiverem presentes os pressupostos do art. 50 do Código Civil e houver prejuízo para os credores até o limite transferido entre as sociedades. DESCONSIDERAÇÃO “COMUM” Atinge bens dos sócios para satis- fazer as obrigações da sociedade DESCONSIDERAÇÃO INVERSA Atinge bens da sociedade para sal- dar dívidas de cunho particular. DESCONSIDERAÇÃO INDIRETA Atinge bens da empresa controla- dora que estão em nome da con- trolada/coligada DESCONSIDERAÇÃO EXPANSIVA Atinge bens do sócio oculto que estão em nome de terceiro (“laran- ja”) DESPERSONALIZAÇÃO Dissolução da pessoa jurídica TEORIA MAIOR TEORIA MENOR O Direito Civil brasileiro ado- tou, como regra geral, a cha- mada teoria maior da des- consideração. Isso porque o art. 50 exige que se prove o desvio de finalidade (teoria maior subjetiva) ou a confu- são patrimonial (teoria maior objetiva). No Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, ado- tou-se a teoria menor da desconsideração. Isso por- que, para que haja a descon- sideração da personalidade jurídica nas relações jurídicas envolvendo consumo ou res- ponsabilidade civil ambiental não se exige desvio de finali- dade nem confusão patrimo- nial. Deve-se provar: 1) Abuso da personalidade (desvio de finalidade ou con- fusão patrimonial); 2) Que os administradores ou sócios da pessoa jurídica fo- ram beneficiados direta ou De acordo com a Teoria Me- nor, a incidência da desconsi- deração se justifica: a) pela comprovação da in- solvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, somada à má ad- 16 indiretamente pelo abuso (novo requisito trazido pela Lei nº 13.874/2019). ministração da empresa (art. 28, caput, do CDC); ou b) pelo mero fato de a perso- nalidade jurídica representar um obstáculo ao ressarci- mento de prejuízos causados aos consumidores, nos ter- mos do § 5º do art. 28 do CDC. STJ. 3ª Turma. REsp 1735004/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/06/2018. Adotada pelo art. 50 do CC. Prevista no art. 4º da Lei nº 9.605/98 (Lei Ambiental) e no art. 28, § 5º do CDC. Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. § 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscri- ta, a averbação de sua dissolução. § 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam- se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito pri- vado. § 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamen- to da inscrição da pessoa jurídica. Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a pro- teção dos direitos da personalidade. JDC286 Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos CAPÍTULO II DAS ASSOCIAÇÕES Art. 53. Constituem-se as associações pela UNIÃO DE PESSO- AS que se organizem para FINS NÃO ECONÔMICOS. Parágrafo único. NÃO HÁ, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. JDC534 As associações podem desenvolver atividade eco- nômica, desde que não haja finalidade lucrativa. JDC615 As associações civis podem sofrer transformação, fusão, incorporação ou cisão. Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações con- terá: I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos as- sociados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das res- pectivas contas. Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o esta- tuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. JDC577 A possibilidade de instituição de categorias de asso- ciados com vantagens especiais admite a atribuição de pe- sos diferenciados ao direito de voto, desde que isso não acarrete a sua supressão em relação a matérias previstas no art. 59 do CC. Art. 56. A qualidade de associado É INTRANSMISSÍVEL, se o estatuto não dispuser o contrário. Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela NÃO IMPORTARÁ, DE PER SI, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposi- ção diversa do estatuto. Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegu- re direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no es- tatuto. Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatu- to. Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: I – destituir os administradores; II – alterar o estatuto. Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os inci- sos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 dos associados o direito de promovê-la. Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patri- mônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será 17 destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. § 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por delibera- ção dos associados, podem estes, antes da destinação do re- manescente referida neste artigo, receber em restituição, atu- alizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem pres- tado ao patrimônio da associação. § 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. JDC407 A obrigatoriedade de destinação do patrimônio líquido remanescente da associação à instituição municipal, estadual ou federal de fins idênticos ou semelhantes, em face da omissão do estatuto, possui caráter subsidiário, devendo prevalecer a vontade dos associados, desde que seja contemplada entidade que persiga fins não econô- micos. CAPÍTULO III DAS FUNDAÇÕES Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por es- critura pública ou testamento, dotação especial de bens li- vres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: I – assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e ar- tístico; III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias al- ternativas, modernização de sistemasde gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e ci- entíficos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; IX – atividades religiosas; JDC8 A constituição de fundação para fins científicos, edu- cacionais ou de promoção do meio ambiente está com- preendida no Código Civil, art. 62, parágrafo único. JDC9 Deve ser interpretado de modo a excluir apenas as fundações com fins lucrativos. Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a proprieda- de, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judi- cial. Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autori- dade competente, com recurso ao juiz. Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em 180 dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Es- tado onde situadas. § 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, ca- berá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Ter- ritórios. § 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Públi- co. Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: I - seja deliberada por 2/3 dos competentes para gerir e re- presentar a fundação; II - não contrarie ou desvirtue o fim desta; III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 dias, findo o qual ou no caso de o Mi- nistério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requeri- mento do interessado. Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por vo- tação unânime, os administradores da fundação, ao submete- rem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se qui- ser, em 10 dias. Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe pro- 18 moverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. TÍTULO III Do Domicílio Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela esta- belece a sua residência com ânimo definitivo. JDC408 Para efeitos de interpretação da expressão “domicí- lio” do art. 7º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, deve ser considerada, nas hipóteses de litígio in- ternacional relativo a criança ou adolescente, a residên- cia habitual destes, pois se trata de situação fática interna- cionalmente aceita e conhecida. Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às rela- ções concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares di- versos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que decla- rar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudan- ça, com as circunstâncias que a acompanharem. Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I - da União, o Distrito Federal; II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; III - do Município, o lugar onde funcione a administração mu- nicipal; IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. § 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lu- gares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. § 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangei- ro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lu- gar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor pú- blico, o militar, o marítimo e o preso. Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu represen- tante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do co- mando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lu- gar em que cumprir a sentença. DOMICÍLIO NECESSÁRIO INCAPAZ Representante ou assistente SERVIDOR PÚBLICO Onde exerce permanentemente as funções MILITAR Onde servir MARINHA/ AERONÁUTICA Sede do comando MARÍTIMO Onde o navio estiver matriculado PRESO Onde cumpre a sentença Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estran- geiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Fede- ral ou no último ponto do território brasileiro onde o teve. Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes espe- cificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes (domicílio de eleição) LIVRO II DOS BENS TÍTULO ÚNICO Das Diferentes Classes de Bens CAPÍTULO I Dos Bens Considerados em Si Mesmos Seção I Dos Bens Imóveis Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incor- porar natural ou artificialmente. JDC11 Não persiste no novo sistema legislativo a categoria dos bens imóveis por acessão intelectual, não obstante a expressão “tudo quanto se lhe incorporar natural ou artifici- almente”, constante da parte final do art. 79 do Código Civil Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os assegu- ram; II - o direito à sucessão aberta. 19 Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Seção II Dos Bens Móveis Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento pró- prio (semoventes), ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-soci- al. Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações corres- pondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respecti- vas ações. Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquan- to não forem empregados, conservam sua qualidade de mó- veis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. Seção III Dos Bens Fungíveis e Consumíveis Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação. Seção IV Dos Bens Divisíveis
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