Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS SÃO JOSÉ/SC CURSO DE DIREITO – TEORIA DO CRIME ALUNO(A): GUILHERME AUGUSTO FRETTA LACERDA 01. Pedro Tontura descobriu que ingerindo altas doses de uma mistura de chá de maracujá, cidreira e camomila conseguia obter um efeito semelhante ao uso da maconha. A descoberta lhe trouxe lucros, pois Pedro embalava porções daquele conjunto de ervas e vendia com o nome fantasia de “MaCiCa”. O sucesso foi tão grande que traficantes do bairro também passaram a comercializar essa substância, pois realmente proporcionava aos usuários os mesmos efeitos da maconha. Pedro Tontura poderá responder pela conduta típica de usuário ou de traficante? Justifique sua resposta adotando o princípio do Direito Penal adequado. Aplicamos nessa questão o principio da legalidade que diz “não há crime sem lei anterior que o defina” Art. 1º do Código Penal portanto não há lei que diga que “Macica” é uma substancia ilícita sendo assim Pedro não cometeu crime algum. 02. O governo brasileiro, através da ANVISA, decide excluir a cannabis da lista de substâncias proibidas. O parlamento reage dizendo que a Lei 11.303/06 criminaliza o uso de drogas e que a cannabis somente poderá ser liberada se tiver uma lei específica para tal. Com base no relato, explique sobre Lei Penal em Branco. A Lei Penal em Branco é uma lei que precisa de complementação, ela precisa de uma integração seja por outra lei ou por ato administrativo, a própria lei de drogas é uma lei que necessita de um ato administrativo para ser complementada, no caso é complementada pela ANVISA, que elenca as substancias que são consideradas drogas, portanto é uma Lei Penal em Branco Heterogênea. 03. O desenvolvimento teórico do Garantismo é atribuído especialmente a Luigi Ferrajoli. A partir de suas ideias, ele sistematizou 10 axiomas que remetem à princípios universais do Direito Penal. Qual a importância do Garantismo Penal no Estado Democrático de Direito? Justifique sua resposta exemplificando com um ou mais axioma(s). O Garantismo Penal tem a finalidade de garantir através de valores e princípios os direitos mínimos do acusado, estes valores e princípios devem nortear tanto o Processo Penal quanto o Direito Penal, é a proteção naquilo que se encontra positivado, ou seja, escrito no ordenamento jurídico, para isso temos 10 axiomas que são princípios basilares do garantismo penal, dentre eles podemos citar: “Nullum crime sine lege” – Não há crime sem lei Contempla o princípio da legalidade, impossível se cogitar a condenação de alguém e a imposição de uma pena se não houver expressa previsão legal, inclusive tutelado no Art. 5º, Inciso XXXIX da Constituicao Federal . “Nulla actio sine culpa” – Não há ação sem culpa Contempla o principio da Culpabilidade, uma ação para ter relevância para o Direito Penal, deve existir culpa ou dolo. Dolo: quando o sujeito tem a intenção de atingir o resultado Culpa: quando o sujeito não tem a intenção de atingir o resultado, mas foi, imprudente, negligente ou imperito. Não havendo uma dessas duas prerrogativas não há crime . 04. “Os bens protegidos pelo Direito Penal não interessam ao indivíduo, exclusivamente, mas à coletividade como um todo, pois a relação existente entre o autor de um crime e a vítima é de natureza secundária, uma vez que esta não tem o direito de punir.” (BITENCOURT, 2002) A partir da finalidade e da missão do direito penal no Estado moderno de Direito, explique com suas palavras a assertiva acima. No Estado Democrático de Direito o Direito Penal não é instrumento de repressão ou opressão. Exerce função mediante a aplicação de penas que visam unicamente coibir as ações nocivas e estimular condutas lícitas, assim temos o Direito Penal como controle social formal e instrumento mais repressivo à disposição do Estado. Para que haja uma convivência harmônica entre os membros de uma comunidade há a necessidade de regras de comportamento. Essas regras visam o mínimo de respeito entre todos com o fim de evitar conflitos. Num Estado democrático, tais regras devem preservar ao máximo a liberdade das pessoas, que podem fazer o que bem entendem, desde que respeitados os limites dos demais. Ou seja, se eu quiser fazer algo que não interfira no direito de outro, o Estado não deve se intrometer na minha liberdade. Com isso podemos dizer que o Direito Penal regula as relações dos indivíduos em sociedade e as relações destes com a mesma sociedade, como meio de controle social formalizado exercido sob tutela do Estado. 05. Analise as afirmativas abaixo, assinale V para as verdadeiras e F para as falsas, em seguida justifique as afirmativas falsas. ( F) A norma penal em branco homogênea provém da mesma fonte formal, ao passo que a norma penal em branco heterogênea provém de fonte formal diversa. Exemplo de norma penal em branco heterogênea é o crime de bigamia (art. 235, Código Penal) que depende do conceito de “casamento” trazido pelo Código Civil para ser completada. As fontes elencadas na questão da norma penal em branco estão corretas porem o exemplo de norma penal em branco é falsa pois se trata de uma norma penal em branco homogênea, pois precisa ser complementada por outra lei, no caso o código civil. ( F) A analogia, método pelo qual se aplica a lei de algum caso semelhante ao que estiver sendo analisado, é classificada como fonte formal mediata do direito penal e sempre poderá ser aplicada no Direito Penal. Falsa pois a Analogia nem sempre poderá ser aplicada no Direito Penal, apenas quando for em benefício do réu, Analogia In Bonam Parte. (F ) As fontes formais revelam o direito por meio das Leis, Doutrina, Jurisprudência, Costumes e Princípios Gerais do Direito. As fontes materiais são de onde emanam as normas penais, que, no ordenamento jurídico brasileiro, referem-se ao Estado. De acordo com a Constituição Federal compete à União, aos Estados e aos Municípios instituir as suas Leis Penais. Falsa pois de acordo com a Constituição Federal no seu Artigo 22, Inciso I, compete privativamente à União legislar sobre o Direito Penal ( V) A ideia de que o Direito Penal, deve tutelar os valores considerados imprescindíveis para a sociedade, e não todos os bens jurídicos, sintetiza o princípio da fragmentariedade