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1ª Edição |Março| 2014 Impressão em São Paulo/SP Introdução à engenharia do trabalho Jéferson Cabrelon Coordenação Geral Nelson Boni Professor Responsável Jéferson Cabrelon Coordenação de Projetos Leandro Lousada Revisão Ortográfica Vanessa Almeida Projeto Gráfico, Dia- gramação e Capa Ana Flávia Marcheti 1º Edição: Março de 2014 Impressão em São Paulo/SP Introdução à engenharia do trabalho Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 CDD – 363.11 C117i Cabrelon, Jéferson. Introdução a engenharia do trabalho. / Jéferson Cabrelon – São Paulo : Know How, 2014. 154 p. : 21 cm. Inclui bibliografia ISBN : 978-85-8065-244-4 1. Segurança do trabalho. 2. Engenharia de segurança do trabalho. 3. Classificação de acidentes. I. Título. Sumário Capítulo 1. A evolução da engenharia de segurança do trabalho 1.1 A evolução da Engenharia de Segurança do Trabalho 1.2 Aspectos econômicos, políticos e sociais 1.3 A história do prevencionismo. Capítulo 2. Contexto capital - Trabalho 2.1 Entidades públicas e privadas 2.2 A Engenharia de Segurança do Trabalho no con- texto capital-trabalho. 2.3 O papel e as responsabilidades do Engenheiro de Segurança do Trabalho Capítulo 3. Conceituação e classificação de acidentes 3.1 Acidentes: conceituação e classificação. 3.2 Causas de acidentes: fator pessoal de inseguran- ça, ato inseguro, condição ambiental de insegurança. Capítulo 4. Conceitos, agentes e riscos das atividades. 4.1 Consequências do acidente: lesão pessoal e pre- juízo material. .7 .73 .89 .113 4.2 Agentes do acidente e fonte de lesão. 4.3 Riscos das principais atividades laborais. Gabarito Referências Bibliográficas .137 .151 7 Apresentação Quando resolvemos contar a história da Enge- nharia de Segurança do Trabalho, estávamos moti- vados a demonstrar o quão árdua é esta profissão e como são tortuosos os caminhos já percorridos. Dentro deste campo, tanto aqueles que são aprendizes, como os pioneiros, percebem que Segu- rança do Trabalho sempre esteve intimamente ligada às condições financeiras das empresas. Nos capítulos a seguir, procuramos abranger exemplos tirados da própria história da evolução do seguimento da Segurança do Trabalho. Seguimos a lógica do ditado: “Por não saber que era difícil, foi lá e fez”; demonstrando, desta forma, que sempre convivemos com situações desta natureza, em que as condições novas assustam e nos trazem uma realidade diferente. Em cada um dos quatro capítulos, reforçamos a origem da área da Segurança e como caminhamos a cada nova etapa. A vivência dos profissionais de cada área é muito importante e deve ser levada em consideração, para definirmos a melhor estratégia de solução dos problemas. Nossa esperança é que ao final deste estudo, o profissional sinta-se mais confiante para aplicar as técnicas e saiba como conduzir as questões preventi- vas dentro de sua atividade. 8 9 Capitulo 1 A Evolução da engenharia de segurança do trabalho 1.1 A evolução da engenharia de seguran- ça do trabalho Para que possamos falar em EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABA- LHO, devemos, primeiramente, entender a própria história da Segurança do Trabalho. No século X a.c, foi criada a lei “dente por dente, olho por olho”; esta lei tinha a finalidade de fazer com que a pessoa que cometesse uma penalidade fosse obrigada a pagá-la da mesma forma, ou seja: 10 No aspecto de segurança, se uma pessoa fosse contrata- da para construir uma casa, e essa, durante a sua fase de construção ou mesmo após o término, caísse e causasse a morte do filho do dono da casa, este teria o direito de matar o filho mais velho da pessoa que a construiu (Essa é famosa lei dente por dente, olho por olho). Apesar de muito radical, era a forma que, na época, os governantes acharam para que as pessoas tivessem o comprometimento e responsabilidade ao construir qualquer equipamento ou estabelecimento. Os anos foram passando e os senhores da época medieval foram adquirindo fórmulas de se proteger quanto aos riscos existentes nas batalhas; e, mesmo sem saber, inventaram os primeiros equi- pamentos que seriam utilizados como modelos para proteção individual, tais como: Luvas de malha de aço, armaduras, perneiras de aço, coletes de ferro, o que, atualmente, chamamos de EPIs – Equipamen- tos de Proteção Individual. Mas, com a intenção de administrar as condições de trabalho, entendendo todos os aspectos de influ- ência do meio ambiente e processos produtivos à saú- de do trabalho, foi no século XVI que George Bauer apresentou um levantamento sobre doenças e aciden- tes em trabalhadores de minas de ouro e prata (1556). Porém, com certeza, o trabalho mais reconhecido na 11 época da evolução da Segurança foi, sem dúvida, o do Pai da Medicina do Trabalho, Bernardino Ramazzi- ni, que, em 1717, relatou os primeiros movimentos violentos e irregulares, que resultavam em lesões pelo corpo. A primeira profissão alvo de pesquisa foi a dos escribas, que trabalhavam fazendo escritas em livros, e, apesar de usarem penas para elaborar as escritas e estas serem bem leves, a quantidade de atividade diá- ria resultava em lesões nas mãos. Porém, por conta do tamanho da classe dos escribas, essas doenças fo- ram tratadas como fatos isolados. Assim, outros profissionais da área médica fize- ram diversos estudos, tais como: Em 1891 – Fritz de Quervain descreve a Tenos- sinovite do músculo abdutor, conhecido como en- torse das lavadeiras; assim como na Suíça, em 1918, os datilógrafos, mecanógrafos e telefonistas tiveram sintomas semelhantes e foram diagnosticados com o que foi chamado de doenças laborais. No Brasil, as evoluções dos estudos em relação à segurança do trabalho foram acontecendo confor- me o crescimento e mobilização da classe trabalhis- ta, conforme demonstrado: • Século XIX - engenhos de açúcar e café. • 1889 - 630 - fábricas e 54.000 empregados. • 1907 – 3.200 fábricas – 150.000 empregados. (1 Rio de Janeiro, 2 São Paulo). 12 • 1907, 1912, 1917, 1920 - greves por melhores con- dições de trabalho. • 1918 - Primeira lei sobre acidentes no trabalho. DL N.º 3.724, de 15/01/1918. • 1919 - Marca presença nas primeiras indústrias americanas. As greves culminam no código sanitário de São Paulo. Lei 13.493, de 05/03/1919 - alterações no DL 3724. • 1923 - Inspetoria de higiene industrial e profissio- nal - Ministério do Interior e Justiça (DL. 16300). • 1934 - Inspetoria de higiene e segurança do tra- balho - MTIC (Ministério do Trabalho, indústria e comércio) – Segunda lei de acidentes do trabalho. Lei 24.637 de 10/07/1934 - alterações no DL 3724. • 1941 - Surge a ABPA - Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes. • 1942 - Divisão de higiene e segurança do trabalho. • 1943 - CLT - DL. 5452 de 01/05/43 - capítulo V - higiene e segurança do trabalho. - Guerra Mundial influencia na Industrialização (CSN, Petrobrás) • 1944 - DL. 7036/ M.T. de 10/11/44 - lei de aci- dentes - SESI. Revoga a lei 3724 • 1949 - Standart Oil (fábrica) - cria o primeiro Ser- viço de Previdência de Acidentes. Porém, é durante a Segunda Grande Guerra Mundial que o movimento prevencionista realmente toma forma, pois, foi quando se pôde perceber que a 13 capacidade industrial dos países em luta seria o pon- to crucial para determinar o vencedor, capacidade esta mais facilmente adquirida com um maior núme- ro de trabalhadores em produção ativa. Neste momento, a Segurança do Trabalho trans- formou-se, definitivamente, numa função importante nos processos produtivos e, enquanto nos países de- senvolvidos este conceito já é popularizado, os países em desenvolvimento lutam para implantá-lo. Nos países da América Latina,a exemplo da Re- volução Industrial, a preocupação com os acidentes do trabalho e doenças ocupacionais também ocorreu tardiamente, sendo que no Brasil os primeiros passos surgem no início da década de 30, sem grandes resul- tados, tendo sido, inclusive, apontado na década de 70 como o campeão em acidentes do trabalho. Apesar disso, pode-se dizer que, atualmente, nós, latino-ame- ricanos, evoluímos muito neste campo. As problemáticas econômica, socioeconômi- ca, humana e psicológica têm tanta magnitude que pode-se afirmar que um país em desenvolvimento só sairá deste estágio, com sucesso, se os acidentes e doenças do trabalho estiverem sob controle. • Década de 50: - II Congresso Pan-americano de Medicina do Tra- balho. - I Congresso Nacional de CIPAS. 14 - 1953 - Portaria 155 - regulamenta CIPAS - Comis- são Interna de Prevenção de Acidentes. • Década de 60: - CONPAT - Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes. - 1963 - Fundacentro - subordinado à Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho do M.T. - 1967 - nova lei de acidentes do trabalho. Lei 293 de 28/02/67 revoga o DL 7036 (1944). Lei 5316 de 14/09/67 - Seguro de acidentes não permanecerá só no campo privado. - 1968 - Portaria 32 - CIPAs. • Década de 70: - 1972 - Portaria 3237 - Segurança, Higiene e Medi- cina do Trabalho. - 1975 - Portaria 3460 - Segurança e Medicina do Trabalho. - 1976 - Lei de Acidentes n.º 6367 de 19/10/76 (DL. 79037 de 24/12/76). Revoga a lei 5316. O seguro é feito obrigatoriamente pelo INPS. - 1977 - Lei 6514 - revisão do capítulo V, título II da CLT. (DL 5452) - 1978 - Lei n.º 83080 - Substitui e cancela 79037 (24/12/76) - 1978 - Regulamentada a Lei 6514 - Portaria 3214 / MTb /78 15 • Década de 80: - 1983 - Portaria n.° 6 de 09/03/83 SSMT - MT - Alterações da 3214. Alterações da NRs 1, 2, 3 e 6. - 1988 - Portaria n.° 3067 de 12/04/88 - MT - Apro- vação das normas regulamentadoras rurais - Segu- rança e Higiene do trabalho rural (art. 13 da lei 5889 de 08/06/73). • Década de 90: - 1991 - Lei 8213 - determina que o INSS cobre de empresas culpadas por acidentes de trabalho os be- nefícios pagos aos acidentados. - 1992 – Criação da FENATEST – Federação Na- cional dos Técnicos de Segurança do Trabalho. • Anos 2000: Criação de normas relativas ao uso das empresas do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP). Obs.: A empresa deverá elaborar e manter atualizado o perfil profissiográfico previdenciá- rio, abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho ou do desligamento do cooperado, cópia autêntica deste documento, sob pena de multa prevista no art. 283. Para fins de concessão de benefícios por incapacidade, a partir de 01/11/2003, a Perícia Médica do INSS poderá solicitar à empresa o PPP. 16 Quando da emissão do PPP, levar em conside- ração todas as situações das características do tra- balho a ser adotado. Na emissão deste documento, sempre possuir a assinatura de um responsável, e suas avaliações. Deve-se introduzir informações do PCMSO e do PPRA num único documento, permitindo análi- ses médico-periciais. Figura 1- PPP – PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO 17 Figura 2- PPP – PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO Fonte: http://menta2.dataprev.gov.br/prevfacil/prevform/benef/pg_ internet/ifben_visuform.asp?id_form=2639 18 Figura 3- PPP – PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO 19 20 Figura 4- PPP – PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO 21 Figura 5- PPP – PERFIL PROFISSIOGRAFICO PREVIDENCIARIO Figura 6- PPP – PERFIL PROFISSIOGRAFICO PREVIDENCIARIO Fonte: http://www.previdencia.gov.br/informaes-2/perfil-profissiogr- fico-previdencirio-ppp/ 22 Ao longo dos anos, diversos programas foram adotados com características diferenciadas, sendo que, em cada época, existia um programa mais eficaz para aquele momento, conforme detalhado: • PROGRAMA SOL – SEGURANÇA, ORDEM E LIMPEZA • PROGRAMA 5 S • PROGRAMA STOP • PROGRAMA CONTROLE TOTAL DE PERDAS • PROGRAMA SQP= SEGURANÇA QUALIDA- DE E PRODUTIVIDADE As características de cada programa foram mui- to importantes, mas o início da grande evolução da segurança no Brasil foi a partir de 1970, quando o país foi considerado o campeão mundial de aciden- tes de trabalho. A partir de então, começou a mobilização para diminuir o custo de acidente do trabalho junto ao INSS. Em 1972, foi instituída a figura do Inspetor de Segurança, que tinha o objetivo de fazer a função do Técnico de Segurança; porém, esta ação não surtiu muito efeito, e, em 1978, ocorreu a edição das nor- mas regulamentadoras, pela portaria 3214, Norma 4, na qual era exigida a contratação de profissionais da área de Segurança do Trabalho. Com estas normas e outras que foram instituídas, deu-se início a uma 23 nova Segurança do Trabalho no Brasil. Neste contexto, a CIPA – COMISSÃO INTE- RA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES, que teve a sua base elaborada na década de 40, foi uma peça importante na evolução e na cobrança das condições de melhorias de trabalho. Naturalmente, toda essa participação ocorreu gradativamente, ao passo que classe trabalhadora ganhava força com suas reivindi- cações, mas aparecia a figura do Cipeiro. No final da década de 70 e início de 80, com as greves que ocor- reram por toda extensão do Brasil, as questões de segurança foram tomando corpo, conforme acon- teciam as negociações entre Patrões x Empregados. Muitas vezes, ocorriam impasses no momento de firmar acordos trabalhistas, justamente pelas par- tes não se entenderem com relação às condições de melhorias de trabalho que as empresas deveriam se comprometer. A região do Grande ABC e a Grande São Paulo foram muito importantes neste contexto, pois ali foi o berço das primeiras e melhores nego- ciações entre empregados e patrões. Muitas empresas tiveram que mudar o seu per- fil e exigir uma atuação mais rígida do profissional de Segurança do Trabalho, com intuito de eliminar condições de riscos de acidentes e também ter a fle- xibilidade ao fazer exigências no comprometimen- to de normas e regulamentos de segurança. Nesta condição clara de evolução, a área de Segurança do 24 Trabalho ganhou expressão no final da década de 80 com a chegada da ISO-9000, que inicialmente tinha seu foco em definir padrões de qualidade de fabrica- ção de produtos. Porém, os empresários logo se deram conta de que não seria possível falar de qualidade de produto se não fosse levada em conta a qualidade de vida dos trabalhadores. Aos poucos, os órgãos certificadores da ISO-9000 foram aderindo às exigências voltadas para as condições de trabalho. Nos dias de hoje, é impossível na sobrevivência de uma empresa não levar em conta o tripé básico de sustentação, conforme demostra seguir: 25 A posição dos itens pode ser invertida, a segu- rança não precisa, necessariamente, vir em primeiro plano, o importante é respeitar que estes três itens existam, para que a empresa tenha sustentabilidade; seja ela pequena, média ou de grande porte. É impossível falarmos em evolução, de qual- quer segmento, sem que tenhamos esta pirâmide como base para progresso e evolução da empresa. Não esquecendo que no item segurança devemos in- serir como agregada a área de Meio Ambiente. Neste cenário, o profissional da área de Se- gurança do Trabalho passou a ser mais exigido, e, também, mais valorizado. Gradativamente, a área assumiu posição de destaque em empresas que têm como compromisso a saúde e a integridade física dos trabalhadores. Existem muitas empresas em que a área de se- gurança responde ao Diretor Geral, ou, se for Multi- nacional, à Diretoria da Matriz, em outro país; dan- do mais entusiasmo e credibilidade ao profissional. Com a reformulação da Norma Regulamentadora 12 - Segurança em Máquinas e Equipamentos, essa posição do Departamento de Segurança estáse per- petuando cada vez mais. A maioria dos projetos ela- borados em empresas exige que o profissional de Se- gurança se posicione e oriente quanto aos aspectos legais e de riscos; situação esta que até pouco tempo atrás não acontecia, e o Engenheiro de Segurança 26 somente era lembrando no momento de acidentes, fiscalizações ou processos trabalhistas. A legislação brasileira é bem conceituada na quantidade de exigências legais trabalhistas, porém, demanda uma fiscalização mais efetiva. Para que esta situação fique clara, é só verificar que, ainda hoje, a composição do SESMT não é respeitada em algu- mas empresas. 27 Descrição do Cargo de cada profissional do SESMT - SERVIÇO ESPECIALIZADO EM SE- GURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO: Função: Engenheiro de segurança do trabalho - CBO: 214915 • Assessorar os diversos órgãos da Instituição em assuntos de segurança do trabalho. • Propor normas e regulamentos de segurança do trabalho. • Estudar as condições de segurança dos locais de trabalho e das instalações e equipamentos. • Examinar projetos de obras e equipamentos, opi- nando do ponto de vista da segurança do trabalho. • Indicar e verificar a qualidade dos equipamentos de segurança. • Estudar e implantar sistema de proteção contra in- cêndios e elaborar planos de controle de catástrofe. • Delimitar as áreas de periculosidade, insalubridade e outras, de acordo com a legislação vigente, emitir parecer, laudos técnicos e indicar mediação de con- trole sobre grau de exposição a agentes agressivos de riscos físicos, químicos e biológicos. • Analisar acidentes, investigando as causas e pro- pondo medidas corretivas e preventivas. • Opinar e participar da especificação para aquisição de substâncias e equipamentos cuja manipulação, 28 armazenamento, transporte ou funcionamento pos- sam apresentar riscos, acompanhando o controle do recebimento e da expedição. • Colaborar na fixação de requisitos de aptidão para o exercício de funções, apontando os riscos decor- rentes desses exercícios. • Manter cadastro e analisar estatísticas dos aciden- tes, a fim de orientar a prevenção e calcular o custo. • Realizar a divulgação de assuntos de segurança do trabalho. • Participar de programa de treinamento, quan- do convocado. • Elaborar e executar programas de treinamento geral e específico no que concerne à segurança do trabalho. • Planejar e executar campanhas educativas sobre prevenção de acidentes. • Participar, conforme a política interna da Institui- ção, de projetos, cursos, eventos, convênios e pro- gramas de ensino, pesquisa e extensão. • Trabalhar segundo normas técnicas de segurança, qua- lidade, produtividade, higiene e preservação ambiental. • Executar tarefas pertinentes à área de atuação, utili- zando-se de equipamentos e programas de informática. • Executar outras tarefas compatíveis com as exigên- cias para o exercício da função. 29 Função: Mésico do trabalho CBO: 223118 • Realizar consulta e atendimento médico, exames, levantar hipóteses diagnósticas, solicitar exames complementares, interpretar dados de exame clíni- co e complementares, diagnosticar estado de saúde de clientes, discutir diagnóstico, prognóstico e trata- mento com clientes, responsáveis e familiares. • Realizar atendimentos de urgência e emergência e visitas domiciliares. • Planejar e prescrever tratamento aos clientes, praticar intervenções, receitar drogas, medica- mentos e fitoterápicos. • Realizar exames para admissão, retorno ao traba- lho, periódicos, e demissão dos servidores em espe- cial daqueles expostos a maior risco de acidentes de trabalho ou de doenças profissionais. • Implementar medidas de segurança e proteção do trabalhador, promover campanhas de saúde e ações de controle de vetores e zoonoses. • Elaborar e executar ações para promoção da saúde, prescrever medidas higiênico-dietéticas e ministrar tratamentos preventivos. • Realizar os procedimentos de readaptação funcio- nal instruindo a administração da Instituição para mudança de atividade do servidor. • Participar juntamente com outros profissionais, da elaboração e execução de programas de proteção à 30 saúde do trabalhador, analisando em conjunto os ris- cos, as condições de trabalho, os fatores de insalubri- dade, de fadiga e outros. • Participar, conforme a política interna da Institui- ção, de projetos, cursos, eventos, comissões, convê- nios e programas de ensino, pesquisa e extensão. • Elaborar relatórios e laudos técnicos em sua área de especialidade. • Participar de programa de treinamento, quan- do convocado. • Executar tarefas pertinentes à área de atua- ção, utilizando-se de equipamentos e progra- mas de informática. • Executar outras tarefas compatíveis com as exigên- cias para o exercício da função. Função: Técnico em segurança do trabalho CBO: 351605 • Orientar e coordenar o sistema de segurança do trabalho, investigando riscos e causas de acidentes, analisando política de prevenção. • Inspecionar locais, instalações e equipamentos da Instituição e determinar fatores de riscos e de aci- dentes. • Propor normas e dispositivos de segurança, suge- rindo eventuais modificações nos equipamentos e instalações e verificando sua observância, para pre- 31 venir acidentes. • Inspecionar os sistemas de combate a incêndios e demais equipamentos de proteção. • Elaborar relatórios de inspeções qualitativas e quantitativas, conforme o caso. • Registrar em documento próprio a ocorrência do acidente de trabalho. • Manter contato junto aos serviços médico e social da Instituição para o atendimento necessário aos aci- dentados. • Investigar acidentes ocorridos, examinar as condi- ções, identificar suas causas e propor as providências cabíveis. • Elaborar relatórios técnicos, periciais e de estatísti- cas de acidentes. • Orientar os funcionários da Instituição no que se refere à observância das normas de segurança. • Promover e ministrar treinamentos sobre seguran- ça e qualidade de vida no trabalho. • Promover campanhas e coordenar a publicação de material educativo sobre segurança e medicina do trabalho. • Participar de programa de treinamento, quando convocado. • Participar de reuniões de trabalho relativas à sua área de atuação. • Executar tarefas pertinentes à área de atuação, uti- lizando-se de equipamentos de medição e de progra- 32 mas de informática. • Executar outras tarefas compatíveis com as exigên- cias para o exercício da função. Função: Técnico em enfermagem do trabalho CBO: 322215 • Auxiliar na observação sistemática do estado de saúde dos servidores, nos levantamentos de doenças ocupa- cionais, lesões traumáticas, doenças epidemiológicas. • Fazer visitas domiciliares e hospitalares nos casos de acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais. • Auxiliar o Médico e/ou Enfermeiro do Trabalho nas atividades relacionadas à medicina ocupacional. • Organizar e manter atualizados os prontuários dos servidores. • Participar dos programas de prevenção de aciden- tes, de saúde e de medidas reabilitativas. • Desempenhar tarefas relativas a campanhas de educação sanitária. • Preencher os relatórios de atividades do ambu- latório dos serviços de médico e de enfermagem do trabalho. • Auxiliar na realização de inspeção sanitária nos lo- cais de trabalho. • Auxiliar na realização de exames pré-admissionais, periódicos, demissionais e outros determinados pe- las normas da Instituição. 33 • Atender as necessidades dos servidores portadores de doenças ou lesões ocupacionais de pouca gravi- dade, sob supervisão. • Participar de programa de treinamento, quando convocado. • Zelar pela manutenção, limpeza, conservação, guarda e controle de todo o material, aparelhos, equipamentos e de seu local de trabalho. • Executar tarefas pertinentes à área de atuação, utili- zando-se de equipamentos e programas de informática.• Executar outras tarefas compatíveis com as exigên- cias para o exercício da função. Função: Auxiliar de enfermagem CBO: 322230 • Participar da prestação de assistência de enferma- gem segura, humanizada e individualizada aos usuá- rios dos serviços, assim como colaborar nas ativida- des de ensino e pesquisa desenvolvidas na Institui- ção, sob a supervisão do Enfermeiro. • Preparar clientes para consultas e exames, orientan- do-os sobre as condições de realização dos mesmos. • Colher e ou auxiliar cliente na coleta de material para exames de laboratório, segundo orientação. • Realizar exames de eletrodiagnósticos e registrar os eletrocardiogramas efetuados, segundo instruções médicas ou de enfermagem. • Orientar e auxiliar clientes, prestando informações 34 relativas à higiene, alimentação, utilização de medica- mentos e cuidados específicos em tratamento de saúde. • Verificar os sinais vitais e as condições gerais dos clientes, segundo prescrição médica e de enfermagem. • Cumprir prescrições de assistência médica e de enfermagem. • Realizar a movimentação e o transporte de clientes de maneira segura. • Preparar e administrar medicações por via oral, tó- pica, intradérmica, subcutânea, intramuscular, endo- venosa e retal, segundo prescrição médica. • Realizar registros da assistência de enfermagem pres- tada ao cliente e outras ocorrências a ele relacionadas. • Circular e instrumentar em salas cirúrgicas e obsté- tricas, preparando-as conforme o necessário. • Efetuar o controle diário do material utilizado, bem como requisitar, conforme as normas da Instituição, o material necessário à prestação da assistência à saúde do cliente. • Executar atividades de limpeza, desinfecção, este- rilização do material e equipamento, bem como sua conservação, preparo, armazenamento e distribui- ção, comunicando ao superior eventuais problemas. • Propor a aquisição de novos instrumentos para re- posição daqueles que estão avariados ou desgastados. • Coletar leite materno no lactário ou no domicílio. Realizar controles e registros das atividades do setor 35 e outros que se fizerem necessários para a realização de relatórios e controle estatístico. • Auxiliar na preparação do corpo após o óbito. • Cumprir as medidas de prevenção e controle de infecção hospitalar. 19. Participar de programa de treinamento, quando convocado. • Executar tarefas pertinentes à área de atuação, utili- zando-se de equipamentos e programas de informática. A partir da introdução do SESMT como exigên- cia, conforme Quadro II da NR-04, as empresas, no primeiro momento, se viram obrigadas a constituir es- tes profissionais, o que acabou levando muitas a contra- tarem, porém, desviava a função para outras atividades, e muitas vezes até englobando a responsabilidade por outras áreas da empresa, tais como: Segurança Patrimo- nial, Limpeza, Manutenção e Almoxarifado. 1.2 Aspectos econômicos, políticos e sociais Conforme descrito anteriormente, nas décadas de 70 e 80, a área de Segurança e Saúde no Trabalho apre- sentou índices alarmantes de acidentes de trabalho. Nos anos 70, o país contabilizou em um único ano mais de 1.700.000 acidentes de trabalho, sendo considerado o “Campeão Mundial de Acidente de Trabalho”, mais de 18% de trabalhadores. Diante desse quadro alarmante, o Brasil foi compelido a definir ações que pudessem 36 reduzir tais indicadores. Em 1977, pela Lei 6.514, foi alterado o Capítulo V do Título II da CLT, que tra- ta da segurança e saúde dos trabalhadores nos locais de trabalho, com importantes modificações nas regras básicas então estabelecidas, a fim de garantir a efetiva melhoria dos ambientes e das condições de trabalho. Nos anos 60, começaram a se sobressair os con- ceitos de prevenção e higiene ocupacional, que ganha- ram um impulso maior com a classificação do Brasil como “Campeão Mundial de Acidentes de Trabalho”, no início dos anos 70, em plena Ditadura Militar. As- sim mesmo, o país só veio a ter uma legislação ampla e articulada, voltada para a prevenção, no final dos anos 70, após forte desgaste da imagem do país em nível internacional e da opinião pública nacional. Desta forma, durante todos esses anos, a questão da prevenção dos acidentes (e, em raríssimas situações, das doenças profissionais), foi tratada no âmbito do Ministério do Trabalho, já que a lógica predominante era a do desenvolvimento do capitalismo no país, ba- seado na industrialização crescente e nos paradigmas conceituais do Fordismo e do Taylorismo. Na década de 1970, o Brasil registrava uma mé- dia de 3.604 óbitos para 12.428.826 trabalhadores. Em 1972, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTB) ini- ciou o programa de formação de especialistas e técni- cos em medicina e segurança do trabalho, tendo sido publicada uma portaria que obrigava as empresas a 37 criar serviços médicos para os empregados, dependen- do do tamanho e do risco da empresa. Essa portaria ministerial tinha como base a recomendação n.º 112 da OIT, de 1959, que foi o primeiro instrumento inter- nacional em que foram definidos de maneira precisa e objetiva as funções, a organização e os meios de ação dos serviços de medicina do trabalho, servindo como base para as diretrizes de outras instituições científicas. Em 1978, o MTB aprovou as Normas Regulamentado- ras (NR) relativas à segurança e à medicina do trabalho. Através dessas Normas, estabeleceu-se, segundo crité- rios de risco e número de empregados das empresas, a obrigatoriedade de serviços e programas responsáveis pelas questões relativas à saúde e segurança no ambien- te de trabalho. Os Serviços Especializados em Engenharia de Se- gurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), segundo a NR-04, são responsáveis por aplicar os conhecimen- tos específicos de engenharia de segurança e medicina do trabalho, de forma a reduzir ou até eliminar os riscos à saúde do trabalhador. Além disso, são responsáveis tecnicamente pela orientação quanto ao cumprimento das normas regulamentadoras de segurança e medici- na do trabalho. As Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA) têm os objetivos de conhecer as condições de risco nos ambientes de trabalho, solicitar medidas para reduzir e até eliminar os riscos existentes e promover as normas de segurança e saúde dos traba- 38 lhadores, conforme descrito na NR-05. Ainda nos anos 70, surge a figura do Engenheiro de Segurança do Trabalho nas empresas, devido exi- gência de lei governamental, objetivando reduzir o nú- mero de acidentes. Porém, este profissional atuou mais como um fiscal dentro da empresa, e sua visão com relação aos acidentes de trabalho era apenas corretiva. Em 08 de junho de 1978, é criada a Portaria n.° 3.214, que aprova as Normas Regulamentadoras – NRs referentes à Segurança e Medicina do Trabalho, que obriga oficialmente as Empresas o seu cumprimento. Essas normas abordam vários problemas relacionados ao ambiente de trabalho e a saúde do trabalhador. O papel do Engenheiro de Segurança do Trabalho deixa de ser fiscal dentro da empresa e, dentre as atribuições que lhes são conferidas, podemos destacar as de plane- jar e desenvolver a implantação de técnicas relativas ao gerenciamento e controle de riscos, ou seja, sua atuação deixa de ser apenas corretiva, passa a ser preventiva. Hoje, podemos dizer que as Normas Regulamen- tadoras são modernas bem articuladas entre si, e fazem contexto mais claro na sua aplicação dia a dia. • NR 1 - DISPOSIÇÕES GERAIS; • NR 2 - INSPEÇÃO PRÉVIA; • NR 3 - EMBARGO OU INTERDIÇÃO; • NR 4 - SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM EN- GENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICI- 39 NA DO TRABALHO; • NR 5 - COMISSÃO INTERNA DE PREVEN- ÇÃO DE ACIDENTES; • NR 6 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDI- VIDUAL – EPI; • NR 7 - PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL; • NR 8 – EDIFICAÇÕES; • NR 9 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RIS- COS AMBIENTAIS; • NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOSEM ELETRICIDADE; • NR 11 - TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, AR- MAZENAGEM E MANUSEIO DE MATERIAIS; • NR-12 - SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS; • NR-13 CALDEIRAS E VASOS DE PRESSÃO; • NR-14 FORNOS; • NR 15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALU- BRES; • NR 16 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERI- GOSAS; • NR 17 – ERGONOMIA; • NR 18 - CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRU- ÇÃO; • NR 19 – EXPLOSIVOS; • NR 20 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABA- 40 LHO COM INFLAMÁVEIS E COMBUSTÍVEIS; • NR 21 – TRABALHOS À CEÚ ABERTO; • NR 22 – SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIO- NAL NA MINERAÇÃO; • NR 23 – PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS; • NR 24 – CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CON- FORTO NOS LOCAIS DE TRABALHO; • NR 25 – RESÍDUOS INDUSTRIAIS; • NR 26 – SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA; • NR 27 – REGISTRO PROFISSIONAL DO TÉC- NICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO; • NR 28 - FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES; • NR 29 – NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO POR- TUÁRIO; • NR 30 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABA- LHO AQUAVIÁRIO; • NR 31 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRA- BALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA SIL- VICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA; • NR 32 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABA- LHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE; • NR-33 SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABA- LHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS; • NR 34 - CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRU- ÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL; 41 • NR-35 TRABALHO EM ALTURA; • NR-36 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABA- LHO EM EMPRESAS DE ABATE E PROCESSA- MENTO DE CARNES E DERIVADOS. Difundem-se, então, os estudos e os centros de pesquisa sobre qualidade de vida no trabalho nos Es- tados Unidos. Tantos os estudos quanto os centros de pesquisa obtiveram apoio das empresas, do governo e dos sindicatos. Durante essa época são constituídos o National Comission on Productivity e diversos centros de pesquisa em QVT. Concomitantemente ao desenvolvimento dos es- tudos sobre QVT e produtividade, viam-se, no contex- to americano, fortes sinais de crise no sistema de pro- dução em massa (MATTOSO, 1995). Aos poucos, se instaura uma crise caracterizada pelo estagflação, pela instabilidade financeira e pela queda de produtividade, sendo agravada na década de 70 pela crise do petróleo. Durante a crise do petróleo os investimentos em estudos de qualidade de vida no trabalho são reduzidos, tanto pelo governo quanto pelas empresas que passa- ram a focar na sobrevivência, deixando os interesses dos funcionários para um segundo plano (VIEIRA, 1996). Os estudos que QVT são retomados no final da década de 70, perdurando até os dias atuais. Até o início da década de 80, muitas pesquisas e grupos de pesquisadores se destacaram no panorama 42 internacional dentro do que se pode considerar como pertencentes formalmente ao movimento de QVT, tais como: HACKMAN & LAWLER (1971), WALTON (1973), HACKMAN & OLDHAN (1975), LIPPT (1978) e WESTLEY (1979) que se preocuparam em desenvolver e pesquisar, dentro de uma perspectiva funcionalista, variáveis que pudessem significar a me- lhoria das condições de trabalho. http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe29gAA/evolu- cao-seguranca-trabalho 43 44 Conforme demonstrado na tabela, podemos verificar que, em 1970, um percentual de 0,03% da população entrou em obtido por conta de acidentes de trabalho, sendo que, após 38 anos, este índice caiu para 0,006%, demonstrando uma clara evolução das ações prevencionistas. O número pode até parecer muito pequeno, porém, quando se fala em mortes, ainda devemos considerar o número bem alto. O Profissional da área de Segurança ainda tem um longo caminho a percorrer, para que se possam alcançar as condições ideias de trabalhos. Não podemos deixar obscuros neste número, que muitos acidentes nas atividades informais, tam- bém não foram contabilizados nem da década de 70, e nem na década atual. O INSS ainda tem boa parte de sua receita destina- da a pagamento de pensões por mortes, invalidez e pro- cessos trabalhistas decorrentes de acidentes do trabalho. 1.3 A história do prevencionismo Estudos de H.W Heinrich e R.P Blak - (Ideia de acidentes com danos à propriedade - aci- dentes sem lesão) Os estudos de Heinrich e R.P Blake foram os primeiros a demonstrar que apenas a reparação de danos não era suficiente, e sim a necessidade de ações tão ou mais importantes, que, além de assegu- 45 rar o risco de acidentes (pela abordagem tradicional acidente = lesão), tendessem a preveni-los. O Sr. Heinrich pertencia a uma companhia de seguros dos Estados Unidos e, em 1926, a partir da análise de acidentes do trabalho liquidados por sua companhia, iniciou uma investigação nas empresas em que os acidentes haviam ocorrido, tentando ob- ter informações sobre os gastos adicionais que ha- viam tido, além das indenizações pagas pelo seguro. Os dados demonstravam a média da indústria ameri- cana, não sendo sua intenção, no entanto, generalizar esta estimativa para todos os casos de levantamento de custos de acidentes nas empresas. Sendo assim, o Sr. Heinrich chamou de custos diretos os gastos da companhia seguradora com a li- quidação de acidentes e de custos indiretos as perdas sofridas pelas empresas em termos de danos mate- riais e de interferências na produção. Com relação a estes custos, em 1931, Heinich revelou em sua pes- quisa a relação 4:1 (custos indiretos: custos diretos) entre os custos dos acidentes, ou seja, os custos indi- retos eram quase quatro vezes maiores que os custos diretos, para a indústria como um todo. Conforme DE CICCO (1984), a consistência e o significado da proporção de 4 para 1 são extrema- mente fracos, e o fato de não terem sido utilizados modelos padronizados para o cálculo dos referidos custos, torna o emprego desta proporção totalmen- 46 te inviável, além do que a necessidade da realização de estudos específicos e da não generalização deriva também do fato de que esta relação poder variar de 2,3:1 até 100:1, não sendo objetivo do autor aplicar tal proporção em casos individuais e específicos. Sendo que em 1947, a partir dos estudos de ou- tro norte-americano R.H. Simonds apud DE CIC- CO (1984), os termos custo direto e custo indireto de Heinrich foram substituídos, respectivamente, por custo segurado e custo não segurado. O método proposto por Simonds, para o cálculo dos custos de acidentes, enfatiza a realização de estudos-piloto em cada empresa, dos custos associados a quatro tipos básicos de acidentes: lesões incapacitantes, casos de assistência médica, casos de primeiros socorros e acidentes sem lesão. Foi o Sr. Heinrich quem introduziu pela pri- meira vez a ideia de acidentes sem lesão, ou seja, os acidentes com danos à propriedade. Sob este enfo- que são considerados todos aqueles acidentes que, de uma forma ou de outra, comprometem o anda- mento normal de uma atividade, provocando danos materiais. As proporções obtidas entre os diversos tipos de acidentes: com lesão incapacitante, com lesões não incapacitantes e acidentes sem lesão, obtidos pelos estudos de Sr. Heinrich, são os representados na figura 9. 47 De acordo com a pirâmide de Sr. Heinrich, ob- serva-se que para 1 acidente com lesão incapacitante, correspondiam 29 acidentes com lesões menores e outros 300 acidentes sem lesão. Esta grande parcela de acidentes sem lesão não vinha sendo considerada, até então, em nenhum aspecto, nem no financeiro e nem no que tange aos riscos potenciais que implica à saúde e vida do trabalhador caso algum fator con- tribuinte (ato ou condição insegura) os transformas- sem em acidentes com perigo de lesão. Figura 9. – Pirâmide de Heinrich (1931) O Sr. Heinrich apud HEMÉRITAS (1981), em sua obra "Industrial Accident Prevention", aponta que os acidentes de trabalho, com ou sem lesão, são devidos à personalidade do trabalhador, à prática de atos inseguros e à existência de condições inseguras nos locais de trabalho. Supõe-se, desta forma, que as medidas preventivasdevem ater-se ao controle 48 destes três fatores causais. Neste ponto, pode-se ter uma ideia da importância e do não esquecimento dos mecanismos tradicionais, pois o reconhecimen- to e identificação das causas podem ser realizados através da coleta de dados durante a investigação dos acidentes. O uso dos quadros estatísticos baseados nesta coleta podem ser fundamentais para elabora- ção e programação da prevenção de acidentes. Com o passar dos anos, o Sr. R. P. Blake, ana- lisando o assunto sob o mesmo ponto de vista de Sr. Heinrich, chegou a formular afirmativas e suges- tões, visando à diminuição da perda por acidentes. Do ponto de vista destes autores, as empresas, mais do que promover medidas de proteção social a seus empregados, deveriam, efetivamente, preocupar-se em evitar os acidentes, sendo eles de qualquer natu- reza. Esta sugestão estava calcada no pressuposto de que, segundo suas observações, apesar das empresas direcionarem esforços na proteção social de seu em- pregado, as perdas materiais com acidentes continu- avam a ser de grande magnitude, sendo que, muitas vezes, os acidentes com danos à propriedade tinham as mesmas causas ou, pelo menos, causas semelhan- tes às dos acidentes pessoais. Apesar de já haver sido alertado por Heinrich duas décadas antes, foi somente na década de 50 que tomou forma nos EUA um movimento de grande valorização dos programas de prevenção de riscos 49 de danos materiais. Conforme levantamentos realizados, o Con- selho Nacional de Segurança dos EUA, em 1965, concluiu que em dois anos o país havia perdido em acidentes materiais uma parcela que se igualava ao montante de perdas em acidentes pessoais, chegan- do a uma cifra de US$ 7,2 e US$ 7,1 bilhões para danos materiais e pessoais respectivamente. E mais, em 1965 os acidentes com danos materiais nas em- presas superavam, quase em duas vezes, as perdas com danos materiais em acidentes de trânsito no ano de 1964, totalizando uma perda no valor de US$ 1,5 bilhão para estes e de US$ 2,8 bilhões para aqueles. Nesta mesma época, estimativas semelhantes come- çaram a ser realizadas pelas empresas. Foi descoberto um levantamento em 1915 da Luckens Steel, empresa siderúrgica da Filadélfia, que havia nomeado um Diretor de Segurança e Bem- -Estar conseguindo, com isto, reduzir, até 1954, o coeficiente de freqüência de 90 para 2 acidentes pes- soais por milhão de homens-hora trabalhados. Igual sucesso, porém, não obteve na redução dos aciden- tes graves com danos à propriedade sofridos pela empresa neste mesmo ano. Os controles de medição de custos e programas executados durante os 5 anos subsequentes serviram para mostrar à gerência os grandes danos incorridos na empresa por decorrên- cia de acidentes materiais. Em 1956, reconhecendo a 50 importância do problema, os acidentes com danos à propriedade eram, então, incorporados aos progra- mas de prevenção de lesões já existentes na empresa. Sendo assim, e de acordo com os resultados sa- tisfatórios obtidos, o ano de 1959 foi adotado como base para o futuro, sendo o custo dos danos à pro- priedade observado neste ano-base de US$ 325.545 por milhão de horas-homem trabalhadas. Em 1965, o mesmo custo era estimado em US$ 137.832 por milhão de horas-homem trabalhadas, com uma re- dução, durante estes 7 anos, de US$ 187.713. Na empresa Luckens Steel, Bird desenvolveu seus estudos e iniciou um programa de Controle de Danos, que sem descuidar dos acidentes com danos pessoais - o homem é o fator preponderante em qualquer programa de engenharia de segurança -, tinha o objetivo principal de reduzir as perdas oriun- das de danos materiais. A motivação inicial para seu trabalho foram os acidentes pessoais e a consciência dos acidentes ocorridos durante este período com ele e seus companheiros de trabalho, já que o pró- prio Bird fora operário da Luckens Steel. Estes dois fatores aliados levaram-no a se preocupar com a área de segurança. Os quatro aspectos básicos do progra- ma por ele elaborado foram: informação, investiga- ção, análise e revisão do processo. Porém, em 1966, baseando sua teoria de Con- trole de Danos em uma análise de 90.000 acidentes 51 ocorridos na Luckens Steel, durante um período de mais de 7 anos, observou que, do total, 145 acidentes foram incapacitantes, 15.000 acidentes com lesão e 75.000 foram acidentes com danos à propriedade. As- sim, Bird chegou a proporção entre acidentes pesso- ais e com danos à propriedade mostrada na figura 10. Conforme demonstrado na pirâmide de Bird, na figura 10, a seguir, observa-se que para cada aci- dente com lesão incapacitante, ocorriam 100 peque- nos acidentes com lesões não incapacitantes e ou- tros 500 acidentes com danos à propriedade. O Sr. Bird, em seu trabalho, também estabele- ceu a proporção entre os custos indiretos (não segu- rados) e os diretos (segurados), obtendo a proporção 6,1:1. O objetivo do estabelecimento de tais custos foi o de mostrar como cada empresa pode estimar os seus individuais. Vale ressaltar que a proporção de Bird (6,1:1) não é mais significativa do que a pro- posta, por exemplo, por Heinrich (4:1), e que cada empresa deve, na verdade, fazer inferências sobre os resultados dos próprios dados levantados. Figura 10. – Pirâmide de Bird (1966) 52 Em vez de simples slogans, como era comum na época, o trabalho de Bird teve o mérito de apresentar dados com projeções estatísticas e financeiras, além das perdas materiais e pessoais sofridas pela empresa. Os resultados foram aparecendo ao longo do tempo e, apesar disso, nos últimos 10 anos não hou- ve diminuição significativa na taxa de frequência de acidentes, havendo, isso sim, uma diminuição de cer- ca de 50% na taxa de gravidade dos mesmos. Segundo Bird apud OLIVEIRA (1991), a for- ma de se fazer segurança é através do combate a qualquer tipo de acidente e que a redução das perdas materiais liberará novos recursos para a segurança. Mais tarde, os estudos de Bird foram denomi- nados de Controle de Perdas e os programas geren- ciais como Administração do Controle de Perdas, cuja visão, anos mais tarde, foi bastante ampliada pelos estudos de Fletcher, que incorpora outros fa- tores, como: proteção ao meio ambiente, qualidade, projeto, confiabilidade, etc. Estudos da insurance company pf north ameri- ca (ICNA) - (Dados estatísticos sobre acidentes pessoais e materiais) Demonstrando que os estudos de Sr. Bird têm fundamentação, em 1969 a ICNA analisou e publi- cou um resumo estatístico de dados levantados junto 53 a 297 empresas que empregavam cerca de 1.750.000 pessoas, onde foram obtidos 1.753.498 relatos de ocorrências. Esta amostra, consideravelmente maior, propiciou chegar-se a uma relação mais precisa que a de Bird e Heinrich quanto à proporção de acidentes, além de incluir um fato novo - os quase acidentes. Vamos notar que na Figura 11, as proporções ob- tidas pela ICNA demonstram que, para cada acidente com lesão grave associam-se 10 acidentes com lesão leve, 30 acidentes com danos à propriedade e 600 aci- dentes sem lesão ou danos visíveis - os quase acidentes. Cabe aqui ressaltar a importância da inclusão dos acidentes sem lesão ou danos visíveis, pois, por serem quase-acidentes os mesmos nos revelam po- tenciais enormes de acidentes, ou seja, situações com risco potencial de ocorrência sem que tenha havido, ainda, a perda pessoal ou não pessoal. Figura 11 – Pirâmide da ICNA (1969) 54 A ICNA tinha como objetivo exclusivamente econômico-financeiro, os resultados apresentados são de grande importância não só para evitar as per- das materiais, mas também para evitar as perdas pes- soais, já que se o acidente "quase ocorreu", a perda também "quase aconteceu" e se realmente ocorres- se, poderia ser tanto material como pessoal. Estudos de John A. Fletcher e H.M Douglas (Controle Total de Perdas) Pegando carona, os estudos de Fletcher e Dou- glasvieram aprofundar os trabalhos de Bird. Sendo que, em 1970, Fletcher propôs o estabe- lecimento de programas de Controle Total de Perdas, ou seja, a aplicação dos princípios do Controle de Da- nos de Bird a todos os acidentes com máquinas, ma- teriais, instalações, meio ambiente, etc., sem, contudo, deixar de lado ações de prevenção de lesões. Objetivando reduzir e eliminar todos os aci- dentes que pudessem interferir ou paralisar o sis- tema, os programas de Controle Total de Perdas preocupam-se com todo e qualquer tipo de evento que interfira negativamente no processo produtivo, prejudicando a utilização plena do pessoal, máqui- nas, materiais e instalações. A filosofia de Fletcher é a que mais se aproxima dos modernos programas de segurança. Cabe ressal- 55 tar que apesar de generalizar as atividades para ou- tros campos não pessoais, os acidentes pessoais são obrigatoriamente parte integrante dos programas de segurança que seguem esta filosofia. Estudos de Willie Hammer (Engenharia de Se- gurança de Sistemas) Apesar do grande avanço ocorrido com as fi- losofias de Controle de Danos de Bird e Controle Total de Perdas de Fletcher, as mesmas incluíam somente práticas administrativas, quando os proble- mas de prevenção de perdas também exigiam e exi- gem soluções de ordem técnica. A partir de 1972, criou-se uma nova mentalida- de, fundamentada nos trabalhos de Willie Hammer, atentando-se para a necessidade de dar um enfoque sob o ponto de vista de engenharia às abordagens de administração e de controle de resultados preconi- zados por Heinrich, Bird, Fletcher e outros. Segun- do ele, as atividades administrativas eram muito im- portantes, porém, existiam problemas técnicos que obrigatoriamente teriam que ter soluções técnicas. A experiência na área de projetos e participa- ção na força aérea e nos programas espaciais norte- -americanos permitiu ao engenheiro e especialista na área de Engenharia de Segurança de Sistemas, Willie 56 Hammer, reunir as diversas técnicas utilizadas na força aérea e aplicá-las, após adaptação, na indústria. Estas técnicas, com alto grau de integração com a Engenharia de Confiabilidade, demonstraram ser de grande valia na preservação dos recursos humanos e materiais dos sistemas de produção. Os estudos de Hammer vieram ajudar a com- preender melhor os erros humanos. Muitos desses erros são provocados por projetos ou materiais defi- cientes e, por este mesmo motivo, devem ser debita- dos à organização e não ao executante - o operário. A partir dos estudos realizados, grande desen- volvimento ocorreu na área de segurança. Passando de um enfoque puramente informativo para correti- vo, preventivo e, por último, um enfoque que, englo- bando todos os demais, procura integrar toda a or- ganização num esforço conjunto de dar proteção ao empregado, resguardando sua saúde e sua vida e pro- piciando o progresso da organização como empresa. Como conclusões e resultados dos enfoques abordados, pode-se citar vários pontos: a) Os enfoques tradicionais e os programas de segu- rança dirigidos apenas à prevenção de lesões estão corretamente sendo substituídos por outros, onde todas as ocorrências que interfiram na produção e na plena utilização dos recursos, além da proteção ao 57 meio ambiente, são consideradas em conjunto, isto sem colocar a proteção pessoal em segundo plano. Muito pelo contrário, ao abranger um número maior de situações, maior atenção e proteção se dá ao ho- mem, objetivo primeiro de todo e qualquer programa; b) Os estudos de Bird e seus antecessores, que deram forma à sistemática de Controle de Danos, fornecem métodos para aferir, controlar e projetar as possíveis perdas dos sistemas produtivos, por isso não devem ser preteridas; c) Os preceitos formulados por Bird e a complemen- tação dada por Fletcher e Douglas permitiram a cria- ção de uma doutrina administrativa, permitindo às empresas estabelecer programas gerais de segurança, que, além de considerar os danos pessoais, também considera outros danos, como os danos à proprieda- de e ainda os quase-acidentes. As técnicas de recursos humanos, de motivação, treinamento, dinâmica de grupo, que são conceitos consagrados de administra- ção de empresas, com outras técnicas sistemáticas de cálculos, correlações e projeções de custos são utili- zadas por estas doutrinas, aplicando-as às possíveis perdas advindas de acidentes com danos pessoais e materiais. Além destas técnicas, outras já aplicadas na segurança tradicional foram adaptadas, ampliando seu enfoque para programas mais participativos e respon- 58 sáveis do ponto de vista das gerências, em todos os níveis e mais abrangentes quanto às áreas envolvidas; d) Tornou-se necessária uma visão mais técnica para complementar os estudos de Bird e Fletcher, pois os problemas relacionados com o processo produtivo, a manutenção e o projeto tinham, até então, soluções es- pecíficas no plano filosófico. Conforme preconizado por Hammer, a visão técnica aliada à doutrina admi- nistrativa permite o conhecimento dos riscos de uma atividade através de custos mais baixos. Embora possa- -se pensar que estes programas esqueçam o homem e fixam-se nos resultados econômico-financeiros, a ex- periência tem mostrado que estes programas são efi- cazes tanto para redução de perdas materiais quanto de pessoais. Quando corretamente aplicados, estes pro- gramas poderão melhorar a segurança de forma direta, como também na aplicação dos recursos financeiros advindos da redução das perdas dos acidentes; e) O trabalhador, ao participar de um programa mais amplo, poderá conhecer melhor os riscos aos quais está exposto e quais as medidas eficazes para sua re- dução ou eliminação, pois, através de educação e trei- namento, ele será mais preciso nas suas atividades, já que possuirá um maior conhecimento da tecnologia que opera reduzindo, por sua iniciativa ou exigindo de terceiros, os efeitos da mesma sobre si. 59 1.3 – A histórtia do prevencionismo 1.3.1 – Introdução Na década de 60, os trabalhos de diversos auto- res de renome mundial apontavam para a ineficácia e pobreza dos enfoques dos programas de engenharia de segurança tradicional. Dado o seu enfoque limitado e calcado basica- mente sobre algumas estatísticas que não refletiam a gravidade real do problema, o que ocorria era uma estagnação de resultados, não havendo suficiente en- gajamento por parte de empregados e empregadores. Os estudiosos do problema analisaram aspectos concernentes à engenharia de segurança e lançaram as "doutrinas preventivas de segurança". Estas doutrinas formam hoje o que chamamos de "Prevenção e Controle de Perdas", concebidas como um conjunto de diretrizes administrativas, onde os acidentes são vistos como fatos indesejáveis, cujas causas podem ser evitadas. As doutrinas possuem visões diferenciadas sobre os acidentes, suas causas e consequências, como tam- bém sobre as medidas preventivas a adotar. Porém, embora diferentes, elas têm como ponto em comum o princípio de que a atividade de segurança só é eficaz quando, conhecidas as causas dos acidentes, fixa-se a atuação sobre as mesmas, buscando a sua eliminação 60 e necessitando, para isso, o envolvimento de toda a estrutura organizacional. Nesta abordagem considera-se que existem perdas empresariais como: produtos fora de especi- ficação, agressão ao meio-ambiente, perdas com ma- teriais, desperdícios e paradas de produção, que são provocadas por causas semelhantes às perdas provo- cadas por acidentes com lesões pessoais. Dentro da metodologia de Prevenção e Contro- le de Perdas, a teoria de Controle de Danos de Bird, ampliada pelo Controle Total de Perdas de Fletcher, e, aliados aos conceitos tradicionais de segurança, en- fatizam a ação administrativa na tarefa de prevenção e controle das perdas. Já a Engenharia de Segurança de Sistemas ampliando talpostura, defende que proble- mas técnicos prescindem de soluções técnicas. Modernamente, a divulgação e aplicação das metodologias de Análise de Segurança de Sistemas, com o auxílio da Teoria da Confiabilidade, vêm con- solidando o conceito de que a Prevenção e Controle de Perdas é uma diretriz de posturas administrativas, com o objetivo principal de conhecer os riscos de uma atividade e promover medidas tanto administra- tivas quanto técnicas para seu controle e prevenção. 1.3.2 - A evolução do prevencionismo O início da Revolução Industrial, em 1780, a 61 invenção da máquina a vapor, por James Watts, em 1776, e do regulador automático de velocidade, em 1785, marcaram profundas alterações tecnológicas em todo o mundo. Foi este avanço tecnológico que permitiu a orga- nização das primeiras fábricas modernas, a extinção das fábricas artesanais e o fim da escravatura, signifi- cando uma revolução econômica, social e moral. Porém, foi com o surgimento das primeiras in- dústrias que os acidentes de trabalho e as doenças profissionais se alastraram, tomando proporções alarmantes. Os acidentes de trabalho e as doenças eram, em grande parte, provocados por substâncias e ambientes inadequados, dadas as condições sub- -humanas em que as atividades fabris se desenvol- viam, e grande era o número de doentes e mutilados. Apesar de apresentar algumas melhoras com o surgimento dos trabalhadores especializados e mais treinados para manusear equipamentos complexos, que necessitavam cuidados especiais para garantir maior proteção e melhor qualidade, esta situação ainda perdurou até a Primeira Guerra Mundial. Até esta data apenas algumas tentativas isoladas para controlar os acidentes e doenças ocupacionais ha- viam sido feitos. A partir de sua real constatação sur- gem as primeiras tentativas científicas de proteção ao trabalhador, com esforços voltados ao estudo das doenças, das condições ambientais, do layout de má- 62 quinas, equipamentos e instalações, bem como das proteções necessárias para evitar a ocorrência de aci- dentes e incapacidades. Sob o aspecto humano, a preservação da inte- gridade física é um direito de todo o trabalhador, pois, a incapacidade permanente para o trabalho po- derá transformá-lo num inválido, com a consequen- te perda para a Nação. Segundo HEMÉRITAS (1981), a Segurança do Trabalho, para ser entendida como prevenção de aci- dentes na indústria, deve preocupar-se com a preser- vação da integridade física do trabalhador e também precisa ser considerada como fator de produção. Os acidentes, provocando ou não lesão no trabalhador, influenciam negativamente na produção através da perda de tempo e de outras conseqüências que pro- vocam, como: eventuais perdas materiais; diminui- ção da eficiência do trabalhador acidentado ao re- tornar ao trabalho e de seus companheiros, devido ao impacto provocado pelo acidente; aumento da renovação de mão de obra; elevação dos prêmios de seguro de acidente; moral dos trabalhadores afetada; qualidade dos produtos sacrificada. De acordo com SOTO (1978), as cifras corres- pondentes aos acidentes do trabalho representam um entrave ao plano de desenvolvimento socioeco- nômico de qualquer país, cifras estas que se avolu- mam sob a forma de gastos com assistência médica 63 e reabilitação dos trabalhadores incapacitados, inde- nizações e pensões pagas aos acidentados ou suas famílias, prejuízos financeiros decorrentes de para- das na produção, danos materiais aos equipamentos, perdas de materiais, atrasos na entrega de produtos e outros imprevistos que prejudicam o andamento normal do processo produtivo. Desta forma, de algumas décadas passadas até nossos dias, estudiosos dedicaram-se ao estudo de novas e melhores formas de se preservar a integrida- de física do homem e do meio em que atua, através do controle e, o que é mais importante, da preven- ção dos riscos potenciais de acidentes. Assim, em diversos países, surgiram e evoluíram ações voltadas, inicialmente, à prevenção de danos causados às pessoas advindos de atividades laborais. Foram elaboradas normas e disposições legais com o fim social de reparação de danos às lesões pessoais. Surge o seguro social, realizando, até hoje, ações asse- gurando o risco de acidentes, ou seja, o risco de lesões. Entretanto, à medida que a preocupação quanto à reparação das lesões se avolumava, estudiosos como H.W. Heinrich e Roland P. Blake apontavam com ou- tro enfoque, onde, além de assegurar o risco de lesões, indicavam a importância de ações que tendessem a prevenir os acidentes antes de se tornarem concretos. Com o seguro social, estudos começaram a ser desenvolvidos e criaram-se técnicas que propiciaram 64 a evolução do prevencionismo. Um dos primeiros e significativos avanços no controle e prevenção de acidentes foi a teoria de Controle de Danos concretizada nos estudos de Bird e complementada pela teoria de Controle Total de Perdas de Fletcher. Com a Engenharia de Seguran- ça de Sistemas introduzida por Hammer, surgem as técnicas de análise de riscos com o que hoje se tem de melhor em prevenção. A visão do acidente sobe a um patamar onde o homem é o ponto central, ro- deado de todos os outros componentes que compõe um sistema: equipamentos, materiais, instalações e hoje, numa visão mais moderna de qualidade, o meio ambiente e a preservação à natureza. Cabe res- saltar que ao buscar-se o objetivo abrangente da pre- venção e controle de perdas, quer pelo Controle de Danos, Controle Total de Perdas ou Engenharia de Segurança de Sistemas, se está buscando mais inten- samente a proteção do homem. Antes de iniciarmos o estudo das teorias de controle e prevenção de perdas e das técnicas por elas utilizadas, e facilitar seu entendimento, é ne- cessário introduzir algumas definições básicas dos termos fundamentais em gerenciamento de riscos como: ato inseguro, condição insegura, perigo, risco, acidente, etc., que veremos a seguir. 65 1.3.3 - Definições básicas "Acidentes ocorrem desde os tempos imemo- riais, e as pessoas têm se preocupado igualmente com sua prevenção há tanto tempo. Lamentavel- mente, apesar de o assunto ser discutido com fre- quência, a terminologia relacionada ainda carece de clareza e precisão. Do ponto de vista técnico, isto é particularmente frustrante, pois gera desvios e vícios de comunicação e compreensão, que podem aumen- tar as dificuldades para a resolução de problemas. Qualquer discussão sobre riscos deve ser precedida de uma explicação da terminologia, seu sentido pre- ciso e inter-relacionamento." De acordo com a assertiva de Hammer apud DE CICCO e FANTAZZINI (1994), é importante que antes de prosseguir o estudo quanto à evolução do prevencionismo e gerenciamento de riscos em geral, sejam definidos alguns termos básicos. Incidente Crítico (ou quase-acidente): É qual- quer evento ou fato negativo com potencialidade para provocar dano. Também chamados quase-aci- dentes, caracterizam uma situação em que não há danos macroscópicos ou visíveis. Dentro dos inci- dentes críticos, estabelece-se uma hierarquização na qual basear-se-ão as ações prioritárias de controle. Na escala hierárquica, receberão prioridade aqueles incidentes críticos que, por sua ocorrência, possam 66 afetar a integridade física dos recursos humanos do sistema de produção. Risco: - Como sinônimo de Hazard: Uma ou mais condições de uma variável com potencial ne- cessário para causar danos, como: lesões pessoais, danos a equipamentos e instalações, danos ao meio- -ambiente, perda de material em processo ou redu- ção da capacidade de produção. A existência do ris- co implica na possibilidade de existência de efeitos adversos. - Como sinônimo de Risk: valores monetá- rios, vidas ou unidades operacionais. Risco pode ain- da Expressa uma probabilidade de possíveis danos dentro de um período específico detempo ou nú- mero de ciclos operacionais, podendo ser indicado pela probabilidade de um acidente multiplicada pelo dano em significar: - incerteza quanto à ocorrência de um determinado evento (acidente); - chance de perda que uma empresa pode sofrer por causa de um acidente ou série de acidentes. Perigo: Como sinônimo de Danger, expressa uma exposição relativa a um risco que favorece a sua materialização em danos. Se existe um risco, face às precauções tomadas, o nível de perigo pode ser bai- xo ou alto, e ainda, para riscos iguais podem-se ter diferentes tipos de perigo. 67 Dano: É a gravidade da perda, seja ela humana, material, ambiental ou financeira, que pode ocorrer caso não se tenha controle sobre um risco. O risco (possibilidade) e o perigo (exposição) podem man- ter-se inalterados e mesmo assim existir diferença na gravidade do dano. Causa: É a origem de caráter humano ou mate- rial relacionada com o evento catastrófico (acidente ou falta) resultante da materialização de um risco, provocando danos. Perda: É o prejuízo sofrido por uma organiza- ção sem garantia de ressarcimento através de segu- ros ou por outros meios. Sinistro: É o prejuízo sofrido por uma orga- nização, com garantia de ressarcimento através de seguros ou por outros meios. Segurança: É a situação em que haja isenção de riscos. Como a eliminação completa de todos os riscos é praticamente impossível, a segurança passa a ser um compromisso acerca de uma relativa prote- ção da exposição a riscos. É o antônimo de perigo. Ato inseguro: São comportamentos emitidos pelo trabalhador que podem levá-lo a sofrer um aci- 68 dente. Os atos inseguros são praticados por traba- lhadores que desrespeitam regras de segurança, que não as conhecem devidamente, ou ainda, que têm um comportamento contrário à prevenção. Condição Insegura: São deficiências, defeitos ou irregularidades técnicas na empresa que consti- tuem riscos para a integridade física do trabalhador, para sua saúde e para os bens materiais da empre- sa. As condições inseguras são deficiências, como: defeitos de instalações ou de equipamentos, falta de proteção em máquinas, má iluminação, excesso de calor ou frio, umidade, gases, vapores e poeiras nocivos e muitas outras condições insatisfatórias do próprio ambiente de trabalho. Acidente: É uma ocorrência, uma perturbação no sistema de trabalho, que ocasionando danos pessoais ou materiais, impede o alcance do objetivo do trabalho. Enquanto o termo Prevenção significa traba- lhar as causas de um acidente acontecido, visando criar mecanismos e procedimentos que impossibi- litem o acontecimento de novos e futuros acidentes vinculados às causas do anterior, prevencionismo, por sua vez, significa o estudo dos ambientes de trabalho e comportamento humano respectivos de cada atividade, tendo como objetivo, a eliminação da potencialidade de acontecimento de incidentes e aci- 69 dentes, ou seja, colocar em prática a expressão que preceitua a profissão do Especialista em Higiene e Segurança do Trabalho: “o desafio é impedir que o suor de um trabalhador se transforme em sangue”. O prevencionismo, em seu mais amplo sentido, evo- luiu de uma maneira crescente, englobando um nú- mero cada vez maior de fatores e atividades, desde as precoces ações de reparação de danos (lesões) até uma conceituação bastante ampla, onde se buscou a prevenção de todas as situações geradoras de efeitos indesejados ao trabalho. De todo modo, embora as abordagens modernas assemelham-se em seus obje- tivos de controle e prevenção de danos, elas diferem em aspectos básicos, existindo algumas correntes que explicam tais diferenças. Enquanto uma corrente, como é o caso do Controle de Danos e do Controle Total de Perdas, baseada em aspectos administrativos da prevenção e aliada às técnicas tradicionais e outras mais recentes, enfatiza a ação administrativa de controle, a outra corrente procura dar um enfoque mais técnico da infortunística, buscando soluções técnicas para pro- blemas técnicos. Esta última corrente é o que foi denominado de Engenharia de Segurança, sendo uma metodologia para o reconhecimento, avaliação e controle dos ris- cos ocupacionais, com ferramentas fornecidas pelos diversos ramos da engenharia e oferecendo novas 70 técnicas e ações para preservação dos recursos hu- manos e materiais dos sistemas de produção. Ao analisar mais a fundo as abordagens de Controle de Danos e Controle Total de Perdas de Bird e Fletcher (1974 apud ALBERTON, 1996), res- pectivamente, chega-se à conclusão que os mesmos estão baseados unicamente em práticas administrati- vas, carecendo de estudos e soluções técnicas, como o é exigido pelos problemas inerentes à Prevenção de Perdas na Segurança do Trabalho. A mentalidade de dar um enfoque técnico à Engenharia de Segurança fundamentou-se em 1972 pelos trabalhos de um especialista em Segurança, o engenheiro Willie Hammer. Seus trabalhos foram embasados nas técnicas utilizadas na força aérea e nos programas espaciais norte-americanos onde atu- ava. Foi da reunião destas técnicas, que sem dúvida oferecem valiosos subsídios na preservação dos re- cursos humanos e materiais dos sistemas de produ- ção, que nasceu a Engenharia de Segurança. Desta forma, a maioria das técnicas hoje em- pregadas na Engenharia de Segurança surgiu ligada ao campo aeroespacial, vinda dos norte-americanos, o que é bastante lógico devido à necessidade impres- cindível de segurança total em uma área onde não podem ser admitidos riscos. Estas técnicas, inicial- mente desenvolvidas e dirigidas ao campo aeroespa- cial, automotivo, militar (indústria de mísseis) e de 71 apoio, puderam ser levadas a outras áreas, com adap- tações, podendo ter grandes e significativas aplica- ções em situações da vida em geral. As técnicas de Segurança começaram a to- mar forma ainda na década de 60, sendo criadas e apresentadas paulatinamente ao prevencionismo na década de 70. Desde esta época um leque de dife- rentes técnicas vem buscando sua infiltração, sendo utilizadas como uma ferramenta eficaz no combate à infortunística, embora ainda hoje, passadas mais de três décadas, existe pouca literatura a respeito, prin- cipalmente quanto a sua aplicação na prevenção do dia a dia ou na adaptação destas para aplicação nas empresas, projetos e segurança em geral. Segundo De Cicco e Fantazzini (1994), a En- genharia de Segurança foi introduzida na América Latina pelo engenheiro Hernán Henriquez Bastias, sob a denominação de Engenharia de Prevenção de Perdas, e pode ser definida como: uma ciência que se utiliza de todos os recursos que a engenharia oferece, preocupando-se em detectar toda a probabilidade de incidentes críticos que possam ini- bir ou degradar um sistema de produção, com o obje- tivo de identificar esses incidentes críticos, controlar ou minimizar sua ocorrência e seus possíveis efeitos. 72 73 Exercícios porpostos 1) Cite pelo menos três atribuições do Engenheiro de Segurança do Trabalho. 2) Qual o nome do pai da Medicina do Trabalho? 3) Em que ano o Brasil foi considerado campeão mundial de acidente de trabalho? 4) Qual é o tripé de sustentação para sobrevivência de uma empresa? Explique a importância de cada uma delas. 5) Qual a importância do Sr. Franck Brid para segu- rança do trabalho? 74 75 Capitulo 2 Contexto capital - trabalho 2.1 - Entidades públicas e privadas As empresas privadas e públicas, os órgãos pú- blicos da administração direta e indireta e dos po- deres Legislativo e Judiciário, que possuam empre- gados regidos pela Consolidação das Leis do Tra- balho – CLT, manterão, obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promo- ver a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. (Alterado pela Portaria SSMTn.º 33, de 27 de outubro de 1983). 76 Em se tratando da área de Segurança do Traba- lho, temos os órgãos e suas competências: À Secre- taria de Inspeção do Trabalho (SIT) compete: I - formular e propor as diretrizes da inspeção do trabalho, inclusive do trabalho portuário, priorizan- do o estabelecimento de política de combate ao tra- balho forçado e infantil, bem como a todas as for- mas de trabalho degradante; II – formular e propor as diretrizes e normas de atu- ação da área de segurança e saúde do trabalhador; III - participar, em conjunto com as demais Secreta- rias, da elaboração de programas especiais de prote- ção ao trabalho; (...) VIII - formular e propor as diretrizes para o aperfei- çoamento técnico-profissional e gerência do pessoal da inspeção do trabalho; IX - promover estudos da legislação trabalhista e correlata, no âmbito de sua competência, propondo o seu aperfeiçoamento; (...) XI – acompanhar o cumprimento, em âmbito na- cional, dos acordos e convenções ratificados pelo Governo brasileiro junto a organismos interna- cionais, em especial à OIT, nos assuntos de sua área de competência; (...) XIII - baixar normas relacionadas com a sua área de competência. 77 Ao Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST) Subordinado a SIT, cabe: I - subsidiar a formulação e proposição das diretri- zes e normas de atuação da área de segurança e saú- de no trabalho; II - planejar, supervisionar, orientar, coordenar e controlar a execução das atividades relacionadas com a inspeção dos ambientes e condições de trabalho; III - planejar, coordenar e orientar a execução do Programa de Alimentação do Trabalhador e da Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho; IV - planejar, supervisionar, orientar, co- ordenar e controlar as ações e atividades de inspeção do trabalho na área de segurança e saúde; V - subsidiar a formulação e proposição das dire- trizes para o aperfeiçoamento técnico-profissional e gerência do pessoal da inspeção do trabalho, na área de segurança e saúde; (...) VII - supervisionar, no âmbito de sua competência, a remessa da legislação e atos administrativos de in- teresse da fiscalização do trabalho às Delegacias Re- gionais do Trabalho. As Delegacias Regionais do Trabalho: Tem como objetivo principal coordenar e con- trolar, na área de sua jurisdição, a execução das ati- 78 vidades relacionadas à fiscalização do trabalho, à inspeção das condições ambientais de trabalho e à orientação ao trabalhador. A Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO tem como objetivo: Produzir e difundir conhecimento sobre Segu- rança e Saúde no Trabalho e Meio Ambiente, para fomentar, entre os parceiros sociais, a incorporação do tema na elaboração e gestão de políticas que vi- sem o desenvolvimento sustentável com crescimen- to econômico, promoção da equidade social e prote- ção do meio ambiente. Pode-se dizer que esta fundação é o braço téc- nico do Ministério do Trabalho e Emprego com atri- buições bastante definidas no campo da pesquisa e assessoramento técnico. O Instituto Nacional de Metrologia, Nor- malização e Qualidade Industrial (INMETRO): É uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que atua como Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Con- metro), colegiadointerministerial, que é o órgão norma- tivo do Sistema Nacional de Metrologia,Normalização e 79 Qualidade Industrial (Sinmetro). O INMETRO tem como missão prover con- fiança à sociedade brasileira nas medições e nos produtos, através da metrologia e da avaliação da conformidade, promovendo a harmonização das relações de consumo, a inovação e a competitivi- dade do País. A Associação Brasileira de Normas Técni- cas – ABNT: Fundada em 1940, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base ne- cessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins lucrativos, re- conhecida como único Foro Nacional de Normali- zação através da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992. São objetivos da normalização: • Economia – proporcionar a redução da crescente variedade de produtos e procedimentos; • Comunicação – proporcionar meios mais eficien- tes na troca de informação entre o fabricante e o cliente, melhorando a confiabilidade das relações co- merciais e de serviços; • Segurança – proteger a vida humana e a saúde; 80 • Proteção do Consumidor – prover a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade dos produtos; • Eliminação de Barreiras Técnicas e Comerciais – evitar a existência de regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países, facilitando assim, o intercâmbio comercial (ABNT, 2012). Encontramos na Norma Regulamentadora NR 4- SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGE- NHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO as especificações em seus míni- mos detalhes do papel das empresas, quer sejam pú- blicas ou privadas. 2.2 Capitulo II – A engenharia de segurança do trabalho no contexto capital e trabalho O papel e as responsabilidades do Engenhei- ro de Segurança do Trabalho de uma maneira nor- mativa e prescritiva, os engenheiros de segurança são especialistas que têm como objetivo prevenir a ocorrência de acidentes e doenças dentro da empre- sa. Externos às situações de trabalho, agem sobre as máquinas e sistemas (projeto de sistemas de prote- ção), sobre os trabalhadores (treinamentos) e sobre as normas e procedimentos. As responsabilidades do Engenheiro de Segu- rança do Trabalho, enquanto integrante do Serviço 81 Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT, também estão estabelecidas na Norma Regulamentadora n.º 4, dentre as quais, destacam-se: • aplicar os conhecimentos de engenharia de segu- rança do trabalho ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipa- mentos, de modo a reduzir até eliminar os riscos ali existentes à saúde do trabalhador; • colaborar, quando solicitado, nos projetos e na im- plantação de novas instalações físicas e tecnológicas da empresa; • responsabilizar-se tecnicamente pela orientação quanto ao cumprimento do disposto nas NR apli- cáveis às atividades executadas pela empresa e/ou seus estabelecimentos; • promover a realização de atividades de conscienti- zação, educação e orientação dos trabalhadores; • esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, esti- mulando-os em favor da prevenção; • analisar e registrar em documento(s) específico(s) todos os acidentes e doenças ocupacionais ocorridos na empresa ou estabelecimento. 82 Se tomarmos como parâmetro a crise econômi- ca que vem se tornando crescente em vários países, podemos considerar que o momento é de muita re- flexão e ponderação, e, para o Engenheiro de Segu- rança do Trabalho, é momento de perceber que sua atuação vai além das normas e prescrições da pro- fissão. O ambiente de trabalho está sofrendo pres- sões, existem casos específicos que ele precisa ficar atento, pois, nesses momentos de crise, as relações entre capital e trabalho acabam ficando discrepantes e, muitas vezes, insatisfatórias para ambos os lados. Amenizar conflitos deve ser, então, uma das habili- dades a ser desenvolvida por esse profissional. Embora pareça, ao contrário de outras enge- nharias, a Engenharia de Segurança do Trabalho não é uma ciência exata. Sobre ela existem vários olhares. Ela relaciona um leque abrangente de ideias multifuncionais, com diversos setores. Lida com pessoas, equipamentos, gerenciamento, liderança e acaba por ser um elo entre empregados e emprega- dores, devendo ser coerente e equilibrado em suas ações e atitudes. Enfim, as organizações empresariais, por meio de seu Engenheiro de Segurança, têm como respon-
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