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RELAÇÕES DE CONSUMO E-book 1 Jeferson Mola Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 A SOCIEDADE DE CONSUMO NO CONTEXTO DA MODERNIDADE LÍQUIDA ���������������������������������������������������������4 MODERNIDADE LÍQUIDA �����������������������������������������5 CONSUMO E CONSUMISMO �����������������������������������9 COMPORTAMENTO DE COMPRA E CONSUMO �� 20 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������34 SÍNTESE ������������������������������������������������������� 35 2 INTRODUÇÃO Você já sabe que são os negócios que fazem o mun- do girar� É por meio das transações de compra e venda que economias se desenvolvem, mercados se estabelecem, condições de vida se transformam� Desde a Antiguidade, o comércio faz parte de nos- so dia a dia� O que, talvez, você ainda não saiba é que qualquer transação comercial envolve mecanis- mos específicos, e vale a pena entender como eles funcionam� Por isso, seja muito bem-vindo ao primeiro capítu- lo da disciplina Relações de Consumo! Ao longo dos quatro e-books que compõem nosso conteúdo, você terá uma ideia bem abrangente sobre proces- sos negociais, as principais ferramentas de ação e controle, e o papel que o indivíduo representa nesse espetáculo� Neste capítulo, discorreremos sobre a sociedade de consumo e o comportamento do consumidor� A partir de um contexto histórico e social, entenderemos o que move as tomadas de decisão em um processo de compra – e compreenderemos, desta maneira, nossa própria forma de consumir� 3 A SOCIEDADE DE CONSUMO NO CONTEXTO DA MODERNIDADE LÍQUIDA Qual a diferença entre um bloco de gelo e a água depositada em um copo? Ainda que ambos conti- nuem representando a mesma substância química formada por duas moléculas de oxigênio e uma de hidrogênio, não se pode negar que, em um e outro estado, suas aparências físicas serão bem distintas� Experimente colocar o bloco de gelo dentro do copo: se não for quebrado em pedaços menores, é prová- vel que não caiba no recipiente� Se couber, é quase certo que não ocupará todos os espaços que a água, então, ocupa� O que aprendemos no Ensino Fundamental a respeito da água e da transformação de seus estados físicos tem total sinergia com o conceito que queremos dis- cutir neste capítulo: assim como ela, que se adapta ao invólucro que a contém, também nossa sociedade vive, hoje, uma “realidade líquida”� Vamos entender melhor esse conceito? 4 Figura 1: Dois estados da água: uma metáfora para entendermos nossa atual sociedade. Fonte: Rover MODERNIDADE LÍQUIDA Sob determinada perspectiva, seria muito fácil lidar com a água contida em um copo, pois essa se “amol- daria” ao ambiente ocupado e a ele transmitiria sua essência� Diante desse mesmo aspecto, caberia ao bloco de gelo a pecha de inflexível, aferrado à própria condição e pouco apto à mudança. Há, porém, outra forma de enxergar essa breve metá- fora: nela, o bloco de gelo ganharia a personalidade de um elemento firme, sólido e consistente, ao passo que a água, amorfa, sem vida própria e levada pelas circunstâncias do momento, simplesmente reprodu- ziria o que o recipiente dela esperasse� Obviamente, não existe uma resposta para esse impasse – são apenas formas de entender (e en- 5 https://www.rover.com/blog/dogs-like-ice-cubes/ frentar) uma situação� Mas o conceito nos diz mui- to a respeito da sociedade em que ora vivemos (e na qual convivemos)� Segundo o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, estes são os tempos da moder- nidade líquida: As inúmeras esferas da sociedade contem- porânea (vida pública, vida privada, relacio- namentos humanos) passam por uma série de transformações cujas consequências es- garçam o tecido social. Tais alterações [...] faz com que as instituições sociais percam a solidez e se liquefaçam, tornando-se amorfas, paradoxalmente, como os líquidos. A moder- nidade líquida, assim, é tempo do desapego, provisoriedade e do processo de individuali- zação; tempo de liberdade ao mesmo tempo em que é o da insegurança” (TFOUNI; SILVA, 2008, p. 176). Estes não são tempos otimistas, segundo o soció- logo� Diferentemente do que se poderia, a princípio, imaginar, tamanha fluidez nos aspectos sociais – ou, em outras palavras, tamanha “adaptação aos diver- sos recipientes” que permeiam a vida em comuni- dade – não traria maior bem-estar ou sensação de felicidade. Ao contrário, esse fluxo ágil de transações seria responsável pelo aumento da insegurança e por sentimentos mais profundos de aflição, depressão, ansiedade� 6 A modernidade líquida entende que, em um mundo que se transforma constante e inexoravelmente, o ser humano está sempre a um passo de se tornar supérfluo. Como pontuam Tfouni e Silva (2008, p. 178), nem o trabalho “é mais um porto seguro”. Para os autores, ter uma profissão não é mais “funda- mento da vida em sociedade, sobretudo o trabalho da imensa massa dos menos favorecidos economi- camente”� O indivíduo, hoje, é “dispensável” e, por conta desse fator, os relacionamentos tendem a ser menos humanizados� No mundo contemporâneo – particularmente nas grandes cidades – o tempo é escasso, mas as ativi- dades são muitas; estar constantemente ocupado passa a ser o modus vivendi: quanto mais tarefas assumo, maior relevância passo a ter no meio em que habito e com maior propriedade evito o contato com aqueles que não me trazem algum tipo de van- tagem ou benefício� Tfouni e Silva (2008, p. 178-179) definem esse grupo de pessoas a evitar como “indesejados” e explicam o que a sociedade lhes oferece, a partir de tal rótulo: Para os “indesejados”, oferece-se toda espécie de resposta vinda de um aparelho eletrônico Estas má- quinas, portanto, colaboram para que o descompro- misso entre as pessoas seja uma norma: assim, a secretária eletrônica ligada, o correio eletrônico “que não funciona bem”, o “computador que pegou vírus”, a caixa postal do celular são barreiras colocadas entre nós e aqueles que não queremos atender� 7 Segundo o conceito da modernidade líquida, vivemos em uma sociedade ao mesmo tempo individualizada e construída para se mostrar ao outro: as relações adquirem caráter mercantil, e os laços de afeto po- dem ser facilmente desfeitos� Bauman (2001, p� 46) afirma que, diante de tal cenário, “o interesse público é reduzido à curiosidade sobre as vidas privadas de figuras públicas e a arte da vida pública é reduzida à exposição pública das questões privadas e a con- fissões de sentimentos privados”. Se observarmos o que ocorre nas redes sociais hoje em dia, se nos ativermos ao modo como a informa- ção vem sendo distribuída e disseminada nestes tempos, não será difícil concordar com essa visão desconsolada da realidade� E se viver em comunidade é, hoje, uma luta estres- sante por sobrevivência, ou pela manutenção de certa relevância social, o ato de consumir “ganha enorme importância [���], permitindo que a mão invisível dos mercados atue no sentido de transformar os luxos de hoje em necessidades do amanhã” (TFOULI; SILVA, 2008, p. 178). Comprar passa a ser, então, uma forma de interagir – e obter respeito – no âmbito social, pois a posse está atrelada ao poder� Entender essa pre- missa é fundamental para o estudo e a compreensão das relações de consumo no mundo contemporâneo� 8 SAIBA MAIS Zygmunt Bauman nasceu na Polônia em 1925 e morreu em 2017, no Reino Unido� Sociólogo, professor e escri- tor, foi uma das vozes mais críticas da sociedade con- temporânea� Lecionou na Universidade de Varsóvia até 1968, quando as posições que assumira em relação ao governo polonês culminaram com sua expulsão do país� Exilado em Israel, Bauman ministrou aulas na Universi- dade de Tel Aviv até 1971, quando recebeu um convite para lecionar e dirigir o departamento de Sociologia da Universidade de Leeds, na Inglaterra, onde permaneceu até a aposentadoria, em 1990� Segundo Bauman, as redes sociais podem representar uma armadilha à convivência: nesta reportagem deEl País, podemos assistir a um trecho da entrevista que o sociólogo deu ao jornalista Ricardo de Querol e enten- der melhor sua visão a respeito das interações sociais na atualidade: Zygmunt Bauman: “As redes sociais são uma armadi- lha”� Ricardo Querol� CONSUMO E CONSUMISMO Dissemos, na abertura deste capítulo, que os negó- cios fazem o mundo girar� Se tomarmos por base o que o site Mundo Educação diz sobre consumo, essa ideia se torna ainda mais clara: “o objetivo do proces- so produtivo associado às atividades econômicas é de produzir mercadorias e prestação de serviços 9 https://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/30/cultura/1451504427_675885.html https://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/30/cultura/1451504427_675885.html com a finalidade de atingir o mercado consumidor” (FREITAS, s/d)� Compro o que vou usar� Esta deveria ser a transação natural de consumo� No entanto, o que se observa é que – talvez como forma de autoafirmação, talvez pelo medo de deixar de pertencer a determinado grupo, talvez pelos efeitos da modernidade líquida – muitas relações de consumo deixam de ser natu- rais e se estabelecem pelo excesso: compro o que não preciso; compro para ter; compro, mas não sei exatamente por quê� Quando chegamos a este ponto, deixamos de tratar de consumo e passamos a discutir o consumismo� Consumo e o processo de decisão de compra Consumir é uma atividade socioeconômica relacio- nada à necessidade: quer o consumidor entre em um supermercado a fim de comprar o ingrediente que faltava para terminar um prato específico, quer ele aproveite essa oportunidade e adquira uma barra de chocolate para amenizar a fome que sente no mo- mento, em ambas as situações o que se percebe é que o processo de decisão da compra se inicia por um tipo de demanda� No primeiro caso, nossa personagem precisa de de- terminado ingrediente: a transação se estabelece pela falta de um produto que é necessário à con- cretização de um objetivo� No momento seguinte, a transação ocorre por conta de uma oportunidade 10 que se lhe apresenta: já que tem fome, nossa perso- nagem aproveita o fato de estar no supermercado para comprar o chocolate que vai saciar esse desejo� Tratamos, aqui, de dois conceitos vitais ao estudo das relações de consumo: necessidade e desejo. Utilizadas, muitas vezes, como sinônimos, essas palavras têm características próprias� Voltemos ao exemplo de nossa personagem e sua visita ao supermercado para entendermos a dife- rença: lembremo-nos de que o motivo que a levou até ali foi a falta de um ingrediente específico e a necessidade desse ingrediente para a finalização de um prato� Digamos que nossa personagem esti- vesse preparando uma omelete, e descobrisse que não havia ovos na despensa! Ovos são necessários à produção de uma omelete. Por outro lado, uma vez no supermercado, nossa personagem sentiu fome e comprou uma barra de chocolate para amenizar a sensação� Poderia ter escolhido uma fruta, um item de padaria ou qualquer outro produto, mas optou pela barra de chocolate� Provavelmente, o que a levou a essa decisão não foi apenas a necessidade de comer alguma coisa para matar a fome, mas o desejo de matar a fome com um produto saboroso� De maneira geral, o início do processo de decisão de compra se dá pelo reconhecimento de um problema: “preciso de ovos para fazer uma omelete” ou “tenho fome”� 11 A etapa seguinte se caracteriza pela busca de in- formações por parte do consumidor e pela oferta de produtos/geração de demandas por parte do mercado� No primeiro caso, essa busca poderia le- var a questionamentos tais como “onde encontro ovos?” ou “de quantos ovos preciso para fazer uma omelete?”� No segundo caso, as dúvidas estariam certamente ligadas à oferta de produtos ao sabor esperado - “o que a loja tem para amenizar minha fome?” e “alimento salgado ou doce?” - ou à pratici- dade da aquisição - “para consumir imediatamente ou mais tarde?”� Tantas possibilidades levarão o consumidor à terceira etapa do processo: a avaliação das alternativas� No caso retratado em nosso exemplo, a personagem poderia avaliar as características físicas dos ovos e, uma vez resolvidas suas questões de saciedade, dos chocolates; poderia, ainda, analisar as marcas disponíveis na loja, seus preços, as respectivas datas de validade, os tamanhos e formatos das embala- gens em que os produtos vêm acondicionados etc� Pronto! Dentre todas as opções, os ovos da marca X e o chocolate da marca Y foram os que melhor atenderam às expectativas de nossa personagem: a etapa final desse processo é a própria decisão de compra e, nesse momento, o que temos é a efetiva- ção de uma transação comercial� 12 ETAPA 1: Reconhecimento do Problema ETAPA 2: Busca de Informações ETAPA 3: Avaliação das Alternativas ETAPA 4: Decisão de Compra Figura 2: O processo de decisão de compra. Fonte: Elaborado pelo autor (2019). O consumo através dos tempos Consumo sempre existiu� Mas foi a partir da Revolução Industrial que essa atividade econômi- ca ganhou impulso e se transformou no que enten- demos, hoje, por processo de compra e venda de produtos� A mudança na produção de bens, que se iniciou na Inglaterra em meados do século 18, logo se expan- diu pelo mundo� As transformações proporcionadas pelas novas tecnologias garantiram um salto de de- senvolvimento nos âmbitos econômico e social, e seus frutos podem ser observados até os dias atuais� Até que a burguesia assumisse um papel de des- taque na sociedade, passasse a investir e financiar empreendimentos voltados ao lucro e até que as máquinas resultantes desses investimentos se tor- nassem um símbolo do trabalho eficiente e organi- 13 zado, a produção de bens estava restrita às oficinas familiares e à atividade do artesão. Com a fabricação em série, barateou-se o custo dos produtos� E, ainda que sob condições inadequadas, foi nas fábricas que se deu a expansão do mercado de trabalho� Esse momento histórico pode ser analisado por fa- ses: se a Primeira Revolução Industrial foi marcada pelo advento da máquina a vapor, pelo desenvolvi- mento da indústria têxtil e pela expansão do comér- cio inglês desde meados do século 18, a Segunda Revolução Industrial, que se estabelece no século seguinte e se espalha por toda a Europa, vê na inven- ção do motor a combustão e no emprego do aço, da eletricidade ou dos combustíveis derivados do petró- leo tanto a chave para surgimento de novas indústrias (siderúrgica, metalúrgica e automobilística) quanto o estopim para o crescimento econômico mundial� A Terceira Revolução Industrial surge nos anos 1950 como uma espécie de reflexão sobre a Segunda Guerra Mundial e compreende um momento de grande avanço tecnológico, pois traz o saber cientí- fico para o âmbito empresarial. Ao atrelar indústria e academia, a Terceira Revolução permite que se desenvolvam novas áreas de conhecimento e, sob tal aspecto, a tecnologia de ponta (caracterizada pelas indústrias do setor eletrônico, de informática, robóti- ca, telecomunicações ou genética) ganha destaque� Atualmente, tem se discutido bastante o que seria a Quarta Revolução Industrial – ou Indústria 4�0: 14 Essa nova fase da Revolução Industrial representa, segundo o Fórum Econômico Mundial, a transição dos avanços tecnológicos vivenciados na terceira fase para os novos sistemas relacionados à revolu- ção digital� [���] A principal característica dessa fase é a automatização total das fábricas por meio dos sistemas ciberfísicos, marcados pela introdução de nanotecnologia, neurotecnologia, inteligência arti- ficial, robôs, impressão 3D, biotecnologia e outras tecnologias jamais vistas (SOUSA, s/d)� Em cada uma dessas fases, as relações de consumo sofreram, assim como as sociedades, transforma- ções consideráveis� Antes da Primeira Revolução Industrial, a aquisição de bens era uma atividade pautada pela exclusividade: ou se detinha capital suficiente para encomendar um produto, ou se pro- duziao que fosse necessário� Com as primeiras fábricas e o avanço da produção têxtil, essa situação se inverteu: trabalho gera renda, que gera consumo� Com mais pessoas no mercado laboral e trabalho mais eficiente, maior a quantidade de bens produzidos e menores os custos de pro- dução� O consumo se amplia porque o mercado se amplia� Até que a Segunda Grande Guerra acontecesse, a sociedade de consumo gozava de certa estabilidade� Bauman entende que a humanidade vivia, então, sob as condições de uma “modernidade sólida”, segundo a qual, por maiores que fossem as transformações – ou as revoluções – comportamentais, novos pa- 15 drões nada mais seriam do que a reconfiguração de paradigmas anteriores� A modernidade sólida se caracteriza, portanto, pela imutabilidade das relações sociais� Vejamos um exemplo desse pensamento: O trabalho, [...] que antes se baseava no pro- cesso de aprendizagem por imitação ou tra- dição passada de pais para filhos, agora se estabelecia de forma especializada e formal nas escolas técnicas em razão do progressivo aumento da complexidade das tarefas labo- rais relativas às indústrias e suas máquinas (RODRIGUES, s/d). O que depreendemos desta afirmação? Tanto a ga- rantia de que o modelo anterior fora desconstruído, e que o trabalho já não se baseava mais na “imitação ou tradição passada de pai para filho”, quanto a cer- teza de que, ao construir novas relações, a socieda- de mantivera as premissas daquele modelo, pois a aprendizagem laboral “agora se estabelecia de forma especializada e formal nas escolas técnicas”� Antes, os pais; agora, os professores� A casa, onde se imitava uma ação ou se aprendia uma tradição, é substituída pela escola técnica, onde a atividade imitativa permanece relevante e onde a “tradição” dá lugar à “experiência”. Nesse contexto “sólido”, a essência da aprendizagem não muda, pois cabe aos 16 aprendizes aprender e, assim, agir de acordo com o que a sociedade deles espera� Com a Terceira Revolução Industrial, essas relações sofrem sua primeira mudança drástica: deixam de existir pontos de referência socialmente estabeleci- dos e generalizadores, e a sociedade se torna mais individualista� O consumo, obviamente, atende a esse preceito� E as relações comerciais ganham volatilidade: desen- volvem-se as marcas, buscam-se os diferenciais de produto, estabelecem-se os segmentos e nichos de mercado, surge o marketing um a um� As opções são variadas, as alternativas são infinitas: o ato de comprar de um mesmo fornecedor, que era natural no passado, se torna, hoje, preocupação estratégica para a fidelização de clientes. SAIBA MAIS Você já ouviu falar em marketing um a um? Também denominado marketing personalizado, esse conceito foi desenvolvido nos anos 1980 pelos consultores Martha Rogers e Don Peppers, e estabelece uma forma de atu- ação focada no encantamento do cliente e na conquis- ta de sua fidelidade por meio do valor. Neste vídeo, em espanhol, você conhecerá os detalhes dessa estratégia: https://www.youtube.com/watch?v=SuBa3tmtWfo Qué es y como funciona el marketing personalizado� #UnMejorMarketing� 17 https://www.youtube.com/watch?v=SuBa3tmtWfo Consumismo, a doença do consumo Você já sabe que o consumismo caracteriza a com- pra excessiva, muitas vezes, de produtos ou serviços desnecessários� Segundo matéria publicada no blog Rock Content (2017), “o conceito também está rela- cionado com maneiras inconscientes e alienadas de comprar, sem avaliar o impacto social e ambiental” dessa atividade� O consumista compra de forma tão acrítica que, em casos extremos, essa atitude se torna uma compul- são� No mundo moderno, e “líquido”, em que ora vive- mos, parece existir uma relação direta entre consumo e felicidade: sinto-me bem porque “tenho coisas” e me frustro porque nunca as tenho em “quantidade suficiente ao que considero adequado”. O marketing e a publicidade logo foram apontados como os grandes vilões dessa história – afinal, o principal objetivo dessas ciências sempre foi o de criar e ampliar as oportunidades de negócios� A ques- tão, porém, é mais complexa: seriam os publicitários e mercadólogos os verdadeiros responsáveis pela expansão do consumismo ou seria esse compor- tamento social o que efetivamente influenciaria e direcionaria as campanhas de comunicação criadas por tais profissionais? Chegamos a um impasse, do tipo “quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?”: sem dúvida, o ma- rketing e a publicidade contam com estratégias po- derosas de persuasão e podem induzir algum tipo 18 de consumo desnecessário� Mas a sociedade exi- ge novidades constantes e preza o que é inovador, diferente, original� Ganha a competição quem está melhor preparado, por isso, competir requer não só a compreensão do mercado e dos mecanismos que o movimentam, mas o planejamento cuidadoso das ações que, nesses mercados, promoverão o negócio e/ou seus produtos� “O consumismo não tem uma causa específica” (MOURA, 2018). Ele, na verdade, é motivado por uma série de fatores – sociais, psi- cológicos, comportamentais – que, de certo modo, não só o fortalecem, mas são por ele fortalecidos� FIQUE ATENTO Oneomania� A “doença do consumismo compulsivo” tem nome, diagnóstico e, como todo distúrbio mental, exige tratamento psíquico� Um de seus principais sintomas está na sensação de que o alívio das tristezas e frustrações será obtido por meio das compras� Comprar pode ser, muitas vezes, válvula de escape para lidar com dificuldades do dia a dia (“Hoje o dia foi péssi- mo; vou sair e comprar alguma coisa bem bacana para mim”� Quem nunca?)� Quando, porém, se torna a única maneira de resolver problemas e buscar conforto, esta atitude embute, em si, uma patologia� Outro sinal da oneomania é o hábito de gastar mais do que se tem e enrolar-se em dívidas que só fazem acumu- lar� Tal tendência se torna ainda mais perigosa quando envolve empréstimos, pois a falta de controle sobre os 19 gastos tende a tornar o déficit maior e qualquer solução financeira mais complexa. Finalmente, a oneomania pode ser diagnosticada por uma sensação de frustração intensa que acometeria o indivíduo após a euforia experimentada em uma com- pra� Essa tristeza extrema representaria uma espécie de alerta do subconsciente e um freio à compulsão, só que tardiamente: “sei que não deveria ter comprado, mas já comprei”� COMPORTAMENTO DE COMPRA E CONSUMO Diversas teorias procuram explicar o comportamento do consumidor� Para os estudiosos da abordagem comportamental, consumo poderia ser descrito como um conjunto de reações fisiológicas e comportamentais observá- veis, geradas por estímulos presentes no ambiente (PINHEIRO; CASTRO; SILVA; NUNES, 2011)� Segundo essa teoria, alguém compraria um casaco porque estaria com frio� Já pela abordagem psicanalítica, a compra do ca- saco, por determinada pessoa, seria expressão de seus desejos inconscientes e estaria atrelada a me- mórias e sensações guardadas em sua mente� Os adeptos dessa teoria procurariam entender o que está por trás da escolha de determinada pessoa que, 20 por exemplo, optou por um casaco verde, em vez do modelo vermelho� Para os teóricos da racionalidade econômica, a op- ção de determinada pessoa seria facilmente explica- da pela relação entre o custo do produto escolhido e seu benefício: o casaco vermelho seria mais caro, e o verde satisfaria plenamente o interesse da pessoa, naquele momento� Outra abordagem que procura esclarecer essa questão é a social-antropológica: segundo essa teoria, o consumo é um processo que proporciona referência para a construção de identidade social� Conceitualmente, não seria absurdo afirmar que, de acordo com tal pensamento, determinada pessoa teria optado pelo casaco verde porque todos os seus amigos estariam investindo na compra de peças de roupa dessa cor� No âmbito cognitivo, o consumo é percebido como a tomada de decisão resultante de um sistema com- plexo de informações– do ambiente, da expressão cultural e do próprio indivíduo� Pelos parâmetros da teoria cognitiva, determinada pessoa teria comprado o casaco verde por uma série de razões: além de ser a cor da moda, o verde lhe transmitia uma sensação agradável de tranquilidade e, aliado a esses fatores, o casaco ficaria perfeito com o vestido estampado de marrom e bege que ganhara das colegas do trabalho, no mês passado! A nosso ver, o conceito de consumo não se restringe aos modelos apresentados, mas os engloba: consu- 21 mir seria, portanto, um processo social de tomada de decisão baseado no comportamento, direcionado pela razão e monitorado pelo inconsciente� Abordagem Comportamental e a influência do ambiente no processo de aprendizagem Abordagem Psicográfica e a expressão dos desejos inconscientes Abordagem Cognitiva e o processo de tomada de decisão Abordagem Racional Econômica e a busca do maior benefício ao menor custo possível Abordagem Social e Antropológica: o indivíduo como ser social Figura 3: As diversas formas de definir o consumo. Fonte: autoria própria.(2019) O que influencia o comportamento de compra? A partir da categoria do produto ou serviço que se ad- quire, um consumidor pode experimentar quatro tipos de compras ou de tomadas de decisão de compra: ● As compras de rotina acontecem com frequência, costumam envolver itens de preço conhecido e não 22 exigem muito tempo do consumidor na tomada de decisão� Itens de mercado e uso pessoal caracteri- zam esse tipo de compra� ● Compras de valor limitado representam um de- sembolso maior por parte do consumidor e tendem a lhe tomar mais tempo no processo de decisão, que, normalmente, envolve pesquisa e reflexão a respeito dos produtos desejados ou da própria empresa que os comercializa� Uma TV de plasma ou um celular são exemplos normalmente associados a esse tipo de transação� ● Compras de alto valor envolvem a aquisição de mercadorias de alto valor agregado, como casas, automóveis ou sistemas operacionais� Ainda que o investimento nesse tipo de produto seja elevado, não são apenas os aspectos racionais que determinam a decisão de sua compra: fatores psicológicos têm um peso importante no processo e, muitas vezes, são determinantes para a escolha� ● Compras por impulso não são planejadas e pau- tam-se pelo senso de oportunidade� A exposição de balas e outras miudezas nos caixas de supermerca- dos e farmácias é uma estratégia largamente utili- zada pela indústria para potencializar os resultados de venda� Cada indivíduo reage de forma particular a um produ- to: Nelson experimenta todas as marcas de tênis de corrida antes de se decidir por um modelo; Vítor nem perde tempo com isso, porque já tem sua preferência 23 e sabe exatamente o que obterá ao comprar o novo tênis de determinada marca� Se uma compra se dá por impulso ou depois de mui- ta análise, os fatores que determinam a decisão de um consumidor são o que realmente explicam seu comportamento� Quatro são esses fatores: (a) culturais, (b) sociais, (c) pessoais e (d) psicológicos� Vamos conhecê-los: ● A influência dos fatores culturais no comporta- mento do consumidor Para entendermos a importância deste elemento na formação da consciência, precisamos, antes, enten- der o que é cultura� Dentre as muitas acepções da palavra, o dicionário Houaiss nos brinda com estas definições: segundo a Antropologia, cultura é o “conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos, costu- mes etc� que distinguem um grupo social”� Pode ser compreendida, também, como a “forma ou etapa evolutiva das tradições e valores intelectuais, morais, espirituais (de um lugar ou período específico)”. A cultura se traduz não apenas pelo que a distingue em determinado momento, mas, também, pelo que existiu antes e, de alguma forma, contribuiu para moldar esse momento. As definições demonstram que, sob esse aspecto, a cultura é dinâmica e, ao mesmo tempo, permanente� 24 Não é difícil comprovar essa característica da cultu- ra: (1) em nosso país, por exemplo, comprar seres humanos em mercados públicos já foi uma atividade natural; (2) também já foi natural que as mulheres não votassem – afinal, por que uma mulher deveria se preocupar ou envolver com as questões políticas do país?; (3) felizmente, nos dias atuais, um beijo entre pessoas no mesmo sexo está se tornando algo natural� Esses são exemplos de valores éticos e morais, um componente importante da cultura, porque repre- sentam momentos histórico, político e social� Assim como os valores, idioma e objetos ou artefatos são outros elementos formadores da cultura: o indivíduo se caracteriza não só pelo modo como fala ou pelas roupas que veste, mas também pelo modo como fala e se veste o grupo a que pertence – que palavras usam, que gírias adotam, que ritmo dão ao discur- so; que tipo de roupas preferem, de que tecidos são feitas, que acessórios combinam com o conjunto� As crenças, mitos e superstições abrangem os as- pectos fantásticos e místicos de uma cultura; já os costumes e rituais definem o estabelecimento das relações nesse ambiente� Um exemplo: ir até o bar com os amigos, após o trabalho é uma espécie de ritual que muitos brasileiros repetem toda semana� Já pedir uma cachaça e “dar um gole pro santo” é, ao mesmo tempo, um costume e uma superstição que esse brasileiro adota a cada nova visita que faz a esse bar� 25 A subcultura representa um aspecto importante para a compreensão da cultura: refere-se a uma subdivisão, quase sempre, bastante específica, do grupo majoritário, e possui características próprias de crença ou comportamento� São elementos sub- culturais a nacionalidade e a localização geográfica de um grupo, sua religião, etnia, os gêneros que as compõem, seus níveis de renda, tipos de famílias e a classe social de seus integrantes� ● A influência dos fatores sociais no comportamento do consumidor Se a cultura tem uma influência grande sobre as de- cisões de compra do consumidor, a sociedade em que ele se insere atua de forma igualmente poderosa nesse quesito� Quando se pensa sobre a influência dos fatores sociais no comportamento do indivíduo, pensa-se na influência que os grupos de referência exercem sobre um indivíduo� Grupos de referência são os agrupamentos de pessoas com que se convive ou com que se almeja conviver, que possuem códigos e costumes próprios� Reza a Teoria Comportamental da Administração que o homem é um ser social� Transportada para o estudo do comportamento de consumo, esta máxima revela que a interdependência é vital para a cons- trução do grupo social: ao se identificarem com os valores de um grupo, seus componentes tendem a influenciar e a ser influenciados, a adotar posições, atitudes e comportamentos que, mesmo individu- 26 ais, fazem parte um conjunto homogêneo, de ideais bastante parecidos� Talvez a principal referência do ser humano seja a família� Associada aos amigos mais íntimos, forma o que a teoria do comportamento de consumo define como grupos de referência primários� Esses grupos costumam ser restritos e reduzidos; seus laços são muito sólidos, a comunicação flui de forma natural entre os seus integrantes e a informalidade é total� O núcleo familiar é o local onde se cria e se constrói a personalidade, por isso é fonte básica da aprendi- zagem e possui valores praticamente inabaláveis� O ambiente profissional, as associações, clubes e demais organizações de que participamos ao longo de nossa existência representam, por sua vez, os grupos de referência secundários� Esses agrupa- mentos sociais têm características próprias, porém alguns aspectos conferem a eles certa homogenei- dade: grupos secundários possuem tamanhos e ní- veis de formalidade distintos, exigem algum esforço do indivíduo para se integrar a eles e, normalmente, enfrentam problemas de comunicação� Um terceiro agrupamento social influente no com- portamento humanoé o grupo de aspiração� Neste caso, o indivíduo não integra o grupo, mas se identi- fica com ele, seus princípios e valores. A influência dos grupos de aspiração pode se dar de maneira informativa, utilitária e expressiva� A influência informativa está associada à busca de informação e conhecimento� O indivíduo que assi- 27 na determinado jornal e compactua com a opinião editorial desse veículo de comunicação é um exem- plo claro de como essa influência se estabelece, em nossos dias� A influência utilitária está relacionada à satisfação do indivíduo e ao que o grupo de aspiração promove nesse aspecto� Um exemplo duplo pode esclarecer a abrangência deste conceito: imaginemos que Cléber almoce todos os dias no mesmo restaurante porque “a comida, ali, lembra o tempero de sua avó”� Ao fazer o caminho a pé de seu escritório até o restaurante, Cléber passa, todos os dias, por um bistrô francês estrelado pelos principais guias gastronômicos do país� Ele sabe que não pode almoçar nesse bistrô todos os dias, mas já fez planos para comemorar ali o aniversário de namoro com Laís no próximo mês� Como podemos perceber, o atendimento recebido por Cléber, ou a sensação que ele experimenta ao provar os pratos do primeiro restaurante, influenciam seu comportamento de alguma maneira� O desejo de visitar o bistrô francês – ainda que em uma ocasião específica e previamente planejada – também exerce influência sobre suas ações. Finalmente, a influência expressiva relaciona os va- lores do indivíduo à identidade e à imagem do grupo que o inspira� É o caso do consumidor que acredita e apoia a causa de uma ONG (mesmo que dela não participe ativamente); ou do fã que acompanha seu astro preferido nas redes sociais; ou, ainda, do turista que sonha, conhecer determinada localidade, sua 28 gente e seus costumes� Nestes três exemplos, o que determina a atitude do indivíduo – apoiar a causa, acompanhar as redes ou sonhar com a viagem – é o valor expresso pelo grupo, o elemento de aspiração (e inspiração)� Outras influências pessoais e o papel social que de- sempenhamos são, por fim, sujeitos importantes na influência de um comportamento: as pessoas em que confiamos, as que admiramos, os tipos de opiniões que levamos em consideração ou os tipos de atitudes que nos passam credibilidade são, aliados ao status que assumimos em nossas relações, combustível não só para a obtenção de vantagens e benefícios pessoais, mas chave para a tomada de decisão nos processos de consumo� ● A influência dos fatores pessoais no comporta- mento do consumidor Imaginemos uma família composta por quatro integrantes: ● Adélia tem 75 anos, é viúva, foi professora e, hoje, vive de sua aposentadoria� Até o ano passado, mo- rava sozinha em um sobradinho geminado próximo ao apartamento que divide, hoje, com o filho, a nora e a neta� Uma queda em casa, porém, que a teria deixado desacordada por quase meia hora, motivou a família a organizar um espaço exclusivo para ela nesse novo local� ● Fábio tem 48 anos, é alto executivo em uma grande multinacional e, devido ao alto nível de estresse que 29 enfrenta em seu dia a dia, prática boxe pelo menos uma vez por semana� ● Cláudia completou recentemente 47 anos� Trabalhou algum tempo como esteticista, mas deci- diu se dedicar à vida doméstica. Em seus momentos livres, costuma fazer cursos relacionados à culiná- ria, uma grande paixão� Seus pratos são famosos entre os amigos mais próximos e sua filha costuma brincar que ela deveria abrir um canal de receitas no YouTube� ● Luna já iniciou faculdades de Direito, Enfermagem e Administração, mas não se encantou por nenhuma dessas carreiras� Acaba de prestar um novo vestibu- lar, dessa vez para Artes Cênicas� Aos 22 anos, ainda se sente um pouco perdida em relação ao futuro e compensa essa angústia constante comendo mais (e pior) do que deveria� Podcast 1 A idade e o estágio no ciclo de vida familiar são fatores pessoais relevantes para o estudo do com- portamento do consumidor� A ocupação dessas pes- soas, assim como a circunstância econômica que experimentam, diz muito a respeito das decisões que poderiam tomar diante de uma compra� Em nosso exemplo, contamos com uma senhora septuagenária, viúva, aposentada que, por questões de saúde e segurança, deixou de morar em sua pró- pria residência para ocupar um espaço na casa do 30 https://famonline.instructure.com/files/168661/download?download_frd=1 filho. Temos, ainda, um casal na faixa dos 40-50 anos, dono de certo patrimônio, preocupado em satisfazer os próprios prazeres, que vive em um bom aparta- mento, no qual abriga uma filha e uma mãe-sogra. E temos uma jovem recém-chegada aos 20 anos, sem renda própria, que vive sob a tutela dos pais, cuida pouco da própria saúde e enfrenta dúvidas importantes sobre o próprio futuro� Tudo nos leva a acreditar que a família goze de boa situação financeira. Ainda assim, a personalidade e a autoimagem, o estilo de vida e os valores morais de cada um caracterizarão suas escolhas e farão com que estas sejam únicas� Exemplifiquemos tudo isso por meio de uma situação hipotética: Aproximam-se as férias de verão e a família discute sua próxima viagem� Fábio e Cláudia propõem um roteiro europeu, que passe por Paris e Amsterdã, e permita que a família visite museus, conheça restaurantes e aproveite o tempo caminhando pe- las ruas históricas de cada cidade� Luna rejeita a ideia e comenta que, nessa época, faz muito frio na Europa� Para a jovem, viagem boa sempre tem praia, e Fernando de Noronha poderia ser um passeio sensacional para toda a família� Adélia, por sua vez, concorda com a neta no que diz respeito ao clima do hemisfério norte, mas discorda absolutamente de sua sugestão, pois, a seu ver, visitar Fernando de Noronha exige um preparo físico que ela e a neta não têm� Na opinião de Adélia, a família realmente 31 estaria reunida se optasse por um cruzeiro de uma semana pela costa brasileira� Você há de concordar que a história de vida de cada familiar interferiu, de alguma forma, nos roteiros de viagem sugeridos� Ainda que vivam juntos e compac- tuem das mesmas crenças, Adélia, Fábio, Cláudia e Luna têm interesses, características e sentimentos que tornam suas escolhas de consumo únicas, es- pecíficas e particularizadas. ● A influência dos fatores psicológicos no compor- tamento do consumidor Sob a ótica da psicologia, uma compra que atenda uma necessidade humana é, invariavelmente, um momento de tensão: a compra visa a resolver um problema� Para que se efetive, cabe ao comprador encontrar, dentre as inúmeras alternativas disponí- veis, aquela que lhe traga a melhor solução� As necessidades humanas estão ligadas aos campos fisiológico (alimentação e repouso, por exemplo), psi- cológico (bem-estar e segurança), utilitário (gozar de boa saúde, ter uma fonte de renda e prover educação) e hedônico (prazer)� Essas necessidades podem ser estimuladas tanto por fatores externos (exemplifi- cados pelas ações de marketing e comunicação) quanto pelos internos (fisiológicos – “eu preciso” – e psicológicos – “eu desejo”): é o que chamamos de motivação� Para Freud, “uma pessoa não pode entender totalmente suas motivações, pois existem forças psicológicas inconscientes que formam seu comportamento” (YANAZE, 2007, p. 35). 32 Podcast 2 O exercício de satisfação das necessidades nos leva à aprendizagem e ao fortalecimento da memória� Estes dois elementos, além de terem grande impor- tância no processo de tomada de decisão, exercem forte influência no comportamento do consumidor: no cotidiano, aprendemos por meio de estímulos e respostas, por tentativa e erro� Ao percebermos o que nos agrada e satisfaz, construímos, na memória, as generalizações e associações que facilitarão nossas escolhas no futuro� REFLITA Você, como eu e todo o mundo, é um consumidor� Você já se enxergou nesse papel? Já pensou nos aspectos que influenciam suasdecisões de compra e seu com- portamento de consumo? Pois chegou o momento de pensar nisso! Tome alguns minutos só para si e repasse tudo que vi- mos a respeito do consumo moderno: como você se vê nesse cenário? Que aspectos motivam suas escolhas, em que sentido seu consumo precisa se tornar mais consciente? 33 https://famonline.instructure.com/files/168662/download?download_frd=1 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esperamos que a reflexão proposta tenha sido escla- recedora para você� Mais do que estudar o comporta- mento de consumo, é importante entendermos – de forma crítica – como se dá esse processo e em que medida ele precisa ser revisitado� Neste capítulo, conhecemos o conceito de moderni- dade líquida e sua interferência nas relações huma- nas� Vimos que, em um mundo altamente conectado, no qual as informações são, também, um produto de consumo, a compra pode se transformar em um distúrbio psíquico, capaz de gerar graves consequ- ências sociais� Finalmente, aprendemos que o comportamento de compra e consumo se constrói a partir das experi- ências do indivíduo, das influências que, ao longo da vida, o direcionam e apoiam� Entendemos o papel da cultura na formação do repertório de escolhas de cada um; o papel que os grupos de referência exer- cem em nossas atitudes e comportamentos, e vimos como – mesmo diante destas forças tão abrangentes – a personalidade e a experiência de vida de cada um (ou as “forças do indivíduo”) podem ser definitivas para a formação do caráter do consumidor� 34 SÍNTESE PSICOLÓGICOS: • Necessidades fisiológicas, psicológicas, utilitárias e hedônicas. • Motivação. • Aprendizagem. • Memória. PESSOAIS: • Idade e estágio no ciclo de vida. • Ocupação e circunstância econômica. • Personalidade e autoimagem. • Estilo de vida e preferências. SOCIAIS: • Grupos de referência. • Influências pessoais. • Papel social e status. • Cognitivo. • Desapego. • Provisoriedade. • Individualismo. • Fluidez das Relações. • Consumo: Compro porque preciso. • Consumismo: Não preciso, mas compro! Modernidade Líquida • Efetiva-se a compra. • Avaliam-se as alternativas. • Buscam-se informações. • Reconhece-se o problema. Toda DECISÃO DE COMPRA se estabelece por meio de um PROCESSO: Em tempos como os atuais, nos expressamos pelo Relações de Consumo • Social-Antropológico. • Racional-Econômico. • Psicográfico. • Comportamental. Comportamento do Consumidor CULTURAIS: O comportamento pode ser influenciado por diversos fatores • Valores. • Idioma. • Objetos e artefatos. • Crenças, mitos e superstições. • Costumes e rituais. • Subcultura. Referências Bibliográficas & Consultadas ALVES, Eliseu Barroso� Consumo e sociedade: um olhar para a comunicação e as práticas de consumo� Curitiba: InterSaberes, 2019� [Biblioteca Virtual]� BAUMAN, Zygmunt� Modernidade líquida� Rio de Janeiro: Zahar, 2001� CALGARO, Cleide (org�) GARRIDO, Miguel Armando� et al� Consumo, democracia e meio ambiente: os reflexos socioambientais. Caxias do Sul, RS: Educs, 2016� [Biblioteca Virtual]� FERNANDES, Marcelo Eloy (org�) Negócios ele- trônicos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015� [Biblioteca Virtual]� FREITAS, Eduardo� Consumo� Mundo Educação� S/d� Disponível em: https://mundoeducacao.bol. uol.com.br/geografia/consumo.htm� Acesso em: 18 set. 2019. 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